UNIVERSIDADE POTIGUAR-UNP PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL KARLA CLEOJÂNIA DE LIMA BESERRA MAXYMARA DE LIMA TINÔCO UM TRABALHO SÓCIO-EDUCATIVO COM OS ACOMPANHANTES DO HOSPITAL PEDIÁTRICO MARIA ALICE FERNANDES. NATAL/RN 2008 KARLA CLEOJÂNIA DE LIMA BESERRA MAXYMARA DE LIMA TINÔCO UM TRABALHO SÓCIO-EDUCATIVO COM OS ACOMPANHANTES DO HOSPITAL PEDIÁTRICO MARIA ALICE FERNANDES Monografia apresentada ao, Curso de Serviço Social da Universidade Potiguar UNP, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Profª. M.S. Regina Maria dos Santos. NATAL/RN 2008 KARLA CLEOJÂNIA DE LIMA BESERRA MAXYMARA DE LIMA TINÔCO UM TRABALHO SÓCIO-EDUCATIVO COM OS ACOMPANHANTES DO HOSPITAL PEDIÁTRICO MARIA ALICE FERNANDES Monografia apresentada ao Curso de Serviço Social da Universidade Potiguar UNP como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. DATA DE APROVAÇÃO _____ / _____ / ______ BANCA EXAMINADORA ______________________________________ Profª. Ms. Regina Maria dos Santos Orientadora de Ensino ______________________________________ Profª. Drª. Iris de Souza Professora da Universidade Potiguar _______________________________________ Profª. Ms. Ana Paula de Moura Cordeiro Assistente Social do CEFET/RN Professora da Universidade Potiguar NATAL 2008 Dedico, a Deus por me iluminar e fortalecer os meus momentos de desânimo. A minha família, fonte de persistência. Karla Cleojânia de L. Beserra AGRADECIMENTOS Aos mestres pelo compromisso com o ensino. Em especial, a minha orientadora de ensino, professora Regina Maria dos Santos, pela paciência nos ensinamentos, por toda dedicação nos momentos mais difíceis da caminhada, e por ser um grande exemplo profissional a seguir. A toda equipe do Hospital Maria Alice Fernandes a minha orientadora de campo Estela Mares, as assistentes sociais Zoraide; Mary; Elisa; Mirian; Francisca. As artes-educadoras, que tiveram um papel importantíssimo na operacionalização do nosso trabalho de intervenção. A minha mãe Cleonice de Lima Beserra, exemplo de determinação, garra, força coragem e que Deus sempre proteja dando-lhe muita saúde. A meu pai João Batista Beserra um homem honesto, de bom caráter, que juntos souberam dar-me lições de vida. O meu todo amor, carinho e gratidão. E a todos que de forma direta e indiretamente estiveram ao meu lado dando apoio e, tendo a certeza que seria a realização de um dos meus sonhos. Karla Cleojânia de Lima Bserrra Dedico esta conquista a Deus, pela força neste período de curso. A minha avó Maria das Dores e a minha mãe Kátia de forma especial, que nunca mediram esforços para me proporcionar a melhor educação. Ao meu avô (in memorian), esteja onde estiver, sei que neste momento a alegria é presente. O seu sonho está se concretizando, e com honra lutarei pelo meu sucesso profissional e familiar. Maxymara de Lima Tinôco. AGRADECIMENTOS A Deus, por estar sempre presente em minha vida, dando-me sabedoria para alcançar meus objetivos. A minha avó Maria das Dores, que foi a peça fundamental em minha formação. A você, o meu carinho, respeito e admiração hoje e sempre. A minha mãe Kátia Maria, por estar sempre presente em minha vida e por todo esforço que fez para me proporcionar a realização deste sonho. A minha tia Cássia, pelo pensamento positivo e torcida pelo meu sucesso. A Reinaldo (Iau), por ter participado de mais uma etapa da minha vida, vibrando a cada conquista. Ao meu namorado, pelo incentivo e apoio. A todos os familiares, que sempre acreditaram e torceram por mim. A todos os professores, em especial, a minha orientadora Regina Maria dos Santos, pela ajuda incentivo e cobrança, sendo um espelho para que no futuro possamos chegar não ao que ela é hoje, mais perto disso. As minhas colegas de curso que estiveram lado a lado durante os 4 anos, marcados por tantas desavenças e tantas alegrias. A toda equipe do Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, pela indispensável contribuição para a realização do presente trabalho. A minha dupla para a realização do TCC, pela luta para atingir nossos objetivos. Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para que tudo desse certo. Muito Obrigada! Maxymara de Lima Tinôco Para começar um grande projeto é preciso valentia. Para terminar um grande projeto é preciso perseverança. (Autor Desconhecido) LISTA DE SIGLAS AIDS Síndrome Adquirida de Deficiência Imunológica DST Doenças Sexualmente Transmissíveis ECA Estatuto da Criança do Adolescente FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz HIV Vírus de Imunodeficiência Humana HMAF Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes LOS Lei Orgânica da Saúde MS Ministério da Saúde OMS Organização Mundial da Saúde PNH Política Nacional de Humanização PNHAH Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar RN Rio Grande do Norte SESAP Secretaria Estadual de Saúde SUS Sistema Único de Saúde UNP Universidade Potiguar RESUMO O presente trabalho monográfico é resultado do estágio supervisionado em Serviço Social realizado no Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes (HMAF). No qual desenvolvemos um trabalho sócio-educativo com as (as) acompanhantes das crianças e dos adolescentes que se encontravam internadas nas enfermarias do referido hospital. Após observações realizadas no estágio I, percebemos que em razão da longa permanência desses (as) acompanhantes no hospital gerava estresse, angústia e ociosidade para essas pessoas, nesse sentido, elaboramos um projeto de intervenção que possibilitasse envolver esses (as) acompanhantes em atividades que pudessem preencher o seu tempo enquanto permaneciam no hospital. Inicialmente, aplicamos uma enquête para saber quais atividades despertavam mais interesse no grupo, nesta foram elencados alguns trabalhos manuais que pudessem se transformar em uma fonte de renda quando essas pessoas retornassem para o seu lar e, além disso, as palestras educativas sobre temáticas específicas fizeram parte também do trabalho. As ações interventivas se desenvolveram através de oficinas e palestras com o grupo de acompanhantes. O resultado foi extremamente satisfatório, uma vez que houve uma adesão muito grande por parte dos (as) acompanhantes e também pelo fato da instituição ter dado continuidade ao trabalho. Na sistematização desse trabalho fizemos uso de pesquisa documental e bibliográfica. Palavras-chave: Acompanhante. Criança e Adolescente. Hospital. Trabalho Sócioeducativo. ABSTRACT The present monographic work is the result of the internship supervised in Social Service realized at the Hospital Pediatric Maria Alice Fernandes. We developed a socio-educational work with the companions of the children and adolescents who were interned in the wards of the hospital. After the observation made in stage I, we realized that in reason of the long stay of the companions in the hospital generated stress, anxiety and idleness for them, in this sense, we prepared a intervention project that could fill time their while they staying in the hospital. Initially we applied a Inquiry to know which activities attracted more interest in the group, were listed in some manual work that could become in a source of income when this people return to their homes and, moreover, the educational lectures about specific topic also were part of this work. The actions interventionist were developed through offices and lectures with the group of companions. The result was very satisfactory, once that there was a very big adhesion by the companions and also because the institution have contributed to the realization of this work. In the systematization of work we did use the document and bibliographic research. Key words: Companion, Child and Adolescent, Hospital, Works socioeducational SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12 2 O HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES E O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE ......................................... 15 2.1 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) E AS DETERMINAÇÕES DO ATENDIMENTO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE PREVISTAS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ..................................................................... 15 2.2 O HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES E O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE NO MUNICÍPIO DE NATAL (RN) ......................................................................................................................... 25 2.3 A INSERÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES .......................................................................................................... 29 3 UM TRABALHO SÓCIO-EDUCATIVO COM AS (OS) ACOMPANHANTES DO HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES ............................................................... 37 3.1 AS (OS) ACOMPANHANTES E A PARTICIPAÇÃO NAS ATIVIDADES SÓCIOEDUCATIVAS NO ÂMBITO HOSPITALAR.............................................................. 38 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 45 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 47 APÊNDICE .............................................................................................................. 50 ANEXO ................................................................................................................... 51 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho de conclusão de curso é resultado do estágio supervisionado do Curso de Serviço Social da Universidade Potiguar (UnP), realizado no Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes (HMAF) em Natal (RN), no período de agosto de 2007 à junho de 2008. O referido hospital é de natureza pública e tem como missão promover ações de saúde no âmbito da medicina pediátrica atuando na área de ensino e pesquisa com resolutividade, ética e humanização. O seu público alvo é constituído de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos e onze meses de idade. Todas as ações de saúde desenvolvidas no HMAF estão voltadas para o segmento das crianças e adolescentes e têm como parâmetro os direitos assegurados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e no Sistema Único de Saúde (SUS). No Brasil, as políticas públicas de saúde orientam-se desde 1988, conforme a Constituição Federal promulgada neste mesmo ano, pelos princípios de universalidade e eqüidade no acesso às ações e serviços, pelas diretrizes de descentralização da gestão, de integralidade do atendimento e de participação da comunidade na organização de um sistema único de saúde no território nacional. As políticas públicas em saúde integram o campo de ação social do Estado orientado para a melhoria das condições de saúde da população e dos ambientes natural, social e do trabalho. Sua tarefa específica em relação às outras políticas públicas da área social, consiste em organizar as funções públicas governamentais para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da coletividade. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). No tocante as crianças e adolescentes nos serviços de saúde, é assegurada no ECA que “os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação” (BRASIL, 1990). Seguindo essa determinação o HMAF permite a permanência por tempo indeterminado de pais e mães acompanhantes. Durante nossas observações no período do estágio I percebemos que maioria desses (as) acompanhantes mostravam-se irritados (as), ansiosos (as) e preocupados pela longa ausência de casa, além disso, ficavam no âmbito hospitalar sem fazer nada, ou seja, ociosos. A partir de algumas conversas com esses (as) acompanhantes resolvemos desenvolver um trabalho sócio-educativo com esse grupo, visando tornar o ambiente hospitalar menos traumático, bem como amenizar a ociosidades dos mesmos (as) no período em que estivessem acompanhando o tratamento e recuperação dos seus filhos. Para tanto, o grupo de acompanhantes que participou do projeto foi ouvido (as) e pôde sugerir quais atividades tinham interesse em desenvolver. As atividades sugeridas além de preencher o tempo, é uma ferramenta rentável que poderá ser útil fora do foco hospitalar, pois envolve o trabalho manual como o artesanato, o crochê e o fuxico. Além disso, resolvemos trabalhar também com palestras e orientações sobre algumas doenças, além de ressaltar alguns direitos e deveres. Esse projeto foi realizado no período de janeiro a junho de 2008, o mesmo teve como base o Método Altadir de Planificação Popular (MAPP), que permite o planejamento de todas as ações realizadas, bem como o seu monitoramento. No desenvolvimento do projeto fizemos uso de oficinas e palestras educativas. O resultado e análise desse trabalho interventivo está estruturado em dois capítulos. No primeiro capítulo analisamos a política de saúde e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), para tanto enfatiza o atendimento as crianças e adolescentes nos serviços de saúde a partir das determinações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Neste capítulo, situamos o Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, seus serviços especializados, programas e público alvo, para tanto enfatizamos também, a inserção do Serviço Social no Hospital enquanto profissão que faz parte do trabalho coletivo na área da saúde pública. No capítulo dois que trata da intervenção propriamente dita, enfatiza-se o trabalho do Assistente Social voltado para os (as) acompanhantes das crianças e dos adolescentes internados no HPMAF e, finalmente, analisa-se todo o processo interventivo desenvolvido com os pais e mães acompanhantes que participaram do trabalho sócio-educativo, que objetivou preencher o tempo dessas pessoas durante a sua permanência no Hospital. Por fim, tecemos algumas considerações acerca do trabalho e dos resultados alcançados. Na produção desse trabalho de conclusão de curso lançamos mão de determinados recursos teórico-metodológicos como: pesquisa documental, pesquisa bibliográfica, observação do cotidiano institucional, anotações do diário de campo, cenário sócio-institucional e do relatório final de estágio. 2 O HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES E O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO A CRIANÇA E AO ADOLELESCENTE 2.1 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) E AS DETERMINAÇÕES DO ATENDIMENTO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE PREVISTAS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Para analisar a política social de saúde no contexto da sociedade brasileira, faz-se necessário enfatizar que essa política pública nem sempre foi entendida sob a ótica do direito social. As primeiras ações de saúde no Brasil estavam voltadas para o combate às endemias e melhorias das condições sanitárias. Esse modelo denominado de sanitarista-companhista predominou na saúde até o início da década de 1960, quando o país adota o modelo médico-assistencial que tem como características principais: “extensão da cobertura previdenciária; ênfase na prática curativa e individual; grandes complexos médico-industrial e privilegiamento do produtor privado” (MENDES, 1996, p.59). No decorrer da década de 1970, ainda no governo militar, cresce no país movimentos políticos e institucionais que lutam por mudanças na política de saúde, surge nesse período o chamado Movimento Sanitário que passa a reivindicar uma completa reforma sanitária no campo da saúde no Brasil. Com o processo de redemocratização do país na década de 1980, ampliase a organização popular e a emergência de novos atores sociais, esse processo exigiu do Estado um sistema de saúde que garantisse o acesso para todos como um direito social e um dever do Estado. No caso da saúde, em particular, o movimento da Reforma Sanitária, levou à criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse movimento teve seu ápice na 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986. (BRAVO, 2007). Para analisar a política de saúde nos anos 1990, é imprescindível considerar a complexidade do desafio representado na implementação do SUS, a necessidade de concretização da agenda progressista construída pelo movimento sanitário nos anos de 1980 e o rompimento com o modelo distorcido, sobre o qual o sistema de saúde brasileiro foi estruturado, ao longo de várias décadas. A conjuntura político-econômica internacional e nacional bastante desfavorável à consolidação de políticas sociais abrangentes e redistributivas indicam o grau dessa complexidade. O SUS foi criado pela Constituição Federal do Brasil de 1988 e regulamentado pelas Leis 8.080/90 e 8.142/90, essa legislação compõe a Lei Orgânica da Saúde (LOS) que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção, recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços.1 Além dessa legislação o SUS é regido ainda pelas Normas Operacionais Básicas que tratam da operacionalização do sistema e das Normas Operacionais de Assistência à Saúde que ampliam as responsabilidades dos municípios, institui o Plano Diretor de Regionalização e estabelece novos mecanismos para financiamentos dos procedimentos de alta e média complexidade2. Com a promulgação da Constituição em 1988, alguns avanços puderam ser observados com relação à saúde, aos direitos de todos e deveres do Estado, enquanto acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde (BRASIL, 1988). O Sistema Único de Saúde passou a entender que diversos fatores são determinantes e condicionantes para o processo de saúde / doença, tais como: a alimentação, o saneamento básico, as condições de moradia, a educação, o trabalho, dentre outros. Dessa forma a revisão no conceito de saúde passou a ser vista num sentido abrangente, como afirma Campos (1995, p. 54) “resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, e acesso a serviço de saúde". Com o SUS o país implementa uma nova forma de atender as necessidades de saúde da população, objetivando assim, acabar com a situação de desigualdade na assistência à saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibida a cobrança de dinheiro sobre qualquer pretexto. Nesse contexto a saúde fica sob a responsabilidade do Estado ficando assim determinado: 1 A esse respeito consultar: Bravo, 2007; Mendes, 1996. O SUS dispõe da NOB/91: NOB/93 e NOB/96, além das NOAS 01/01 e NOAS 01/02. A esse respeito consultar: www.saude.gov.br 2 O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário as ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1990). O SUS compreende toda à rede de serviços como: os centros de saúde, os postos de saúde, os hospitais, incluindo os universitários, os laboratórios, os hemocentros (banco de sangue), além de fundação e institutos de pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e o Instituto Vital Brasil. Através do SUS todos os cidadãos têm direito de realizar consultas, exames, internações e tratamentos nas unidades de saúde vinculadas ao SUS, seja pública da esfera Municipal, Estadual ou privada, desde que esta seja conveniada com o setor público de saúde. A atual política de saúde tem como meta atender as necessidades de saúde da população através de serviços de qualidade independente do poder aquisitivo do cidadão, dessa forma, ele se baseia de acordo com os seguintes princípios e diretrizes: Universalidade todos os brasileiros e estrangeiros que vivem no Brasil devem ter acesso aos serviços de saúde, ou seja, a ter como realmente um direito; integralidade de assistência no conjunto de ações que devem promover a prevenção e a cura para todos os tipos de doenças, cuja assistência se dará sempre que for necessário; igualdade no atendimento nas redes de saúde deve ser feito de maneira igualitária a todos sem nenhum tipo de preconceito ou privilégio; o atendimento integral tem prioridade nos serviços está relacionada às ações preventivas; descentralização proporciona a descentralização dos serviços de saúde em esfera federal, estadual e municipal, favorecendo assim a realização de atividades condizentes com cada realidade; participação da comunidade, toda a população tem poder participativo nos setores de saúde. (BRASIL, 1990). Conforme explicitado anteriormente, o SUS é um sistema público organizado e orientado para atender os interesses coletivos de todas as pessoas, independente de raça, crenças, cor, situação de emprego, classe social e local de moradia. O SUS ordena o cuidado com a saúde em níveis de atenção que são de básica, média e alta complexidade. Essa estruturação visa a melhor programação e planejamento das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém, desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a atenção à saúde deve ser integral. A atenção básica à saúde constitui o primeiro nível adotado pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Dimenstein (apud OLIVEIRA, 1999, p. 18) define essas atividades básicas do SUS da seguinte forma: Promoção: ações que objetivam o aumento do nível de consciência sanitária e cidadania dos indivíduos e das populações, como também contribuir para a melhoria das condições de vida e saúde. Prevenção: medidas que objetivam evitar doenças de agravo à saúde, como por exemplo, imunizações. Saúde coletiva: ações dirigidas à sociedade, ao meio ambiente, e populações, em todos os tipos de assistência à saúde, com base nas necessidades detectadas. Incorpora as ciências sociais aos estudos dos fenômenos saúde / doença, prestação de serviços / população. Terapêuticas: ações que objetivam o restabelecimento total ou parcial da saúde dos indivíduos, sendo esta designada como bem estar das faculdades físicas, psíquicas e sociais. Por exemplo: assistência clínica, hospitalização e primeiros socorros. Reabilitação: ações que visam à recuperação das faculdades físicas, psíquicas e sociais usadas após processo de adoecimento. A atenção média complexidade foi instituída pelo Decreto nº 4.726 de 2003, que aprovou a estrutura regimental do Ministério da Saúde. Suas atribuições estão descritas no Artigo 12 da proposta de regimento interno da Secretaria de Assistência à Saúde. Os grupos que compõem os procedimentos de média complexidade do Sistema de Informações Ambulatoriais são os seguintes: 1) procedimentos especializados realizados por profissionais médicos,outros de nível superior e nível médio; 2) cirurgias ambulatoriais especializadas; 3) procedimentos traumato-ortopédicos; 4) ações especializadas em odontologia; 5) patologia clínica; 6) anatomopatologia e citopatologia; 7) radiodiagnóstico; 8) exames ultra-sonográficos; 9) diagnose; 10) fisioterapia; 11) terapias especializadas;12) próteses e órteses; 13) anestesia. (CARTILHA HUMANIZA SUS, 2004). O gestor deve adotar critérios para a organização regionalizada das ações de média complexidade, considerando a necessidade de qualificação e especialização dos profissionais para o desenvolvimento das ações; os dados epidemiológicos e socio demográficos de seu município; a correspondência entre a prática clínica e capacidade resolutiva diagnóstica e terapêutica; a complexidade e o custo dos equipamentos; a abrangência recomendável para cada tipo de serviço; economias de escala e métodos e técnicas requeridas para a realização das ações. Um outro nível de atenção é o de Alta complexidade que, envolve alta tecnologia e alto custo, objetivando propiciar à população acesso a serviços qualificados, integrando-os aos demais níveis de atenção à saúde (atenção básica e de média complexidade). As principais áreas que compõem a alta complexidade do SUS, e que estão organizadas em "redes", são: assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por meio dos procedimentos de diálise); assistência ao paciente oncológico; cirurgia cardiovascular; cirurgia vascular; cirurgia cardiovascular pediátrica; procedimentos da cardiologia intervencionista; procedimentos endovasculares extracardíacos; laboratório de eletrofisiologia; assistência em traumato-ortopedia; procedimentos de neurocirurgia; assistência em otologia; cirurgia de implante coclear; cirurgia das vias aéreas superiores e da região cervical; cirurgia da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; procedimentos em fissuras lábio palatais; reabilitação protética e funcional das doenças da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; procedimentos para a avaliação e tratamento dos transtornos respiratórios do sono; assistência aos pacientes portadores de queimaduras; assistência aos pacientes portadores de obesidade (cirurgia bariátrica); cirurgia reprodutiva; genética clínica; terapia nutricional; distrofia muscular progressiva; osteogênese imperfecta; fibrose cística e reprodução assistida de solicitação, documentado com manifestação expressa, firmada pelo secretário da Saúde, em relação ao credenciamento e parecer do gestor estadual do SUS, que será responsável pela integração dos serviços à rede estadual e à definição dos fluxos de referência e contra-referência dos pacientes. (CARTILHA HUMANIZA SUS, 2004) Fazer funcionar o sistema público de saúde é hoje um grande desafio. Muito tem que ser feito para que todos possam ter saúde. O governo deve concentrar esforços e investir mais onde há maior carência: garantir rede de esgotos, água, luz, ampliar as chances de trabalho, construir postos de saúde, garantir internação hospitalar, fornecer a alimentação, escolas e moradias suficientes, bem como fiscalizar indústrias e estabelecimentos que poluem ou que trabalham com materiais que possam prejudicar a saúde. De acordo com Cavalcanti e Zucco (2008, p.70) a saúde numa concepção ampliada pode ser definida como: Produto das condições objetivas de existência e resultado das condições de vida – biológica, social, econômica, cultural, particularmente das relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza por meio do trabalho [...] Nesse sentido, a saúde é apreendida como essencial da qualidade de vida [...]. Assim, para que as pessoas tenham uma boa qualidade de vida não depende apenas do setor saúde, mas da efetividade das demais políticas sociais. Para tanto os diversos setores do governo e da sociedade, tais como associações comunitárias, grupos voluntários e outros, têm que unir esforços e colaborar para a melhoria da saúde de todos. Quanto ao preceito da universalidade na saúde pública com a ascensão da política neoliberal3 e a conseqüente diminuição de investimentos do Estado, sobretudo nas políticas sociais, é possível perceber que na atualidade nos deparamos com “uma universalização excludente, com um sistema pobre para os pobres e um padrão de qualidade maior para os que podem pagar pelos serviços” (BEHRING, 2003, p.268). Essa dualidade na política de saúde no Brasil a partir da década de 1990 deu início a dois projetos de saúde distintos, nomeados por Bravo e Matos (2002) como “projeto da reforma sanitária e projeto de saúde privatista articulado ao mercado”. São projetos em disputa com propostas de saúde totalmente diferenciada como: O projeto democrático tem como proposta a democratização do acesso, universalização das ações, descentralização, melhoria da qualidade dos serviços com adoção de um novo modelo assistencial pautado na integralidade e equidade das ações. Enquanto que o projeto privatista tem como proposta a contenção dos gastos, com racionalização da oferta, a descentralização com isenção de responsabilidade do poder central e a focalização (BRAVO; MATOS, 2002, p.199-200). Apesar da legislação prevê o controle social no sistema, este é insuficiente para amenizar a “universalização excludente” no sistema de saúde. O controle social se expressa através das Conferências de Saúde e dos Conselhos previstos na Lei 8.142/90. Essas instâncias são marcos legais de representação dos segmentos sociais que atuam na formulação e controle da política de saúde. O SUS tem seus serviços administrados pelos governos federal, estadual e municipal ou por organizações, cujo objetivo é garantir a prestação de serviços gratuitos a qualquer cidadão. Em muitos locais, há falta de serviços públicos; nestas circunstâncias, o SUS realiza a contratação de serviços de hospitais ou laboratórios particulares, para que não falte assistência às pessoas. Desse modo, esses hospitais e/ou laboratórios também se integram à rede SUS e terão que seguir seus princípios e diretrizes4. O Brasil é um país que pela extensão territorial apresenta significativas diferenças, existentes entre as várias regiões e municípios brasileiros. Existem 3 A política neoliberal segundo Lesbaupin (2000, p.20) pode ser definida como a hegemonia nas esferas política e econômica da maior liberdade para as forças de mercado, menor intervenção estatal (Estado mínimo), desregulamentação, privatização do patrimônio público e preferência pelo privado e redução da proteção social. 4 A esse respeito consultar a legislação que trata da saúde complementar no SUS. capitais com população superior a um milhão de habitantes, centenas de cidades grandes ou médias e um grande número de municípios com menos de dez mil habitantes. Considerando essas diferenciações e visando garantir o bom funcionamento do SUS, o Ministério da Saúde criou formas de descentralizar5 à prestação dos serviços públicos de saúde, repassando responsabilidades diferenciadas aos diferentes municípios. O processo de descentralização na política de saúde tem como ordenamento fundamental as NOB’S que define com clareza à habilitação desses municípios e prevê, sobretudo, a ampliação da rede de serviços. Todavia, alguns municípios não dispõem de recursos financeiros, humanos e materiais que lhes permitam a gestão completa do sistema municipal de saúde, incluindo as internações hospitalares e os serviços especializados6. A organização de todos os serviços de saúde numa região pode ser feita mais facilmente e com menos custos, quando os municípios aliam-se numa associação ou consórcio, o que facilita o planejamento e administração conjunta da oferta dos serviços de saúde na região. A organização dos serviços de saúde em todo território nacional está distribuída de acordo com os níveis de atenção, a saber: Atenção primária (básica) é representada por unidades que realizam a promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, assistência e reabilitação que fica sob a responsabilidade da Unidade Básica de Saúde e/ou Unidade de Saúde da Família; nível secundário caracterizado por atendimentos especializados e procedimentos de média complexidade, esses serviços estão disponíveis nos centros de saúde, policlínicas, hospitais de baixa complexidade; nível terciário compreende procedimentos de alta complexidade e internações hospitalares. Nesse nível encontram-se os hospitais de emergência, gerais e especializados [...] (OLIVAR e VIDAL, 2007, p.141, grifo nosso). Vale ressaltar que o SUS é uma conquista política da população brasileira e seu bom funcionamento só será possível se houver uma efetiva participação popular e um controle social, isto é, se todos os interessados em seu bom funcionamento acompanharem e ajudarem a melhorar as ações de saúde a serem executadas. 5 A descentralização é concebida como transferências de competências e atribuições de outras esferas para os municípios, instância subnacional reconhecida com o lócus adequado para a concretização do controle democrático por parte dos cidadãos. A Constituição Federal prevê no processo de descentralização a capacidade decisória, funções e recursos (SOUZA, MONNERAT, SENNA, 2002, p.67). 6 A esse respeito consultar: www.conass.og.br Controlar os serviços públicos e aperfeiçoar seu funcionamento não é uma tarefa fácil. Para tal finalidade, o SUS procura de várias formas, garantir a participação popular e o controle social sobre os serviços que oferece. Segundo Correia (2006) a área da saúde foi pioneira nesse processo e enfatiza a importância das Conferências e dos Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde como principais instrumentos de controle social da política de saúde.7 Os Conselhos de Saúde são órgãos colegiados, deliberativos e permanentes do SUS em cada esfera de Governo, integrante da estrutura básica do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios com composição, organização e competências fixadas na Lei nº 8.142/90. Para Mota (2006, p. 83), os conselhos são canais importantes de participação coletiva e de criação de novas relações políticas entre governos e cidadãos e, principalmente, de construção de um processo continuado de interlocução pública. O Conselho de Saúde será composto por representantes de usuários, de trabalhadores de saúde, do Governo e de prestadores de serviços de saúde. Mantendo ainda o que propôs a Resolução nº 33/92 do CNS e consoante às recomendações da 10ª e 11ª Conferências Nacionais de Saúde, deverão as vagas ser distribuída da seguinte forma: 50% de entidades de usuários; 25% de entidades dos trabalhadores de Saúde; 25% de representação de governo, entidades ou instituições prestadoras de serviços públicos, filantrópicos e privados. O SUS ainda encontra-se em processo de construção como defendem alguns estudiosos da política. O fato é que o Ministério da Saúde vem tentando a cada ano aperfeiçoar a assistência à saúde. Dentre essas mudanças está a humanização dos serviços, criada em 2000 no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando foi instituído o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH). No atual governo, esse programa foi transformado em uma Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS, denominada de Humaniza SUS (BRASIL, 2003). O humaniza SUS objetiva: Efetivar os princípios do Sistema Único de Saúde no cotidiano das práticas de atenção e de gestão, assim como estimular trocas solidárias entre 7 Os conselhos e conferências de saúde têm seu funcionamento regulamento através da Lei 8.142/90. gestores, trabalhadores e usuários para a produção de saúde e a produção de sujeitos. Queremos um SUS humanizado, comprometido com a defesa da vida e fortalecido em seu processo de pactuação democrática e coletiva (BRASIL, 2003). O Humaniza SUS visa instituir nas unidades de saúde, sobretudo, nos hospitais, o serviço humanizado com a adoção do acolhimento com vistas à qualificação no atendimento. Mesmo assim, o sistema enfrenta dificuldades no campo do financiamento decorrente das mudanças no próprio aparelho do Estado. Todavia o SUS representa um grande avanço no campo das políticas sociais brasileiras, assim como a Lei 8.069/90 conhecido como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que instituiu um novo paradigma em relação à infância e juventude: crianças e adolescentes foram elevados à condição de titulares de direitos fundamentais. O Estatuto da Criança e do Adolescente constitui um marco jurídico-político voltado à proteção integral da criança e do adolescente, baseada em mecanismos não mais repressivos, mas pedagógicos e de respeito à condição peculiar de desenvolvimento desse segmento social enquanto sujeitos portadores de direitos. Conforme o ECA a garantia dos direitos fundamentais deve ser efetivada, segundo a lei, por um conjunto de ações governamentais e não-governamentais, nesse sentido: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990). Essa prioridade na proteção dos direitos da criança e do adolescente é imposta a todos e está assegurada pela Constituição Federal (art. 227, caput) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 4º). Especificamente com relação ao direito à vida e à saúde, os pais, os responsáveis, os médicos, enfim, todos os profissionais ligados à saúde ou não, são responsáveis pela garantia de tal direito à criança e ao adolescente com absoluta prioridade, visando o seu nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Podemos dizer que a política de atendimento prevista no ECA tem a preocupação com a proteção dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes através, primeiramente, de políticas sociais básicas8. Outra linha de Ação do Estatuto que deve ser ressaltada para a defesa e proteção das crianças e dos jovens é a política de assistência social de caráter supletivo9. A partir do ECA, as demais políticas sociais precisaram se ajustar a lógica da política, especialmente nos municípios. Na área da saúde coube aos profissionais de saúde e usuários buscar mecanismos que viabilizassem a efetivação dos direitos garantidos pelo ECA, ou seja, surgiu um novo olhar sobre as ações e o atendimento voltado para esse segmento. É possível perceber que no campo do atendimento à infância e a adolescência o ECA substituiu o assistencialismo filantrópico vigente, por propostas de trabalhos sócio-educativos voltados à cidadania, ao mesmo tempo em que criou uma nova estrutura para a política de defesa e promoção dos direitos da criança e do jovem baseada na descentralização, na participação popular efetiva e na responsabilização pelo atendimento ausente ou deficiente prestados pelos entes responsáveis. Assim sendo, é pertinente dizer-se que "a política de atendimento prevê ações que, historicamente, nunca fizeram parte dos programas dinamizados pelas políticas públicas brasileiras. E as prevê exatamente em razão dessa histórica ausência” (CURY, 1996, p. 255). Em complementação às mudanças que elencamos, as diretrizes do ECA mudaram radicalmente até mesmo o próprio processo operativo das políticas de atendimento. A municipalização do atendimento foi à principal alteração desse processo e vinculou-se à idéia de se buscar soluções dentro da própria comunidade, com a participação de pessoas que participam da mesma realidade no cotidiano. Regeu-se, pois, sob os princípios da participação do cidadão e da exigibilidade pelas vias administrativas ou jurisdicionais de que as políticas públicas cumpram com o seu dever10. (REVISTA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA FFC, 2004). 8 Políticas sociais básicas são definições do modo de atuação governamental para a solução de problemas sociais específicos que dizem respeito à sobrevivência humana em sociedade. Assim, devem visar dar respostas conclusivas para os problemas referentes às necessidades básicas da criança e do adolescente. 9 Ë linha de ação a estipulação, criação e manutenção de políticas e Programas de Assistência Social para os necessitados. O caráter de supletividade das políticas e programas diz respeito à tônica da complementaridade e da substitutividade de atividades àqueles que não tenham, circunstancialmente, condições de, pelos seus próprios meios, garantir as suas necessidades básicas. (BRASIL, 1998). 10 O Art. 88 do ECA prevê que as diretrizes da política de atendimento: I- municipalização do atendimento, criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas segundo leis federais, estaduais e municipais; III - criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa; IV - manutenção de fundos As legislações anteriores sobre crianças e adolescentes em nada se assemelhavam com o novo Estatuto. Ao contrário, as anteriores apoiavam-se em uma política filantrópica, na centralização das decisões, deixando-as sempre a entes distanciados da realidade local e tinha os recursos concentrados na esfera federal, o que dificultava sua distribuição e aplicação na esfera municipal. O novo modelo substituiu a verticalidade centralizadora pela horizontalidade, fundamentando-se na descentralização decisória gerencial, na articulação interinstitucional, na participação popular paritária, na tomada de decisões, na coordenação e controle das ações em todos os níveis. (LA MORA apud CURY, 1996, p. 255). A ‘prioridade absoluta’ dada à criança pela Constituição de 1988, bem como a firmação da universalidade das categorias ‘criança e adolescente’ pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, expressam esta intenção política de ‘cidadania’ da criança, de universalização do atendimento e garantia destas pessoas enquanto sujeitos de direitos que devem ser protegidos, preferencialmente, pela ação do Estado, da sociedade e da família. Inicia-se assim, uma nova concepção de saúde para a criança que implica em novas formas de atendimento, que vão desde uma nova visão da criança enquanto sujeito de direitos até a inclusão de artigos do ECA, no que tange a discussão sobre o direito à vida e à saúde, referindo-se ao nascimento, pré-natal, passando pela garantia do acompanhamento nos casos em que a criança e adolescente encontrem-se hospitalizados. Os direitos assegurados como fundamentais no campo da saúde para o segmento da criança e do adolescente estão contidos no Título II do Capítulo I do Estatuto que determina: A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência (BRASIL, 1990). nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos de direitos da criança e do adolescente; V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescentes a quem se atribua autoria de ato infracional; VI - mobilização da opinião pública no sentido de indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade. 2.2 O HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES E O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE NO MUNICÍPIO DE NATAL (RN) O Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes (HMAF) é uma instituição pública estadual vinculada a Secretaria de Saúde do Estado (SESAP), foi inaugurado em 12 de outubro de 1999, recebe este nome em homenagem a enfermeira Maria Alice Fernandes. A referida Instituição integra o Sistema Único de Saúde (SUS) e tem como público alvo crianças e adolescentes de 0 a 14 anos e onze meses de idade. A estrutura física do hospital pediátrico foi criada no governo de Garibaldi Alves Filho (1998-2001). No período de 1999 até 2003, o hospital vinha sendo administrado por uma empresa terceirizada chamada PROSAUDE11. A partir do ano de 2003, passou a ser administrada pela gestão estadual através de nomeações para os cargos de Direção Geral e sob a sua coordenação: a Diretoria Administrativa e Financeira, a Diretora Médica, a Diretoria Técnica e a Diretoria de Enfermagem. Existem ainda dois setores que estão diretamente ligados a Direção Geral que são: o Núcleo de Gestão de Pessoas e o CCIH - Comissão de Infecção Hospitalar, segundo organograma em (Anexo 01). Tem como “missão integrar ao SUS promovendo ações de saúde no âmbito da medicina pediátrica atuando na área de ensino e pesquisa com resolutividade, ética e humanização” (DOCUMENTO INSTITUCIONAL, 2003). De acordo com Ministério da Saúde, o hospital é uma instituição integrante das organizações que prestam serviços de saúde, cuja função consiste em: Proporcionar à população assistência médica integral, preventiva e curativa sob qualquer regime de atendimento, inclusive domiciliar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisa em saúde, bem como encaminhamentos de pacientes, cabendolhes supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente. (BRASIL, 2008). 11 A terceirização é uma das formas de privatização que se expande em todos os órgãos do aparelho do Estado, seja em nível federal, estadual ou municipal. De acordo com as definições oficiais (DECRETO n. 2.271/97, ART. 1º.), as justificativas para as terceirizações seriam a maior eficácia do serviço público, a economicidade, o atendimento à demanda e à necessidade de serviços, o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis. No Brasil, a terceirização faz parte da lógica da contra-reforma do Estado instituído no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995). Faz parte das orientações contidas no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (GUSMÃO, 2002, p.100). Anterior ao século XVIII, o hospital foi essencialmente uma instituição de assistência aos pobres, como também, de separação e exclusão. O hospital tinha como função recolher o pobre para proteger ‘a sociedade’ do perigo que eles representavam. Nesse período o personagem central do hospital até o século XVIII, não é o doente que precisa ser tratado, mas o pobre que está morrendo. Nessa época o hospital servia de morredouro, sobretudo para os doentes advindos das classes pobres. (FOUCAULT, 1980 apud FOGOS et al, 2000, p.104). Nesse período, a função de guardar e controlar os doentes eram executados por pessoas pertencentes a grupos sociais de caráter religioso ou leigos que se propunham a realizar exercícios de uma ação caritativa (FOUCAULT, 1980). Como assinala Ribeiro (1995 apud FOGOS, 2000, p.105), durante muitos séculos o hospital era um lugar privilegiado para se aprender nos pobres como curar os ricos. Entretanto, aos poucos se percebeu que certas doenças estavam relacionadas à situação econômica da população. Pois, essa população era desprovida economicamente e, conseqüentemente, não tinha como se alimentar, vestir e morar adequadamente e com menos acesso aos bens e serviços, inclusive os de saúde, apresentavam-se mais doente. Como bem lembra Elias (apud LOURES, 2003, p. 32), os hospitais são estabelecimentos de assistência médica em regime de internação, geralmente localizam-se em áreas urbanas. Funcionando dia e noite, apresentam níveis diferenciados de incorporação de tecnologia e dispõem de equipe médica especializada em regime permanente de atendimento. Na rede de serviços estruturada pelo SUS, os hospitais integram o nível terciário de atenção a qual caracteriza-se “pelo atendimento de internações e pelas emergências, além de possuir maior complexidade tecnológica” (OLIVAR; VIDAL, 2007, p.141). A partir de nosso estágio percebemos que hospital é uma das mais complexas organizações que compõe a rede assistencial em saúde. É no hospital que a demanda reprimida12 da política de saúde torna-se visível, em razão do não funcionamento da rede básica de serviços que não funciona como a "porta de entrada" do sistema de acordo com o que prevê a política. Esse não acesso aos serviços via atenção básica, tem levado a população a 12 Por demanda reprimida entende-se a falta de acesso do usuário ao serviço de saúde. Expressa, portanto, todo o acesso incompleto ao SUS. A esse respeito consultar: Olivar e Vidal, 2007. ter como principal referência os hospitais sejam eles públicos ou privados de urgência ou emergência13. Isso tem contribuído para a lotação nos pronto-socorros. O Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes é classificado como um serviço de urgência/emergência voltado ao atendimento de crianças e adolescentes. Para realizar satisfatoriamente esse atendimento de urgência dispõe em sua infraestrutura de 77 leitos e 18 enfermarias divididos entre: clínica cirúrgica com 14 leitos; clínica médica com 51 leitos; neonatologia com 05 leitos, que atualmente, encontrase desativada por falta de médicos e, por fim, a unidade de terapia intensiva (UTI). Em seu quadro funcional possui 440 funcionários, com situações diferenciadas de contrato de trabalho. Uma parte são funcionários públicos, outros são contratos temporários e outros são terceirizados. Esses tipos de contratação representam a flexibilização nas relações de trabalho gerada no âmbito estatal e empresarial. Na contemporaneidade com a ascensão da globalização da economia, com a reestruturação produtiva e, sobretudo com o ressurgimento dos ideais liberais (neoliberalismo), em todo mundo presenciaram-se mudanças radicais nas relações de trabalho. “As mudanças impostas hoje ao chamado ‘mundo do trabalho’, se materializam em fenômenos como a terceirização, subcontratação, polivalência, contratos temporários e desemprego [...]” (GRAVE, 2002, p.101). O HMAF tem sua gestão marcada pelo diferencial das outras unidades hospitalares do Estado. Vem em busca da qualidade de sua atividade assistencial empenhada em cada vez mais definir e aplicar indicadores e critérios para avaliação dessa qualidade em sua rotina de atendimento, visando não só o usuário externo como também o interno dentro de uma política de valorização. A qualidade tem sido considerada como um elemento diferenciador no processo de atendimento das expectativas dos usuários dos serviços de saúde. Toda instituição hospitalar, dada a sua missão essencial em favor do ser humano, tem como função primordial tratar e recuperação à saúde das pessoas que se encontram internadas, mesmo por que ele absorve e materializa as orientações da política nacional de saúde e suas legislações específicas. Por isso os hospitais devem procurar tornar o mais agradável possível suas unidades, principalmente as unidades de pediatria, pois as crianças têm 13 De acordo com Paim (1994 apud OLIVAR; VIDAL, 2007, p.142), uma emergência corresponde a um processo com risco iminente de morte, com exigência de diagnóstico e tratamento nas primeiras horas, após sua constatação. Já a urgência significa um processo agudo clínico ou cirúrgico, sem risco de morte. Neste caso, há risco de evolução para complicações mais graves ou mesmo fatais, porém não existe risco iminente de morte. necessidades especiais quando hospitalizadas. Para melhor entendermos sobre os cuidados especializados a criança e ao adolescente no âmbito hospitalar, vamos dar ênfase a um dos hospitais que é voltado para o atendimento a Criança e do Adolescente no município de Natal. O Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, faz parte da rede de serviços de saúde de alta complexidade voltada para a Criança e Adolescente, conforme determina Estatuto da Criança e Adolescente, quando trata do direto à vida e à saúde, “é assegurado atendimento médico à Criança e ao Adolescente, através do Sistema Único de Saúde, garantindo o acesso Universal e Igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação de saúde” (BRASIL,1990). Ainda de acordo com o Art. 12 do ECA, os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente. A referida Instituição tem sua gestão norteada pelos princípios do SUS, daí suas ações estarem inseridas na política de humanização hospitalar. Dentre as dimensões contempladas pela política de Humanização que são: prevenir, cuidar, proteger, tratar, recuperar, promover, enfim produzir saúde (Cartilha Humaniza SUS, 2004), O Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes desenvolve efetivamente o Programa de Humanização do QUALISUS14. O atendimento é submetido a uma avaliação com base no acolhimento e classificação de risco, pelo sistema avaliativo do QUALISUS que é uma política de qualificação da atenção à saúde, levando a uma maior satisfação do usuário com o sistema e legitimação da política de saúde desenvolvida no Brasil. Tal qualificação é elaborada da seguinte maneira: • Área Vermelha - sala de emergência, área devidamente equipada e destinada ao recebimento, avaliação e estabilização das urgências e emergências clínicas e traumáticas; • Área Amarela – atendimento em no máximo 15 minutos, área destinada à assistência de pacientes críticos e semicríticos; • Área Verde – prioridade não urgente, atendimento em até 30 minutos, área destinado ao paciente em estado crítico, em observação ou internado 14 A Política Nacional de Humanização (PNH), criada em 2003, é fruto de um debate entre técnicos, gestores e profissionais de saúde interessados em fazer avançar os princípios do SUS de acesso universal, integralidade da atenção e eqüidade na gestão, segundo as necessidades de saúde da população brasileira. (BRASIL, 2004). aguardando vagas nas unidades de internação ou remoções para outros hospitais de retaguarda; • Área Azul – área destinada ao atendimento de consultas de baixa e media complexidade. Atendimento de acordo com o horário de chegada, o tempo de espera pode variar de acordo com a demanda destes atendimentos: urgência e emergência. (DOCUMENTO INSTITUCIONAL, 2003). Preocupados com a qualidade dos serviços prestados essa instituição hospitalar possui um sistema de avaliação tanto em relação aos programas, quanto ao trabalho desenvolvido pelos profissionais, uma pesquisa de avaliação quantitativo-qualitativa. São distribuídos formulários de pesquisa aos acompanhantes no momento em que o paciente é internado, após serem respondidos são depositados em uma urna. A urna é aberta mensalmente para que todos os dados sejam tabulados e entregues aos chefes de todos os setores que irão discutir em reunião mensal as reclamações e os elogios que foram citados. Cada chefe avalia as solicitações e/ou reclamações feitas aos seus respectivos setores. Em seguida, é divulgado o resultado da pesquisa nos murais que ficam nos corredores de acesso aos leitos. Esse tipo de ação está em conformidade com os princípios e diretrizes da Lei Orgânica de Saúde, quando determina em seu Artº. 7º, que todo paciente ou usuário do sistema tem “direito à informação sobre sua saúde e, sobre o potencial dos serviços e sua utilização pelos usuários”. (CARTILHA HUMANIZA SUS, 2004). Para atender e solucionar os problemas e demandas trazidas pelos usuários diariamente, o hospital dispõe de um quadro técnico de médicos, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionistas e serviços auxiliares como, laboratório para execução de exames, atendimento de fisioterapia, dentre outros serviços. 2.3 A INSERÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES O Serviço Social se insere, na equipe de saúde como profissional que articula o recorte do social, tanto no sentido das formas de promoção a saúde, como das casualidades das formas de adoecer, intervindo, neste sentido, em todos os níveis nos programas de saúde. (CONSELHO, 1990). O quadro profissional do hospital é 15 formado 16 multiprofissional , nesse processo coletivo de trabalho por uma equipe inclui-se o Assistente Social. O Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes dispõe de 06 (seis) assistentes sociais atuando em regime de escala de plantão, sendo que uma delas, atua no Núcleo de Gestão de Pessoas. Esses profissionais buscam identificar os aspectos sociais, econômicos e culturais relacionados ao processo saúde-doença do binômio criança/adolescente internada nos vários setores do hospital: enfermarias, prontosocorro, UTI, bem como nos ambulatórios de especialidades; buscando formas individuais de enfrentamento para tais aspectos. Quanto à inserção desse profissional nas equipes que prestam atendimento de saúde ao usuário torna-se necessário reiterar que: Nos serviços de saúde, a inserção dos assistentes sociais no conjunto dos processos de trabalho destinados a produzir serviços para a população é mediatizada pelo reconhecimento social da profissão e por um conjunto de necessidades que se definem e redefinem a partir das condições históricas sob as quais a saúde pública se desenvolveu no Brasil (COSTA, 2007, p.310). Por ser um hospital de referência, que busca aprimorar sempre que possível o atendimento aos seus usuários, o Serviço Social do HMAF depara-se com barreiras no que se diz respeito ao número limitado de vagas disponíveis na unidade, principalmente no período de maio a julho, época caracterizada pela abundância de chuvas, em que a população está mais acometida a uma série de doenças, resultando numa maior procura pelo hospital. Ocorrendo assim, a demanda reprimida, onde o número de pessoas que procuram assistência médica é bem maior do que o hospital oferece, com isso agrava cada vez mais a crise relacionada com falta de recursos humanos. No âmbito hospitalar o assistente social como bem nos lembra Olivar e Vidal (2007, p.149), é chamado para “administrar a tensão existente entre as demandas dos usuários e os insuficientes recursos para a prestação dos serviços requeridos”. 15 Equipe multiprofissional na área da saúde é uma equipe forma por diversos profissionais como, médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e outros esta equipe deverá atuar junto aos pacientes e aos familiares. (COSTA, 2007) 16 Processo coletivo de trabalho nos serviços de saúde definiu-se a partir das condições históricas sob as quais a saúde pública se desenvolveu no Brasil; das mudanças de natureza tecnológicas, organizacional e política que perpassa o Sistema Único de Saúde; e das formas de cooperação vertical (divisão sociotécnicas e institucional do trabalho) e horizontal (expansão dos subsistemas de saúde) consubstanciadas na rede de atividades, saberes, hierarquias, funções e especializações profissionais. (COSTA, 2007, p.306-307). A crise no sistema de saúde em todos os níveis de atendimento se expressa, sobretudo, pela falta do médico para atender a demanda. Com o aumento da demanda decorrente da “intensificação da questão social e com a escassez de recursos pelo não-investimento do Estado nas políticas sociais” (OLIVAR; VIDAL, 2007. p.148), tem colocado o assistente social como mediador entre os usuários e o serviço de saúde, ou seja, esse profissional estabelece “um elo orgânico entre os diversos níveis do SUS” (COSTA, 2007, p.341). Frente a essa situação o assistente social fica responsável de fazer contato com os hospitais parceiros em busca de vagas, o que nem sempre consegue de imediato. Outro problema é o tempo de espera nos agendamentos de exames externos solicitados pelos profissionais de medicina que nem sempre encontram no HMAF os equipamentos necessários para a realização de tais exames como: Tomografias, Ressonância, Cintilografias, Testes do suor, dentre outros. Essa articulação realizada pelo assistente social acontece porque, “o sistema de saúde deveria centrar suas ações nas reais necessidades de saúde da população” (COSTA, 2007, p.311). Ou seja, outras políticas sociais deveriam funcionar para atender ou suprir as necessidades sociais do usuário do sistema, uma vez que, saúde não expressa apenas ausência de doença, mas um completo bem-estar físico, emocional e mental do indivíduo. Em outras palavras, o assistente social é partícipe, como trabalhador coletivo, de uma grande equipe de trabalho e, nesse sentido, sua inserção faz parte de um conjunto de especialidades que são postas em movimento simultaneamente para efetivar os objetivos das instituições empregadoras, sejam elas públicas ou privadas (IAMAMOTO, 1998, p.64). Todavia, cabe lembrar que muitos dos estrangulamentos no SUS que o assistente social se depara no cotidiano institucional, esta ligado diretamente aos projetos diferenciados de saúde que convivem simultaneamente nos dias, conforme já citado nesse trabalho. Nesses projetos as requisições colocadas ao serviço social são completamente diferentes, pois de um lado, a saúde é concebida como um direito social e de outro a saúde é vista como mercadoria. Ao analisar essas requisições, Bravo e Matos afirmam que: O projeto privatista requisitou, e vem requisitando, ao assistente social, entre outras demandas: seleção socioeconômica dos usuários, atuação psicossocial através de aconselhamento, ação fiscalizatória aos usuários dos planos de saúde, assistencialismo [...] no projeto democrático, o assistente social trabalha com a busca de democratização do acesso ás unidades e aos serviços de saúde, atendimento humanizado, estratégias de internação da instituição de saúde com a realidade, interdisciplinaridade, ênfase nas abordagens grupais, acesso democrático às informações e estímulo á participação cidadã (BRAVO; MATOS, 2007, p.206). Quanto às atribuições do Serviço Social no HMAF estão relacionadas à organização do cronograma das atividades lúdicas e educativas que envolvem organizações externas e mesmo internas com participação da equipe multiprofissional do hospital. É interessante notar que como outros profissionais da Instituição procuram sempre participar de congressos, seminários, ministrarem palestras, entre outros com o objetivo de enriquecer seus conhecimentos. A instituição hospitalar baseado no processo de humanização, além de otimizar o processo saúde-doença, busca relacionar a recuperação com o brincar, atividade desenvolvida através da brinquedoteca. As ações desenvolvidas no espaço da brinquedoteca são de responsabilidade do assistente social. A internação de crianças e adolescentes, que envolve doença, o tratamento e a quebra de rotina diária, pode desencadear e agravar desequilíbrios nos pacientes e em suas famílias. Nesse ponto, é importante a existência da brinquedoteca em hospitais. Tendo um papel importante por meio da provocação do lado saudável da criança e o resgate de seu potencial criativo, no período em que estiver internado. Nesse sentido, a brinquedoteca em unidades hospitalares pediátricas tem como uma das suas principais funções, a de ser um espaço criado para que a criança possa brincar, jogar socializar-se com as outras crianças. Mas o brincar não se limita somente ao contato ou interação com o objeto brinquedo, mas eliminando aquilo que possa estar bloqueando a liberação de potencialidades ou impedindo o acesso à felicidade. Reafirma-se, portanto, que no HMAF as atividades lúdicas oferecidas objetivam amenizar o sofrimento de crianças e familiares, restabelecendo o contato da criança com o mundo e a fazendo readquirir autoconfiança. No HMAF é atribuído ao Serviço Social à coordenação e supervisão dos seguintes programas: CIRURGIA FELIZ, cujo objetivo é diminuir os transtornos em nível emocional causado pelo estresse ao qual é acometida a criança que será submetida a uma intervenção cirúrgica, bem como, dar suporte emocional às mães enquanto aguardam a saída de seus filhos do centro cirúrgico; GOTAS DE ALEGRIA, que visa à execução dos eventos lúdicos interativos e espirituais de forma humanizada, proporcionando acolhimento, educação, beleza, ações educativas e entretenimento, despertando para uma consciência global voltada para os direitos da criança e adolescentes, além da valorização como cidadã/usuário. Neste programa também há realização de palestras para os acompanhantes, comemoração de datas comemorativas como: dia das crianças, dia dos pais, dia das mães, carnaval, São João, Natal etc; ANJOS DO ALICE, que tem como fundamento acolher a criança e o acompanhante desde o primeiro momento da chegada ao Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, de forma solidária, respeitando suas fragilidades e condições, utilizando a linguagem clara como veículo de interação entre os vários setores e equipe multiprofissional facilitando assim na efetivação de seu atendimento no âmbito hospitalar; ESPERAR BRINCANDO, é uma forma de minimizar a ansiedade e as tensões causadas pelo tempo de espera das crianças e acompanhantes no atendimento ambulatorial, onde as crianças têm acesso a playground, brinquedos, pintura em papel, etc; VIDEOTECA é um entretenimento para os usuários e acompanhantes, onde passa aos sábados pela manhã, conhecimentos educativos; ALTA HUMANIZADA são procedimentos veiculados junto aos usuários quanto a orientações sociais de relacionamento e convívio familiar, marcação de possíveis retornos para acompanhamento e exame ambulatorial quando necessário, e solicitação de acompanhamento social junto aos municípios, bem como, a solicitação de transporte para retorno do usuário ao seu lar ou ao HMAF; PESQUISA DE SATISFAÇÃO DO USUÁRIO: O questionário de avaliação em (Anexo 02) aplicado com os pacientes internos nas clínicas médica e cirúrgica, pronto socorro e ambulatório, tem como objetivo medir o nível de satisfação e aceitabilidade para com o HMAF. A preocupação com o nível de satisfação do usuário do sistema de saúde é central na Política de Humanização (HUMANIZA SUS)17. 17 As diretrizes gerais da Política Nacional de Humanização apontam para: demanda colhida por meio de critérios de avaliação de risco, garantindo o acesso referenciado aos demais níveis de assistência; garantia de No HMAF existe a preocupação de saber a opinião de seus usuários, através de um trabalho desenvolvido pelo Serviço Social. Depois de preenchidos os questionários, os dados são tabulados sob a coordenação dos assistentes sociais, o resultado é repassado e discutido com a diretoria e chefias dos departamentos envolvidos para que sejam tomadas as decisões para a melhoria da qualidade no atendimento. No atendimento hospitalar, a obtenção dos dados, por meio de entrevistas, preenchimento de ficha social ou questionário, é a primeira etapa do processo de atendimento e acompanhamento realizado pelo assistente social, integrando, pois um conjunto de procedimentos e normas relativas ao internamento dos pacientes. Essa atividade relaciona-se, principalmente, com a necessidade de agilizar iniciativas e providências para realização de exames, aquisição de medicamentos, notificação de alta ou óbito etc. (COSTA, 2007). Durante o nosso período de estágio, observamos que eram apresentadas para as Assistentes Sociais as seguintes demandas: internamentos, agendamento de exames, consultas, solicitação de transportes, busca de vagas em outros hospitais, além de outros procedimentos que viabilizam uma boa estadia dos usuários enquanto estiverem internados. Essas demandas em sua maioria chegam ao hospital de forma espontânea e encaminhada de outras unidades de saúde. Nesse processo de trabalho, os assistentes sociais realizam entrevista social, fazem visitas diárias às enfermarias, pronto-socorro e têm como principal forma de registro das ações o livro de ocorrências, no qual fica registrado diariamente todo o trabalho realizado pelo assistente social no hospital. Conforme referenciado anteriormente o assistente social no HMAF trabalha em regime de plantão, quanto ao aspecto das demandas do plantão, estas são “atendidas através de orientações diversas, encaminhamentos, esclarecimentos, providências, apoio e aconselhamento” (VASCONCELOS, 2007, p.247). Na verdade, o assistente social inserido no hospital se depara com demandas vindas dos usuários e das demandas institucionais. De acordo com Vasconcelos (2007, p.251), as demandas dos usuários, geralmente, “estão relacionadas ao funcionamento dos serviços prestados pelas unidades de saúde referência e contra-referência, resolução da urgência e emergência, provido o acesso à estrutura hospitalar e à transferência segura conforme a necessidade dos usuários; definição de protocolos clínicos, garantindo a eliminação de intervenções desnecessárias (OLIVAR e VIDAL, 2007, p.140-141). e/ou a doença em si”. As demandas institucionais dizem respeito à liberação de leitos, controlar conflitos, interpretar normas, garantir a rotatividade dos usuários nos serviços e viabilizar transferência de pacientes para outras unidades de saúde18. Nesse trabalho o profissional do Serviço Social realiza palestras educacionais e atividades voltadas para a busca de melhorias no atendimento do SUS nas unidades hospitalares, junto à comunidade e aos demais profissionais da saúde. Quanto às atividades de natureza sócio-educativa é possível afirmar que, “em todos os tipos e fases do atendimento e acompanhamento (individual ou coletivo), o Assistente Social realiza ações voltadas para a” educação em saúde por meio de orientações e encaminhamentos”. (COSTA, 2007, p.52). Na verdade, as condições de vida dos usuários nos serviços ofertados pelo HMAF requer uma atenção do assistente social, isso porque, tudo o pode comprometer a eficácia das ações prestadas torna-se objeto de intervenção do assistente social que tem como população usuária os excluídos da sociedade e os excluídos do acesso ao sistema. (COSTA, 2007). Todas as atribuições postas ao profissional do Serviço Social no Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes estão em conformidade com a Lei de Regulamentação da Profissão (1993) e com o Código de Ética (1993), sobretudo no tocante às relações estabelecidas com o usuário.19 O assistente social na saúde e, sobretudo, no HMAF, deve estar sempre à frente das questões subjetivas e sociais que envolvem o processo saúde-doença, tendo como parâmetro o projeto ético-político profissional que orienta para a defesa intransigente dos direitos dos usuários e da efetivação cada vez maior de políticas públicas amplas, para o segmento da criança e do adolescente. Nesse sentido, a atuação competente do assistente social na saúde, segundo Bravo e Matos (2007, p.214): Facilitar o acesso de todo e qualquer usuário aos serviços de saúde da instituição, bem como de forma crítica e criativa não submeter à operacionalização de seu trabalho aos rearranjos propostos pelos governos que descaracterizam a proposta original do SUS. 18 A esse respeito consultar: COSTA, 2000; 2007. O assistente social deve “garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e conseqüências das situações apresentadas, respeitando democraticamente as decisões dos usuários, mesmo que sejam contrárias aos valores e ás crenças individuais dos profissionais, resguardados os princípios deste código” (CODIGO DE ÉTICA, 1993). 19 No HPMAF, percebemos que o cotidiano do assistente social reflete as expressões concretas das desigualdades sociais e da ameaça aos direitos sociais, inclusive do direito a própria vida. Para através de seu trabalho assegurar os direitos dos usuários assegurados à Criança e ao Adolescente, o assistente social do hospital desenvolve parcerias com órgãos facilitadores do processo, ou seja, entidades de outras áreas sociais, como a educação, o SOS Criança e com os Conselhos Tutelares da Criança e do Adolescente. Articula-se também com as Prefeituras do interior do Estado, buscando parceria para a viabilização das ações como: transporte para os pacientes que recebem a alta hospitalar; apoio na continuidade do tratamento em nível ambulatorial (residencial) realizado no momento da alta hospitalar, medicamentos, aparelhos, retorno para consulta e apoio financeiro para ataúde por motivo de óbito. Nesse contexto, cabe ressaltar o compromisso que este profissional tem com o projeto ético-político da profissão e com o projeto democrático de saúde. Para VIDAL (2008, P.138). A conquista efetiva do direito à saúde, enquanto direito social universal, a necessidade de melhoria na qualidade do atendimento, bem como a melhoria de saúde da população, por meio do acesso aos serviços e ações de saúde devem ser apropriadas pelos profissionais de saúde. Portanto diante do exposto, percebe-se que o profissional assistente social vem dando respostas aos frutos obtidos em sua trajetória histórica da profissão sempre buscando a garantia da qualidade da prestação dos serviços de saúde. Sendo assim, no próximo capitulo relataremos à experiência de estágio vivenciada no Serviço Social do HMAF, quando tivemos oportunidade de formular e executar com êxito o nosso projeto de intervenção juntamente com os (as) acompanhantes das crianças e adolescentes que se encontravam internadas naquela instituição hospitalar. 3 UM TRABALHO SÓCIO-EDUCATIVO COM AS (OS) ACOMPANHANTES DO HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES A internação hospitalar pode desencadear uma série de rupturas não só para as crianças mais também para a família. Fatores físicos, sociais e psicológicos são envolvidos e podem levá-los a sérios traumas referentes à hospitalização que podem ser irreversíveis. A presença dos pais e familiares acompanhando a criança durante a internação no hospital diminui as dificuldades de adaptação e mantém o vínculo com os familiares, embora seja necessário trabalhar esses acompanhantes para amenizar o impacto da convivência com o dia a dia hospitalar, contato a dor do outro e, principalmente, com a dor das suas crianças. Sabemos que a Constituição Federal e o ECA estabelecem um prioridade absoluta para a criança e o adolescente, sobretudo, quando tratar-se de garantia dos direitos destes como do atendimento oferecidos por qualquer instituição social. A partir dessas determinações o direito ao acompanhante deve ser cumprido e respeitado por todas as unidades de saúde e, principalmente pelos hospitais. Nesse sentido, as instituições hospitalares devem observar o seguinte artigo do ECA: Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação da criança ou adolescente (BRASIL, 1990). No caso da permanência do acompanhante no âmbito hospitalar, o ECA estabelece que as instituições de saúde que internam crianças devem proporcionar condições de permanência conjunta de pais e filhos. Permitir a permanência dos pais junto à criança minimiza sua angústia, reforça ou estimula os vínculos afetivos e promove educação para a saúde. Todavia, para que a permanência conjunta pais/filhos possa ser administrada com parceria da equipe de saúde no cotidiano do cuidado, é necessário que seja mantida uma convivência de respeito entre a equipe e esse acompanhante20. 20 No tocante a lei de acompanhamento, vale salientar também que além do ECA, existe um documento que também assegura a criança e o adolescente em um dos seus itens “o direito a ser acompanhado por sua mãe, pai ou responsável, durante todo o período de sua hospitalização, bem como receber visitas”. Este documento é intitulado “Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados”, foi elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e apresentado na vigésima sétima Assembléia Ordinária do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), onde o mesmo foi aprovado por unanimidade e transformado em Resolução de número 41 em 17 de outubro de 1995 (SOUSA, 2004). A equipe que atende a criança ou o adolescente deve entender que a presença do acompanhante é importante porque transmite através dos cuidados: segurança, afeto e apoio, além de contribuir para a restauração de sua saúde sob o aspecto social e emocional, pois a hospitalização gera no paciente, especialmente na criança, um impacto frente à nova realidade, repleta de pessoas desconhecidas em um ambiente também desconhecido e impessoal. Nesse momento o hospital é visto como um ambiente hostil e ameaçador para a criança e o adolescente. No caso dos acompanhantes do HPMAF, percebemos que na maioria das vezes os estes chegam à instituição sem ter noção dos direitos, dos elementos que perpassam para garantia da qualidade dos serviços de saúde que lhes são ofertados. Sendo necessário desenvolver um trabalho educativo com esses acompanhantes voltado para o esclarecimento de seus direitos, que quase sempre está intercalado com ações mais imediatas, ou seja, com base na assistência no âmbito emergencial como higiene, alimentação, vacinação, entre outros. Desta forma, os acompanhantes tornam-se mais uma demanda para o Serviço Social no HMAF. A partir dessa constatação elaboramos um projeto de intervenção voltado para desenvolver um trabalho educativo com os acompanhantes do Hospital Maria Alice Fernandes. As ações educativas contribuem no processo de esclarecimento do acompanhante acerca de seus direitos, bem como dos seus deveres dentro da instituição. 3.1 AS (0S) ACOMPANHANTES E A PARTICIPAÇÃO NAS ATIVIDADES SÓCIOEDUCATIVAS NO ÂMBITO HOSPITALAR A partir das observações e entrevistas sociais realizadas no período de estágio I, pudemos observar que boa parte dos (as) acompanhantes, tanto do paciente que reside em Natal quanto do interior do Estado, chegavam a passar vários dias ou as vezes meses no hospital acompanhando seus filhos. Essa permanência duradoura no âmbito hospitalar faz com que esse (a) acompanhante fique com alteração de humor, irritação e ansiedade. Assim, sentimos a necessidade de trabalhar com esse (a) acompanhante a questão da ociosidade como forma de ocupar o tempo dos (as) mesmos durante a espera na recuperação de seus filhos. Sendo assim, no mês de fevereiro do ano de 2007 demos início à preparação das atividades. Realizamos uma enquête com os (as) acompanhantes para saber que tipo de atividades gostariam de realizar durante o tempo de permanência no hospital. As atividades escolhidas pelo grupo foram: artesanato, crochê, fuxico e palestras sócios educativas que abordassem diferentes temáticas. Para atingirmos os objetivos delineados fizemos uso de oficinas e palestras. A execução do projeto teve início no dia 10 de março de 2008, no espaço da brinquedoteca do HMAF. A primeira atividade envolvia o trabalho manual com as mães acompanhantes, essa atividade contou com a participação em média de 10 a 15 mães. Ao proporcionar essa atividade para essas mães nos preocupamos em ter um olhar além do que um simples aprendizado de como fazer o fuxico, crochê e artes com jornal e revista para serem praticados no tempo livre dos acompanhantes, mais sim de contribuir para que as mesmas possam ter uma renda extra quando saírem do hospital, uma vez que todas elas pertencem à classe econômica menos favorecidas e muitas não tem nenhuma fonte de renda. Os trabalhos manuais foram realizados durante sete dias do mês citado e continuou no mês seguinte em razão da rotatividade dos (as) acompanhantes no hospital. Essas oficinas tinham duração de 1h e 30 min/dia. Essas atividades eram realizadas sob a coordenação de uma arte educadora com a colaboração das estagiárias. Para a realização dos trabalhos manuais foram utilizados os seguintes materiais: agulha; cola; coleção; lápis; linha; folhas; retalhos; palito e tesoura. Vale salientar que nos preocupamos em trabalhar com matérias que fossem de fácil acesso para o usuário como, por exemplo: cola, tesoura, jornal, revistas, dentre outros e que o custo fosse o mínimo possível. Com base no que foi presenciado no HMAF, como a falta de leitos pediátricos para atender à crescente demanda de crianças infectadas pela Dengue; a pouca mobilização junto à população usuária do hospital no controle e combate à doença foi notado uma necessidade de realizar na segunda execução do projeto no dia 05 de maio de 2008, uma palestra sobre a ‘Dengue’. Segundo informações do Ministério da Saúde, no Rio Grande do Norte, a dengue está presente desde 1996, onde foram notificados 1.339 casos. Desde então a doença vem apresentando um comportamento de surtos epidêmicos em anos alternados, com maior incidência nos primeiros meses do ano. Durante todo o percurso epidêmico, o ano de 2001 apresentou 19.221 casos, registrando assim o maior número de notificações, conforme demonstra o gráfico abaixo: Casos de dengue notificados em Natal 1996-2007 25000 19221 20000 16424 15932 N° de casos 15000 11626 10000 8315 9175 8151 4220 5000 1339 863 5028 1482 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Fonte: SMS/SINAN. De acordo com os dados da Secretaria Estadual de Saúde (SESAP) o RN já registrou ao longo desses anos 446 casos notificados de Dengue Hemorrágica (ocorre quando a pessoa pega a doença mais de uma vez), destes 60 casos somente no ano de 2008, contra 47 casos confirmados no ano de 2007. (RIO GRANDE DO NORTE, 2008). Apesar da importância dessa ação educativa, ocorreram alguns entraves para a sua execução, pois os (as) acompanhantes não compareceram ao local determinado. A estratégia utilizada foi o deslocamento até as enfermarias para passarmos as informações e entregarmos os panfletos informativos em (Anexo 03) sobre a prevenção da ‘dengue’, essa atividade teve duração de 5 minutos em cada enfermaria. O cotidiano do assistente social nas instituições é sempre permeado por situações inesperadas que por vezes podem impor limites a sua ação, todavia, Iamamoto (2007, p.182) nos lembra que, “o profissional deve ter clareza quanto ás competências, atribuições e o domínio de habilidades adequadas ao trabalho concreto realizado, o que condiciona a eleição das estratégias acionadas” para atingir o resultado idealizado e pensado. Nessa atividade foi explicitada para as (os) acompanhantes a forma de manifestação da doença, ou seja, dengue clássica e dengue hemorrágica. Na dengue clássica os sintomas são mais brandos como febre alta, dores de cabeça, nas costas e na região atrás dos olhos. Neste caso, dificilmente acontecem complicações, porém alguns doentes podem apresentar hemorragias leves na boca e nariz. A dengue hemorrágica, geralmente ocorre quando a pessoa pega a doença pela segunda vez, a mesma se apresenta de forma mais grave. Os sintomas são semelhantes a do tipo clássico. Porém, a partir do quinto dia, alguns doentes podem apresentar hemorragias em vários órgãos e choque circulatório. Podem ocorrer também vômitos, tontura, dificuldades de respiração, dores abdominais intensas e contínuas e presença de sangue nas fezes. Não ocorrendo acompanhamento médico e tratamento adequado o paciente pode vir a óbito. Evidenciamos também as formas de prevenção do mosquito ‘Aedes Aegpty’, pois sabemos que a epidemia está relacionada a determinados hábitos e costumes da população como: deixar a água se acumular em recipientes vazios e locais inadequados (vasos, calhas, pneus, cacos de vidro, latas). Orientamos também que o agente público de saúde do município deve ser avisado caso exista alguma situação de risco e proliferação da doença na comunidade. Os participantes não fizeram perguntas, mas ficaram atentas as explanações e relataram formas de prevenção da dengue em sua própria residência. O nosso objetivo era de dar orientações seguras e fazer com que esses (as) acompanhantes sejam um agente multiplicador na sua comunidade quando retornarem aos seus lares. A terceira atividade do projeto foi realizada no dia 13 de maio de 2008, com exposição de uma palestra sobre o ‘tabagismo’, mas por que tabagismos? Para essa indagação a resposta veio através do número de acompanhantes fumantes, que por vezes foram vistos descumprindo as normas do hospital, foram flagrados fumando no interior do hospital durante o período de estágio I. Além disso, o tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres) sejam fumantes. (MINISTÉRIO DA SAÚDE - INCA, 2008). Durante a palestra contamos com a participação de 15 acompanhantes e 8 eram fumantes. Nessa atividade utilizamos cartazes e folders ilustrativos como forma de prevenção e dados sobre o uso do tabaco em (Anexo 04). Esta atividade durou em média 30 minutos, pois os acompanhantes foram bastante participativos, fizeram relatos sobre as conseqüências causadas pelo uso do cigarro, como cansaço, escurecimento do dente entre outros. Na oportunidade explicamos o que é o tabagismo e as doenças causadas pelo uso do tabaco. Dentre estas estão aquelas que são responsáveis diretas pelo maior número de internações decorrente das doenças cardiovasculares, tais como: a hipertensão, o infarto, a angina, e o derrame. É responsável também por muitas mortes causadas pelo câncer de pulmão, de boca, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim e bexiga e pelas doenças respiratórias obstrutivas como a bronquite crônica e o enfisema pulmonar21. O tabaco diminui as defesas do organismo e com isso o fumante tende a aumentar a incidência de adquirir doenças como a gripe e a tuberculose, causa também impotência sexual e complicações na gravidez. Ao finalizar a palestra mostramos ao grupo os benefícios que um fumante pode ter ao deixar de fumar como: após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal; após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza; após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida; após 1 ano, o risco e morte por infarto do miocárdio já foi reduzido à metade e após 5 a 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram. (MINISTÉRIO DA SAÚDE - INCA, 2008). Atualmente, os métodos usados vão desde simples recomendações até medicamentos à base de nicotina (várias formas para absorção controlada) e sem nicotina. Não existe um programa ideal. Cada fumante é único, tem suas próprias razões para fumar, apresenta uma resposta individual à suspensão do fumo, necessita de pouco apoio em algumas situações e muito apoio em outras. A cada tentativa de parar de fumar, o fumante defronta com as dificuldades reais de parar seu vício, vai tomando consciência das situações críticas que o impulsiona a voltar a fumar, vai aprendendo mais sobre a dependência de seu corpo e mente. Tudo pode ajudar a melhorar o programa em uma próxima tentativa. Por isso, é importante não 21 A esse respeito consulta: < http://www.inca.gov.br/tabagismo/> encarar uma recaída como um fracasso (MINISTÉRIO DA SAÚDE - INCA, 2008). A quarta ação prevista no projeto contou com a participação de 18 acompanhantes e foi realizada em 10 de Junho de 2008. O tema da palestra trabalhão foi sobre ‘Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/AIDS)’, em razão dessas doenças ainda serem tidas como um grande problema de saúde pública por afetarem muitas pessoas. Além disso, os sinais e sintomas são de difícil identificação, assim como é também o acesso da população ao tratamento correto. Essa atividade foi a que contou com o maior número de acompanhantes. Utilizamos cartazes e folders informativos em (Anexo 05), além de preservativos que na oportunidade mostramos a forma correta de uso. Para tanto contamos com a colaboração das Assistentes Sociais e Brinquedistas. Percebe-se que a clientela referida diante do nível cultural mostram-se carentes de informações sobre essas doenças. Portanto na oportunidade foi levado ao conhecimento que as DST’s são doenças que podem ser transmitidas por contato sexual, durante as relações sexuais oral, anal ou vaginal sem proteção. Algumas DST’s também são transmitidas por transfusão de sangue contaminado e da mãe para o bebê antes, durante ou depois do parto. Apresentamos os diversos tipos de DST’s. Iniciamos fazendo uma abordagem sobre a AIDS que ainda não tem cura, mas tem tratamento. Explicamos sobre as formas de prevenção, o uso dos medicamentos que são garantidos pelo governo federal através do MS a todos os pacientes soropositivos. Explicamos que ao contrair o vírus HIV você se torna um portador em potencial e que, portanto, pode contaminar outras pessoas. Outrossim, reforçamos que o medo e o preconceito não podem mais ser motivo para que as pessoas não façam o teste anti-HIV, pois quanto mais cedo for o diagnóstico maior o tempo de sobrevida do portador, isso porque o tratamento hoje está avançado e permite que as pessoas vivam durante anos, convivendo com o vírus sem maiores problemas. Dentre outras DST’s abordamos também a sífilis e seus sintomas incômodos como: verrugas, feridas, corrimento, coceiras nos órgão genitais, dor durante a relação sexual ou ardor ao urinar. Finalizamos essa última intervenção evidenciando que as DST’s podem ser evitadas usando sempre camisinha (preservativo) masculino ou feminino em todas as relações sexuais. (MINISTÉRIO DA SAÚDE- DST/AIDS, 2008). Nesse trabalho foi possível perceber ao final de cada atividade, o quanto essas palestras ainda são necessárias, sobretudo, para a população de baixa escolaridade e baixa renda. Muitas vezes, essas pessoas até sabem ou já tiveram conhecimento sobre determinado assunto, mas o que se percebe é que esse conhecimento, quase sempre, foi passado e absorvido de forma errada. Nesse sentido, “o assistente social tem compromisso ético-político de trazer para o espaço institucional a informação, o conhecimento e o saber desconhecido pela população usuária” (VASCONCELOS, 1997 apud OLIVAR ; VIDAL, 2007, p.153). Salientamos que o compromisso com a socialização das informações junto à população usuária do serviço na perspectiva da ampliação e consolidação dos direitos sociais se constitui num dever do assistente social contido em seu Código de Ética profissional. Nesse sentido, o Assistente Social em seu espaço ocupacional deve atentar para: A possibilidade de defender, efetivar e aprofundar os preceitos democráticos e os direitos de cidadania, preservando inclusive a cidadania social, cada vez mais qualificada (IAMAMOTO, 2007, p.193). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estágio curricular é essencial no processo de formação profissional, pois oportuniza ao aluno o contato direto com o fazer profissional do assistente social, com os usuários e com suas necessidades, além de possibilitar ao aluno aplicar os conhecimentos apreendidos em sala de aula, exercitar as competências e habilidades adquiridas, bem como utilizar os instrumentos técnicos operativos do Serviço Social. Desse modo, foi significativa a oportunidade de estágio no HPAMF, especialmente, no setor do Serviço Social. Onde pudemos perceber as dificuldades enfrentadas pelo profissional enquanto partícipes dos processos de trabalho, o qual exige do assistente social a necessidade permanente de vincular esses processos e sua ação cotidiana às questões micro e macro societárias, no sentido de compreender as limitações do fazer profissional em função das políticas públicas implementadas, resultantes da opção política adotada pelos governantes, mas sem perder de vista, entretanto, a capacidade de questionar, refletir e socializar o que está posto, apontando sempre na perspectiva de garantir e ampliar direitos. Neste processo, é fundamental que os assistentes sociais tenham clareza das determinações sociais, históricas, econômicas, políticas e culturais das expressões da questão social na saúde e, conseqüentemente, das limitações da intervenção profissional nos processos relacionados ao binômio saúde-doença, uma vez que estes estão atrelados aos processos societários em nível macro. O trabalho sócio-educativo desenvolvido no HMAF proporcionou a nós enquanto estagiárias uma nova visão do processo de trabalho na saúde e, sobretudo no âmbito hospitalar onde existe um certo grau de conflitualidade e de resolutividade das ações de saúde. Em relação a conflitualidade podemos citar a longa permanência dos pais e mães que ficam no hospital acompanhando seus filhos que estão em tratamento. Essa permanência por tempo indeterminado no âmbito hospitalar gera inquietações, ociosidade, irritabilidade e angústias para essas pessoas, que muitas vezes, deixam outros filhos em casa sem ter quem cuide ou ficam com vizinhos, essa situação contribui também para a insatisfação dos acompanhantes. Por isso, consideramos que nosso projeto de intervenção trouxe ganhos consideráveis para esses acompanhantes que participaram das atividades, além disso, essas pessoas enquanto estavam na brinquedoteca até esqueciam que estavam num ambiente hospitalar, como também tiveram oportunidade através das ações educativas, como palestras e visitas com orientações pertinentes de se informarem sobre temas que fazem parte do seu cotidiano, bem como ter seus direitos e deveres esclarecidos de forma extremamente clara, uma vez que fizemos uso de uma linguagem acessível para todos (as). Na verdade, as demandas reais e latentes exigem preparo e comprometimento dos profissionais de saúde e, em particular, dos assistentes sociais, no sentido de apontar para ações que objetivem, a democratização de informações e a participação social no esforço de tentar ultrapassar os limites e desafios colocados para o Sistema Único de Saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEHRING, E. 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