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9 DE JANEIRO DE 2008 SEXTA-FEIRA
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COIMBRA
15 anos de
transplantes
hepáticos
pediátricos
Andrea Trindade
Completam-se 15 anos sobre o
primeiro transplante hepático
pediátrico realizado em Portugal,
mais concretamente em Coimbra, pela equipa do cirurgião
Alexandre Linhares Furtado.
Além das comemorações, pelas
vidas de crianças salvas até aqui,
a ocasião é aproveitada para um
I
balanço da actividade e para projectar mudanças naquele que
continua a ser o único centro a
realizar este tipo de intervenção,
concentrando o investimento e o
“know-how”, recebendo crianças de todo o país.
A hepatologista pediatra Isabel Gonçalves, em nome da
equipa do Hospital Pediátrico de
Coimbra (HPC), deseja que o
ISABEL GONÇALVES considera possível e vantajosa a realização do
transplante no bloco do Pediátrico
146
transplantes realizados no
centro de Coimbra
23
transplantes com recurso a
dador vivo
132
84
crianças transplantadas
FOTOS: FIGUEIREDO
Realizar o transplante no próprio
hospital, ter mais técnicos
e apostar na formação
são desejos da equipa pediátrica
NÚMEROS
O HOSPITAL Pediátrico acompanha entre 15 a 17 crianças transplantadas anualmente
novo ano traga finalmente a realização dos transplantes para
aquela unidade infantil. Recorde-se que o cirurgião dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) Emanuel Furtado é
responsável pela coordenação
do Programa Nacional de
Transplantação Hepática e tem
sido neste hospital que as intervenções têm sido levadas a cabo.
«Entendemos que era importante que todo o procedimento
fosse efectuado aqui dentro, o
que facilitaria o funcionamento
das estruturas». De acordo com
a médica do Pediátrico, não só «o
hospital tem dificuldade em
deslocar recursos humanos»
como também «as crianças em
estado grave estão expostas a
maiores riscos quando são deslocadas, ainda que num trajecto
pouco longo, até aos HUC».
Depois, nota Isabel Gonçalves,
«é possível fazer o transplante
no nosso bloco actual, e melhor
ainda será no novo hospital».
Outro desejo de ano novo tem
a ver com «o reconhecimento
oficial do HPC como centro de
referência na Rede de Referenciação Hospitalar de Transplantação». Na prática, «já o é, mas a
oficialização traria mais autono-
Que doenças
determinam
o transplante
hepático?
A atresia das vias biliares
constitui a principal indicação
para transplante hepático
pediátrico – verifica-se em 40
por cento dos casos. Trata-se,
segundo Isabel Gonçalves, de
uma malformação que não
permite o correcto desenvolvimento dos canais biliares
para que drenem a bílis,
levando a cirrose.
A segunda indicação mais
comum em Portugal – 25 por
cento dos casos – tem a ver
com o défice da proteína alfa-1
antitripsina, uma doença
mais frequente no Norte do
país e cuja incidência é maior
do que em outros países da
I
mia», repara a médica, sustentando que seria, assim, mais
fácil dotar a equipa de psicólogo,
pedopsiquiatra, técnica de serviço social e secretária, a tempo
inteiro, elementos encontrados
Europa. Em terceiro, surgem
as doenças agudas: «entre 15 a
20 por cento são hepatites fulminantes, provocadas, por
exemplo, por intoxicações
medicamentosas ou por
ingestão de cogumelos»,
explica a médica. Os restantes
casos com indicação para
transplante hepático pediátrico devem-se a um grupo vasto de doenças.
O que é facto é que o transplante é para estas crianças a
única esperança de vida. E no
centro de transplantação de
Coimbra, as taxas de sobrevivência após transplante –
actualmente nos 84 por cento
– têm vindo progressivamente a aproximar-se das verificadas nos centros de referência internacionais, onde 95 por
cento das crianças sobrevivem cinco anos após o transplante. l
nas equipas de centros de referência europeus.
«Se numa primeira fase são
necessários inúmeros cuidados
hospitalares, depois de estabilizadas, e ao longo do tempo, as
percentagem de sobrevivência ao fim de cinco anos
17
média de transplantes realizados por ano
6
meses, espera média por
transplante
4
crianças que actualmente
aguardam transplante
hepático
crianças vão precisar de outros
apoios: de integração social, psicológico, nas escolas, no acompanhamento para garantir a
adesão ao tratamento», declara
Isabel Gonçalves.
«A aposta na formação contínua de técnicos e o envio de
jovens cirurgiões para formação
no estrangeiro» são outros
objectivos que, nesta fase de
“adolescência” dos transplantes
em Portugal, é preciso alcançar,
acrescenta a médica.
Transplante e vigilância
O centro de transplantação hepática pediátrica realizou até
final de Dezembro do ano pas-
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