12º SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E EXTENSÃO DA UEMG Os usos e a função dos medicamentos psicofármacos no contexto do município de Divinópolis Fábio Henrique Silva Email para contato: [email protected] Palavras chave: psicofármacos; usos simbólicos; biopolítica O campo da saúde mental vem sendo atravessado contemporaneamente por uma modalidade de intervenção que suscita algumas questões, uma vez que esta tem sido colocada como a forma hegemônica de tratamento. Trata-se das intervenções medicamentosas por via dos psicofármacos. A redução do adoecimento psíquico a distúrbios neuroquímicos do funcionamento cerebral é um evento próprio de nossa época e insere o discurso psi num dado corpus científico. O que lhe garantiria estatuto epistemológico e, supostamente, lhe asseguraria legitimidade. Havendo evidências de que o psiquismo coincide com a química cerebral, qualquer manifestação que aponte irregularidade nesse mecanismo é alocada na categoria do distúrbio, portanto, do patológico. Nesse sentido, o psicofármaco fulgura como profícuo modo de intervir, isso por duas razões potencialmente confluentes. Em primeiro lugar, uma perturbação química, obviamente, só poderá ser tratada quimicamente. Segundo, o medicamento responde à demanda social contemporânea de supressão rápida do sofrimento. O medicamento é entronizado como um dispositivo, uma tecnologia de si, para lidar com o mal-estar, na medida em que se propala a efetividade “incontestável” de seu uso no alívio de sintomas. Conforme assevera Birman (1999) “(...) pretende-se a sedação da angústia e a eliminação das excitações excessivas, das paixões expressivas com os antidepressivos.” (p.243) Este é o ideal de felicidade “pós-moderno”, incutido pelos agenciamentos sociais (as mídias, as tecnologias, o mercado), o controle das paixões, a promessa de cura da condição humana, a busca por um pretenso equilíbrio. Nesse sentido, o consumo abusivo dos psicofármacos está atrelado ao modo de subjetivação particular que reside na centralização da medicalização como produtora de vida e, portanto, de saúde. Tais medicamentos são atualmente utilizados, na maioria das vezes, como um subterfúgio mediante a perda do sentido da vida das pessoas, onde os valores tradicionais estão sendo substituídos por valores efêmeros. Neste contexto, o individualismo impera entre os sujeitos e estes se voltam para o privativo de suas vidas, dessa forma ocorre um desinvestimento total dos aspectos da esfera pública da sociedade. Mediante o exposto, indagamo-nos: Quais fatores determinam o uso maciço de psicofármacos? Qual a função dos psicofármacos no interior dessa conjuntura social específica? Qual o posicionamento dos profissionais de saúde frente a este fenômeno? Deste modo, consideramos que a pesquisa justifica-se no sentido de desvelar quais os mecanismos fomentam a medicalização, compreender que formas de relações são travadas, os jogos de poder que se processam e os agenciamentos que atravessam a problemática Realização do evento: 17 a 19 de Novembro/2010