COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Monitoramento e controle de qualidade dos estaqueamentos tipo hélice contínua durante a execução da obra Carlos Medeiros Silva Empresa Brasileira de Engenharia e Fundações Ltda., Brasília-DF, Brasil, [email protected] José Camapum de Carvalho Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil, [email protected] RESUMO: A técnica de controle proposta fundamenta-se no autocontrole da execução dos elementos de fundação a partir da medição automatizada do trabalho realizado ou da energia necessária para a escavação de cada estaca do estaqueamento, executado com equipamento tipo hélice contínua monitorada. As rotinas proposta pela técnica, SCCAP (Silva, Camapum de Carvalho, Araújo e Paolucci), entre as quais, a medida do trabalho realizado ao escavar uma estaca, a indicação da velocidade crítica de perfuração e o controle estatístico do estaqueamento pode orientar a perfuração e indicar durante a execução se é necessário corrigir a profundidade préestabelecida em projeto. O SCCAP, incorporado no software de monitoramento das estacas hélices contínua, parte de uma amostra coletada (trabalho realizado nas estacas deste grupo) junto ao subconjunto da população, o estaqueamento, para agrupar esses dados em uma distribuição de freqüência determinando a sua média e o seu desvio padrão. A técnica permite montar critérios de aceitação em função da média e do desvio padrão, consequentimente possibilitando a realização do controle automatizado, em tempo real, do restante do estaqueamento com base em uma grandeza física, o trabalho realizado ou a energia necessária para a execução de uma estaca. Com a técnica proposta, o controle de execução dos elementos de fundação, da escavação à concretagem, passa a ter função mais nobre que o da simples verificação das condições de execução. Por meio das rotinas propostas, o executor e o projetista podem verificar em tempo real se a capacidade de carga adotada em projeto está sendo atendida na execução de cada elemento da fundação, permitindo assim, o ajuste do projeto ponto a ponto. Problemas como o da variabilidade estratigráfica do solo são superados, conferindo maior economia e segurança à obra. As rotinas aqui apresentadas representam um avanço no controle tecnológico das fundações profundas. PALAVRAS-CHAVE: Hélice Contínua, Trabalho, Energia, Capacidade de Carga. América, passando a ser utilizada na Europa a partir década de 70, chegando ao Brasil na década de 80. A literatura apresenta inúmeras avaliações e análises publicadas sobre provas de cargas e capacidade de carga. Penna et al. (1999), por exemplo, forneceu informações e um banco de dados de 48 provas de carga com diversos tipos de análise comparativas entre resultados extrapolados. Camapum de Carvalho et al. (2008) apresentou uma nova metodologia de análise e interpretação a partir de proposta por com base em várias provas de carga realizadas no Distrito Federal. 1 INTRODUÇÃO Recentemente no Brasil, vem-se empregando em locais com presença de nível d’água estacas do tipo hélice contínua. Estacas que deveriam possuir como principal vantagem o maior controle na execução quando comparadas com outros tipos de fundação, entretanto tem-se observado que o monitoramento das estacas e os dados obtidos durante este monitoramento são negligenciados e muitas vezes são usados apenas como propaganda enganosa do controle de qualidade. Segundo Albuquerque et al. (2001), este tipo de fundação surgiu em meados da década de 50 nos Estados Unidos da 1 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Brasília, complexo hoteleiro Ita Brasil, Figura 4. Em suas análises perceberam que sob condições controladas o torque acumulado, o SPT médio ao longo da estaca e capacidade de carga são dependentes e proporcionais. Inúmeros métodos desenvolvidos para o cálculo da capacidade de carga de estacas hélice contínua foram propostos recentemente, dentre estes pode-se citar: o Método de Alonso (1996) baseado no SPT-T, o Método de Antunes & Cabral (1996) e o Método de Cabral et al. (2000) baseados no SPT e o Método de Vorcaro & Velloso (2000) que utiliza análise de regressão múltipla, dando um enfoque estatístico ao cálculo e o Método de Bustamante & Gianeselli (1998) com base em resultados de ensaios de SPT, CPT e PMT, métodos descritos de forma resumida em Albuquerque et al. (2001). Entretanto, não se apresentou nenhuma proposta ou rotina de controle que relacione o trabalho realizado ou a energia dissipada durante a execução das estacas com a sua capacidade de carga. Existem grandes semelhanças entre o processo de cravação/escavação das estacas helicoidais com a escavação das estacas hélices contínua, principalmente no processo de introdução da ferramenta no solo. Pode-se também, afirmar que ambos realizam trabalho (W) pela atuação de uma força, neste caso variável, que provoca deslocamento em conseqüência da introdução do trado no solo. Todo o trabalho gerado nesta operação é dissipado pela ação do atrito e pela energia gasta na desestruturação do solo, tratando-se, portanto, de um processo onde a energia gerada não é conservada. Mecanismo semelhante a este é observado na cravação de um amostrador padrão durante um ensaio NSPT onde quase toda energia é dissipada pelo atrito amostrador-solo. Lembra-se que as forças de atrito aqui consideradas, “forças não-conservativas”, tendem a dissipar a energia mecânica realizando trabalho negativo, entretanto, a energia total em sentido amplo se conserva, pois as forças de atrito são convertidas em calor que também é uma forma de energia. Um alerta para a importância do impulso durante a execução de uma estaca hélice foi feito por Araújo et al. (2009). Eles lembraram que uma força ou um torque de pequena magnitude, aplicado durante um grande espaço de tempo, pode gerar o mesmo deslocamento provocado por uma força ou um torque de magnitude elevado aplicado em um curto intervalo de tempo como descrito pelo teorema do impulso-momento linear (Figura 1). Entretanto, pode-se afirmar que os trabalhos nos dois casos são equivalentes, pois os deslocamentos finais foram os mesmos. Ou seja, a potência que é o trabalho realizado por unidade de tempo está diretamente ligada ao conceito acima apresentado. Uma máquina de maior potência gera um torque de grande magnitude e realiza em menor tempo o trabalho necessário para escavar uma estaca, quando comparada com uma máquina de menor potência que precisará de mais tempo para escavar esta mesma estaca. 2 TORQUE X CAPACIDADE DE CARGA Algumas metodologias empíricas sobre o controle de qualidade por meio do torque para verificação do desempenho de ancoragens helicoidais utilizadas em linhas de transmissão de energia podem ser encontradas. Estas ancoragens possuem técnica de instalação que se assemelha a de uma estaca hélice contínua. Segundo Perko et al. (2000), a capacidade de carga das estacas helicoidais à tração ou compressão pode ser determinada por três métodos: método da ruptura cilíndrica, método da capacidade de carga individual e torque de instalação, descritos em Tsuha (2007). Tsuha (2006, 2007), por meio dos resultados dos ensaios de modelagem física em centrífuga, verificou a relação teórica entre torque de instalação durante a cravação e a capacidade de carga a tração das estacas hélices cravadas em solos arenosos, o que sinaliza que pode existir uma relação entre o torque acumulado, a energia dissipada ou o trabalho realizado durante a escavação de uma estaca hélice e sua capacidade de carga. Araújo et al. (2009) procuraram compreender o comportamento e a interação entre o torque e o solo do Distrito Federal. Analisaram para isso, resultados de provas de carga estáticas e a suas relações com os torques obtidos durante as escavações das estacas, o NSPT e a capacidade de carga para solos de uma obra edificada na orla no lago Paranoá de 2 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. a outra com pressão de injeção próximo de zero, visando observar a influência da pressão de injeção na capacidade de carga. Importante salientar que Araújo et al. (2009) controlaram propositalmente a velocidade de avanço da hélice e a rotação, procurando manter estas duas importantes variáveis sob controle. Mantiveram a velocidade de avanço entre 150 m/h e 180 m/h e a rotação entre 6 e 8 r.p.m., minimizando o efeito do impulso (Figura 1). Procedimento de difícil implantação durante a execução de uma obra, mas que conduziu o experimento a resultados satisfatórios (Figuras 2 e 3). Figura 1. Impulso da força resultante, gráficos Young & Freedman (2008). Em uma máquina hélice contínua, o torque disponibilizado é dependente da potência dos motores mecânicos, da bomba hidráulica, das cilindradas dos motores hidráulicos, das relações entre o pião e a engrenagem do cabeçote, entre outros fatores. Costa et al. (2008) procuraram analisar a relação existente entre o torque e o número de golpes obtidos no SPT em cada tipo de camada do solo, utilizando a média da pressão de óleo (bar) obtida metro à metro como sendo proporcional ao torque. Entretanto, no caso analisado utilizou-se para a formação do banco de dados resultados obtidos por dois equipamentos com potências e características distintas. Consequentemente, neste caso, a pressão de óleo não é mais equivalente ao torque, pois para a mesma pressão obtinha-se torques diferentes em cada máquina, fato não percebido por Costa et al. (2008) e que certamente influenciou suas analises e conclusões. Araújo et al. (2009) executaram seis provas de carga em estacas com diâmetro de 40 cm, com o objetivo de verificar a relação entre o torque, a pressão de injeção e a capacidade de carga. Do total das seis estacas ensaiadas, três estacas foram executadas com profundidade de 9,00 m, cota de assentamento da obra e uma com 6,00 m, estacas executadas com as pressões médias de injeção de concreto adotadas na obra, ou seja, foram monitoradas e concretadas com pressão de injeção de concreto variando entre 0,3 e 1,0 bar, pressão comumente utilizada na região. As duas outras estacas foram executadas variando-se a pressão, uma com pressão média de injeção de 5,0 bar e Figura 2. Gráfico de três provas de carga, diâmetro de 40 cm e profundidade 9,00 m, concretadas com diferentes pressões de injeção executadas no bloco 3. Araújo et al. (2009) observaram em gráficos semelhantes aos da Figura 3, que a pressão de injeção exerce influência determinante na capacidade de carga das estacas. Perceberam que as estacas ensaiadas no bloco 3, tiveram importante ganho de capacidade de carga devido ao aumento da pressão de injeção, ou seja, quanto maior a pressão de injeção maior a capacidade de carga, corroborando com a tese que não só o processo executivo mais também a pressão de injeção pode influenciar na capacidade de carga das estacas hélices. A pressão de injeção pode influenciar o comportamento da estaca sob dois aspectos: aumentando o diâmetro efetivo da estaca, o que é comum em solos porosos colapsíveis e, gerando uma tensão confinante residual no solo. Enquanto o primeiro efeito reflete-se em uma alteração permanente da capacidade de carga ao aumentar o diâmetro efetivo da estaca (Azevedo 3 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. & Silveira, 2007), o segundo pode se perder com o tempo em consequência da dissipação das tensões residuais. Todas as analises de capacidade de carga das estacas feita por Araújo et al. (2009), foram realizadas por meio do torque acumulado, acreditava-se, naquele momento, que a grandeza a ser controlada era o torque, pois deveria estar diretamente relacionada com a capacidade de carga, o que de fato ocorre quando as condições de execução estiverem sendo controladas. Salienta-se também, que a aquisição automática do trabalho realizado durante a escavação de uma estaca, ainda não estava implantada no software de monitoramento da perfuratriz, dificultando a análise desta grandeza. As quatro provas de carga que estavam dentro dos procedimentos padrões utilizados na obra (prova 3-bloco 3, E326-bloco 3, E926 bloco 9, prova 4-bloco 9), pressão de injeção entre 0,3 e 1,0 bar, foram analisadas em termos de capacidade carga versus torque acumulado. Verifica-se na Figura 3, que os valores de carga última, obtidos nas provas de carga e correspondente à deformação equivalente a 10 % do diâmetro, são correlacionáveis com o torque acumulado, somatória do torque médio obtido metro a metro durante a execução da estaca, relação que apresentou correlação satisfatória. Observa-se que a linha de tendência tende a perder a linearidade a medida que aumenta a capacidade de carga da ponta, pois enquanto o torque cisalha o solo durante a execução da estaca, na prova de carga a mobilização da capacidade de carga na ponta não se dá de outra forma. A relação mostrado na Figura 3 deve ser ajustada por meio da adição de novos dados e regionalmente deve ser considerado as peculiaridades do maciço. 3 FATORES QUE INFLUENCIAM QUALIDADE DO ESTAQUEAMENTO NA O tipo de solo e o processo de execução da estaca também podem influenciar de forma positiva ou negativa na capacidade de carga da estaca, pois durante a cravação/escavação podem ser adotados procedimentos inadequados. Viggiani (1989) propôs uma velocidade crítica para o avanço da escavação, onde a velocidade não deve ser inferior a este limite (Equação 1). Abaixo desta velocidade, que é função das dimensões da hélice e de sua rotação, pode-se ter a descompressão do solo, mas tais limites nem sempre são observados. Também se deve evitar o excesso de paralisação durante a escavação com a hélice girando, operação conhecida na prática da engenharia de fundações como alívio. Este procedimento transporta o solo para a superfície reduzindo o nível de confinamento da hélice. (1) Onde: Vp = taxa de penetração; ωp = taxa de revolução da hélice, λ = passo da hélice; dN = diâmetro total da hélice, d0 = tubo interno da hélice. Outro fator que influência na eficiência da escavação, principalmente nos equipamentos de fabricação nacional, é a utilização de uma força descendente, pull-down, que se soma ao peso do trado helicoidal, aumentando a eficiência e capacidade em se escavar solos mais resistentes. Ressalta-se ainda, como já abordado a importância da pressão de injeção do concreto para a capacidade de carga da estaca. A escolha do equipamento está diretamente ligada ao bom desempenho das fundações, verifica-se que, em algumas obras, onde o equipamento está sub-dimensionado utiliza-se o artifício de retirada total da hélice para limpeza total ou parcial do trado, possibilitando assim a finalização da escavação, nestes casos, alerta-se que não mais se está executando uma estaca tipo hélice contínua e parte do atrito lateral pode ser perdido. Logo, fica evidente que a capacidade de carga esta ligada a diversos fatores e não apenas ao torque ou ao trabalho medido durante a escavação. Mas, para estacas hélices executadas dentro de condições técnicas recomendadas e controladas, o torque acumulado e principalmente o trabalho realizado durante a escavação de uma estaca, pode ser uma ferramenta útil para a Figura 3. Capacidade de carga última vs. torque acumulado 4 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. tomada de decisões durante e após a sua execução. 4 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO O estaqueamento estudado foi executado na área identificada pelo numeral 1, Figura 4, localiza-se em um setor de expansão imobiliária do Distrito Federal, SCGV, Lotes 25 e 26 na cidade satélite Guará-DF.Apresenta-se também a localização da área estudada por Araújo et al. (2009), identificado pelo numeral 2 e que localiza-se no SHT, lotes 5 e 6 na Orla do Lago Paranoá em Brasília, Figura 4. 2 Figura 5. Sondagem SPT representativa do local da prova de carga realizada na obra 1. 5 MONITORAMENTO DA EXECUÇÃO 1 No método executivo tradicional a profundidade de escavação é previamente fixada pelo projetista e geralmente não é alterada durante a execução. No entanto, em um perfil com geologia estrutural dobrada como é o caso frequente no Distrito Federal, tal prática pode conduzir a erros significativos, principalmente quando o solo não amostrado, solo entre furos de sondagem, apresenta-se na zona de depressão da dobra conduzindo a baixas resistências até a cota de assentamento prevista em projeto. O método ora proposto busca eliminar esse risco por meio do controle de cada estaca, durante o próprio processo de sua escavação. O equipamento utilizado no estudo foi um EM 60 de fabricação CZM Foundation Equipment, que efetua a transferência de torque para a hélice de perfuração por meio de um cabeçote de rotação posicionado ao pé da torre da perfuratriz, Botton Drive CFA. A posição do cabeçote possibilita a utilização de uma força axial descendente, pull down, para auxiliar a escavação em solos resistentes. Foi utilizado o sistema de monitoramento SACI da Geodigitus, que é constituído por um computador e vários sensores, descritos em Costa et al. (2008). O monitoramento permite a obtenção, por meio de sensores, dos seguintes dados: profundidade, tempo, inclinação da torre, velocidade de penetração do trado, Figura 4. Localização das obras. Verifica-se no perfil geotécnico, Figura 5, que a evolução intempérica e as características dos horizontes lateríticos são as mesmas observadas e caracterizadas por Martins (2000), formando geologicamente um perfil laterítico completo. Observa-se na Tabela 1, a variabilidade geotécnica em termos de resistência SPT. Variabilidade que obrigou a adoção de profundidades variáveis no projeto de fundações com o intuito de manter a mesma capacidade de carga para estacas com o mesmo diâmetro. Tabela 1. Variabilidade de resistências SPT da obra 1. 5 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. velocidade de rotação do trado, pressão do óleo, velocidade de retirada (extração) da hélice, volume de concreto lançado e pressão do concreto. Lembra-se que o sistema não informava diretamente o torque, sendo necessário converter a pressão de óleo (bar) medida no sistema em torque (N.m), para tanto é necessário conhecer a especificação dos motores hidráulicos, dos redutores e a relação entre o pião do redutor e da engrenagem do cabeçote. No caso, transformando a pressão obtida máxima do sistema em torque, verificouse que o maquinário utilizado pode produzir torque de até 66750 N.m. Partindo-se das hipóteses acima consideradas, monitorou-se o trabalho realizado durante a escavação das estacas, que é o produto escalar do vetor força pelo vetor deslocamento, ou seja, se o ponto de aplicação da força sofrer um deslocamento finito desde a posição “a”, cota inicial, até a posição “b”, cota final, segundo um determinado percurso, caminho percorrido “r”, o trabalho realizado pela força será aproximadamente: 6 ANALISES DO MONITORAMENTO E DO TRABALHO REALIZADO DURANTE A EXECUÇÃO DO ESTAQUEAMENTO onde, a integral (Equação 2) é uma integral curvilínea, pois o caminho do trado, neste caso, é o perímetro do trado multiplicado pelo número de voltas dado pelo helicóide durante a escavação da estaca. A aquisição automatizada dos dados, trabalho realizado durante a escavação de uma estaca, foi implementada no software de monitoramento, permitindo a rápida aquisição tratamento e análise dos dados. ∫ab = F.dr (2) onde, r=π.d d=diâmetro do trado O fato observado por Araújo (2008) quando comparou provas de cargas e torque acumulado em obras distintas produzido por diferentes conjuntos (operador/maquinário) que o fator tempo está diretamente ligado a potência do equipamento e influencia diretamente a medida do torque, motivou a procura por uma grandeza que não dependesse do impulso (Figura 1). Optou-se então pelo uso do trabalho realizado ou energia mecânica dissipada durante a escavação da estaca, pois esta depende apenas das forças aplicadas e do deslocamento da hélice. Observando-se a execução de uma estaca hélice, pode-se afirmar que ao final da escavação a energia total dissipada ou o trabalho total realizado é a somatória do trabalho realizado pelas forças aplicadas no helicóide (trado), com o trabalho realizado pela força descendente (pull down) e mais a energia potencial inicial do sistema em relação à cota final de escavação. O trabalho produzido pela energia potencial e pela força descendente, pull down, serão consideradas constantes, pois o primeiro depende apenas da cota final da estaca e o segundo produzido pela força descendente, depende basicamente do procedimento adotado em cada conjunto, operador/maquinário. Procedimento que será inicialmente considerado como rotina de execução adotada em cada obra, pelo menos até que se possa monitorar esta grandeza para verificar a sua influência na metodologia proposta, SCCAP. Figura 6. Prova de carga realizada sobre a estaca tipo Hélice Contínua E12-D. Para subsidiar as análises realizou-se uma prova de carga estática sobre a estaca E12-D, bloco D na obra 1, Figura 7, ensaiada de acordo com a NBR 13131 (ABNT, 1991). A estaca ensaiada apresentava diâmetro de 0,4 m e comprimento de 10,16 m, que devido ao sub-solo existe na obra, foi executada a partir da cota - 5,00 m, cota referenciada na sodagem da Figura 6. Admitindo que a carga última é correspondente ao recalque equivalente a 10% do diâmetro da estaca, 40 mm, obtêm-se 1050 kN para carga de ruptura da estaca E12-D (Figura 6). 6 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Tabela 3. Trabalho necessário para execução de 50 estacas de 40 cm no residencial Ilhas Maurício em MJ. São apresentados nas Tabelas 2 e 3, o trabalho necessário para executar dois conjuntos de estacas com diâmetro de 40 e 50 cm na obra 1. Neste empreendimento, entre as estacas de 50 cm, 75 estão com 13,00 m, 59 com 11,00 m e 9 com 10,00 m de comprimento e entre as estacas de 40 cm, 25 estão com 13,00 m, 13 com 11,00 m e 11 com 10,00 m de comprimento. O comprimento variável leva em conta os dobramentos geológicos encontrados e registrados nas sondagens, as estacas apesar de apresentarem profundidades distintas foram projetadas com capacidade de carga semelhantes. O conjunto de dados coletados foi submetido a testes estatísticos, por exemplo, o teste de normalidade proposto por Anderson & Darling que está detalhado em D’Hainait (1975). O teste avalia se a distribuição de freqüência de um conjunto de dados adere à Distribuição Normal e verifica o intervalo de confiança para a média e a mediana, Figuras 7 e 8. Analisando os resultados apresentados nas Figuras 7 e 8, verifica-se que foram sugeridos expurgos de apenas dois resultados do conjunto de dados, valores localizados na célula d11 e d12 da matriz de dados montada para as estacas de 50 cm, respectivamente 11.7 e 12.8 MJ, provavelmente resultados provocado por um dobramento, ou seja, solo resistente encontrado a menor profundidade. Após o expurgo dos dois resultados apresentam-se na Tabela 4 algumas medidas de tendência central, média e mediana, e o primeiro e o segundo momento das populações, desvio padrão e variância. Figura 7. Teste de normalidade Anderson & Darling para as 143 estacas de 50cm. Tabela 2. Trabalho necessário para execução de 133 estacas de 50cm do residencial Ilhas Maurício em MJ. 3,6 4,8 6,0 7,2 8,4 9 5 % C onfidence Inter vals Mean Median 5,00 5,25 5,50 5,75 6,00 6,25 6,50 Figura 8. Teste de normalidade Anderson & Darling para as 50 estacas de 40cm. 7 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Tabela 4. Características estatísticas das populações compostas pelas estacas de 40 e 50cm em MJ. executar uma estaca pode ser representado por um sistema provido de entradas e saídas. As entradas são representadas pelas variáveis de entrada ou parâmetros de processo (causas), por exemplo, a potência do equipamento, a operação, as características geotécnicas do local, entre outras e as de saída por características de qualidade (efeito) como a capacidade de carga. A qualidade e segurança que se deseja em um estaqueamento é que essencialmente cumpra os requisitos para os quais foi projetado, ou seja, tenha capacidade de carga adequada e apresente deformabilidade dentro dos limites pré-estabelecidos, sem grandes variabilidades. Neste contexto, existem dois aspectos importantes relacionados à qualidade do estaqueamento e do projeto, a qualidade da execução e a conformidade ou adequação do estaqueamento ou da estaca em relação aos valores de capacidade de carga e de recalques admissíveis especificados no projeto. Controlar o processo de execução do estaqueamento é acima de tudo controlar a qualidade deste. São de exemplos técnicas de controle de qualidade: a avaliação do desempenho real por meio de provas de carga; a comparação do desempenho real com as previsões; a adoção de rotinas que garantam que o desempenho de cada estaca seja próximo do esperado. As rotinas propostas pelo SCCAP introduzem no software de monitoramento da execução das estacas hélice contínua o conceito de controle de qualidade ao conferir ao processo de execução de um estaqueamento condições para que as estacas individualmente atinjam a capacidade de carga planejada. O conjunto de rotinas propostas pelo SCCAP foi introduzido no software que controla o sistema de monitoramento SACI da Geodigitus, visando garantir qualidade e condições para que as diretrizes de projeto sejam atendidas, destacando-se: • Indicação, em tempo real, durante a escavação das estacas da velocidade critica para o avanço da escavação (Viggiani, 1989), sendo que, abaixo desta velocidade que é função das dimensões da hélice e de sua rotação pode-se ter descompressão do solo; • A medição automática do torque e do trabalho realizado (dado) durante a Fica evidente que o trabalho realizado ou a energia mecânica dissipada para executar uma estaca pode ser monitorado por meio de software apropriado, como o proposto, e a utilização dos dados e principalmente as características estatísticas desta população, podem ser utilizadas para o controle de qualidade e ajuste do estaqueamento. A técnica proposta é a de autocontrole do estaqueamento, pois cada estaca ao ser realizada, ao mesmo tempo em que alimenta o banco de dados, é controlada pelo mesmo. 7 METODOLOGIA PROPOSTA PARA CONTROLE DE QUALIDADE DO ESTAQUEAMENTO, SCCAP A técnica de controle proposta que se fundamenta no monitoramento da execução do estaqueamento, na orientação e correção de procedimentos durante a execução de cada estaca, utiliza como base o banco de dados obtido durante o monitoramento das estacas e as suas características estatísticas. As rotinas proposta pela técnica, SCCAP, se baseiam, principalmente, na medida do trabalho realizado ao escavar uma estaca, através de rotinas incorporadas ao software de monitoramento das estacas hélices contínua. Parte-se da comprovação, Figuras 7 e 8, que o trabalho realizado em cada estaca do estaqueamento, executada por um determinado processo do conjunto máquina/operador, formam uma população, que quando agrupados enquadramse em uma distribuição normal, permitindo montar critérios de aceitação em função da média e do desvio padrão da população ou de uma amostra coletada desta população. O conceito de processo de execução pode ser considerado universal. Assim, seja para a fabricação de um automóvel, uma partida de xadrez e até mesmo para o processo de execução de uma estaca, o conceito pode ser estendido. Particularmente, o processo de 8 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. • • • • • da distribuição normal é que 68% de todas as suas observações caem dentro de um intervalo de 1 desvio padrão da média, figura 9. execução de cada estaca do estaqueamento (população); A alimentação do banco de dados da obra com os dados de torque e trabalho obtidos para cada estaca executada; O tratamento estatístico de uma amostra pré-estabelecida do sub-conjunto de dados da população, o estaqueamento, obtendo as medidas de tendência central e os momentos da amostra; A orientação da operação durante a escavação de cada estaca indicando quando a estaca deve ter sua cota de apoio aumentada. Estacas que não estejam atendendo as condições pré- estabelecidas, em termos de trabalho mínimo realizado e, portanto, de capacidade de carga; A sinalização da velocidade máxima de extração, garantindo que o volume de concreto, mais o super consumo que caracteriza cada tipo de solo seja suficiente para o preenchimento adequado das estacas. Indicar para o projetista, se a obra apresenta ou não, regiões onde provavelmente as características geotécnicas são diferentes, ou seja, fazem parte de populações diferentes com média e desvio padrão discrepantes. Figura 9. Curva de distribuição normal. Pode-se afirmar que a amostra coletada é composta por variáveis independentes, pois foram manipuladas, ou seja, escolheu-se o local a ser amostrado para que esta amostra tivesse determinado padrão em termos de capacidade de carga, enquanto que os demais dados são compostos por variáveis dependentes, pois suas medidas foram apenas registradas. De uma forma geral, a validação da amostra coletada no universo do estaqueamento, consiste em obter uma amostra que represente as condições gerais do projeto de fundação, portanto, é fundamental que a amostra represente o estaqueamento, prioritariamente, em termos de capacidade de carga. A confiabilidade da amostra é um conceito muito menos intuitivo, mas extremamente importante. Relaciona à "representatividade" do resultado encontrado na amostra com o de toda a população. Logo, conhecidas as características estatísticas da amostra, média e desvio padrão, pode-se determinar critérios de aceitação para o estaqueamento, critérios que devem ser determinados pelo projetista e dependem do grau de incerteza da execução e das características geotécnicas. Eles podem ser rigorosos ou não, por exemplo, a NBR 12.655 (ABNT, 1996) estabelece critérios de aceitação para os lotes de concreto dependendo do grau de controle do processo: preparo, controle e recebimento de concreto. Critérios de aceitação devem ser discutidos e propostos, a partir do uso do SCCAP em outras regiões, propiciando a formação de bancos de dados maiores e consistentes. No momento, o SCCAP incorporado no software de monitoramento, SACI da Geodigitus, trás em sua primeira versão, três critérios: Preferencialmente, deve-se coletar a amostra populacional, próximo a uma prova de carga, pois assim podem-se associar as propriedades estatísticas desta amostra com a capacidade de carga real de uma estaca. Quando não for possível esta associação, sugere-se que a amostragem seja feita em região com características geotécnicas conhecidas, por exemplo, privilegiando regiões onde as sondagens são confiáveis e que apresentem pouca variabilidade. Escolhida a região a ser amostrada e o seu tamanho, agrupa-se os dados por classe, ajustando-os a uma distribuição normalizada como a distribuição normal ou a de Student dependendo do seu tamanho. Consequentemente, pode-se calcular a sua média (µ), e o seu desvio padrão (σ), permitindo que critérios de confiabilidade e aceitação possam ser montados. A distribuição normal é definida por uma função que tem apenas dois parâmetros principais: média e desvio padrão. Uma propriedade característica 9 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. As medidas de tendência central, média e mediana, e o primeiro e o segundo momento das populações, desvio padrão e variância, são apresentados na Tabela 5. 1. Será aceita a estaca que ao atingir a profundidade mínima de projeto tenha realizado durante a escavação da estaca um trabalho necessário e medido (w) maior que a média (µ) dos trabalhos medidos da amostra (W≥µ); 2. Será aceita a estaca que ao atingir a profundidade mínima de projeto tenha realizado durante a escavação da estaca um trabalho necessário e medido (w) maior que a média (µ) mais o desvio padrão (σ) dos trabalhos medidos da amostra (W≥µ+σ); 3. Será aceita a estaca que ao atingir a profundidade mínima de projeto tenha realizado durante a escavação da estaca um trabalho necessário e medido (w) maior que a média (µ) mais duas vezes o desvio padrão (σ) dos trabalhos medidos da amostra (W≥µ+2.σ); Figura 10. Teste de normalidade Anderson & Darling na amostra com 10 estacas de 50cm. Tabela 5. Características estatísticas das amostras normalizadas coletadas no estaqueamento em MJ. O estaqueamento analisado foi executado sem adoção dos critérios acima propostos para permitir as analises estatísticas apresentadas, em especial à de normalidade. Para as análises foram aplicados os critérios 1 e 2 no banco de dados das Tabelas 2 e 3, onde se retirou uma amostra de cada população. Para a amostra das estacas com 40 cm de diâmetro utilizou-se os dados de trabalhos realizados, obtidos durante a escavação das estacas com 10,00m de profundidade, pois executou-se na obra uma prova de carga sobre uma estaca com essas característica, resultados que encontramse delimitados nas colunas “c” e “d” da Tabela 2. A amostra retirada para representar as estacas com 50 cm de diâmetro, foi obtida durante a execução das 10 primeiras estacas escavadas na obra, todas com 13,00 m de comprimento, dados que estão localizados entre as linhas 1 e 10 na coluna “a” da Tabela 1, foram escolhidas as 10 primeiras estacas pois a partir da metodologia proposta, SCCAP, espera-se que todas as estacas de um estaqueamento tipo hélice contínua sejam submetidas ao controle de qualidade. Nas duas amostras foi aplicado o teste de normalidade, Anderson & Darling, figura 10. Como resultado do teste foi necessário expurgar um dos dados coletados para a amostra com as estacas com 50 cm de diâmetro, (8,1 MJ) localizado na linha 4, coluna “a” da Tabela 2, reduzindo a amostra para 9 dados. Comparando o trabalho realizado (w) em cada estaca durante a sua escavação, Tabelas 2 e 3, com a média, µ, do trabalho necessário para executar as estacas da amostra, critério 1 (W≥µ), observa-se que, excluídas as estacas que fizeram parte da amostragem, 4 estacas com diâmetro de 40 cm e 14 com diâmetro de 50 cm realizaram trabalho acumulado menor que a média obtida nas amostras e seriam recusadas, ou seja, deveriam ser aprofundadas até superar a média obtida nas amostras. Utilizando o critério 2 mais rigoroso, onde só aceita-se a estaca se o trabalho realizado (w) for maior que a média (µ) mais o desvio padrão (σ) dos trabalhos realizado nas estacas da amostra (W≥µ+σ). Observa-se que excluídas as estacas que fizeram parte da amostragem, seriam recusadas 8 estacas com diâmetro de 40 cm e 32 com diâmetro de 50 cm. Como, os resultados apresentados nas Tabelas 2 e 3, foram ordenados na seqüencia cronológica de execução do estaqueamento e sabendo-se que o estaqueamento foi executado seqüencialmente até cobrir toda a área do empreendimento, pode-se verificar, por exemplo, na Tabela 3 que as estacas recusadas 10 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. pelos critérios 1 e 2 estão agrupadas, ou seja, são estacas vizinhas que provavelmente estão implantadas em regiões com NSPT médio menor que o esperado. As regiões recusadas pelo critério 2 estão circuladas na Tabela 3. Como o software de monitoramento das estacas hélices, disponibiliza os dados obtidos no campo instantaneamente para o executor e o projetista, por meio da transmissão de dados via rádio, aparelhos celulares, entre outros, foi possível montar uma rotina que permita ao projetista fazer analises e decidir, independentemente de sua presença na obra, se é necessário ajustar o projeto, podendo inclusive decidir por uma redução de comprimento, consequentemente gerando economia para o empreendimento. No caso, incorporou-se no software do escritório, software que trata os dados e produz as saídas gráficas, relatórios de execução das estacas, a análise de variância conhecida como ANOVA, descrita em Costa et al. (2008). Ao analisar a variância dentro das amostras e entre as amostras, pode-se verificar estatisticamente se há diferenças entre as amostras, ou seja, faz-se a verificação se as amostras apresentam características geotécnicas diferentes. Para a análise se compara a variância da amostra inicial com a variância das amostras de interesse do projetista, por exemplo, pode-se comparar a variância da amostra inicialmente coletada na Tabela 2 com a variância das amostras circuladas na Tabela 3, verificando se as amostras pertencem à mesma população. a qual a estaca deve ser perfurada para evitar desconfinamento e o monitoramento da concretagem, orientando a extração da hélice por meio da contabilização do concreto injetado e da pressão de injeção do concreto. Com a adoção da metodologia é possível monitorar e corrigir a profundidade de cada estaca do estaqueamento, nas obras onde a metodologia foi aplicada de forma experimental, verificou-se que existe relação entre o torque e a capacidade de carga quando as condições são controladas (rotação e velocidade) e que o trabalho realizado durante a escavação, grandeza que não sofre com a influência do impulso, também está diretamente relacionado com a capacidade de carga. Nas obras onde a metodologia foi aplicada de forma experimental, verificou-se que a técnica é simples e de fácil implantação. A partir de critérios de aceitação, montados considerandose a média e o desvio padrão de uma ou mais amostras oriundas do estaqueamento, pode-se realizar o controle automatizado e estatístico do estaqueamento durante a execução. A aplicação de conceitos físicos e características estatísticas na engenharia de fundações trouxeram segurança e confiabilidade para as obras monitoradas, superando problemas como o da variabilidade estratigráfica do solo e garantem que as condições de projeto, capacidade de carga e recalque, sejam atendidas individualmente por todas as estacas. As rotinas aqui apresentadas representam um avanço no controle tecnológico das estacas hélices e das fundações profundas, pois os conceitos apresentados podem ser aplicados a outros tipos de estacas. 8 CONCLUSÃO As rotinas de controle de qualidade propostas pela metodologia SCCAP, que se fundamentam no autocontrole da execução dos elementos de fundação a partir da medição automatizada do trabalho realizado ou da energia necessária para a escavação de cada estaca do estaqueamento e na aplicação de formulações que auxiliam a execução do estaqueamento, vem se mostrando de grande importância nas obras controladas com a técnica, garantido qualidade a todo o processo, da escavação à concretagem, mantendo principalmente os preceitos do projeto. Entre as rotinas destacam-se a orientação da perfuração, indicando a velocidade mínima com 8. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Sulamericana de Fundações Ltda. pela disponibilização dos dados aqui analisados. 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