Promovendo Saúde na Contemporaneidade:
desafios de pesquisa, ensino e extensão
Santa Maria, RS, 08 a 11 de junho de 2010
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EQUOTERAPIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
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BIAZUS, F. J. ; MAY, G. C. ; ROCHA, B. C. A ; PORTELA, M. K. ; SENNA, E. F.
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Trabalho desenvolvido no curso de Fisioterapia (UNIFRA), Santa Maria/RS.
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Docentes do Curso de Fisioterapia (UNIFRA)
3,4
Acadêmicos de Fisioterapia (UNIFRA)
E-mail: [email protected] ; [email protected]; [email protected];
RESUMO
A Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem
interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento
biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. Ela emprega o cavalo
como agente promotor de ganhos físicos, psicológicos e educacionais. Na equoterapia é essencial
uma equipe multidisciplinar para desenvolver o tratamento, seja para tratar problemas físicos ou
psicológicos. Ao procurar a Equoterapia é realizada uma avaliação do futuro praticante. A equipe,
constituída por médico, fisioterapeuta, psicóloga, instrutor de equitação, pedagoga e fonoaudióloga,
avalia caso a caso e é feito um programa de exercícios. Esta atividade exige a participação do corpo
inteiro contribuindo, assim, para o desenvolviemnto da força, tônus muscular, flexibilidade,
relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do
equilíbrio.
Palavras-chave: Equoterapia, Fisioterapia, Equipe.
1.INTRODUÇÃO
Na educação os benefícios da equoterapia são inúmeros, o mesmo ocorre com pessoas que
buscam na terapia a solução para problemas psicológicos ou sociais. O vínculo cavalo-cavaleiro,
estabelecido desde as primeiras sessões desenvolve a afetividade, há um ganho geral: a autoconfiança e auto-estima crescem e, em conseqüência melhoram outros aspectos como o senso de
limite e responsabilidade, o relacionamento interpessoal e casos de timidez, retração, hiperatividade.
doenças do humor e depressão, entre outras, apresentam sensível progresso.
1.1 Objetivo
O objetivo deste estudo foi demonstrar o trabalho de uma equipe multidisciplinar, o trabalho do
fisoterapeuta dentro desta equipe e conhecer a visão dos acadêmicos de Fisioterapia acerca deste
campo profissional durante a formação profissional.
2. REABILITAÇÃO
Os aspectos históricos são considerados importantes por apresentarem a saga desse binômio
cavaleiro-cavalo desde os tempos antes de Cristo e com diversas observações desse exemplar animal,
além de todas as outras ligações culturais com os homens desde a sua domesticação . Hipócrates de
Loo, (458-370 a . C ,já aconselhava os exercícios a cavalo como benéficos à saúde do homem. Mas
em Samuel Theodor de Quelmatz (1697-1758), de Lipsia, foi quem fez, pela primeira vez, um a
referência ao movimento tridimensional do dorso do cavalo e de seus movimentos multidirecionais. [2]
Em 1782, entre outros médicos, J.C. Tissot descreveu as contra-indicações da equitação e
também, analisou as formas dos movimentos típicas da equitação: ativa, passiva, ativo-passiva e
considerava a andadura ao passo do cavalo como a mais eficaz para a terapia desejada. [2]
Segundo Rasch,1989, a maneira como um cavalo anda é proveniente da combinação das
características de conformação (altura e peso), atitude, idade e adestramento anterior. E quando
aprende novas tarefas, como trabalhar em Equoterapia, específicos treinamentos do cavalo são
necessários para organizar as necessárias respostas para ele funcionar como um instrumento
terapêutico . [2]
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Santa Maria, RS, 08 a 11 de junho de 2010
O estudo por partes de movimentos conjugados entre cavaleiro e cavalo é essencial para que se
aplique a Equoterapia:
1. Guiar o cavalo por uma linha longa e reta é o objetivo inicial do tratamento. Isto provocará no
cavaleiro, movimentos de flexão e extensão. Isto facilita o controle de tronco e os movimentos da
pelve para frente e para trás ao acompanhar os movimentos do cavalo, com transições entre
impulsos fortes e fracos, alongando e encurtando o passo do cavalo. Para um muito bom controle de
flexão/extensão do cavaleiro, as transições entre o andar-parar-andar do cavalo são muito
empregadas.
2. Os movimentos no plano frontal auxiliam para as flexões laterais do cavaleiro. Serve para ele
alongar e encurtar a sua musculatura do tronco. As atividades de encurtar e alongar o passo do
cavalo servem para os deslocamentos do peso do cavaleiro montado. Ao guiar o cavalo em curva,
haverá um aumento nos movimentos de rotação da sua pelve. E segundo Citterio (1985) estes
movimentos do cavalo facilitarão as flexões laterais da pelve e do tronco do cavaleiro. Se o cavalo
andar em círculo, o cavaleiro inclinar-se-á para o lado externo da curva por causa do impulso da força
centrifuga aplicada nele. Ele experimenta um deslocamento do peso para fora da linha média, que o
faz alongar o tronco desse lado e contraí-lo do outro lado. O deslocamento do peso do cavaleiro
auxilia o cavalo a andar ao passo por facilitar-lhe os movimentos de trocas de patas. É o mesmo que
acontece com o cavaleiro ao andar a pé.
3. Curvas suaves podem ser combinadas com mudanças de direção do cavalo para incrementar a
alteração do peso do cavaleiro através da linha média (lombo do cavalo) e provocar flexões laterais
de um lado para outro. Quanto menor e mais fechada a curva provocará mais movimentos do
cavaleiro, porque o componente rotacional do movimento do cavalo torna-se-á maior. Os movimentos
rotacionais na pelve e no tronco do cavaleiro podem ser incrementados com os movimentos laterais
do cavalo. O cavalo movimenta-se para a frente com distintos movimentos em diagonal (à direita e à
esquerda) ao andar ao passo principalmente e as suas flexões laterais são percebidas como
rotacionais pelo cavaleiro, porque a anca do cavalo e os quadris do cavaleiro formam um ângulo de
9O º graus entre essas estruturas.
4. O cavalo deve ser conduzido ora com passos largos, ora com passos curtos, e com alterações de
velocidade, porque isso proporcionará ao cavaleiro, necessidades de controle de tronco e equilíbrio
na direção anterior e posterior. Em todos estes movimentos durante a sessão de Equoterapia, o
cavaleiro é ativamente, estimulado e reage com retificações posturais automáticas (inconscientes) e
sem relações corticais cerebrais, segundo Citterio,1985. O cavaleiro, apesar de ter uma participação
nessas atividades de forma inconsciente, nada impede que o instrutor reforce informações e
solicitações para correções volitivas ou cognitivas sobre como montar bem. Schimidt,1988, afirma que
o cavaleiro passa a prever, a antecipar e a seguir mecanismos de ajustes posturais a cavalo.
5. Assim, a chave para se entender os efeitos dos três componentes dos movimentos do cavalo ao
passo é necessário compreender-se o valor deles sobre o cavaleiro:
1º) As aceleração / desaceleração dos movimentos do cavalo influenciam inclinações anteriores e
posteriores da pelve e do tronco do cavaleiro. Quando o cavalo realiza a fase acelerada do
movimento do passo (levantando e movendo membro posterior para a frente), a pelve e o tronco do
cavaleiro se deslocam, inclinando-se para trás e quando o cavalo firma o membro posterior no solo
na fase de desaceleração, o cavaleiro inclina a pelve e o tronco para a frente.
2º) No momento em que o cavalo realiza um movimento de rotação da anca ao trocar os membros
posteriores, o cavaleiro realiza um movimento de flexão lateral da pelve.
3°) O terceiro movimento componente do passo ocorre quando o cavalo realiza a fase de elevação e
deslocamento para a frente do membro posterior, o que provoca uma flexão do seu tronco. Este
movimento produz rotação do tronco e da pelve do cavaleiro. [4,6]
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Estes movimentos do cavalo produzem no tronco e pelve do cavaleiro: rotação anterior da
pelve, deslocamento para frente e flexão lateral, quando os membros do cavalo agem diretramente
sobre ele ao se deslocarem. Até hoje, nenhum aparelho foi inventado ou contruído para replicar, com
perfeição, os movimentos tridimensionais e multidirecionais do cavalo sobre o cavaleiro.
Outra idéia importante em Equoterapia, é entender que uma pessoa montada num cavalo não
é um simples passageiro. Ela deve guiar o cavalo e fazê-lo andar em variadas direções e
velocidades, pois os movimentos rítmicos do cavalo e suas influências são considerados os principais
fatores da Equoterapia. [5]
Para realizar o tratamento através da Equoterapia, se faz necessário uma avaliação cinético
funcional, pelo fisioterapeuta, para se estabelecer em que condições psicomotoras o indivíduo
encontra-se e de que forma melhor proceder a interação cavalo-cavaleiro. Ao realizar a avaliação,
analisa-se a locomoção atual, reflexos primitivos, reações posturais, quadro motor (tônus muscular).
[5]
3. METODOLOGIA
Esta pesquisa constituiu-se em uma visita a Estância Minuano, para acompanhamento e
conhecimento do tratamento através da Equoterapia.
Foram acompanhados dois procedimentos:
O primeiro foi a sessão de tratamento de um menino de 6 anos, há dois realizando
equoterapia, portador de Autismo, com duração de 40 minutos e o trabalho de interação da equipe.
O segundo de uma avaliação pela fisioterapeuta em um menino de 2 anos, portador de
Síndrome de Down, que irá começar o tratamento.
Foi realizado também uma entrevista com a fisioterapeuta responsável pela Estância, e o
acompanhamento do trabalho multiprofissional.
4. RESULTADOS
Atualmente, a procura pela equoterapia tem se tornado muito grande devido aos bons
resultados e a divulgação através dos meios de reportagem.
Um estimulante passeio a cavalo no picadeiro ou ao ar livre tem sido uma fórmula de sucesso
para profissionais da saúde e da educação. Entre eles, o fisioterapeuta se destaca. Na equoterapia,
em que o cavalo é utilizado como mediador e motivador, o profissional encontra um forte aliado no
tratamento de seus pacientes.
A fisioterapia tem como principal função cuidar de lesões musculares, ósseas e sequelas
neurológicas, visando recuperar movimentos e funções do organismo.
Os fisioterapeutas estudam técnicas e métodos avançados, como o RPG (reeducação
postural global), pilates, hidroterapia e eletroterapia para aumentar a qualidade de vida. O cavalo,
dizem especialistas, além da parte lúdica, oferece um movimento tridimensional (para todos os lados),
que obriga o cavaleiro a realizar deslocamentos que ajudam no equilíbrio.
5. CONCLUSÃO
Através desta visita e o acompanhamento, foi ampliado o nosso conhecimento sobre esta
terapêutica, bem como o estímulo a procura de artigos e material bibliográfico para melhor
entendermos o funcionamento da técnica, o papel do profissional fisioterapeuta dentro deste
contexto.
Tivemos a oportunidade de observar um profissional fisioterapeuta atuando, interagindo com
o paciente, o cavalo e a equipe multiprofissional. Qual foi a sua postura, perante os familiares, como
reagiu a cada estímulo ofertado e como o paciente, no caso as duas crianças reagiram a este
estímulo. Como este profissional atua num campo fora a tradicional clínica.
Após este acompanhamento chegamos a conclusão de que estamos no caminho certo, que
escolhemos um curso que tem milhares de oportunidades e formas de tratamento e que ficou nítido o
bem estar, a motivação, a alegria de cada paciente e de cada integrante da equipe.
São tais experiências que fazem da fisioterapia, sob nosso ponto de vista, um caminho de
vida saudável, superação de expectativas e elevadíssima auto-estima, não só para quem a recebe,
mas também para o fisioterapeuta em si.
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REFERÊNCIAS
1. ANDE-BRASIL. Disponível em: http://www.equoterapia.org.br/equoterapia.html.
2. CIRILLO, Lelio de Castro; HORNE, Ary R. Carracho. Histórico da Equoterapia no Mundo.
Brasília, 2008.
2. CIRILLO, Lelio de Castro. O profissional de equitação na equoterapia. Brasília,
2008.
4. MEDEIROS, M.; DIAS E: Equoterapia; Bases e fundamentos, Rio de Janeiro,
Revinter, 2002.
5. ROCHA, Carlos Roberto Franck da Rocha. Fisioterapia aplicada à equoterapia.
Brasília, 2008.
6. WICKERT, Hugo. O cavalo como instrumento cinesioterapêutico. Brasília, 2008.
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