Figueiró dos Vinhos Sra. Presidente Srs Deputados Eis-nos aqui, hoje, para analisar e aprovar a Carta Educativa do Município de Figueiró dos Vinhos. No seguimento de um trabalho desenvolvido durante meses, pela Empresa Geoatributo foi apresentada, ao Conselho Municipal de Educação uma proposta de Carta Educativa para o Concelho de Figueiró dos Vinhos. É importante referir que integram o Conselho Municipal de Educação 21 pessoas representantes de diversas entidades. A titulo de exemplo referimos o presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária, A Presidente da Assembleia Municipal, A Presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas, O Coordenador Educativo de Leiria, Associação de Estudantes da Escola Secundária, A Associação de Pais e Encarregados de Educação entre outras entidades ligadas aos serviços públicos, da saúde ao ensino, da juventude à segurança do emprego à solidariedade social. A este propósito é de realçar que embora não previsto na legislação a C. M. entendeu e bem alargar o C. M. E. a todos os presidentes de Junta do Concelho permitindo assim que estes autarcas, conhecedores profundos das realidades e do sentir das suas gentes, pudessem, também eles, participar activamente em todo este processo. Após quatro reuniões de discussão, aprofundamento e melhoria do documento foi este aprovado, por unanimidade, pelo Conselho Municipal de Educação que o remeteu à Câmara Municipal que por sua vez o aprovou em reunião de 8 de Agosto de 2007. Custeada em partes iguais pela Câmara Municipal e pelo Ministério da Educação a Carta Educativa será, agora, analisada pela Assembleia Municipal e, após aprovação por parte deste Órgão, será remetida para a Direcção Regional de Educação do Centro para homologação. Embora atrasada, lembro que a legislação da carta educativa e de Janeiro de 2003 e que ela só agora surge nesta assembleia em Setembro de 2007. Figueiró dos Vinhos Surge assim a Carta Educativa do Município de Figueiró dos Vinhos, numa iniciativa liderada pelo actual executivo e amplamente participada pelas entidades parceiras, que atrás referimos e que constituem o Conselho Municipal de Educação. Sra. Presidente Srs Deputados Conforme refere o Decreto-Lei nº 7/2003 no seu artº 10º A carta educativa é, a nível municipal, o instrumento de planeamento e ordenamento prospectivo de edifícios e equipamentos educativos a localizar no concelho, de acordo com as ofertas de educação e formação que seja necessário satisfazer. E mais adiante o artigo 11º no ponto 1 define como seu objectivo Assegurar a adequação da rede de estabelecimentos de educação pré-escolar e de ensino básico e secundário, por forma que, em cada momento, as ofertas educativas disponíveis a nível municipal respondam à procura efectiva que ao mesmo nível se manifestar. Esta é a letra da Lei. Estou em crer que a Carta Educativa deve ser um documento de exigência na satisfação plena das necessidades da população. Que esta não deve ser um documento estático e inibidor mas antes um documento dinâmico e flexível que responda às exigências de médio e longo prazo da comunidade educativa e de desenvolvimento do Concelho e da região. Dizer isto é afirmar que entendo que a Carta Educativa é não só um documento técnico mas, também, um documento, politico. Que esta deverá reflectir, não só o cumprimento dos grandes objectivos da Lei de Bases do Sistema Educativo e dos normativos daí emanados mas, também, as opções políticas e os compromissos de desenvolvimento que os Figueiroenses sufragaram em eleições. Sra. Presidente Srs Deputados Figueiró dos Vinhos A Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, homologou no passado dia 27 de Março, no Auditório Municipal de Portel e no Governo Civil de Faro, 53 Cartas Educativas. Nas intervenções que proferiu na altura, a Ministra defendeu o paradigma da concentração do parque escolar em centros educativos, dos quais disse serem a base da criação de massa crítica e viabilização de investimentos que a dispersão não permite. É esta a politica e a directriz do Governo: fechar e concentrar invocando a necessidade de rentabilizar e optimizar investimentos em nome do que afirma ser melhor para o sucesso escolar e socialização das crianças. São estas as propostas de reordenamento da rede escolar, que decorrem dos princípios normativos publicados no documento “Critérios de Reordenamento da Rede Educativa” (Ministério da Educação). Sra. Presidente Srs Deputados Sei que esta Carta Educativa foi amplamente discutida no seio do Conselho Municipal de Educação. Como disse atrás reuniu 4 vezes só para tratar da Carta Educativa. Lembro que a última vez que o Conselho Municipal de Educação reunido foi em 2003. Lembro, ainda, que a legislação prevê que reúna ordinariamente no início do ano lectivo e no final de cada período escolar e extraordinariamente, sempre que convocados pelo seu presidente. Sei, por ouro lado, que esta Carta Educativa contou com o saber, o contributo e o conhecimento profundo que os Srs. Presidentes de Junta têm das suas freguesias e do sentir das suas gentes. Sei da sensibilidade que a Associação de Pais e Encarregados de Educação tem por todas as questões relacionadas com os seus educandos. Reconheço até, o saber de muitas pessoas interessadas, conhecedoras e representativas de instituições e poderes públicos Mas Sra. Presidente e Srs Deputados Figueiró dos Vinhos Tive a oportunidade, como todos nós, de ler o documento que me foi enviado para aprovação. Não querendo ser exaustivo na apreciação direi que não perderei tempo com análises do passado, nem me deterei com preciosismos de metros quadrados. Não perderei, portanto, tempo com o acessório. Vamos então ao essencial: 1. Concordo globalmente com a caracterização e diagnóstico efectuado. Aí nada de novo. Confirma tudo o que já se sabia e que não é só de agora. Diminuição da população, Baixa taxa de natalidade, Aumento dos Índices de Envelhecimento e Juventude, etc. etc. 2. Aceito globalmente muitas das propostas apresentadas: como a melhoria do parque educativo e as intervenções com vista à melhoria de equipamentos e edifícios. 3. Há, no entanto, algumas conclusões e projecções que não aceito como inevitáveis. Não aceito nem devemos aceitar como uma inevitabilidade os dados referenciados no ponto 5.1 PROJECÇÕES DA POPULAÇÃO MUNICIPAL que apontam para um contínuo decréscimo populacional até 2050 com a consequente perda de um quarto da população. Aceitar isto é fracassar nos nossos propósitos de um Figueiró melhor e mais desenvolvido. É um facto que a população tem diminuído nos últimos anos. E é sabido que número de alunos no concelho de Figueiró dos Vinhos tem vindo a decrescer em todos os níveis de ensino: Pré- Escolar, Ensino Básico e Ensino Secundário. Mas também é sabido que os autarcas, nós ou outros são eleitos, também, para inverter este estado de coisas. Aqui não podemos falhar. Figueiró dos Vinhos Devemos ser empreendedores, e ter capacidade de iniciativa. Precisamos de ousar e ter visão estratégica. È preciso que encontremos caminhos alternativos que invertam esta tendência. 4. Uma outra conclusão / proposta a que, também, não nos devemos resignar tem a ver com o encerramento de escolas. Para o Ministério da Educação esta medida vai melhorar as condições de aprendizagem dos alunos, permitir-lhes o contacto com um maior número de crianças, o que facilitará o seu processo de socialização. O que é o mesmo que dizer que escolas com um reduzido número de alunos não favorecem o desenvolvimento social e intelectual da criança. Não discutirei o mérito deste pensamento o que sei Sra Presidente e Srs Deputados é que A presença de crianças nas aldeias é um factor de reanimação das comunidades. Fechar escolas com menos de 20 alunos em pequenas povoações do interior é dizer a essas populações para partirem de vez e desistirem de ter esperança num futuro melhor. O que também sei é que não devemos entender isto como uma inevitabilidade. Também aqui precisamos de ter imaginação e iniciativa na procura de políticas inovadoras, criando incentivos e medidas concretas que promovam o aumento da taxa da natalidade e a fixação da população nas freguesias e no concelho. Qualquer opção noutro sentido deverá envolver as comunidades locais, ser muito bem explicada e sustentada. 5. Quero aqui lembrar que na sessão de 23 de Fevereiro de 2006, em texto escrito, referi-me ao protagonismo que Figueiró dos Vinhos deve ter no Norte do Distrito. Disse na altura que é imperativo defender a liderança e a centralidade de Figueiró dos Vinhos e para conseguir esse desiderato teremos de saber delinear e implementar uma estratégia imaginativa e eficaz de afirmação regional. Sra Presidente e Srs Deputados Figueiró dos Vinhos Apesar de estarmos já habituados ao estilo das afirmações de alguns Srs. Deputados da bancada da oposição, que consideraram, na altura, as afirmações demagógicas, contudo o hábito não nos leva a concordar com o teor das mesmas e reafirmamo-las aqui. Isto para dizer que não encontro neste documento qualquer proposta ou conclusão que conjugue e potencie a nossa centralidade com a vontade e o crer de uma região e de uma população que entende Figueiró dos Vinhos como um todo e não como uma realidade isolada e em que os nossos interesses devem complementar e ser complementados pelos interesses dos Municípios vizinhos. 6. Não encontro no documento uma estratégia concreta, ambiciosa e inovadora integrada na tal politica de liderança e centralidade que devemos ambicionar e ligada à acção do Pólo de Formação recentemente. Sra Presidente e Srs Deputados É nos pedido hoje que esta Assembleia aprove a Carta Educativa do Município de Figueiró dos Vinhos. A este respeito diria que foram cumpridos os requisitos mínimos: obteve o parecer favorável e unânime do Conselho Municipal de Educação e a aprovação do Executivo Municipal. A Lei assim o exigia assim se fez. Fica, no entanto para mim, a dúvida se um documento desta natureza, considerado estratégico e fundamental para o Concelho e parte integrante e obrigatória do PDM, se a sua discussão não deveria ter sido mais alargada, nomeadamente em discussão pública com a participação da população que, através de um processo de democracia participativa, teria a oportunidade de exercer o seu dever cívico. Gostaria de pensar que esta Carta Educativa resultara da conjugação de opções técnicas e de assumidas politicas de desenvolvimento local e regional e não da inevitabilidade de ter de ser forçosamente elaborada por força da lei. Sra Presidente e Srs Deputados Figueiró dos Vinhos Acredito que o desenvolvimento de Figueiró passa pelos Figueiroenses. Pela sua capacidade de acompanhar o mundo, de ver mais além e de procurar soluções inovadoras. Acredito na capacidade desta maioria para lutar e inverter muitas das projecções negativas que constam deste documento. Acredito que corresponderemos com o esforço e a humildade de uma equipa que antes de mais acredita neste projecto de desenvolvimento e com o qual se identifica por inteiro. Projecto que carrega consigo uma enorme vontade de vencer e de cujo património faz já parte a afectividade de muitos de nós. Por tudo isto acredito que a revisão desta carta será mais tarde ou mais cedo, isso sim, uma inevitabilidade. A terminar Sra Presidente e Srs Deputados quero relembrar que assumimos, desde sempre, que a juventude é o nosso maior património que a devemos apoiar com todo o investimento que sejamos capazes de conseguir. Como alguém disse “ se acham a educação cara, experimentem o custo da ignorância”. Obrigado. 07.09.2007 José Manuel Fidalgo de Abreu Avelar