Resumo do Projeto Reciclagem Solidária A organização de grupos sociais de baixa renda em cooperativas ou associações de catadores é uma alternativa, nos centros urbanos, ao desemprego e às dificuldades de inserção no mercado formal de trabalho, ao mesmo tempo em que representa uma estratégia de combate à catação indevida realizada nos lixões e permite o resgate da dignidade dos indivíduos envolvidos. A estruturação institucional dos catadores viabiliza ainda a coleta seletiva e apresenta como vantagens: relativa proximidade das residências e a coleta de quantidades de recicláveis inferiores àquelas exigidas pelos sucateiros tradicionais e empresas recicladoras. Estima-se que hoje, no Brasil, existam mais de 2.500 cooperativas. Segundo dados do CEMPRE (Compromisso Empresarial para a Reciclagem), aproximadamente 800.000 brasileiros encontram na catação de resíduos recicláveis sua principal fonte de renda. A atividade de coleta, separação e venda de materiais recicláveis, embora em expansão, ainda enfrenta dificuldades de estruturação. As cooperativas necessitam incrementar sua infraestrutura para trabalhar com quantidades significativas de materiais. O Programa Reciclagem Solidária foi lançado em 2002, envolvendo 12 cooperativas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a partir de uma parceria entre a organização não-governamental Ecomarapendi e a empresa AmBev. Seus objetivos principais têm natureza social e ambiental, sendo eles, respectivamente: Valorizar o trabalho do catador no processo de gestão de resíduos sólidos urbanos, incentivar o aumento de renda dos grupos envolvidos, bem como sua qualidade de vida; e aumentar o volume de materiais recicláveis coletados minimizando os problemas ambientais provenientes do impacto do lixo no meio ambiente. As principais ações tomadas com intuito de aumentar o volume de material coletado e incrementar seu valor de venda foram: Equipar as cooperativas com prensas, balanças, carrinhos de carga para a otimização de suas atividades; Doar e incentivar a utilização de EPIs (equipamento de proteção individual) pelos cooperados; Evidenciar aos grupos envolvidos o seu papel no gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos; Incentivar a participação das comunidades próximas às cooperativas nos processos de separação de resíduos recicláveis; oferecer materiais de capacitação, cursos e workshops com temas diversos para auxiliar na gestão do negócio. O Programa obteve, ainda no ano de lançamento, resultados extremamente positivos. Em 07 meses, a quantidade de garrafas PET (Polietileno Tereftalato) coletadas pelas cooperativas cresceu 153%, o preço do PET teve incremento de 15%, e a rentabilidade geral dos grupos contemplados aumentou 378,6%. Os bons resultados do Projeto estimularam sua expansão para outros estados como Mato Grosso, Amazonas, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Ceará, Pernambuco, Paraná, além de 16 novos grupos no Rio de Janeiro. No ano de 2007, foram realizados novos investimentos no Programa não só na Região Metropolitana do RJ (02 caminhões para transporte de recicláveis, EPIs, uniformes, capacitação em associativismo, saúde, segurança, gestão de negócios, etc.), como também nos outros estados (prensas, EPIs e uniformes), visando a melhora progressiva das condições estruturais dos grupos. Atualmente, são 11 as cooperativas apoiadas pelo Projeto na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e 04 grupos em outros estados (Amazonas, Ceará, Paraná e Pernambuco), atingindo diretamente cerca de 800 pessoas (cooperados e seus familiares) e em torno de 500.000 pessoas indiretamente (população das comunidades do entorno). O processo de avaliação do Projeto Reciclagem Solidária é realizado através de monitoramento constante do desempenho produtivo dos grupos participantes, bem como do nível de melhoria em suas condições de trabalho. Desta forma, são realizadas visitas mensais às sedes das instituições, a fim de obter informações sobre o funcionamento da cooperativa após a implantação do Projeto. Nestas visitas são coletadas informações para medição de indicadores, tais como: produção mensal, perfil de cooperados, faltas e acidentes, resultado operacional, etc., para que possamos elaborar diagnóstico qualitativo e quantitativo das atividades a partir do qual são planejadas as ações futuras. Notam-se como resultados diretos do Projeto, o crescimento da capacidade de gestão e organização dos grupos envolvidos, bem como o aumento de sua produtividade, fatores que incorrem no incremento da renda média e na melhora da qualidade de vida dos cooperados. No que tange ao incentivo à atividade de reciclagem, o aumento da coleta de materiais também figura como resultado direto da iniciativa, tendo sido coletados, no ano de 2009, mais de 804.000kg de recicláveis. Como próximo passo, além do contínuo investimento em estruturação dos grupos, planeja-se focar em desenvolvimento de programas de educação básica e capacitação para o trabalho, voltados ao crescimento pessoal e profissional dos indivíduos envolvidos. Neste sentido, o Projeto busca por novas adesões e parcerias, visando cooperar para a consecução da efetiva sustentabilidade das cooperativas participantes. Outra importante perspectiva futura do Projeto Reciclagem Solidária é sua expansão para outros grupos oficializados no Rio de Janeiro e também para diferentes estados do País. Referências Bibliográficas: CEMPRE - Compromisso Empresarial para a Reciclagem. Gestão Sustentável do Lixo Urbano (vídeo). Rio de Janeiro, 2008. EIGENHEER, Emílio. Coleta Seletiva de Lixo: Experiências Brasileiras (vol. I). ISER: Rio de Janeiro, 1993. EIGENHEER, Emílio. Coleta Seletiva de Lixo: Experiências Brasileiras (vol. II). CIRS: Rio de Janeiro, 1998. EIGENHEER, Emílio. Coleta Seletiva de Lixo: Experiências Brasileiras (vol. III). CIRS: Rio de Janeiro, 1999. EIGENHEER, Emílio. Coleta Seletiva de Lixo: Experiências Brasileiras (vol. III). CIRS: Rio de Janeiro, 2003.