2012 QUALIDADE ESPERMÁTICA: UM ESTUDO INTEGRADO EM 66 Fernando Lopes QUALIDADE ESPERMÁTICA: UM ESTUDO INTEGRADO EM 66 AMOSTRAS HUMANAS AMOSTRAS HUMANAS Dissertação de Mestrado 2º Ciclo em Biotecnologia para as Ciências da Saúde Fernando Manuel Carvalho Lopes UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO VILA REAL, 2012 QUALIDADE ESPERMÁTICA: UM ESTUDO INTEGRADO EM 66 AMOSTRAS HUMANAS (versão provisória) Dissertação apresentada à Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Biotecnologia para as Ciências da Saúde, realizada sob a orientação científica da Professora Doutora Isabel Gaivão e da Doutora Rosário Pinto Leite. Fernando Manuel Carvalho Lopes UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO VILA REAL, 2012 Júri de Apreciação Presidente: ................................................................................................................................................... 1º Vogal: ....................................................................................................................................................... 2º Vogal: ....................................................................................................................................................... Classificação: ............................................................... Data: .................................................................................... Aos meus Pais Ao meu irmão Ao meu sobrinho À Daniela. iv AGRADECIMENTOS Ao longo desta minha aventura muitas foram as pessoas que directa ou indirectamente, de forma abnegada e sincera, me apoiaram. A elas o meu profundo reconhecimento e agradecimento: À Professora Doutora Isabel Gaivão, orientadora de tese de Mestrado, pela sua excelente orientação marcada pela paciência, empenho e imensa disponibilidade, pela sua competência científica, técnica e humana. À Doutora Rosário Pinto Leite, co-orientadora da tese de Mestrado, pela sua competência e excelência em tudo o que faz. Por ter permitido que eu crescesse científica e tecnicamente ao meu ritmo sabendo que a exigência é o sustento do bom trabalho. À Professora Doutora Maria Manuel Oliveira e ao Professor Doutor Francisco Peixoto que me acolheram sem reservas, possibilitando assim a realização deste trabalho. Foram um exemplo a todos os níveis. Um sincero muito obrigado. Ao Pedro, Drª Marta e Regina que para além de exemplos de profissionalismo, dedicação e altruísmo tornaram-se verdadeiros amigos. Que conseguiram fazer com que fosse fácil aprender e estar motivado para trabalhar todos os dias. À D. Rosa e D. Lurdes, do Laboratório de Citogenética do CHTMAD, pela amizade, disponibilidade, simpatia e colaboração. Ao Marco e Jaqueline companheiros de “luta” que partilharam comigo as pequenas derrotas e vitórias do dia-a-dia, a humildade, o compromisso, a vontade de aprender e a boa disposição. Ao Félix, Joana, Marisa, Vera, Kelly e Beatriz pela ajuda e boa disposição com que me receberam. Ao pessoal do rugby. Aos meus pais, Fernando Lopes e Maria Carvalho, que em todos os momentos, onde quer que estivesse, me apoiam incondicionalmente, que me fazem sentir a importância das pequenas coisas, e que possibilitam toda a minha vivência académica. v A toda a minha família com especial relevo para a minha Madrinha e o meu tio Carlos por estarem ao meu lado sempre que preciso, pela amizade e carinho. Ao meu irmão, Bruno, e à minha cunhada Gia, pela paciência e carinho, pelo estímulo e pela presença constante e efectiva na minha caminhada. Ao meu sobrinho Bruno, e ao Samuel, Carlota e Tomás, pela alegria e amor, e por me mostrarem as coisas boas da vida, tornando-me todos os dias uma pessoa melhor. À D. Amélia, Sr. Porfírio, Porfírio, Joana, Bela e Sónia pela ajuda, amizade e apoio. Ao Nuno por ser muito mais do que amigo e primo, por ser um exemplo e um complemento. Aos meus amigos Quintas, Maria, Isa, Sara, Carlos, Ana Raquel, Bibi, Ricardo, Zé Carlos, Duro, Rui, Nuno Machado, Sandra, Irene, Davide, Luís, Sérgio, Nuno, Tiago, e Jorge pela partilha, dedicação, amizade, apoio, alegria e companheirismo. À Daniela que atura o meu mau feitio e mesmo assim é capaz, todos os dias, de me abraçar e só ver as coisas boas. Por tudo o que é hoje, foi ontem e há-de ser amanhã. Por me apoiar incondicionalmente seja qual for o meu passo e acreditar em mim mais do que eu próprio. Obrigado por me apoiares nos momentos de descrença e alegria, por me ouvires e aconselhares, por seres calma na tempestade e agitação na calmaria. vi RESUMO Infertilidade é a falha na concepção após 2 anos de relações sexuais sem a utilização de qualquer método contraceptivo. Estima-se que aproximadamente 15% dos casais, em idade fértil, à procura da primeira gravidez, enfrentem esta situação. Aproximadamente 1 em cada 15 homens têm problemas de fertilidade, a infertilidade masculina pode ter inúmeras causas como alterações anatómicas, hormonais, genéticas, imunológicas, infecções ou estilo de vida e exposição a factores ambientais. Dependendo da concentração, localização e tempo de exposição, as espécies reactivas a oxigénio (ROS) podem ter efeitos benéficos ou prejudiciais sobre os espermatozóides. Níveis baixos de ROS são essenciais para a fertilização, reacção acrossómica, hiperativação, motilidade e capacitação. Níveis elevados podem levar a apoptose, peroxidação lipídica, dano no DNA e dano nas proteínas. Neste trabalho foram analisadas 66 amostras de sémen por espermograma e para cada indivíduo realizada análise citogenética convencional. Destas foram escolhidas 25 amostras para detecção de aneuploidias espermáticas dos cromossomas sexuais. Foram avaliadas 48 amostras quanto à actividade da catalase (CAT) e glutationa S-transferase (GST) e 51 amostras foram avaliadas quanto à actividade da superóxido dismutase (SOD). Determinaram-se as concentrações de malonildialdeído (MDA) (n= 31), hidroperóxidos (n= 35) e tióis totais (n= 36) em amostras previamente seleccionadas. O dano no DNA foi determinado pela técnica de TUNEL em 53 amostras e pelo ensaio de Cometa com e sem incubação com a enzima FPG em 49 amostras. Encontraram-se associações entre os parâmetros da qualidade espermática, e os resultados da concentração de MDA, hidroperóxidos e tióis totais, a actividade das enzimas antioxidantes (SOD, CAT e GST) e o dano no DNA proveniente dos ensaios de TUNEL e Cometa. Em conclusão, o estudo do stresse oxidativo nos espermatozóides é extremamente importante para se perceber a etiologia da infertilidade masculina idiopática. Palavras chave: Stresse oxidativo, peroxidação lipídica, enzimas antioxidantes, dano no DNA, espermograma, citogenética. vii ABSTRACT Infertility is a failure to conceive after at least one year of unprotected intercourse. It has been estimated that approximately 15% of the population in industrially developed countries are affected. Approximately 1 in 15 men have fertility problems. Male infertility can have many causes such as anatomic changes, hormonal changes, immune alterations, infections, genetic or lifestyle and exposure to environmental factors. Depending on the concentration, location and time of exposure, reactive oxygen species (ROS) can have beneficial or harmful effects on sperm. Low levels of ROS are essential for fertilization, acrosome reaction, hyperactivation, motility and capacitation. Elevated levels can lead to apoptosis, lipid peroxidation, DNA damage and damage to the proteins. We studied 66 samples of semen for semen analysis and for each case performed conventional cytogenetic analysis. 25 were chosen for the detection of sex chromosomes aneuploidy in sperm. 48 samples were selected for evaluation of glutathione S-transferase (GST) and catalase (CAT) activity of 51 samples for the evaluation of superoxide dismutases (SOD) activity. We determined the amount of malondialdehyde (MDA) (n= 31), hydroperoxides (n= 35) and total thiols (n= 36). The DNA damage was determined by TUNEL technique in 53 samples and comet assay with and without FPG hybridization in 49 samples. We have found associations between the parameters of sperm quality, and the results of MDA, hydroperoxides and total thiols concentration, the activity of antioxidant enzymes (SOD, CAT and GST) and DNA damage coming from Comet and TUNEL assays. In conclusion, the study of oxidative stress in spermatozoa is extremely important to understand the etiology of idiopathic male infertility. Keywords: Oxidative stress, lipid peroxidation, antioxidant enzymes, DNA damage, semen analysis, cytogenetic. viii PUBLICAÇÕES Este trabalho encontra-se parcialmente publicado: Artigo “Sperm quality, oxidative stress and seminal antioxidant activity” a ser preparado para publicação em revista científica, baseado no trabalho desenvolvido Lopes F, Gomes Z, Moutinho O, Peixoto F, Gaivão I, Pinto Leite R (2012). “Tunel and comet assay: usefulness of these techniques in the study of the dna fragmentation in spermatozoa”, 17th World Congress on Controversies in Obstetrics, Gynecology and Infertility (COGI), 8-11 de Novembro, 2012, Lisboa, Portugal – Aceite para publicação em acta de encontro científico e comunicação em painel (“poster”) Lopes F, Botelho P, Souto M, Gaivão I, Gomes Z, Martins M, Osvaldo O, Pinto Leite R (2012). "Human Infertility: the importance of cytogenetic analysis", European Conference of Human Genetics 2012, 23-26 de Junho, 2012, Nuremberga, Alemanha - Publicação em acta de encontro científico Lopes F, Botelho P, Souto M, Gaivão I, Gomes Z, Martins M, Moutinho O, Pinto Leite R (2012). "A importância da equipa multidisciplinar no estudo da infertilidade - Avaliação Citogenética de 162 casais", 3rd Conference on Nursing Research of Ibero-American and Portuguese-speaking Countries, 13-15 de Junho, 2012, Coimbra, Portugal – Comunicação Oral Lopes F, Botelho P, Souto M, Gaivão I, Gomes Z, Martins M, Moutinho O, Pinto Leite R (2012). "Detecção de uma translocação complexa num casal com infertilidade", IV National Conference of Genetics and Biotechnology, 1-3 de Março, 2012, Vila Real, Portugal – Comunicação Oral Botelho P, Lopes F, Souto M, Gaivão I, Gomes Z, Martins M, Moutinho O, Pinto Leite R (2012). "Human Infertility: Cytogenetic analysis really matter", 2nd Congress of maternal and obstetric health, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, 14-15 de Outubro, Vila Real, Portugal - Comunicação em painel (“poster”) ix ÍNDICE INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1 1. 2. 3. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO ........................................2 1.1. Regulação da secreção das hormonas sexuais no homem ..............................3 1.2. Espermatogénese............................................................................................4 1.3. Apoptose .........................................................................................................8 ESPERMATOZÓIDE ........................................................................................................9 2.1. Fisiologia e morfologia ....................................................................................9 2.2. Plasma Seminal .............................................................................................11 FECUNDAÇÃO ............................................................................................................11 3.1. 4. Processos conferentes de capacidade de fertilização ....................................12 3.1.1. Maturação no epidídimo .......................................................................................................... 13 3.1.2. Capacitação e hiperativação .................................................................................................... 14 INFERTILIDADE ...........................................................................................................14 4.1. Infertilidade masculina .................................................................................15 4.1.1. Causas anatómicas e fisiológicas.............................................................................................. 15 4.1.2. Estilo de vida e exposição a factores ambientais .................................................................... 16 4.1.3. Anomalias genéticas e bioquímicas ......................................................................................... 18 OBJECTIVOS ............................................................................................................... 26 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 28 1. MATERIAL BIOLÓGICO ................................................................................................29 2. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS ESPERMÁTICOS ................................................................29 3. 2.1. Liquefacção ...................................................................................................29 2.2. Viscosidade ...................................................................................................29 2.3. Cheiro ............................................................................................................30 2.4. Cor ................................................................................................................30 2.5. Volume ..........................................................................................................30 2.6. pH .................................................................................................................30 2.7. Motilidade.....................................................................................................30 2.8. Vitalidade ......................................................................................................30 2.9. Teste Hipoosmótico.......................................................................................31 2.10. Concentração ................................................................................................31 2.11. Morfologia ....................................................................................................33 2.12. Classificação..................................................................................................34 ANÁLISE CITOGENÉTICA...............................................................................................34 x 3.1. Método de bandeamento GTL ......................................................................35 3.2. Método de bandeamento CBL .......................................................................35 4. PREPARAÇÃO DO ESPERMATOZÓIDES .............................................................................36 5. ANEUPLOIDIAS ESPERMÁTICAS .....................................................................................36 6. STRESSE OXIDATIVO ...................................................................................................37 7. 6.1. Quantificação de proteína ............................................................................37 6.2. Actividade das enzimas antioxidants ............................................................38 6.2.1. Superóxido dismutase (SOD) .................................................................................................... 38 6.2.2. Glutationa S-transferase (GST) ................................................................................................. 38 6.2.3. Catalase (CAT) ........................................................................................................................... 38 6.3. Determinação da peroxidação lipídica pelo método de Fox ..........................39 6.4. Determinação da peroxidação lipídica avaliada pelo método dos TBARS .....39 6.5. Determinação do conteúdo em tióis totais ...................................................40 MÉTODO DE ADIÇÃO DE NUCLEÓTIDOS MARCADOS COM FLUORESCEÍNA MEDIADA PELA ENZIMA DEOXINUCLEOTIDIL TRANSFERASE TERMINAL (TUNEL) ...........................................................................41 8. ENSAIO DE COMETA....................................................................................................42 9. ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................................................43 RESULTADOS ............................................................................................................. 44 1. ANÁLISE CITOGENÉTICA E ESPERMOGRAMA ....................................................................45 2. ANEUPLOIDIAS ESPERMÁTICAS DOS CROMOSSOMAS SEXUAIS ............................................47 3. TIÓIS TOTAIS .............................................................................................................48 4. HIDROPERÓXIDOS ......................................................................................................49 5. TBARS ....................................................................................................................50 6. ACTIVIDADE ENZIMÁTICA DAS ENZIMAS ANTIOXIDANTES ...................................................50 6.1. Superóxido Dismutase ...................................................................................51 6.2. Glutationa S-transferase ...............................................................................51 6.3. Catalase ........................................................................................................52 7. ENSAIO DE TUNEL.....................................................................................................53 8. ENSAIO DE COMETA ...................................................................................................54 9. AVALIAÇÃO DE CORRELAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES VARIÁVEIS ...........................................55 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................................... 62 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 71 ANEXOS ..................................................................................................................... 84 ANEXO 1 – CULTURA CELULAR, MANIPULAÇÃO E ESPALHAMENTO................................................85 xi ABREVIATURAS GnRH LH FSH DNA Hormona libertadora da gonadotrofina Hormona luteinizante Hormona foliculostimulante Ácido desoxirribonucleico SFC Factor estaminal ATP Adenosina trifosfato mtDNA Ácido desoxirribonucleico mitocondrial ZP Zona pelúcida RA Reacção acrossómica AMPc OMS Adenosina 3’,5’-monofosfato cíclico Organização Mundial de Saúde ROS Espécies reactivas a oxigénio HHT Hipotálamo-hipófise-testículo ASA Anticorpos anti-espermatozóides SHBG MSY AZF SCSA TUNEL SCGE FPG PUFA Globulina ligadora às hormonas sexuais Male-specific Y Factor de azoospermia Ensaio de estrutura da cromatina do espermatozóide Método de adição de nucleótidos marcados com fluoresceína mediada pela enzima deoxinucleotidil transferase terminal Single cell gel electrophoresis Formamido pirimidina DNA glicosilase Ácidos gordos polinsaturados SOD Superóxido dismutase LPO Peroxidação lipídica MDA Malonildialdeído CAT Catalase GPX Glutatião peroxidase GST Glutatião S-transferase GR Glutatião redutase GSH Glutatião reduzido GSSG Glutationa dissulfeto xii EPE PR Entidade pública empresarial Progressivos rápidos FISH Hibridação in situ por fluorescência BSA Soro fetal de bovino SDS Dodecil sulfato de sódio NBT Cloreto de azul de nitrotetrazólio CDNB BHT TBARS DTNB SH 1-cloro-2,4-dinitrobenzeno Hidroxitolueno butilado Método de quantificação de substâncias reactivas ao ácido tiobarbitúrico 5,5’-ditiobis- (2-ácido nitrobenzóico) Grupos sulfidrilo SSA Ácido Sulfossalicílico PBS Tampão fosfato-salino DAPI SPZ 4'6-diamino-2-fenilindol Espermatozóide LMP Baixo ponto de fusão DTT Ditiotreitol UA Unidades arbitrárias xiii Introdução INTRODUÇÃO 1 Introdução 1. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Os órgãos genitais masculinos são testículos, epidídimo, canais deferentes, vesículas seminais, canal ejaculador e uretra, sendo considerados anexos as bolsas, as glândulas, os músculos e as aponevroses (Seeley et al., 2011). Figura 1. Anatomia do aparelho reprodutor masculino. Adaptado de Seeley et al., 2011 No aspecto anatómico o testículo divide-se em medula e córtex (albugínea), tendo este prolongamentos conjuntivos que dividem o testículo em lobos. Os lobos testiculares apresentam no seu interior os túbulos seminíferos (onde se dá o desenvolvimento dos espermatozóides, espermatogénese e espermiogénese), tecido conjuntivo laxo (que envolve os túbulos) que contém aglomerados de células endócrinas chamadas células intersticiais ou células de Leydig que segregam testosterona. Os túbulos seminíferos têm um trajecto tortuoso com um comprimento de 800m e terminam num conjunto de tubos rectos chamado rede testicular (rete testis). A rede testicular esvazia-se para os canais eferentes que levam as células espermáticas do testículo para o epidídimo (Seeley et al., 2011). Os testículos encontram-se fora da cavidade corporal no escroto, isto é vital para que estes se mantenham a uma temperatura entre a 4-7°C inferior à temperatura corporal (37°C), o que é determinante para uma óptima produção de espermatozóides (Meniru, 2001). O epidídimo tem uma forma alongada e encontra-se sobre o bordo postero-superior do testículo, dividindo-se anatomicamente em cabeça, corpo e cauda, continuando-se esta com o canal deferente. É responsável pela maturação final dos espermatozóides (Seeley et al., 2011). 2 Introdução Os canais deferentes são revestidos por epitélio cilíndrico pseudoestratificado rodeado por músculo liso cujas contracções peristálticas ajudam o movimento dos espermatozóides ao longo deste. A extremidade de cada canal deferente alarga-se formando a ampola do canal deferente. Contíguas a estes existem glândulas em forma de saco para onde os espermatozóides maduros são encaminhados – vesículas seminais. Estas estruturas são reservatórios de esperma nos intervalos das ejaculações, tendo no seu interior inúmeras câmaras que comunicam umas com as outras. Ao canal excretor destas dá-se o nome de canal ejaculador (Seeley et al., 2011). A uretra masculina é uma via comum para a urina e para o esperma. Esta divide-se em uretra prostática, uretra membranosa e uretra esponjosa ou peniana (Seeley et al., 2011). 1.1. Regulação da secreção das hormonas sexuais no homem Os mecanismos hormonais que condicionam o sistema reprodutor masculino são o hipotálamo, a hipófise e os testículos (Seeley et al., 2011). A hormona libertadora da gonadotrofina (GnRH), um péptido que comporta 10 aminoácidos, é produzida pelo hipotálamo e libertada no sistema porta hipotálamo-hipofisário, sendo posteriormente transportada para a hipófise anterior e condiciona a libertação de duas gonadotrofinas, a hormona luteinizante (LH) e a hormona foliculostimulante (FSH). A GnRH é produzida intervaladamente a cada 1 a 3 horas. A intensidade do estímulo varia de duas formas: pelo número de ciclos de secreção ou pela quantidade de GnRH produzida em cada uma. A secreção de LH na adeno-hipófise é também cíclica com esta a ser determinada pelo estímulo provocado por GnRH. A libertação de FSH aumenta e diminui muito ligeiramente a cada flutuação de GnRH, em vez disso, a sua libertação é mais lenta, demorando horas, em resposta aos níveis de GnRH (Holdcraft and Braun, 2004, Hall and Guyton, 2011). A LH liga-se às células de Leydig nos testículos e determina o aumento do ritmo de síntese e de secreção de testosterona. Esta é classificada como androgénio pois estimula o desenvolvimento dos órgãos sexuais e das características sexuais secundárias. A testosterona promove ainda a diferenciação sexual no embrião, a masculinização do hipotálamo, acções metabólicas proteicas e lipídicas e tem ainda acção sobre as secreções (acne) e eritropoiese (Hall and Guyton, 2011, Seeley et al., 2011). A FSH liga-se a receptores específicos de FSH nas células de Sertoli nos túbulos seminíferos induzindo o seu crescimento e a segregação de substâncias espermatogénicas (tais como a inibina). Simultaneamente a testosterona e a dihidrotestosterona encontram-se 3 Introdução difundidas nos túbulos seminíferos a partir das células de Leydig exercendo igualmente um factor determinante na espermatogénese (Holdcraft and Braun, 2004, Hall and Guyton, 2011). A testosterona, no normal desenvolvimento fisiológico, despoleta um mecanismo de feedback negativo sobre o hipotálamo e hipófise para produzir uma diminuição da secreção de LH e FSH, a inibina inibe também a secreção de FSH (Seeley et al., 2011). Este mecanismo é essencial não só no desenvolvimento da linha celular germinativa masculina, mas também para a proliferação e funcionamento de tipos específicos de células somáticas necessárias para o normal desenvolvimento dos testículos (Holdcraft and Braun, 2004). Figura 2. Regulação hormonal do sistema reprodutor masculino. Adaptado de Kamischke e Nieschlag, 2004 1.2. Espermatogénese A espermatogénese é o total da soma de eventos que ocorrem no testículo e que levam à produção de espermatozóides. Esta ocorre nos túbulos seminíferos durante a vida sexual activa como resultado da estimulação da hipófise por hormonas gonadotróficas (LH e FSH) (Figura 2), 4 Introdução começando aproximadamente aos 13 anos continuando durante toda a vida, mas diminuindo acentuadamente em idades avançadas (Hall and Guyton, 2011). Apresenta-se como um processo com baixa eficiência, principalmente quando comparado com outros mamíferos. A título de exemplo por grama de parênquima testicular um homem produz em média 4-6x106 espermatozóides enquanto os touros produzem 12 x106, os macacos 23x106 ou os coelhos 25x106. Esta menor eficiência pode-se dever a uma maior duração da espermatogénese e/ou a uma menor densidade das células germinativas (Johnson et al., 2000). É um processo lento em que uma célula estaminal (espermatogónia) se divide por mitose para ciclicamente produzir espermatócitos primários que através de meiose levam à produção de espermátides haplóides que se vão diferenciar, sem mais divisões, em espermatozóides (Johnson et al., 2000). Durante o desenvolvimento embrionário as células germinativas parentais migram para os testículos e transformam-se em células germinativas imaturas chamadas espermatogónias, que se estratificam em 2 ou 3 camadas na camada interna dos túbulos seminíferos. Após a puberdade a espermatogónia migra entre as células de Sertoli para o lúmen central dos túbulos seminíferos. As células de Sertoli envolvem as espematogónias com excisões citoplasmáticas (Hall and Guyton, 2011). Espermatogónias tipo A “brancas” (mitoticamente activas) entram em divisões mitóticas sucessivas das quais resultam A1, A2, A3, A4, formas intermediárias culminando em espermatogónias tipo B. Mas nem todas se diferenciam, pois mantem-se um reservatório de espermatogónias designadas por tipo A “escuras” (Fauser, 1999). A este evento sucede-se a meiose que é o processo pelo qual uma célula diplóide origina uma descendência haplóide (Figura 3. B). 5 Introdução B A Figura 3. Espermatogénese. A- Diferenciação celular, Adaptado de Seeley et al., 2011; B- Meiose, Adaptado de Hall e Guyton et al., 2011 Na espermiogénese as espermátides desenvolvem-se por acção das células de Sertoli, sendo que o seu núcleo fica mais individualizado e a cromatina mais condensada, a cauda formase a partir do centríolo distal e as mitocôndrias dirigem-se para a peça intermédia (Johnson et al., 2008). Dentro da espermiogénese considera-se ainda um evento muito importante chamado de espermiação que consiste no último passo, no finalizar da célula germinativa no lúmen do túbulo e na remoção dos últimos vestígios de citoplasma e na passagem para o epidídimo (Lipshultz et al., 2009). Além da espermiação podem-se considerar fases como a formação do acrossoma a partir do complexo de Golgi. A biogénese desta estrutura, uma complexa vesícula secretora, não depende de uma configuração diplóide para a sua transcrição. No seu conteúdo encontram-se essencialmente enzimas hidrolíticas como protéases, hidroglicosilases e esterases (Moreno and Alvarado, 2006). Seguem-se mudanças nucleares e na compactação do DNA, mais propriamente, o DNA deixa de estar a rodear os nucleossomas composto por octâmeros de histonas e passa a ser organizado em loops toroidais com protaminas em substituição das histonas, isto confere 6 Introdução maior condensação e menor probabilidade de desnaturação. E ainda a formação da cauda (Lipshultz et al., 2009). Estima-se que a espermatogénese em humanos dure aproximadamente 64 dias (Misell et al., 2006). Figura 4. Espermiogénese Adaptado de Gilbert, 2010 Em suma, a espermatogénese consiste em 3 fases, a fase proliferativa ou mitótica, em que existe a proliferação das espermatogónias; a meiose, que dá origem a células haplóides chamadas de espermátides e a transformação citológica ou espermiogénese, em que há a diferenciação que resulta em espermatozóides maduros (Figura 4) (Johnson et al., 2000, Misell et al., 2006). A função testicular normal depende da actuação de hormonas que actuam através de vias endócrinas. As células de Sertoli providenciam factores essenciais para que a espermatogónia se diferencie em espermatozóide. Estas têm ainda receptores para FSH e testosterona que são os principais reguladores da espermatogénese. Vários trabalhos neste âmbito conseguiram determinar que estas hormonas, com especial relevo para FSH, têm um papel determinante para o destino celular, pois parecem estar associadas à prevenção da apoptose das células germinativas (Dunkel et al., 1997, Erkkila et al., 1997, Tesarik et al., 2001). Mas também proteínas como as da família Bcl-2 parecem ser fundamentais para a homeostasia das células germinais. Parecem existir ainda factores parácrinos provenientes das células de Sertoli das quais as células 7 Introdução germinativas necessitam para o processo fisiológico. Ainda a Activina A e a folistatina têm um importante papel na maturação celular (Sofikitis et al., 2008). 1.3. Apoptose Tão importante quanto a proliferação e a diferenciação é a morte celular, que no caso da espermatogénese ocorre maioritariamente via apoptose (Blanco-Rodriguez and Martinez-Garcia, 1998). A apoptose é a morte celular programada de uma célula, activado de dentro da célula, em que existe fragmentação do DNA, vacuolização do citoplasma, alterações da membrana e consequente morte da célula sem implicações para as vizinhas (Alberts, 2008). Nas células germinativas a apoptose pode acontecer de duas formas através da ausência da ligação do factor estaminal (SFC) (também conhecido como factor de Steel, produzido pelas células de Sertoli) ao receptor c-kit presente nas espermatogónias tipo A, que inicia as vias de sinalização que promovem a apoptose celular (Yan et al., 2000); ou através da via clássica com o FAS ligante a ser produzido pelas células de Sertoli que se liga ao receptor FAS das células germinativas, que vai induzir a tridimerização dos receptores FAS e o recrutamento de FADD. Este complexo FAS/FADD liga-se às caspases iniciadoras 8 e 10 que por sua vez vão activar as caspases 3, 6 e 7 que levam à apoptose (Tesarik et al., 2004). A expressão anormal de proteínas pro- e anti-apoptóticas pode levar a uma alteração da espermatogénese e à infertilidade. 8 Introdução 2. ESPERMATOZÓIDE 2.1. Fisiologia e morfologia Figura 5. Espermatozóide. Adaptado de Gilbert, 2010 Os espermatozóides são células altamente diferenciadas e especializadas com diferenças morfológicas, funcionais e de composição, quando comparadas com células somáticas. Apresentam, por exemplo, um núcleo altamente condensado com protaminas numa cabeça extremamente compacta e hidrodinâmica (que lhe garante mobilidade optimizada e uma melhor penetração no oócito) e têm ainda um longo flagelo, cauda, que lhes confere motilidade (Martinez-Heredia et al., 2006, Lishko et al., 2012). O espermatozóide divide-se em três partes distintas, a cabeça, o colo e a cauda (Figura 5). A cabeça é uma estrutura achatada ovóide com 4 a 5 µm de comprimento e 2,5 a 3,5 µm de diâmetro, nesta identificam-se essencialmente dois componentes, o núcleo e o acrossoma. O acrossoma ocupa cerca de dois terços da cabeça e situa-se na região mais distal da cabeça. Este contém um aparelho enzimático semelhante ao encontrado nos lisossomas das células somáticas, incluindo hialurodinases (que têm a capacidade de digerir filamentos de proteoglicanos de tecidos) e potentes enzimas proteolíticas (Hall and Guyton, 2011). Além das características e componentes já apresentados a cabeça tem ainda o envelope nuclear que envolve o núcleo e teca perinuclear que lhe confere protecção (pois é uma amálgama de proteínas e pontes de dissulfito) (Jonge and Barratt, 2006). 9 Introdução O colo é um local de articulação entre a cabeça e a cauda, pelo que alterações nesta estrutura podem levar a ciliopatias (que provocam imobilidade) ou acefalia nos espermatozóides. Compreende o centríolo, estrutura extremamente importante pois após a fecundação levará à formação do centrossoma do zigoto, que por sua vez dará origem ao primeiro fuso mitótico; e a peça de conecção (Chemes and Alvarez Sedo, 2012). A cauda é uma estrutura flagelar com 40 a 50 µm de comprimento que apresenta um axonema central que está rodeado por estruturas especializadas, e pode dividir-se genericamente em 3 partes distintas, a peça intermédia (a qual diferenciamos na figura 5 devido à sua importância), que contém as mitocôndrias numa configuração espiral em torno do axonema; a peça principal, que é a responsável pela motilidade; e o segmento terminal, que contém alguns elementos estruturais. O axonema é composto por nove dobletos de microtúbulos que envolvem 2 singuletos de microtúbulos e está associado a proteínas motor como a dineína. Projecção externa de dineína Projecção interna de dineína Mitocôndria Microtúbulos externos Projecção Radial Microtúbulo central Nexina Bainha interna Figura 6. Axonema espermático. Adaptado de Shetty et al., 2007. O movimento da cauda depende da capacidade do axonema dobrar o qual acontece pelo deslizamento das duas estruturas de microtúbulos, que obtêm energia a partir da hidrólise de ATP na cadeia pesada da dineína (Lishko et al., 2012). A peça intermédia contém aproximadamente 75-100 mitocôndrias que geram ATP que possibilita a motilidade flagelar. Cada espermatozóide transporta cópias de mtDNA paterno que parece ser eliminado por proteólise no ovo (Jonge and Barratt, 2006). 10 Introdução 2.2. Plasma Seminal O plasma seminal, que é ejaculado durante o acto sexual, é uma mistura de espermatozóides (aproximadamente 20x106/mL) e secreções das glândulas do aparelho reprodutor masculino, que, no conjunto total, resulta num fluido viscoso. De referir que no plasma seminal 10% do total provém dos canais deferentes, 30% da próstata, 60% das vesículas seminais, 5% dos testículos e 5% das glândulas bulbo-uretrais (Hall and Guyton, 2011, Seeley et al., 2011). O fluído prostático (que tem um pH bastante alto) confere ao plasma seminal a aparência leitosa, já o fluido vindo das vesículas seminais (rico em frutose, fibrinogénio e prostaglandinas) dá-lhe um aspecto mucoso e ajudam a neutralizar o pH ácido proveniente da uretra e das secreções testiculares, sendo que o pH combinado do plasma seminal é de 7,5. As secreções provenientes da próstata são ricas em factores de coagulação que convertem o fibrinogénio em fibrina o que resulta na coagulação parcial do plasma seminal. 15-30min são normalmente o suficiente para que o coágulo se dissolva por acção da fibrinolisina (formado a partir da profibrinolisina prostática) (Hall and Guyton, 2011, Seeley et al., 2011). O plasma seminal foi considerado durante muito tempo como o meio de transporte e sobrevivência dos espermatozóides humanos. Mas, a evidência científica tem mostrado que a introdução do plasma seminal no tracto genital feminino tem um papel importante na fertilização, sendo que este efeito parece estar relacionado com altas concentrações de agentes de sinalização como prostaglandinas, citocinas e factores de crescimento (Robertson, 2005, von Wolff et al., 2007). O tempo de vida dos espermatozóides fora dos ductos genitais à temperatura corporal é de 24-48 horas (Hall and Guyton, 2011). 3. FECUNDAÇÃO A fertilização é um processo altamente regulado e sincronizado que envolve uma série de interacções extremamente complexas, e ainda pouco claras, entre o espermatozóide e o oócito, que terminam com a junção de ambos (Gupta and Bhandari, 2011, Vigil et al., 2011). O sucesso do processo de fertilização depende de diversos factores físicos/mecânicos, bioquímicos, endócrinos, comportamentais e ambientais, em suma, o microambiente confere ao espermatozóide protecção e garante as condições necessárias à sua sobrevivência, capacitação e migração para a subsequente fusão com o oócito (Vigil et al., 2011). 11 Introdução A fecundação tem duas etapas, a ligação do espermatozóide à zona pelúcida (ZP) que circunda o oócito, seguida da reacção acrossómica (RA). Diversos agentes fisiológicos têm sido envolvidos na indução da RA, tais como: progesterona, albumina, fluido folicular, hormonas, enzimas hidrolíticas, ácido hialurónico e glicoproteínas da ZP (Gupta and Bhandari, 2011). A RA envolve a fusão da membrana plasmática do espermatozóide com a membrana acrossómica externa, resultando na perda de continuidade e estabilidade das membranas e subsequente libertação do conteúdo acrossómico para o meio externo que leva à exposição da membrana acrossómica interna (Moreno and Alvarado, 2006, Gupta and Bhandari, 2011). O conteúdo acrossómico compreende várias enzimas como acrosina, acrogranina, hialuronidases e outras enzimas encontradas em organelos clássicos como peroxissomas e lisossomas (Moreno and Alvarado, 2006, Zhao et al., 2007, Vigil et al., 2011). Em cerca de 30 minutos as enzimas abrem um canal que permite a passagem do espermatozóide desde a zona pelúcida até ao oócito, as membranas da cabeça do espermatozóide e do fuso do oócito para formarem uma célula única e o material genético fundese dando origem a um novo genoma (Hall and Guyton, 2011). Quando o espermatozóide penetra o oócito (em metáfase II), este estimula-o a completar a segunda divisão meiótica, resultando num oócito maduro e num segundo corpo polar, em seguida dá-se a condensação dos cromossomas maternos e o núcleo do oócito evolui para pronúcleo (feminino). O núcleo do espermatozóide aumenta no interior do citoplasma do oócito, e irá compor o pronúcleo masculino e a cauda sofre degeneração. Posteriormente os pronúcleos juntam-se num conjunto único e diplóide, um zigoto. Os cromossomas presentes no zigoto rearranjam-se num fuso de clivagem, preparando-se para a divisão celular. Esta estrutura é geneticamente distinta, tratando-se obviamente da junção (metade de cada) de cromossomas materno e paternos, formando assim uma nova combinação cromossómica (Gardner, 2007, Moore et al., 2008). 3.1. Processos conferentes de capacidade de fertilização Apesar de ser uma célula morfologicamente bem diferenciada, o espermatozóide é uma célula imatura encontrando-se em fase de espermatozoa até ao ponto em que se dá a sua maturação no epidídimo, sendo este um processo pré-ejaculatório (Visconti et al., 2002, Aitken et al., 2007). Assim, a célula espermática necessita posteriormente da ocorrência de outros processos pós-ejaculatórios também conferentes da capacidade de fertilidade assim como o processo denominado de capacitação, bem como o de hiperativação (Visconti et al., 2002, Lishko et al., 2012). 12 Introdução 3.1.1. Maturação no epidídimo Ao longo da migração dos espermatozóides das regiões proximais para as regiões distais do epidídimo após serem libertados pelos túbulos seminíferos, ocorrem uma série de alterações morfológicas, bioquímicas e fisiológicas nos espermatozóides morfologicamente e metabolicamente imaturos, com motilidade deficiente e sem capacidade fecundante (Cornwall, 2009, Cooper, 2011). O epidídimo é um órgão muito importante para a fertilidade, uma vez que funciona não só como condutor de esperma entre os testículos e o canal deferente, mas também contribui para a formação de um ejaculado fértil, uma vez que este é responsável pela concentração, maturação e armazenamento de esperma (Turner, 2008, Cornwall, 2009). Estudos têm vindo a demonstrar que a célula imatura apenas completa o seu processo de maturação quando atinge a cauda do epidídimo (Turner, 2008, 2011). Este facto é devido à diferente expressão genética e secreção proteica que ocorre ao longo do ducto epididimal, bem como alterações nos padrões característicos de electrólitos e pequenas moléculas orgânicas (Turner, 1995, Dacheux et al., 2006, Dubé et al., 2007, Turner, 2008). Turner, 2011 sugere que novos estudos deverão ser efectuados nas áreas de toxicologia e imunobiologia do epidídimo, uma vez que os espermatozóides armazenados na cauda ficam susceptíveis à exposição de agentes tóxicos e de stresse oxidativo (Turner, 2011). Vários trabalhos foram realizados com o intuito de clarificar o papel deste órgão na maturação dos espermatozóides e estudos pioneiros em suínos postularam que apenas o tempo seria um factor importante para a ocorrência do processo de maturação, no entanto mais tarde outros trabalhos viriam a refutar esta hipótese, demonstrando que para a maturação do esperma são necessários factores extrínsecos do microambiente epididimal (Turner, 2008). O processo de maturação do espermatozóide ocorre após a permanência de um ou vários dias do espermatozóide no epidídimo e consiste na remodelação da membrana plasmática da célula espermática (Dubé et al., 2007), na migração da gota citoplasmática ao longo da cauda, em alterações nos organelos citoplasmáticos, alterações no desenvolvimento do axonema e no desenvolvimento da capacidade de resposta ao Ca2+ e AMP cíclico (AMPc), bem como a vias de sinalização (Aitken et al., 2007, Cooper, 2011). Estas são alterações que conferem ao espermatozóide alguma capacidade de motilidade no entanto no epidídimo a célula tem um pH acídico e é essencialmente quiescente, estes associados ao facto de a célula espermática estar sob acção de proteínas inibitórias presentes no fluido do epidídimo constituem um obstáculo para a obtenção da motilidade total (Hall and Guyton, 2011, Lishko et al., 2012). 13 Introdução 3.1.2. Capacitação e hiperativação Com a alcalinização do citoplasma dos espermatozóides, evento que lhes confere motilidade, estes ainda são pouco capazes ou incapazes de fertilizarem um oócito, para que estes se tornem capazes eles têm que passar por um fenómeno chamado de capacitação (Lishko et al., 2012). Sumariamente a capacitação é caracterizada como sendo um conjunto de alterações estruturais e funcionais nos espermatozóides, que se inicia com a remoção de factores estabilizadores adquiridos no plasma seminal, que continua com a travessia do tracto genital feminino e culmina com o espermatozóide plenamente capaz de responder aos ligandos da zona pelúcida do oócito através da reacção acrossómica (De Jonge, 2005). A capacitação aumenta a fluidez da membrana plasmática e sensibiliza os espermatozóides aos sinais de fertilização. Para que isto aconteça existe um aumento de Ca2+, pH e AMPc (Fraser, 2010, Lishko et al., 2012). A motilidade é hiperativada durante a capacitação. A hiperativação é definida por um aumento do ângulo da curvatura flagelar o que resulta em movimentos mais assimétricos e consequentemente numa maior capacidade de mobilização. A hiperativação é um ponto crítico na fertilização, pois é necessária para que o espermatozóide penetre na zona pelúcida (Suarez, 2008, Lishko et al., 2012). 4. INFERTILIDADE A capacidade de casais conceberem e terem filhos – fecundidade – depende de inúmeros processos biológicos que incluem espermatogénese, oogénese, transporte de gâmetas, fertilização do oócito, implantação do embrião e desenvolvimento subsequente do feto até ao nascimento do nado (te Velde et al., 2010). Tão complexa e vasta rede de interacções, onde são envolvidos um grande número de vias e centenas de genes, leva a um igualmente elevado número de oportunidades de que algo corra mal, levando assim à infertilidade (Hann et al., 2011). A Organização Mundial de Saúde (OMS) define infertilidade como a doença do sistema reprodutor traduzida pela falha da concepção após um ano de relações sexuais sem o uso de qualquer método contraceptivo, tal definição é corroborada pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM, 2008, Zegers-Hochschild et al., 2009). A OMS assume ainda a infertilidade como sendo um problema de saúde pública à escala planetária. Isto deve-se ao facto de que aproximadamente 15% dos casais em idade fértil (que 14 Introdução representam entre 60 e 80 milhões de casais), em todo mundo, padecerem desta situação (Templeton, 2000, Akgul et al., 2009, Dey, 2010). Um trabalho de revisão relativamente recente de Boivin et al., 2007, tendo por base a população mundial, concluiu que existem aproximadamente 72,4 milhões de pessoas inférteis e que destas cerca de 40,5 milhões procuraram ajuda médica. Durante muitos anos pensou-se que a infertilidade dependeria exclusivamente da incapacidade da mulher de conceber, mas a evidência científica veio mostrar que o factor masculino tem uma importância determinante para a infertilidade. Apesar de não existir consenso quanto ao peso do factor masculino na infertilidade, na literatura encontram-se valores entre os 30 e os 50% (Martin, 2008, Poongothai et al., 2009, Song et al., 2010, Pacey, 2012). 4.1. Infertilidade masculina Aproximadamente 1 em cada 15 homens têm problemas de fertilidade. A infertilidade masculina pode ter inúmeras causas como alterações anatómicas, hormonais, genéticas, bioquímicas, imunológicas, infecções ou estilo de vida e exposição a factores ambientais (Curi et al., 2003, Lipshultz et al., 2009). Vários factores podem contribuir para a disfunção dos espermatozóides como a produção de espécies reactivas a oxigénio (ROS), mutações genéticas, dano no DNA e defeitos nas enzimas metabólicas (Host et al., 1999a). 4.1.1. Causas anatómicas e fisiológicas É aqui que se encontra a causa mais frequente de infertilidade – varicocele (dilatação das veias espermáticas) – que ocorre em cerca 40% dos homens inférteis enquanto só se encontra em 20% dos homens sem alteração da qualidade espermática. Apesar da sua incidência e dos diferentes trabalhos já realizados, o promotor exacto desta patologia ainda não foi isolado (pode tratar-se também de uma combinação de factores), pode estar relacionado com o aumento da temperatura testicular ou pela acção de substâncias que provocam o regurgitamento sanguíneo e levam ao detrimento da espermatogénese, outros mecanismos postulados é que devido à estase sanguínea não se dá a drenagem das gonadotoxinas e ainda a possibilidade de existir hipoxia e um aumento do stresse oxidativo (Lipshultz et al., 2009, Abdel Raheem et al., 2012). A obstrução dos túbulos seminíferos, causada por vasectomia, infecções repetitivas, inflamação (orquite) ou problemas de desenvolvimento é também muito comum perfazendo cerca de 14% dos casos (Lipshultz et al., 2009). 15 Introdução A criptorquidia (que é uma falha no desenvolvimento em que não se dá a descida completa dos testículos para a bolsa escrotal) afecta cerca de 3% dos recém nascidos sendo que é encontrada em 10% dos homens inférteis. Quando se trata de unilateral 13% dos homens têm azoospermia, já se for bilateral 98% dos homens apresentam azoospermia (Abdel Raheem et al., 2012). Também lesões mecânicas como a torção testicular (que leva à necrose isquémica do tecido testicular e pode levar ainda à produção de anticorpos anti-espermatozóides que podem afectar o outro testículo) e o trauma testicular podem levar à infertilidade (Abdel Raheem et al., 2012). O eixo hipotálamo-hipófise-testículo (HHT) é altamente complexo e deste depende a evolução normal do testículo e a produção de hormonas sexuais. Deficiências em qualquer ponto deste eixo levam a hipogonadismo. O hipogonadismo masculino é definido como a produção inadequada de testosterona associada a uma também inadequada espermatogénese na presença de uma elevada ou reduzida quantidade de gonadotrofinas (Giannetta et al., 2012). Quando consideradas alterações ao nível do hipotálamo ou da hipófise estamos perante a forma hipogonadotrófica, quando as alterações são devidas à disfunção testicular estamos perante a forma hipergonadotrófica (Zitzmann and Nieschlag, 2000, Giannetta et al., 2012). Níveis significativos de anticorpos anti-espermatozóides (ASA) foram detectados em 12% de amostras provenientes de homens inférteis e foram associadas a situações específicas como trauma testicular, cirurgias ou torsão testicular. Acredita-se que eles têm impacto na infertilidade de duas formas distintas, ou interferindo directamente com as acções da superfície dos espermatozóides (como a fertilização); ou indirectamente pela mediação de libertação de citocinas o que pode levar a alterações nas funções dos espermatozóides, podendo até levar ao dano no DNA (Bohring et al., 2001, Zini et al., 2010). 4.1.2. Estilo de vida e exposição a factores ambientais O estilo de vida tem um peso importante na qualidade de vida, e como exemplo temos o tabagismo que aumenta o risco de doença cardiovascular ou a obesidade que leva a uma maior risco de doença cardiovascular, diabetes e alguns tipos de cancro; mas estes também têm um peso importante na capacidade reprodutiva (Homan et al., 2007). Usando o supracitado exemplo do tabagismo como mote e reportando-nos à revisão feita por Pasqualotto et al. em 2004 este afirma que existem inúmeras substâncias que afectam a fertilidade masculina, entre elas drogas e medicamentos. Neste trabalho são apresentadas 4 16 Introdução formas destes provocarem alterações na fertilidade, concretizando: pela acção de gonadotoxinas directamente sobre os testículos, por alteração do eixo HHT, por dificuldades na ejaculação ou disfunção eréctil ou ainda pela diminuição da líbido (Pasqualotto et al., 2004). Destas substâncias o tabaco ganha especial relevância pelo número de consumidores, nos homens ele afecta negativamente a produção de espermatozóides, motilidade e morfologia bem como tem sido associado a um aumento no dano do DNA pela alteração do equilíbrio das espécies reactivas de oxigénio (Homan et al., 2007, Gaur et al., 2010), que se repercute numa menor capacidade de fertilização e em menores rácios de implantação (Mostafa, 2010). No caso do consumo do álcool, também ele muito vulgarizado, este parece não ter influência quando tomado “socialmente”, mas o uso crónico pode levar a alterações do eixo HHT (Pasqualotto et al., 2004). O consumo destas duas substâncias tem uma proporção directa com a deterioração dos parâmetros espermáticos (Gaur et al., 2010). Também o consumo de outras substâncias como drogas ilícitas ou medicamentos têm impacto na fertilidade. Por exemplo os canabióides têm sido associados à diminuição da concentração e motilidade espermática, já os opiáceos além de provocarem a diminuição da líbido e disfunção eréctil também levam à supressão de libertação de LH levando a uma diminuição da produção de testosterona (Pasqualotto et al., 2004). A obesidade e se no que concerne às mulheres esta tem um impacto determinante, nos homens ela não é tão mensurável mas pode provocar uma diminuição plasmática de SHBG, testosterona e FSH (Magnusdottir et al., 2005). Além da obesidade, também a alimentação tem um peso importante na fertilidade, sendo que frutas cereais e vegetais estão positivamente associados à qualidade espermática (Braga et al., 2012), as isoflavonas (presentes em derivados de soja) levam à falha no desenvolvimento dos órgãos reprodutivos (Chavarro et al., 2008) e a cafeína (mais de 3 cafés) leva a dano no DNA dos espermatozóides (Schmid et al., 2007). Outro factor importante para a fertilidade tem que ver com a temperatura da bolsa escrotal, e também esta está muito dependente do nosso estilo de vida. A temperatura normal do escroto são 34°C e pensa-se que a temperatura nos testículos seja entre 0,1 e 0,6°C mais elevada. Se é controverso se o tipo de roupa que utilizamos, bem como banhos quentes ou saunas, tenham qualquer tipo de contributo para a infertilidade, vários estudos mostram inequivocamente que homens com um estilo de vida predominantemente sedentário, que passam muito tempo a dirigir ou ainda que trabalham com fontes de calor (como padeiros ou soldadores) têm uma temperatura escrotal mais elevada e como tal uma menor produção de espermatozóides e maior percentagem de anomalias morfológicas, levando a uma menor taxa de fertilização (Sharpe, 2000, Ivell, 2007, Paul et al., 2008). 17 Introdução Também o factor ambiental tem um peso importante na fertilidade. De entre os poluentes identificados como capazes de provocar alterações na fertilidade temos os organocloretos que podem ser utilizados em pesticidas ou químicos industriais. Muitos destes têm propriedades de disrupção hormonal o que pode levar a alterações no eixo HHT (Magnusdottir et al., 2005), o que pode vir a provocar alteração dos parâmetros espermáticos, elevada incidência de criptorquidia e hipospadia (Queiroz and Waissmann, 2006). Ao contrário do que se pensava até à relativamente pouco tempo também a idade paterna tem influência na fertilidade. Verificou-se que em homens com mais de 45 anos existe uma diminuição do volume de sémen, da motilidade dos espermatozóides e ainda de espermatozóides morfologicamente típicos (Hellstrom et al., 2006). Além disso homens mais velhos tendem a apresentar espermatozóides mais vacuolizados e com maior dano no DNA (Silva et al., 2012). 4.1.3. Anomalias genéticas e bioquímicas Os factores genéticos relacionados com infertilidade são alterações cromossómicas, alterações monogénicas e deleções submicroscópicas do cromossoma Y (Griffin and Finch, 2005, Jonge and Barratt, 2006, Poongothai et al., 2009). Alterações cromossómicas As anomalias cromossómicas são uma das mais importantes causas de infertilidade. A incidência varia entre 2 e 8% com uma média de 5% (Foresta et al., 2002). Estas podem ser somáticas ou ligadas aos cromossomas sexuais, podem ser estruturais ou numéricas (Griffin and Finch, 2005, Martin, 2008, Poongothai et al., 2009). As anomalias estruturais incluem inversões (paracêntricas ou pericêntricas) e translocações equilibradas (Robertsonianas, reciprocas, dos autossomas ou dos cromossomas sexuais). As alterações numéricas incluem trissomias constitucionais como Síndrome de Down (trissomia 21) e as trissomias dos cromossomas sexuais (Síndrome de Klinefelter (XXY) ou Síndrome de Jacobs (XYY)). Um outro tipo de alteração numérica é aquela confinada aos espermatozóides (Griffin and Finch, 2005). As alterações estruturais mais frequentes são as translocações Robertsonianas, estas em homens inférteis apresentam uma incidência de 0,7%, ou seja, 8,5 vezes superior à encontrada na população masculina em geral (Van Assche et al., 1996). Destas as mais comuns são entre os cromossomas 13-14 e 14-21, sendo que raramente estas afectam o fenótipo do indivíduo, mas que normalmente afectam a fertilidade devido a uma gametogénese errada ou devido a um rearranjo parental não equilibrado, estes problemas têm diferentes níveis e estão directamente 18 Introdução ligados ao distúrbio no processo meiótico (Ferlin et al., 2007). Van Assche e colaboradores, 1996, concluíram que também as translocações recíprocas têm um peso mensurável sendo que têm uma incidência de 0,5% dos homens com infertilidade e de apenas 0,1% na população masculina em geral (Van Assche et al., 1996). Aparentemente estas também não afectam, normalmente, o fenótipo do portador, mas a evidência tem demostrado que alteram o processo espermatogénico (Ferlin et al., 2007). Das alterações numéricas a mais frequente é o Síndrome de Klinefelter, esta é também a mais frequente de todas as anomalias cromossómicas nos casos de infertilidade, sendo que se encontra em aproximadamente em 5% dos homens com oligozoospermia severa e em 10% dos casos dos homens com azoospermia em contraponto com os 0,1-0,2% da população masculina em geral (Foresta et al., 2005). O cromossoma X extra pode ser originado de uma não disjunção de XY na meiose I paterna (em aproximadamente 50% dos casos), através da meiose materna I ou II (cerca de 40%) e os restantes serem pós zigóticos (Hirsh et al., 1996). Nos indivíduos XXY a espermatogénese pára no espermatócito primário mas, ocasionalmente, fases mais tardias podem ser observadas (O'Flynn O'Brien et al., 2010). Estes indivíduos podem tentar técnicas de fertilização in vitro, mas existe o risco da sua prole apresentar também anomalias cromossómicas, este medo foi consubstanciado por diversos estudos que mostravam que os indivíduos que padeciam da síndrome tinham vários gâmetas aneuplóides (Georgiou et al., 2006). Isto acontece quando a segregação anormal escapa aos checkpoints meióticos (Hassold et al., 1992). Um espermatozóide normal tem 23 cromossomas, sendo que é monossómico para todos os autossomas e tem apenas um X ou um Y. Os espermatozóides anormais podem ser nulissómicos, em que um cromossoma é perdido; dissómico, tem um par de cromossomas; ou mesmo diplóide, em que todos os cromossomas estão em duplicado apresentando 46 cromossomas (Jamar et al., 2000). Na revisão feita por Martin em 2008 este encontrou uma taxa de aneuploidia para os cromossomas sexuais que variava entre 0,3 e 15% (Martin, 2008), valores bem diferentes dos que Gordeeva et al., 2011, apresentava no que concerne a homens sem patologia (1-2% de aneuploidias) (Gordeeva et al., 2011). Alterações monogénicas São poucos os genes não ligados ao cromossoma Y identificados como passíveis de alterarem a fertilidade mas temos alguns exemplos bem descritos como caso do locus da fibrose cística (gene CFTR) presente no braço longo do cromossoma 7, isto porque alterações neste gene são encontradas em 60-90% dos doentes com aplasia bilateral congénita dos canais deferentes 19 Introdução (CBAVD) o que leva a azoospermia obstrutiva (Georgiou et al., 2006, Jonge and Barratt, 2006, Ferlin et al., 2007). Também o gene da globulina ligadora às hormonas sexuais (SHBG), localizado no cromossoma 17 tem sido estudado por poder ter influência na espermatogénese, sendo que este tem influência no transporte das hormonas sexuais controlando a concentração dos androgénios (O'Flynn O'Brien et al., 2010). Temos também distúrbios ligados ao cromossoma X como o syndrome Kallmann (o mais frequente) em que existe uma mutação no gene Kal-1 no braço curto do cromossoma X e que se caracteriza por uma associação entre hipogonadismo hipogonadotrófico e anosmia (Jonge and Barratt, 2006). Existem outras síndromes de base genética que afectam a fertilidade como síndrome de Noonan, distrofia miotónica, hemoglobinopatias, síndrome de Prader-Willi ou a doença de Kennedy. Mas segundo Raheem et al., num trabalho recente (2012), a influência genética poderá ser muito maior com diversos genes responsáveis pela regulação da produção de espermatozóides, produção hormonal e receptores hormonais, que ainda não foram identificados, a serem a causa da infertilidade idiopática (Abdel Raheem et al., 2012). Deleções submicroscópicas do cromossoma Y O cromossoma Y é o mais implicado nos casos de infertilidade masculina. O gene SRY e um gene com ele relacionado, Sox9, levam à diferenciação das células de Sertoli na gónada bivalente, e à formação dos testículos (Kashimada and Koopman, 2010). Mutações nestes genes levam, respectivamente, a disgenesia gonadal e a displasia campomélica (Hanley et al., 2000). Além do gene SRY, o cromossoma Y tem também uma região chamada de male-specific Y (MSY) cujos genes são indispensáveis à espermatogénese. Assim se parte do material se perder durante a mitose ou meiose, e como esta região não tem uma contraparte de material, pode haver alteração na espermatogénese (Abdel Raheem et al., 2012). As regiões tipicamente envolvidas na infertilidade foram chamadas de factor de azoospermia ou AZF (onde se encontram AZFa, AZFb, AZFc e AZFd), localizam-se na região Yq11.23 e controlam a espermatogénese (Griffin and Finch, 2005, Navarro-Costa et al., 2010). Microdeleções (não se conseguem observar na citogenética convencional) nesta região são a mais importante causa de oligozoospermia severa e azoospermia não obstrutiva (Ferlin et al., 2007). As deleções críticas podem-se dar em três regiões distintas AZFa, AZFb e AZFc. Deleções na região AZFa têm sido associadas à ausência de células germinativas ou síndrome das células de Sertoli; AZFb tem sido implicada na paragem da espermatogénese; já as deleções ao nível de AZFc 20 Introdução originam uma maturação anormal dos espermatozóides (Navarro-Costa et al., 2010). Destas deleções as mais frequentes são as deleções em AZFc (cerca de 60% do total) seguidas das deleções em AZFb sozinhas ou com outras regiões AFZ (35% do total) e finalmente as deleções em AZFa (cerca de 5% do total) (Krausz et al., 2003). Dano no DNA dos Espermatozóides Durante a espermatogénese o núcleo dos espermatozóides sofre inúmeras alterações para que este fique num estado tipo cristalino e fique bioquimicamente inacessível. Esta inacessibilidade serve para que a informação genética fique protegida de factores ambientais como o stresse oxidativo ou alterações de pH no tracto genital masculino ou feminino (Ward, 2010). O dano no DNA dos espermatozóides tem sido associado a alterações morfológicas (Nicopoullos et al., 2008), baixos níveis de implantação, elevada incidência de abortos, elevados níveis de morbilidade nos recém-nascidos e fertilidade diminuída quer in vivo como in vitro (Benchaib et al., 2007, De Iuliis et al., 2009, Ghazi and Abdelfattah, 2011). Os factores responsáveis pela indução do dano no DNA continuam por ser descobertos, mas parecem existir tanto estímulos extrínsecos como factores físicos (como o calor e a radiação electromagnética), anomalias no metabolismo lipídico, leucócitos e idade; como intrínsecos, apoptose ou produção de radicais livres pelos espermatozóides (Benchaib et al., 2007, De Iuliis et al., 2009). Aitken et al. em 2009 propôs um modelo passível de explicar os eventos que levariam ao dano no DNA, em que durante a espermatogénese acontecem erros na remodelação da cromatina que levam à produção de espermatozóides com o DNA nuclear pobre em protaminas, o que confere à célula um estado de susceptibilidade a ataques de ROS (Aitken et al., 2009). Apesar de existirem vários estudos que demonstram a presença de DNA fragmentado em espermatozóides maduros, continua a não ser consensual se se tratam de células apoptóticas residuais que por alguma razão conseguiram chegar até ao evento ejaculatório, ou se se trata de apoptose tardia que ocorre já no espermatozóide maturo, ou ainda se esta fragmentação de DNA ocorre por um outro mecanismo (Evenson and Wixon, 2006). Para a detecção da fragmentação de DNA, têm vindo a ser usados diferentes ensaios como, dispersão de cromatina, estrutura da cromatina do espermatozóide (SCSA), ensaios cometa e método de adição de nucleótidos marcados com fluoresceína mediada pela enzima deoxinucleotidil transferase terminal (TUNEL) (Evenson et al., 2007, Lewis et al., 2008, Mitchell et al., 2011). 21 Introdução O ensaio de TUNEL é um ensaio que foi desenvolvido para células somáticas, vindo mais tarde a ser adaptado para células espermáticas (Sailer et al., 1995). Este ensaio detecta fragmentações de DNA de cadeia simples e dupla, medida por um ponto terminal específico caracterizado pela presença de grupos hidroxilo livres 3’ (Sharma et al., 2010). O princípio deste ensaio assenta na transferência de um nucleótido marcado para o grupo 3OOH da cadeia de DNA fragmentado pela acção da enzima deoxinucleotidil transferase. Isto permite-nos definir se aquela célula apresenta ou não fragmentação do seu DNA (Evenson and Wixon, 2006). Um defeito desta técnica é que ela depende da actividade da transferase terminal em aceder às quebras nas cadeias de DNA e catalisar a inserção das bases marcadas. E, se isto não é um problema nas células somáticas pode-o ser para os espermatozóides, visto estes serem extremamente especializados e terem uma cromatina altamente compacta que restringe este acesso (Mitchell et al., 2011). O ensaio de cometa ou single cell gel electrophoresis (SCGE) é uma técnica em que os espermatozóides são suspensos em agarose de baixo ponto de fusão, em estado líquido, e posteriormente colocada numa lâmina de microscópio onde o gel solidifica. As células são lisadas e posteriormente sujeitas a electroforese horizontal (Evenson and Wixon, 2006). Esta técnica permite-nos (a pH> 12,6) detectar, em células individuais, rupturas em cadeias de DNA duplas e simples, sítios alquali-lábeis e ligações cruzadas (Collins, 2004, Kumaravel and Jha, 2006). Considera-se uma técnica sensível e rápida (Collins, 2004). O DNA não fragmentado e com maior peso molecular permanece compacto enquanto as restantes partes, referidas anteriormente, migram formando uma espécie de cauda, daí o nome de cometa. Apesar dos diferentes protocolos utilizados a técnica tem passos comuns como preparação da suspensão, colocação no gel, lise celular, electroforese, neutralização, marcação e análise. A grande diferença dos protocolos para os espermatozóides e as células somáticas assenta na lise celular e descondensação do DNA, que como já foi referido é mais difícil nos espermatozóides. Então, torna-se necessária a incubação dos espermatozóides com proteínase K e detergentes (Shen et al., 1999). É possível ainda detectar danos oxidativos pela incubação, após as lises celulares, com a enzima formamido pirimidina DNA glicosilase (FPG), que detecta guaninas 8-OH e outras purinas danificadas oxidativamente; quando incubado com FPG o ensaio torna-se mais sensíveis ao dano por alquilação que o ensaio de cometa convencional (Speit et al., 2004). Os danos oxidativos são determinados pela diferença de resultados entre o ensaio com incubação com a enzima FPG e o o ensaio sem incubação com a enzima FPG. 22 Introdução Espécies reactivas de oxigénio (ROS) e stresse oxidativo Os ROS são radicais livres e peróxidos que derivam do metabolismo do oxigénio e estão presentes em todos os organismos aeróbicos (Agarwal and Prabakaran, 2005). Eles são altamente instáveis e podem reagir com inúmeras substâncias como lípidos, aminoácidos, hidratos de carbono, proteínas ou DNA (Venkatesh et al., 2009). Elevados níveis de ROS são encontrados em 25-40% de homens inférteis (Linschooten et al., 2011). Os três grandes tipos de ROS são o radical superóxido (02•-), que é formado quando existe uma fuga da cadeia de transporte de electrões; o peróxido de hidrogénio (H2O2), que resulta da dismutação de superóxidos ou pode ser gerado pela acção de algumas enzimas; e o radical hidroxilo (OH•), é formado a partir do peróxido de hidrogénio numa reacção catalisada por iões metálicos (Fe++ ou Cu+), é altamente reactivo e pode levar à modificação de purinas em pirimidinas e provocar quebras nas cadeias de DNA (Agarwal et al., 2005). Pode também levar à peroxidação de ácidos gordos polinsaturados (PUFA) e membranas celulares (peroxidação lipídica) (Lanzafame et al., 2009). Destes, o mais produzido pelos espermatozóides parece ser o radical superóxido, que pode gerar peróxido de hidrogénio pela acção da superóxido dismutase (SOD) ou espontaneamente (Lanzafame et al., 2009). O peróxido de hidrogénio parece estar intimamente associado à perda de motilidade pelos espermatozóides (Aitken and Baker, 2006). Os ROS existentes no plasma seminal provêm essencialmente de leucócitos e de espermatozóides imaturos e morfologicamente anormais (Agarwal and Prabakaran, 2005, Makker et al., 2009). Dependendo da concentração, localização e tempo de exposição, os ROS podem ter efeitos benéficos ou prejudiciais sobre os espermatozóides (Agarwal and Prabakaran, 2005). Níveis baixos de ROS são essenciais para a fertilização, reacção acrossómica, hiperativação, motilidade, capacitação (Agarwal and Prabakaran, 2005, Lanzafame et al., 2009, Saalu, 2010). Níveis elevados de ROS podem levar a: Apoptose, num processo em que os ROS levam à disrupção da membrana mitocondrial, que leva à libertação de citocromo c, que leva à cascata de caspases (Agarwal and Prabakaran, 2005); Peroxidação lipídica (LPO), que é definida como a oxidação de PUFA, sendo que as membranas dos espermatozóides são muito sensíveis à LPO pois são ricas em PUFA. Em espermatozóides tem sido verificado o malonildialdeído (MDA), que é um produto final de LPO (Saalu, 2010); 23 Introdução Alteração na motilidade, apesar de existir uma correlação clara a etiologia não se mostra assim tão clara, sendo que existem algumas teorias para este facto, como por exemplo: o H2O2 conseguir difundir-se através da membrana e inactivar algumas enzimas vitais; outra é que existe o desencadear de eventos que levam à diminuição da fosforilação proteica do axonema e consequente imobilização, apesar disto ambas carecem de confirmação (Makker et al., 2009); Dano no DNA, apesar dos espermatozóides terem sistemas de defesa contra o dano (o empacotamento do DNA e o sistema antioxidante) o stresse oxidativo tem sido associado a quebras duplas e simples nas cadeias de DNA. Os ROS são também capazes de causar vários tipos de mutações pontuais e polimorfismos (Makker et al., 2009, Saalu, 2010); Dano nas proteínas, os aminoácidos sulfurados, especificamente os que contêm o grupo tiol, são altamente susceptíveis ao stresse oxidativo. Muitos aminoácidos sofrem modificações irreversíveis quando oxidados. O dano oxidativo pode levar à clivagem da cadeia polipeptídica e por consequência à formação de agregados proteicos (Agarwal and Prabakaran, 2005). Visto os ROS terem tanto um papel fisiológico como patológico, os organismos aeróbios desenvolveram uma série de mecanismos de defesa que foram apelidados de antioxidantes. Estes podem ser enzimáticos, sendo que as enzimas mais importantes são a superóxido dismutase (SOD), a catalase (CAT), as glutatião peroxidase (GPX), a glutatião S-transferase (GST) e a glutatião redutase (GR); ou antioxidantes com pequena massa molecular, como as vitaminas A, E e C, a coenzima Q, o zinco, o ácido úrico, a melatonina, o citocromo c e o glutatião reduzido (GSH) (Aitken and Roman, 2008, Lanzafame et al., 2009). A SOD elimina o anião superóxido quer este seja intracelular quer seja extracelular e previne a peroxidação lipídica da membrana plasmática. Para actuar sobre o H2O2 deve ser conjugado com a CAT e a GPX (Lanzafame et al., 2009). A SOD previne a capacitação e hiperativação prematuras induzida pelos radicais superóxidos antes da ejaculação (de Lamirande and Gagnon, 1995a). Dada a importância da SOD para os espermatozóides os testículos têm não só as formas convencionais citoplasmáticas (Cu/Zn) e mitocondriais (Fe/Mn) como também uma forma extracelular pouco convencional, SOD-Ex que são produzidas nas células de Sertoli (Aitken and Roman, 2008). O sistema GPX/GR oferece uma excelente protecção contra a peroxidação lipídica da membrana. A GR estimula a redução de glutationa dissulfeto (GSSG) em GSH (Aitken and Roman, 2008). 24 Introdução A CAT catalisa a dismutação de H2O2 em água e oxigénio. Além disso a catalase activa a capacitação induzida por óxido nítrico que é um complexo mecanismo que envolve H 2O2 (de Lamirande et al., 1997). A GST é uma enzima essencial à desintoxicação celular de substâncias como carcinogéneos químicos, poluentes ambientais e agentes quimioterápicos, estas transferases inactivam ainda aldeídos insaturados α e β, quinonas, epóxidos e hidroperóxidos formados como metabolitos secundários do stresse oxidativo (Hayes and Strange, 2000), catalisando a conjugação de GSH com várias substâncias, protegendo assim componentes celulares como DNA, proteínas e lípidos (Andonian and Hermo, 2003). Alterações no rácio oxidante/antioxidante no plasma seminal podem causar stresse oxidativo provocando as supracitadas alterações nos espermatozóides. Os espermatozóides são mais sensíveis ao stresse oxidativo que as células somáticas o que poderá estar relacionado com a menor quantidade de citoplasma presente nestes o que pode ser associado a uma menor capacidade antioxidante (Agarwal et al., 2004, Agarwal and Sekhon, 2010). Esta deficiência na capacidade antioxidante enzimática torna-se mais evidente com a idade, pois os espermatozóides de homens mais velhos apresentaram menor actividade de glutationa peroxidase e de SOD. Além disto, também a membrana plasmática dos espermatozóides, especialmente rica em PUFA, tornaos especialmente sensíveis à peroxidação lipídica (Agarwal et al., 2004, Weir and Robaire, 2007, Lanzafame et al., 2009, Agarwal and Sekhon, 2010). 25 Objectivos OBJECTIVOS 26 Objectivos O objectivo deste trabalho é avaliar parâmetros biológicos espermáticos que poderão condicionar a fertilidade masculina. Como complemento a este objectivo foram propostos objectivos parciais nas 66 amostras em estudo: Realizar espermograma nas 66 amostras; Realizar culturas celulares, manipulação, bandeamento e análise citogenética nas 66 amostras; Verificar a presença de aneuploidias espermáticas dos cromossomas sexuais por FISH em 25 amostras; Avaliar o estado oxidativo através da quantificação de MDA, hidroperóxidos e tióis totais em pelo menos 30 amostras; Avaliar a actividade de enzimas antioxidantes (SOD GST e CAT) em pelo menos 45 amostras; Analisar o dano no DNA nos espermatozóides, em pelo menos 50 amostras, pelas técnicas de TUNEL e cometa; Estabelecer correlações entre as variáveis em estudo. 27 Material e Métodos MATERIAL E MÉTODOS 28 Material e Métodos 1. MATERIAL BIOLÓGICO As amostras utilizadas provêm do laboratório de andrologia, do serviço de Genética, do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE, tratando-se de amostras anonimizadas. A amostra é constituída por 66 homens, com idades compreendidas entre os 22 e os 48 anos. A obtenção das mesmas foi feita por masturbação entre, preferencialmente, 3 a 5 dias de abstinência, para um recipiente esterilizado. Já no laboratório, as amostras eram colocadas entre 30 a 60 minutos numa estufa a 37°C até à completa liquefacção do sémen. As amostras eram submetidas a avaliação dos parâmetros espermáticos, bem como processadas para ensaio de TUNEL, ensaio de cometa, stresse oxidativo e aneuploidias espermáticas. 2. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS ESPERMÁTICOS O processamento e análise das amostras foram efectuados segundo o Manual de Laboratório da OMS (2010). Foram avaliados liquefacção, viscosidade, cheiro, cor, volume, pH, vitalidade, teste hipoosmótico, motilidade e concentração. A análise dos parâmetros espermáticos foi realizada com recurso a um microscópio de contraste de fase da marca Leica DM750 (Leica, Alemanha) e com a ajuda de um contador manual marca Assistent Counter AC-12 (De Bruyne Instruments, Bélgica). 2.1. Liquefacção Imediatamente após ejaculação, o fluido seminal é composto por um coágulo que desaparece espontaneamente por acção enzimática após 30-60 minutos na estufa a 37°C. No caso da liquefacção ocorrer a amostra apresentava um aspecto homogéneo; caso esta não ocorresse a amostra apresentaria um aspecto heterogéneo com grumos gelatinosos no fluido. 2.2. Viscosidade A viscosidade é determinada observando-se a filância de uma gota de esperma. Se a amostra é expulsa da pipeta em pequenas gotas trata-se de uma viscosidade normal; se a amostra ao ser expulsa forma um filamento de cerca de 2 cm estamos na presença de viscosidade aumentada; e se se encontrar completamente líquida esta possui viscosidade diminuída. 29 Material e Métodos 2.3. Cheiro Apesar de ser o mais subjectivo dos parâmetros as amostras podem apresentar cheiro “sui generis” ou característico, cheiro putrefacto ou fétido ou ainda não ter qualquer cheiro. 2.4. Cor A amostra normal é caracterizada por uma cor cinzento-esbranquiçado opaca. No entanto podem existir alterações como cor amarelo claro, avermelhada ou amarelo brilhante. 2.5. Volume O volume da amostra deve ser medido com uma pipeta graduada de 5 a 10 mL, podendo variar entre 2 e 6 mL. 2.6. pH O pH é avaliado com uma fita reactiva indicadora de pH. Esta é mergulhada por 10 segundos na amostra, retirada e a cor resultante é posteriormente comparada com a escala calibrada de pH. O valor normal varia entre 7,2 e 8,0. 2.7. Motilidade A motilidade é o primeiro parâmetro a ser avaliado dado que após a liquefacção do sémen os espermatozóides vão, progressivamente, perdendo a sua motilidade. Começa-se por pipetar 10 µL da amostra para uma lâmina que é coberta por uma lamela, sendo que se espera 60 segundos para que a amostra estabilize. Observa-se no microscópio de contraste de fase com a objectiva de 40x e procede-se ao cálculo da percentagem de espermatozóides por categoria de movimento, contando-se 200 células com auxílio do contador manual. Estas categorias utilizadas são Imóvel quando existe a ausência de movimento; Móvel in situ, quando o movimento não é progressivo ou existe apenas movimento da cauda; Progressivo lento quando o espermatozóide apresenta movimento progressivo mas não muito rápido ou sem trajectória bem definida; e ainda Progressivo rápido se se trata de um espermatozóide com movimento progressivo rápido e com trajectória bem definida. 2.8. Vitalidade A vitalidade é o segundo parâmetro a ser avaliado, pois, assim como a motilidade, ela também pode ser afectada com o passar do tempo. 30 Material e Métodos O princípio subjacente a esta técnica baseia-se é que caso a membrana celular da cabeça do espermatozóide estiver intacta (supostamente vivo) o espermatozóide não é corado, ficando corado se o espermatozóide não tiver a membrana intacta (Bjorndahl et al., 2004). Num tubo devidamente identificado colocam-se 10 µL da amostra de esperma e 10 µL de Eosina Y a 0,5 %. Aguardam-se 5 minutos. Retiram-se 10 µL da solução, colocam-se sobre uma lâmina e com a ajuda de outra lâmina, faz-se um esfregaço. Depois de seco observa-se ao microscópio de campo brilhante com a objectiva de 40x. Com o auxílio do contador manual faz-se a contagem do número de espermatozóides corados de vermelho e verde até um total de 200 espermatozóides. No fim regista-se a percentagem de espermatozóides verdes. 2.9. Teste Hipoosmótico A realização do teste hipoosmótico fornece-nos uma informação complementar à vitalidade. Retiram-se 10 µL da amostra que são adicionados a 90 µL de solução hipoosmótica e deixa-se a mistura a incubar por 30 minutos. Em contexto hipoosmótico acontece um desequilíbrio osmótico entre o meio extracelular e intracelular que a célula, caso tenha a membrana plasmática intacta, compensa deixando entrar água para o compartimento intracelular e como consequência o espermatozóide aumenta o seu volume e as caudas dilatam e enrolam-se (World Health Organization., 2010). Após este tempo retiram-se 10 µL da mistura e cobre-se com uma lamela. Observa-se no microscópio de contraste de fase com a objectiva de 40x. Contam-se 200 espermatozóides, distinguindo os espermatozóides de cauda enrolada dos espermatozóides com a cauda intacta e procede-se ao cálculo de percentagem dos espermatozóides com cauda enrolada. 2.10. Concentração A avaliação da concentração de espermatozóides foi feita por contagem celular com um hemocitómetro ou câmara de Neubauer. Fez-se uma primeira observação a fresco ao microscópio de contraste de fase para fazer uma avaliação rápida da concentração de espermatozóides de forma a prever a diluição a utilizar. A diluição é feita de acordo com o Tabela 1. 31 Material e Métodos Tabela 1. Diluições usadas no cálculo da concentração de espermatozóides. Adaptado de World Health Organization (2010) Nº espermatozóides/campo Volume a adicionar Diluição (objectiva 40x) Sémen (µL) Fixador (µL) 100 100 100 400 50 450 50 950 50 2450 1+1 (1:2) 1+4 (1:5) 1+9 (1:10) 1+19 (1:20) 1+49 (1:50) Swim up <15 15-40 40-200 >200 Preparou-se um tubo com o diluente correspondente e pipetou-se e transferiu-se o volume exacto de sémen, bem homogeneizado, para o tubo com o diluente, com uma micropipeta de deslocamento positivo. Posteriormente agitou-se no vórtex durante, pelo menos, 15 segundos. Em seguida transferiu-se 10 µL da diluição para uma das câmaras do hemocitómetro e repetiu-se para a segunda câmara, deixou-se a câmara de Neubauer em câmara húmida durante 15-20 minutos. A contagem foi realizada no microscópio de contraste de fase com a objectiva de 40x, contando-se apenas os espermatozóides íntegros, ou seja, que apresentam cabeça e cauda. Para a contagem utiliza-se apenas os compartimentos central da câmara, que se encontra dividido em 25 quadrados grandes. A contagem é feita segundo a Tabela 2. Tabela 2. Valores do factor de conversão para a câmara de contagem Neubauer. Adaptado de World Health Organization (2010) Nº de quadrados grandes contados Diluição 1:2 1:5 1:10 1:20 1:50 25 10 5 100 40 20 10 4 40 16 8 4 1.6 20 8 4 2 1.8 A concentração de espermatozóides é calculada segundo a fórmula: Número de spz/mL = nº de spz contados em “X” quadrados grandes x 106 Factor de conversão (Tabela 2) 32 Material e Métodos Quando no exame a fresco se observa um número muito reduzido de espermatozóides, para determinar a concentração, coloca-se uma gota de esperma directamente na câmara de Neubauer, contam-se os espermatozóides observados em 5 dos 9 compartimentos e multiplica-se o número obtido por 2000. 2.11. Morfologia A morfologia é o último dos parâmetros a ser avaliado, sendo que esta pode ser efectuada num dia diferente do da colheita. Coloca-se uma gota de 10 µL de sémen bem misturado e não diluído numa lâmina e faz-se um esfregaço deixando-se secar. Posteriormente mergulha-se a lâmina em metanol, por aproximadamente 10 segundos com o intuito de fixar as células e deixa-se secar. Em seguida mergulha-se a lâmina no corante de Papanicolau durante 15 minutos e no final passa-se a mesma por água corrente para se retirar o excesso de corante. Após este passo mergulha-se a lâmina no corante Shorr durante 5 minutos e passa-se por água corrente para se retirar o excesso de corante. Realiza-se nova fixação com metanol durante 10 segundos e deixa-se secar. A análise das lâminas realizou-se com auxílio do microscópio de campo brilhante na ampliação de 100x com a objectiva de imersão. Contam-se 200 espermatozóides e calcula-se a percentagem de cada classe morfológica de acordo com a supracitada classificação da OMS de 2010. Essa classificação divide as anomalias em três tipos: anomalia da cabeça, da peça intermédia e da cauda. A coloração das várias estruturas do espermatozóide está descrita na Tabela 3. Tabela 3. Coloração das diferentes estruturas dos espermatozóides Região do espermatozóide corada Coloração Acrossoma Região pós acrossómica Peça intermédia Cauda Restos citoplasmáticos Azul claro Azul escuro Azul escuro Azul escuro Avermelhados Posteriormente seria calculado do Índice Teratozoopérmico que consiste no somatório das percentagens das diferentes alterações a dividir pela percentagem de células morfologicamente anormais. 33 Material e Métodos 2.12. Classificação Feita a avaliação das amostras foram classificadas de acordo com os critérios da Organização Mundial da Saúde (World Health Organization., 2010). Normozoospermia – amostras com os parâmetros espermáticos normais; Astenozoospermia – amostras com baixa motilidade; Teratozoospermia – amostras com SPZ com morfologia normal inferior a 4%; Oligozoospermia – amostras com baixa concentração de SPZ; Astenoteratozoospermia – amostras com baixa motilidade e morfologia; Oligoastenozoospermia – amostras com baixa concentração e motilidade Oligoteratozoospermia – amostras com baixa concentração e morfologia Oligoastenoteratozoospermia – amostras com número total de espermatozóides baixo, baixa motilidade e morfologia; Necrozoospermia – amostras com baixa motilidade e elevada percentagem de imóveis. Tabela 4. Valores normais dos parâmetros espermáticos (World Health Organization., 2010). Liquefacção Completa aos 60 minutos Concentração ≥ 20 x 106 < 250 x 106 ≥ 60% pH 7,2 – 8 Vitalidade Volume do ejaculado 2 – 6 mL Motilidade Teste hipoosmótico ≥ 60% Morfologia Concentração ≥ 40 x 10 Móveis Progressivos ≥ 50% ou PR ≥ 25% Típicos ≥ 4% 6 3. ANÁLISE CITOGENÉTICA A análise cromossómica foi realizada em linfócitos T estimulados por fitohemaglutinina, provenientes de sangue periférico, utilizando métodos citogenéticos convencionais (bandagem GTL e CBL). Realizou-se uma cultura celular de 72h procedendo-se de seguida à sua manipulação até à obtenção de cromossomas, de acordo com os protocolo estabelecido no laboratório. O protocolo utilizado encontra-se no Anexo 1. 34 Material e Métodos 3.1. Método de bandeamento GTL As bandas GTL (usando como corante o corante de Leishman) são obtidas após tratamento das lâminas (que contêm as metáfases) com uma solução de Tripsina (enzima proteolítica) à temperatura ambiente. O tempo de exposição a esta enzima é crucial, devendo ser rigorosamente controlado e testado antes de ser aplicado. Com o intuito de interromper a acção da Tripsina as lâminas foram sujeitas a lavagens rápidas em solução salina e tampão Gurr, respectivamente, e à temperatura ambiente. As lâminas foram coradas com o já referido corante de Leishman (solução de trabalho) durante 5 minutos, protegido da luz, pois esta degrada o corante. Seguiram-se lavagens em tampão Gurr e água destilada à temperatura ambiente. Posteriormente as lâminas secaram ao ar. A observação das lâminas fez-se com auxílio do microscópio óptico Leica DM4000B (Leica, Alemanha), e a cariotipagem executou-se através da examinação e captação de imagens de, pelo menos, 20 metafases diferentes com o programa Leica- CW 4000 Kario (Leica, Alemanha). 3.2. Método de bandeamento CBL Todas as amostras foram ainda sujeitas a bandeamento CBL, que resultam na coloração da heterocromatina constitutiva. As bandas C são obtidas através da exposição a hidróxido de bário e são coradas com corante de Leishman. Os cromossomas metafásicos são sujeitos a condições ácidas, alcalinas e salinas e a altas temperaturas. Este bandeamento foi realizado para excluir a inclusão de material cromossómico no cromossoma Y que é marcadamente heterocromático, principalmente na porção distal do seu ramo longo. Após descoloração em fixador, as lâminas foram mergulhadas em HCl à temperatura ambiente durante 1 hora. A aproximadamente 5 minutos antes de acabar esta hora adicionou-se 10 mL de Ba(OH)2 pré-aquecido a 40 mL de água destila (pré-aquecida a 60°C), obtendo-se uma solução de Ba(OH)2 a 1% e deixou-se arrefecer até os 55°C. Em seguidas as lâminas foram lavadas em água destilada à temperatura ambiente e colocadas na solução de Ba(OH)2 a 1% a 55°C durante 3 a 5 segundos. O tempo de exposição a Ba(OH)2 deve ser rigoroso. Posteriormente, procederam-se 2 lavagens em água destilada previamente aquecida a 60°C com leve agitação, para remover o precipitado das lâminas e foram colocadas em 2x SSC a 60°C durante 1 hora. 35 Material e Métodos Foi de seguida feita uma nova lavagem em água destilada à temperatura ambiente, seguida de coloração em corante de Leishman durante 1 hora (protegido pela luz, pois o corante é fotodegradável). Finalmente executou-se uma última lavagem em água destilada à temperatura ambiente e deixaram-se a secar ao ar. A observação das lâminas fez-se com auxílio do microscópio óptico Leica DM4000B (Leica, Alemanha), e a cariotipagem executou-se através da examinação e captação de imagens com o programa Leica- CW 4000 Kario (Leica, Alemanha). 4. PREPARAÇÃO DO ESPERMATOZÓIDES Pela impossibilidade realizar todas as técnicas em fresco as amostras tinham que ser devidamente preparadas. Após a colheita retirou-se, quando possível, pelo menos 600µL de amostra total para um tubo eppendorf devidamente identificado que era posteriormente guardado a -20°C e que viria a ser usado para as técnicas de actividade enzimática, TBARS, Fox e Tióis totais. Retirou-se também 200µL, para dois tubos eppendorf devidamente identificados, que eram sujeitos a 3 lavagens com 1 mL de 1X PBS, sendo efectuadas centrifugações de 10 minutos a 1200rpm. Após estas lavagens adicionou-se 1mL de solução fixadora (metanol/ácido acético 3:1 no caso do FISH; 4% paraformaldeído para TUNEL). As amostras eram posteriormente armazenadas a -20°C até serem utilizadas. Retirou-se 200 µL de amostra, total para um tubo eppendorf devidamente identificado, colocou-se durante 10 minutos em vapor de azoto líquido e foi armazenado em azoto líquido até ser utilizado para o ensaio de cometa. 5. ANEUPLOIDIAS ESPERMÁTICAS Para a detecção de aneuploidias espermáticas foi utilizada a técnica de hibridação in situ por fluorescência (FISH). Foi utilizada sonda alfa-satélite (região centromérica) para os cromossomas X (DXZ1) / Y (DYZ3) da Kreatech, Holanda. A descondensação do DNA foi realizada por intermédio de uma lavagem com solução de NaOH 1mol/L por 2 minutos à temperatura ambiente, seguida de duas lavagens numa solução de 2x SSC a 37°C durante 2 minutos. A desidratação foi feita através de uma sequência de banhos de etanol a 70%, 85% e 96%, respectivamente, à temperatura ambiente durante 2 minutos cada. 36 Material e Métodos A sonda foi preparada adicionando-se 4,5 µL de solução de hibridação e 0,5 µL de sonda. Esta mistura foi posteriormente homogeneizada e realizado spin down. Colocaram-se 5 µL de mistura na área pretendida, cobriu-se com uma lamela e colocaram-se as lâminas numa placa de aquecimento a 75°C durante 5 minutos para que ocorresse a desnaturação da sonda e da amostra. A hibridação da sonda foi realizada durante a noite (± 16 horas), tendo-se incubado as lâminas a 37°C numa caixa húmida previamente aquecida. Posteriormente, retiraram-se as lamelas e procederam-se duas lavagens, a primeira em 0,4x SSC com 0,3% Igepal (Sigma, EUA) a 72°C durante 2 minutos e a segunda em 2x SSC à temperatura ambiente durante 1 minuto. De seguida colocaram-se as lâminas em ambiente escuro e deixaram-se secar. As lâminas foram contrastadas com 4 µL de VECTASHIELD (Mounting Medium With Dapi, Vector Laboratories, Inglaterra), cobertas com uma lamela e guardadas a 4°C até serem observadas. 6. STRESSE OXIDATIVO 6.1. Quantificação de proteína A quantificação da proteína foi determinada pelo método colorimétrico do Biureto (Gornall et al., 1949). Este método baseia-se na reacção de CuSO em solução alcalina (reagente de Biureto) com as ligações peptídicas das proteínas, originando um complexo de cor violeta. As amostras de suspensão mitocondrial (20 e 40L) foram solubilizadas pela adição de 100L de dodecilsulfato de sódio (SDS) a 10% (p/v). Adicionou-se água desmineralizada até perfazer 2mL e, em seguida, 2mL de reagente alcalino de cobre (reagente de “biureto”: CuSO 4.5H2O a 0,15 % (p/v), tartarato de sódio e potássio (NaKC4H4O6.4H2O) a 0,6% (p/v), NaOH a 3% (p/v) e KI a 0,1% (p/v)). Prepararam-se padrões de BSA (0-2,4mg) em condições idênticas às das amostras, contendo 50 L de meio de lavagem. As absorvências das amostras e dos padrões foram lidas ao fim de 15min de reacção, a 540nm num espectrofotómetro UV-Vis (Spectronic® GenesysTM 2PC), contra um branco que continha todos os reagentes excepto a proteína. 37 Material e Métodos 6.2. Actividade das enzimas antioxidants 6.2.1. Superóxido dismutase (SOD) A actividade da enzima superóxido dismutase foi determinada espectrofotometricamente (Varian Cary 50 – UV-Vis) de acordo com o método descrito por McCord e Fridovich (1968), utilizando o sistema xantina-xantina oxidase. A molécula que utilizamos para a detecção em substituição do citocromo c foi o cloreto de azul de nitrotetrazólio (NBT). O meio de reacção para a determinação da actividade desta enzima contém tampão fosfato (KH2PO4 50 mM e EDTA 1 mM a pH=7,4) (930 µL), NBT 10 mM (10 µL), hipoxantina 10 mM (10 µL) e 40 µL de amostra. Colocamos o meio de reacção a incubar durante dois minutos a 25°C e a 20 segundos de completar o tempo de incubação adicionamos xantina oxidase (10 µL), perfazendo um volume total de 1 mL, homogeneizamos o meio de reacção e procedemos à leitura espectrofotométrica a 560 nm. A cinética da reacção foi acompanhada ao longo de 3 minutos a 25°C. A análise da cinética obtida fez-se através de unidades de actividade de SOD que corresponde à quantidade de SOD que inibe 50% da redução de NBT. As unidades desta actividade foram expressas em U min-1 mg proteína-1. 6.2.2. Glutationa S-transferase (GST) A actividade da enzima glutationa S-transferase foi determinada espectrofotometricamente (Varian Cary 50 – UV-Vis) usando um método descrito por Chikezie e colaboradores em 2009. O meio de reacção utilizado para a avaliação da actividade enzimática é composto por tampão fosfato (KH2 PO4 100 mM a pH=7) (1840 µL), 1-cloro-2,4-dinitrobenzeno (CDNB) 100 mM (20 µL), GSH 100 mM (40 µL) e 100 µL de amostra, perfazendo um volume final de 2 mL. A mistura reaccional foi incubada durante dois minutos a 25°C e a reacção inicia-se com a adição de GSH um minuto após a incubação. A cinética da reacção foi acompanhada a 340 nm a 25°C durante 3 minutos, sendo a actividade enzimática expressa em µM de CDNB conjugado min-1 mg proteína-1, recorrendo-se ao seu coeficiente de extinção molar de 9,6 x 103 M-1 cm-1. 6.2.3. Catalase (CAT) A actividade da catalase, por sua vez, foi medida com um eléctrodo de oxigénio (Hansatech, Norfolk, Inglaterra) tipo Clark (Del Rio et al., 1977). O meio de reacção utilizado para esta medição é constituído por tampão fosfato (KH2PO4 50 mM a pH=7) (1 mL) e peróxido de hidrogénio 1M (17 µL). Na câmara de reacção foram colocados 15 µL de amostra, e foram incubados durante 5 minutos a 25°C. No final do tempo de incubação foi adicionado o peróxido 38 Material e Métodos de hidrogénio dando-se início à reacção. A cinética da reacção foi acompanhada ao longo de 3 minutos e meio e a actividade da catalase foi expressa em nmol H2O2min-1mg proteína-1. 6.3. Determinação da peroxidação lipídica pelo método de Fox O método utilizado para a quantificação lipídica foi baseado no método descrito por Devasagayam e colaboradores (2003). Este método é vastamente utilizado para a quantificação de hidroperóxidos lipídicos uma vez que é um método barato, não sensível ao ambiente com O2 ou níveis de luz e gera rapidamente hidroperóxidos lipídicos (LOOH) (DeLong et al., 2002). É utilizado para a determinação de LOOH formados devido à acção dos radicais livres sobre os lípidos insaturados nas membranas lipídicas que leva a um estado de stresse membranar. Baseia-se na oxidação do ião ferroso (Fe2+) a ião férrico (Fe3+), em meio acídico, utilizando um corante laranja de xilenol que vai ser oxidado a um complexo azul-púrpura com um máximo de absorção entre 550-600 nm (Dobarganes and Velasco, 2002). O meio de reacção é constituído por amostra (50 µL) e tampão (KCl a 100 mM, Hepes a 5 mM e a pH=7,12) perfazendo um volume total de 1 mL. A mistura reacional foi incubada durante 30 minutos, a 30°C, com agitação ocasional. De seguida, adicionaram-se 2 mL de metanol, com agitação, até visualização da rotura das membranas para posteriormente centrifugar durante 10 minutos (Hettich Zentrifugen EBA 8S). Após centrifugação retiraram-se 2 mL do sobrenadante e adicionaram-se 2,25 mL de reagente de Fox deixando a reagir durante 30 minutos para posterior leitura espectrofotométrica a 570 nm (Spectronic® Genesys™ 2PC). A solução do reagente de Fox, preparada previamente, consiste em corante laranja de xilenol 1 mM, H2SO4 25 mM, solução etanólica de BHT 4 mM e sulfato ferroso amoniacal 250 mM. Os valores obtidos por este método foram expressos em equivalentes de H2O2 mg proteína-1. 6.4. Determinação da peroxidação lipídica avaliada pelo método dos TBARS O método utilizado foi baseado no descrito por Ottolenghi em 1959. O método de quantificação de substâncias reactivas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) é, provavelmente, o método mais utilizado para a quantificação da peroxidação lipídica in vitro. Este método quantifica o malonildialdeído (MDA) formado, um produto final da peroxidação de ácidos gordos da membrana, e baseia-se na reacção deste biomarcador de stresse oxidativo com o ácido 39 Material e Métodos tiobarbitúrico. Da reacção entre ambos resulta um composto de cor amarela, mensurável por análise espectrofotométrica, o qual é directamente proporcional à concentração de MDA resultante da peroxidação lipídica. Apresenta como vantagens: o baixo custo e a facilidade de execução, é sensível para a quantificação da peroxidação lipídica, porém, não é muito específico. O meio de reacção é constituído por 100 µL de amostra, 500 µL de tampão – Tris-HCl (10 mM) em KCl (175 mM) e 100 µL de uma solução contendo 0,38% TBA (p/v), 37,5% TCA (v/v) e 0,015% BHT (p/v). Após agitação vigorosa, os tubos tapados com esferas de vidro, foram colocados num banho de água a ferver durante cerca de 15 minutos e arrefecidos por imersão em gelo. Foram posteriormente centrifugados durante 10 minutos a 3000r.p.m. para sedimentação de proteínas e membranas. De cada tubo foram retirados 200µL de sobrenadante para uma microplaca de 96 poços e a absorvância foi lida a 530nm num leitor de microplacas (Power Wave XS2 BioTek). O resultado foi expresso em µM MDA/mg de proteína utilizando o coeficiente de extinção molar de 1,56 x 105 M-1 cm-1. 6.5. Determinação do conteúdo em tióis totais O conteúdo em tióis totais pode ser determinado de acordo com o método original de Ellman, (1959) e segundo modificações descritas posteriormente (Sedlak and Lindsay, 1968, Suzuki et al., 1990). Este método é baseado na reacção entre o 5,5’-ditiobis- (2-ácido nitrobenzóico) (DTNB) e os grupos sulfidrilo (SH), que origina um composto de cor amarela que numa análise espectrofotométrica apresenta um máximo de absorção num comprimento de onda de 412 nm, sendo para este comprimento de onda o valor do coeficiente de absorção molar igual a 13600 M-1 cm-1 (Ellman, 1959). Realiza-se incubação de 50µL de amostra numa solução de ácido sulfossalicílico (SSA) a 4% (p/v) de modo a obter-se uma concentração final de 1mg/mL. Centrifuga-se a 1500g durante 10 minutos a 4°C e lava-se com 3mL de tampão fosfato 100mM, pH 8,0. Por fim adiciona-se 1,5mL de tampão fosfato, pH 8,0, e submete-se a amostra a ultra-sons a 60W, durante aproximadamente 15 segundos. A extracção ácida, seguida de ultra-sons, permite a determinação tanto dos grupos sulfridilos livres como os intramembranares. Retiram-se 0,7mL desta suspensão, adicionando-se 4,3mL de tampão fosfato (100 mM, pH 8,0) e 100µL de uma solução de DTNB a 10mM e homogeneizando-se por agitação em vórtice. A mistura é incubada no escuro durante 15 minutos e as absorvâncias são lidas a 412 nm. A determinação da concentração dos grupos sufridilo na amostra é calculada por extrapolação 40 Material e Métodos numa curva padrão de cisteína solubilizada em tampão fosfato 100 mM, pH 8,0 (Suzuki et al., 1990). 7. MÉTODO DE ADIÇÃO DE NUCLEÓTIDOS MARCADOS COM FLUORESCEÍNA MEDIADA PELA ENZIMA DEOXINUCLEOTIDIL TRANSFERASE TERMINAL (TUNEL) As amostras de foram processadas pelo ensaio de TUNEL como descrito por Muratori et al. (2000). Com este intuito utilizou-se o Kit In Situ Cell Death Detection Kit, Fluorescein (Roche Diagnostics, Alemanha). Depois de fixados os espermatozóides são submetidos a uma centrifugação de 10 minutos a 500 x g, com intuito de remover o fixador, posteriormente sofrem duas lavagens consecutivas em 200 µL 1x PBS suplementado com 1% de soro fetal de bovino (BSA, Biological Industries, Israel). De seguida os espermatozóides foram permeabilizados por acção de 100 µL de solução permeabilizadora (0,1% Triton X-100 em 0,1% de citrato de sódio) durante 5 minutos à temperatura de 2-8°C. Seguidamente os espermatozóides foram lavados duas vezes em 200µL 1x PBS suplementado com 1% de BSA e centrifugadas durante 10 minutos a 500g e divididas em duas alíquotas. Ambas as alíquotas foram incubadas com 12,5 µL de solução de reacção TUNEL (Roche Diagnostics, Germany) com a enzima deoxinucleotidil transferase terminal, no caso da amostra, ou sem esta, no caso do controlo negativo e depois colocadas a 37°C no escuro por uma hora. Após decorrida a reacção foram realizadas duas lavagens em 200 µL 1x PBS suplementado com 1% de BSA e centrifugadas durante 10 minutos a 500 x g, para remover a fluorescência inespecífica. Em seguida os espermatozóides foram suspensos em 25 µL de 1x PBS, colocou-se uma gota na lâmina e deixou-se secar. Posteriormente as lâminas foram coradas com 5 µL de DAPI (VECTASHIELD – Mounting Medium With DAPI, Vector Laboratories), cobertas com uma lamela e incubadas a 4°C pelo menos durante 15 minutos. Para algumas amostras foram ainda preparados controlos positivos, tendo por base o protocolo descrito, mas com um tratamento adicional com 50µL de DNase I recombinante (DNase I livre de RNase 1u/µL, 1000u, Fermentas, União Europeia) durante 20 minutos a 37°C antes da reacção de TUNEL. As lâminas foram guardadas a 4°C e após a estabilização da fluorescência foram observadas ao microscópio de epifluorescência (Nikon Eclipse E400). Foram avaliadas 400 células em e classificadas como TUNEL-negativo (sem fragmentação) quando apresentavam fluorescência azul e TUNEL-positivo (com fragmentação) quando apresentavam fluorescência verde. As percentagens de fragmentação foram calculadas da seguinte forma: 41 Material e Métodos Nº de espermatozóides fragmentados x 100 200 8. ENSAIO DE COMETA Para a realização deste ensaio seguimos o protocolo sugerido e optimizado por Sipinen et al. (2010). Previamente à realização do ensaio realizava-se o revestimento das lâminas a utilizar com agarose de ponto de fusão normal a 1% em água. As amostras são descongeladas colocando-as na estufa a 37°C durante 5 minutos. Após o descongelamento retira-se a quantidade necessária de forma a ter 12 x 10 4 SPZ. Procede-se a uma centrifugação a 420 x g durante 10 minutos e rejeita-se o sobrenadante. Adiciona-se 140µL de 1X PBS refrigerado. Adiciona-se 140µL de 2% de agarose de baixo ponto de fusão (LMP) dividindo-se o total por 4 géis em 2 lâminas que são cobertos por lamelas 18x18 mm. As lâminas são colocadas a 4°C durante 5 minutos. Posteriormente as lâminas são sujeitas a duas lises (com o intuito de se obterem nucleóides) de uma hora, a primeira com 1% de Triton X e 12,5 mg de DTT em 50 mL de solução de lise; e a segunda com 1% de Triton X e 2,5mg de Proteínase K em 50mL de solução de lise, ambas a 4°C. Após as lises são realizadas 3 lavagens em Buffer F (40mM HEPES, 0.1M KCl, 0.5mM EDTA 0.2mg/ml BSA e a pH 8) e incuba-se 1 lâmina de cada amostra com a enzima FPG (50 µL) e as restantes com Buffer F (50 µL) durante 30 minutos a 37°C. No final da incubação as lâminas são colocadas na tina de electroforese e incubadas em tampão de electroforese a 4°C durante 30 minutos para que ocorre-se a alcalinização dos géis e consequente desnaturação do DNA. Procedeu-se à electroforese a 25V (0,8V/cm e 300mA), durante 30 minutos a 4°C. No final da corrida electroforética procedeu-se à neutralização das lâminas com 1X PBS durante 10 minutos a 4°C e uma lavagem com água destilada durante 10 minutos à temperatura ambiente. Posteriormente as lâminas foram coradas com 5 µL (em cada gel) de DAPI (VECTASHIELD – Mounting Medium With DAPI, Vector Laboratories), cobertas com uma lamela e incubadas a 4°C durante a noite. As lâminas foram avaliadas segundo o padrão visual com o auxílio do microscópio de epifluorescência (Nikon Eclipse E400) e segundo a classificação de Andrew R. Collins (2004), em 42 Material e Métodos que o dano é quantificado numa escala que varia de 0 a 4 mediante a quantidade de DNA presente na cauda. Foram contabilizadas 100 células por amostra. Figura 7. Classificação do ensaio de cometa por padrão visual. Adaptado de Collins, A. R. (2004) 9. ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística dos resultados foi realizada utilizando o programa GraphPad Prism5, onde recorremos aos testes ANOVA, student’s t-test e Newman-Keuls Multiple Comparison Test. Os valores são apresentados como médias com o respectivo desvio padrão. No que concerne às correlações, utilizou-se o programa IBM® SPSS® Statistics, recorrendo-se ao coeficiente de correlação de Spearman, sendo que se considerou P≤0,05 como estatisticamente significativo. 43 Resultados RESULTADOS 44 Resultados 1. ANÁLISE CITOGENÉTICA E ESPERMOGRAMA Dos 66 indivíduos incluídos neste estudo todos apresentavam cariótipo normal. Os resultados gerais da citogenética e espermograma, bem como a idade dos indivíduos são apresentados na Tabela 5. Tabela 5. Resultados gerais (idade, cariótipo e espermograma) das amostras em estudo. Amostra Idade Cariótipo Espermograma Amostra Idade Cariótipo Espermograma 1 31 46, XY Normozoospermia 34 30 46, XY Normozoospermia 2 35 46, XY Normozoospermia 35 28 46, XY Astenoteratozoospermia 3 31 46, XY Normozoospermia 36 38 46, XY Normozoospermia 4 27 46, XY Normozoospermia 37 25 46, XY Normozoospermia 5 30 46, XY Oligoteratozoospermia 38 26 46, XY Astenozoospermia 6 34 46, XY Teratozoospermia 39 28 46, XY Normozoospermia 7 33 46, XY Normozoospermia 40 31 46, XY Normozoospermia 8 31 46, XY Normozoospermia 41 33 46, XY Teratozoospermia 9 26 46, XY Normozoospermia 42 40 46, XY Normozoospermia 10 30 46, XY Astenozoospermia 43 48 46, XY Normozoospermia 11 22 46, XY Normozoospermia 44 42 46, XY Normozoospermia 12 29 46, XY Normozoospermia 45 34 46, XY Oligoastenoteratozoospermia 13 37 46, XY Oligoastenozoospermia 46 29 46, XY Normozoospermia 14 35 46, XY Azoospermia 47 31 46, XY Normozoospermia 15 33 46, XY Teratozoospermia 48 26 46, XY Oligoastenoteratozoospermia 16 37 46, XY Normozoospermia 49 27 46, XY Normozoospermia 17 34 46, XY Oligoastenozoospermia 50 31 46, XY Oligoastenozoospermia 18 22 46, XY Astenozoospermia 51 30 46, XY Oligoastenoteratozoospermia 19 35 46, XY Normozoospermia 52 27 46, XY Normozoospermia 20 48 46, XY Normozoospermia 53 32 46, XY Normozoospermia 21 32 46, XY Normozoospermia 54 31 46, XY Normozoospermia 22 31 46, XY Normozoospermia 55 34 46, XY Normozoospermia 23 25 46, XY Terarozoospermia 56 56 46, XY Astenozoospermia 24 39 46, XY Azoospermia 57 26 46, XY Oligoteratozoospermia 25 30 46, XY Astenozoospermia 58 35 46, XY Teratozoospermia 26 37 46, XY Normozoospermia 59 31 46, XY Normozoospermia 27 34 46, XY Normozoospermia 60 27 46, XY Normozoospermia 28 30 46, XY Normozoospermia 61 36 46, XY Astenozoospermia 29 24 46, XY Oligoastenoteratozoospermia 62 39 46, XY Normozoospermia 30 43 46, XY Astenoteratozoospermia 63 25 46, XY Oligoteratozoospermia 31 29 46, XY Normozoospermia 64 34 46, XY Normozoospermia 32 34 46, XY Teratozoospermia 65 35 46, XY Normozoospermia 33 40 46, XY Oligoteratozoospermia 66 36 46, XY Normozoospermia 45 Resultados Figura 8. Metafase e correspondente cariograma. Obtidas por bandeamento GTL. Figura 9. Metafase parcial (A) bandeamento GTL; (B) bandeamento CBL; pode-se verificar a heterocromatina constitucional no ramo longo do cromossoma Y. Tabela 6. Resultados obtidos pelo espermograma. N T A AT (n=39) (n=10) (n=9) (n=6) Idade 32,69 ± 0,98 27,50 ± 3,27 36,67 ± 2,74 28,67 ± 2,74 Volume do ejaculado (mL) 2,71 ± 0,26 3,06 ± 0,39 2,97 ± 0,25 3,61 ± 0,76 Tempo de abstinência 3,65 ± 0,22 4,75 ± 0,59 3,44 ± 0,24 3,00 ± 0,52 pH 8,08 ± 0,06 7,98 ± 0,09 8,10 ± 0,18 7,87 ± 0,19 Concentração (SPZ/mL) 100,77 ± 11,78 59,75 ± 26,62 27,97 ± 9,69 182,09 ± 165,43 % de SPZ Imóveis 16,36 ± 1,47 23,60 ± 2,02 47,33 ± 3,80 50,33 ± 4,78 17,74 ± 2,72 12,00 ± 3,25 4,67 ± 1,40 4,17 ± 2,02 Vitalidade 82,84 ± 1,31 78,30 ± 1,61 56,22 ± 5,23 55,83 ± 8,03 Teste hipoosmótico 82,28 ± 1,31 78,10 ± 1,59 51,44 ± 3,76 54,00 ± 8,47 % de SPZ típicos 7,26 ± 0,52 2,80 ± 0,88 5,44 ± 0,58 2,67 ± 0,33 Alterações na Cabeça 89,51 ± 1,11 94,40 ± 1,18 91,67 ± 0,97 95,17 ± 0,98 36,72 ± 2,46 52,10 ± 5,36 53,56 ± 5,18 62,17 ± 3,11 Alterações na Cauda 11,44 ± 1,20 18,80 ± 2,39 22,89 ± 3,89 26,67 ± 5,60 Índice Teratozoospérmico 1,49 ± 0,03 1,72 ± 0,07 1,57 ± 0,08 1,84 ± 0,03 % de SPZ Progressivos Rápidos Alterações na Peça Intermédia 46 Resultados As 64 amostras (excluídas as amostras com azoospermia) foram divididas pelos grupos NNormozoospermia e oligozoospermia; T- Teratozoospermia e Oligoteratozoospermia; AAstenozoospermia e Oligoastenozoospermia; AT- Astenoteratozoospermia e Oligoastenoteratozoospermia. Os resultados são apresentados sob a forma de média ± desvio padrão da média na Tabela 6. 2. ANEUPLOIDIAS ESPERMÁTICAS DOS CROMOSSOMAS SEXUAIS Figura 10. Aneuploidias espermáticas dos cromossomas sexuais. Cromossoma X- marcação verde, Cromossoma Y- marcação vermelha. Ampliação 100x. Em 9 das 25 amostras processadas não foram encontradas células com aneuploidias. Em média estas encontravam-se em 1,7% das células. A Tabela 7 sumaria as aneuploidias dos cromossomas sexuais encontradas. 47 Resultados Tabela 7. Aneuploidias dos cromossomas sexuais das células espermáticas. Amostra X Y XY0 XY XX YY 10 11 12 83 98 106 117 100 87 0 0 3 0 2 3 0 0 1 0 0 0 % de células portadoras de aneuploidias 0 1 3,5 14 15 16 17 18 19 20 90 84 113 84 101 112 85 105 101 86 116 99 86 111 3 6 1 0 0 1 3 0 2 0 0 0 1 0 2 4 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 1 2,5 7,5 0,5 0 0 1 2 21 22 23 107 97 91 92 102 107 1 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0,5 0,5 1 24 25 26 27 28 87 107 100 129 100 113 89 100 71 95 0 2 0 0 4 0 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 2,5 29 80 120 0 0 0 0 0 30 105 94 1 0 0 0 0,5 31 95 104 0 0 0 1 0,5 32 98 102 0 33 96 104 0 0 0 0 0 34 80 119 1 0 0 0 0,5 35 107 91 2 0 0 0 1 X- células portadoras do cromossoma X; Y- células portadoras do cromossoma Y; XY0- células sem cromossomas sexuais; XY- células com ambos cromossomas sexuais; XX- diploidia do cromossoma X; YYdiploidia do cromossoma Y. 3. TIÓIS TOTAIS Por termos um n=36 tivemos que dividir as amostras não em 4 mas em 2 grupos no caso N que inclui normozoospermia e oligozoospermia e P que inclui teratozoospermia, oligoteratozoospermia, astenozoospermia, oligoastenozoospermia, astenoteratozoospermia e oligoastenoteratozoospermia. Podemos verificar que não existem diferenças estatísticas entre os dois grupos (P= 0,6073) apesar de o grupo P apresentar um ligeiro aumento (8,3%) (N- 6,67 mM mg-1; P- 7,22 mM mg-1) (Figura 11). 48 Resultados 10 mM mg-1 8 6 4 2 0 N P Figura 11. Quantificação dos tióis totais. N- Normozoospermia e Oligozoospermia (n=26); PTeratozoospermia, Oligoteratozoospermia, Astenozoospermia, Oligoastenozoospermia, Astenoteratozoospermia e Oligoastenoteratozoospermia (n=10). A unidade apresentada é definida por mM de tióis mg-1 de proteína. 4. HIDROPERÓXIDOS Devido ao pequeno número de amostras (n=35) tivemos que dividir as amostras não em 4 mas em 2 grupos no caso N que inclui normozoospermia e oligozoospermia e P que inclui teratozoospermia, oligoteratozoospermia, astenozoospermia, oligoastenozoospermia, astenoteratozoospermia e oligoastenoteratozoospermia. É possível verificar uma diferença estatisticamente significativa (P= 0,0145) entre N (6,51 Eq. H2O2 10-7 cél) e P (7,99 Eq. H2O2 10-7 cél) sendo que os hidroperóxidos presentes no grupo P apresentam-se superiores, em média, 22,7%. 10 Eq. H2 O2 10-7 células a 8 6 4 2 0 N P Figura 12. Quantificação dos hidroperóxidos. N- Normozoospermia e Oligozoospermia (n=26); PTeratozoospermia, Oligoteratozoospermia, Astenozoospermia, Oligoastenozoospermia, Astenoteratozoospermia e Oligoastenoteratozoospermia (n=9). (a) é estatisticamente significativa relativamente a N. A unidade apresentada é definida por equivalentes de H2O2 por 107 espermatozóides. 49 Resultados 5. TBARS Devido ao pequeno número de amostras (n=31) tivemos que dividir as amostras não em 4 mas em 2 grupos no caso N que inclui normozoospermia e oligozoospermia e P que inclui teratozoospermia, oligoteratozoospermia, astenozoospermia, oligoastenozoospermia, astenoteratozoospermia e oligoastenoteratozoospermia. Pela Figura 13 podemos verificar que não existem diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos, mas o grupo que apresenta maior conteúdo em MDA é o grupo P (mais 12,2%) (N- 16,66 µmol (MDA) 10-9; P- 18,70 µmol (MDA) 10-9) (P= 0,1157) mol(MDA) 10-9 células 25 20 15 10 5 0 N P Figura 13. Método dos TBARS em µmol de MDA por 10-9 espermatozóides. N- Normozoospermia e Oligozoospermia (n=23); PTeratozoospermia, Oligoteratozoospermia, Astenozoospermia, Oligoastenozoospermia, Astenoteratozoospermia e Oligoastenoteratozoospermia (n=8). . 6. ACTIVIDADE ENZIMÁTICA DAS ENZIMAS ANTIOXIDANTES Para facilitar o tratamento dos dados e consequentemente melhor visualizar os mesmos as amostras foram divididas em 4 grupos, o grupo N ou Normozoospérmico, que corresponde às amostras que não apresentavam alterações no espermograma e inclui também amostras Oligozoospérmicas; o grupo T ou Teratozoospérmico que inclui as amostras teratozoospérmicas e oligoteratozoospérmicas; o grupo A ou Astenozoospérmico que inclui as amostras astenozoospérmicas e Astenoteratozoospérmico oligoastenozoospérmicas; que inclui as e amostras ainda o grupo AT ou astenoteratozoospérmicas e oligoastenoteratozoospérmicas. 50 Resultados 6.1. Superóxido Dismutase Na figura 14 estão representados os valores de actividade desta enzima nas amostras em estudo (n=51). Apesar de não se encontrarem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos (P=0,6634) os grupos com astenozoospermia (A- 0,3971 U mg-1 proteína; AT- 0,4000 U mg1 proteína) apresentam uma menor actividade quando comparados os outros dois grupos (N- 0,4344 U mg-1 proteína; T- 0,4600 U mg-1 proteína). U mg-1 protein 0.6 0.4 0.2 0.0 N T A AT Figura 14. Actividade da SOD em 51 amostras. N- Normozoospermia e oligozoospermia (n=28); TTeratozoospermia e Oligoteratozoospermia (n=10); A- Astenozoospermia e Oligoastenozoospermia (n=8); AT- Astenoteratozoospermia e Oligoastenoteratozoospermia (n=5). A unidade de actividade da SOD foi definida como a quantidade de SOD que inibe 50% da redução do NBT. 6.2. Glutationa S-transferase Na figura 15 estão representados os valores da actividade da GST (n=48). Neste caso podemos constatar que diferenças estatisticamente significativas (P=0,0017) entre o grupo N (1,1254 µM min-1 µg-1) e os grupos A (0,5796 µM min-1 µg-1) e AT (0,4519 µM min-1 µg-1). As diferenças são ainda significativas entre o grupo T (1,2034 µM min-1 µg-1) e os grupos A e AT. 51 Resultados 1.0 -1 µM min µg -1 1.5 a,b a,b 0.5 0.0 N T A AT Figura 15. Actividade da GST em 48 amostras. N- Normozoospermia e oligozoospermia (n=25); TTeratozoospermia e Oligoteratozoospermia (n=10); A- Astenozoospermia e Oligoastenozoospermia (n=8); AT- Astenoteratozoospermia e Oligoastenoteratozoospermia (n=5). (a) é estatisticamente significativa relativamente a N; (b) é estatisticamente significativa relativamente a T. A unidade de actividade da GST foi definida em µM de CDNB min-1 µg-1. 6.3. Catalase Na Figura 16 podemos verificar os valores relativos à actividade da enzima catalase nas amostras de espermatozóides analisadas (n= 48). Conclui-se na análise à referida figura que a actividade nos grupos N (0,4352 µmol H2O2 min-1 mg-1) e T (0,4140 µmol H2O2 min-1 mg-1) são ligeiramente maiores quando comparadas com os grupos A (0,4000 µmol H2O2 min-1 mg-1) e, principalmente, AT (0,3175 µmol H2O2 min-1 mg-1) (diminuição de 27% em relação a N e de 23,3% em relação a T), pese embora não se encontrem diferenças estatisticamente significativas (P= 0,7415). µmol H2 O2 min-1 mg-1 0.6 0.4 0.2 0.0 N T A AT Figura 16. Actividade da CAT em 48 amostras. N- Normozoospermia e oligozoospermia (n=25); TTeratozoospermia e Oligoteratozoospermia (n=10); A- Astenozoospermia e Oligoastenozoospermia (n=8); AT- Astenoteratozoospermia e Oligoastenoteratozoospermia (n=5). A unidade de actividade da CAT foi definida em µM de H2O2 min-1 mg-1 de proteína. 52 Resultados 7. ENSAIO DE TUNEL Figura 17. Ensaio de TUNEL. Marcação azul- espermatozóide sem dano; marcação verde- espermatozóides com dano. Ampliação 100x Na Figura 18 podemos verificar que os grupos com alterações dos parâmetros espermáticos (T- 15,9%; A- 16,0%; AT- 17,4%) apresentam mais células com dano no DNA quando comparado com o grupo normozoospérmico (9,6%), sendo que são variações estatisticamente significativas (n=53; P=0,0443). No entanto, entre os grupos com alterações dos parâmetros espermáticos não existem diferenças estatisticamente significativas. % de células com dano no DNA 25 a 20 a a 15 10 5 0 N T A AT Figura 18. Percentagem de células com dano no DNA. N- Normozoospermia e oligozoospermia (n=31); TTeratozoospermia e Oligoteratozoospermia (n=8); A- Astenozoospermia e Oligoastenozoospermia (n=9); AT- Astenoteratozoospermia e Oligoastenoteratozoospermia (n=5). (a) é estatisticamente significativa relativamente a N. 53 Resultados 8. ENSAIO DE COMETA Figura 19. Ensaio Cometa. Ampliação 100x. Na Figura 20 podemos verificar o dano basal no DNA presente nos diferentes grupos, com uma amostragem de n=49. Todos os grupos com alterações dos parâmetros espermáticos apresentam valores médios superiores ao grupo normal. No entanto, concluímos que nos grupos com alterações dos parâmetros espermáticos (T- 234UA; A- 211UA; AT- 251UA) existe mais dano basal que no grupo sem alterações (N- 171 UA), sendo que a comparação de T e AT com N são estatisticamente significativas. Já quando utilizada a enzima FPG parece existir menor dano total e apesar de não existirem relações estatisticamente significativas e a diferença entre grupos ser menor a tendência observada na Figura 20 parece ser seguida na Figura 21. Dano no DNA em UA 300 a a 200 100 0 N T A AT Figura 20. Dano no DNA em unidades arbitrárias. N- Normozoospermia e oligozoospermia (n=29); TTeratozoospermia e Oligoteratozoospermia (n=7); A- Astenozoospermia e Oligoastenozoospermia (n=8); AT- Astenoteratozoospermia e Oligoastenoteratozoospermia (n=5). (a) é estatisticamente significativa relativamente a N. 54 Resultados Dano no DNA em UA 250 200 150 100 50 0 N T A AT Figura 21. Dano no DNA em unidades arbitrárias após incubação com enzima FPG. N- Normozoospermia e oligozoospermia (n=29); T- Teratozoospermia e Oligoteratozoospermia (n=7); A- Astenozoospermia e Oligoastenozoospermia (n=8); AT- Astenoteratozoospermia e Oligoastenoteratozoospermia (n=5). 9. AVALIAÇÃO DE CORRELAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES VARIÁVEIS Foi igualmente objectivo no presente trabalho verificar se existia alguma relação entre os resultados típicos de um espermograma e os diferentes ensaios utilizados, bem como possíveis relações entre estes. Encontraram-se correlações positivas e estatisticamente significativas entre SOD e a GST (P<0,001) e a CAT (P<0,001). Foram encontradas correlações positivas (estatisticamente significativas) com o volume ejaculado (P=0,0037) e os tióis totais (P=0,015). Foram também encontradas correlações negativas com o pH do ejaculado (P=0,010) e com os resultados do ensaio de cometa em que houve incubação com a enzima FPG (P=0,043). No que concerne à GST além da correlação já citada com a SOD encontramos também correlações positivas (estatisticamente significativas) com a CAT (P<0,001), volume do ejaculado (P=0,003) e com o tempo de abstinência (P=0,004); constatamos ainda uma correlação negativa e estatisticamente significativa com o pH do ejaculado (P=0,003). Relativamente à CAT não foram encontradas outras correlações além das anteriormente apresentadas. Estas estão resumidas na Tabela 8. 55 Resultados Tabela 8. Correlação entre SOD, GST e CAT e os restantes resultados. SOD GST CAT n P n P n P Idade 65 0,498 65 0,404 65 0,509 Volume de ejaculado 65 0,037* (+) 65 0,003** (+) 65 0,060 Tempo de abstinência 61 0,139 61 0,004** (+) 61 0,334 pH 65 0,010** (-) 65 0,003** (-) 65 0,152 Concentração (SPZ/mL) 65 0,788 65 0,335 65 0,550 Imóveis 65 0,237 65 0,149 65 0,315 Progressivos Rápidos 65 0,373 65 0,254 65 0,383 Vitalidade 65 0,847 65 0,563 65 0,676 Teste hipoosmótico 65 0,803 65 0,777 65 0,961 SPZ típicos 65 0,765 65 0,743 65 0,857 Alterações na Cabeça 65 0,745 65 0,886 65 0,607 Alterações na Peça Intermédia 65 0,477 65 0,074 65 0,318 Alterações na Cauda 65 0,761 65 0,565 65 0,804 Índice Teratozoospérmico 65 0,544 65 0,126 65 0,438 Aneuploidias Espermáticas 25 0,414 25 0,492 25 0,456 Ensaio de TUNEL 56 0,716 56 0,993 56 0,965 Ensaio de Cometa 48 0,162 48 0,658 48 0,428 Ensaio de Cometa FPG 49 0,043* (-) 49 0,098 49 0,191 65 <0,001** (+) 65 <0,001** (+) 65 <0,001** (+) SOD GST 65 <0,001** (+) CAT 65 <0,001** (+) 65 <0,001** (+) TBARS 31 0,690 31 0,385 31 0,353 Hidroperóxidos 35 0,750 35 0,467 35 0,170 Tióis Totais 35 0,015* (+) 35 0,085 35 0,217 *- significância superior a 95%; **- significância superior a 99%; (+)- correlação de cariz positivo; (-)correlação de cariz negativo. 56 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 0,00 Tióis Totais (mM mg-1) Actividade da SOD (U mg-1 proteína) Resultados 1,00 2,00 3,00 4,00 (B) Actividade da GST (µM min-1 µg-1) 1,20 Actividade da CAT (µmol H2O2 min-1 mg-1) Actividade da CAT (µmol H2O2 min-1 mg-1) (A) 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 0,00 14 12 10 8 6 4 2 0 0,00 1,00 (C) 2,00 Actividade da GST (µM min-1 µg-1) 3,00 4,00 (D) 0,20 0,40 0,60 0,80 Actividade da SOD (U mg-1 proteína) 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 Actividade da SOD (U mg-1 proteína) Figura 22. Gráficos de dispersão correspondente às correlações entre: (A)- SOD e GST; (B)- Tióis totais e SOD; (C)- CAT e GST; (D)- CAT e SOD. No que diz respeito ao ensaio de cometa verificou-se a existência de correlações positivas e estatisticamente significativas com o número de espermatozóides imóveis (P=0,021) e com os resultados do ensaio de cometa em que houve incubação com a enzima FPG (P=0,002). Em relação ao ensaio de cometa em que houve incubação com a enzima FPG encontraram-se as relações estatisticamente significativas já referidas com a SOD e ensaio de Cometa. Já no que concerne ao ensaio de TUNEL encontrou-se uma correlação positiva e estatisticamente significativa com o número de espermatozóides imóveis (P=0,009) e correlações negativas e estatisticamente significativas com a concentração de espermatozóides (P=0,015) e com a vitalidade (P=0,019). 57 Resultados Tabela 9. Correlação entre Ensaio de Cometa, Ensaio de Cometa FPG e Ensaio de TUNEL e os restantes resultados. Ensaio Cometa Ensaio Cometa FPG Ensaio TUNEL n P n P n P Idade 48 0,677 49 0,321 56 0,496 Volume de ejaculado 48 0,616 49 0,555 56 0,250 Tempo de abstinência 47 0,778 48 0,295 53 0,635 pH 48 0,614 49 0,113 56 0,280 Concentração (SPZ/mL) 48 0,525 49 0,212 56 0,015* (-) Imóveis 48 0,021* (+) 49 0,226 56 0,009** (+) Progressivos Rápidos 48 0,593 49 0,517 56 0,657 Vitalidade 48 0,241 49 0,108 56 0,019* (-) Teste hipoosmótico 48 0,106 49 0,254 56 0,075 SPZ típicos 48 0,192 49 0,515 56 0,808 Alterações na Cabeça 48 0,488 49 0,814 56 0,710 Alterações na Peça Intermédia 48 0,130 49 0,556 56 0,184 Alterações na Cauda 48 0,453 49 0,512 56 0,294 Índice Teratozoospérmico 48 0,246 49 0,609 56 0,194 Aneuploidias Espermáticas 20 0,643 20 0,922 25 0,992 Ensaio de TUNEL 48 0,135 49 0,845 48 0,002** (+) 48 0,135 49 0,845 Ensaio de Cometa Ensaio de Cometa FPG 48 0,002** (+) SOD 48 0,162 49 0,043* (-) 56 0,716 GST 48 0,658 49 0,098 56 0,993 CAT 48 0,428 49 0,191 56 0,965 TBARS 21 0,089 22 0,923 23 0,674 Hidroperóxidos 23 0,587 24 0,613 26 0,424 Tióis Totais 20 0,274 24 0,552 26 0,948 *- significância superior a 95%; **- significância superior a 99%; (+)- correlação de cariz positivo; (-)correlação de cariz negativo. 58 350 300 300 250 Concentração (SPZ/mL) Cometa (Dano em UA) Resultados 250 200 150 100 200 150 100 50 50 0 0 0 (C) 20 30 40 50 0 (B) 10 80 70 60 50 40 30 20 10 0 20 30 40 30 40 TUNEL (% células com dano) % de SPZ imóveis 120 Vitalidade (% de SPZ vivos) % SPZ imóveis (A) 10 100 80 60 40 20 0 0 10 20 TUNEL (% células com dano) 30 40 (D) 0 10 20 TUNEL (% células com dano) Figura 23. Gráficos de dispersão correspondente às correlações entre: (A)- Cometa e % de SPZ imóveis; (B)TUNEL e concentração; (C)- TUNEL e % SPZ imóveis; (D)- TUNEL e vitalidade. Com o presente trabalho verificaram-se inúmeras correlações estatisticamente significativas positivas entre os TBARS e os restantes resultados, concretizando, alterações morfológicas da cabeça (P=0,013), alterações morfológicas da peça intermédia (P<0,001), índice teratozoospérmico (P<0,001) e hidroperóxidos (P=0,026) encontrou-se ainda uma correlação negativa e estatisticamente significativa com o número de espermatozóides morfologicamente típicos (P=0,024). Em relação aos hidroperóxidos verificou-se somente a correlação com os TBARS, anteriormente referida. Para os tióis totais encontraram-se 3 correlações positivas e estatisticamente significativas com o volume do ejaculado (P=0,046), a concentração de espermatozóides por mililitro (P<0,001) e com a SOD (P=0,015). 59 Resultados Tabela 10. Correlação entre quantidade de MDA, hidroperóxidos e tióis totais e os restantes resultados. TBARS Hidroperóxidos Tióis Totais n P n P n P Idade 31 0,684 35 0,910 35 0,691 Volume de ejaculado 31 0,345 35 0,987 35 0,046* (-) Tempo de abstinência 29 0,650 33 0,142 33 0,117 pH 31 0,640 35 0,111 35 0,123 Concentração (SPZ/mL) 31 0,433 35 0,086 35 <0,001** (+) Imóveis 31 0,747 35 0,388 35 0,863 Progressivos Rápidos 31 0,437 35 0,965 35 0,488 Vitalidade 31 0,532 35 0,887 35 0,712 Teste hipoosmótico 31 0,514 35 0,936 35 0,861 SPZ típicos 31 0,024* (-) 35 0,252 35 0,924 Alterações na Cabeça 31 0,013* (+) 35 0,134 35 0,606 Alterações na Peça Intermédia 31 <0,001** (+) 35 0,435 35 0,064 Alterações na Cauda 31 0,981 35 0,463 35 0,617 Índice Teratozoospérmico 31 <0,001** (+) 35 0,519 35 0,085 Aneuploidias Espermáticas 8 0,332 10 0,526 10 0,538 Ensaio de TUNEL 23 0,674 26 0,424 26 0,948 Ensaio de Cometa 21 0,089 23 0,587 23 0,274 Ensaio de Cometa FPG 22 0,923 24 0,613 24 0,552 SOD 31 0,690 35 0,750 35 0,015* (+) GST 31 0,385 35 0,467 35 0,085 CAT 31 0,353 35 0,170 35 0,217 31 0,026* (+) 31 0,850 35 0,155 TBARS Hidroperóxidos 31 0,026* (+) Tióis Totais 31 0,850 35 0,155 *- significância superior a 95%; **- significância superior a 99%; (+)- correlação de cariz positivo; (-)correlação de cariz negativo. 60 Hidroperóxidos (Eq. H2O2 10-7 SPZ) 12 10 8 6 4 2 0 0 (A) 10 20 30 40 TBARS (µmol (MDA) 10-9) Índice Teratozoospérmico Resultados 2,5 2 1,5 1 0,5 0 (B) 15 Concentração (SPZ/mL) % SPZ típicos 20 10 5 0 (C) 0 10 20 TBARS (µmol (MDA) 10-9) 30 40 0 10 20 30 40 TBARS (µmol (MDA) 10-9) 350 300 250 200 150 100 50 0 (D) 0 5 10 15 20 Tióis Totais (mM mg-1 proteína) Figura 24. Gráficos de dispersão correspondente às correlações entre: (A)- TBARS e Hidroperóxidos; (B)TBARS e Índice Teratozoospérmico; (C)- TBARS e % SPZ típicos; (D)- Tióis totais e Concentração. . 61 25 Discussão dos Resultados DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 62 Discussão dos Resultados A análise citogenética foi importante para eliminar uma possível anomalia citogenética como problema de fundo para as alterações nos parâmetros espermáticos. Seria ainda uma maisvalia, caso encontrássemos anomalias citogenéticas, perceber qual a influência destas no stresse oxidativo e dano no DNA. Nos últimos anos a evidência científica tem apontado para que os ROS tenham um papel determinante na etiologia da função defeituosa dos espermatozóides. A produção dos mesmos no tracto genital masculino tem vindo a tornar-se especial objecto de interesse visto o seu potencial tóxico, quando em níveis elevados, para a qualidade e função espermáticas. Os espermatozóides são especialmente sensíveis aos ROS pois a sua membrana plasmática é rica em PUFA (Lanzafame et al., 2009) e também porque o seu citoplasma contém baixas concentrações de enzimas antioxidantes (de Lamirande and Gagnon, 1995b). Isto associado a uma produção excessiva de ROS no plasma seminal parece estar associada com potenciais de fertilização reduzidos, alterações no metabolismo, motilidade e morfologia dos espermatozóides (Shiva et al., 2011). Para avaliar o estado de stresse oxidativo, neste trabalho, utilizaram essencialmente 3 indicadores, no caso, formação de espécies reactivas ao ácido tiobarbitúrico (ex. MDA), formação de hidroperóxidos e o conteúdo em tióis totais, resultantes, respectivamente, da peroxidação lipídica e oxidação de proteínas. No que concerne à quantidade de MDA podemos verificar que o grupo que incluía as alterações dos astenozoospermia, parâmetros espermáticos (teratozoospermia, oligoastenozoospermia, oligoteratozoospermia, astenoteratozoospermia e oligoastenoteratozoospermia) apresentava uma quantidade de MDA na ordem dos 18,69 µmol de MDA por 10-9 células enquanto o grupo que incluía os normozoospérmicos e oligozoospérmicos apresentava 16,66 µmol de MDA por 10-9 células, ainda que as diferenças não fossem estatisticamente significativas. Diversos trabalhos encontraram maiores quantidades de MDA nos grupos astenozoospérmico e oligoastenozoospérmico tendo por isso sido concluído que a quantidade de MDA poderia ser um bom indicador para a motilidade e concentração de espermatozóides, sendo que os nossos resultados se encontram de acordo com o descrito. (Huang et al., 2000, Keskes-Ammar et al., 2003, Ben Abdallah et al., 2009). Trabalhos semelhantes foram realizados com apenas 2 grupos, normozoospérmicos e astenozoospérmicos, mas com resultados semelhantes aos anteriores (Griveau et al., 1995, Tavilani et al., 2005). Estas conclusões não são no entanto consensuais pois outros autores mostraram que os níveis de MDA não estavam correlacionados com a motilidade ou concentração (Suleiman et al., 1996). 63 Discussão dos Resultados Encontramos ainda correlações positivas e estatisticamente significativas com as alterações na cabeça, alterações na peça intermédia e índice teratozoospérmico e uma correlação negativa e estatisticamente significativa com os espermatozóides morfologicamente típicos, o que é consistente com os resultados obtidos por outros autores que encontraram relações estatisticamente significativas entre o nível de MDA e a morfologia (Zabludovsky et al., 1999, Ollero et al., 2001, Colagar et al., 2009). Encontrou-se ainda correlação positiva e estatisticamente significativa com os hidroperóxidos o que vem validar os resultados obtidos no presente trabalho. Os hidroperóxidos são largamente utilizados como indicação de dano precoce por radicais livres e outras espécies reactivas de oxigénio (ROS) em lípidos (Gay and Gebicki, 2003, Rahmanto et al., 2010, Grintzalis et al., 2012). Para a sua avaliação, as amostras foram divididas em dois grupos de modo semelhante ao utilizado para a avaliação das espécies reactivas ao ácido tiobarbitúrico. Observaram-se diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos com valores na ordem dos 6,51 equivalentes de H2O2 por cada 107 células para o grupo N e de 7,99 equivalentes de H2O2 por cada 107 células para o grupo P. Apesar disto nenhuma correlação estatisticamente significativa foi estabelecida, no entanto verifica-se uma tendência negativa relativamente à concentração de espermatozóides (P=0,086) que vai de encontro aos resultados obtidos noutros trabalhos (já referidos) com a concentração de MDA, mas que necessitaria de um aumento do número de amostras para que fosse possível obter uma conclusão definitiva. De acordo com a pesquisa bibliográfica efectuada não foi encontrada bibliografia, relativa à concentração de hidroperóxidos, não tendo sido possível comparar os resultados obtidos no presente trabalho. O aumento da peroxidação lipídica da membrana plasmática dos espermatozóides pode provocar uma alteração na fluidez da mesma que pode levar a alterações no metabolismo, na reactividade da reacção acrossómica, na capacidade do espermatozóide para fecundar o oócito, na concentração, na motilidade e na morfologia (Ebisch et al., 2006), o que pode explicar os nossos resultados. Outro dos indicadores de stresse oxidativo avaliado foi o conteúdo de proteínas não oxidadas com base na variação do conteúdo em tióis totais. A manutenção dos grupos sulfridilos proteicos são essenciais para um folding e uma actividade proteica correctos. A glutationa reduzida (GSH) presente no espaço extracelular reage com os aldeídos provenientes da peroxidação lipídica da membrana, protegendo os grupos sulfridilos livres da membrana plasmática dos espermatozóides (Eskiocak et al., 2005, Shiva et al., 2011). A exemplo do que aconteceu com os TBARS e com os hidroperóxidos também aqui se dividiram os sujeitos por dois 64 Discussão dos Resultados grupos, N e P, e também aqui o grupo P tem um valor médio mais elevado, sendo que as diferenças entre eles não são estatisticamente significativas. Além disto encontraram-se correlações positivas e estatisticamente significativas com a concentração de espermatozóides e com a actividade da SOD e correlações negativas estatisticamente significativas com o volume do ejaculado, e parecem existir tendências para alterações da peça intermédia (P=0,064), índice teratozoospérmico (P=0,085) e actividade da GST (P=0,085). Shiva et al. em 2011 apesar de não encontrar correlações estatisticamente significativas, verificou no entanto a existência de uma tendência quando comparou a motilidade (P=0,068) (comparando astenozoospérmicos com progressivos) e concentração (P=0,057) (comparando oligozoospérmicos com normozoospérmicos). Zini et al. (2001) verificou diferenças estatisticamente significativas entre homens férteis e inférteis e ainda correlação positiva com a desnaturação do DNA e negativa com a concentração, motilidade e morfologia. Lewis et al. em 1997 encontrou diferenças estatisticamente significativas entre amostras astenozoospérmicas e normozoospérmicas. Correlações estatisticamente significativas negativas entre os tióis totais e motilidade e morfologia foram referidas por diversos autores (Sun et al., 1997, Irvine et al., 2000, Zini et al., 2001). O DNA espermático encontra-se altamente compactado, devido à substituição de histonas por protaminas ricas em cisteína. A oxidação dos grupos tióis nestas ocorre fisiologicamente para que ocorra a estabilização da cauda e consequentemente os espermatozóides adquiram motilidade e a estabilização do DNA. Assim, um aumento nesta oxidação pode levar a uma maior susceptibilidade ao dano do DNA. Zini et al. (2001) não encontrou qualquer correlação ou diferenças estatisticamente significativas no dano no DNA entre homens com níveis diferentes de concentração de tióis à semelhança do nosso trabalho. Fisiologicamente existe um equilíbrio entre a produção de ROS e os antioxidantes. O dano celular apenas ocorre quando este equilíbrio é descompensado, especialmente quando os sistemas antioxidantes não conseguem compensar o aumento dos ROS, sendo que no fluido seminal níveis adequados de SOD e CAT desempenham um papel fundamental neste equilíbrio (Kobayashi et al., 1991, Khosrowbeygi and Zarghami, 2007, Ben Abdallah et al., 2009). Em relação à SOD não se encontraram diferenças estatisticamente significativas entre os 4 grupos apesar dos dois grupos que apresentam astenozoospermia apresentarem valor médio ligeiramente inferior. Hsie et al. em 2002 não encontrou diferenças estatisticamente significativas entre oligoastenozoospérmicos e normozoospérmicos no plasma seminal, a exemplo deste, muitos outros autores, utilizando diferentes divisões, foram incapazes de estabelecer diferenças 65 Discussão dos Resultados estatisticamente significativas (Sanocka et al., 1996, Tkaczuk-Wlach et al., 2002, Khosrowbeygi and Zarghami, 2007, Tavilani et al., 2008), só Ben Abdallah et al. (2009) encontrou diferenças estatisticamente significativas entre oligoastenozoospérmicos e astenozoospérmicos (maior actividade) em relação a normozoospérmicos, sendo no entanto necessário a obtenção de mais resultados para que se possa perceber efectivamente a relevância da SOD neste tipo de alterações. Encontramos correlações positivas e estatisticamente significativas entre a SOD e a CAT, a GST, os tióis totais e o volume do ejaculado; e negativas com o pH e com o resultado do ensaio de Cometa quando existia incubação com a enzima FPG. Shiva et al. em 2010 encontrou também correlações positivas com a CAT, GST e tióis totais, Tavilani et al. em 2008 também encontrou correlação entre a SOD e a CAT. Na bibliografia podem-se encontrar correlações positivas com a concentração de MDA (Tavilani et al., 2008, Ben Abdallah et al., 2009); e negativas com a concentração de espermatozóides e morfologia normal (Ben Abdallah et al., 2009). Em relação à CAT não se encontraram diferenças estatisticamente significativas entre os 4 grupos apesar de A e AT apresentarem uma redução significativa na sua actividade, mais evidente em relação ao que a acontece com a SOD apesar de apresentar a mesma tendência. Estes resultados estão de acordo com alguns dos resultados descritos na literatura (Khosrowbeygi and Zarghami, 2007, Tavilani et al., 2008, Ben Abdallah et al., 2009, Shiva et al., 2011), chamamos a atenção para o facto de Bem Abdallah et al. (2009) encontrar menor actividade de CAT nos grupos astenozoospérmico e oligoastenozoospérmico e de Khosrowbeygi e Zarghami (2007) encontrar uma menor actividade de CAT astenozoospérmico, astenoteratozoospérmico e oligosastenoteratozoospérmico. Verificaram-se existir ainda correlações positivas e estatisticamente significativas com a SOD e a GST. Como já havíamos referido Shiva et al. em 2010 encontrou também correlações positivas com a SOD e a GST e Tavilani et al. em 2008 também encontrou correlação entre CAT e a SOD. Analisamos ainda a actividade de GST pois esta mostrou-se ser muito importante visto os espermatozóides usarem GSH exógena por intermédio da actividade catalítica da GST para manter a competência funcional ao nível da motilidade, vitalidade, estado mitocondrial, capacidade de ligação ao oócito e capacidade de fertilização durante a exposição a H 2O2 ou a produtos da peroxidação lipídica (Hemachand and Shaha, 2003). Os resultados provenientes da análise de actividade da GST mostraram-se muito interessantes pois pode-se verificar uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos N e T e os grupos A e AT o que parece indicar mais uma vez que também a GST está altamente 66 Discussão dos Resultados relacionada com alterações na mobilidade. Infelizmente não é possível comparar estes resultados com os descritos na literatura visto não se terem encontrado trabalhos semelhantes. Além disto encontraram-se correlações positivas e estatisticamente significativas com a SOD, a CAT, o volume de ejaculado e o tempo de abstinência antes da colheita e negativa com o pH. Parecem ainda existir tendências, positiva em relação ao conteúdo total de tióis (p=0,085); e negativa em relação às alterações da peça intermédia (p=0,074). Infelizmente pela escassez de resultados não é possível que estes sejam comparados com a bibliografia. As alterações encontradas no presente trabalho podem ser importantes na protecção dos espermatozóides contra o dano oxidativo durante a espermiogénese, visto os espermatozóides maduros serem incapazes de sintetizar proteínas (Shiva et al., 2011). Na etiologia da infertilidade, além do estudo do stress oxidativo com avaliação do peroxidação lipídica, oxidação proteica e alterações no sistema de defesa antioxidante, também o dano do DNA desempenha um papel importante (Shen and Ong, 2000). O dano no DNA na linha germinativa masculina tem sido implicado na etiologia de diversas patologias, que incluem infertilidade, aborto, doenças genéticas dominantes, e um conjunto complexo de alterações neurológicas como a esquizofrenia, epilepsia e autismo (De Iuliis et al., 2009). Para o estudo do dano no DNA nas nossas amostras decidiu-se utilizar duas técnicas diferentes, a técnica de TUNEL e o ensaio de Cometa. Em relação ao ensaio de TUNEL podemos verificar diferenças estatisticamente significativas entre os grupos T, A e AT em relação a N. Estes resultados estão assim de acordo com alguns dos resultados obtidos por outros autores. Brahem et al. (2011) encontrou diferenças estatisticamente significativas entre homens férteis normozoospérmicos e homens teratozoospérmicos; Host et al. (1999) encontrou diferenças estatisticamente significativas entre homens oligozoospérmicos e normozoospérmicos; já Mehdi et al. (2009) não encontrou diferenças estatisticamente significativas entre homens normozoospérmicos e astenozoospérmicos mas encontrou entre normozoospérmicos e teratozoospérmicos. Outros trabalhos relacionam o dano no DNA (analisado por TUNEL) e a alteração dos parâmetros espermáticos (Sun et al., 1997, Muratori et al., 2000, Benchaib et al., 2003, Sergerie et al., 2005a, Sergerie et al., 2005b). Apesar da similitude entre estudos os valores de percentagem de dano diferem muito de autor para autor sendo que os nossos resultados são ligeiramente mais baixos daqueles apresentados na bibliografia, o que talvez se deva à utilização por parte destes de citometria de fluxo para analisar os resultados. Sharma et al. (2010) tentou definir um limite de 67 Discussão dos Resultados dano que seria considerado normal para que pudesse ser utilizado nos laboratórios de diagnóstico e estabeleceu o patamar de 19,25% de células com dano, o que excluiria da anormalidade quase todos os indivíduos presentes neste trabalho, o que nos parece manifestamente exagerado. Pelo que mais estudos são necessários para que se possa estabelecer um cutt-of. Encontraram-se ainda correlações positivas e estatisticamente significativas no resultado do ensaio de TUNEL com o número de espermatozóides imóveis e negativas com a concentração e a vitalidade. Resultados também eles já descritos na bibliografia, encontram-se correlações negativas entre o dano no DNA e a motilidade (Sun et al., 1997, Muratori et al., 2000), morfologia (Sun et al., 1997, Muratori et al., 2000, Mehdi et al., 2009, Brahem et al., 2011), concentração (Sun et al., 1997) e vitalidade (Mitchell et al., 2011). Para analisar o dano no DNA foi utilizado ainda o ensaio de Cometa com e sem incubação com a enzima FPG. Podemos observar existirem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em estudo T e AT em relação a N e que existe uma diferença considerável entre o grupo A em relação a N. Apesar de não termos encontrado trabalhos com a mesma divisão de grupos que o nosso, verificamos, existirem vários trabalhos que comparam homens normozoospérmicos férteis com homens com problemas de reprodução e em que os últimos apresentam maior dano (Ahmad et al., 2007, Sheikh et al., 2008). Já Kumar et al. (2011) verificou diferenças estatisticamente significativas entre normozoospérmicos e astenoszoospérmicos e teratozoospérmicos. Shamsi et al. (2010) encontrou maior dano nos grupos oligozoospérmicos, astenozoospérmicos e oligoastenozoospérmicos. Além disto encontramos uma correlação positiva e estatisticamente significativa com os espermatozóides imóveis o que vai de encontro ao descrito na bibliografia (Lu et al., 2002, Morris et al., 2002, Silver et al., 2005, Sheikh et al., 2008). Infelizmente, e talvez por algum problema relacionado com a enzima FPG, os resultados do ensaio de Cometa com incubação com a referida enzima não corresponderam ao esperado, sendo que o dano médio para todos os grupos são significativamente inferiores aqueles obtidos pelo ensaio de cometa. Os resultados (dos ensaios de TUNEL e Cometa) mostram inequivocamente uma relação muito próxima entre dano no DNA e os parâmetros avaliados pelo espermograma. Sendo que os normozoospérmicos apresentam muito menor dano que os que apresentam uma qualquer alteração nos parâmetros espermáticos convencionais. 68 Conclusões CONCLUSÕES 69 Conclusões O presente estudo leva-nos a concluir que na causa da infertilidade idiopática, uma abordagem mais abrangente, envolvendo as diferentes técnicas utilizadas no presente trabalho, poderá esclarecer o diagnóstico. Esta conclusão geral deve ser complementada com as conclusões particulares: i. A avaliação citogenética é importante, como avaliação de primeira linha, no estudo da infertilidade masculina; ii. A peroxidação lipídica (MDA e hidroperóxidos) foi maior no grupo com alterações dos parâmetros de qualidade espermática. Com correlação estatisticamente significativa entre si e com a morfologia; iii. A actividade das enzimas antioxidantes encontrava-se aumentada no grupo T o que sugere que este aumento não foi eficaz para anular o efeito dos ROS; iv. A diminuição da actividade de GST parece estar intimamente ligada a alterações na mobilidade dos espermatozóides; v. O ensaio de TUNEL parece estar associado com a morte celular (pois apresenta correlações estatisticamente significativas positiva com a % de espermatozóides imóveis; e negativa com a vitalidade) ao contrário do descrito na bibliografia; vi. O dano no DNA parece estar intimamente associado aos parâmetros de qualidade espermática. A associação dos resultados obtidos nas duas técnicas utilizadas (Cometa e TUNEL) confere uma informação mais completa sobre o dano no DNA e o seu significado biológico na infertilidade masculina. Trabalhos futuros podem incluir o estudo de marcadores de stresse oxidativo, sistema antioxidante e dano no DNA em mais amostras, sempre em relação à qualidade espermática. 70 Referências Bibliográficas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 71 Referências Bibliográficas Abdel Raheem A, Ralph D, Minhas S (2012) Male infertility. 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Metotrexato: Para obter a solução pretendida efectuar as seguintes diluições: Solução A: pesar 5 mg de metotrexato e adicionar 2 mL de água destilada estéril. Guardar no frigorífico. Solução B: 0,1 mL da solução A + 9,9 mL de água destilada estéril. Solução C: 1 mL de solução B + 9 mL de água destilada estéril. Timidina: Para a concentração final de 0,3 µg/mL. Pesar 2,4 mg de timidina e adicionar 5 mL de meio completo. Agitar suavemente. Colcemide: concentração final de 10 µg/mL. Solução hipotónica: cloreto de potássio a 0,0075M. Dissolver 5,6 g de KCl em 1 L de água destilada; guardar no frigorífico. Fixador 3:1: 3 volumes de metanol para 1 volume de ácido acético. Usar fresco. Brometo de Etídeo: pesar 10 mg de brometo de etídeo e dissolver em 1 mL de água. Filtrar em filtro milipore e congelar em alíquotas. Envolver em papel de alumínio. Sementeira: Distribuição de 5 mL de meio de cultura por cada tubo e adição de 2 gotas de fitohemaglutinina para a estimulação dos linfócitos T. Homogeneizar os sangues e colocar oito gotas em cada tubo, incubando a 37°C durante 48 a 72 horas, com cuidado de manter as culturas a uma inclinação aproximada de 30°, para aumentar a área de superfície de contacto com o meio. Em seguida, adicionar 2 gotas de solução de metotrexato C e incubar os tubos durante 17 horas a 37°C mantendo a inclinação a 30°. Segue-se uma centrifugação durante 10 minutos a 1200 rpm e rejeição do sobrenadante. Ressuspensão do pellet com 5 mL de novo meio de cultura e adição de 1 gota de timidina, incubando durante 4 horas a 37°C e mantendo a inclinação. Adição de 5,7 µL de brometo de etídio e incubar durante 1 hora e 30 minutos a 37°C. 85 Anexos Para terminar, adicionar a cada tubo 5 gotas de colcemide e agitar suavemente. Incubar a 37°C durante 30 minutos com inclinação de 30°. Manipulação: Centrifugar os tubos durante 4 minutos a 2000rpm; Rejeitar o sobrenadante (deixar cerca de 0,5 mL) e ressuspender; Adicionar, lentamente, a cada tubo com agitação moderada, 10 mL da solução hipotónica, previamente aquecida a 37°C; Incubar durante 15 minutos a 37°C; Centrifugar durante 4 minutos a 2000rpm; Rejeitar o sobrenadante (deixar cerca de 0,5 mL) e ressuspender; Adicionar, lentamente, e sob agitação o fixador 3:1, previamente refrigerado; Centrifugar durante 4 minutos a 2000rpm; Rejeitar o sobrenadante (deixar cerca de 0,5 mL) e ressuspender; Adicionar, lentamente, e sob agitação o fixador 3:1, previamente refrigerado; Rejeitar o sobrenadante (deixar cerca de 0,5 mL) e ressuspender; Adicionar, lentamente, e sob agitação o fixador 3:1, previamente refrigerado; Após a 3 lavagem, decantar o sobrenadante, e adicionar algumas gotas de fixador (recentemente preparado, para fazer o espalhamento. Espalhamento: Agitar a suspensão celular; Colocar aproximadamente 2 gotas de suspensão celular sobre a lâmina; Secar as lâminas sobre uma placa de aquecimento à temperatura de 60°C; Para envelhecer as lâminas, conservá-las durante 30 minutos, sobre a placa de aquecimento. 86