a t s i ev ISSN 2318-9509 | Volume III - Número II - novembro de 2015 R foto: Alexandre Macieira, RIOTUR | Pedra Bonita Publicação oficial da Associação de Cirurgia Pediátrica do Estado do Rio de Janeiro PEDIATRIA Estrada dos Três Rios, 1.366, Freguesia, Jacarepaguá TEL: (21) 2448 3600 w w w . r i o s d o r. c o m . b r UTI Pediátrica preparada para assistência à criança e ao adolescente que necessitem de tratamento intensivo, contando com equipamentos de última geração e uma equipe multidisciplinar (nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, enfermeiro e psicólogo). Emergência 24h com 9 leitos de atendimento de repouso e sala de medicação com 6 leitos. Toda a infraestrutura em exames e diagnósticos por imagem no próprio hospital. Centro cirúrgico composto por 6 salas, onde podem ser realizados desde procedimentos simples até intervenções de alta complexidade. Unidade de internação composta por 14 leitos decorados, espaçosos e equipados, além de quartos com berços para acolher os bebês. 2 Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Editorial DRA. LISIEUX EYER DE JESUS Editora da Revista CIPERJ | [email protected] Membro Titular da CIPE e do CBC. Integrante da Câmara Técnica de Cirurgia Pediátrica do CREMERJ. Vice-presidente da CIPERJ. Universidade Federal Fluminense (UFF), Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (HFSE). EDITORIAL Amigos, Pensei que este editorial fosse ser triste, um editorial de crise. Crise do país, da profissão. E da nossa CIPERJ, repercutindo as outras duas, sentindo a brisa pouco cálida da desesperança, que invadiu o Brasil neste ano ruim de 2015. Errei. Porque junto com as dificuldades que atravessamos veio a resiliência. A persistência. A solidariedade. A vontade de continuar, nem que seja p e l a f é d e q u e v a l e à p e n a . Junto com as dificuldades, crescemos. Apesar das dificuldades, crescemos. Desafiando as dificuldades, crescemos. Maravilhosa a sensação de que no meio de tantos problemas, persistimos. Neste número, algumas ótimas aquisições: temos dois excelentes artigos de colegas brasileiros de fora do Rio, que nos honraram com sua confiança e colaboração. Crescemos. Obrigada aos grupos do Ceará e São Paulo que nos mandaram seus projetos. Que venham mais trabalhos, queremos muito nos integrar com todos aqueles que trabalham conosco, ainda que de muito longe. Temos um artigo sobre administração financeira que é o primeiro produto da nossa idéia de fazer da Revista CIPERJ não só um veículo de divulgação científica, mas também uma forma de trazer informação útil para cirurgiões pediátricos. Um meio de traduzir as coisas práticas para nós, de traduzir para nós as exigências de um mundo moderno, que é tremendamente veloz e multitarefa. Pretendemos trazer artigos de especialistas de outras áreas que nos ajudem a utilizar ferramentas de informática, mecanismos de administração financeira e investimentos, instrumentos de fotografia, métodos de preservação da saúde e qualidade de vida dos cirurgiões pediátricos, ergonomia e o que mais possa nos interessar. Enfim, informações que complementem 3 Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 as necessidades diárias de um cirurgião pediátrico, que vão muito além de diagnóstico e técnica operatória. Nossa seção classificações desta vez enfoca a classificação internacional de tumores e malformações vasculares, um assunto complexo que evoluiu recentemente a partir das idéias inovadoras de Mulliken. Finalmente, um "estrangeiro" (de fora do Rio...) na sessão memória. Mas não vale, ele é um cariúcho, afinal de contas. Um ícone da cirurgia pediátrica do Brasil. Um amigo de todos nós. Fomos remexer com as memórias do Prof Pippi-Salle. E, com elas, com o que foi a evolução da cirurgia pediátrica do Brasil desde os anos 70. Fomos perguntar como se chega longe sendo cirurgião pediátrico e brasileiro. E o que isso representa. Para descobrir que, talvez, ensinar seja o maior dos ganhos. Para descobrir que, talvez, formar gente seja até melhor do que ser. Espero que gostem. Feliz Natal e Ano Novo para todos. Que tenhamos a chance de melhorar, crescer mais ainda e achar novamente o caminho da prosperidade, do bom senso e da alegria no Brasil de 2016. Para terminar bem, falando de resiliência e recomeço, fiquem com o poeta, falando de crianças: ... Sua formosura eis aqui descrita: é uma criança pequena, encrenque e setemesinha, mas as mãos que criam coisas nas suas já se adivinha... ...Belo porque é uma porta abrindo-se em mais saídas Belo como a última onda que o fim do mar sempre adia É tão belo quanto as ondas em sua adição infinita Belo porque tem do novo a surpresa e a alegria Belo como a coisa nova na prateleira até então vazia Como qualquer coisa nova inaugurando o seu dia Ou como o caderno novo quando a gente o principia Índice | Conselho Editorial É belo porque o novo todo o velho contagia Belo porque corrompe com sangue novo a anemia Infecciona a miséria com vida nova e sadia Com oásis o deserto, com ventos a calmaria. (in Morte e Vida Severina, João Cabral de Melo Neto) Lisieux Eyer de Jesus Editor-chefe da Revista da CIPERJ CONSELHO EDITORIAL AROVEL OLIVEIRA MOURA JUNIOR MARIA APARECIDA SIQUEIRA DE ANDRADE Instituto Nacional de Câncer (INCA) e Hospital Federal da Hospital Federal Cardoso Fontes Lagoa SAMUEL DEKERMACHER CARLOS MURILO GUEDES DE MELLO Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) Universidade Federal Fluminense (UFF) SÉRGIO REGO DOMINGOS BICA Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) SIMÔNIDES DA SILVA BACELAR IRNAK MARCELO BARBOSA Prof. Titular de Medicina da FACIPLAC e Membro Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Hospital Academia de Medicina de Brasília Público de Macaé STELLA SABBATINI IVENS BAKER MÉIO Instituto Fernandes Figueira (IFF) e Hospital Federal dos Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Servidores do Estado (HFSE) JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA TÓRTORA Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) LAURA HELMAN Universidade Federal do Rio de Janeiro, Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) ÍNDICE 3 Editorial 4 Conselho Editorial e Índice 5 Pancreatite Aguda em Pediatria: Revisão da Literatura 10 Isosexual Precocious Puberty Secondary to Ovarian Tumor in a Pre-schooler 12 Eventos 13 Economia e Investimentos 15 Paniculite mesentérica como diagnóstico diferencial de abdome agudo em criança 16 Memória CIPERJ 20 Classificações em Cirurgia Pediátrica 21 Informe CIPERJ 22 Expediente 4 Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Pancreatite Aguda em Pediatria: Revisão da Literatura PANCREATITE AGUDA EM PEDIATRIA: REVISÃO DA LITERATURA AUTORES: Rocino Marinho de Oliveira Neto1, Ewerton Franco de Souza2, Antônio Aldo Melo Filho3, Augusto César Gadelha de Abreu Filho4. 1) Residente de cirurgia pediátrica do Hospital Infantil Albert Sabin - Fortaleza, Ceará; 2) Residente de cirurgia pediátrica do Hospital Infantil Albert Sabin - Fortaleza, Ceará; 3) Chefe do serviço de cirurgia pediátrica do Hospital Infantil Albert Sabin - Fortaleza, Ceará; 4) Coordenador da residência de cirurgia pediátrica do Hospital Infantil Albert Sabin - Fortaleza, Ceará. RESUMO Propõe-se descrever as principais definições e os principais aspectos epidemiológicos, clínicos, diagnósticos e do tratamento de crianças com pancreatite aguda e também avaliar os principais preditores de gravidade. Procedeu-se pela utilização de revisão da literatura sobre pancreatite aguda em crianças, bem como consulta a referências relevantes dos textos obtidos. Constatou-se que o diagnóstico precoce e o manejo apropriado podem contribuir para a melhor evolução da criança com pancreatite; que mais estudos são necessários para melhor elucidar aspectos relacionados ao diagnóstico clínico da pancreatite em crianças e aos aspectos da terapêutica nutricional nessa faixa etária e que nenhum método de avaliação de gravidade mostrou-se superior aos demais. Palavras-chave: Pediatria. Índice de Gravidade de Doença. Pancreatite. INTRODUÇÃO Pancreatite aguda (PA) é descrita como a presença histológica de inflamação do parênquima pancreático, originada pela ativação, liberação intersticial e autodigestão da glândula por suas próprias enzimas. Trata-se de doença bem conhecida em seus aspectos clínicos e de tratamento na população adulta, porém a maioria das recomendações em pediatria referentes ao diagnóstico e a pontos fundamentais do manejo clínico da PA são derivadas de estudos envolvendo exclusivamente adultos. A maioria dos casos de PA em crianças são quadros leves e tem um prognóstico excelente. O curso geralmente é autolimitado com uma taxa de mortalidade de 2%, enquanto que os casos graves geralmente tem um 5 curso rapidamente progressivo que pode chegar a ter uma mortalidade de até 50%. As principais causas de mortalidade precoce são choque e insuficiência respiratória, enquanto que as causas de mortalidade tardia geralmente se associam a necrose pancreática infectada e falha multiorgânica. MÉTODOS E CRITÉRIOS DE BUSCA DE ARTIGOS Para a seleção dos artigos analisados no preparo desta revisão, recorreu-se à pesquisa das bases de BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE utilizando os seguintes termos na busca: pancreatitis OR pancreatite AND children OR pediatria. Foram, desse modo, utilizados os seguintes critérios: ! Período estudado: considerados artigos Na Biblioteca Virtual em Saúde publicados de julho de 2006 a julho de 2015. Referências relevantes e citações históricas, bem como trabalhos de suma importância no contexto da revisão foram do mesmo modo analisados, independentemente da data de publicação; ! Desenho dos estudos: foram incluídos estudos nas modalidades coorte prospectivo ou retrospectivo, artigos de revisão sistemática e não sistemática e ensaios clínicos, contendo descrição de aspectos clínicos de PA em pacientes com até 18 anos de vida completos. Foram considerados artigos escritos em língua portuguesa, inglesa, francesa e espanhola; ! Critérios de exclusão: estudos envolvendo população adulta, editoriais de revistas, relatos de casos isolados de PA, capítulos de livro e artigos recuperados pelos termos de busca mas que não tinham relação com o assunto da revisão. DEFINIÇÃO E DIAGNÓSTICO Até recentemente, não havia uniformidade na terminologia e definições de PA em pediatria. O International Study Group of Paediatric Pancreatitis: In Search for a Cure (INSPPIRE) recomendou recentemente que o diagnóstico da PA deve atender a pelo menos 2 dos 3 parâmetros seguintes: (a) dor abdominal típica, (b) elevação de amilase ou lipase > 3 vezes o limite normal de laboratório e/ou (c) resultados confirmatórios no exame de imagem abdominal. Esta definição baseia-se nos critérios de Atlanta, que foi recentemente revistos, e tem algumas deficiências. Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Pancreatite Aguda em Pediatria: Revisão da Literatura ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA PANCREATITE AGUDA EM CRIANÇAS O maior conhecimento dos aspectos clínicos, bem como o crescente índice de suspeição dos casos de PA (levando a crescentes solicitações bioquímicas de amilase e lipase) e o aumento progressivo do uso de drogas que podem evoluir com PA como efeito adverso apresentam como consequência um aumento progressivo no número de diagnósticos da doença nos últimos anos. 1) Pancreatite aguda biliar Ocorre entre 10 e 30% dos casos em crianças em estudos internacionais e sua etiologia varia de anomalias anatômicas para lama biliar e cálculos. É este grupo de pacientes que também acompanham anormalidades de enzimas hepáticas. Diferente do que ocorre em adultos(cuja obstrução é quase exclusivamente devida à litíase biliar ou tumores com características compressivas), em crianças o barro biliar representa até 30% dos casos de obstrução biliar. Entretanto, a relação causal entre a presença do barro biliar e a ocorrência de PA não é completamente determinada. Dentre as anomalias anatômicas envolvidas na etiologia da PA em crianças podemos citar:a duplicação duodenal, pâncreas anular, pâncreas divisum, anomalias do esfíncter de Oddi. 2) Pancreatite aguda recorrente hereditária As formas recorrentes de PA comumente estão associadas a malformações das vias pancreatobiliares, pancreatite hereditária e fibrose cística. Evidências recentes apontam que parte significativa dos casos de pancreatite idiopática em crianças está relacionada a mutações genéticas diversas, responsáveis pela ocorrência da doença diretamente ou predisponentes desta, muitas das quais localizadas no braço longo do cromossomo 7 (7q35), onde muitos genes envolvidos com a transcrição e regulação do tripsinogênio estão localizados. A fibrose cística pode manifestar-se pela primeira com o quadro de PA, dentre as doenças genéticas é a que mais sabidamente leva à pancreatite crônica (1-2% dos casos) e é responsável muitas vezes por casos de PA recorrentes nos pacientes com função pancreática ainda suficiente, que ocorrem em 10-17% destes. Mais de 6 1.000 mutações do gene regulador da condutância transmembrana da fibrose cística (CFTR) foram descritas como causadoras da doença de caráter autossômico recessivo, à medida que tornam deficitária a função dos canais de cloreto regulados por monofosfato cíclico de adenosina, e ainda, a secreção de bicarbonato de sódio, que, somadas, alteram o equilíbrio na diluição e alcalinização da secreção pancreática, permitindo a formação de plugs proteicos intraductais por acúmulo de líquido mais viscoso e predispondo à ativação de enzimas intrapancreáticas e consequente autodigestão do parênquima. Ainda, sugere-se que padrões mutacionais do gene CFTR, não necessariamente relacionados à doença fibrose cística, estariam envolvidos como predisponentes para PA recorrente, principalmente na presença de mutações em demais sítios genéticos relacionados, como, por exemplo, no gene do tripsinogênio catiônico (PRSS1) e no inibidor de serina protease Kazal tipo 1 (SPINK1). 3) Pancreatite aguda medicamentosa e relacionada à doença sistêmica Para que se consiga estabelecer essa relação, normalmente é necessário que a PA ocorra durante a administração de uma determinada droga, sendo todas as outras causas mais comuns excluídas durante investigação; além disso, os sintomas da doença devem regredir com a suspensão da medicação e recorrer após nova administração da droga suspeita. As medicações mais relacionadas ao desenvolvimento de PA secundária em pediatria são:o ácido valproico, L-asparaginase(utilizada no tratamento inicial de casos de leucemia linfoide aguda), prednisona e 6-mercaptopurine. Algumas doenças sistêmicas como fibrose cística, lúpus eritematoso, doença celíaca e púrpura de HenochSchonlein são relatadas como causas de PA. 4) Pancreatite aguda induzida por trauma A presença de trauma, mais especificamente secundário a acidentes automobilísticos, esportivos, atropelamentos, quedas e abuso sexual em crianças, pode representar de 10 a 40% da etiologia dos quadros de PA. Geralmente encontram-se outras lesões associadas. Muito comuns as lesões por guidão de bicicleta, que Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Pancreatite Aguda em Pediatria: Revisão da Literatura muitas vezes levam a hematoma duodenal combinado e transecção do ducto pancreático. 5) Pancreatite aguda idiopática e secundária à infecções É definido como PA idiopática quando nenhum fator etiológico específico pode ser encontrado. Abrange entre 13% e 34% dos casos pediátricos de pancreatite em todos os estudos internacionais. É neste grupo que pode-se especular um papel maior para um fator genético subjacente no desenvolvimento do PA, especialmente quando PA ocorre na infância e /ou apresenta natureza recorrente. Muitos pacientes com diagnóstico de PA têm em seu histórico sintomas compatíveis com infecções virais prévias (como febre, tosse, coriza ou diarreia), porém é difícil o estabelecimento de relações causais entre ambos. O vírus da parotidite foi relatado como sendo o principal agente infeccioso em vários estudos. Outras etiologias infecciosas associadas a pancreatite aguda em crianças incluem vírus da hepatite A, o rotavírus, vírus da hepatite E, varicela, pneumonias por Mycoplasma, Moraxella catarrhalis, adenovírus, e coxsackie B4. 6) Causas metabólicas As causas metabólicas foram observados em cerca de 2% a 7% dos pacientes. O mais comum foi cetoacidose diabética, seguido de hipertrigliceridemia e hipercalcemia. Em geral, pacientes com distúrbios metabólicos foram mais propensos a ter recorrência de pancreatite. Isto pode ser um resultado de distúrbios metabólicos recorrentes, mas a correlação não tem sido bem documentada. O tratamento depende da condição subjacente. No caso de hipertrigliceridemia, as opções incluem a redução aguda nível de triglicerídeos pela administração de fluidos intravenosos, agentes hipolipemiantes, ou aférese. A maioria dos casos de hipercalcemia foram devidos a hiperparatireoidismo e tratada com paratireoidectomia. DIAGNÓSTICO POR IMAGEM O ultrassom é particularmente atraente como uma ferramenta de imagem inicial, por não expor crianças à radiação ionizante, além de ser amplamente disponível. Pode ainda fornecer informação complementar sobre o diagnóstico de pancreatite, podendo ser usado para avaliar a presença de várias 7 outras causas de abdome agudo (apendicite, intussuscepção, volvo). Além disso, o ultrassom (US) é superior a tomografia computadorizada (TC) na detecção de cálculos biliares como causa de pancreatite. A US também é útil na avaliação dos pseudocistos pancreáticos, que normalmente se apresentam com aspecto anecoico com bordas bem definidas e realce sonográfico posterior. Usualmente não recomenda-se TC como exame de imagem para avaliação inicial da pancreatite, a menos que o diagnóstico não esteja claro. No entanto, é útil no curso da evolução de dias para o diagnóstico quando a necrose pancreática é suspeita clínica. Geralmente é realizada em apenas cerca de um terço das crianças com suspeita de pancreatite, mas a sua sensibilidade para alterações do parênquima ou fluido peripancreático é apenas de 60% a 75%. Também carece de sensibilidade no diagnóstico das alterações ductais, além da alta carga de radiação exposta ao paciente. A ressonância magnética possui as vantagens de não expor o paciente à radiação, bem como de trazer importantes informações diagnósticas nos estágios iniciais da PA. A RM tem importante papel em pacientes com PA secundária a malformações anatômicas e/ou obstrutivas que requeiram correção cirúrgica, como cistos do ducto colédoco e junção pancreatobiliar anômala. Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE) possui a limitação da disponibilidade e dificuldade da realização do exame em crianças. A indicação mais comum para CPRE é a PA biliar, sendo modalidade terapêutica apropriada em pacientes com PA recorrente ou com pseudocistos pancreáticos. TRATAMENTO DA PANCREATITE AGUDA 1) Medidas gerais A tríade do manejo da PA consiste em hidratação, analgesia e nutrição. Em pacientes adultos, há estudos que demonstram a associação entre hipovolemia e hipotensão à admissão do paciente com maior mortalidade. A hipovolemia, particularmente em pacientes com PA grave, é resultante de grande aumento da permeabilidade da barreira endotelial, cursando com perda de líquidos para terceiro espaço, como consequência da síndrome da resposta inflamatória sistêmica que ocorre na PA.Hidratação agressiva Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Pancreatite Aguda em Pediatria: Revisão da Literatura precoce tem sido associado com uma redução na frequência da SIRS e falha multiorgânica, e declínio da mortalidade. A dor abdominal é altamente prevalente em pacientes com PA, sendo o principal sintoma que requer tratamento inicial. Opióides podem ser necessários, porém deve ser evitado o uso de doses máximas dos medicamentos, tendo em vista a ocorrência de náuseas e vômitos, além de contração dos esfíncteres digestivos. O tramadol pode ser utilizado na dose de 1 mg/ kg/dose até quatro vezes ao dia, diluído em soro fisiológico e em infusão mínima de 20 minutos. 2) Aspectos nutricionais Em comparação com a nutrição parenteral, a via enteral auxilia na manutenção da integridade da mucosa intestinal, e assim evita o crescimento excessivo de bactérias e sua translocação, dois importantes fatores no desenvolvimento de SIRS. A nutrição enteral é recomendada sobre nutrição parenteral, uma vez que reduz a mortalidade, falha multiorgânica, complicações infecciosas e a necessidade de intervenções cirúrgicas. Até o momento, não existem ensaios clínicos nem níveis de evidência confiáveis para recomendações exclusivas sobre dieta em casos de PA em crianças; entretanto, recomenda-se a introdução precoce de dieta enteral jejunal, no máximo 48 horas após o diagnóstico, se as condições clínicas e o trânsito intestinal assim permitirem, reservando-se a opção de NP apenas em pacientes com intolerância à dieta enteral, manifestada por vômitos, distensão abdominal e resíduos volumosos pelas sondas nasogástrica ou nasoenteral. PROGNÓSTICO DA PANCREATITE AGUDA EM CRIANÇAS Atualmente, não há consenso sobre a definição de PA grave em crianças, e os estudos anteriores usaram diferentes critérios. Critérios para a grave PA geralmente concordam com a inclusão de: (i) o desenvolvimento de complicações locais (isto é, necrose, necrose infectada, hemorragia ou formação de abscesso), ( ii) o desenvolvimento de disfunção orgânica, e (iii) a morte devido a complicações de pancreatite. Vários sistemas para avaliação de prognóstico foram desenvolvidos e validados para PA em adultos, incluindo os critérios de Ranson , Glasgow Modificado e a 8 pontuação Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE) II. Estes sistemas de pontuação nem sempre são práticos para aplicar em crianças. Atualmente, existem dois indicadores validados de gravidade em PA pediátrica: lipase sérica e Paediatric Acute Pancreatitis Severity (PAPS) que pode ser utilizada nas primeiras 24 horas e após 48 horas de apresentação, respectivamente. Coffey et al. relataram a utilidade da concentração de lipase sérica maior ou igual a 7 vezes o limite superior do normal (LSN) no prazo de 24 horas de apresentação para ser preditivos de PA grave (odds ratio de 7,1, P <0,001). A sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo da lipase sérica relatados nos estudos foram 85%, 56%, 46% e 89%, respectivamente. A escala PAPS desenvolvida por DeBanto et al. foi o primeiro escore de gravidade específico para pacientes pediátricos. No maior estudo comparativo realizado entre os de sistemas de avaliação de prognóstico , PAPS, Ranson e escala de Glasgow modificada apresentaram: sensibilidade de 48%, 52% e 52% respectivamente; especificidades de 77%, 87% e 88%, respectivamente, valores preditivos positivos de 44%, 58% e 62%, respectivamente, e valor preditivo negativo de 81%, 83% e 84%, respectivamente. O sistema PAPS é limitado pela necessidade de repetição do teste ao longo de um período de 48 horas, a incapacidade de prever a gravidade antes de 48 horas, e da consideração de idade e peso como critérios distintos, apesar de ser altamente correlacionados em crianças. CONCLUSÕES Pancreatite biliar é a causa mais comum. Outras causas incluem pancreatite induzida por medicamentos e relacionadas à doença sistêmica. Cerca de um quinto a um terço dos casos é idiopática, e a mesma porcentagem cursará com pancreatite recorrente. Manejo inclui o fornecimento de hidratação intravenosa adequada, controle da dor, e suporte nutricional. Apesar de diversos autores dedicarem-se ao desenvolvimento de uma metodologia para avaliação prognóstica de pancreatite aguda em crianças, nenhum método disponível apresentou superioridade em especificidade ou sensibilidade. Restando como alternativa apenas a acurada avaliação clínica diária para estabelecimento de conduta. Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Pancreatite Aguda em Pediatria: Revisão da Literatura REFERÊNCIAS: 1 Alarcón O. Claudia, Ávila B. María Loreto, Tajmuch V. Virginia. Pancreatitis aguda. Revista Chilena de Pediatria 2008;79(6): 516521. 2 Morinville VD, Husain SZ, Bai H, Barth B, Alhosh R, Durie PR et al. Definitions of pediatric pancreatitis and survey of present clinical practices. 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Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Isosexual Precocious Puberty Secondary to Ovarian Tumor in a Pre-schooler ISOSEXUAL PRECOCIOUS PUBERTY SECONDARY TO OVARIAN TUMOR IN A PRE-SCHOOLER AUTHORS: Lisieux Eyer de Jesus, Valéria Schincariol – Simone Pestana da Silva, Andrea Lima Cruz Monnerat, Bruno de Souza Bianchi Reis. Pediatrics, Pathology and Pediatric Surgery Departments – Antonio Pedro University Hospital, Federal Fluminense University – Rio de Janeiro – Brazil. CORRESPONDING AUTHOR: Lisieux Eyer de Jesus, PhD – 52 Presidente domiciano St, apt 801, Boa Viagem, Niterói, Rio de Janeiro, Brazil – tel 55 21 999859737 – [email protected], [email protected]. ABSTRACTS Functional ovarian tumors are the main cause of isosexual pseudoprecocious puberty in female children. This paper aims to present a case of granulosa cell tumor in a 4 years-old girl and to review the corresponding literature, stressing the clinical characteristics, differential diagnosis and treatment. INTRODUCTION Precocious puberty (PP) is a rare phenomenon in young children. PseudoPP may be caused by functional ovarian tumors. We present herein a case of isosexual PP caused by tumor of the granulosa cells in a 4 years-old girl. CASE REPORT A previously healthy four years-old girl presented complaining of mammary growth and pubic hair, observed for a month. Her physical exam was normal, except for Tanner 2 genital development (M2P1). Wrist radiographies to evaluate bone age, abdominal and pelvic ultrasound and hormonal dosages (FSH, LH, androgens, progesterone and estrogens) and an evaluation by a Pediatric Endocrinologist were asked for. ANUNCIE NA REVISTA CIPERJ The child was seen by the Endocrinologist 4 months later, at Tanner 3 developmental stage (M3P2). The image exams and hormonal dosages were not yet available. A month later the child presented two episodes of vaginal bleeding in a 20 days interval. A mobile, hard, irregular abdominal tumor was palpated at the right iliac fossa (figure 1). An ultrasound showed a heterogeneous right ovarian mass. The uterus was post-pubertal, with a 9 mm endometrial echo. Her hormonal profile showed elevated serum levels of estrogens with normal dosages for progesterone, testosterone, FSH and LH (table 1). No metastases were detected by thoracic and abdominal CT or ultrasound. Bone age was determined as 5 years 9 months. The patient was then operated on, with the provisional diagnosis of an estrogen-secreting ovarian tumor. An infraumbilical laparotomy detected an 80x75x45 mm right ovarian heterogeneous solid-cystic tumor (figure 2), normal left ovary, no macroscopic liver metastases, no adenomegaly, no peritoneal implants and no ascites. A right oophorectomy with tubal preservation, multiple peritoneal biopsies and omentectomy were done, without tumor rupture. A sample was collected for citology by peritoneal wash and was negative for malignant cells. The histopathological examination diagnosed a heterogeneous right ovarian juvenile granulosa cell tumor (positive for antiCD99, calretinin, inhibin, vimentin, focal CK 8/18, focal EMA and RP and negative for βHCG, αfetoprotein, CD30, CD117, Melan RE and PLAP), with 10 mitoses/high power field (400x) in the higher atypia areas. No peritoneal/omental metastases were detected. A year after surgery the girl is asymptomatic, with 6 years 10 months bone age (chronologic age 5 years 8 Table 1: hormonal profile, pre and post-operative. * signals abnormal high hormonal serum concentrations. informações: [email protected] 10 Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Isosexual Precocious Puberty Secondary to Ovarian Tumor in a Pre-schooler Figure. 1 Mammary development and palpable abdominal tumor. months) and classified as Tanner M2P1. Her estrogen, FSH and LH serum levels are normal (prepubertal). A new thoracoabdominal CT showed no recurrence or metastases. DISCUSSION A palpable abdominal tumor associated to isosexual PP with high estradiol levels and normal/low FSH-LH levels are the typical clinical characteristics of GCT. Most cases of isosexual PP in girls are central (hypergonadotrophic): only a minority show gonadotrophin-independent symptoms (pseudoPP). Most of those cases are caused by functional ovarian cysts or tumors 1. The differential diagnosis involves sclerosing ovarian sex cord tumors 2 and mixed cell cord tumors 3. Ovarian sex cords tumors represent 2-8% of the ovarian tumors 4. Granulosa cell tumors (GCT), described in 1855 by Rokitansky 5, belong to the group, but only 5% attain pre-pubertal children (juvenile tumors) 6. The literature is restricted to a few case reports and small retrospective series. Most mix pediatric and adult cases or various types of sex cords tumors. Prognosis is generally good, except for very advanced tumors. Metastases are rare, usually to the lungs and peritoneum (ascites). Lymphonodes are tipically spared 7. Surgery, without adjuvant chemo or radiotherapy is the usual treatment in adults 8. For children unilateral oophorectomy is the usual proposal. Hysterectomy is unnecessary and salpingectomy can be avoided in young patients whose ipsilateral tubes are not invaded 9-11. The role of chemotherapy is limited even for advanced tumors 11-13. Preclinical models suggest a Figure. 2 Right ovarian tumor in situ and opened, after resection. 11 Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Isosexual Precocious Puberty Secondary to Ovarian Tumor in a Pre-schooler | Eventos potential therapeutic role for agents against epidermal growth factor receptor and insulin growth factor receptor 9. Some adult data suggest higher risks of future breast and endometrial tumors in patients that presented GCT 14. There are no data about this in pediatric cases, but it seems prudent to follow those girls up in the long term, regarding the future risk of gynecological tumors. REFERENCES: 1 Lee CT, Tung YC, Tsai WY. Etiology and clinical features of isosexual precocious puberty in Taiwanese girls: 23 years´ experience in National Taiwan University Hospital. J Pediatr Endocrinol Metab 2009 22(10):947-53. 2 Duke DS, Yoo, EY, Newton C, Schwartz MZ. A rare cause of vaginal bleeding in a 7month-old female infant. J Pediatr Surg 2008, 43(3):e1-4. 3 Paula LC, Zen VL, Czepielewski MA. Granulosa-stromal tumor of the ovary: a case of mixed germ cell-cord stromal tumor of the ovary with endocrinological considerations. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2005 Oct;49(5):776-83. 4 Stine JE, Pierce S, Soper JT. A comprehensive review of diagnostic and treatment options for granulosa cell tumors of the ovary. Obstet Gynecol Surv. 2014 Jan;69(1):29-38. 5 Sekkate S, Kairouani M, Serji B, Tazi A, Mrabti H, Boutayeb S, Errihani H. Ovarian granulosa cell tumors: a retrospective study of 27 cases and a review of the literature. World J Surg Oncol. 2013 Jun 18;11:142. 6 Bedir R, Mürtezaoğlu AR, Calapoğlu AS, Şehitoğlu İ, Yurdakul C. Advanced stage ovarian juvenile granuloza cell tumor causing acute abdomen: a case report. Arch Iran Med. 2014 Sep;17(9):645-8. 7 Thrall MM, Paley P, Pizer E, Garcia R, Goff BA. Patterns of spread and recurrence of sex cord-stromal tumors of the ovary. Gynecol Oncol. 2011 Aug;122(2):242-5. 8 Ugianskiene A, Grove A, SoegaardAndersen E. Eur J Gynaecol Oncol. 2014;35(6):621-4. Adult granulosa cell tumor of the ovary: a retrospective study of 37 cases. 9 Mancari R, Portuesi R, Colombo N. Adult granulosa cell tumours of the ovary. Curr Opin Oncol. 2014 Sep;26(5):536-41 10 Powell JL, Kotwall CA, Shiro BC. Fertility-sparing surgery for advanced juvenile granulosa cell tumor of the ovary. J Pediatr Adolesc Gynecol. 2014 Aug;27(4):e89-92. 11 Wang Y, Wang W, Xu C, Huang X, Zhong L, Kang X, Yang Z, Liu Y. Childhood ovarian juvenile granulosa cell tumor: a retrospective study with 3 cases including clinical features, pathologic results, and therapies. J Pediatr Hematol Oncol. 2011 Apr;33(3):241-5. 12 Meisel JL, Hyman DM, Jotwani A, Zhou Q, Abu-Rustum NR, Iasonos A, Pike MC, Aghajanian C. The role of systemic chemotherapy in the management of granulosa cell tumors. Gynecol Oncol. 2015 Mar;136(3):505-11. 13 van Meurs HS, Buist MR, Westermann AM, Sonke GS, Kenter GG, van der Velden J. Effectiveness of chemotherapy in measurable granulosa cell tumors: a retrospective study and review of literature. Int J Gynecol Cancer. 2014 Mar;24(3):496-505. 14 Hammer A, Lauszus FF, Petersen AC. Ovarian granulosa cell tumor and increased risk of breast cancer. Acta Obstet Gynecol Scand. 2013 Dec;92(12):1422-5. EVENTOS www.ciperj.org /jornada 28 de novembro de 2015 auditório do Hospital Rios D´Or Inscrições gratuitas através do site Programação 9h Abertura 9h10 Malformações da parede abdominal: Perspectivas de tratamento e novas idéias. 9h30 Atresia de esôfago: tratamento das atresias do tipo long-gap. Novas idéias e idéias nem, tão novas assim. 9h50 Intestino curto: perspectivas. Bianchi, STEP, transplante ou desalento? 10h10 Acesso venoso em neonatologia: PICC e punção venosa profunda. Ainda se disseca veia? 10h30 Debate | 10h50 Intervalo 11h10 Diagnóstico fetal - do US à ressonância 12 11h30 Diagnóstico fetal: entre a obstetrícia, a pediatria e a cirurgia pediátrica - como aplicar a idéia de multidisciplinaridade? 11h50 Debate 12h10 Almoço 14h Hidronefrose fetal: que importância tem? 14h30 O neonato com hidroureteronefrose bilateral: como abordar 15h Genitália atípica: qual a forma prática de atuar? 15h30 Debate 15h45 intervalo 16h Apresentação de casos clínicos da Liga Acadêmica 16h30 Atendimento neonatal cirúrgico no Rio de Janeiro: como é e como devia ser. 17h30 Debate 18h Encerramento Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Economia e Investimentos OS QUATRO POTES Na rotina diária não há tempo a perder. São consultas e cirurgias feitas com deslocamentos entre consultórios e hospitais com muitas horas de trabalho e poucas de sono. Além da recuperação da saúde dos pacientes, a recompensa vem em forma de dinheiro, essencial para a manutenção de um estilo de vida compatível com suas necessidades. Esta recompensa precisa ser usada com sabedoria. Uma reflexão é necessária para que as pressões do imediatismo não prejudiquem o planejamento financeiro pessoal e familiar do futuro. Por onde começar então? Como ponto de partida, você só precisa de uma folha de papel em branco e um processo mnemônico para a organização das suas idéias: o conceito dos quatro potes de dinheiro. É do tempo em que nossas avós ou bisavós separavam as despesas em jarros ou potes. 13 POTE 1 O primeiro pote é onde você coloca a receita mensal do seu trabalho vinda do seu melhor investimento que é você mesmo. Nenhum investimento irá render como você, salvo raríssimas exceções (heranças ou loterias). Você começa o mês “apenas” com o seu conhecimento adquirido, capacitação e habilidades, transformando as ações em renda. Sua missão é manter esse pote com saldo positivo e para isso controlar as despesas é fundamental. Cuidado, porém, pois o que vem com muito suor, vai embora com muita facilidade! Com as economias deste pote é que você começa a encher os demais. POTE 2 O segundo pote é o da proteção financeira contra incertezas. Ele é o mais incompreendido, porém importantíssimo! Profissionais liberais conhecem bem os riscos envolvidos na perda temporária de renda, mas profissionais de saúde conhecem melhor ainda as estatísticas de acidentes, doenças e mortes. Então é melhor agir antecipadamente, sem preconceitos! Construir uma reserva emergencial de 6 a 12 vezes o valor de seus gastos mensais ajudará no domínio de eventos aleatórios. Em paralelo é importante contratar coberturas contra imprevistos que estão “previstas” em planos de saúde, em seguros de vida e invalidez por acidente ou por doença e nas diárias por incapacidade temporária. Eles são fundamentais para quem dá valor à sua própria vida e à qualidade de vida da família. Estão aí também os seguros dos bens materiais, como imóveis e Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Economia e Investimentos veículos. Você, no entanto, vale muito mais do que qualquer um desses bens! Já pensou sobre isso?! Afinal, qual é o seu valor? POTE 3 O terceiro pote é mais bacana! São as reservas de investimentos para realizar seus sonhos de curto e médio prazos, usadas em até 5 anos. Afinal, não dá para fazer tudo hoje, há que se planejar, sem aflição, mas com determinação! Os alvos podem ser viagens, carros, imóveis ou novos empreendimentos, em tempos diferentes, porém com datas previsíveis. Esse pote deve render bons juros e bater a inflação, mas cuidado para não ir com muita sede ao pote! O importante é escolher os instrumentos financeiros adequados aos objetivos, assumindo níveis de risco aceitáveis. Como em breve você vai usar esse dinheiro, não deve exagerar em investimentos muito voláteis. POTE 4 O quarto pote é muito parecido com o terceiro. A grande diferença é que ele serve para garantir seus sonhos ou necessidades mais distantes, de 5 a 30 anos de acumulação, ou seja, de longo prazo. E você sabe qual deve ser o principal sonho neste caso? Ser capaz de manter o seu estilo de vida sempre! Isto não é tarefa fácil, pois vivemos cada vez mais tempo com saúde e não podemos contar com um amparo governamental suficiente. Apesar da saúde, a energia das pessoas diminui com a idade e o ritmo de trabalho tende a acompanhar a natureza biológica do corpo humano. Chegará então o momento de inverter a sua relação com o dinheiro. Não se iluda também porque os custos não diminuirão! Cabe a você decidir, já, qual será o seu padrão de vida lá no futuro. Contudo, não desanime, pois a curva exponencial de juros estará do seu lado e você poderá optar por investimentos mais ousados, que proporcionem maiores retornos, porque não estará preocupado em usar o dinheiro no curto ou médio prazo. Há alternativas nacionais e internacionais para essa acumulação. As economias para garantir um futuro de qualidade para seus filhos também estão previstas neste pote onde se planeja uma educação de primeira linha. É como iniciar um planejamento sucessório! VOCÊ E OS QUATRO POTES Os quatro potes de dinheiro podem e devem ser preenchidos e gerenciados simultaneamente. Muita gente por aí só enche e esvazia o primeiro, vive o “agora” e nada mais! Tudo a favor de buscar a felicidade no presente, mas com um pouco de equilíbrio e disciplina é possível obtê-la “hoje” e também “amanhã”! Por isso, separe didaticamente os seus potes. Isto impedirá que o dinheiro de um passe para o outro na ausência de um motivo relevante. Quem vive esvaziando o quarto pote nunca juntará o suficiente para o futuro, pois não aproveitará os juros compostos com sua maior ferramenta de acumulação que é o tempo. Devido à tentação ser grande, apelidamos o quarto pote de “balde”: a toda hora alguém quer chutá-lo! Reflita, planeje o seu futuro e não chute o balde! Veja como seus 4 potes estão sendo preenchidos, considerando sua renda, seus sonhos e suas necessidades familiares do presente e do futuro. AUTORES Paulo César I. Domingues, nascido em 1954, é engenheiro eletrônico pela UERJ e profissional CFP (CERTIFIED FINANCIAL PLANNER), certificação concedida pelo IBCPF e reconhecida internacionalmente, além de possuir outras certificações no segmento financeiro. (21) 98133-2379 | [email protected] | [email protected]. Marcelo de A. I. Domingues, nascido em 1980, é Professional Coach formado pela Sociedade Latino Americana de Coaching - SLAC, mestre em Ciências Econômicas pela UFRJ e profissional CFP (CERTIFIED FINANCIAL PLANNER), certificação concedida pelo IBCPF e reconhecida internacionalmente. (21) 97176-7052 | [email protected]. 14 Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Paniculite mesentérica como diagnóstico diferencial de abdome agudo em criança – Relato de caso PANICULITE MESENTÉRICA COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE ABDOME AGUDO EM CRIANÇA – RELATO DE CASO AUTORES: Priscila Cardoso Braz, Orlei Ribeiro de Araújo, Cláudio Luiz Pelarigo, Luiz Carlos Ryugo Akao, Ricardo Abissamra Issas. Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital Cruz Azul de São Paulo. Autor para correspondência: Priscila Cardoso Braz [email protected]. INTRODUÇÃO A paniculite mesentérica (PM), também conhecida como mesenterite esclerosante, mesenterite retrátil ou lipodistrofia mesentérica, é uma doença rara, caracterizada por um processo inflamatório inespecífico que acomete o tecido adiposo presente no intestino1 com graus variáveis de necrose gordurosa, infiltrado inflamatório e fibrose2,3. A ocorrência em crianças é rara, provavelmente em decorrência da escassez de tecido gorduroso no mesentério4,5. Pode se apresentar com episódios recorrentes de dor abdominal5 e sua etiologia ainda não está bem definida4. Os autores apresentam um caso em criança pequena com quadro de abdome agudo inflamatório. RELATO DO CASO HHSS, 3 anos de idade, sexo feminino, apresentava dor abdominal por 4 dias associada a febre, vômitos, diarréia e distensão abdominal. A dor era difusa, acentuada em fossa ilíaca direita, sem ruídos hidroaéreos e com sinais de irritação peritoneal. A ultrassonografia evidenciou moderada quantidade de líquido com fibrina na pelve. Foi indicada laparotomia com hipótese de abdome agudo inflamatório e apendicite. O achado cirúrgico foi de grande quantidade de secreção serosa e turva no abdome e implantes amarelados em grande omento, mesentério de delgado e sigmóide (Figura 1). Na topografia do apêndice, havia grande quantidade de tecido amarelado e friável. Foram removidos fragmentos de grande omento e mesentério de sigmóide para anatomia patológica, pesquisa de bacilos ácido-álcool resistentes (BAAR) e cultura. No pós-operatório, foram solicitados PPD (não reator) e tomografia de abdome e pelve, que demonstrou inúmeros nódulos hipoatenuantes na fáscia peritoneal e gordura mesentérica, com aumento de linfonodos abdominais. Uma da imagens mostrava o anel de gordura (Figura 2) associado à PM. A histologia mostrou tecido adiposo com focos de necrose recente, circundados por processo inflamatório misto, com predomínio de linfócitos. Com a hipótese de PM, iniciouse tratamento com prednisolona por três semanas. A paciente evoluiu com melhora da dor e da distensão e continua assintomática após um ano de seguimento. DISCUSSÃO A PM tem prevalência de 0,6% a 1% da população4,6. Em crianças, há 18 casos relatados na literatura, com média de idade ao diagnóstico de 6,5 anos 4,6 . A histologia pode mostrar degeneração gordurosa, inflamação crônica ou fibrose2,3,4. Traumas, cirurgias abdominais, infecção, síndromes Figura 1 aspecto macroscópico dos implantes mesentéricos Figura 2 Tomografia de abdome mostrando o sinal do anel de gordura 15 Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Paniculite mesentérica como diagnóstico diferencial de abdome agudo em criança – Relato de caso paraneoplásicas, pancreatite e doenças auto-imunes (Sjogren, sarcoidose, artrite reumatóide e espondilite anquilosante) podem ser fatores desencadeantes3,4,6. Outras causas possíveis são vasculites, deficiências vitamínicas, doenças alérgicas e diferentes drogas2,6. Os tumores mais frequentemente associados são os colorretais, urogenitais e linfomas4. Os sintomas podem estar ausentes em 30 a 50% dos casos. Dor abdominal, distensão e diarréia são mais frequentes4. Abdome agudo é raro. Cerca de 29% das crianças apresentam massa abdominal palpável, que justifica exploração cirúrgica5. Exames laboratoriais apresentam alterações não específicas 5 . A tomografia computadorizada pode demonstrar o sinal do anel de gordura e a pseudocápsula tumoral, considerados específicos3,4. Consistem em halo hipoatenuante, que representa a gordura próxima aos vasos mesentéricos, e de bandas periféricas, que separam o mesentério normal do processo inflamatório, respectivamente3. Calcificações associadas à necrose de gordura são raras. Os critérios diagnósticos de PM são presença de lesões com densidade de gordura configurando massas únicas, múltiplas ou difusas; confirmação histológica de necrose de gordura com infiltrado inflamatório e nenhuma evidência de pancreatite, doença inflamatória intestinal ou necrose de gordura extraintestinal5. Existem casos com resolução espontânea. Nos sintomáticos, a resposta a corticoesteróides geralmente é boa, com regressão completa das massas. A cirurgia se limita para o tratamento de complicações como obstrução intestinal e para realização de biópsias3,4. O prognóstico é bom, com evolução benigna na maioria dos casos. BIBLIOGRAFIA 1 Gögebakan Ö, Albrecht T, Osterhoff MA, Reimann A. Is mesenteric panniculitis truely a paraneoplastic phenomenon. A matched pair analysis. European Journal of Radiology. 2013,82:1853-1859. 2 Popkharitov AI, Chomov GN. Mesenteric panniculitis of the sigmoid colon: a case report and review of the literature. Journal of Medical Case Reports. 2007, 1:108. 3 Brandão EM, Batista TP, Silva Jr JJ, Macêdo IB, Brandão PHDM. Paniculite mesentérica pseudotumoral: aspectos tomográficos de um caso. Radiol Bras. 2010, 43(1):59-61. 4 Rumman N, Rumman G, Sharabati B, Zadha R, Disi N. Mesenteric panniculitis in a child misdiagnosed as appendicular mass: a case report and review of literature. SpringerPlus. 2014,3:73. 5. Moreira LBM, Pinheiro RA, Melo ASA, Alves JRD, Noro F, Marchiori. Paniculite mesentérica: aspectos na tomografia computadorizada. Radiol Bras. 2001, 34(3):135-140. 6 Viswanathan V, Murray KJ. Idiopathic sclerosing mesenteritis in paediatrics: Report of a successfully treated case and a review of literature. Pediatric Rheumatology. 2010,8:5. MEMÓRIA CIPERJ JOÃO LUIZ PIPPI SALLE O que o levou a escolher cirurgia pediátrica, uma especialidade ainda incipiente no Brasil dos anos 70? Acho que foi o talento de um professor de Cirurgia Pediátrica, o Prof. Carlos Antunes, que me encantou com sua didática e simpatia. Depois disso me aproximei de sua equipe como doutorando e comecei a me interessar cada vez pela especialidade, escrevendo nosso primeiro artigo cientifico juntos... "Iatrogenia em Cirurgia Pediatrica" na revista da ATM 1972. foto: Sidra Medical & Research Center 16 Qual foi a sua trajetória em busca de formação e treinamento, depois que decidiu ser cirurgião pediátrico? Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Memória CIPERJ Memphis. Tornamo-nos grandes amigos, amizade que dura até hoje. No inicio senti muito a diferenca de conhecimento básicos. Tive que estudar muito para me adaptar e, novamente, o apoio de alguns dos professores como o Robert Hollabaugh e Earl Wrenn foram instrumentais para que eu não desistisse. Aprendi muito com eles e seu apoio foi fundamental para mim! A chegada do Sperandio Del Caro e Ângela como fellows no O que o levou a escolher uma formação nos Estados ano seguinte também me ajudaram a continuar tentando fazer um bom treinamento. Trouxeram um toque de Brasil Unidos? Embora o acompanhamento do Antunes e outros colegas de que tinha tanta saudades no Hospital Santo Antônio fosse bastante enriquecedor senti a necessidade de fazer um treinamento mais Qual a sua lembrança destes momentos? Valeu à estruturado e comecei a fazer planos para fazer pena? Mudou suas concepções a respeito da treinamento no exterior...pensei na Austrália, México (no atividade de médico? Modificou suas idéias quanto ao serviço do Peña) mas acabei me dando conta que nos treinamento ideal para cirurgiões? Estados Unidos as coisas já estavam mais organizadas. Uma das coisas que me impactaram foi a importância em Assim sendo comecei a estudar para passar no exame treinar os residentes e fellows, tratando-nos com muita do ECFMG com finalidade de aplicar para os programas. dignidade e respeito. Sentíamos como parte integral da Passei na parte médica do exame mas fiquei pendurado equipe e éramos respeitados por todos no hospital. Ao no inglês, o qual tive de repetir muitas vezes. Finalmente mesmo tempo tínhamos que responder as expectativas passei. Como não sabia de programas que aceitariam com muita dedicação para não decepcioná-los. Tínhamos estrangeiros escrevi muitas cartas aleatórias a todos que que saber todos os detalhes de cada paciente pois, caso publicavam no Journal of Pediatric Surgery. Acabei tendo contrario, não teríamos chance de realizar a cirurgia do respostas para entrevistas em 5 deles. Gostei muito do caso. Sempre nos diziam...devemos nos colocar como se programa de Memphis que tinha uma grande casuística fossemos o "staff" do caso , como se o paciente fosse de recém-nascidos e incluíam a Urologia Pediátrica nosso, justificando nossas indicações e expondo nosso plano com clareza. Além disso esperavam que dentro do treinamento. tivéssemos revisado a literatura para os referidos casos, Como foi estudar fora do país? Quais foram os tarefa extenuante em algumas semanas de plantão. Sabia que teria que fazer Cirurgia Geral antes da especialidade e a fiz no Hospital de Clinicas de Porto Alegre. Depois disso, como não havia uma residência de Cirurgia Pediátrica oficialmente reconhecida na época, eu assim como outros colegas (Ketzer, Carbonera, João Vicente, Nelstein) comecei a acompanhar a equipe do Antunes (na época éramos chamados de "bagrinhos"). desafios? Como foi adaptar a sua formação e as rotinas de médico brasileiro às exigências e particularidades de trabalhar como residente nos Estados Unidos? Estudar fora tens seus altos e baixos. No inicio a gente fica embriagado pelas novidades e maravilhas de um pais moderno e consumista. Depois a saudade da família e dos amigos começa a apertar, tornando-se quase insuportável ao redor dos 6 meses quando ate pensei em interromper meu treinamento e voltar. Nessas horas e que os grandes amigos fazem a diferença. Sempre fui abençoado nesses aspecto. Meu colega fellow senior, Carlos Troconis, da Venezuela, foi instrumental para que eu me acomodasse e eventualmente fosse muito feliz em 17 E a transição, a volta ao país? Foi fácil a readaptação? Já estava pronto para retornar ao Brasil quando me dei conta que seria interessante aprofundar na especialidade que mais me interessava: a Urologia Infantil. Assim apliquei e fui aceito para um fellowship na Cidade do Cabo, África do Sul, por um ano. Esse foi um período muito difícil para mim mas talvez o mais importante. Ao terminar meus 3 anos de fellowship nos Estados Unidos fiquei muito convencido, especialmente no ultimo ano quando éramos o chefe de todos os residentes. Ficamos muito pomposos e talvez ate um pouco arrogantes. O ano na África do Sul me ensinou humildade e o quanto ainda eu tinha para aprender, especialmente num sistema com Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Memória CIPERJ enfoque mais britânico. Depois de muitas cabeçadas me dei conta do quanto ainda tinha para aprender, inclusive com respeito a outras maneiras de resolver problemas. Alem disso me expus a patologias tropicais, muito parecidas com as que encontraria no Brasil a seguir. A volta ao Brasil foi dificil mas, de novo, a presença de alguns colegas amigos e família unida, facilitaram tudo. O grupo de Cirurgia Pediátrica do Hospital da Criança Conceição manteve sua palavra de me receber na minha volta (embora nada estivesse escrito em papel nenhum!) e, unanimemente, me acolheram, dividindo seus rendimentos por 4 em vez 3 (graças ao Carbonera, Ketzer e Joao Vicente....gente muito integra!). Tendo um suporte financeiro inicial fui a busca de ligação universitária, conseguindo, graças ao Antunes e Paulo Sergio, uma vaga no serviço do Hospital de Clinicas onde mais tarde faria meu doutorado. Suponho que na volta você precisou adaptar alguns dos seus aprendizados fora à nossa rotina do Brasil e, ao mesmo tempo, pretendeu trazer para cá algumas coisas novas, rotinas e comportamentos diferentes. Como foi isso? É claro que é bem diferente praticar nos EUA ou África do Sul e no Brasil. Não tanto dentro da sala cirúrgica mas na dificuldade de obter exames pré-operatórios adequados. As rotinas do INAMPS da época dificultavam as coisas e tínhamos que colocar um grande esforço pessoal para conseguirmos fazer os exames necessários. Mas com determinação conseguíamos progredir. Como sempre admirei aqueles que genuinamente ensinam sempre ofereci tudo o que aprendi aos que me rodeavam. Como meus colegas gaúchos tinham pensamentos de vanguarda não foi difícil ser aceito com algumas novidades. Mas também aprendi muito com eles. Na vida e sempre assim ...uma troca de experiências! Até hoje fico orgulhoso do que fazíamos no Conceição e no Clinicas, considerando a estrutura que tínhamos! Fazíamos cirurgias de alta complexidade com resultados muitos próximos ao que tinha visto no exterior. Foi nessa época de grande fertilidade acadêmica e, inspirado pelos bons colegas, que decidi fazer alguns estudos de pesquisa experimental, testando a possibilidade de enterocistoplastia seromuscular (ideia do Carbonera!) e 18 desenvolvendo minha tese de doutorado sobre (plástica de colo vesical para incontinência urinária neurogênica, ideia desenvolvida em conjunto com o Antonio Amarante, de Curitiba). Era muito excitante ver nossos residentes de Cirurgia Pediátrica se desenvolvendo e praticando com competência. Como escolheu a Urologia Pediátrica, em especial? Atração? Oportunidade? Desafio? Sempre gostei de urologia. Desde o início de minha formação com o Antunes (ele fazia muita urologia infantil). Por um pequeno período antes de minha viagem aos EUA fui preceptor na PUC e nesta época ficou decidido que eu sairia para fazer urologia pediátrica no exterior. Na volta de meus fellowships tive a oportunidade e reconhecimento de meus colegas que me enviavam muito pacientes com patologias urológicas complexas. Acabei me envolvendo cada vez mais e, depois de um período com observador no Children's Hospital da Filadelfia, acabei decidindo fazer urologia pediátrica exclusivamente. Esta foi uma decisão difícil mas penso que foi bem adequada. A partir daí comecei a me envolver gradativamente conseguindo fazer algumas contribuições que foram reconhecidas internacionalmente. Como vê a função de professor? Como se ensina este nosso ofício? O que é mais importante para formar um aluno? Dar oportunidades ao talento? Ensinar pelo exemplo? Privilegiar a disciplina e os protocolos? Para mim a tarefa de ensinar e a mais nobre. É fundamental repassar aos mais jovens não só o conhecimento técnico mas também a atitude e compaixão pelos nossos doentes. Sou muito orgulhoso de ter muitos alunos que hoje são líderes nacionais e internacionais da especialidade. É muito importante saber simplificar o conhecimento com alguns protocolos mas temos sempre que estimular o pensamento fora do protocolo. Adoro quando um estudante ou um residente me afronta com uma pergunta difícil pois, se não sei respondê-las com segurança vamos a literatura e, caso a duvida ainda persista, esta aí um projeto de pesquisa para ser explorado. Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Memória CIPERJ E a nova etapa de ser médico, mais tarde, já plenamente formado, atuando fora do país? Estou numa fase muito boa de minha vida profissional. Ser reconhecido depois de tanto esforço é sensacional. Mas, por incrível que pareça, os desafios não terminaram, pelo contrário, são sempre muito grandes. Agora fico apreensivo para não decepcionar as expectativas dos colegas e pacientes. Talvez seja ate mais difícil corresponder a isso tudo. Isso e bom pois me força a estudar continuamente e continuar me aperfeiçoando. Tenho tido a honra de receber muitos pacientes complexos de todo o mundo e isso me traz muita apreensão para fazer um trabalho competente. Para isso temos que continuar inovando e pesquisando muito. A gente não deve se acomodar. Como funciona um profissional muito experiente e muito bem avaliado com relação à profissão? Ainda com atração por aprender? Ainda sofre com as próprias limitações? Complicações ainda doem? Como respondi acima os desafios são crescentes a medida que temos que corresponder as expectativas. Assim sendo as complicações doem muito, muito mesmo, pois temos mais consciência de que algumas delas ocorrem por falhas humanas da gente. E nao é fácil conviver com isso. Mas é muito importante reconhecêlas e tentar fazer mudanças técnicas para que não ocorram mais (ou pelo menos diminuam!). Nesse ponto a urologia e muito algoz pois suas complicações são sempre precocemente aparentes. E agora, quais os sonhos profissionais? Sonho em editar meu vídeo atlas que, com o apoio de meus co-editores Lisieux E. Jesus, Francisco Nicanor Macedo e Jose Adolfo Cerveiro, estará sendo lançado brevemente associado a nova edição do livro Clinical Pediatric Urology, editado por Docimo, Canning e Khoury. Espero deixar alguma coisa para os jovens urologistas, facilitando sua formação. Além disso, sonho em voltar para o Brasil daqui a algum tempo, dedicando-me a estimular os jovens médicos que estão se formando. O Brasil e uma fonte de talentos que não pode ser desperdiçada. Espero ter energia e saúde por mais alguns anos para poder completar mais essa etapa. 19 CURRÍCULO Possui graduação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1972) , especialização pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1984) , doutorado em Medicina Cirurgia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1994) , residência médica pela Red Cross War Memorial Childrens Hospital (1982) , residência médica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1974) , residência médica pela Hospital da Criança Santo Antônio (1975) , residência m é d i c a p e l a Te n n e s s e e S t a t e U n i v e r s i t y ( 1 9 7 8 ) e r e s i d ê n c i a m é d i c a p e l a Te n n e s s e e State University (1980). Atualmente é CIRURGIÃO PEDIÁTRICO d a U n i v e r s i t y o f To r o n t o , M E M B R O D O COMITÊ NACIONAL DE CIRURGIA da Sociedade Brasileira de Pediatria, MEMBRO D O S E RV I Ç O D E U R O L O G I A P E D I Á T R I C A d a B l o o r v i e w M c M i l l a n C e n t e r, D E PA RTA M E N TO DE CIRURGIA PEDIÁTRICA da University of C a p e To w n , M e m b r o d e c o r p o e d i t o r i a l d a Brazilian Journal of Urology (Cessou em 2002. Cont. ISSN 1677-5538 Internat, Revisor de periódico da Journal of Pediatric Urology (Print), Revisor de periódico da Indian Journal o f U r o l o g y, R e v i s o r d e p e r i ó d i c o d a J o u r n a l o f Paediatrics and Child Health (Print), Revisor de periódico da Jornal de Pediatria (Impresso), Revisor de periódico da Journal of I b e r o a m e r i c a n S o c i e t y o f P e d i a t r i c U r o l o g y, Revisor de periódico da The Journal of U r o l o g y, R e v i s o r d e p e r i ó d i c o d a U r o l o g y (Ridgewood, N.J.). Te m e x p e r i ê n c i a n a á r e a d e M e d i c i n a , com ênfase em UROLOGIA PEDIÁTRICA Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Classificações em Cirurgia Pediátrica MALFORMAÇÕES VASCULARES PEDIÁTRICAS Sistema de classificação da Sociedade Internacional para o estudo das anomalias vasculares (ISSVA) HEMANGIOMAS (NEOPLASIAS VASCULARES) VERSUS MALFORMAÇÕES VASCULARES: Grupo 1 NEOPLASIAS VASOPROLIFERATIVAS: ! Hemangioma infantil; - simples/ múltiplo; - focal/ regional/ difuso. ! Hemangioma congênito: involução rápida (RICH) e ausência de involução (NICH); ! Granuloma piogênico; ! Hemangioendotelioma kaposiforme (associação com síndrome de Kasabach-Merritt); ! Angiosarcoma Grupo 2 MALFORMAÇÕES VASCULARES (doença estrutural): ! Fluxo rápido (componente arterial obrigatório); - malformação arterial; - malformação arteriovenosa; - fístula arteriovenosa. ! Fluxo lento (componente arterial ausente); - venosa pura; - linfática pura (antigo linfangioma ou higroma cístico); - capilar pura (manchas em vinho do porto, telangiectasias, angioqueratomas); - mistas (venosa ± linfática ± capilar). Grupo 3 SÍNDROMES ASSOCIADAS COM DOENÇAS VASCULARES CONGÊNITAS: ! PHACES (malformação vascular da fossa posterior, anomalias arteriais e cardíacas, inclusive coarctação da aorta, hemangiomas faciais, malformações oculares, fenda esternal); 20 ! LUMBAR (hemangioma da metade inferior do corpo, doença renal e/ou urogenital, mielopatia, deformidades ósseas, malformação anoretal, anomalias arteriais); ! Síndrome Sturge-Weber (malformação capilar facial, convulsões, retardo mental, glaucoma, malformação capilar pial e coróide); ! Síndrome de Klippel-Trenaunay (malformação vascular mista regional de fluxo lento com varizes congênitas e crescimento exagerado do membro); ! Síndrome de Parkes-Weber (malformação vascular de alto fluxo (malformação arteriovenosa), linfedema, insuficiência cardíaca de alto débito, crescimento exagerado do membro, que tem temperatura aumentada) ! Síndrome de Bean (blue rubber bleb nevus) (malformações venosas múltiplas na pele, músculos e trato digestivo, com 1-5 mm); ! Síndrome de Proteus (malformações venocapilares, hamartomas e crescimento assimétrico, associados com lipomas e nevi pigmentares); ! Síndrome de Gorham-Straut (malformações linfáticas com osteólise, possível lesões intracranianas); ! Síndrome de Marfucci (malformações venosas e linfáticas, encondromatose); ! Síndrome de Solomon (malformação arterio-venosa, nevi epidérmicos, anomalias oculares, cutâneas, cardíacas, esquelétiocas, nervosas e genitourinárias); ! Síndrome de Ruvalcalba (malformações vasculares intracranianas, macrocefalia, displasia ectodérmica, lipomas, hamartomas do trato digestivo). Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 Informe CIPERJ INFORME CIPERJ PROCESSO NO MP CONTRA MATERNIDADES MUNICIPAIS Em 2013 a CIPERJ fez uma denúncia ao Ministério Público (MP) sobre os problemas enfrentados nas escalas dos hospitais estaduais e municipais que têm serviço de Cirurgia Pediátrica. Alertamos em um minucioso dossiê para a falta de cirurgiões pediatras e para as péssimas condições de trabalho dos profissionais nestas unidades de saúde. Denunciamos também a falta de cirurgiões pediatras de sobreaviso ou com contratos de assistência nas UTIs Neonatais das maternidades municipais. O MP analisou o processo e ao longo dos últimos dois anos solicitou documentos e esclarecimentos da CIPERJ, do CREMERJ e das Secretarias de Saúde do Município e do Estado. Uma reunião foi realizada na tentativa de se encontrar uma solução para os problemas relatados. Como não houve um acordo e nem proposta efetiva da Secretaria Municipal de Saúde, uma nova reunião de ajuste de conduta será marcada. A CIPERJ ressalta a seus associados que busca formalizar acordos de sobreaviso médico nas maternidades municipais para que os cirurgiões tenham uma proteção de um contrato de assistência ou vínculo empregatício justo que os protejam nos casos de eventuais complicações de procedimentos inerentes a procedimentos invasivos que normalmente são feitos em UTIs e que tenham outros direitos concretos como escalas com previsão de férias remuneradas e horário determinado de cobertura. ATIVIDADES CIENTÍFICAS CURSO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA Como fica difícil para nossos associados de fora da capital fluminense frequentarem as reuniões científicas e o Curso de Educação Continuada CIPERJ/CREMERJ, em 2015 a CIPERJ começou a levar os cursos para outros municípios do Estado. Macaé sediou, em agosto, o IX Curso de Educação Continuada em Cirurgia Pediátrica CIPERJ/CREMERJ, que contou com a presença de 40 pessoas ao todo, dentre os quais cirurgiões pediatras, pediatras, acadêmicos de Medicina e endoscopistas. A iniciativa continuará em 2016. Além do curso em Macaé (agosto), também haverá evento em Petrópolis (abril). Em breve serão divulgadas as datas e programações dos cursos. 21 REUNIÕES CIENTÍFICAS E LIGA ACADÊMICA Em 2015, tanto as aulas da Liga Acadêmica como as reuniões científicas passaram por mudanças e com isso tiveram novos formatos. Na Liga, o ano começou com a Dra. Larissa Olm Cunha falando sobre Experiência dos alunos da faculdade de Medicina de Sorocaba/SP em Liga de Cirurgia Pediátrica. Na apresentação, ela retratou o que seria a temática da liga no ano: em vez de palestras determinadas, os alunos que veriam os casos clínicos da especialidade e eles que fariam as apresentações. No 1º semestre eles visitaram hospitais com serviços de Cirurgia Pediátrica e tiveram contato com pacientes e viram as operações. No 2º semestre desenvolveram relatos de caso cuja apresentação ocorrerá na I Jornada Carioca de Cirurgia Pediátrica. Já as reuniões científicas passaram a ter debates de casos clínicos combinando apresentações de residentes de Cirurgia Pediátrica e de associados que querem debater a condução adotada em determinado paciente. Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 /ciperj www.ciperj.org WWW.CIPERJ.ORG a t s i ev R Edição de maio a outubro de 2015 EXPEDIENTE A Revista CIPERJ é uma publicação da Associação de Cirurgia Pediátrica do Estado do Rio de Janeiro (CIPERJ), com sede à Rua Mem de Sá, 197, Lapa, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 20230-150, TEL: 55 (21) 96988-8467, email [email protected], com tiragem de 1.000 exemplares e distribuição gratuita e exclusiva para a classe médica. DIRETORIA CIPERJ biênio 2014/16 presidente Kleber Moreira Anderson vice-presidente Lisieux Eyer de Jesus tesoureiro Sandoval Lage da S. Sobrinho secretário Marco Daiha EDITORA Lisieux Eyer de Jesus CONSELHO EDITORIAL Arovel Oliveira Moura Junior, Carlos Murilo Guedes de Mello, Domingos Bica, Irnak Marcelo, Ivens Baker Méio, João Carlos de Oliveira Tórtora, Laura Helman, Lisieux Eyer de Jesus, Maria Aparecida Siqueira de Andrade, Samuel Dekermacher, Stella Sabbatini, Simônides da Silva Bacelar, Sérgio Rêgo. PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Julio Gois O conteúdo e as opiniões expressas nos casos e artigos aqui publicados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não expressando a posição da revista. A Revista CIPERJ é um instrumento de divulgação de trabalhos de interesses técnicos e geral dos cirurgiões pediatras do Estado do Rio de Janeiro; de educação em Cirurgia Pediátrica aos especialistas, médicos trabalhando em campos correlatos e médicos em formação e de divulgação de eventos e informativos da Associação de Cirurgia Pediátrica do Estado do Rio de Janeiro. NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS A Revista da CIPERJ aceita artigos em português, inglês ou espanhol que sigam as Normas para Manuscritos Submetidos às Revistas Biomédicas, elaborados e publicadas pelo International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE www.icmje.org). De forma geral: Editorial: Geralmente solicitado pelo editor ao autor. Artigo Original: É o relato completo de uma investigação clínica ou experimental e seus resultados. Constituído de Resumo/Abstract, Introdução, Método, Resultados, Discussão, e Referências (máximo de 30). O título deve ser redigido no mesmo idioma do manuscrito e não deve conter abreviaturas. Deve ser acompanhado do(s) nome(s) completo(s) do(s) autor(es) seguido do(s) nome(s) da(s) instituição(ões) onde o trabalho foi realizado. Se for multicêntrico, informar em números arábicos a procedência de cada um dos autores em relação às instituições referidas. Os autores deverão enviar junto ao seu nome o título que melhor represente sua atividade acadêmica. O resumo deve ter no máximo 250 palavras ser estruturado com objetivo, método, resultados, conclusões e até 5 descritores na forma referida pelo DeCS (http://decs.bvs.br). O abstract deve ser estruturado da mesma forma que o Resumo e seguido pelas keywords conforme o sistema MESH (PUBMED). Devem conter no máximo 2.420 palavras e 45 referências. Artigo de Revisão: Versando sobre temas de interesse para a Cirurgia Pediátrica, incluindo uma análise crítica. Não serão aceitas simples descrições cronológicas da literatura. Devem ser descritos na introdução os motivos que levaram à redação do artigo e os critérios de busca, seguidos de texto ordenado em títulos e subtítulos de acordo com complexidade do assunto. Resumo e abstract não são estruturados. Devem conter no máximo 2.420 palavras e 45 referências. Nota Prévia: Observação clínica original ou descrição de inovações técnicas apresentadas de maneira concisa, não excedendo a 500 palavras, cinco referências, duas ilustrações e abstract não estruturado. Até 3 autores. Relato de Caso: Descrição de casos clínicos de interesse pela raridade, pela apresentação ou formas inovadoras de diagnóstico ou tratamento. Máximo de 1.420 palavras. Resumo e abstract não estruturados, até 15 referências e duas ilustrações. Máximo de 5 autores. Cartas ao Editor: Comentários científicos ou controvérsias com relação aos artigos publicados na Revista da CIPERJ. Serão aceitos ou não para publicação, a critério do editor, sem passar pelo processo de peer-review.Texto: Os manuscritos devem ser inéditos e enviados na forma digital (Word), espaço duplo e letra arial tamanho 12. As imagens deverão ser encaminhadas separadas no formato JPG, GIF ou TIF, e as legendas serão apresentadas em página separada no manuscrito As abreviaturas devem ser limitadas a termos mencionados repetitivamente, e definidas a partir da sua primeira utilização. Referências: Em ordem de citação, numeradas consecutivamente e apresentadas conforme as normas de Vancouver (Normas para Manuscritos Submetidos às Revistas Biomédicas - ICMJE www.icmje.org ). Não serão aceitas como referências comunicações pessoais. Citações de livros e teses devem ser evitadas. Agradecimentos: Devem ser feitos às pessoas que contribuíram de forma importante para a realização da pesquisa ou escritura do manuscrito.TABELAS E FIGURAS Numeradas no corpo do texto com algarismos arábicos, encabeçadas por suas legendas, explicações dos símbolos no rodapé. A montagem das tabelas deve seguir as normas supracitadas de Vancouver. São consideradas figuras fotografias, gráficos e desenhos. Todas as figuras devem ser referidas no texto, numeradas consecutivamente por algarismos arábicos e acompanhadas de legendas descritivas. 22 Revista CIPERJ • Volume III • Número II • novembro de 2015 PEDIATRIA Estrada dos Três Rios, 1.366, Freguesia, Jacarepaguá TEL: (21) 2448 3600 w w w . r i o s d o r. c o m . b r UTI Pediátrica preparada para assistência à criança e ao adolescente que necessitem de tratamento intensivo, contando com equipamentos de última geração e uma equipe multidisciplinar (nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, enfermeiro e psicólogo). Emergência 24h com 9 leitos de atendimento de repouso e sala de medicação com 6 leitos. Toda a infraestrutura em exames e diagnósticos por imagem no próprio hospital. Centro cirúrgico composto por 6 salas, onde podem ser realizados desde procedimentos simples até intervenções de alta complexidade. Unidade de internação composta por 14 leitos decorados, espaçosos e equipados, além de quartos com berços para acolher os bebês.