RESUMO Fundamento. A proteção adequada do miocárdio durante a parada isquêmica do coração é essencial para bons resultados clínicos. O método ideal para a proteção miocárdica ainda está em debate, apesar do número substancial de estudos que vêm sendo publicados, porém com resultados conflitantes. Objetivo. Comparar a eficácia da cardioplegia sanguínea versus cardioplegia cristalóide na proteção miocárdica em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca. Métodos. Realizada revisão sistemática e meta-análise de estudos selecionados a partir das seguintes bases de dados: MEDLINE, EMBASE, CENTRAL/CCTR, SciELO, LILACS, Google Scholar e lista de referências de artigos relevantes, pesquisados na busca de artigos de estudos clínicos randomizados que reportassem desfechos intra-hospitalares após utilização de cardioplegia sanguínea ou cristalóide para proteção miocárdica durante procedimento cirúrgico cardíaco no período de 1966 a 2011. Trinta e seis estudos (randomizados) foram identificados e incluíram 5576 pacientes (2834 para o grupo sanguíneo e 2742 para cristalóide). A principal medida sumária foi o risco relativo (RR) para o grupo sanguíneo comparada ao grupo cristalóide com 95% de intervalo de confiança (IC) e valor de p (considerado estatisticamente significante quando <0,05). Os RR’s foram cruzados entre os estudos usando DerSimonian-Laird para modelo de efeitos randômico e para modelo de efeito fixo foi utilizado o modelo de Mantel-Haenszel – foi atribuído peso a ambos os modelos. A meta-análise foi completada usando o software Comprehensive MetaAnalysis version2 (Biostat Inc., Englewood, New Jersey). Resultados. Não houve diferença significante entre o grupo cardioplegia sanguínea ou cristalóide com risco de morte (taxa de risco [RR] 0.951, p = 0.828, para ambos os modelos de efeito) ou infarto do miocárdio (RR 0.795, P = 0.164, para ambos os modelos de efeito), ou síndrome do baixo débito cardíaco (RR 0.765, P = 0.094, para modelo de efeito fixo; RR 0.690, P = 0.072, para modelo de efeito randomizado). Não foi observado nenhum viés de publicação ou heterogeneidade dos efeitos sobre os resultados. Conclusão. Nós não encontramos nenhuma evidência que argumentasse a favor de superioridade em termos de desfecho maior entre cardioplegia sanguínea e cardioplegia cristalóide na proteção miocárdica durante a cirurgia cardíaca. Palavras-chave:1.Cirurgia cardiovascular; 2. Proteção do miocárdio; 3. Cardioplegia sanguínea;4. Cardioplegia cristalóide;5. Meta-análise. ABSTRACT Background.Adequate protection of the myocardium during ischaemic arrest is essential for successful clinical outcome. The optimal method for cardioplegia and myocardial preservation is still under debate, despite the substantial number of studies that has been published, but with conflicting results. Objective.To compare the efficacy of blood versus crystalloid cardioplegia for myocardial protection in patients undergoing cardiac surgery. Methods.Performed a systematic review and meta-analysis of studies selected from the following databases: MEDLINE, EMBASE, CENTRAL/CCTR, SciELO, LILACS, Google Scholar and reference lists of relevant articles for clinical studies that reported in-hospital outcomes after blood or crystalloid cardioplegia for myocardial protection during cardiac surgery procedure from 1966 to 2011. Thirty-six studies (randomized trials) were identified and included a total of 5576 patients (2834 for blood and 2742 for crystalloid). The principal summary measures were risk ratio (RR) for blood compared to crystalloid cardioplegia with 95% Confidence Interval (CI) and P values (considered statistically significant when <0.05). The RR´s were combined across studies using DerSimonian-Laird random effects model and fixed effects model using the Mantel-Haenszel model - both models were weighted. The meta-analysis was completed using the software Comprehensive Meta-Analysis version 2 (Biostat Inc., Englewood, New Jersey). Results.There was no significant difference between blood or crystalloid groups in the risk for death (risk ratio [RR] 0.951, P = 0.828, for both effect models) or myocardial infarction (RR 0.795, P = 0.164, for both effect models) or low cardiac output syndrome (RR 0.765, P = 0.094, for fixed effect model; RR 0.690, P = 0.072, for random effect model). It was observed no publication bias or heterogeneity of effects about any outcome. Conclusion.We found evidence that argues against any superiority in terms of hard outcomes between blood or crystalloid cardioplegia for myocardial protection during cardiac surgery. Keywords: 1.Cardiovascular surgery; 2 Myocardial protection; 3. Blood cardioplegia; 4. Crystalloid cardioplegia; 5. Meta-analysis