Introdução à Virologia Estrutura, Morfologia e Replicação Viral Prof Flávio Borges Ubiquidade dos vírus • Todos e qualquer organimo é potencialmente parasitado por algum tipo de vírus • Consequência evolutiva Natureza predatória: todo virus é um parasita obrigatório Co-evolução Vírus Hospedeiro Resultante: prejuízo de funções celulares normais Moldar características da célula para favorecer sua replicação Doença = Alteração de função ou característica celular/tecidual, ou morte celular, gerada pela infecção Pressão seletiva sobre o hospedeiro Contra-adaptação do hospedeiro (em detrimento do virus) Contra-contra-adaptação do virus Pressão seletiva sobre o vírus Contra-contra-contra-adaptação do hospedeiro Co-evolução Vírus Hospedeiro Tendência ao equilíbrio Diminuição das pressões seletivas Virulência: medida empírica da quantidade de dano que um determinado virus causa ao hospedeiro Doenças graves representam desequilíbrio Vírus/Hospedeiro Manutenção das viroses (controle da letalidade) Doenças emergentes Co-evolução Vírus Hospedeiro • Conceito errado: adaptação virus/hospedeiro e equilíbrio não implicam, necessariamente, em ausência de doença O vírus não se “importa” se ele vai causar ou não dano ao hospedeiro – adaptação significa apenas que ele deve adquirir nível de virulência suficiente que permita sua replicação e transmissão ANTES da falência do hospedeiro Vírus do trato respiratório superior – Gripe Transmissão aérea Tosse, escorrimento nasal, espirro Vírus entérico – Rotavírus Transmissão por fezes contaminadas Vírus causadoes de DST Poxvírus (varíola) Transmissão por contato Lesões externas Arbovírus - Dengue) Transmissão por vetor artrópode Prostração do hospedeiro Diarréia Favorecimento da transmissão Retrovirus (+ 50 virus) -Imunodeficiência -Leucemia -Hiperplasias Herpesvirus (+50 virus) -Cânceres -Catapora Adenovirus (49 sorotipos) -Doenças respiratórias -Hiperplasia Importância dos Vírus -Herpes Zoster -Herpes labial/genital -Encefalites -Herpes Ocular Poxvirus (5 virus) -Hiperplasias -Doença Sistêmica -Canceres -Pustulação Médica Picornavirus (+100 virus) -Polio -Gripes Paramyxovirus (+50 virus e sorotipos) -Enteroviroses -Caxumba -Hepatite A -Sarampo Filovirus (2 virus) -Doenças respiratórias -Febre hemorrágica Rabdovirus (8 sorotipos) -Raiva Astrovirus (8sorotipos) -Gastroenterites Calicivirus (9 sorotipos) -Gastroenterites Togavirus (23 virus) -Rubéola -Encefalites -Poliartrites -Pustulação (rash) Coronavirus (2 virus) -Resfriados -gastrites Arenavirus (+20 virus) -Febre Hemorrágica -Encefalites -Hiperplasia Flavivirus (+50 sorotipos) -Encefalites Reovirus (# indeterminado) -Dengue -Gastroenterites infantis -Febre Amarela -Hepatite C, E e G Orthomyxovirus (# indeterminado) -Gripes severas -Doenças respiratórias Hepadnavirus (1 virus) -Hepatite -Cancer Bunyavirus (+50 virus) -Febre hemorrágica -Encefalites Rotavirus (+50 sorotipos) -Pustulação -Gastroenterites -Exantema subito Agricultural Econômica Veterinária Papilomavirus (+100 sorotipos) -Verrugas -Condilomas genitais -Hiperplasias -Cânceres Tamanho dos vírus Tamanho da partícula: 15 a 300 nm 1nm = 1/10.000.000 cm Vírus Vaccínia / Varíola (maior vírus animal/humano) Vírus da Poliomielite (menor vírus humano) Estrutura Viral Básica Capsídeo (proteína) Envelope (Lipídeos + receptores) Cerne (DNA ou RNA) Espículas ou receptores virais Proteínas e carboidratos VIRUS NÃO ENVELOPADO VIRUS ENVELOPADO Genoma Viral Trasncriptase Reversa Tipos de estruturas Capsídeo Helicoidal Subunidades protéicas são equivalentes entre si e estão ligadas de modo a formar um eixo de rotação ao redor do ácido nucléico) Ex:Vírus do Sarampo, Caxumba, Raiva Tipos de estruturas Capsídeo Helicoidal Vírus Helicoidal não-envelopado Vírus Helicoidal envelopado Tipos de estruturas Capsídeo Icosaédrico Capsídeo construído por CAPSÔMEROS que se ligam formando um sólido geométrico (icosaedro) As subunidades do capsideo estão localizadas ao redor dos vértices ou faces do icosaedro. Um icosaedro é formado por 20 triângulos eqüiláteros organizados sobre a face de uma esfera. Ex:Herpesvírus Poliovírus Adenovírus Tipos de estruturas Estrutura Complexa Subunidades protéicas do capsídeo se ligam formando estrutura complexa, sem conformação geométrica definida Ex: Varíola, Vaccínia, Ebola Tipos de estruturas Capsídeo Binária O capsídeo viral pode ser dividido em apenas dois planos idênticos Ex: Bacteriófago T4 Princípios da replicação Viral Vírus são Parasitas intracelulares obrigatórios Os ciclos replicativos dos vírus variam de acordo com a duração, local da multiplicação, destino da célula infectada (ciclo lítico ou não) e produtividade viral. Alguns vírus são capazes de entrar em estados latentes, onde não há produção de progênie viral Replicação Viral 6 fases Membrana Citoplasmática 2 - Penetração 3 - Desnudamento Vírion 1 - Adsorção Receptor celular 6 - Liberação 4 - Biossíntese Meio Extracelular Citoplasma 5 - Morfogênese Replicação Viral 1 - Adsorção • Ligação específica entre os receptores virais e receptores celulares localizados na membrana citoplasmática Receptor Viral Replicação Viral 1 - Adsorção • Receptores virais estão diretamente relacionados com Tropismo celular/tecidual e a especificidade de hospedeiro CD4+ Linfócito T CD4 Humano CD4- Neurônio x x CD4 Felino HIV Fibroblasto x CD4- x CD4 Aviário Replicação Viral 1 - Adsorção • Em adição aos receptores primários, alguns vírus também interagem com receptores secundários (co-receptores). A ligação pode ocorrer ao vírus nativo ou a formas virais alteradas como resultado de sua ligação ao receptor primário. Receptor Celular Co-receptor Celular Replicação Viral 1 - Adsorção • A etapa de adsorção viral pode ser bloqueada pela presença de inibidores específicos x Replicação Viral 2 - Penetração a) Fusão de Membranas Membrana Celular Envelope Viral Receptor Celular Receptor Viral Citoplasma Citoplasma Citoplasma Replicação Viral 2 - Penetração b) Endocitose mediada por Receptor b.1 – Fusão do endossomo Citoplasma Citoplasma Citoplasma Citoplasma Citoplasma Replicação Viral 2 - Penetração b) Endocitose mediada por Receptor b.2 – Lise do endossomo Citoplasma Citoplasma Citoplasma Citoplasma Citoplasma Replicação Viral 2 - Penetração • Como o vírus induz a formação do endossomo após sua ligação? Processo fisiológico comum da via endocítica Endocitose dependente de Clatrina Endocitose dependente de Caveolina Endocitose dependente de “Lipid-rafts” Ligante Receptor Celular Membrana citoplasmática Sinalização Recrutamento de proteínas indutoras de endocitose Replicação Viral Endocitose dependente de clatrina 2 - Penetração Endocitose independente de clatrina/caveolina Fusão de membranas Endocitose dependente de caveolina Replicação Viral 3 - Desnudamento • A etapa de desnudamento ocorre, em muitos casos, simultaneamente à penetração, e consiste na degradação do capsídeo/nucleocapsídeo viral seguido da exposição do material genético do vírus no respectivo sítio replicativo Ácido nucléico exposto no sítio replicativo Penetração Desnudamento Replicação Viral 3 - Desnudamento Exemplos: Sindbis Virus (Togaviridae) Influenza Virus (Orthomyxoviridae) Bacteriófago T4 Replicação Viral 4 - Biossíntese • Para conseguir expressão, replicação e o “alastramento” de seus genes, os diferentes vírus evoluíram muitas estratégias genéticas e bioquímicas diferentes, dependendo de fatores tais como: – Natureza do material genético viral – Características fisiológico-bioquímicas da célula hospedeira – Sítio de replicação intracelular Replicação Viral 4 - Biossíntese 1 Estratégia de Síntese protéica: genoma Monocistrônico (RNA) RNA genômico mRNA único Poliproteína Processamento proteolítico Poliovirus (Picronaviridae) Proteínas individuais Replicação Viral 4 - Biossíntese 2 Estratégia de Síntese protéica: genoma Policistrônico (DNA / RNA) Parainfluenza Virus (Paramyxoviridae) RNA genômico Vários mRNAs individuais Proteínas individuais Replicação Viral 5 - Morfogênese Conceito: Montagem das subunidades protéicas (e dos componentes da membrana no caso dos vírus envelopados) e empacotamento do ácido nucléico viral, com formação de novas partículas virais completas em um determinado sítio da célula. Sítio Citoplasmático Sítio nuclear Tradução em Ribossomos livres Modificações pós-traducionais Vias secretórias celulares Sinais de localização nuclear Sinais de exportação nuclear Replicação Viral 5 - Morfogênese • Sítios replicativos = Fábricas virais Replicação Viral 5 - Morfogênese Montagem das subunidades protéicas e empacotamento do ácido nucléico viral Replicação Viral 5 - Morfogênese • Vírus envelopados: Vírus não são capazes de sintetizar lipídeos. Assim envelopes devem ser adquiridos de compartimentos membranosos da célula (previamente modificados por proteínas virais) Replicação Viral 6 - Liberação • O processo de liberação está intimamente relacionado com as características biológicas do vírus – Envelopado x Não-envelopado – Lítico x Lisogênico – Sítio de Replicação celular Replicação Viral 6 - Liberação • Modelo simples – Ciclo lítico x Ciclo lisogênico (bacteriófago T4) Brotamento Fusão de envelope externo Replicação Viral Liberação propulsionada 6 – Liberação – Modelos complexos