U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E S A N TA C ATA R I N A P R O G R A M A D E P Ó S - G R A D U A Ç Ã O E M FA R M Á C I A A L U N A : S U E L L E N G AV R O N S K I FLORIANÓPOLIS, 25/08/2015 Introdução O termo epigenética refere-se a todas as mudanças reversíveis e herdáveis no genoma funcional que não alteram a sequência de nucleotídeos do DNA Existem três mecanismos principais de alterações epigenéticas: metilação do DNA, modificação de histonas e ação de RNAs não codificadores Introdução Dentre as técnicas que elucidam a ligação de fatores de transcrição ao DNA, destacam-se a PBM (protein binding microarray) (in vitro) e a Chip ou Chip-Seq (Chromatin immunoprecipitation seguida de sequenciamento) (in vivo). Desvantagens: utilização de FT purificados e de difícil manuseio, não permitindo a análise complexa e multi-paramétrica das modificações epigenéticas. A tecnologia MagPIE (magnetic protein immobilization on enhancer DNA) foi desenvolvida com o objetivo de permitir a análise multiparamétrica e rápida das interações entre fatores de transcrição (FT), cromatina e DNA, bem como suas modificações epigenéticas resultantes. Introdução Metodologia Amplificação do DNA e ligação às beads Todas as sequências foram amplificadas e ligadas as beads com primers com mínima afinidade por fatores de transcrição. Processo: Beads magnéticas com streptavidina são precipitadas com um ímã Beads são resuspendidas no tampão de ligação Adição de DNA biotinilado Incubação por 20 a 60’ Lavagem e bloqueio com 4% de leite Armazenamento Metodologia Cultura de células Foram utilizadas células embrionárias murinas mantidas em meio DMEM suplementadas com 15% de soro fetal bovino. Quando necessário, as células foram tratadas com doxiciclina para estimular a proliferação e induzir a expressão de fatores de transcrição. Metodologia Preparação do lisado nuclear Lavagem dupla das células com PBS gelado Células foram raspadas, colocadas num pellet e centrifugadas Células são resuspendidas em solução de lise e incubadas por 15’ a 4°C Adição de um agente detergente e centrifugação Resuspensão em solução de lise nuclear, incubação e centrifugação Purificação em coluna Preparação de alíquotas, congelamento em nitrogênio líquido e armazenamento a -80°C Metodologia Ligação do DNA as proteínas Descongelamento e diluição do lisado (~1/3mg/ml) Incubação do lisado com as beads recobertas com o DNA Incubação por 10’ a 37°C Junto com DNA competidor Resuspensão das beads em 10 μl de solução de anticorpos primários e anticorpos secundários ligados a um fluoróforo. Incubação por 20-60’ a 4°C Lavagem, resuspensão e avaliação por citometria de fluxo Análise adicional por espectrometria de massas Resultados Interação DNA-proteína Amplificação de sequências de DNA Análise da interação por citometria de fluxo Sequência aleatória de 130pb Ligação as beads Sequência de 150pb de uma região contendo um sítio forte de ligação a Cdx2 Marcação com o anticorpo anti-V5 Incubação com o lisado contendo o FT Cdx2 com o epítopo V5 Os FTs interagem com sequências de DNA contendo sítios de ligação específicas Resultados Para confirmar que a ligação do DNA ao FT Cdx2 é dependente do sítio de ligação para Cdx2, foi analisado o efeito de sítios de ligação mutados. Sequências de 40pb com sítios de ligação Cdx2 com um motif fraco e forte Amplificação utilizando os primers MagPIE biotinilados gerando uma seqüência de 88 bp. Resultados Somente a mutação do sítio de ligação forte diminui a ligação ao FT Resultados A ligação a outros fatores de transcrição (Sox2 e Onecut1) com sítio de ligação mutada também foi afetada. Resultados Análise comparativa da afinidade de ligação da sequência de DNA ao fator de transcrição Seleção de 16 sequências com afinidades variáveis ao sítio Cdx2 Incubação com o lisado contendo o FT Marcação e análise por citometria de fluxo A intensidade da imunofluorescência é relacionada ao grau de afinidade com o sítio de ligação Resultados Análise de múltiplos eventos epigenéticos Resultados Metilação do DNA Sequências flanqueadoras de regiões com dinucleotídeos CG foram amplificadas e marcadas com anticorpos contra citosinas metiladas antes e após a incubação. A incubação com o lisado induz a reatividade da metil-citosina e pode ser inibida com a pré-incubação do lisado com o inibidor de DNA metiltransferase RG108. Resultados Ligação das sequências de DNA a histonas após a incubação com o lisado. A análise de espectrometria de massas foi realizada nas beads ligadas a sequências de DNA com o sítio de ligação Cdx2 e sequências aleatórias de 88, 150 e 250 pb. Em todos os experimentos, histonas H1, H2 e H3 foram detectadas, indicando que ocorre a ligação de histonas durante a realização da técnica analisada. Resultados Foi analisado se sequência que possuíam a marcação para H3K4Me1 em células embrionárias apresentavam maior reatividade após incubação com o lisado, o que foi posteriormente confirmado. Para isso, foram testadas 4 sequências com a marcação e 8 sequências sem. Resultados As sequências reativas apresentam uma região de 200pb com sítio de ligação forte para o motif Sox-Oct, dois fatores de transcrição. As sequências não reativas não apresentam este sítio de ligação. Duplo positivo Duplo negativo Logo, sabe-se que a sequência de H3K4Me1 apresenta sítio de ligação para os FTs Sox-Oct. Resultados Para testar a relação entre a ligação dos FT e a presença do marcador H3K4Me1, foram sintetizadas sequências com mutações pontuais nos sítios de ligação Oct e Sox2. Mutações no sítio Oct4 reduziram a reatividade para H3K4Me1 em maior grau quando comparada com a mutação do sítio Sox2 Além disso, a mutação no sítio Oct diminuiu a reatividade do FT Sox2, indicando um relação de cofatores Isso indica que a metilação de histonas é dependente da ligação com FTs (principalmente Oct4) Resultados Para saber se as histonas são ligadas na forma de nucleossomos, foi feita a digestão com Dnase I, uma vez que a presença de nucleossomos impede a ação desta enzima. Uma região H3K4Me1 de 250 bp foi sintetizada e ligada as beads e sujeitada a digestão com DNAse I antes e após a incubação com o lisado. A incubação com o lisado impediu a digestão por DNAse I o que sugere a presença de nucleossomos. DNA ladder Sequência de 250 pb com o sítio de ligação Sox-Oct antes de ser ligado as beads Sequência após a ligação as beads e incubação com o lisado (não digerido) Sequência após ligação as beads e digestão com DNase Resultados Para saber se ocorria a metilação das histonas durante o MagPIE, foi realizado o ensaio na presença de um análogo não hidrolisável do ATP (ATP gama S), o que diminuiu a atividade da H3K4Me1, sugerindo que ocorre a metilação das histonas durante a incubação com o lisado. Discussão É possível monitorar as interações entre DNA e fatores de transcrição pela técnica. Consiste em uma técnica rápida (resultados são obtidos após 2h), com pequenas quantidades de proteína e cujos complexos DNA-FT são estáveis por várias horas. Todos esses processos detectados estão relacionados a incubação com o lisado nuclear bruto, uma vez que o mesmo possui as enzimas catalizadoras Discussão A técnica de MagPIE permite analisar: 1. metilação de histonas; 2. metilação do DNA; 3. ligação de fatores de transcrição; 4. ligação de histonas; 5. ligação de nucleosomos; 6. atuação de cofatores. A ligação de FTs são dependentes de sequências específicas. Conclusão Como alguns citômetros podem ler >10 λ, a análise de simultâneas interações pode ser visualizada por esta técnica. Espera-se que com o desenvolvimento de mais anticorpos para FTs e modificações de histonas, tais eventos possam ser investigados de forma mais aprofundada. De forma geral, esta continua sendo uma metodologia promissora para a análise multi-paramétrica de interações e modificações do material genético analisado. Obrigada!