TELÉSFORO NETO RIBEIRO DE SOUSA
EVASÃO E REPROVAÇÃO ESCOLAR: O CASO DE
UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL EM SÃO LUÍS MA
Orientadora: Profa. Doutora Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Instituto de Educação
Lisboa
2013
TELÉSFORO NETO RIBEIRO DE SOUSA
EVASÃO E REPROVAÇÃO ESCOLAR: O CASO DE
UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL EM SÃO LUÍS MA
Dissertação apresentada para obtenção do grau de
Mestre em Ciências da Educação no Curso de Mestrado
em Ciências da Educação conferido pela Universidade
Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
Orientadora: Profa. Doutora Telma Bonifácio dos Santos
Reinaldo
Coorientador: Prof. Doutor Antônio Teodoro
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Instituto de Educação
Lisboa
2013
Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias/ Instituto de Educação
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
“É fazendo que se aprende a fazer aquilo que deve
se aprender a fazer”.
(Aristóteles)
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, esposa, filhos, professores, amigos... Minha eterna gratidão.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
AGRADECIMENTOS
À Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias – ULHT.
Aos Coordenadores do Instituto Superior de Educação Continuada – ISEC,
juntamente com a todos os funcionários, pelo empenho incansável no decorrer do curso.
À Professora Dra. Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, pela orientação
competente, conhecimento transmitido, conselhos, críticas, enfim pela sua presença marcante.
Às colegas Jossilene Louzeiro, Maria Isabel e Fátima Sampaio, pelo apoio constante,
e Fredson Paiva, pela revisão do texto e sugestões valiosas.
Aos demais colegas de turma pelo companheirismo durante esses anos que estivemos
juntos de muito estudo e dedicação.
Agradeço aos professores que ministraram disciplinas no programa do mestrado que
contribuíram muito para a formação de cada aluno da turma.
Um agradecimento especial à direção e aos professores, alunos e ex-alunos do Centro
de Ensino Gonçalves Dias, local de investigação deste trabalho.
Um agradecimento especial à minha esposa Naíldes Costa de Sousa, e aos filhos
Natan, Natália e Rafael, que me apoiaram em todos os momentos dessa jornada.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
RESUMO
Analisam-se, as causas da evasão e reprovação escolar ocorridas num intervalo de
tempo predefinido. A investigação utilizou como sujeitos os alunos, os professores, a
coordenação pedagógica e a diretora geral de uma escola estadual de ensino médio, em São
Luís – MA. Detectou-se que a evasão e a reprovação escolar estão relacionadas às condições
sociais e econômicas que determinam
as
necessidades básicas do alunado e,
consequentemente, são parâmetros para os resultados auferidos pelos alunos que frequentam a
referida escola. Como procedimento metodológico, utilizou-se o método qualitativo
correlacionando-os com um estudo de caso. Os dados foram analisados com base em outras
dissertações de mestrado sobre o assunto e nas contribuições dos especialistas na área de
educação, ensino e aprendizagem, tais como Bourdieu (1982). Dentre os principais resultados,
detectamos que o número de alunos que se evadem e ou ficam reprovados é muito elevado;
que estes perdem o interesse pelo estudo; têm necessidade de trabalhar para ajudar na renda
familiar, sendo estas as dificuldades que mais dificultam o acompanhamento dos conteúdos e
o desinteresse pelo currículo escolar, fatores causadores da evasão e da reprovação, além da
baixa estima que contribui para a saída dos alunos da escola. Concluímos que há uma
necessidade de reestruturação do projeto político pedagógico voltado para os problemas
encontrados neste ambiente escolar.
Palavras chaves: ambiente escolar; evasão escolas; reprovação escolar; capital
cultural.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
ABSTRACT
It analyzes the causes of evasion and school failure occurred in a predefined time
interval. The research used students as subjects, teachers, pedagogical coordination and
general director of a public school high school in São Luís - MA. We found that avoidance
and school failure are related to social and economic conditions that determine the basic needs
of the students and therefore are parameters for the income earned by the students who attend
this school. As methodological procedure, we used the qualitative method correlating them
with a case study. Data were analyzed based on other dissertations on the subject and on
contributions from experts in the field of education, teaching and learning, such as Bourdieu
(1982). Among the main results, we found that the number of students who are or evade and
fail is very high, they lose interest in the study; need to work to help the family income, and
these difficulties more difficult the monitoring of content and disinterest in the school
curriculum, and avoidance of causative factors of failure and the low esteem that contributes
to the leaving of the students. We conclude that there is a need to restructure the political
pedagogical project focused on the problems found in this school environment.
Keywords: school environment; school evasion; school failure; cultural capital.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ANDE
– Associação Nacional de Educação
CEB
– Câmara de Educação Básica
CEE-MA
– Conselho Estadual de Educação do Maranhão
CEGD
– Centro de Ensino de 2º Grau Gonçalves Dias
CEN
– Conselho Nacional de Educação
CINTRA
– Centro Integrado Rio Anil
DTIE
– Divisão de Tecnologia Indústria e Economia
EJA
– Educação de Jovens e Adultos
EMR
– Ensino Médio Regular
ENEM
– Exame Nacional do Ensino Médio
EPTNM
– Ensino Profissional e Técnico Nível Médio
ETEC
– Escola Técnica Estadual
IBGE
– Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEB
– Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
IFMA
– Instituto Federal e Tecnológico do Maranhão
INEP
– Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
ISEC
– Instituto Superior de Educação Continuada
LDB
– Leis de Diretrizes e Bases
LDBEN
– Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MA
– Estado do Maranhão
MEC
– Ministério da Educação e Cultura
PNAD
– Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PPP
– Projeto Político Pedagógico
RCEM
– Referenciais Curriculares para o Ensino Médio do Maranhão
SAEB
– Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica
SAI
– Sistema de Avaliação Institucional
SEEDUC
– Secretaria Estadual de Educação do Estado do Maranhão
SEMED
– Secretaria Municipal de Educação de São Luís - MA
ULHT
– Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias
UNESCO
– United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................................... 09
ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS E FIGURAS ............................................................................ 10
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11
CAPÍTULO I: PROBLEMATIZANDO A EVASÃO E A REPROVAÇÃO ESCOLAR 15
1.1 O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS LEGAIS ....................................................... 16
1.2 ENTENDENDO O QUE É EVASÃO E REPROVAÇÃO ESCOLAR .................. 20
1.3 O PERCURSO DO ENSINO MÉDIO NO BRASIL ................................................ 23
1.4 AS PRINCIPAIS CAUSAS DA EVASÃO E DA REPROVAÇÃO ESCOLAR NO
BRASIL .......................................................................................................................... 28
1.4.1 Principais causas da evasão e da reprovação escolar no Brasil .................... 29
1.4.2 Número de alunos matriculados no Brasil .................................................... 31
1.4.3 A evasão escolar no Brasil ............................................................................ 33
1.4.4 A reprovação escolar no Brasil ..................................................................... 35
1.4.5 A evasão e a reprovação escolar no Maranhão ............................................. 38
1.4.6 A evasão e a reprovação escolar em São Luís .............................................. 40
CAPÍTULO II: O CAMPO DE PESQUISA E O PERCURSO METODOLÓGICO ..... 42
2.1 A ESCOLA INVESTIGADA – CENTRO DE ENSINO GONÇALVES DIAS ...... 44
2.1.1 Principais espaços físicos da escola .............................................................. 47
2.1.2 O Sistema de avaliação ................................................................................. 48
2.1.3 Os sujeitos que compõem a escola ............................................................... 49
2.2 A EVASÃO E A REPROVAÇÃO ESCOLAR NA ESCOLA INVESTIGADA ... 50
2.2.1 Principais causas da evasão e da reprovação escolar na escola pesquisada . 50
2.3 O PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA .............................................. 55
2.3.1 Instrumentos de Coleta dos Dados ............................................................... 55
2.3.2 Instrumentos de análise dos dados ................................................................ 59
CAPÍTULO III: A EVASÃO E A REPROVAÇÃO NO CENTRO DE ENSINO
GONÇALVES DIAS ................................................................................. 63
3.1 ANÁLISES DAS CAUSAS DA EVASÃO E REPROVAÇÃO ESCOLAR ........... 64
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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3.1.1 A fala dos alunos evadidos ou reprovados ................................................... 65
3.1.2. A fala dos professores da escola .................................................................. 83
CONCLUSÕES....................................................................................................................... 96
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 102
APÊNDICES .............................................................................................................................. i
ANEXOS ............................................................................................................................ xxviii
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 01 – Número de matrículas da Educação Básica por dependência no Brasil – 2011....32
Tabela 02 – Número de matrículas na Educação Básica no Brasil de 2007 a 2011 ................. 32
Tabela 03 – Taxas de reprovação e evasão escolar no ensino médio ....................................... 35
Tabela 04 – Índices de reprovação de alunos na educação brasileira por estado ..................... 36
Tabela 05 – Taxas de aprovação e reprovação escolar entre alguns países do Mercosul ........ 37
Tabela 06 – Tabela da taxa de analfabetismo no Maranhão, na região Nordeste e no Brasil. . 38
Tabela 07 – População com idade escolar no Maranhão em 2010 ........................................... 39
Tabela 08 – Taxas de distorção idade-série, aprovação, reprovação e evasão escolar no
Maranhão. ............................................................................................................. 39
Tabela 09 – Taxas de distorção idade-série, aprovação, reprovação e evasão escolar em São
Luís ....................................................................................................................... 40
Tabela 10 – Taxas de distorção idade-série, aprovação, reprovação e evasão escolar............. 41
Tabela 11 – Alunos aprovados, reprovados e evadidos por ano. ............................................. 54
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ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS E FIGURAS
Fotografia 1 – Foto do Centro de Ensino Gonçalves Dias ....................................................... 45
Fotografia 2 – Centro de Ensino Gonçalves Dias: pátio interno, cantina e quadra ao fundo.. . 47
Fotografia 3 – Sala de aula no Centro de Ensino Gonçalves Dias ........................................... 48
Figura 1 – Evasão escolar nos países do Mercosul .................................................................. 34
Figura 2 – Quadro de matrículas: matrículas iniciais e o número de alunos no final do ano .. .53
Figura 3 – Alunos aprovados, reprovados e evadidos .............................................................. 54
Figura 4 – Triangulação de dados. ........................................................................................... 61
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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“Asociedade está no indivíduo, assim como o indivíduo está na sociedade”
(Saviani)
Introdução
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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INTRODUÇÃO
De modo geral, o homem tem de andar às
apalpadas; não sabe de onde veio nem para onde
vai, conhece pouco do mundo e menos ainda de si
mesmo.
(Goethe)
A evasão e a reprovação escolar estão entre os temas que historicamente fazem parte
das reflexões dos especialistas da educação brasileira, notadamente os que atuam no
Ministério da Educação – MEC, bem como estes conceitos ocupam nos dias atuais um espaço
de relevância no cenário das políticas públicas e da educação formal (LIMA, 2002. p.34).
Na verdade há um esvaziamento das salas de aula muito claro para nós, docentes, ao
longo do ano letivo, razão pela qual esta problemática se constitui em motivo de preocupação
para os que fazem a educação escolar, haja vista que a evasão e reprovação escolar, não são
problemas exclusivos de uma unidade de ensino e sim, praticamente, de todas as escolas
brasileiras.
Investigar os índices de rendimento dos alunos na escola brasileira, e
especificamente maranhense, tem se constituído um desafio para os profissionais da educação
comprovados pelos dados estatísticos existentes nos anais das instituições escolares e nas
avaliações formais feitas compulsoriamente a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
– LDB nº 9.394/96 pelo MEC. Estes resultados causam inquietação, principalmente para os
professores das escolas destinadas ao atendimento das camadas populares (LIMA, 2000, p.
11).
Neste contexto nos propomos realizar esta investigação sobre Evasão e Reprovação
Escolar: o caso de uma escola pública estadual em São Luís do Maranhão - Brasil, como
parte das exigências para o título de Mestre em Ciências da Educação, fruto da parceria entre
a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e o Instituto Superior de Educação
Continuada – ISEC.
Segundo Gadotti (2000, p. 13), o lugar da escola no contexto capitalista, nos remete
a analisar as relações existentes entre sociedade e escola, partindo da ideia de que os efeitos
do processo educacional devem ser compreendidos como parte integrante do processo social
mais amplo. Sendo assim, a escola e a sociedade estão ligadas diretamente pelo modo de
produção capitalista.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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Então nos cabe perguntar:

Qual a situação atual dos alunos do Ensino Médio do Centro de Ensino Gonçalves
Dias e suas implicações para a problemática da evasão e a reprovação escolar?

Quais as causas que contribuem para que esses alunos se evadam ou sejam
reprovados?

Como os professores e gestores escolares poderão contribuir para minimizar estes
problemas que afligem alunos, familiares e profissionais do ensino?

Porque é recorrente a evasão e a reprovação de grande parcela de alunos ingressantes
durante o ano letivo, embora saibamos que a escola é o lugar por excelência para a
construção da cidadania e preparação para o mundo do trabalho?

Estarão, a escola e seus representantes legais, despreparados para solucionar essa
problemática?

O que está sendo feito ou planejado para a manutenção do aluno ingressante no 1º ano
do ensino médio na escola para lhe garantir a saída como concludente?

Quais os percentuais de evasão e reprovação no período compreendido entre 2008,
2009 e 2010 dessa escola investigada? São significativos? Por quê?
São estes os questionamentos que nortearam a nossa investigação oriunda da nossa
observação cotidiana no recinto escolar e de estudos já desenvolvidos sobre o tema, dados que
nos preocupam, na medida em que cada aluno(a) evadido(a) ou reprovado(a) poderá ser mais
um indivíduo excluído da sociedade e quem sabe um mendigo, desempregado ou marginal a
transitar pelo submundo da cidade.
OBJETIVOS
Esta investigação tem sua importância para a área das Ciências da Educação,
principalmente porque as políticas públicas no campo da educação, implantadas pelos
governos federal, estadual e municipal não estão conseguindo fazer com que os alunos
permaneçam na escola em sua totalidade. Esta não se apresenta como um lugar que possa
proporcionar uma vida mais digna para eles e sua família, e atenda às necessidades na
sociedade e no mundo do trabalho no qual está inserido.
A escola escolhida para o desenvolvimento da investigação é um espaço educativo
no qual frequentemente ocorrem os fenômenos da evasão e reprovação dos alunos, desse
modo, pretendemos ter como:
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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Objetivo Geral – Analisar as causas da evasão e da reprovação escolar na escola
estadual Centro de Ensino Gonçalves Dias.
Objetivos Específicos:

Identificar se a evasão e a reprovação escolar estão relacionados às condições sociais e
econômicas dos(as) alunos(as) do ensino médio;

Conhecer a situação atual do alunado que está no ensino médio do Centro de Ensino
Gonçalves Dias, comprometido com a problemática da evasão e reprovação escolar;

Compreender, sob a ótica das políticas educacionais, os fatores determinantes da
existência dos fenômenos da evasão e da reprovação no Centro de Ensino Gonçalves Dias.

Analisar se o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola está de fato contemplando a
aprendizagem dos alunos e se realmente representa os anseios e aspirações da comunidade
escolar;

Destacar as causas que contribuem para que esses alunos se evadam ou fiquem
reprovados.

Relacionar a evasão e a reprovação escolar com as práticas avaliativas externas e internas
desenvolvidas na escola a fim de estabelecer um ponto de vista a respeito da existência
desses fenômenos;
Parafraseando Miguel Arroyo (2004), pretendemos perceber se a oferta de educação
aos alunos dessa escola está articulada às estratégias de desenvolvimento humano, como
preceitua a legislação brasileira, na tentativa de contribuir para melhorar a educação como um
todo. Uma vez que se propõe averiguar se a aplicação das políticas públicas educacionais tem
conseguido formular novos caminhos para os alunos a fim de torná-los profissionais
habilitados a suprir as exigências do mundo do trabalho.
Assim, este trabalho acadêmico foi organizado em capítulos nos quais: no Capítulo I
trataremos de problematizar a temática - A evasão e a reprovação escolar notadamente no
Brasil, no Maranhão e em São Luís especificamente; no Capítulo II tratamos de identificar o –
campo da pesquisa e o percurso metodológico adotado; e no Capítulo III relatamos, de forma
analítica e sintética a evasão e a reprovação no Centro de Ensino Gonçalves Dias a partir da
fala dos sujeitos da investigação e os resultados encontrados. E fazê-lo procedendo-se a uma
categorização dos processos de interpretação das causas da evasão e da reprovação escolar.
Procurando-se, deste modo, responder às questões que orientaram este estudo, incluídas
recomendações no âmbito da investigação em educação.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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“Todos nós temos motivos para viver, encontre os
seus, e viva cada momento como se fosse o último”.
(Daniel)
Capítulo I
PROBLEMATIZANDO A EVASÃO E A REPROVAÇÃO ESCOLAR
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1.1 O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS LEGAIS
Em nossa realidade educacional o que determina a evasão e reprovação escolar são
as condições de aprovação ou reprovação escolar verificada durante o ano letivo. A razão
desses fenômenos é que, para essas duas situações, a decisão de continuar no ambiente escolar
no ano seguinte pode apresentar razões e consequências distintas no que concerne ao acúmulo
de capital humano.
No que tange a melhoria dos índices de permanência e aprovação dos alunos,
detectados durante as avaliações externas feitas pelo governo federal e aplicadas nas escolas
públicas que objetivam estabelecer parâmetros de melhoria da qualidade do ensino e da
aprendizagem temos alguns indicadores oficiais tais como a Provinha Brasil, o Sistema de
Avaliação da Educação Básica – SAEB e o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM1,
aplicados na Educação Básica.
Saviani (2008, p. 411), citando a “Carta aos educadores” de 1990, na revista
semestral da ANDE (Associação Nacional de Educação) nos remete ao que podemos chamar
de:
“O objetivo que queremos de nossa educação, uma
educação que se volte para os interesses da maioria do
povo brasileiro (idem), onde frisa ainda que a escola
para a maioria não pode ser definida por uma minoria
(idem) fato que nos leva a entender que precisamos
estudar, e avaliar, se a educação que esta sendo
implementada em nossas escolas está levando em
consideração a realidade dessas comunidades e o viver
diário das mesmas. Precisamos analisar o atual quadro
que ora encontramos em muitas escolas, e quando
falamos em analisar, nos remetemos ao fato de que
precisamos alterar radicalmente o eixo transmissãoassimilação, preconizando que professores e alunos
rompam com a atual organização do processo do
trabalho pedagógico e passem a organizar-se em
relações sociais novas” com vistas a que cada escola
seja transformada em uma unidade de produção e
distribuição de conhecimentos articulados aos reais
interesses de cada comunidade. (SAVIANI, 2008, p.
417).
1
Criado em 1988, o SAEB é uma ação do governo brasileiro, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, O SAEB é aplicado a cada dois anos, desde 1990 e avalia o
desempenho dos alunos brasileiros da 4ª e da 8ª séries do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio, nas
disciplinas de Língua Portuguesa (Foco: Leitura) e Matemática (Foco: resolução de problemas). (Fonte:
http://www.mec.gov.br). Enem foi instituído em 1998 para ser aplicado, em caráter voluntário, aos estudantes e
egressos deste nível de ensino. Realizado anualmente, tem como objetivo principal avaliar o desempenho do
aluno ao término da escolaridade básica, para aferir o desenvolvimento de competências fundamentais ao
exercício pleno da cidadania.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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Certamente estes são os aspectos que permeiam essa problemática investigativa, pois
conforme assegura Oliveira (2002, p.24),
“[...] os problemas relacionados ao fracasso escolar, não
são naturais a escola da massificação do ensino, são
anteriores ao processo de democratização do sistema de
ensino e dizem respeito a práticas cristalizadas no tempo
que podem ter se evidenciado e assumido novas
proporções com a necessidade da ampla expansão da
rede e com a chegada dos novos alunos a escola. Se a
escola já tinha práticas sem sentido, que pouco ou nada
tinham a ver com os objetivos para os quais foi criada,
ela continua tendo e isso se somou a precariedade das
condições de trabalho decorrentes da expansão da
educação tal como ela se deu em nosso sistema de
ensino” (OLIVEIRA, 2002. p. 24).
Pela afirmação acima citada, o acesso e a permanência na escola estão vinculados à
universalização da escola e a adoção de sistemas de recuperação de estudos voltados
implicitamente para decodificar números de indivíduos na mesma. Historicamente, o
fenômeno da evasão e reprovação só recentemente tem sido objeto da preocupação das
autoridades educacionais em nosso país, muito embora os educadores venham há muito tempo
se preocupando com este problema, acreditamos que esta investigação é importante, tem
pertinência e deve ser desenvolvida por contribuir no sentido da melhoria da educação da
escola maranhense e brasileira.
Os estudos de Bourdieu (1998), sobre os mecanismos de conservação e reprodução
social nas escolas nos ajudaram a entender as relações sociais dentro das comunidades
escolares, embora o pensamento de Bourdieu seja uma versão mais radical do modelo de
Durkheim (1996), quando este nos diz que os sujeitos são uma espécie de marionete das
estruturas dominantes dado que nos leva a buscar compreender como estas reflexões se
aproximam das nossas preocupações sobre a evasão e a reprovação escolar.
Bourdieu (1998), refere-se à uma cumplicidade entre a classe social dominante e a
escola, no sentido de que esta elege como valor o saber e a cultura dos privilegiados,
discriminando as demais representações culturais. Para ele, “tratando todos os educandos, por
mais desiguais que sejam eles de fato, como iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é
levado a dar sua sanção às desigualdades iniciais diante da cultura” (1998, p. 53). A escola
vem, assim, com seu discurso igualitário, ignorando as diferenças e perpetuando as
desigualdades. Tais diferenças encontram-se no capital cultural que o aluno herda de sua
família e de seu meio social. O capital cultural, “sistema de valores implícitos e
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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profundamente interiorizados” (BOURDIEU, 1998, p. 42), contribui na formação de
esquemas de percepção, de pensamentos e atitudes perante a cultura e a escola.
A herança cultural difere, pois, de uma classe social para outra e, no pensamento
desse autor, seria determinante para o sucesso ou o fracasso escolar. Recebendo crianças com
capitais culturais diversos, sendo muitos destes bastante discrepantes da cultura escolar, a
escola não tem conseguido cumprir sua real função, que é “desenvolver em todos os membros
da sociedade, sem distinção, a aptidão para as práticas culturais que a sociedade considera
como as mais nobres” (BOURDIEU, 1998, p. 62). Percebe-se, pelas palavras de Bourdieu,
que a escola, apesar de sua atuação conservadora, tem a perspectiva e o dever de exercer uma
função transformadora.
A educação segundo estabelece a Constituição Brasileira (art. 205 e 207), “é um
direito público que deve ser assegurado a todos, através de ações desenvolvidas pelo Estado e
pela família, com a colaboração da sociedade”; já a Lei de Diretrizes e Bases – LDB nº
9.394/96, é bastante clara no que tange a responsabilidade da família na orientação do
percurso sócio educacional da criança.
Ela estabelece em seu art. 2º que: “A educação, dever da família e do Estado,
inspiradas nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho” (LDB nº 9.394/96).
Apesar da clareza do texto, o que se observa é a inexistência da plenitude da
educação no que diz respeito ao alcance de todos os cidadãos, bem como a conclusão de todos
os níveis de escolaridade. Assim, o que se pode constatar é que cada vez mais a evasão e a
reprovação escolar vêm adquirindo espaço nas discussões e reflexões realizadas pelo Estado e
pela sociedade civil, em particular, e pelas organizações e movimentos relacionados à
educação no âmbito da pesquisa científica e das políticas públicas (LOPES, 2003, p. 34).
“A nova visão pedagógica” da educação, também
conhecida como “pedagogia da competência”, que
apresenta outra face do aprender a aprender, e tem como
objetivo maior “dotar os indivíduos de comportamentos
flexíveis que lhes permitam ajustar-se às condições de
uma sociedade em que lhes permitam às condições
básicas da vida em sociedade, no entanto suas próprias
necessidades de sobrevivência não estão garantidas”
(SAVIANI, 2008, p.437).
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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Estamos, portanto, perante um sistema educacional baseado no neotecnicismo, para o
qual o mais importante é o resultado. É baseado nesse resultado que se buscará garantir a
eficiência e a produtividade. A busca pela “qualidade total” subverte o olhar aos problemas
existentes na escola e, consequentemente, não olhamos para nossos alunos, seres humanos
que merecem certamente mais atenção (SAVIANI, 2008, p.439).
Marun (2008, p.17), fazendo referência aos estudos de Patto (1999), nos fala que nos
últimos cinquenta anos do século passado, houve a permanência de consideráveis índices de
evasão e reprovação na escola pública elementar e paralela a eles, durante décadas, a
recorrência de descrições de determinados aspectos do sistema escolar e de recomendações
que visavam melhorar o quadro descrito. Ela acrescenta que: “inúmeras passagens levam à
sensação de que o tempo passa, mas alguns problemas básicos do ensino público brasileiro
permanecem praticamente intactados, apesar das intenções demagogicamente proclamadas
por tantos políticos e dos esforços sinceramente empreendidos por muitos pesquisadores e
educadores.” (PATTO, 1999, p.138).
No decorrer deste trabalho foram tratados os conceitos históricos da Educação
Brasileira, com base em teóricos da educação nacional e internacional direcionado para
análise do que seja o ensino médio, enquanto etapa final da educação básica, assim como se
analisou o Centro de Ensino Gonçalves Dias, locus da investigação, através do seu projeto
político pedagógico e da legislação sobre educação brasileira no que diz respeito a
normatização da Educação Básica e seus pressupostos, bem como as causas determinantes da
evasão e da reprovação escolar dos alunos ingressantes no 1º ano e concludentes do 3º ano do
Ensino Médio do turno vespertino e matutino dessa escola.
A preocupação em discutir evasão e reprovação na escola campo da investigação
escolhida aleatoriamente surge em decorrência da nossa vivência como professor quando num
olhar prévio detectou-se que, durante o ano letivo de 2008, 2009 e 2010 consecutivamente,
tivemos números bastante significativos de evasão e reprovação de alunos do total de
matriculados inicialmente no 1º ano do ensino médio.
Daí começamos a nos questionar sobre as causas desse fenômeno naquela escola,
buscando saber a que podemos atribuir tal problema? Certamente existem causas as mais
diversas para que os alunos desapareçam da sala de aula e/ou fiquem reprovados. Às vezes,
esta se dá por ausência às aulas ou mesmo por insuficiência nos exames escolares.
Sabemos que os fatores geradores da evasão e da reprovação escolar são muitos e
que, no senso comum, vão da dificuldade de assimilação dos conteúdos por parte do alunado à
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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ausência de um currículo interessante e apropriado a essa camada da sociedade que é cliente
da escola pública, ou mesmo aulas que não atendam às necessidades imediatas desse alunado.
Tais hipóteses merecem ser analisada, daí nosso interesse por este tema tão recorrente na
escola maranhense e brasileira.
1.2 ENTENDENDO O QUE É EVASÃO E REPROVAÇÃO ESCOLAR
Dentre os vários conceitos de evasão escolar, optamos pela definição encontrada no
dicionário Aurélio (2004), o qual diz que é evasão é a “saída de aluno(s) da(s) escola(s), antes
do término do ano letivo ou do curso” (FERREIRA, 2004, p. 325). A evasão acontece quando
o aluno abandona a escola, após a matrícula do início de ano, bem como ocorre a desistência
do mesmo em prosseguir com seus estudos anuais. Os motivos que levam os estudantes a
abandonarem a escola, objeto de estudo deste trabalho, foram tratados com mais
profundidades durante a investigação e estão expostos à frente. Já a reprovação escolar é
entendida como a não promoção do aluno para a série ou módulo seguinte.
Podemos constatar que há uma semelhança nos termos evasão e retenção escolar
quando as palavras são correlacionadas a alunos na escola. Para simplificar a compreensão,
vamos sintetizá-las na palavra evasão escolar.
A evasão escolar é um problema que abrange a maioria das escolas públicas
brasileiras, por isso o tema vem sendo debatido e pesquisado há anos. Segundo Marconatto
(2009), desde a década de 1940 se avalia a intensidade com que os alunos abandonam a
escola. Conforme estudo realizado entre 1945 e 1950, revelou este autor que:
“[...] cerca de um milhão e duzentos mil alunos que
entraram na escola em 1945, conservaram-se nela
menos de um ano 104 mil crianças; depois de um ano,
conservaram-se apenas 506 mil crianças; dois anos
depois, conservaram-se 152 mil crianças; ao final dos
três anos, conservaram-se 111 mil crianças; após quatro
anos, conservaram-se 143 mil crianças; cinco anos, 125
mil; seis anos, 49 mil e sete anos, 10 mil” (TEIXEIRA,
1999, p. 499).
Estes dados apontavam ainda que o percentual de pessoas na faixa de 15 a 17 anos
que não frequentavam a escola era de 17,5% da população brasileira, e “existiam em 2010, no
Brasil, 13,5% de pessoas de 10 anos ou mais de idade, analfabetas” (PNAD, 2012).
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Segundo o censo escolar de 2012 do Instituto Nacional dos Estudos e Pesquisas
Educacionais (INEP/MEC), 14% dos estudantes de escolas públicas que terminam o ensino
fundamental obrigatório não chegam a se matricular no ensino médio; e dos que se
matriculam 18% não concluem os estudos, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílio (PNAD, 2012).
Sugerido pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
(UNESCO), o modelo de fluxo escolar que tem por objetivo medir a movimentação dos
alunos no sistema educacional através da promoção, da repetência e da evasão analisado por
Rigotti; Cerqueira, (2000, p.81), define tais categorias como:
1. Promovido: aluno que se matricula na série seguinte àquela na qual estava matriculado
no ano anterior;
2. Repetente: aluno que se matricula na mesma série que estava frequentando no ano
anterior;
3. Evadido: aluno que estava matriculado no início de um ano letivo, mas não se
matriculou no ano seguinte.
Desta forma segundo a UNESCO, a entrada deveria ocorrer na primeira série e a
saída com a conclusão do ensino em graus ou anos escolares definida pela legislação oficial
ou pela evasão no decorrer da vida escolar. Tal fenômeno pode ser identificado por:
1. Promoção: para o aluno que cursava a série anterior no ano anterior;
2. Repetência: para o aluno que cursava a mesma série no ano anterior.
Por outro lado, ainda em conformidade com (RIGOTTI; CERQUEIRA, 2000, p.82),
existem três formas de saída da série:
1. Promoção: o aluno se matricula na série seguinte no ano seguinte;
2. Repetência: o aluno se matricula na mesma série no ano seguinte;
3. Evasão: o aluno não se matricula no ano seguinte.
Comentando ainda sobre os estudos de Marconatto (2009), o autor critica os
responsáveis pela educação por delegarem a culpa pelo insucesso dos alunos sempre aos
outros, nunca ao professor pela sua aula, nem à escola pela sua estrutura deficitária, nem ao
ensino inadequado às necessidades dos alunos ou ainda ao desinteresse do sistema em
oportunizar educação de qualidade, posto que um empurrasse para o outro o problema. Desta
forma não sendo analisado e tratado de forma adequada, geram-se dados que não melhoram
os índices educacionais.
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Utilizando pesquisas já realizadas sobre o assunto tratado, as quais identificam
algumas causas para a evasão escolar, selecionamos alguns indicadores que apontam:
“[...] os aspectos sociais considerados como
determinantes da evasão escolar, dentre eles, a
desestruturação familiar, as políticas de governo, o
desemprego, a desnutrição, a escola e a própria criança,
sem que, com isto, eximam a responsabilidade da escola
no processo de exclusão das crianças do sistema
educacional” (QUEIROZ, 2002, p.1).
Outros motivos também são apontados por Soares (2007):
“[...] alguns porque precisam trabalhar ou ajudar a
família; outros porque se aborrecem na sala de aula por
não compreender a tarefa que devem cumprir; outros a
maioria, talvez, porque não tenha encontrado apoio
suficiente no período escolar nem de sua família, nem
de seus professores, nem de si próprios” (SOARES,
2007, p.24).
Com base nas citações acima, podemos destacar que os aspectos sociais, a estrutura
familiar e as políticas de governo são fatores determinantes para a permanência ou evasão do
aluno da escola. Percebemos que a necessidade de trabalhar, cada vez mais presente na
sociedade capitalista, para obter renda e que este aspecto estimula a evasão, porque dificulta
conciliar o estudo ao trabalho e a necessidade financeira para sua própria sobrevivência, de
acordo com Soares: “O fato percebido é que os alunos não estão sabendo conciliar trabalho e
estudo, havendo então confrontos entre os estudos e a dimensão da vida que o trabalho pode
realizar” (SOARES, 2007, p.42).
Dessa forma o aluno fica diante de uma indefinição: mesmo sabendo que o estudo
estimula a capacitação para obter um emprego melhor, por outro lado quando conquista um
emprego, desestimula-se da escola pela dificuldade de conciliar o estudo e o trabalho, ou
ainda por achar que o estudo já atingiu o objetivo que era inseri-lo no mundo do trabalho.
A evasão e a reprovação escolar nos cursos noturnos são mais elevadas, sendo
hipoteticamente, o cansaço de um dia de trabalho o principal motivo do baixo rendimento do
aluno e, por sua vez, o fator determinante que se dá em virtude de serem:
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“Obrigados a trabalhar para sustento próprio e da
família, exaustos da maratona diária e desmotivados
pela baixa qualidade do ensino, muitos adolescentes e
adultos desistem dos estudos sem completar o curso
secundário. Quando são trabalhadores, os alunos têm
dificuldades de conciliar o estudo ao trabalho, por
exaustão, por gastar muito com transporte, por mudar de
emprego ou trabalhar à noite e acabam desistindo”
(MEKSENAS, 1998 apud QUEIROZ, 2002, p.3).
Nessa situação os alunos do ensino médio acabam por abandonar a sala de aula sem
que haja, por parte dos professores e gestores, uma atitude de preocupação e
corresponsabilidades para com estes jovens que, necessariamente, serão os adultos de amanhã
em nossa sociedade.
1.3 O PERCURSO DO ENSINO MÉDIO NO BRASIL
Tentando compreender a trajetória do ensino médio no Brasil e estabelecer uma
relação do passado com os problemas encontrados no atual sistema educacional brasileiro,
dentre eles a evasão e a reprovação escolar, aqui eleito como objeto de estudo, relacionaremos
resumidamente as características que marcaram o percurso da educação no Brasil.
O caminho percorrido pelo ensino médio no Brasil, até chegar ao modelo atual, teve
sua origem com os jesuítas, fato que marcou a educação brasileira ao longo de 210 anos (1549
a 1759). Esta educação foi caracterizada pela dualidade do ensino, com uma oferta de vaga
diferenciada para índios, negros e colonizadores no período colonial (SILVA, 2005, p. 9).
Na época, os jesuítas organizavam a escola para atender a duas clientelas: os filhos
dos colonos e as crianças indígenas, chamadas de “curumins”. Excluíam as mulheres e os
filhos de escravos. O curioso é que, em contra partida, aos favorecidos da sociedade, a
exemplo de hoje, foram oferecidos estudos secundários para que tivessem acesso à
universidade.
Ribeiro (2003, p.19), aponta que a catequese, do ponto de vista econômico,
interessava tanto à Companhia de Jesus, quanto aos colonizadores pelo fato de facilitar a
exploração da mão-de-obra, pela domesticação e docilidade dos que a ela frequentavam.
Esta educação esteve presente no Brasil até a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de
Pombal, no ano de 1759, quando o ensino no país sofreu uma grande desestabilização e
retrocesso, pois os jesuítas possuíam muitas escolas que foram fechadas naquele momento.
Assim, os estudiosos da história do Brasil são unânimes em afirmar o caráter político e
econômico do período pombalino, deixando a desejar o viés educativo, embora tenham sido
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enviadas ao Brasil outras ordens religiosas como os carmelitas, beneditinos, franciscanos e
dominicanos. Estes, contudo, não foram suficientes para substituir aos jesuítas, surgindo a
necessidade de contratar professores leigos para atuarem no ensino brasileiro. (RIBEIRO,
2000, p.67).
A expulsão dos jesuítas deu margem à criação de novos colégios. Insuficientes em
quantidade e qualidade, além de mal distribuídos espacialmente, sem a formação rígida e
exigente da época anterior e nos quais os professores eram mal remunerados, despreparados e
desestimulados na busca de um aperfeiçoamento profissional e pessoal.
Somente com a vinda da família real portuguesa ao Brasil em 1808, ocorre um
avanço significativo na educação e na formação de professores devido à importação das ideias
pedagógicas e à criação de escolas de nível superior para atender às demandas da corte,
reforçando o caráter elitista e aristocrático da educação brasileira.
Com a promulgação do Ato Adicional de 1834, o ensino brasileiro cai no domínio
das províncias. Precarizadas tanto socialmente como economicamente, estas não tinham
condições de manter uma escola de boa qualidade. Assim, este momento histórico resultou em
grandes prejuízos para a educação no Brasil.
A educação segundo a LDB nº 9.394/96, deve abranger os processos formativos que
se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil, e nas
manifestações culturais. Recomenda, ainda, que a educação escolar deva vincular-se ao
mundo do trabalho e a prática social.
A educação básica tem por finalidade, segundo o Artigo 22 da LDB, "desenvolver o
educando, assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecerlhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores". Esta última finalidade deve
ser desenvolvida principalmente pelo ensino médio, uma vez que, entre as suas finalidades
específicas, incluem-se "a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando" a ser
desenvolvida por um currículo que destacará a educação básica, a compreensão do significado
da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da
cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e
exercício da cidadania.
A consolidação dessas finalidades do ensino médio, como etapa final da educação
básica, supera o modelo em vigor no Brasil, desde 1971, que admitia dois percursos relativos
à formação escolar em nível secundário: uma formação de caráter propedêutico, destinada a
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preparar o educando para acesso a níveis superiores de ensino e uma formação de caráter
técnico-profissional integrada ao ensino secundário e dele indissociada, tanto em relação ao
percurso formativo, quanto ao título conferido (um único diploma, relativo à conclusão do
ensino secundário e da habilitação técnica), para atender ao mercado de trabalho.
Mesmo superada a dualidade entre formação específica e formação geral, a lei
preservou uma vocação histórica do nível secundário – a formação profissional – ainda que
tenha se furtado a ditar maiores detalhamentos sobre sua possível organização. Não obstante,
o Decreto nº 2.208/97, ao regulamentar a educação profissional, incluindo o parágrafo 2º do
Artigo 36, impossibilitou qualquer perspectiva profissionalizante no ensino médio, salvo
como elemento organizador da parte diversificada do currículo, de até 25% da carga horária
mínima obrigatória dessa etapa.
Com isto, buscou-se conferir uma identidade ao ensino médio. Entretanto, o fato de
isto ter-se realizado mediante decreto, acabou reduzindo a construção da unitariedade do
ensino médio, princípio defendido pelos educadores progressistas desde a década de 80, como
diz Kuenzer (2000, p.87).
“[...] essa solução desconsidera a realidade do modelo
econômico brasileiro, com sua carga de desigualdades
decorrentes das diferenças de classe e de especificidades
resultantes de um modelo de desenvolvimento
desequilibrado, que reproduz internamente as mesmas
desigualdades e os mesmos desequilíbrios que ocorrem
entre os países, no âmbito da internacionalização do
capital.” (KUNZER, 2000, p.87).
Pelo modelo adotado, o aluno que deseja/necessita obter uma profissão na etapa
média da Educação Básica, que antes disputava uma matrícula visando ao atendimento dessa
dupla necessidade, foi obrigado a disputar duas matrículas num contexto de não
universalização da oportunidade e da gratuidade, nem do ensino médio, nem dos cursos
técnicos. Fazendo a opção por ambas as formações concomitantemente, a dupla jornada
escolar, para a maioria, passou a ocorrer em condições precárias (alimentação imprópria,
permanência desconfortável na mesma escola, ou traslados cansativos de uma escola para
outra, além da despesa financeira muitas vezes difícil de ser enfrentada).
Na impossibilidade de superar os obstáculos, os filhos das classes mais
desfavorecidas acabam abandonando, seja a própria educação regular, seja a educação
profissional, restando-lhes, na melhor das hipóteses, a escolaridade mínima obrigatória e os
cursos de qualificação profissional.
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O próprio Parecer da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de
Educação nº 0015/98, que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Médio, acabou admitindo, com honestidade, essa dupla necessidade, como se pode constatar a
seguir:
“A duplicidade da demanda continuará existindo porque
a idade de conclusão do ensino fundamental coincide
com a definição de um projeto de vida, fortemente
determinado pelas condições econômicas da família e,
em menor grau, pelas características pessoais. Entre os
que podem custear uma carreira educacional mais longa
esse projeto abrigará um percurso que posterga o
desafio da sobrevivência material para depois do curso
superior. Entre aqueles que precisam arcar com sua
subsistência precocemente ele demandará a inserção no
mercado de trabalho logo após a conclusão do ensino
obrigatório, durante o ensino médio ou imediatamente
depois deste último [...]. Vale lembrar, no entanto, que,
mesmo nesses casos, o percurso educacional pode não
excluir, necessariamente, a continuidade dos estudos.
Ao contrário, para muitos, o trabalho se situa no projeto
de vida como uma estratégia para tornar sustentável
financeiramente um percurso educacional mais
ambicioso. E em qualquer de suas variantes, o futuro do
jovem e da jovem deste final de século será sempre um
projeto em aberto, podendo incluir períodos de
aprendizagem – de níveis superiores ou não –
intercalados com experiências de trabalho produtivo de
diferentes naturezas, além das escolhas relacionadas à
sua vida pessoal [...]” (KUENZER, 2000, p.87)
Em face dessas contradições, percebemos a necessidade de o ensino médio definir
sua identidade, como última etapa da educação básica, não pela abolição de qualquer
perspectiva profissionalizante, mas pela construção de possibilidades formativas que
contemplem as múltiplas necessidades socioculturais e econômicas dos sujeitos que o
constituem – adolescentes, jovens e adultos – reconhecendo-os, não como cidadãos e
trabalhadores de um futuro indefinido, mas como sujeitos de direitos no momento em que
cursam o ensino médio.
Isso implica garantir a unitariedade do ensino médio em relação aos conhecimentos
socialmente construídos, tomados em sua historicidade, cujo acesso não pode ser negado a
ninguém, seja em nome do mundo do trabalho, das universidades, ou das culturas locais; mas
deve possibilitar, sobre uma base unitária que sintetize humanismo e tecnologia, o
enriquecimento de suas finalidades, dentre as quais se incluem a preparação para o exercício
profissional, a iniciação científica, a ampliação cultural, o aprofundamento de estudos, além
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de outras, e se isto não é possível imediato e universalmente, deve se apresentar como uma
utopia a ser construída coletivamente.
Apesar da evasão e da reprovação escolar serem também um problema no ensino
fundamental, o número de alunos que abandonam o ensino médio chama mais a atenção, pois,
conforme os dados do censo escolar 2012 do Instituto Nacional dos Estudos e Pesquisas
Educacionais (INEP/MEC), 14% dos estudantes de escolas públicas que terminam o ensino
obrigatório não chegam a se matricular no ensino médio. A pesquisa do MEC aponta ainda
que, daqueles que se matricularam, cerca de 18% não concluíram os estudos. Esses dados
foram publicados de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD,
2010). É uma tristeza ao somar os 14% que não se matricularam, mais 18% que não
concluem, chega-se aos 32% dos jovens que não concluem o ensino médio.
A presença da evasão escolar no ensino obrigatório também está associada a
questões como a progressão continuada e as políticas públicas de assistência. O que acontecia
no passado e que entrava nos dados de evasão era o que se reconhecia por repetência
antecipada. O aluno, nos meses de setembro ou outubro, abandonava a escola porque sabia
que não iria ser aprovado naquele ano. Hoje, temos a progressão continuada, que minimiza ao
aluno a percepção da reprovação antecipada, mas não faz a evasão desaparecer.
Outra questão são as políticas de governo que contribuíram para a mudança de
comportamento da sociedade. As crianças e adolescentes das camadas mais populares, que
tinham que trabalhar para ajudar na renda familiar, hoje, com o estímulo da Bolsa Família,
que exige à frequência escolar, elas são obrigadas a frequentar mais a escola para continuar a
receber o benefício.
No entanto após o término do ensino fundamental ou quando o aluno atinge a idade
de 15 anos, a família já não pode mais contar com o auxílio da Bolsa Família e este
adolescente passa a ser considerado apto a trabalhar sem que isso seja considerado exploração
do trabalho infantil. Essa idade coincide justamente com a época em que o aluno termina o
ensino obrigatório. E a partir daí, surgem dificuldades em conciliar o trabalho e os estudos.
Uma pesquisa realizada pela UNESCO constata que a maior parte das políticas
públicas voltadas para a juventude contempla crianças e adolescentes de até 17 anos. Segundo
as pesquisadoras Miriam Abramovay e Mary Garcia Castro, que fizeram a pesquisa para o
MEC, existe um grupo acima de 17 anos que está fora de cobertura de políticas públicas
destinadas a garantir a permanência de estudantes nas escolas. A pesquisa ouviu 50 mil jovens
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e 7 mil professores em 13 capitais brasileiras e pode ser encontrada no livro Ensino Médio:
múltiplas vozes, lançado pelo Ministério da Educação (2000).
Outros responsáveis pela queda de matrículas no ensino médio regular é a Educação
de Jovens e Adultos (EJA) e o ensino profissionalizante. A procura pelo ensino técnico
profissionalizante cresceu 10,6% em 2009. Já a EJA, apesar de ter apresentado um
decréscimo de 1,8% nas matrículas em 2010, também absorve parte dos alunos que procuram
por um ensino médio com duração mais curta, de 02 anos ou menos, cuja oferta maior dá-se
no período noturno. É importante lembrar que esse decréscimo é devido ao grande aumento
de matrículas na EJA nos anos anteriores.
1.4 AS PRINCIPAIS CAUSAS DA EVASÃO E DA REPROVAÇÃO ESCOLAR NO
BRASIL
Entender e interferir positivamente para combater a evasão e a reprovação escolar é
um desafio que exige de professores e gestores o conhecimento das causas e a tomada de
atitudes com ações que possam surtir efeitos positivos na melhoria desses índices que são
considerados altos conforme apontam os dados do censo escolar divulgado pelo MEC em
2012.
A evasão escolar acontece quando o aluno deixa de frequentar as aulas, gerando o
abandono da escola durante o ano letivo. As causas são as mais variadas possíveis: a falta de
interesse, as condições socioeconômicas, culturais, geográficas ou até mesmo as questões
didáticas e pedagógicas, pois estão diretamente relacionadas com a baixa qualidade do ensino
nas escolas, sendo, estes, os principais motivos das causas da evasão escolar no país.
Os números são assustadores. Segundo dados do INEP (2012), cerca de 2 milhões de
jovens com idade entre 15 e 17 anos, ficaram fora das escolas em 2011. Segundo o relatório
do censo escolar, o Brasil tem 10,4 milhões de jovens nesta faixa etária, no entanto, só 8,4
milhões foram matriculados em 2011 (MEC/INEP, 2012).
O censo aponta, ainda, que parte desses jovens, cerca de 1.322.422 estudantes do
ensino médio, estava matriculada em uma das séries da EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Essa modalidade de ensino passou a ser a segunda oportunidade para essa camada de pessoas
que não seguiram o estudo no ensino regular.
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Quanto ao ensino fundamental da EJA, o estudo mostra que os alunos que
frequentaram os anos iniciais, têm idade muito superior aos que estavam nas séries finais do
ensino médio regular.
Além do problema da evasão, tomos os altos índices de reprovação. Segundo dados
do INEP (2012), o índice de alunos reprovados em 2011 foi de 13,1% no ensino médio,
enquanto no fundamental, os reprovados atingiram 9,6% dos alunos que frequentaram as
escolas.
Nos chama atenção os dados divulgados pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílio) de 2009, mostrando que o Brasil tinha uma população de 57 milhões de
pessoas, com idade acima de 18 anos, que não estava na escola e não têm o ensino
fundamental completo. Essa parcela de pessoas poderia estar sendo atendida pela EJA. Isto
nos leva a concluir que, uma parcela significativa da população estudantil que conclui o
ensino fundamental não ingressa no ensino médio e simplesmente deixa de estudar.
Muitos desses alunos, quando retornam à escola, seja de ensino fundamental ou
médio, ficam em uma condição incômoda de defasagem idade e série, o que pode causar
outros problemas, como conflitos, reprovações e possivelmente outra evasão.
Convém esclarecer que a escola também é afetada com a evasão e a reprovação
escolar dos estudantes. É como se a mesma também houvesse fracassado e negligenciado o
cumprimento dos seus objetivos de educar e formar esses jovens, sobretudo em dois aspectos:
a conclusão dos estudos do aluno e a ampliação da apropriação do saber. O que Celso
Vasconcellos (1995), denominou de sentido mais amplo do saber, pelo qual o aluno seja
capaz de se constituir como cidadão e sujeito histórico.
1.4.1 Principais causas da evasão e da reprovação escolar no Brasil
Os estudos realizados sobre este tema vêm mostrando que dificilmente, o aluno
abandona a escola por um único motivo. Geralmente, no caso do ensino fundamental, os pais
ou responsáveis apontaram com mais frequência os seguintes motivos: a escola ficava distante
de casa, faltava o transporte escolar, não tinha um adulto que levasse a criança até à escola,
faltava interesse, por motivos de doenças e dificuldades de aprendizagem dos alunos. Estes
motivos foram os mais apontados entre os alunos de 1ª a 4ª série, hoje denominado de 1º ao 5º
ano.
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Quanto aos alunos de 5ª a 8ª série, (6º ao 9º ano), que são as séries finais do ensino
fundamental, foram alegados: ajudar os pais em casa ou no trabalho, necessidade de trabalhar
para ajudar na renda familiar, falta de interesse do aluno e a própria proibição por parte da
família do adolescente de ir à escola. É importante ressaltar que, segundo a legislação
brasileira, o ensino fundamental é obrigatório para as crianças e adolescentes de 6 a 14 anos,
sendo responsabilidade das famílias e do Estado garantir a elas uma educação integral.
No ensino médio os motivos são semelhantes, no entanto há outros problemas que
são somados, agravando mais ainda a vida escolar dos estudantes dessa modalidade de ensino.
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas a partir dos dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (PNAD) e da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), publicada em
2009, mostrou que os jovens que abandonaram a escola, o fizeram por: falta de interesse
(40,3%); para trabalhar (27,1%); por falta de vaga na escola próximo de casa (10,9%). Esta
pesquisa foi muito comentada porque desmentia as demais que apontavam a necessidade de
trabalhar como causa principal da desistência dos jovens nos estudos. Outra surpresa foi o
agravamento da evasão escolar em cidades com economia aquecida, como São Paulo e Porto
Alegre, onde os jovens pobres encontram mais oportunidade de emprego e deixam de estudar.
Outra pesquisa, realizada pelo instituto Toledo & Associados a pedido do Sindicato
dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, nos mostra resultados semelhantes. Na
rede estadual de ensino, em geral, três a cada quatro entrevistados consideram que o
desinteresse do aluno e/ou familiar em manter o filho na escola é o principal motivo da evasão
escolar no estado da Bahia (71%). Em seguida aparece a dificuldade de conciliar os horários
de trabalho e estudo (29%), e em terceiro a dificuldade dos alunos em vencer o cansaço
(14%), responderam os estudantes entrevistados.
No ensino fundamental da rede municipal da Bahia, em geral, o desinteresse da
família em que os filhos permaneçam na escola é a principal razão da evasão escolar (57%).
Porém a ordem se inverte no segundo lugar em relação à rede estadual. Em segundo lugar
aparecem os alunos que não conseguem vencer o cansaço com (25%). O terceiro lugar é
semelhante tanto no motivo quanto no percentual, (14%) afirmam que a razão da evasão
escolar é a dificuldade de conciliar trabalho e estudo. Há também outros motivos semelhantes,
como alunos que tem medo de assalto, influência por má companhias, uso de drogas,
mudança de endereço e a nova residência ficou longe da escola, falta de qualidade nas aulas,
desinteresse em realizar avaliações e trabalho e na, época da safra, trabalhar na roça.
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Continuando a análise de outras pesquisas realizadas sobre a evasão e a reprovação
escolar no Brasil nos deparamos com o trabalho da Professora Francisca V. M. Azevedo, que
pesquisou as causas e consequências da evasão em uma escola municipal da EJA no Rio
Grande do Norte. Dentre os principais motivos da evasão escolar apontados pela pesquisa
destacamos: a escola não prepara os alunos para o mercado de trabalho, a necessidade de
trabalhar, a ausência de professores qualificados nas disciplinas específicas, salas de aulas
com números excessivos de alunos, a inexistência de local apropriado para a Educação Física
e práticas esportivas, problemas relacionados à baixa visão, dor de cabeça, pouca audição, dor
muscular e desajuste psicossocial, o autoritarismo por parte dos professores e direção, além da
falta de interesse dos alunos.
A evasão e a reprovação escolar estão entre os principais problemas da educação
brasileira. Os índices elevados de alunos evadidos e reprovados nas escolas de ensino
fundamental e médio têm provocado inquietação e proporcionado muitas discussões e
tentativas para sanar os problemas.
Um dos conceitos de evasão escolar é a saída de aluno(s) da(s) escola(s) antes do
término do ano letivo ou do curso (FERREIRA, 2011, p. 406). Enquanto a reprovação é
definida como a não qualificação positiva. É quando o aluno obtém uma má qualificação que
não é suficiente para cursar a série seguinte ou concluir o curso. Os dados da evasão e
reprovação escolar apresentado pelo censo escolar de 2012 demonstram que a educação
brasileira precisa urgentemente de programas efetivos que venham a surtir efeitos na melhoria
desses índices, uma vez que eles nos mostram a falta de efetividade das políticas públicas
voltadas à educação.
1.4.2 Número de alunos matriculados no Brasil
De acordo com os dados do censo escolar de 2011, divulgado pelo INEP, o Brasil
tem cerca de 194.932 (cento e noventa e quatro mil e novecentos e trinta e duas) escolas de
educação básica. Nelas estão matriculados 50.972.619 (cinquenta milhões, novecentos e
setenta e dois mil e seiscentos e dezenove) alunos. Os mesmos estão divididos entre as redes
públicas, 43.053.942, o que corresponde a 84,5% e particulares, 7.918.677 o equivalente a
15,5% dos estudantes.
Dentre as escolas públicas, a rede municipal responde por quase metade dessas
matrículas (45,7%), o equivalente a 23.312.980 alunos, enquanto a rede estadual com 38,2%
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31
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
atende a 19.483.910 estudantes. A rede federal responde por apenas 0,5%, com 257.052
alunos matriculados. A rede privada é responsável por 15,5%, respondendo por 7.918.677
discentes matriculados no ano de 2011 (MEC/INEP, 2012).
TOTAL
GERAL
Total
%
Federal
%
Estadual
%
Municipal
%
Privado
%
50.972.619
43.053.942
84,5
257.052
0,5
19.483.910
38,2
23.312.980
45,7
7.918.677
15,5
Tabela 1 - Número de matrículas da Educação Básica por dependência no Brasil – 2011.
Fonte: MEC/INEP/DEED. 2011
Os dados da tabela englobam as escolas em todos os níveis: da educação infantil,
passando pelo fundamental ao ensino médio, contando-se com a EJA e os cursos técnicos e
profissionalizantes que são ministrados regularmente pelas escolas.
Vejamos também a situação do número de matrículas no período de 2007 a 2011.
ANO
TOTAL
GERAL
TOTAL
PÚBLICA
FEDERAL
ESTADUAL
MUNICIPAL
PRIVADA
2007
53.028.928
46.643.406
185.095
21.927.300
24.531.011
6.385.522
2008
53.232.868
46.131.825
197.532
21.433.441
24.500.852
6.938.003
2009
52.580.452
45.270.710
217.738
20.737.663
24.315.309
7.309.742
2010
51.549.889
43.989.507
235.108
20.031.988
23.722.411
7.560.382
2011
50.972.619
43.053.942
257.052
19.483.910
23.312.980
7.918.677
Δ%2010/2011
-1,1
-2,1
9,3
-2,7
-1,7
4,7
Tabela 2 – Número de matrículas na Educação Básica no Brasil de 2007 a 2011.
Fonte: MEC/INEP/DEED. 2011
Houve mudanças significativas entre os seguimentos administrativos da educação,
seja o municipal, estadual, federal e o privado. Todos oscilaram conforme a tabela abaixo.
Os resultados nos indicam que houve uma redução de 1,1% no número de matrículas,
pois em 2010 eram 51.549.889 e em 2011 foram 50.972.619. Houve uma queda de 2,1% nas
matrículas da rede pública em relação a 2010. Em contra partida a rede privada cresceu 4,7%,
e vem nessa ascendência há anos. O destaque ficou por conta da rede federal que, em função
dos incentivos recebidos pelo governo, teve o maior índice de crescimento: cerca de 9,3% em
2011 (MEC/INEP, 2012).
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32
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
1.4.3 A Evasão Escolar no Brasil
A evasão escolar ainda é um dos gargalos da educação brasileira. Os dados
divulgados em 2011, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando
comparado com outros países, nos mostra que o Brasil tem a maior taxa de abandono dos
vizinhos do Mercosul2 (MEC, 2011). Segundo os dados da pesquisa, 1 em cada 10 alunos,
com idade entre 15 a 17 anos, deixa os estudos nessa fase. O Brasil teve cerca de 10% de
evasão escolar, informação divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (INEP), que teve como base o censo escolar de 2010. Os demais países do
Mercosul tiveram: Argentina 7%, Uruguai 6,8%, Chile 2,9%, Paraguai 2,3% e a Venezuela
apenas 1% dos estudantes do ensino médio evadidos.
Além da evasão e da reprovação escolar, o Brasil tem outro problema que pode ser
considerado até mais grave: os jovens que estão fora da escola. Dados publicados pelo censo
escolar de 2011 confirmam: apenas metade dos jovens (50,9%) com idades entre 15 a 17 anos
está na escola. O índice de 50,9% corresponde ao total de estudantes matriculados em uma
das escolas de ensino médio no país (IDEP, 2012). Destes os percentuais dos alunos que
abandonaram a escola em 2010 são de 10% e os de reprovação alcançam 13,1% o que nos
leva a concluir que é no ensino médio que estão os maiores problemas da educação brasileira.
A síntese dos indicadores sociais, feita pelo IBGE, com base na PNAD (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio), realizada em 2009, aponta a baixa escolarização nas
idades adequadas para o ensino médio (15 a 17 anos). Esta baixa é gerada pela má qualidade
do ensino fundamental. De acordo com os dados do IBGE, 97,6% dos estudantes brasileiros
com idade entre 6 e 14 anos, faixa recomendada para cursar o ensino fundamental, está
matriculado na escola. O problema é que não conseguem concluí-lo no tempo hábil para
poder cursar o ensino médio.
Apesar da dificuldade que os alunos têm para concluir o ensino fundamental, quando
se trata da evasão escolar, a situação é bem melhor do que o ensino médio. Como um
parâmetro de referência veja os números dos mesmos países do Mercosul: Argentina 1,3%,
Uruguai 0,3%, Paraguai 1,9% e a Venezuela apena 2,3%, já o Brasil tem 3,2% dos alunos
evadidos no ensino fundamental.
2
Mercosul – Mercado Comum do Sul, formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, foi instituído pelo
Tratado de Assunção em 1991. Depois foi ampliado com o Chile, Bolívia, Peru e Venezuela. Tem como objetivo
a circulação de bens e serviços entre os países sem problemas alfandegários e restrições não tarifárias à
circulação de mercadorias.
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33
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
Vejamos os dados da evasão escolar nos países do Mercosul:
Figura 1 – Evasão escolar nos países do Mercosul.
Os resultados do censo escolar de 2011, os dados apenas do Brasil foram divulgados
recentemente, e apontam uma pequena redução de 0,4% em relação ao censo de escolar de
2010, chegando a 9,6% do total dos alunos evadidos no Brasil no ensino médio em 2011
(INEP, 2012).
A pesquisa aponta, além das causas já mencionadas anteriormente, um novo motivo
para o aumento da evasão nas escolas. Uma parcela significativa de alunos que está deixando
a escola porque está indo mal nos estudos. Quem está bem não abandona a escola. Portanto, é
preciso garantir o sucesso escolar, fazer com que estes alunos se sintam bem, que sejam
capazes de superar as deficiências com os conteúdos, tenham amigos, em fim melhorar a
autoestima e o rendimento escolar. O MEC está fazendo e divulgando os mapeamentos dos
índices de evasão escolar no Brasil e a cada ano o número de alunos entre 15 e 17 anos que
abandonam a escola é preocupante.
Os maiores índices de evasão no Brasil estão nas regiões Norte e Nordeste. Nelas,
apenas dois em cada cinco adolescentes entre 15 e 17 anos frequentam o ensino médio, ou
seja cerca de 39,2%. Na região Sudoeste, ao contrário, mais de 60% dos jovens estão
frequentando uma das três séries da educação básica.
Apesar do número tão baixo nas regiões Norte e Nordeste, ainda há otimismo. A
região Nordeste foi a que mais cresceu nos últimos dez anos: em 1999, o índice era 16,7%, já
em 2009 passou para 39,2%. Houve um aumento de 22,5 pontos percentuais.
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34
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
A diferença da evasão escolar entre a escola pública e a privada é muito significativa.
Enquanto na pública o índice de 2011 ficou em 9,6% na rede privada foi de 4,6%, menos da
metade.
Na tabela abaixo, temos a taxa de reprovação e abandono no Ensino Médio do Brasil,
no período de 2007 a 2011.
ANO
2011
2010
2009
2008
2007
TAXA DE
REPROVAÇÃO %
13,1%
12,5%
12,6%
12,3%
12,7%
TAXA DE EVASÃO %
9,6%
10,3%
11,5%
12,8%
13,2%
Tabela 03 – Taxas de reprovação e evasão escolar no Ensino Médio.
Fonte: INEP/MEC
1.4.4 A reprovação Escolar no Brasil
Os índices de reprovação escolar no Brasil são preocupantes pois, de acordo com as
estatísticas divulgadas pelo censo escolar de 2011, a média nacional de estudantes que
repetem uma das séries do ensino médio na escola pública é de 14,1%. Enquanto na escola
particular a média dos reprovados é de 6,1%. Uma diferença de 8 pontos percentuais.
Tendo a escola pública um pouco mais do dobro de reprovação em relação à rede
particular, cabe-nos o questionamento dos motivos que causam tamanha diferença entre
ambas. É mais preocupante, ainda, constatar que cerca de 84,5% dos jovens que estão
matriculados atualmente, é oriundo de escola pública (INEP, 2012).
Outro fator que nos chama atenção é que dos 14,1% dos alunos que foram
reprovados em 2011, só 13,1% repetiram a mesma série feita em 2010, os outros alunos, 1%,
não voltaram mais a estudar (INEP, 2012).
A taxa de reprovação tem variações elevadas entre as regiões e também entre os
estados da mesma região. Vejamos alguns exemplos, como os estados que tiveram o maior
índice total de reprovação no ensino médio: Rio Grande do Sul (20,7%), Rio de Janeiro
(18,5%), Distrito Federal (18,5%), Espírito Santo (18,4%) e Mato Grosso (18,2%). Outro fato
curioso aconteceu na rede municipal de ensino na cidade de Belém, no Pará, em que apareceu
no censo escolar de 2011, com o maior índice de reprovação do país, pois 62,5% dos alunos
foram reprovados. Outra reprovação grande aconteceu na rede federal da zona rural de Mato
Grosso do Sul, na qual 40,3% dos estudantes foram reprovados (INEP, 2012).
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35
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
Os estados onde os índices de reprovação foram menores são: Amazonas (6%),
Ceará (6,7%), Santa Catarina (7,5%) e o Rio Grande do Norte (8%) (INEP, 2012).
Vejamos a tabela completa com os índices (em %) de reprovação de alunos na
educação brasileira por estado.
UF
BRASIL
AC
AL
AM
AM
AP
BA
CE
DF
ES
GO
MA
MG
MS
MT
PA
PB
PE
PR
PI
RJ
RN
RO
RR
RS
SC
SE
SP
TO
TAXA DE REPROVAÇÃO NO
BRASIL
ENSINO FUNDAMENTAL
Rede
Total
Rede Particular
Pública
6,9
10,6
3,5
7,9
8,2
8,2
15,2
16,7
4,0
10,2
10,7
3,4
10,2
10,7
3,4
9,8
10,4
1,7
15,2
16,3
4,3
7,8
8,6
3,8
10,8
13,3
3,0
11,2
12,3
2,9
7,6
8,6
2,8
8,9
9,4
2,8
7,3
7,8
3,2
14,1
15,2
2,9
3,6
3,8
2,1
10,9
11,5
3,2
11,9
13,3
3,3
11,7
13,5
3,9
9,5
10,3
2,5
12,8
13,9
4,6
13,1
14,9
5,5
14,9
17,1
4,5
14,2
15,0
3,6
9,3
9,7
2,7
13,1
14,1
3,7
4,4
4,6
2,0
19,5
22,1
5,9
4,9
5,4
2,6
9,1
9,5
3,2
TAXA DE REPROVAÇÃO NO
BRASIL
ENSINO MÉDIO
Rede
Total
Rede Particular
Pública
13,1
14,1
6,1
8,5
8,7
4,5
10,9
11,4
8,0
6,0
5,9
8,9
6,0
5,9
8,9
13,9
14,7
4,7
15,6
16,3
7,4
6,7
6,9
5,0
18,5
22,3
7,1
18,4
20,4
5,4
12,9
14,0
5,9
9,1
9,4
4,6
12,6
13,3
6,8
17,1
18,6
6,5
18,2
19,5
4,7
12,4
13,1
4,6
7,7
8,1
5,3
10,0
10,6
5,6
12,6
13,8
4,1
9,7
10,1
6,6
18,5
20,1
9,9
8,0
8,1
7,8
13,3
13,8
6,5
13,2
13,7
6,6
20,7
22,2
8,1
7,5
7,9
4,6
13,7
14,7
8,9
13,9
15,3
4,6
10,4
10,5
8,6
Tabela 04 – Índices de reprovação de alunos na educação brasileira por estado.
Fonte: MEC/INEP, 2010.
Os dados mostram uma grande variação entre os estados. Há também uma diferença
grande entre os municípios, bem como entre as escolas no mesmo município. O exemplo mais
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36
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
evidente aconteceu em Belém, capital do Pará, onde cerca de 39,9% dos alunos do ensino
fundamental, não cursam a série adequada para a idade.
A reprovação no Brasil é elevada quando a comparamos com os países vizinhos e
PAÍSES
APROVAÇÃO NO
FUNDAMENTAL
APROVAÇÃO NO
MÉDIO
REPROVAÇÃO NO
FUNDAMENTAL
REPROVAÇÃO NO
MÉDIO
parceiros no Mercosul. Veja o quadro abaixo com os índices de reprovação de cada país.
Argentina
92,3%
74,3%
6,4%
18,8%
Brasil
85,8%
77%
11%
13,1%
Chile
95,2%
90,9%
3,5%
6,3%
Paraguai
93,4%
90,9%
4,7%
6,9%
Uruguai
92%
72,7%
7,7%
20,4%
Venezuela
91,4%
91,9%
6,3%
7,2%
Tabela 05 – Taxas de aprovação e reprovação escolar entre alguns países do Mercosul.
Fonte: MEC/INEP, 2012.
O Brasil é o terceiro no índice de reprovação no ensino médio, com uma média de
13,1%, fica atrás de Uruguai (20,4%) e Argentina (18,8%) entre as médias dos alunos
reprovados em alguma das três séries do ensino médio.
Nossa investigação mostra que, muitos jovens que frequentam a escola pública têm a
necessidade de trabalhar em função da situação financeira, o que gera dificuldade de
aprendizagem devido ao cansaço e a dificuldade de conciliar estudo e trabalho. Situação
diferente dos estudantes da rede privada, pois a maioria não precisa trabalhar por possuir uma
condição financeira melhor, dedicando-se aos estudos com mais afinco.
A diferença entre as escolas públicas e particulares é imensa, além dos resultados
quanto à aprendizagem e a aprovação nos melhores cursos das faculdades, a infraestrutura e o
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37
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
apoio didático que facilita a aprendizagem do aluno é muito visível. É necessário que a escola
pública evolua, mas há a necessidade de uma política voltada para a criação de mecanismos
que atraiam alunos e professores em busca de metas para melhorar estes índices preocupantes.
Algumas tentativas já estão sendo postas em prática, como o projeto o Ensino Médio
Inovador, as escolas de tempo integral, a lei da jornada (determina que o professor use um
terço da jornada de aula para atividades complementares), os programas de formação para
professores, dentre outros.
No entanto, para resolver, ou pelo menos diminuir os índices de evasão e reprovação
escolar, é necessário convencer às crianças, jovens, pais e professores da importância dos
estudos, pois não adianta ter uma escola de qualidade, seja pública ou privada, se o aluno não
tem vontade de estudar. Conscientizar a criança e o jovem que ir à escolar e aproveitar bem
todos os benefícios que a mesma proporciona trará certamente muitos ganhos.
1.4.5 A evasão e a reprovação escolar no Maranhão
O estado do Maranhão está localizado na região Nordeste do Brasil, possui uma
população estimada em 6.574.789 (seis milhões, quinhentos e setenta e quatro mil e
setecentos e oitenta e nove pessoas), distribuída entre 217 municípios.
O Maranhão tem cerca de 1.948.505 (um milhão novecentos e quarenta e oito mil e
quinhentos e cinco mil) pessoas com idade escolar. Possui uma das maiores taxa de
analfabetismo, estimada em 9,5% entre as crianças de 10 a 14 anos e de 20,9% dos estudantes
acima de 15 anos, enquanto a média nacional é de 3,9% no ensino fundamental e 9,6% no
ensino médio (IBGE, 2011).
É importante ressaltar que a taxa de analfabetismo no Brasil vem diminuindo
consideravelmente entre os estudantes de 15 anos ou mais. A mesma vem decrescendo ao
longo das décadas, apesar de ser em passos lentos, mas houve uma redução gradativa: era
33,6% na década de 1970, passou para 11,8% em 2002, e em 2011, foi de 9,6%.
Idade entre 10 a 14 anos
Acima de 15 anos
Maranhão (2010)
9,5 %
20,9 %
Região Nordeste (2010)
7,1 %
19,1 %
Brasil (2010)
3,9 %
9,6 %
Tabela 06 - Taxa de analfabetismo no Maranhão, na região Nordeste e no Brasil.
Fonte: MEC/INEP
Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias/ Instituto de Educação
38
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
Podemos observar, que pelos dados do quadro acima, o Maranhão está com uma taxa
de analfabetismo muito elevada em relação à região Nordeste, na qual está situado e mais
distante ainda da média nacional.
Como se não bastasse, além da alta taxa de analfabetismo, outro problema no estado
é a distorção da idade e a série dos estudantes que foram matriculados em um dos
seguimentos da educação básica.
Faixa etária
0a3
Anos
4a6
Anos
7 a 14
Anos
15 a 17
Anos
Total de 4 a 17
Anos ou mais
Total de alunos
502.952
399.090
1.132.027
417.388
1.948.505
Tabela 07 – População com idade escolar no Maranhão em 2010.
Fonte: IBGE
Um dos itens que mais chama atenção no quadro acima é a quantidade de alunos do
ensino fundamental (1.132.027), que não chegam ao ensino médio. Este possui cerca de
17.388 alunos matriculados. O que aconteceu com os 714.639 alunos que não chegaram a
nem se matricular no ensino médio? É como se houvesse um abismo gigante entre o ensino
ENSINO MÉDIO
NOS ANOS FINAIS
FUNDAMENTAL
ENSINO
NOS ANOS INICIAIS
FUNDAMENTAL
ENSINO
fundamental e o médio no estado do Maranhão.
Taxas de distorção idade-série (2010)
24,8%
38,3%
48,3%
Taxa de aprovação (2010)
89,3%
83,3%
76,8%
Taxa de reprovação (2010)
8,0%
10,7%
8,5%
Taxa de evasão (2010)
2,7%
6,0%
14,7%
Tabela 08 – Taxas de distorção idade-série, aprovação, reprovação e evasão escolar no Maranhão.
Fonte: MEC/INEP/DTIE.
Ao observar os dados do quadro acima, chega-se a conclusão que 48,3% dos
estudantes do estado, está com a idade-série distorcida, enquanto a média nacional é de
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39
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
23,6%. Isto é um indicador preocupante por demonstrar deficiência na faixa etária com as
séries desses alunos.
Pela legislação atual que organiza a oferta de vagas no país, a criança aos 6 anos
deve ingressar no 1º ano do ensino fundamental e concluir o 9º ano aos 14 anos de idade. Na
faixa etária dos 15 aos 17 anos, o jovem deve estar matriculado no ensino médio.
A taxa de evasão no ensino médio vem aumentando, em 2005, a mesma era de 4,8%,
já em 2010 o índice passou para 14,% dos estudantes que abandonaram os estudos. No
entanto, o efeito foi inverso com os alunos do ensino fundamental. Em 2005 o índice era de
12,5%, enquanto em 2010 baixou pela metade, 6%. Isto nos leva a concluir que os programas
do governo como bolsa família, bolsa escola, transporte escolar, merenda na escola... estão
surtindo efeitos no ensino fundamental no estado do Maranhão.
1.4.6 A evasão e a reprovação escolar em São Luís - MA
São Luís está localizada em uma ilha ao norte do estado. Possui cerca de 240 escolas
no ensino fundamental, destas 108 são da educação infantil e 132 no fundamental II e EJA.
No ensino médio são 122 instituições dentro da região metropolitana.
Os índices de evasão e de reprovação escolar na capital são diferentes dos demais
municípios do interior do estado. São Luís tem uma população de 1.014.837 (um milhão
quatorze mil e oitocentos e trinta e sete) habitantes. Os que possuíam idade escolar em 2010
eram 236.842 (duzentos e trinta e seis mil e oitocentos e quarenta e dois) estudantes. A
distorção idade-série nos municípios tem uma média de 48,3% no estado, enquanto na capital
ficou em torno dos 34,4%. As taxas de aprovação e reprovação também apontam melhoria
nos índices, segundo o censo do IBGE de 2010.
Taxas de distorção idade-série
(2010)
Taxa de aprovação (2010)
Taxa de reprovação (2010)
Taxa de evasão (2010)
ENSINO
FUNDAMENTAL NOS
ANOS INICIAIS
ENSINO
FUNDAMENTAL
NOS ANOS FINAIS
ENSINO
MÉDIO
11,5%
21,8%
34,4%
93,4%
5,2%
1,4%
88,9%
8,6%
2,5%
76,0%
12,3%
11,7%
Tabela 09 – Taxas de distorção idade-série, aprovação, reprovação e evasão escolar em São Luís.
Fonte: MEC/INEP/DTIE
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
Os problemas com a educação no Maranhão não se encontram somente no ensino
fundamental, no ensino médio a problemática é bem maior, pois 48,30% dos estudantes está
com idade avançada para a série que cursa.
Comparando os dois quadros pode-se observar a diferença significativa em vários
índices entre a capital e os demais municípios do interior do estado.
São Luís
Interiores
São Luís
Interiores
Taxas de distorção idade-série
(2010)
Taxas de aprovação (2010)
Taxas de reprovação (2010)
Taxas de evasão (2010)
Interiores
Diferenças entre Capital e
interior
ENSINO
MÉDIO
São Luís
ETAPAS
ENSINO
ENSINO
FUNDAMENTAL
FUNDAMENTAL
NOS ANOS
NOS ANOS FINAIS
INICIAIS
11,5%
24,8%
21,8%
38,3%
34,4%
48,3%
93,4%
5,2%
1,4%
89,3%
8,0%
2,7%
88,9%
8,6%
2,5%
83,3%
10,7%
6,0%
76,0%
12,3%
11,7%
76,8%
8,5%
14,7%
Tabela 10 – Taxas de distorção idade-série, aprovação, reprovação e evasão escolar.
Fonte: MEC/INEP/DTIE
As condições econômicas da capital, a concentração das universidades e faculdades
públicas e privadas, a proximidade da Secretaria de Educação que gerencia o ensino médio, e
a infraestrutura das escolas são fatores que favorecem a capital a ter o melhor desempenho na
educação no estado. No entanto, a taxa de reprovação escolar no ensino médio é o índice que
mais distorce. Enquanto a média dos interiores é de 8,5%, na capital chegou a 12,3% em
2010, segundo os indicadores do senso escolar divulgado pelo MEC em maio de 2012.
Após analisar o objeto de nosso estudo, espacialmente procuramos no próximo
capítulo contextualizar no campo da investigação da cultura escolar, o que vem contribuindo
para a evasão e a reprovação dos alunos em sua rotina letiva e o percurso metodológico
utilizado na investigação.
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41
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
“A educação familiar influencia no sucesso ou no
insucesso do aluno.”
(Pierre Bourdieu)
Capítulo II
O CAMPO DE PESQUISA E O PERCURSO METODOLÓGICO
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
A escola ao longo de toda a sua existência tem excluído um grande número de
indivíduos, alguns que nem sequer tiveram oportunidade de conhecê-la; outros que dela se
afastam no decorrer do processo de escolarização e são caracterizados como evadidos, e
alguns mediante as reprovações sem qualquer chance de recuperação. Ao invés de possibilitar
alternativas diferentes de ensino para seus alunos, a escola tem-se utilizado de mecanismos
excludentes que, em seu processo de ensino e aprendizagem, massifica e nega as diferenças.
Mas é esta a cultura escolar que herdamos de nossos antepassados, e constantemente
autores da área educacional tais como José Mario Pires Aranha na obra Cultura escolar
brasileira: um programa de pesquisa (1991), aponta a crise na educação brasileira, propondo
um inventário das práticas escolares de maneira a realizar um mapeamento da cultura da
escola com base no seu desenvolvimento histórico-social (VIDAL, 2005, p.46).
Também nessa linha de pensamento temos o trabalho de Dominique Julia,
pronunciado na Conferência de Encerramento do XV Congresso da Associação Internacional
de História da Educação, em 1995, no qual segundo diz, a cultura escolar é um conjunto de
normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, para transmitir
comportamentos, normas e praticas sem levar em conta os agentes que são chamados a
obedecer a essas ordens (JULIA, 2001, p.13).
A autora conclama os educadores a prestar atenção aos aspectos internos da escola,
destacando que esta não é só o lugar de transmissão de conhecimentos, mas, principalmente, o
lugar de inclusão de comportamentos e hábitos. (JULIA, 2001, p.14).
Assim, um grande contingente de alunos que apresentam dificuldades no processo de
escolarização é excluído desse universo sem que haja, por parte dos gestores ou das
autoridades constituídas, grandes preocupações com esta falta de igualdade de tratamento tão
sonhada em uma sociedade dita democrática. O fato é que, historicamente, se consolidou no
imaginário social o papel da escola como solução para o problema das desigualdades sociais.
Isto porque, estudar e obter um diploma é o sonho de muitas pessoas das classes
médias e populares, que pretendem mudar de vida, o que, na prática, não necessariamente
equivale à ascensão social e econômica. A educação formal é, no entanto, um caminho
possível e reconhecido socialmente para possibilitar mudanças sociais e econômicas que
ampliem as oportunidades pessoais e profissionais futuras dos indivíduos.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
2.1 A ESCOLA INVESTIGADA – CENTRO DE ENSINO GONÇALVES DIAS
O estado do Maranhão possui cerca de 850 escolas públicas estaduais, (SEEDUC,
2012), 10 escolas públicas federais e um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
(IFMA), 59 escolas públicas de ensino médio mantidas pelos municípios e 180 escolas
privadas de ensino médio. Em São Luís estão as escolas mais tradicionais, dentre essas,
encontra-se o Centro de Ensino Médio Gonçalves Dias.
Neste estudo, nosso interesse foi voltado para o estabelecimento acima mencionado,
pela importância que ocupa perante a comunidade, além da contribuição dada nas últimas três
décadas a milhares de profissionais que atuam no mercado de trabalho. A escola foi fundada
em 29 de abril de 1974, no governo Pedro Neiva de Santana, localizado na Rua Armando
Vieira da Silva, s/n, Bairro de Fátima. Na atual gestão, tem como atual diretora geral, a
professora MASC e como diretores adjuntos as professoras MCBC, VRCA, e o prof. RCGM.
Funcionando em três turnos, o estabelecimento de ensino atende a cerca de 1590 (um
mil e quinhentos e noventa) alunos nas modalidades de formação geral, ensino médio
integrado à educação profissional (Curso de Enfermagem) e Educação de Jovens e Adultos
(EJA). O turno matutino conta com 665 alunos, o vespertino 605 alunos e o noturno 320
alunos. Em um passado não muito remoto, a escola ofereceu cursos profissionalizantes em
técnico em enfermagem e técnico em laboratório e análises clínicas, tendo formado inúmeros
profissionais que hoje estão inseridos no mundo do trabalho. No momento a escola prepara-se
para novamente oferecer estes cursos, observando as transformações ocorridas nas áreas da
educação e da saúde, e nas economias nacional e global, objetivando oferecer educação de
qualidade, em consonância com as demandas geradas pelo mundo hodierno.
O Centro de Ensino Gonçalves Dias tem uma trajetória de contribuição na educação
maranhense, notadamente em São Luís, a capital do Estado, onde recebeu e continua
recebendo alunos oriundos de diversas camadas do estrato social, sejam filhos de pessoas de
baixa renda, bem como também de outras mais abastadas economicamente, ou seja, o capital
cultural de seus alunos é bastante heterogêneo e consequentemente tem resultados avaliativos
diversificados.
São Luís é um município sem grande desenvolvimento industrial, assim parte
razoável de alunos mantém atividades econômicas que muitas vezes os obrigam a evadir, ou
os desestimulam ante as dificuldades diversas que se lhes apresentam, como por exemplo,
horário de trabalho incompatível com o escolar, falta de tempo disponível para estudar,
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44
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
cansaço físico e mental. O que os leva a ter problemas de evasão e reprovação escolar, porém
de forma mais intensa no período noturno.
Os alunos, principalmente os do período noturno, pela sua condição de filhos da
classe trabalhadora, em sua maioria já inserida no mercado de trabalho, buscam na escola não
só a necessária mediação que lhes facilite o ingresso no sistema produtivo, mas também
aspiram à continuidade de seus estudos em cursos superiores, o que não se observa na prática.
Fotografia 1 – Foto do Centro de Ensino Gonçalves Dias.
O Centro de Ensino Gonçalves Dias orienta-se através de seu Projeto Político
Pedagógico (PPP), que teve a última atualização em outubro de 2010. O PPP possui uma
sistematização de todas as ações prevista dentro da escola com base em princípios axiológicos
e pedagógicos, bem como na concepção de homem, sociedade, conhecimento e educação,
inerentes e indissociáveis ao processo de ensino e aprendizagem (PPP, 2010, p. 10).
O convívio entre a comunidade escolar acontece de maneira satisfatória, pois se
procura respeitar a realidade individual e a diversidade de ideias de cada um. A escola
valoriza o respeito, a responsabilidade e a solidariedade. Quando é necessário fazer alguma
advertência ao aluno ou a algum profissional da educação, procura, através do diálogo,
conscientizá-los da importância de aceitar críticas para o crescimento pessoal e desta forma
ter condições de desenvolver um bom relacionamento com o outro no convívio social. A
escola procura valorizar os pais e alunos respeitando-os, acatando sugestões, atendendo-os
com cortesia sempre que ela é solicitada. E incentivando o livre acesso dos pais e alunos à
escola permitindo-se a aproximação com toda a comunidade escolar.
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45
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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O Projeto Político Pedagógico tem como base legal a lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB Nº 9394/96), as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), os Referenciais Curriculares para o Ensino Médio
do Maranhão (RCEM), bem como o decreto Nº 5.154/93, Resolução do Conselho Nacional de
Educação/ Câmara de Educação Básica (CNE/CEB Nº 39/04), referente ao ensino
profissional e técnico nível médio (EPTNM) e o Ensino Médio Regular (EMR),
conjuntamente, Nº 16/09 (EPTNM), (PPP, 2010, p. 10).
Para além disso, a escola possui no seu PPP os princípios norteadores como:
Missão: a construção contínua de um projeto de educação inclusiva e democrática,
capaz de atender às demandas do indivíduo e da sociedade e formar cidadãos cuja conduta
seja pautada pela ética e competências pessoal e profissional (PPP, 2010, p. 11).
Visão: elevar qualitativamente e quantitativamente, de modo contínuo, o padrão e a
oferta dos cursos oferecidos, com vistas a contribuir para o crescimento e a autonomia
intelectual dos educandos, para a inclusão social e para o exercício pleno da cidadania (PPP,
2010, p. 12).
Objetivos: dentre os principais objetivos da escola, destacamos:
- Formar homens e mulheres, cidadãos, profissionais, seres histórico-sociais, capazes
de contribuir para a transformação da realidade, atuando de modo ético e competente;
- Educar para o reconhecimento das diferenças e sua aceitação, com vistas à
construção de uma relação de respeito e convivência que não compactua nem camufla
qualquer forma de preconceito, discriminação e exclusão;
- Promover a consolidação da educação básica, possibilitando o prosseguimento de
estudos e a preparação para o trabalho para que atuem de modo a transformar a realidade que
ora se apresenta, exercendo o papel efetivo de cidadão;
- Superar a dualidade entre formação geral e a formação específica, contribuindo
para a formação de profissionais cuja capacidade de inserção no mundo produtivo exceda à
tática e possua criatividade, autonomia e domínio intelectual, necessários à compreensão das
relações decorrentes do modo de produção social e suas contradições (PPP, 2010, p. 13).
Metas: as principais metas do PPP são:
- Ampliar, em pelo menos 50%, a oferta de ensino médio integrado a cada ano até
que a escola ofereça apenas esta modalidade de ensino;
- Ofertar na modalidade EJA, o Curso de Ensino Médio Integrado à Educação
profissional com Habilitação em Agente Comunitário de Saúde, implantado em 2009;
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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- Envolver 100% dos docentes e discentes na elaboração e execução de projetos
juvenis;
- Promover a formação continuada em serviço de 100% dos profissionais da
educação lotados no Centro de Ensino Gonçalves Dias (PPP, 2010, p. 15).
2.1.1 Principais espaços físicos da escola
Fotografia 2 – Centro de Ensino Gonçalves Dias: pátio interno, cantina e a quadra ao fundo.
O Centro de Ensino Gonçalves Dias possui um laboratório de biologia, um
laboratório de informática, com 20 computadores e ar condicionado, uma sala de recursos
áudio-visuais que é utilizado também como auditório, duas quadras esportivas, vestiários,
estacionamentos, pátios, cantina, recursos de internet, uma sala de professores, uma sala
climatizada para reuniões, uma sala de reprografia, uma sala de elaboração de jornal, uma sala
de supervisão, secretaria, um refeitório, uma sala de diretor e vice-diretor, um banheiro
feminino e um masculino, vinte salas de aula, uma cozinha equipada para fazer refeições e
lanches.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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Fotografia 3 – Sala de aula no Centro de Ensino Gonçalves Dias.
2.1.2 O Sistema de avaliação
A avaliação deve ser um processo, ou seja, deve acontecer durante todo o ano letivo
em vários momentos e de diversas formas e os alunos podem e devem ser avaliados, através
de trabalhos em grupo, pela observação de seu comportamento e de sua participação na sala
de aula, por atividades de pesquisa e produção e por assimilação de conteúdos que se
transformaram em conhecimentos necessários para sua vida. Assim, o aluno pode exercitar e
interrelacionar suas diferentes capacidades, explorando seu potencial e avaliando sua
compreensão do mundo ao seu entorno.
A auto avaliação, é apreciada como uma ótima estratégia de aprendizagem e
construção da autonomia, facilitando a tomada de consciência de seus avanços, suas
dificuldades e suas possibilidades. É importante também a escola oportunizar aos alunos a
escolha dos modos pelos quais será avaliado, o que traz o comprometimento de todos com a
avaliação.
Mas esta não deve se deter apenas da aprendizagem do aluno, deve avaliar também o
trabalho do professor e da escola como um todo e periodicamente é muito importante. A
avaliação deve possibilitar novas alternativas para o planejamento do ensino sistematizado e
do sistema de ensino como um todo.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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O processo avaliativo do Centro de Ensino Gonçalves Dias obedece às orientações
da Secretaria Estadual de Educação, sendo composto por aspectos das ações pedagógicas
como objetivos, valores, atitudes, competências, habilidades e procedimentos estabelecidos na
legislação escolar, valorizando as características da clientela atendida face ao contexto
socioeconômico e cultural do educando. O Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola utiliza
os seguintes instrumentos avaliativos: provas objetivas, provas dissertativas, participação dos
alunos nas atividades desenvolvidas na escola, seminários, debates, trabalho em grupo, auto
avaliação, feira cultural, etc.
Nesta investigação, procuramos descobrir se o trabalho desenvolvido dentro da
escola, seja nos aspectos pedagógicos, cumprimento do regimento escolar, atividades
extracurriculares, contribuem para o problema da evasão escolar. Quais são os problemas que
estão causando esse índice elevado de evasão escolar? Somente com a posição investigativa
podemos responder se nesta escola a evasão escolar estar sendo causada por problemas
internos da escola, problemas sociais ou os dois associados.
2.1.3 Os sujeitos que compõem a escola
A escola na qual foi realizada a pesquisa está situada na Rua Armando Vieira da
Silva, s/n, Bairro de Fátima em São Luís – MA. É uma instituição estadual.
A autorização para o funcionamento do antigo 2º Grau, havia sido concedida desde
29 de abril de 1974, época da fundação, porém, o reconhecimento do ensino médio só
aconteceu em 02 de dezembro de 1994, através da Resolução n° 351/94 CEE-MA, do
Conselho Estadual de Educação do Maranhão, que reconheceu e o nomeou de Centro de
Ensino de 2º Grau Gonçalves Dias (CEGD), unidade escolar mantida pela Secretaria Estadual
de Educação.
A escola já havia também recebido autorização para o funcionamento do ensino
profissionalizante através das Resoluções de n° 0092/82 e 0100/82, ambas de 23 de março de
1982, nas quais era autorizado o funcionamento dos cursos de Técnico em Laboratório de
Análises Clínicas e Técnico em Enfermagem.
Participaram da pesquisa os alunos, professores, coordenadores e o pessoal da
secretaria do Centro de Ensino Gonçalves Dias. Responderam ao questionário, também os
gestores da escola que estavam inseridos na elaboração e aplicação do programa escolar.
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Com base nos fundamentos legais, é no convívio escolar que o aluno desenvolve sua
cidadania, valorizando fatos, conceitos, princípios, procedimentos e atitudes necessárias à sua
participação individual e em grupo na sociedade. Desta forma, procuramos verificar as
relações sociais dentro da escola, através do diálogo com a participação dos professores,
gestores e dos próprios alunos matriculados e evadidos objetivando tecer uma rede de
informações que possibilitasse compreender como funciona este espaço e o porquê desses
fenômenos estudados em nossa investigação.
Neste sentido, a participação do homem como sujeito de sua própria educação,
implica em sua postura crítica diante do mundo, como ser transformador e criador da
sociedade. O Centro de Ensino Gonçalves Dias se propõe a formar cidadãos críticos, que
estejam em harmonia consigo próprios e com a natureza. Por ser a instituição escolar um
organismo que tem por finalidade a formação humana como elemento de preparação para a
vida, tem a obrigação de contribuir para a formação do educando como cidadão participativo
no mundo atual, desenvolvendo sua capacidade de pensar e agir de maneira contextualizada
com a realidade (PPP, 2009, p. 2).
2.2 A EVASÃO E A REPROVAÇÃO ESCOLAR NA ESCOLA INVESTIGADA
2.2.1 Principais causas da evasão e da reprovação escolar na escola pesquisada
De acordo com os resultados da pesquisa realizada na escola escolhida como campo
de investigação, as principais causas que levam os alunos a se evadirem ou a ficarem
reprovados são a falta de interesse do aluno e da família, a necessidade de trabalhar para
ajudar na renda familiar, as dificuldades de acompanhar os conteúdos das disciplinas, as
conversas paralelas, a discussão com professores e o excesso de faltas, brincadeiras, farras e
péssimas amizades, o acúmulo de conteúdos após a greve dos professores (que dificultava
muito a aprendizagem), a forma como alguns professores ensinavam, explanavam os
conteúdos no quadro e não davam explicações, e a falta de tempo para os estudos para os que
cursavam em um turno e trabalhavam em outro.
Há também outros motivos que aparecem com menos frequência, como gravidez,
mudança de endereço, consumo de drogas e brigas com colegas (causados ou provocados por
comportamentos inadequados dentro da escola).
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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Nos questionários respondidos pelos professores, houve algumas indicações das
causas mais prováveis da evasão e da reprovação escolar ocorridas na escola, dentre elas
destacamos: falta de conhecimentos básicos como pré-requisitos para ter chegado ao ensino
médio; dificuldade na leitura, na escrita e interpretação de textos; faltam interesse e vontade
de vencer pelo estudo; falta melhorar o apoio pedagógico e psicológico; falta de um
acompanhamento familiar no processo de ensino e aprendizagem.
As coordenadoras pedagógicas, as vice-diretoras e a direção geral, apontaram como
as causas principais da evasão e da reprovação escolar na instituição os seguintes motivos: a
falta de acompanhamento e a situação financeira da família, a falta de base dos alunos no
ensino fundamental, a falta de dinamismos nas aulas para atrair a atenção dos alunos. Hoje
com tanta tecnologia, o aluno não suporta mais assistir aulas apenas copiadas na lousa. Falta
de professores comprometidos com um trabalho sério, ingerência da gestão escolar e falta de
interesse dos alunos para estudar.
Outras variantes a serem discutidas são os fatores externos e internos da escola, além
das questões políticas e sociais que envolvem a escola e seus membros. Comungando com o
pensamento de Wallon, seguidor de Piaget, o homem é um ser social e não se deve deter ou
excluir seus pensamentos do contexto social. Isto nos leva a acreditar que a escola deve estar
sintonizada com os anseios e conhecimentos da sociedade na qual está inserida (AZEVEDO,
2006, p. 26).
É importante ressaltar, que professores, coordenadores e direção estejam conscientes
que a evasão e a reprovação escolar não são só decorrentes dos problemas sociais e
econômicos que atingem os estudantes. É fundamental que todos reflitam sobre os diferentes
aspectos que permeiam nas suas atividades pedagógicas. Cabe à escola questionar-se e refletir
se suas ações estão contribuindo para o crescimento dos seus alunos e da sociedade.
Observar o desempenho dos alunos dentro da escola é tarefa que exige cuidado e
dedicação dos que fazem a instituição, no entanto, é o primeiro passo para evitar a evasão e a
reprovação escolar. As ações mediadoras entre os professores, alunos e direção, são capazes
de conquistar os alunos e lhe dar uma perspectiva de vida através do estudo, fazendo com que
os mesmos permaneçam na escola, evitando-se assim a evasão escolar.
Em relação a escolarização, ela impõe certas definições sobre o ser ensinado,
implicando em critérios de seleção e ordenação dos saberes, bem como na definição de
formas pedagógicas de apresentá-los aos alunos.
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Luís – MA
Sabe-se que cada aluno carrega consigo um ritmo de aprendizagem de acordo com a
capacidade desenvolvida nas séries anteriores. Por sua vez, o professor não tem dado o
acompanhamento específico e individual de acordo com as dificuldades, pois cada um
demonstra uma deficiência diferenciada. Esse ritmo é confrontado diariamente com vários
professores nas diferentes matérias da grade curricular. Ainda há aqueles professores
tradicionais que pensam ser o eixo do conhecimento, o dono do saber e, seus alunos sentem-se
reprimidos tornando-se meros acumuladores dos conhecimentos, muitas vezes insignificativos
para eles. Desta forma transforma-se em seres passivos, reprimidos e sem ideais próprias.
Administrar essas situações não é tarefa fácil, por isso, às vezes, o aluno pensa que o mais
fácil é desistir da escola.
Entretanto, a evasão e a reprovação escolar são provocadas por muitos fatores,
portanto, cabe às escolas refletir e questionar sobre como esses problemas afetam os alunos.
Feito isto, devem buscar metas e ações que possam, se não resolver, amenizar os problemas
que a cada dia se tornam mais frequentes dentro das escolas.
Dos estudos desenvolvidos sobre este tema ou como é cientificamente denominado
“estado da arte” e da vivência cotidiana no ambiente escolar entendemos que a problemática
da evasão e da reprovação, de um modo geral, existe em todo ambiente escolar e
especificamente na escola campo de nossa investigação, fazendo-se presente de forma real e
concreta, necessitando, portanto, de um estudo científico que venha a contribuir para apontar
caminhos para minimizá-lo, ou quiçá solucionar de forma total esse problema que nos
inquieta.
Há a necessidade de alterar as tradições e construir uma nova cultura pedagógica,
partindo dos interesses e necessidades dos estudantes e da sociedade. E, para que isso
aconteça, é importante que a escola promova e organize situações pedagógicas que
possibilitem o acesso a saberes e bens culturais, mas que efetivem a aprendizagem e a
ressignificação de valores.
Os pontos de partida podem estar ancorados em objetos e temas de estudos fixados a
partir do ambiente cultural como: a) a investigação do contexto da instituição escolar; b) a
sistematização das histórias de vida dos estudantes; c) identificação dos elementos dos
ambientes culturais dos estudantes; d) levantamento de expectativas de estudos fundados em
necessidades e interesses, desenvolvimento de projetos que visem provocar atitudes de
reflexão sobre si mesmo e o contexto social em que está inserido; e) atividades didático-
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pedagógicas que primem pela pesquisa como método de estudo: hábito necessário a ser
desenvolvido no aluno do ensino médio.
Figura 2 – Quadro de matrículas: matrículas iniciais e o número de alunos no final do ano.
Fonte: Secretaria da Escola Gonçalves Dias, 2011.
Para uma melhor compreensão, vamos apresentar os problemas da evasão e
reprovação dentro da escola investigada, inicialmente ambos são apresentados de uma forma
geral através de um quadro, no qual podemos observar a situação ocorrida nos anos de 2008,
2009 e 2010.
Os números apresentados são resultantes da coleta de dados nos três turnos:
matutino, vespertino e noturno, dos quais foram envolvidos os alunos da 1ª à 3ª série do
ensino médio. No segundo momento, mostraremos a percepção dos alunos evadidos e
reprovados.
- Ano de 2008 (2045 – 1574= 471 alunos deixaram a escola): 23,03%
- Em 2009 (2047 – 1546= 501 alunos deixaram a escola): 24,47%
- Em 2010 (2068 – 1590= 478 alunos deixaram a escola): 23,11%
Nos anos de 2008, 2009 e 2010, o Centro de Ensino Médio Gonçalves Dias,
matriculou cerca de 6.160 alunos matriculados nos três turnos. Deste total, 1.134 alunos
foram evadidos, cerca de 18,40% enquanto o número de reprovados foi de 749, equivalente a
12,15%. Somando-se os evadidos e os reprovados, temos 1.883 alunos, algo em torno de
30,55%, um percentual considerado bastante alto. Foram transferidos ou trancaram a
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matrícula 316 alunos, o que nos dar uma média de 5,12% nesse triênio analisado. Estes
percentuais merecem atenção por ter a escola o dever de garantir o acesso e a permanência do
aluno em seu ambiente escolar, afim de que o mesmo tenha uma educação de qualidade como
preceitua a LDB 9.394/96.
Ano
Alunos
matriculados
no início do
ano
Matriculados
no final do ano
2008
2045
1574
2009
2047
1546
2010
2068
1590
Aprovados Reprovados
Percentual Percentual
1372
63,5%
1290
63%
1299
62,8%
Evadidos
Percentual
Transferidos
Trancou
matrícula,
etc.
365
21,7%
384
18,8%
385
18,6%
106
5,2%
117
5,7%
93
4,5%
202
9,6%
256
12,5%
291
14,1%
Tabela 11 - Alunos aprovados, reprovados e evadidos por ano.
Fonte: Secretaria do Centro de Ensino Gonçalves Dias, 2011.
No ano de 2008, tivemos 63,5% aprovados, 9,6% reprovados e 21,7% evadidos,
enquanto os reprovados somam 31,3% (567 alunos), deixaram de ser promovidos para a série
seguinte.
Em 2009 houve 63% aprovados 12,5% reprovados e 18,8% de evadidos. Evadidos e
reprovados somam 31,3% (640 alunos).
Em 2010 houve 62,8% aprovados, 14,1% reprovados e 18,6% evadidos. Reprovados
e evadidos somados chegam a 32,7% o que corresponde a 676 alunos que deixaram de ser
promovidos para a série seguinte.
Figura 1: Alunos aprovados, reprovados e evadidos.
Fonte: Secretaria da Escola CE Gonçalves Dias.
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Nossa investigação fez um recorte no universo de alunos evadidos no período de 2008, 2009 e
2010. Foram selecionados 10 alunos que se evadiram para responder os questionários
compostos por 9 questões.
É importante ressaltar que não havia muita distorção de idade e a primeira série do
ensino médio dos alunos que ingressaram na escola. A média de idade dos discentes era de 15
a 17 anos, principalmente nos turnos matutino e vespertino. Já o noturno, apontou a situação
inversa, quase todos os alunos apresentaram idades superiores aos 18 anos quando iniciaram
os estudos no ensino médio.
As taxas de evasão escolar registradas na escola neste período sofreram uma pequena
redução: 2008 (21,7%), em 2009 (18,8%) e em 2010, foi de (18,6%). Podemos perceber que o
problema não é fácil de ser combatido. Há necessidade de uma ação conjunta para uma
eficácia maior.
Outra constatação positiva foi o crescente número de alunos matriculados: em 2008,
foram 2.045; 2009, 2.047 alunos e 2010 foram 2.068 matrículas efetuadas no início do ano.
No entanto, a reprovação também foi crescente nos três anos consecutivos.
2.3 O PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA
A abordagem metodológica aqui descrita é de cunho qualitativo, privilegiando-se a
compreensão de fenômenos sociais a partir de um contato direto com os sujeitos em seu
próprio ambiente escolar, o que resultou em dados ricos em pormenores descritivos
(BOGDAN, BIKLEN, 1994). Porém, como nos lembra Alves (1991), a oposição entre
qualitativo e quantitativo deve “ser descartada: a questão é de ênfase e não de exclusividade”.
Dessa forma, alguns dados quantitativos, como fonte e suporte para a análise
qualitativa, foram, quando necessário, devidamente coletados e considerados. Segundo
Minayo (1994), as pesquisas qualitativas trabalham com significados, motivações, valores e
crenças, que não podem ser reduzidos às questões qualitativas, pois dão conta de noções
muito particulares. No entanto os dados quantitativos e qualitativos acabam se
complementando dentro da pesquisa.
2.3.1 Instrumentos de Coleta dos Dados
A coleta dos dados dessa investigação privilegiou a técnica da observação
participante que tem sido vista por Haguete (2000), como originária da Antropologia, a partir
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55
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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dos estudos e experiências de campo de Malinowski (1978). Este aspecto metodológico tem
suas origens com Morgan, Spencer e Durkheim, antropólogos e sociólogos preocupados com
a classificação e análise das estruturas sociais através do trabalho de campo utilizando a
observação participante, a entrevista e a história de vida.
As informações sobre a pesquisa foram coletadas junto aos órgãos oficiais, tais como
a Secretaria de Estado da Educação do Estado do Maranhão – SEEDUC e documentos da
Secretaria da escola. Além da análise documental, foram utilizadas as entrevistas e
questionários com os supervisores, coordenadores, professores e gestores, alunos e ex-alunos
da referida escola, a fim de compreender o porquê da evasão e da reprodução tão presente na
escola campo de investigação.
Podemos identificar neste trabalho um estudo de caso, pois se trata de uma
abordagem metodológica de investigação, especialmente adequada quando procuramos
compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão
simultaneamente envolvidos diversos fatores. Yin (1994), afirma que esta abordagem se
adapta à investigação em educação quando o investigador é confrontado com situações
complexas de tal forma que dificultam a identificação das variáveis consideradas importantes,
tais como o investigador procurar respostas para o “como?” e o “por quê?”, buscar encontrar
interações entre fatores relevantes próprios dessa entidade, quando o objetivo é descrever ou
analisar o fenômeno, a que se acede diretamente, de uma forma profunda e global, o pretender
apreender a dinâmica do fenômeno, do programa ou do processo.
Assim, Yin (1994, p. 13), define “estudo de caso” com base nas características do
fenômeno em estudo e com base num conjunto de características associadas ao processo de
recolha de dados e às estratégias de análise dos mesmos. Por outro lado, Bell (1989) define-o
como um termo guarda-chuva para uma família de métodos de pesquisa cuja principal
preocupação é a interação entre fatores e eventos.
Fidel (1992), infere que o método de estudo de caso é um método específico de
pesquisa de campo. Estudos de campo são investigações de fenômenos à medida que ocorrem,
sem qualquer interferência significativa do investigador, como este sobre a evasão e a
reprovação escolar constitui um grande potencial para conhecer e compreender melhor os
problemas da escola.
Ao retratar o cotidiano escolar com toda a sua riqueza, esse tipo de pesquisa oferece
elementos preciosos para uma melhor compreensão do papel da escola e suas relações com
outras instituições da sociedade. Estudos de caso são investigações de fenômenos à medida
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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que ocorrem, sem qualquer interferência significativa do investigador. Coutinho (2003), refere
que quase tudo pode ser um “caso”: um indivíduo, um personagem, um pequeno grupo, uma
organização, uma comunidade ou mesmo uma nação. Da mesma forma, Ponte (2006)
considera que:
“É uma investigação que se assume como
particularística, isto é, que se debruça deliberadamente
sobre uma situação específica que se supõe ser única ou
especial, pelo menos em certos aspectos, procurando
descobrir a que há nela de mais essencial e
característico e, desse modo, contribuir para a
compreensão global de um certo fenómeno de interesse”
(PONTE, 2006, p. 2).
Segundo André e Lüdke (2004), o estudo de um caso pode ser similar a outros, mas é
ao mesmo tempo distinto, pois tem um interesse próprio, singular, motivo porque nem sempre
uma situação específica permite generalizações (SILVA, 2005, p. 18).
O uso do questionário para nós foi extremamente útil visto que pretendíamos
recolher informação sobre a evasão e a reprovação dos alunos da escola campo de
investigação. Deste modo, através da aplicação de um questionário a este público-alvo
constituído de alunos, professores e gestores educacionais, foi possível recolher informações
que nos permitiram conhecer melhor as suas expectativas a respeito do ambiente escolar, bem
como melhorar as relações sociais dentro da escola podendo, deste modo, minimizar os
problemas que estávamos investigando.
A importância dos questionários passa também pela facilidade com que se interroga
um elevado número de pessoas, num espaço de tempo relativamente curto e reunir
informações e elementos para caracterizar a atitude dos sujeitos envolvidos no espaço escolar,
bem como identificar as causas da evasão e reprovação escolar.
Quanto à observação de campo Chizzotti (2006, p.53) nos diz que “a observação
estruturada ou sistemática consiste na coleta e registro de eventos observados que foram
previamente definidos”. Isso significa que o investigador deve elaborar um caderno de campo
no qual fará o registro das observações relativas ao comportamento das pessoas em situação
objetiva. Apoiando-nos nessa premissa organizamos nosso “caderno de campo”, no qual
registramos diariamente todas as nossas observações coletadas durante a nossa estadia no
campo.
Apesar de a observação ser uma técnica utilizada ainda de forma pouco sistemática
pelos profissionais da educação, ela permite o recolhimento de informações precisas sobre o
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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desempenho da escola, da turma e dos alunos. A observação é vista pelos pesquisadores como
uma técnica muito flexível e abrangente, na medida em que permite ao observador recolher
uma diversidade de informações acerca de vários sujeitos ao mesmo tempo e depois seja
cuidadosamente estruturada permitindo ao observador a recolha de evidências significativas
que garantem a qualidade da sua análise e interpretação.
O observador é um sujeito ativo que faz parte integrante do processo de observação,
pois influi e é influenciado pelas características do meio onde se move. Nesta condição, este
se encontra exposto ao erro, como qualquer outro instrumento de observação, que poderá estar
associado a influencias internas e ou externas ao ambiente investigado.
A fragilidade e as limitações dos instrumentos de observação, dada à impossibilidade
de contemplar a amplitude e complexidade do fenômeno estudado (o sujeito não consegue
observar tudo e a todos!), reclama uma escolha criteriosa das variáveis a analisar. Quer a
recolha de dados quer a sua interpretação deve fazer-se de forma seletiva, segundo uma
hierarquia de categorias e indicadores que permitem uma diferenciação, entre os pressupostos
da performance que se revelam essencial e aqueles que são acessórios.
O uso de entrevistas em pesquisas qualitativas é importante embora sejam ainda
polêmicas as discussões acadêmicas sobre o uso desse instrumento, pois se trata de um
procedimento de coleta de informações que, às vezes, por conta de sua utilização e analise,
não traz os resultados que seria desejáveis. Cabe aos pesquisadores que fazem uso de
entrevistas em suas investigações explicitarem as regras e pressupostos teóricos e
metodológicos que norteiam seu trabalho, de modo a possibilitar um melhor aproveitamento
desse instrumento e a confiabilidade em sua pesquisa.
É necessário dizer que entrevista não é a única maneira de se fazer pesquisa
qualitativa – não existe vínculo obrigatório entre pesquisas qualitativas e a realização de
entrevistas. Portanto, não é porque um pesquisador opta pela adoção de um método
qualitativo que ele tem, necessariamente, que recorrer a entrevistas (sejam elas de que
natureza for). Podemos fazer observações de campo e tomar nossos registros como fonte;
podemos recorrer a documentos (escritos, registrados em áudio ou vídeo, pictóricos etc.);
podemos fazer fotografias ou videogravações de situações significativas; podemos trabalhar
com check lists, grupos focais, questionários, entre outras possibilidades.
Há alguns procedimentos importantes a serem adotados na preparação de entrevistas
para a captação de dados e o primeiro deles diz respeito à transcrição: as entrevistas devem
ser transcritas, logo depois de encerradas, de preferência por quem as realiza. Depois de
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transcrita, a entrevista deve passar pela chamada conferência de fidedignidade: ouvir a
gravação tendo o texto transcrito em mãos, acompanhando e conferindo cada frase, mudanças
de entonação, interjeições, interrupções etc. Transcrever e ler cada entrevista realizada, antes
de partir para a seguinte ajuda a corrigir erros, a evitar respostas induzidas e a reavaliar os
rumos da investigação (ALBERTI, 1990).
Entendemos que na análise documental o ponto de partida da pesquisa não é a
análise de um documento, mas a formulação de um questionamento ao documento, pois o
mesmo só nos dirá aquilo que quisermos saber através dele. A problematização das fontes é
fundamental porque elas não falam por si, mas são testemunhas, vestígios que respondem a
perguntas que lhes são apresentadas. Segundo Eliana Marta Teixeira Lopes e Ana Maria de
Oliveira Galvão (2001, p.79) “[...] o que determina o que são as fontes é exatamente o [...]
problema problematizado.”
As perguntas que o pesquisador formula ao documento são tão importantes quanto o
próprio documento. São as perguntas que o historiador faz ao documento que lhe conferem o
sentido. Daí Foucault (apud LE GOFF, 1984), dizer que os problemas da pesquisa podem se
resumir nas seguintes palavras: o questionar dos documentos.
O documento seja ele oficial ou particular é resultado de uma montagem, consciente
ou inconsciente, feito por alguém, relatando a história da época, da sociedade e também das
épocas sucessivas durante as quais continuou a existir. O documento é produto da sociedade,
que o fabricou segundo as relações de forças que nela detinham o poder.
Em nossa investigação trabalhamos com documentos oficiais tais como leis,
decretos, pareceres e diretrizes relacionados com a educação brasileira e também com a
documentação produzida na escola tais como diários de classe, mapas de avaliação, atas de
conselho de classe, projetos políticos pedagógicos dentre outros que possibilitaram fazer o
resgate da evasão e reprovação dos alunos da referida escola. A pesquisa documental é uma
técnica decisiva para a pesquisa em ciências sociais e humanas; é indispensável porque a
maior parte das fontes escritas – ou não escritas – são a base do trabalho de investigação; pois
sem eles é impossível aprofundar na fidedignidade das questões que abordamos.
2.3.2 Instrumentos de Análise dos Dados
Para a análise dos dados coletados utilizamos a “Triangulação de dados”, um
conceito oriundo do interacionismo simbólico que é considerado como uma perspectiva
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teórica e metodológica inacabada surgida na década de 1930, no âmbito da sociologia norteamericana, por iniciativa do sociólogo Herbert Blumer (1900-1987), membro da Escola
Sociológica de Chicago. Blumer desenvolveu as primeiras formulações teóricas do
interacionismo simbólico a partir de conceitos e princípios básicos extraídos da teoria da
psicologia social, originalmente elaborados pelo filósofo e cientista social Georg Hebert Mead
(1863-1931), e as empregou no estudo do comportamento coletivo (das massas, das multidões
e do público em geral).
O foco do interacionismo simbólico concentra-se, justamente, nos processos de
interação social - que ocorrem entre indivíduos ou grupos - mediados por relações simbólicas
que ,para Denzin (1973), significa a combinação e o cruzamento de múltiplos pontos de vista,
ou seja, a tarefa conjunta de pesquisadores com formação diferenciada, a visão de vários
informantes e o emprego de uma variedade de técnicas de coleta de dados que acompanha o
trabalho de investigação. Seu uso na prática permite a interação, a crítica intersubjetiva e a
comparação (DENZIM, 1973; MINAYO e SANCHES, 1993; MINAYO e CRUZ NETO,
1999).
Por Triangulação entendemos a coleta de dados durante um longo período de
investigação e observações repetidas, objetivando a verificação de plausibilidade de uma
investigação ao se retomar os dados e interpretações para os sujeitos. A triangulação dos
dados é utilizada para aumentar a validade e a fidedignidade por meio do emprego de fontes
múltiplas de dados, diferentes investigadores e métodos variados. Na triangulação da teoria, a
situação é examinada a partir de pontos de vista teóricos e hipóteses diferentes, enquanto que
na triangulação da investigação propriamente dita – a pesquisa –, esta se fará com o
cruzamento das informações obtidas através das diversas técnicas adotadas no levantamento
dos dados.
Segundo Ghiglione & Matalon (1997), citado por Coutinho (2005), a validade
externa está ligada à constituição das amostras e à sua representatividade. O problema da sua
generalização é muitas vezes colocado em causa devido ao pequeno número de sujeitos e à
falta de amostragem aleatória.
Tendo por base o trabalho desenvolvido por Coutinho (2005), existem duas formas
de generalizar os resultados de um estudo qualitativo: a conceptualização Punch (1998) e o
desenvolvimento de “hipóteses de trabalho” Cronbach (1982). Na conceptualização o
pesquisador está interessado em chegar a novos conceitos que expliquem qualquer aspecto
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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específico. Desenvolver “hipóteses de trabalho” significa, para o seu autor, que o investigador
consegue alcançar uma ou mais hipóteses novas que relacionem conceitos ou fatores.
Outro argumento que favorece a validade externa neste tipo de pesquisa é o conceito
de generalização feito pelo “usuário”. Não é o autor do trabalho que faz a generalização, mas
sim o leitor Peshkin (1993). Este avalia as descobertas do estudo e questiona que aspectos se
aplicam à sua situação específica. A generalização feita pelo usuário “não é de nenhuma
maneira uma medida inferior de validade externa” (LOCK, 1989).
A origem, propriamente dita, da noção de “triangulação” deve procurar-se em
ciências outras que não as ciências sociais e humanas. Decorrente da navegação e da
topografia, a triangulação é frequentemente entendida como um método para fixar uma
posição Cox e Hassard (2005). Neste campo, a triangulação refere-se a um método para
determinar a posição de um ponto C, através da observação de dois pontos, A e B.
TRIANGULAÇÃO DE
DADOS
FUNDAMENTAÇÃO
TEORICA
QUESTIONARIOS
ENTREVISTAS
OBSERVAÇÃO/
ANALISE DOCUMENTAL
Figura 3 - Triangulação de dados.
Nas ciências sociais e humanas, o termo “triangulação” começa a ser construído na
área da psicologia por Campbell e Fiske (1959), e por Tashakkori e Teddlie (1998), que se
propuseram a completar ou testar empiricamente os resultados obtidos utilizando diferentes
técnicas qualitativas.
Na “triangulação metodológica”, são utilizados múltiplos métodos para estudar um
determinado problema de investigação. Denzin (1999), distingue dois subtipos: a triangulação
intramétodo – que envolve a utilização do mesmo método em diferentes ocasiões – e a
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61
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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triangulação intermétodos – que significa usar diferentes métodos em relação ao mesmo
objeto de estudo.
Minayo (1993), complementa admitindo que o trabalho científico pressuponha a
cooperação de numerosos esforços individuais. E que submeter o produto do conhecimento à
interface das discussões indicam somente que a pluralidade de perspectivas permite lançar
diferentes focos de luz a respeito do objeto estudado e não que a verdade seja o resultado dos
pontos de vista dos vários estudiosos.
A autora acrescenta ainda que se a comparação fosse um dos recursos utilizados para
tornar mais universal o saber sobre determinado grupo cultural, a triangulação se constituiria
em uma prova eficiente de validação. O método da triangulação tem em Denzim (1970, 1989)
um de seus maiores defensores e consiste em uma estratégia de combinação e cruzamento de
múltiplos pontos de vista através do trabalho conjunto de vários pesquisadores, de múltiplos
informantes e múltiplas técnicas de coleta de dados.
Em nossa investigação buscamos fazer o cruzamento das informações obtidas através
das técnicas abordadas acima, a saber: a pesquisa documental na secretaria da escola, a
observação aos participantes, aplicação de questionários e as entrevistas feitas aos sujeitos
envolvidos no processo, dado que nos permitiram ter um resultado confiável de nossa
investigação.
Após coletar e tabular os dados da pesquisa de campo buscou-se estabelecer nossas
análises a respeito do objeto investigado.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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“O principal motivo que impede a maioria das
pessoas de conseguir o que quer, é não saber o que
quer”.
(Doutor Fé)
Capítulo III
A EVASÃO E A REPROVAÇÃO NO CENTRO DE ENSINO GONÇALVES
DIAS
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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O presente capítulo tem como objetivo analisar a evasão e a reprovação escolar
dentro da escola campo da investigação. A análise foi feita com base nas respostas dos
questionários aplicados aos alunos que passaram por estas experiências de evasão e
reprovação, bem como nas entrevistas feitas com as gestoras, dentre elas a diretora,
coordenadoras pedagógicos e professores(as) que trabalharam e vivenciaram estes problemas
que afetam o desempenho escolar e educacional dos alunos desta escola.
3.1 ANÁLISE DAS CAUSAS DA EVASÃO E REPROVAÇÃO ESCOLAR
Nas respostas aos questionários realizados com alunos evadidos, foram sintetizadas e
analisadas as problemáticas da evasão escolar com base na compreensão dos mesmos, onde
foram consideradas as seguintes questões norteadoras:
1. Quais os principais motivos que lhe impediram de continuar estudando?
2. Como era o seu cotidiano quando frequentava a escola?
3. Quais eram suas maiores dificuldades quando estava na escola?
4. A escola atendia as suas expectativas? Por quê?
5. Os conteúdos (assuntos) ensinados na escola faziam parte do seu interesse pessoal e
profissional?
6. Qual é a sua percepção a respeito do trabalho desenvolvido pelos seus professores na
sala de aula?
7. Tem algum episódio do período em que você estudava que você queira relatar?
8. Suas atividades fora da escola contribuíram para a sua evasão escolar? Quais?
9. Tem vontade de voltar a estudar? Por quê?
10. Qual a escola que você gostaria de ter?
É importante destacar que as questões trabalhadas com os alunos evadidos
assemelham-se às que foram aplicadas aos professores, coordenadoras e a direção. Isto foi
feito numa tentativa de envolver a todos que trabalharam com a educação na escola no
período de 2008 a 2010, diferenciando-se apenas em alguns pontos, conforme a função
desempenhada dentro da escola.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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3.1.1 A fala dos alunos evadidos ou reprovados
I SÍNTESES DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS EVADIDOS
1ª Questão - Quais os principais motivos que lhe impediram de continuar estudando?

Condições financeiras;

Porque fiquei grávida;

Falta de ânimo;

Falta de interesse;

As brincadeiras eram só “molecagem”.

Uma viagem a outro estado para fazer teste em um clube de futebol;

Depois de um dia inteiro trabalhando, a cabeça não ficava muito boa para o colégio;

O trabalho. Quando comecei no colégio não estava trabalhando, mas logo arranjei
um serviço. Ai complicou tudo.
Dentre os motivos apontados pelos estudantes evadidos para parar de estudar, a falta
de interesse e o financeiro ocupam as primeiras posições com uma larga vantagem sobre as
demais causas, quando o aluno deixou de estudar para trabalhar. - “Por problemas financeiros,
precisei ir trabalhar” – ou então, “- falta de interesse mesmo” -, afirmaram vários alunos
entrevistados.
Silva (2005, p.118), ao se referir aos estudos de Abdalla (2004), ao discutir o
significado do trabalho para os jovens, esclarece que ao trabalhar, eles não só minimizam
conflitos com a família, como também adquirem independência própria. Segundo a autora, o
trabalho, além de significar a passagem ao mundo adulto, alimenta os jovens com sonho.
“(...) para os jovens, a oportunidade de trabalhar
funciona quase como um rito de passagem do mundo
infantil para o mundo adulto. Representa um projeto de
família, de melhoria de vida, o que pode significar uma
oportunidade de fugir da pobreza (...)” (IBIDALLA,
2004, p. 50)
A questão “trabalho” foi apontada como fator de impedimento aos estudos. Muitos
apontam e responsabilizam o trabalho pela evasão escolar afirmando que, por essa causa, não
tinha muito tempo para atender às obrigações escolares.
A dificuldade em conciliar estudo e trabalho contribuiu para que vários alunos
entrevistados se evadissem da escola – a exaustão após um dia de trabalho o impossibilitava
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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de acompanhar as explicações do professor: “a cabeça não ficava muito boa para o colégio”,
afirmou um dos alunos entrevistados.
Ibidalla, utilizando-se mais uma vez de Silva (2005, p.119), ao citar Ceccon et al
(2002), ao discutir as circunstâncias de vida do estudante trabalhador, esclarece que a escola
encontra-se inadequada para o atendimento às necessidades do aluno que trabalha, tendo em
vista que ela expõe exigências que o mesmo não tem condições de cumprir.
“(...) a escola é feita para aqueles alunos que não
precisam trabalhar, ela faz de conta de que ninguém
trabalha e coloca exigências que o aluno não tem tempo
e nem condições de cumprir. Os resultados dos alunos
que têm que combinar estudo com trabalho vão
piorando cada vez mais (...)” (IBIDALLA, 2002, págs.
28 e 29).
No Centro de Ensino Gonçalves Dias, ao utilizar o instrumento de observação
participante, tive a oportunidade de ouvir muitos relatos feitos pelos alunos, principalmente
em conversas informais nos corredores da escola, quando diziam exatamente o que a autora
cita acima. Relatos que nos levam a afirmar ser esta uma situação muito presente no dia a dia
dos alunos daquela escola.
Para os alunos dessa escola, bem como as de outras em nosso Estado, as dificuldades
de conciliar trabalho e estudo é do conhecimento dos professores, coordenadores e da direção.
Tanto que uma das coordenadoras pedagógica é contundente quando afirma que a escola pode
até amenizar o problema como a “falta de base” dos estudantes ou aqueles de relacionamento
professor e aluno, aluno entre aluno. No caso da evasão escolar do aluno trabalhador, porém “A escola não pode fazer nada”, - afirmou na resposta a coordenadora entrevistada.
Como uma das respostas que nos surpreendeu durante a pesquisa, foi a falta de
interesse dos alunos com os estudos. “Faltava ânimo, eu brincava muito” - isto nos leva a crê
que muitos alunos não levam os estudos a sério, por não acreditar que possam superar as
dificuldades através dos estudos, que os conhecimentos possam lhe trazer uma perspectiva de
vida melhor.
Outra resposta que nos chamou atenção foi - “Eu fique grávida”-. A aluna afirmou
que ao ficar grávida não tinha mais condições de continuar assistindo aulas, – “Os enjoos
eram muito fortes”- por isso a mesma ficava muito tempo fora de sala de aula.
Gravidez, cuidar de crianças pequenas, casamento, tarefas domésticas, trabalhos...
são dificuldades que muitas alunas enfrentam e, quando não conseguem administrá-las, são
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levadas aos problemas da evasão e reprovação escolar. Isto nos leva a refletir que a evasão
escolar pode ser medida também pelo viés do gênero, ou seja, as alunas têm problemas que
diferem dos meninos no que tange a evasão escolar.
Silva (2005, p.127), nos relata que em relação a categoria de gênero na escola, o
Relatório Internacional sobre o Ensino Médio, realizado em Beijing, na República Popular da
China, em maio de 2001, detectou que, dentre os compromissos do ensino médio, consta
eliminar as barreiras da escolarização das meninas.
“(...) devem ser mantidos, com aspiração, o
compromisso em acesso universal ao ensino meio, bem
como todo esforço para eliminar barreiras e obstáculos e
para consolidar forças e oportunidades, em especial para
as meninas (...)” (UNESCO, 2003, p. 9)
Ainda sobre a categoria gravidez, Silva (2005, p.128), comentando os estudos de
Castro et al (2004), indicam que a gravidez na juventude é marcada por uma “teia de
símbolos” e destaca que está entre uma das principais causas de evasão escolar. A autora
também chama atenção para o cuidado de não se estabelecer uma relação linear entre gravidez
e pobreza.
“(...) a gravidez na adolescência pode ter nexos com a
pobreza, mas não necessariamente ser causa ou
consequência exclusiva de tal situação (...) ainda que
seja ambígua a relação causal entre deixar a escola e
ficar grávida ou ter filhos, ou que antecedem a que,
esses são momentos que viriam intervindos na trajetória
de vida educacional principalmente de meninas e
jovens” (IBIDALLA, 2002, p. 129; 161).
Observamos que, para as jovens-mães, a responsabilidade com a maternidade, com
os cuidados com os filhos pequenos, administrar as tarefas do lar e outras faz com que boa
parte delas deixem de estudar, gerando a evasão escolar.
Podemos concluir que a situação da evasão escolar relacionada ao aluno trabalhador
é muito difícil, especialmente para aqueles que trabalham durante o dia e precisam estudar à
noite. Apesar de vários esforços, seja por parte das escolas em adotar novas metodologias
para despertar o interesse do aluno, evitarem reprovação por excesso de faltas, repetências,
evasões seja por parte das políticas públicas, ainda não foi encontrada uma solução plausível
para uma conciliação entre trabalho e estudo especialmente nas escolas noturnas que,
segundo investigações feitas nessa área, são as mais afetadas.
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Um dos alunos entrevistados respondeu que o motivo de parar de estudar foi – “As
brincadeiras era só molecagem” -. Em conversa reservada enquanto o mesmo respondia as
demais perguntas da entrevista, o discente revelou - A “amizade” com colegas que não
queriam nada com estudo, não tinha nenhum motivo para querer estudar-, apontou a
“molecagem”, como empecilho na sua caminhada dentro da escola, o que o tornou relaxado
nos estudos, levando-o a evasão escolar.
Podemos destacar, a partir dos resultados encontrados, que alguns alunos pararam de
estudar por mais de um motivo, dentre eles a falta de interesse, o trabalho e a situação
financeira são os mais citados, no entanto, houve respostas em que o aluno evadido apontou
uma única razão para ter deixado de ir à escola.
2ª Questão – Como era o seu cotidiano quando frequentava a escola?
 Era muito cansativo;
 Era normal;
 Foi muito bacana;
 Era difícil;
 Tinha uma frequência irregular devido aos treinamentos de futebol.
Nesta questão, houve muitas respostas coincidentes. A maioria dos alunos respondeu
que - “Era muito cansativo”, os mesmos se referem ao trabalho exaustivo que enfrentavam
antes de chegar à escola, fosse meio turno, para aqueles que estudavam em um turno e
trabalhava em outro, bem como aqueles que trabalhavam o dia inteiro e estudavam à noite.
Um dos entrevistados disse que - “Era normal”- frequentava às aulas, porém não
tinha rendimento acadêmico, os professores não podiam parar às aulas para dar a atenção da
qual o aluno precisava. – “Não entendia quase nada, às vezes perguntava o assunto para um
colega que me explicava com mais calma, era quando eu entendia um pouco, por isso larguei
a escola”-. Podemos constatar que esse aluno estava praticamente só frequentando, no
entanto, a aprendizagem, que é uma das funções principais da escola, não estava acontecendo
como deveria.
3ª Questão - Quais eram suas maiores dificuldades enfrentadas quando estava na
escola?
 Dificuldade financeira e o relacionamento familiar (a separação dos meus pais);
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 Minha maior dificuldade era acordar cedo para ir à escola;
 Quando eu errava meus colegas riam de mim. Isso era terrível! Eu tinha pavor;
 Na escola nenhuma. Fora dela, eram muitas;
 Devido ao grande número de aulas que faltava, era difícil acompanhar os conteúdos
ministrados pelos professores;
 Dificuldades de acompanhar os conteúdos;
 Eu faltava muito, por isso não acompanhava os conteúdos;
 Faltava muito e perdi o interesse pelos estudos.
Para este grupo de alunos que não continuaram os estudos por um ou mais
problemas, as dificuldades relatadas são semelhantes. Alguns deles, apesar de terem
respondido ao questionário em datas diferentes, deram respostas muito parecidas, fato que nos
obrigou a fazer uma síntese das respostas para poderem ser analisadas com cautela e evitar
repetições.
A primeira análise é que as dificuldades dos alunos são diferenciadas por turnos. Os
alunos que responderam o questionário, que estudavam nos turnos matutino e/ou vespertino,
relataram quase as mesmas dificuldades. Estas respostas são oriundas de alunos de faixa etária
que não tem muita distorção entre idade e série. Quase todos estavam iniciando ou dando
continuidade ao ensino médio, não tinham grandes preocupações com família no sentido de
assumir as responsabilidades pelo trabalho para sustentá-la, enfim, são problemas de ordem
menor, se é que podemos dizer assim. A maioria deles era adolescente, muitos brincavam
bastante e ainda não sabiam um rumo do que queria seguir.
Já o pessoal do noturno, na sua maioria, são trabalhadores. Apresentam problemas de
ordem familiar e de trabalho, muitas vezes chegam à escola sobrecarregados e acabam
descarregando nos professores, coordenadores e até mesmo nos colegas de turma.
Imagine a situação de um aluno passando por uma crise financeira. É um sério
problema para qualquer pessoa e pior ainda para um estudante. Depressão, ansiedade, baixa
autoestima, enfraquecimento da saúde são alguns dos efeitos de uma crise financeira
pessoal. O quadro agrava porque a pessoa se defronta com uma situação na qual precisa dar o
máximo de si para resolver o problema, justamente no momento em que seu estado
psicológico está debilitado. A aprendizagem se torna deficitária, porque precisa tomar
decisões difíceis e fazer sacrifícios dolorosos que podem acarretar mudanças importantes em
sua vida.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
4ª Questão – A escola atendia as suas expectativas? Por quê?
 Um pouco. Eu não tinha interesse em estudar;
 Sim;
 Não. Eu não queria nada com estudo. Era muito “psicopata”;
 Sim. A escola tinha um bom ensino.
 Sim. A escola é boa.
Ao procurar uma escola, os pais e/ou os estudantes têm uma expectativa de que algo
de bom aconteça para o crescimento pessoal, social e profissional. É uma esperança
depositada por ser a escola uma instituição educativa, formativa e também um meio de
ascender na sociedade.
As respostas dadas pelos alunos demonstram uma falta de objetividade com os
estudos. Percebe-se que não havia uma expectativa de melhora por parte dos alunos. – “Eu
não tinha interesse em estudar” - disse um estudante ao responder o questionário. Dessa
forma, as ações da escola se constituem em um fracasso educacional. É lamentável porque,
no inicio do ano, supomos que todos os alunos possam trilhar um caminho comum: o
crescimento pessoal através da aprendizagem. No entanto, só uma parte dos alunos segue as
propostas elaboradas. Uma maioria se convence de que o seu fracasso se deve a ela mesma e
apresenta-se a um único caminho a seguir: empregar-se no mercado de trabalho em condições
não muito interessantes, com baixa remuneração, em outras palavras, uma mão de obra barata
que:
“(...) não atende às expectativas de educação da maioria
desvalida, uma escola que usa a prática do princípio da
coerção, chamado por Foucalt de penalidade da norma,
que introduz no ensino normas gerais de educação, de
disciplina, de ordem, de comportamento, de punição,
etc.(...)”( FOUCALT [et. al.] 2004, p. 34).
Os alunos se classificam como pessoas que nasceram com um destino já préestabelecido e aceitam as diferenças sociais como uma coisa normal. Para eles a classe
dominante é que possui todos os privilégios e eles são os dominados que estão inseridos na
sociedade, mas submetendo-se a todo tipo de ordem estabelecida como aponta a discussão
feita por Bourdieu; Passeron (1970), na obra A Reprodução.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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5ª Questão – Os conteúdos (assuntos) ensinados na escola faziam parte do seu interesse
pessoal e profissional?
 Sim. Só interesse profissional;
 Não. Não tinha nada a vê com meus interesses;
 Sim. Abordavam vários assuntos: política, trabalho, relacionamento, experiências de
vida.
 Os conteúdos eram perfeitos, eu é que não tinha interesse;
Os conteúdos a serem ensinados em uma escola são orientados pelas leis da educação
oriundas do Ministério da Educação e Cultura – MEC, posteriormente seguem para os
Conselhos Estaduais, Municipais, Projetos Políticos Pedagógicos das Escolas e finalmente
para o plano de aula de cada docente.
A Resolução nº 3 de 26/06/1998 – CEB/MEC, ao tratar das Diretrizes Curriculares
para o Ensino Médio, destaca que:
“I - Na situação de ensino e aprendizagem, o
conhecimento é transposto da situação em que foi
criado, inventado ou produzido, e por causa desta
transposição didática deve ser relacionado com a prática
ou a experiência do aluno a fim de adquirir significado”
(RESOLUSÃO Nº 3, CEB/MEC).
Pelas respostas obtidas através das entrevistas, os conteúdos ministrados pelos
professores em sala de aula são aprovados pelos alunos. Nas conversas informais, alguns
alunos foram além da simples resposta à pergunta e relataram que são conteúdos que servem
para a vida, pois temas como drogas, políticas, ética, religião... ajudam a preparar o jovem
para o mercado de trabalho. No entanto, há assuntos estudados que, na afirmação dos
mesmos, não servem para nada, estão desassociados do mercado de trabalho e do cotidiano da
vida.
Pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional (Lei 9.394/96) cabe à
União, por meio do Ministério da Educação, a definição das diretrizes gerais de ensino. Os
currículos mínimos, entretanto, são de responsabilidade dos estados, dos municípios e do
Distrito Federal, de acordo com as características da cultura regional. A proposta mantém a
obrigatoriedade prevista na LDB de que a responsabilidade pela elaboração das diretrizes seja
compartilhada com os estados, os municípios e o Distrito Federal.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
Um aluno, ao contrário dos demais colegas afirmou que os conteúdos ministrados
pela escola não eram importantes: “Não, não tinha nada a vê com meus interesses”. Na
opinião deste aluno há coisas mais interessantes a serem aprendidas fora da escola, no
entanto, o mesmo não deu nenhum exemplo do que estava se referindo.
6ª Questão – Qual é a sua percepção a respeito do trabalho desenvolvido pelos seus
professores na sala de aula?
 Eu estudava no sistema “tele-ensino”, então não tinha como debater os assuntos das
aulas. Eu não entendia quase nada. Não posso dizer nada desse tipo de professor, se é
que podemos chamar de professor;
 Só faziam atividades e provas;
 Eram bons professores e me tratavam com educação e respeito;
 Os professores eram preocupados com o desenvolvimento dos alunos;
 Na minha percepção, os professores faziam um bom trabalho;
 Não quero fazer comentários.
As opiniões dos alunos sobre o trabalho dos professores teve grande aprovação,
exceto aqueles docentes que deixaram a desejar em suas tarefas pedagógicas. – “Eram bons
professores e me tratavam com educação e respeito”.- Descreveu uma aluna que havia se
evadido em 2009, quando cursava a 2ª série do ensino médio.
Dois alunos manifestaram-se com insatisfação: “Não quero fazer comentários” - e o
colega completou – “Só faziam atividades e provas”. Ambos mostravam-se descontentes com
os professores.
Uma particularidade nos chamou atenção: uma aluna que descreveu na entrevista
“Eu estudava no sistema tele-ensino, então não tinha como debater os assuntos das aulas. Eu
não entendia quase nada. Não posso dizer nada desse tipo de professor se é que podemos
chamar de professor”. Isso se explica devido à utilização desta modalidade de ensino ter sido
aplicada nas escolas de ensino médio no estado do Maranhão, durante os anos de 1999 e
2000. A aluna acima citada, havia se evadido em 2000, retornou à escola em 2007, e em 2008
havia se evadido novamente quando cursava a 2ª série do ensino médio na mesma escola.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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7ª Questão – Tem algum episódio do período em que você estudava que queira relatar?
 Não, 100% dos entrevistados não quiseram relatar episódios ocorridos na escola.
Durante o período de observação, chegamos a ouvir alguns episódios, no entanto,
nenhum aluno desse grupo quis descrevê-los em suas respostas.
8ª Questão – Suas atividades fora da escola contribuíram para a sua evasão escolar?
Quais?
 Sim. Meu namoro me atrapalhou;
 Não. Eu mesmo fui o atrapalhado;
 Sim. Meus colegas me convidavam para ir beber;
 Sim. Como eu já descrevi na primeira questão foi o trabalho;
 Sim. Uma viagem para fora do estado.
Pelas respostas dos alunos evadidos, podemos analisar que a falta de objetividade
com os estudos, os levavam para outras atividades nos horários das aulas, - “Sim, meus
colegas me convidavam para ir beber”-; - “Meu namoro me atrapalhou” - e o aluno que fez a
opção de viajar passando dois meses fora da escola. Esses alunos não priorizaram os estudos,
talvez a falta de motivação tenha sido uma das causas das trocas dos estudos por outras coisas
que os mesmos julgaram mais interessante naquela oportunidade. Exceção ao aluno que já
havia respondido que o verdadeiro motivo da sua evasão, teria sido o trabalho.
9ª Questão – Tem vontade de voltar a estudar? Por quê?
 Sim. Quero voltar a estudar para me capacitar mais para o trabalho;
 Sim. Para terminar o ensino médio e ter um trabalho melhor;
 Não. Não quero saber mais de estudos;
 Sim. Quero concluir o ensino médio e trabalhar;
 Sim. Porque sem estudo você não vai se dá bem em nenhum lugar.
Apenas um aluno disse: “Não quero saber mais de estudos”. Os demais foram bem
enfáticos em querer voltar a estudar. O principal motivo para o retorno à escola é a
qualificação para o mercado de trabalho. A necessidade de aprender para o mundo do trabalho
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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é cada vez presente devido aos avanços tecnológicos e as exigências da sociedade. O alto
índice de desemprego, a transitoriedade do trabalho, mudanças domiciliares, situação
financeira da família e a instabilidade no mercado de trabalho, estão entre os principais
motivos que os levam a querer retornar à escola.
10ª Questão – Qual a escola que você gostaria de ter?
 Qualquer uma que tivesse um bom ensino;
 Semelhante ao CINTRA (Centro Integrado Rio Anil);
 Uma que preparasse o aluno para o mercado de trabalho;
 Igual à escola Técnica Federal (Instituto Tecnológico do Maranhão – IFMA).
Uma característica dessa questão foi a comparação que os entrevistados fizeram entre
a escola que os mesmos estiveram e outras instituições as quais manifestaram admiração. A
preocupação dos alunos, mais uma vez, foi com o mundo do trabalho, por isso a Escola
Técnica Federal, hoje chamada de Instituto Federal e Tecnológico do Maranhão (IFMA),
apareceu com várias indicações.
Outra curiosidade é que nenhum aluno apontou as escolas particulares, que são tidas
como referência no ensino médio, como modelo de referência. O que nos leva a concluir que,
por se tratar de alunos de escola pública, não sonham com a realidade das escolas privadas.
II SÍNTESES DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS REPROVADOS
1ª Questão – A que você atribui a sua reprovação?
 Falta de interesse mesmo. Conversava muito durante as aulas, não dava atenção aos
professores, não fazia os trabalhos, etc.
 Acordava tarde, chegava atrasada e também faltava muito.
 Tive problemas de saúde;
 Faltei muito;
 Por falta de interesse meu mesmo;
 Desinteresse em algumas matérias;
 Brincadeiras, farras e péssimas amizades;
 Conteúdos longos e extensos para pouco tempo de estudo;
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Conversas paralelas, discussão com professores e excesso de faltas;
 Faltava muito;
 Comecei estudando em dois turnos, chegava tarde em casa, estava cansada e não
dava conta das tarefas. Fiquei reprovada nos dois cursos;
 Não ia para a escola, quando ia, não assistia às aulas;
 Não conseguir conciliar um curso com o horário de aula;
 Porque ficava nos corredores só esperando o horário de ir para a quadra;
 Participava de um grupo folclórico (Bumba meu boi), ensaiava e dançava nas festas
juninas. Não deu para conciliar com a escola.
 Por problemas financeiros, precisei trabalhar;
 Eu não alcancei os pontos necessários para aprovação. A greve dos professores
atrapalhou muito, pois foram muitos conteúdos em pouco tempo.
Podemos observar que, pelas respostas, os alunos reprovavam por não alcançarem as
notas bimestrais, excesso de faltas e ainda por falta de interesse dos mesmos. Foi possível
detectar algumas incoerências nas respostas dos entrevistados, pois foi respondido que o
excesso de faltas era gerada pela falta de interesse de um aluno que estava nas dependências
da escola e não queria assistir as aulas, e isso gerava um problema no acompanhamento dos
conteúdos. – “Não ia para a escola, e quando eu ia, não assistia às aulas” - disse uma aluna
entrevistada. Observa-se também, que não houve por parte da escola nenhuma tentativa de
solucionar o problema ou até mesmo compreender as verdadeiras causas do comportamento
desses alunos.
É bastante visível esta contradição, pois era uma escola que fazia um
acompanhamento dos alunos com problemas de aprendizagem e não possuia nenhuma
informação a respeito das causas destas reprovações, além da afirmação de que os alunos
reprovaram por nota ou por falta.
Foi possível observar, também, que os pais não estão interessados no
acompanhamento escolar dos filhos, pois participam pouco das reuniões e do cotidiano
escolar dos alunos, só corroborando com teorias que acusam a família como responsáveis pelo
fracasso dos filhos (MARQUES, 2009).
Outro fator que contribui também para a reprovação é o financeiro, quando o aluno
deixou de estudar para ir trabalhar, deixou os estudos em segundo plano. Às vezes a
necessidade financeira se sobrepõe sobre as demais.
Tomando por base as respostas e o pensamento de Marques (2009), podemos sugerir
que a instituição pudesse ter em seus arquivos informações sobre os verdadeiros motivos e
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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acontecimentos que interferem no cotidiano escolar, mudando assim o discurso de que as
causas da reprovação se dão por falta de obtenção de nota, de interesse ou até mesmo pelas
condições socioeconômicas. Portanto, vale ressaltar que a aprovação ou o sucesso dos alunos
dependem de fatores motivacionais diversificados, ou seja, para ocorrer é preciso que exista
uma integração entre família/escola/sociedade, pois é sabido que as repercussões causadas no
meio social, também interferem na aquisição de conhecimento das crianças prejudicando
assim um desenvolvimento psicossocial sadio. Só assim, será possível mudar o discurso
acerca do fracasso como uma teoria da carência cultural, nutricional ou como culpa exclusiva
da escola.
2ª Questão – Quais foram as suas maiores dificuldades em acompanhar os conteúdos na
jornada escolar?
 Tive bastantes dificuldades. Não entendia os conteúdos das matérias e também não
me esforçava para entendê-los. Na verdade, me faltava interesse,pois achava que não
valia a pena estudar;
 O acúmulo de conteúdos após a greve dos professores dificultou demais a
aprendizagem;
 Foi porque eu vim de uma escola em que as aulas aconteciam pela televisão (teleensino), por isso tive bastante dificuldade;
 Os conteúdos que tive mais dificuldades foram os de química, matemática e física.
Das “fórmulas” eu não entendia quase nada;
 Tive dificuldade por perder as primeiras aulas e, quando assistia, não prestava
atenção;
 A minha maior dificuldade estava na matéria de um professor que não ensinava nada;
 Foi a forma como alguns professores ensinavam: jogavam os conteúdos no quadro,
ficava no celular, em fim, não explicavam nada dos conteúdos. Isto é revoltante;
 Matemática foi a minha maior dificuldade;
 Desleixo e falta de interesse;
 Minhas dificuldades estavam em acompanhar as matérias de Física e Química;
 Preguiça: essa foi a dificuldade principal;
 Não tive como acompanhar a rotina da escola;
 Eu era péssima em Matemática: não entendia nada;
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 Alguns professores não estavam capacitados para entender os alunos;
 As dificuldades estavam em estudar as matérias da escola e trabalhar. Eu era cobrada
em ambos. Não conseguir me empenhar nas duas coisas;
 A dificuldade principal foi que eu não aprendi quase nada, então fique reprovado
mesmo;
 Era muito conteúdo. Não dei conta de acompanhar tudo.
A realidade de cada um, uma vez que cada educando é um caso específico e para
buscar uma solução das dificuldades de aprendizagem, requer a escolha de estratégias e
atividades pedagógicas que busquem dar sentido aos problemas revelados (ANSAI, 2010).
As maiores dificuldades dos alunos em acompanhar os conteúdos, segundo as
respostas dos mesmos, eram causadas pelo acúmulo de informações fornecidas e cobradas
pelos professores no decorrer das aulas. As respostas apontam também que, após o período de
greve, as dificuldades eram maiores devido ao grande número de conteúdos que deveriam ser
trabalhados em pouco tempo. Juntando a falta de tempo e as dificuldades por falta de uma
base nas séries anteriores, os problemas estavam instalados no cotidiano escolar deste
alunado.
3ª Questão – Como era o seu cotidiano dentro da escola?
 Na verdade era só de brincadeiras. Vinha para a escola, na maioria das vezes, só
para brincar, conversar e ficar no pátio. Sei que isso é bom, mas tudo tem regras
dentro da escola que devem ser cumpridas. O limite deve ser respeitado.
 Eu frequentava as aulas normalmente;
 Meu cotidiano era ficar nos corredores e no pátio, nunca em sala de aula;
 Era muito bom, na escola eu conhecia todos os meus colegas e me dava bem com todo
mundo;
 Em 2009, eu achava que era bom o que estava fazendo. Depois vi que perdi um ano
por falta de juízo em me empenhar nas coisas da escola;
 O meu cotidiano na escola era perder várias aulas, principalmente as do primeiro
horário, pois eu chegava muito atrasada;
 Era normal. Tentei fazer o possível e não faltava às aulas que eu achava mais
importantes, como Matemática, Física e Química. Mas não adiantou, fique reprovado
mesmo;
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 Péssimo. Só dava desculpas esfarrapadas e ficava esperando o horário de ir para a
quadra jogar bola;
 Era bom. Sempre fui uma pessoa ativa e comportada ao mesmo tempo;
 O meu cotidiano na escola era bom, tinha boa convivência com os colegas e
professores. Só era ruim em conteúdo;
 Normal, só faltava muito;
 Tinha um cotidiano normal na escola e saia pouco de sala de aula: só o necessário
para lanchar e ir ao banheiro;
 Em 2010, quando fique reprovada, faltei muito, pois minha irmã teve um bebê naquela
ocasião e eu às vezes não ia à escola para cuidar dele;
 Meu cotidiano era muito ruim, muito mal comportado mesmo;
 Era sempre conturbado o cotidiano na escola, não tinha como ser aprovado mesmo;
 Meu cotidiano era bom, fiz muitas amizades, só não aprendia os conteúdos.
Podemos perceber que o cotidiano dos alunos na escola não era proveitoso. No nosso
entendimento, com base nos relatos dos alunos, há algo a mais do que os mesmos descrevem
em suas respostas nos questionários. Os aspectos negativos na escola dizendo que - “faltava
muito ou quando ia para a escola não assistia às aulas”- tão comuns nas respostas dos alunos,
é muito sério. É importante perceber que devemos estudar essas situações dentro das escolas
para descobrir o porque destes fatos, como acontecem, sem julgamentos a priori de valores e,
principalmente, buscando a compreensão do que é necessário fazer para que se tenha uma
solução possível. Professores, coordenadores, funcionários e diretores, enfim, os sujeitos que
nela trabalham, devem rever o cotidiano escolar dos estudantes para buscar respostas e rever a
prática escolar, de forma a dar um novo significado a trajetória desses alunos dentro da escola.
4ª Questão – A escola está atendendo as suas expectativas atualmente? Por quê?
 Sim. Houve mudança no quadro de professores, esses são melhores. Mudaram
também uma parte dos conteúdos. Como estou repetindo, pude perceber uma melhora
significativa na escola;
 Sim. Os professores estão sempre na escola para dar aulas, alguns alunos é que não
querem assisti-las e procuram desculpas sem sentido para se justificar;
 Não. Há ainda desorganização na parte administrativa;
 Sim. Hoje tenho mais interesse nos estudos;
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 Não. A escola precisa melhorar na organização;
 Sim. Cada ano vai melhorando o quadro de professores;
 Até o momento sim, pois os professores estão interessados em explicar melhor os
conteúdos buscando ajudar os alunos;
 Sim. Como exemplo, posso citar os conteúdos que não foram dados no ano passado e
estão sendo trabalhado por alguns professores. Isto ajuda muito o aluno a entender
melhor a disciplina da série em que esta cursando;
 Sim. Houve mudança no quadro de professores, mudou também a forma de ensinar;
 Não. Apesar das mudanças, ainda há professores sem interesse;
 Sim. Tenho uma grande expectativa daqui para frente;
 Sim. Até a direção está mais atenta às necessidades dos alunos;
 Sim. Eu também estou mais responsável com os estudos;
 Em parte. Tem muito assunto que não dá para os professores passarem;
 Sim. Por enquanto está atendendo;
 Sim. Não tenho nada a reclamar;
 Sim. Em 2012, houve mudanças para melhor, novos professores que são melhores;
 Não. Devido às mudanças que, em minha opinião, não fizeram bem para os alunos;
Baseando-se no Sistema de Avaliação Institucional / Etec (SAI, 2009), a importância
social da escola passa pelo atendimento de expectativas que espelham o referencial que cada
aluno tem da realidade socioeconômica. Estas expectativas, muitas vezes ultrapassam os
limites de atuação do sistema educacional por apresentar-se aos alunos como uma
possibilidade de ascensão social. Assim os resultados deste item, apontados pelos alunos,
devem ser trabalhados pela escola com esclarecimentos e informações claras e precisas sobre
os cursos e condições oferecidas, no sentido de "baixar" as expectativas não condizentes com
as reais condições de atuação da escola, bem como procurando "elevar" a autoestima da
comunidade na exigência de qualidade de atendimento.
A avaliação dos cursos, feita por alunos e professores, possibilita uma visão sobre a
qualidade dos mesmos. Permite saber o que pensam os alunos sobre a formação que estão
recebendo refletindo a visão que têm do mercado de trabalho e suas possibilidades futuras.
Essa visão pode ser confrontada com a dos egressos, que após a conclusão do curso têm uma
percepção mais objetiva dessa realidade. O resultado desse confronto evidencia a qualidade
dos cursos oferecidos e contribui para a busca de uma formação educacional, técnica e
profissional capaz de contribuir para uma inclusão social com qualidade.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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5ª Questão – Os conteúdos (assuntos) que são tratados na escola lhe despertam
interesse?
 Sim. São interessantes;
 Sim. Porque estou interessado em aprender cada vez mais;
 Lógico. Eles podem me ajudar no transcorrer do meu futuro;
 Alguns sim, outros não são nada interessantes;
 Sim, principalmente os conteúdos de Física e Química;
 Até agora os conteúdos são interessantes;
 Sim. (Oito alunos apenas responderam usando a palavra sim);
 Alguns sim, outros não;
 Sim, são interessantes;
 Na verdade o interesse nos conteúdos depende do aluno. Se ele tem interesse em
aprender alguma coisa, vai ficar atento às aulas dos professores;
 Sim. Todos são interessantes;
 Sim. Podemos tirar proveito tanto no presente, como no futuro;
 Sim. Grande parte dos conteúdos é interessante.
A exemplo das respostas dadas pelos alunos evadidos, os alunos reprovados, cerca de
95% dos entrevistados, também dizem que os conteúdos ministrados pela escola são
interessantes. – “Na verdade o interesse nos conteúdos depende do aluno, se ele tem interesse
em aprender alguma coisa, vai ficar atento às aulas dos professores” – afirmou um aluno. Há
aqueles que não concordam e afirmaram: “Alguns conteúdos sim, outros não são
interessantes”.
É provável que o aluno que tem dificuldades de acompanhar determinados conteúdos, o ache
desinteressante.
6ª Questão – O que você tem a dizer a respeito do trabalho dos seus professores?
 São bons professores;
 Não tenho do que reclamar. São bons professores, são responsáveis no cumprimento
dos seus deveres e direitos dentro das salas de aulas;
 Gosto de todos os professores. Eles ensinam como profissionais que gostam dessa
profissão;
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 A escola tem um excelente quadro de professores;
 Estão cada vez mais interessados em explicar para vê a evolução dos alunos;
 A maioria dos professores é péssima. Não ajuda os alunos e não dá aula com clareza,
os alunos não entendem o que eles explicam. Outros são ignorantes, as aulas são
complicadas;
 Neste ano, os professores estão se saindo bem melhor do que nos anos anteriores;
 Bem, alguns fazem bem o seu trabalho, outros infelizmente deixam a desejar;
 São ótimos. Eu é que não estava certo do que queria;
 Esses professores atuais são excelentes. Fazem um bom trabalho;
 Os professores da série em que eu estudo são bons, fazem bem o seu trabalho;
 Sim, são bons professores;
 São ótimos profissionais;
 Observo que há um empenho dos professores para que todos os alunos entendam os
conteúdos trabalhados;
 Em 2010, alguns professores eram bons, outros eram péssimos;
 Professores! Alguns são bastante desumanos, não tenho nenhum interesse em seguir
uma profissão assim;
 Os professores são ótimos, ensinam bem e nos dão orientações que serve para a vida
toda.
As opiniões são diversificadas: tendo 95,2% dos entrevistados que aprovam e elogiam
os trabalhos dos professores e 4,8% reprovam e alguns tecem comentários deselegantes.
7ª Questão – Você tem algum episódio (positivo ou negativo) que gostaria de relatar?
Diferenciando-se das respostas dos alunos evadidos, cinco alunos do grupo dos
reprovados, que continuaram na escola, relataram alguns dos episódios:
 Sim. Um dia vi um colega consumindo droga dentro da escola. Fiquei aterrorizada;
 Tenho, mas não quero contar, sinto muita vergonha;
 Sim. Uma vez discutir com uma professora. Foi muito desagradável;
 Sim. A falta de compreensão de um professor com uma colega. Além de ter sido
injusto com a aluna, ainda mandou que a mesma saísse da sala. Foi muita
ignorância;
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Sim. Por motivos especiais, alguns alunos não mereciam passar de ano e foram
aprovados;
 Sim. Fiquei reprovado, no entanto, alguns colegas que deveriam ter ficado também,
foram aprovados;
 Sim. Uma vez eu e minha colega mentimos para os professores dizendo que eu estava
com um “espírito encarnado”, depois me arrependi do que fizemos.
Sabemos que, dentro de uma escola, acontecem diariamente vários problemas com
alunos, professores, coordenadores, direção e demais funcionários. Estes podem ser causados
por acontecimentos internos ou externos, afinal, os alunos e demais membros da escola são
parte da sociedade que está lá fora e, quando entram na escola, levam junto seus problemas.
Na rede privada acontecem problemas, no entanto, por se tratar de uma camada privilegiada
da sociedade, os mesmos, além de ter uma periodicidade menor, parecem menos graves. As
escolas públicas lidam com o fruto de uma parte da sociedade mais sofrida, que foi excluída
de quase tudo, do conforto, do carinho, do lazer... e, como se não bastasse, estão mais
propensas às coisas que não deveriam, como as drogas, problemas de saúde por falta de
saneamento, falta de oportunidades, além da violência com as quais convive desde quando
tem as primeiras noções de convivência social no meio em que estar inserida.
8ª Questão – Qual a escola que você gostaria de ter?
 Uma escola que fosse referência para as outras, na qual todos os direitos e deveres
fossem cumpridos;
 Uma escola organizada e bem falada, muito badalada pela mídia;
 Uma escola mais segura e bem ventilada: o calor incomoda muito;
 Com mais segurança;
 Uma escola na qual houvesse muita união, todos de mão dadas pelo mesmo objetivo;
 A escola que eu gostaria de ter é esta mesmo, só precisa melhorar algumas coisas,
mas eu sempre gostei do Gonçalves Dias;
 Mais igualdade entre os professores, funcionários, alunos e direção;
 Uma escola mais comprometida com o ensino e a disciplina;
 Essa mesma, o Gonçalves Dias;
 Uma escola de sinceridade, só para ir embora;
 Há! Não sei dizer;
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 Igual ao Instituto Federal e Tecnologia do Maranhão – IFMA;
 Uma escola que não houvesse greve de professores. Houvesse segurança e conforto;
 Uma escola onde todos os direitos e deveres fossem cumpridos;
 Aquela em que o aluno estivesse em primeiro lugar e não o governo. Que causasse
uma boa impressão, isto motivaria muito os alunos e professores;
 Nenhuma. Eu sempre gostei de estudar aqui no Gonçalves Dias.
Os sonhos dos jovens são semelhantes, pois embora vivam em situações diferentes
cada um aspira por estímulos e oportunidades. Porém, algumas aspirações são comuns:
estudar para ter uma profissão e ser bem remunerado pelo trabalho desenvolvido é um dos
sonhos comuns a todos os jovens. A escola é o melhor caminho para a realização deste sonho.
3.1.2. A fala dos professores da escola
III SÍNTESES DAS RESPOSTAS DOS PROFESSORES DO CENTRO DE ENSINO
GONÇALVES DIAS
Foram entregues trinta questionários, porém só vinte professores devolveram. Os
mesmos pertencem aos três turnos, entre os quais alguns trabalham em dois turnos na escola.
Esta situação é comum nessa escola. Há professores que atuam no turno matutino e noturno,
outros nos dois turnos diurnos. Mais uma vez relembramos que as perguntas possuem uma
relação direta com as mesmas que foram feitas aos alunos, diferenciando-se pela função
exercida na escola.
1ª Questão – Quais são as maiores dificuldades que você consegue identificar no dia a
dia dos seus alunos que ingressaram no Ensino Médio?
 Falta de base na leitura e em Matemática. Há também falta de compromisso;
 Falta de conhecimentos básicos como pré-requisitos;
 Dificuldades na leitura, na escrita e interpretação de textos. Também não sabem fazer
cálculos;
 Não há compreensão na aprendizagem. Falta interesse em assistir às aulas;
 O ensino fundamental não ofereceu base suficiente e o aluno chega ao ensino médio
desmotivado. Faltam interesse e vontade de vencer pelo estudo;
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
A primeira observação que nos chama atenção nas sínteses das respostas dos
professores é que 90% dos docentes disseram que os alunos têm - “Dificuldades na leitura, na
escrita e interpretação de textos, também não sabem fazer cálculo”-. Outros pontos abordados
foram: a falta de base que deveria ter sido adquirida no ensino fundamental e a falta de
interesse com os estudos.
2ª Questão – Você enquanto professor considera que a escola atende as expectativas dos
alunos que nela ingressam para cursar o ensino médio? Por quê?
 Nem sempre atende as expectativas, pois o aluno vem sem base do ensino
fundamental;
 Não. O aluno não tem o acompanhamento pedagógico necessário por falta de
material humano na escola;
 Não. Falta apoio pedagógico e psicológico;
 Não. Porque não há uma estrutura adequada como biblioteca com acervo apropriado,
sala de estudo, acompanhamento pedagógico intenso, orientação vocacional e outras
assistências complementares para os alunos;
 Sim. A escola fornece livros, lanches, estruturas de salas, quadra, laboratório, sala
multimídia e um quadro de professores competentes;
 Não atende. Precisa planejar melhor as atividades, utilizar com eficácia os espaços
disponíveis e melhorar as condições de trabalho;
 É muito relativo porque falta a participação da família;
 Não. A escola precisa de pessoal para auxiliar o trabalho fora da sala de aula, uma
biblioteca com acervo apropriado, coordenadores de disciplina, sala de atendimento
aos pais com acompanhamento dos problemas existentes, melhorar a comunicação
com as famílias nos casos ocorridos dentro da escola, enfim um acompanhamento
mais sistemático que exige a participação de outros profissionais;
 A escola de ensino médio não tem se mostrado interessante para os alunos que estão
chegando. Precisa-se urgente de uma escola motivadora em que o aluno sinta-se
parte integrante da mesma;
As expectativas dos alunos com relação à escola são muito importantes, pois delas
pode vir a motivação ou o desânimo na realização das atividades no cotidiano escolar. A
Escola deve educar para a cidadania, buscando a autonomia e a liberdade de cada aluno
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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dentro a sociedade. Os avanços tecnológicos não podem passar despercebidos no currículo
escolar.
O diretor do programa de Política Educacional Internacional, Fernando Reimers, da
Faculdade de Educação da Universidade de Harvard, por ocasião do Congresso Internacional,
realizado em setembro de 2011, intitulado de Educação: uma Agenda Urgente, disse sobre a
expectativa de aprendizagem: “(...) vivemos em uma época em que há grandes mudanças,
devido aos avanços tecnológicos. Temos de preparar os estudantes para o futuro que é difícil
de predizer. É preciso que ele tenha as capacidades para desenvolver seu futuro (...)”.
(FERNANDO REIMERS, 2011).
O desafio, de acordo com especialistas, é conseguir uma “igualdade na
diversidade”, para a constituição das expectativas básicas de aprendizagem. E, com isso, a
escola ganha centralidade.
O pensamento de outro especialista no assunto, o Professor Francisco Soares, da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), diz: “(...) ou a escola se transforma ou não
teremos nada do que foi combinado. As discussões não mencionam a escola diretamente. O
debate não está sendo feito por quem está na escola (...)” (FRANCISCO SOARES, 2011).
Quem opina também sobre o assunto é a secretária de educação do município do Rio
de Janeiro, Claudia Costin, que afirmou ter feito uma opção de construção coletiva do
currículo, em conjunto com todos os professores. Segundo a mesma, o princípio era não o de
oferecer saber enciclopédico, mas o de a escola preparar o aluno para ser cidadão crítico.
Costin, afirma ainda – “Cada criança é portadora de um projeto de vida e de sonho. Ela tem
de aprender a trabalhar com esse sonho”.
Já a declaração do consultor da Fundação Cesgranrio, Ruben Klein, é que o currículo
deve ser definido por séries, com metas desde a pré-escola que possibilitem o reforço dos
conteúdos. A outra qualidade que deve ter é ser enxuto e claro -“O currículo básico é a
maneira de diminuir a desigualdade. Se queremos que cada aluno tenha a mesma chance de
sucesso em qualquer lugar do país, essa é uma das coisas básicas que precisamos definir”conclama o consultor.
As respostas dos professores do Centro de Ensino Gonçalves Dias, apontam essa
problemática da expectativa do aluno que não está sendo atendida, por falta de ação nos
aspectos como a falta de base no ensino fundamental, apoio pedagógico e psicológico,
acompanhamento familiar, disciplina e perspectiva de vencer pelo estudo.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
3ª Questão – Qual a importância da avaliação no processo de ensino e aprendizagem?
 Diagnosticar os pontos a serem melhorados nas próximas aulas;
 Como base, pois através da avaliação, é possível se detectar o grau de conhecimento
do aluno;
 É um parâmetro para vermos o grau de conhecimentos dos alunos;
 Medir o grau de aprendizagem e retenção dos conhecimentos dos alunos;
 Fornecer ao professor uma auto avaliação de suas ações;
 É muito importante, pois podemos medir o nível de conhecimento do aluno;
 Para diagnosticar o nível da aprendizagem dos alunos;
 É necessário para testar se está havendo aprendizagem;
 A avaliação ainda tenta medir o nível de informação que o aluno consegue absolver e
ao mesmo tempo serve para o professor melhorar sua didática.
A avaliação está diretamente ligada ao processo pedagógico com o qual os
professores estão trabalhando. A mesma faz parte da estrutura, no entanto, é importante
destacar que é preciso melhorar primeiro a qualidade da educação. A avaliação deve ser
melhorada sim, mas dentro do conjunto das práticas educativas do qual ela faz parte.
Os professores, salvo as exceções, apresentam uma insatisfação com o processo de
avaliação, querem melhorá-lo, consideram que mudando a avaliação melhora-se a qualidade
de ensino (SAUL, 1994, p. 65).
Os docentes sabem que é necessário trabalhar com a avaliação, além de atender uma
exigência legal no processo de promoção ou reprovação do aluno, avalia também o
desempenho das outras atividades pedagógicas dentro da escola.
Saul, (1994), destaca a importância da avaliação enquanto diagnóstico do processo
ensino e aprendizagem:
“(...) trabalhar com avaliação é importante, no sentido
de que atendamos vinculada a uma prática educacional
necessária para que se saiba como se está, enquanto
aluno, professor e conjunto da escola; o que já se
conseguiu avançar, como se vai vencer o que não foi
superado e como essa prática será mobilizadora para os
alunos, para os professores e até mesmo os pais (...)”
(SAUL, 1994, p. 66).
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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A avaliação é parte integrante do processo de ensino e aprendizagem dentro das
escolas, o que difere são as metodologias que cada escola adota seguindo as orientações do
projeto político pedagógico.
4ª Questão – Como você realiza as avaliações com seus alunos?
 Através de provas escritas objetivas e subjetivas, atividades individuais e em grupos
às vezes utilizam também trabalhos de pesquisas;
 Qualitativa e quantitativa, com destaque para a participação e assiduidade;
 Através de atividades individuais e em grupo. Observo também a parte qualitativa
(pontualidade, participação, etc);
 De forma individual e coletiva;
 Através de forma quantitativa e qualitativa;
 Através de exercícios e de atividades, avaliação em grupo e individuais, além de
seminários.
Podemos concluir que não há um modelo único de avaliação utilizado pelos docentes
na escola. O projeto político pedagógico, não fecha em um modelo de avaliação. Orienta o
número de avaliações por unidade letiva, porém dá liberdade para o professor escolher quanto
a forma de avaliar.
5ª Questão – Quais são os seus maiores desafios enquanto professor (a)?
 A falta da família no processo de ensino e aprendizagem;
 Fazer com que o aluno se interesse pela disciplina e estude;
 Despertar o interesse pela aquisição real do conhecimento, mudança de atitude para
um bom exercício da cidadania, ou seja, uma formação integral do educando;
 O maior desafio é buscar uma escolar com objetivos voltados para a formação de
conhecimentos do aluno, preparando-os para a vida real;
 O desafio esta em um desenvolvimento da leitura, melhorar a disciplina e buscar o
apoio da família;
 Conseguir um percentual acima de 90% em aprendizagem;
 Fazer com que os alunos participem das aulas, tenham comportamento adequado e
interesse pelos estudos;
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 O desafio é ministrar aulas em salas que parecem saunas;
 Tempo para reciclar os conhecimentos, a falta de apoio aos alunos na escola e alunos
sem interesse.
São inúmeros os desafios dos professores, no entanto, ao acompanhar e observar o
dia a dia do Centro de Ensino Médio Gonçalves Dias, destaco um problema que não foi citado
pelos docentes, mas acontece muito, não só nessa escola, mas em praticamente em toda a rede
estadual: o número excessivo de turmas lotadas de alunos que cada professor tem que
trabalhar. É um problema de legislação de trabalho pelo qual o mesmo foi nomeado para atuar
com uma carga horária alta, o que não lhe dá tempo para preparar melhor suas aulas e
atividades pedagógicas.
É um verdadeiro desafio para o professor, encarar várias turmas e às vezes em dois
ou três turnos para poder ter uma situação financeira melhor.
6ª Questão – Qual a escola ideal nos dias atuais para você?
 É uma escola integral, na qual o aluno seja assistido em suas necessidades
econômicas, sociais, culturais e científicas;
 Uma escola voltada para os interesses dos alunos, mas presente nas necessidades da
sociedade;
 Disciplinar e participativa;
 Que atenda às necessidades dos alunos;
 Aquela que se preocupa com a educação integral do educando;
 Uma escola na qual os professores e a família caminhem juntos;
 Uma escola que seja de uma forma integral, e que dê condições para tantos os alunos
como aos professores desempenharem bem os seus trabalhos;
 Que desenvolvesse uma metodologia nova no objetivo de incentivar e estimular o
aluno;
 Uma escola dotada de uma estrutura física adequada: banheiros limpos, quadras,
salas refrigeradas... Que dispusesse de pessoal qualificado para auxiliar nos
“bastidores” da escola fora da sala de aula, que tivesse também uma biblioteca com
acervo apropriado às necessidades dos alunos;
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Uma escola ideal é muito utópica, mas uma escola em que o professor tivesse
condições de realizar um bom trabalho com, pelo menos, as coisas mínimas
necessárias.
A escola ideal é aquela que atenda as necessidades dos alunos, para que se insiram no
seio da sociedade e não na margem.
IV
SÍNTESES
DAS
RESPOSTAS
DA
DIREÇÃO
E
COORDENADORAS
PEDAGÓGICAS DO CENTRO DE ENSINO NO GONÇALVES DIAS
Este tópico discute a evasão e a reprovação escolar sobre a óptica da direção, vicediretoras e coordenadoras pedagógicas. Foram realizadas cinco entrevistas, dentre as quais
estava à diretora geral, as duas vice-diretoras e duas coordenadoras, sendo ambas dos turnos
matutino e vespertino, buscando-se ter uma visão de como as mesmas percebem os problemas
dos índices elevados da evasão e reprovação dentro do Centro de Ensino Gonçalves Dias.
As entrevistas, compostas por seis perguntas de igual teor para os dois seguimentos,
direção e coordenação, extraíram as ideias sobre os pontos administrativos da gestão, bem
como o lado pedagógico do trabalho das coordenadoras junto aos professores e alunos. Veja a
síntese das respostas:
1ª Questão – Quais são os maiores desafios enfrentados pela escola atualmente?
 São muitos. Entre eles podemos destacar o uso de drogas, a indisciplina, alunos que
chegam ao ensino médio com déficit de aprendizagem, ausência da família, falta de
interesse dos alunos, falta de compromisso da maioria dos docentes e ingerência da
gestão;
 Faltam recursos humanos para acompanhar as múltiplas ações dos diversos
programas que podem ser desenvolvidos na escola. Faltam também profissionais para
os serviços administrativos;
 Desenvolver atividades que possibilitem uma aprendizagem eficaz;
 Falta de recursos humanos para desenvolver atividades juntos aos alunos. Os alunos
estão chegando ao ensino médio sem os pré-requisitos básicos, por isso têm
dificuldades de acompanhar os conteúdos de algumas disciplinas, como por exemplo:
Português, Matemática, Química e Física;
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Falta pessoal para cuidar dos laboratórios, que ficam obsoletos, também faltam
porteiros, o que compromete a segurança na escola, além de outras pessoas para
ajudar com a disciplina dos alunos.
Pelas respostas acima podemos dizer que os desafios são muitos e difíceis de serem
superados. Eles estão presentes na escola, na comunidade e na sociedade da qual os alunos e
professores estão inseridos. O uso de drogas por parte dos alunos é assustador, pois estas
desencadeiam outros problemas como a indisciplina, a violência, a falta de interesse pelos
estudos, levando à baixa frequência e culminando com a evasão e a reprovação escolar.
Um quadro de funcionários deficitário é outro desafio que impede o bom
funcionamento da escola. Os projetos, os laboratórios e às vezes até os serviços básicos que
precisam ser desenvolvidos junto aos alunos, deixam de ser executados por falta de
funcionários dentro da escola.
O desafio dos alunos em acompanhar os conteúdos ministrados pelos professores nas
diversas disciplinas é outro empecilho responsável pelo grande índice de evasão e reprovação
dentro da escola.
2ª Questão – Você acha que a escola esta atendendo as expectativas dos alunos? Por
quê?
 A escola pública, apesar de receber mais apoio financeiro do governo federal e
estadual, parece estar desatualizada para atender as expectativas dos alunos;
 Nada é perfeito, porém a escola está sempre buscando atender as expectativas dos
discentes;
 Em parte, pois quando os alunos estão interessados e preparados para cursar as
séries, a escola acaba atendendo as expectativas dos mesmos;
 Não, os alunos não demonstram interesses pelos estudos porque falta criatividade dos
docentes na hora de transmitir seus conhecimentos em sala de aula.
A escola é o estabelecimento onde se estuda, que tem por objetivo oferecer
condições para que todos os seus alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os
conteúdos necessários para a vida em sociedade, além de promover o exercício da
cidadania a partir da compreensão da realidade para que possa contribuir na transformação
do aluno-cidadão. A mesma teve um grande avanço com a implantação da LDB 9394/96,
que reconheceu a riqueza e a diversidade das realidades brasileiras desde que fossem
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, que foram definidas pelas
Diretrizes Curriculares Nacionais, instituídas em 1999, pelo Conselho Nacional de
Educação (CNE).
Com base nessas orientações, a escola possui diretriz, neste caso orientado pela
Secretaria Estadual de Educação do Maranhão - (SEEDUC-MA), para elaborar e organizar o
Projeto Político Pedagógico (PPP), atendendo às necessidades da grade curricular e ao mesmo
tempo respeitando as manifestações artísticas e culturais da comunidade.
Respeitados os trâmites legais aos quais a escola é subordinada, vem a parte na qual
lhe cabe a autonomia para elaborar projetos que possam atender as expectativas dos alunos.
Moram (2011), afirma que a maioria das escolas se distancia velozmente da
sociedade, das demandas atuais. Sobrevivem porque são os espaços obrigatórios e legitimados
pelo estado.
Comungando com o pensamento do autor, podemos afirmar que muitos alunos
frequentam as aulas porque são obrigados, não porque sintam vontade ou acreditam que vai
valer a pena. Isto nos leva a crê que a escola não está atendendo as expectativas dos jovens,
como dela se espera.
3ª Questão – O que você tem a dizer do trabalho docente dos seus professores que estão
atuando na escola?
 Em parte o trabalho está sendo feito, mas há falhas no acompanhamento por parte da
família e falta de motivação por parte do aluno, pois as aulas nem sempre são
atrativas ou de conteúdos que tenham aplicabilidades. São mais aulas teóricas, nas
quais falta a utilização dos recursos didáticos que a escola dispõe como ferramentas
para melhorar os resultados no processo de ensino e aprendizagem;
 Parecem desmotivados para fazerem um trabalho dinâmico, evitam experimentar
novas metodologias e afugentam os alunos com tratamentos grosseiros;
 Tem sido um trabalho responsável;
 Muitos estão interessados em atender os objetivos de fornecer um ensino de qualidade
para o aluno;
 Precisam ser dinâmicos nas suas aulas para atrair a atenção dos alunos. Hoje com
tanta tecnologia o aluno não suporta mais assistir aula apenas copiada na lousa;
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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O trabalho dos professores na escola investigada tem sido bastante avaliado, até pelas
constantes entrevistas que estão sendo feitas no decorrer da pesquisa. Ora são pelos alunos
entrevistados, pela direção, coordenadores pedagógicos e pelos próprios professores que
também responderam às perguntas do questionário.
Uma das vice-diretoras foi enfática -“Parecem desmotivados para fazerem um
trabalho dinâmico, evitam experimentar novas metodologias e afugentam os alunos com
tratamentos grosseiros” -. Deu continuidade à entrevista afirmando que a relação professor e
aluno precisa ser melhorada, até porque alguns professores parecem se esquecer que se não
houver aluno aqui na escola, não haverá professor também. A evasão e a reprovação escolar
são um alerta para que estes trabalhos sejam melhorados, concluiu a vice-diretora que, por
sinal, no momento da entrevista, demonstrou “agitação” e parecia está chateada com a atitude
de algum professor.
Durante a aplicação das entrevistas, passei por situações curiosas, por exemplo, no
mesmo dia em que fiz a entrevista com a vice-diretora, que me parecia muito chateada, como
relatado no parágrafo anterior, logo depois fiz também outra aplicação com uma coordenadora
pedagógica do mesmo turno. Ao responder a mesma pergunta, referindo-se ao trabalho dos
professores, tive a seguinte resposta - “Muitos estão interessados em atender os objetivos de
fornecer um ensino de qualidade para o aluno” - relatou a coordenadora, que transmitia muita
calma e serenidade durante a entrevista.
4ª Questão – O que você tem a dizer do desempenho dos seus alunos no que diz respeito
à evasão e a reprovação escolar?
 A evasão escolar é preocupante tanto quanto a reprovação. Acreditamos que são
várias as causas que levam o aluno a ficar reprovado ou a se evadir. Além da falta de
acompanhamento da família, há o problema financeiro e outro fator que contribui
bastante é a falta de acolhida em sala de aula;
 Os alunos, por falta de acompanhamento e interesse familiar, não sabem e não
querem estudar. Parecem que perderam o foco e o objetivo do estudo;
 A evasão escolar é uma ação constante, pois acontece em decorrência de fatores que
também estão fora da escola. A reprovação também decorre de vários fatores;
 Infelizmente a evasão e a reprovação continuam grandes dentro da escola;
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 A evasão escolar é uma questão de estrutura familiar. A mesma não consegue meios
para motivar o aluno a permanecer na escola até ao final do ano letivo. São várias as
razões que levam o aluno a abandonar a escola, além é claro, da falta de suporte
familiar;
Dentre as respostas, houve um consenso de que a evasão e a reprovação escolar são
problemas graves dentro da escola e precisam ser combatidos. -“Infelizmente a evasão e a
reprovação continuam grandes dentro da escola” - relatou uma coordenadora pedagógica.
Apontaram ainda, alguns motivos que causam a evasão e a reprovação escolar: falta
acompanhamento familiar, dificuldades financeiras, falta de uma boa acolhida em sala de
aula, dificuldades em acompanhar os conteúdos e falta de motivação e objetividade de
ascensão social pelo estudo. Estas hipóteses ajudaram a responder a pergunta seguinte.
5ª Questão – Por que os alunos se evadem ou ficam reprovados?
 Dentre as causas estão à falta de acompanhamento e a situação financeira da família,
creio que são os dois fatores principais do aluno ir mal na escola;
 Falta de professores comprometidos com um trabalho sério, ingerência da gestão
escolar, falta de interesse dos alunos para estudar... são fatores que levam os alunos a
ficar reprovado ou a evasão escolar;
 Diversos fatores contribuem para a evasão e a reprovação escolar;
 Dentre os fatores estão falta de base para a série em curso, dificuldades financeiras
até para pagar as passagens para ir à escola;
 Falta de interesse dos alunos, ausência de diálogos com os professores, há também
falta de acompanhamento tanto por parte da escola como também da família.
Dificilmente um aluno se evade ou fica reprovado por um único motivo. No decorrer
das investigações constatamos respostas que apontam dois ou mais motivos que causam a
evasão e a reprovação escolar. Os mais citados são desinteresse, necessidade de trabalhar,
falta de acompanhamento familiar, dificuldades financeiras, falta de uma boa acolhida em sala
de aula, dificuldades em acompanhar os conteúdos e falta de motivação e objetividade de
ascensão social pelo estudo.
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6ª Questão – O que devemos fazer para combater a evasão e a reprovação escolar?
 Um plano de ação e execução no qual a responsabilidade deve ser de todos os
envolvidos na escola;
 Para começar, é necessário entender que o trabalho docente é sério e não pode ser
improvisado. Ter apoio da gestão escolar em relação à implantação das normas desta
escola e até mesmo se for o caso, a devolução de professores que não querem
ministrar suas aulas, são faltosos, ou que fingem lecionar e não respeitam seus
alunos. Ter regras claras para com as famílias e apoio dos órgãos competentes como
a Promotoria da Educação, o Conselho Tutelar e a Delegacia da Criança e do
Adolescente. E ainda atuar com intolerância com os alunos usuários de drogas ou que
querem fazer da escola um parque de diversão;
 O trabalho para combater a evasão e a reprovação escolar não suste efeito imediato,
pois todos juntos precisam encontrar meios para resolver os casos. É necessário
identificar os diversos fatores causadores dos problemas e isso requer tempo;
 Aulas de reforços no contra-turno. É necessário também ajuda financeira na carteira
de transporte estudantil;
 Devemos motivar nossos alunos, levantar sua autoestima, procurar desenvolver
trabalhos que chamem sua atenção, nos quais eles possam mostrar do que são
capazes. Precisamos de educadores comprometidos, que sintam o prazer de ensinar,
de ajudar, de entender seus alunos. Problemas todo mundo tem, mas é necessário ser
mais humilde, mais atencioso e tratar seus alunos como pessoas que precisam de
atenção.
 Fazer o acompanhamento mensal, para saber se o aluno está faltando às aulas. Caso
positivo, a escola deve ligar para a família para acompanhar e saber os motivos,
enfim fazer um acompanhamento sério.
Foram várias as sugestões apontadas pelas gestoras e coordenadoras pedagógicas
diante de nossas indagações visto que os trabalhos escolares são árduos e os efeitos não são
imediatos. No entanto, são unânimes em dizer que é necessário que a escola comece a tratar
dessa problemática porque há uma urgência em fazer algo que ajude na resolução dos
problemas.
Dentre os vários desafios postos, os entrevistados destacam: motivar os professores
para que os mesmo desempenhem bem suas funções; dinamizar e diversificar as aulas para
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que os alunos sintam-se mais motivados; usar mais os recursos didáticos de que a escola
dispõe (laboratórios de informática, de ciências, de física); acompanhar o desempenho escolar
dos alunos, trazer as famílias para fazer o acompanhamento dos alunos na escola e motivar
aqueles que não querem assistir aulas com atividades extraclasses e aulas mais dinâmicas,
pois, no mundo atual, no qual os meios de comunicação e informação estão vinculados às
tecnologias, torna-se difícil manter a escola numa paradigma jesuítico que não atrai nem
mesmo os adultos, quanto mais os jovens e adolescentes.
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“Educar é crescer. Crescer é viver. Educação é assim, vida no sentido mais autêntico da
Palavra.”
(Anísio Teixeira)
C
ONCLUSÕES
F
INAIS
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CONCLUSÕES
“Querem que vos ensine o modo de chegar à ciência
verdadeira? Aquilo que se sabe, saber que se sabe;
aquilo que não se sabe, saber que não se sabe; na
verdade é este o saber”.
(Confúcio)
A evasão e a reprovação escolar estão dentre os temas que há anos fazem parte dos
debates e reflexões no âmbito da educação pública brasileira. Infelizmente, ainda ocupa até os
dias atuais, espaço de relevância no cenário das políticas públicas e da educação em
particular. Por isso, o assunto tem sido motivo das discussões nos debates envolvendo
professores, famílias e os projetos elaborados e aplicados nas escolas.
No que tange à educação, a legislação brasileira determina a responsabilidade da
família e do Estado no dever de orientar a criança em seu percurso sócio educacional. A Lei
de Diretrizes e Bases da Educação - LDB (1997, p. 2), é bastante clara a esse respeito.
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento
do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
No entanto, o que se observa é que a educação não tem sido plena no que se refere ao
alcance de todos os cidadãos, assim como no que se refere à conclusão de todos os níveis de
escolaridade.
Os estudos apontaram que, cada vez mais, a evasão e a reprovação escolar vêm
adquirindo espaço nas discussões e reflexões realizadas pelo Estado e pela sociedade civil, em
particular, pelas organizações e movimentos relacionados à educação no âmbito da pesquisa
científica e das políticas públicas.
Os aspectos sociais apontados pelas pesquisas destacam como determinantes da
evasão escolar, dentre outros, a falta de interesse dos alunos e também da família, a
desestruturação familiar, as políticas de governo, a necessidade de trabalhar para ajudar na
renda familiar, a escola e o próprio estudante por falta de um objetivo de vida definido.
Outros fatores aparecem também como dificuldades para a continuidade nos estudos, como as
drogas, a violência, as más companhias além das dificuldades de acompanhar os conteúdos,
sendo a última, herança das séries anteriores.
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Os resultados da pesquisa realizada na escola estadual Centro de Ensino Gonçalves
Dias, aqui apresentados de uma forma bem sintética, apontam números preocupantes como o
de que em 2008 se matricularam no início do ano 2045 alunos.
Destes, apenas 1574
chegaram ao final do ano, ou seja, 471 alunos deixaram a escola, atingindo um percentual de
23,03% do alunado. Em 2009 foram matriculados 2047, só 1546 chegaram ao final do ano,
501 alunos deixaram a escola, alcançando 24,47%. Em 2010 os matriculados foram 2068, o
ano foi concluído com 1590 alunos na escola, os que deixaram a instituição foram 478, ou
seja, 23,11% dos alunos que começaram em 2010.
Quanto aos alunos aprovados, reprovados e evadidos tivemos no ano de 2008, 65,5%
aprovados, 9,6% reprovados e 21,7% evadidos, chegando a 31,3% dos alunos que deixaram
de ser promovidos para a série seguinte.
Em 2009, 63% foram aprovados e 12,5% reprovados e 18,8% evadidos, portanto,
31,3% dos alunos deixaram de ser promovidos para a série seguinte.
Por último, em 2010, 62,8% foram aprovados e 14,1% reprovados, 18,6% evadidos
e 32,7% dos alunos deixaram de ser promovidos para as séries seguintes.
Os dados revelam uma realidade bastante preocupante. Os números acima que se
referem ao Centro de Ensino Gonçalves Dias, são parâmetros daquilo que certamente atingem
a outras escolas da rede estadual de ensino regular, por se tratar de um problema que atinge
muitas escolas públicas, seja com índices maiores ou menores dos que aqui foram
apresentados.
A evasão e a reprovação escolar, não são um problema restrito apenas a algumas
unidades escolares, mas uma questão nacional que vem ocupando relevante papel nas
discussões e pesquisas educacionais no cenário brasileiro. Precisa-se de estudos que possam
apontar soluções para este problema tão sério que ameaça o desenvolvimento da nação, por
ser o mesmo de ordem social e política que prejudica toda a rede de produção e crescimento
do país.
A problemática remete para muitos debates que tratam,
"(...) sobre o aprendizado, obviamente, mas também
sobre a eficácia dos docentes, sobre o serviço público,
sobre a igualdade das "chances", sobre os recursos que o
país deve investir em seu sistema educativo, sobre a
"crise", sobre os modos de vida e o trabalho na
sociedade de amanhã, sobre as formas de cidadania (...)"
CHARLOT (2000:14).
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Em relação às questões norteadoras da investigação podemos inferir que a situação
dos alunos evadidos e/ou reprovados do Centro de Ensino Gonçalves Dias não é diferente da
situação de muitos outros alunos de outras escolas maranhenses e brasileiras, pois os
problemas que afetam a eles são como ficou claro na pesquisa, oriundo das relações sociais,
políticas e econômicas da sociedade capitalista.
Posto que a maioria dos problemas gerados dentro da própria escola como a
repetência escolar, na qual o aluno perde ainda mais ânimo e não retorna a escola ou o faz
anos mais tarde; a falta de dinâmica dos professores que tornam as aulas repetitivas, sem
criatividade e cansativas, as condições precárias das escolas onde muitas são esquecidas pelos
governantes nas esferas políticas federais, estaduais e municipais, a desestrutura familiar, a
violência dentro de casa, a falta de apoio dos pais, e as necessidades dos alunos trabalharem
mais cedo para ajudar no orçamento familiar.
Evasão escolar e a reprovação são fatores preocupantes para Brasil. Pesquisas
recentes realizadas em todo o Brasil pelo MEC, IBGE e INEP demonstram que embora a
evasão escolar e a reprovação tenham diminuído, ainda constituem-se em grande problema
para o governo brasileiro. E ainda é muito grande o número de alunos que deixam a escola,
mal sabendo ler, pior ainda, escrever.
A Evasão escolar é um tema tão sério que o ex-ministro da educação, Fernando
Haddad, em entrevista à Folha Online, afirmou que o governo federal estudava naquele
momento de sua gestão a criação de um bônus financeiro a ser dado a famílias de estudantes
aprovados como estímulo, além de analisar a ampliação da Bolsa Família para jovens até os
dezessete anos visando atraí-los de volta à escola. De acordo ainda com a Folha Online, hoje,
a idade limite no programa é de 15 anos e a condicionalidade exigida é somente a frequência à
escola, fator fundamental para se tirar o país das condições educacionais em que se encontra.
O assessor especial da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) Jorge
Werthein Nunes acrescenta que a escola também não está conseguindo ser um ambiente
agradável. Diz ele: "Essa população jovem, hoje, é a mais vulnerável, mas a escola não está
conseguindo retê-la. É preciso melhorar a escola e dar estímulo econômico para que o jovem
não a troque pelo trabalho". Outro problema que a PNAD trouxe à tona é que o analfabetismo
está caindo em ritmo mais lento, porém parece ser uma constante.
Dos 15 aos 17 anos os jovens estão em idade de cursar o ensino médio, mas essa
expectativa não vem sendo integralmente cumprida no país, afirma a presidente do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman, na
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Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Dos 10,2 milhões de jovens nessa faixa
etária, assinalou 45% não chegaram a terminar o ensino fundamental, seja por atraso
decorrente de reprovação ou, no caso de 15%, porque já desistiram da escola. “Precisamos
voltar e olhar o que está acontecendo no ensino fundamental, para entender porque os alunos
estão repetindo e repetindo ou se evadindo” - observou.
Malvina foi uma das convidadas de audiência destinada a examinar os problemas do
ensino médio na sequência de discussões que a comissão trava sobre o Plano Nacional de
Educação (PNE) 2011-2021. O projeto do governo ainda tramita na Câmara, mas a comissão
optou por antecipar as discussões.
De acordo com a presidente do INEP, órgão vinculado ao Ministério da Educação, a
universalização do ensino fundamental foi um inegável avanço. Agora, o novo desafio - ao
lado do esforço para estender o ensino médio a todos - é garantir qualidade, inclusive para que
a escola seja mais atrativa e possa evitar a repetência e a evasão. Essa é uma responsabilidade
de todos. Precisamos desmitificar o argumento de que o problema é do professor, que não
resolve ou do aluno, que não tem condições [de aprender], do governo, que não investe ou da
família, que não liga – disse a gestora do INEP.
O representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação, Maurício
Holanda Maia, salientou que o ensino médio sempre funcionou como simples passagem para
a universidade ou mercado de trabalho, no caso dos mais pobres. Para ele, esse ciclo necessita
de "identidade" e isso deve partir de um reconhecimento: o ensino médio é lugar de
"convivência de jovens", seres em fase de afirmação e em busca de reconhecimento social.
Quanto as causas da evasão e da reprovação escolar no Centro de Ensino Gonçalves
Dias detectadas em nossa investigação, estas não diferem das causas apontadas pelos
especialistas na área pedagógica nem tampouco das autoridades civis constituídas. Embora
cada caso tenha a sua singularidade a maioria dos evadidos tiveram por motivação problemas
familiares e ou pessoais bem como condições econômicas precarizadas. A escola campo da
investigação possui uma proposta pedagógica boa, no entanto, do que está escrito ao que é
implementada existe uma grande lacuna, até porque nossos professores ainda demonstram
muita resistência para ler e orientar-se através da base legal da educação brasileira que não só
normatiza, mas fundamentalmente, orienta através dos PCN e dos Temas Transversais a
dinamização das aulas e dos conteúdos com características inovadoras.
Além disso, o processo avaliativo utilizado nessa escola que, não é objeto de nossa
investigação, mas que sabemos tem um peso muito grande no ensino e na aprendizagem dos
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alunos, além de ser um dos elementos que contribui para a permanência ou a evasão do aluno
e, até onde sabemos, as avaliações estão longe de serem emancipatórias e diagnosticas. Para
Hoffmann (2006), avaliar é promover a cidadania do aluno como um sujeito digno de
respeito, ciente de seus direitos e que tenha acesso a todas as oportunidades que a vida social
possa lhe oferecer. E sem promover a aprendizagem isso não acontecerá. Portanto, as
fórmulas, as receitas e as inúmeras metodologias e práticas vigentes precisam ser
questionadas sobre os princípios a que se destinam.
Assim sugerimos que a escola estudada, depois de ter revelado os aspectos que estão
causando o número elevado de jovens que não estão aproveitando a oportunidade para
prosseguir os estudos, precisa refletir sobre os diferentes aspectos de suas atividades
escolares, por estas não estão atendendo, de fato, as necessidades da sua clientela e da
sociedade na qual está inserida. Precisa superar estes números elevados de evasão e
reprovação escolar. A final ela é uma grande responsável pela transmissão e criação dos
conhecimentos de muitas gerações.
Fazendo uso do pensamento de Kneller (1979), os fatos, os acontecimentos, os
conhecimentos... podem até passar, porém os valores adquiridos na educação não passarão e
são essenciais para a vida em harmonia na sociedade.
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APÊNDICES
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APÊNDICE I
QUESTIONÁRIO PARA ALUNOS EVADIDOS
1. Quais os principais motivos que lhe impediram de continuar estudando?
2. Como era o seu cotidiano quando frequentava a escola?
3. Quais eram suas maiores dificuldades enfrentadas quando estava na escola?
4. A escola atendia as suas expectativas? Por quê?
Os conteúdo
s (assuntos) ensinados na escola faziam parte do seu interesse pessoal e
profissional?
5. Qual é a sua percepção a respeito do trabalho desenvolvido pelos seus professores na sala
de aula?
6. Tem algum episódio do período em que você estudava que você queira relatar?
7. Suas atividades fora da escola contribuíram para a sua evasão escolar? Quais?
8. Tem vontade de voltar a estudar? Por quê?
9. Qual a escola que você gostaria de ter?
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APÊNDICE II
QUESTIONÁRIO PARA ALUNOS REPROVADOS
1. A que você atribui a sua reprovação?
2. Quais foram as suas maiores dificuldades em acompanhar os conteúdos na jornada escolar?
3. Como era o seu cotidiano dentro da escola?
4. A escola esta atendendo as suas expectativas atualmente? Por quê?
5. Os conteúdos (assuntos) que são tratados na escola lhe despertam interesse?
6. O que você tem a dizer a respeito do trabalho dos seus professores?
7. Você tem algum episódio (positivo ou negativo) que gostaria de relatar?
8. Qual a escola que você gostaria de ter?
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APÊNDICE III
QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES
1. Quais são as maiores dificuldades que você consegue identificar no dia a dia dos seus
alunos que ingressaram no ensino médio?
2. Você enquanto professor considera que a escola atende as expectativas dos alunos que nela
ingressam para cursar o ensino médio? Por quê?
3. Qual a importância da avaliação no processo de ensino e aprendizagem?
4. Como você realiza suas avaliações com seus alunos?
5. Quais são os seus maiores desafios enquanto professor (a)?
6. Qual a escola ideal nos dias atuais para você?
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APÊNDICE IV
QUESTIONÁRIO PARA DIRETORES E COORDENADORES PEDAGÓGICOS
1. Quais são os maiores desafios enfrentados pela escola atualmente?
2. Você acha que a escola estar atendendo as expectativas dos alunos? Por quê?
3. O que você tem a dizer do trabalho docente dos seus professores que estão atuando
atualmente na escola?
4. O que você tem a dizer do desempenho dos seus alunos no diz respeito a evasão escolar,
reprovação e retenção escolar?
5. Por que os alunos evadem, reprovam e/ou ficam retidos?
6. O que devemos fazer para combater a evasão, reprovação e retenção escolar?
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APÊNDICE V
TRANSCRIÇÃO DAS RESPOSTAS DOS QUESTIONÁRIOS
SÍNTESES DAS RESPOSTAS DOS QUESTIONÁRIOS REALIZADOS COM
ALUNOS REPROVADOS
1. A que você atribui a sua reprovação?
 Falta de interesse mesmo, conversava muito durante as aulas, não dava atenção aos
professores, não fazia os trabalhos, etc.
 Acordava tarde, chegava atrasada e também faltava muito.
 Tive problemas de saúde;
 Faltei muito;
 Por falta de interesse meu mesmo;
 Desinteresse em algumas matérias;
 Brincadeiras, farras e péssimas amizades;
 Conteúdos longos e extensos para pouco tempo de estudo;
 Conversas paralelas, discussão com professores e excesso de faltas;
 Faltava muito;
 Comecei estudando em dois turnos, chegava tarde em casa, estava cansada e não dava
conta das tarefas, fiquei reprovada nos dois cursos;
 Não ia para a escola, quando ia não assistia às aulas;
 Não conseguir conciliar um curso com o horário de aula;
 Porque ficava nos corredores só esperando o horário de ir para a quadra;
 Participava de um grupo folclórico (Bumba meu boi), ensaiava e dançava nas festas
juninas, não deu para conciliar com a escola.
 Por problemas financeiros, precisei trabalhar;
 Eu não alcancei os pontos necessários para aprovação. A greve dos professores
atrapalhou muito, pois foram muitos conteúdos em pouco tempo.
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2. Quais foram as suas maiores dificuldades em acompanhar os conteúdos na jornada
escolar?
 Tive bastantes dificuldades, não entendia os conteúdos das matérias e também não me
esforçava para entendê-los. Na verdade me faltava interesse, achava que não valia a pena
estudar;
 O acúmulo de conteúdos após a greve dos professores, dificultou demais a aprendizagem;
 Foi porque eu vim de uma escola em que as aulas aconteciam pela televisão (Teleensino), por isso tive bastante dificuldade;
 Os conteúdos que tive mais dificuldades foram os de Química, Matemática e Física. As
“fórmulas”, eu não entendia quase nada;
 Tive dificuldade por perder as primeiras aulas, quando assistia não prestava atenção;
 A minha maior dificuldade estava em um professor que não ensinava nada;
 Foi a forma como alguns professores ensinavam. Jogavam os conteúdos no quadro,
ficava no celular, em fim não explicava nada dos conteúdos, isto é revoltante;
 Matemática, foi a minha maior dificuldade;
 Desleixo, falta de interesse;
 Minhas dificuldades estavam em acompanhar as matérias de física e química;
 Preguiça, essa foi a dificuldade principal;
 Não tive como acompanhar a rotina da escola;
 Eu era péssima em Matemática, não entendia nada;
 Alguns professores não estavam capacitados para entender os alunos;
 As dificuldades estavam em estudar as matérias da escola e trabalhar, eu era cobrada em
ambos. Não conseguir me empenhar nas duas coisas;
 A dificuldade principal foi que eu não aprendi quase nada, então fique reprovado mesmo;
 Era muito conteúdo, não dei conta de acompanhar tudo.
3. Como era o seu cotidiano dentro da escola?
 Na verdade era só de brincadeiras, vinha para a escola, na maioria das vezes só para
brincar, conversar, ficar no pátio. Sei que isso é bom, mas tudo tem regras dentro da
escola que deve ser cumprida, o limite deve ser respeitado.
 Eu frequentava as aulas normalmente;
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 Meu cotidiano era ficar nos corredores e no pátio, nunca em sala de aula;
 Era muito bom, na escola eu conhecia todos os meus colegas e me dava bem com todo
mundo;
 Em 2009, eu achava que era bom o que estava fazendo. Depois vi que perdi um ano por
falta de juízo em me empenhar nas coisas da escola;
 O meu cotidiano na escola era em perder várias aulas, principalmente as do primeiro
horário, eu chegava muito atrasada;
 Era normal, tentei fazer o possível, não faltava às aulas que eu achava mais importantes,
como matemática, física e química. Mas não adiantou, fique reprovado mesmo;
 Péssimo, só dava desculpas esfarrapada e ficava esperando o horário de ir para a quadra
jogar bola;
 Era bom. Sempre fui uma pessoa ativa e comportada ao mesmo tempo;
 O meu cotidiano na escola era bom, tinha boa convivência com os colegas e professores,
só era ruim em conteúdo;
 Normal, só faltava muito;
 Tinha um cotidiano normal na escola, saia pouco de sala de aula só o necessário para
lanchar e ir ao banheiro;
 Em 2010, quando fique reprovada, faltei muito, minha irmã teve um bebê naquela
ocasião e eu às vezes não ia à escola para cuidar dele;
 Meu cotidiano era muito ruim, muito mal comportado mesmo;
 Era sempre conturbado o cotidiano na escola, não tinha como ser aprovado mesmo;
 Meu cotidiano era bom, fiz muitas amizades, só não aprendia os conteúdos.
4. A escola esta atendendo as suas expectativas atualmente? Por quê?
 Sim. Houve mudança no quadro de professores, esses são melhores. Mudaram também
uma parte dos conteúdos. Como estou repetindo, pude perceber uma melhora
significativa na escola;
 Sim. Os professores estão sempre na escola para dar aulas, alguns alunos é que não
querem assistir aulas e procuram desculpas sem sentido para justiçar-se;
 Não. Há ainda desorganização na parte administrativa;
 Sim. Hoje tenho mais interesse nos estudos;
 Não. A escola precisa melhorar na organização;
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 Sim. Cada ano vai melhorando o quadro de professores;
 Até o momento sim, pois os professores estão interessados em explicar melhor os
conteúdos buscando ajudar os alunos;
 Sim. Como exemplo, posso citar os conteúdos que não foram dados no ano passado,
estão sendo trabalhado por alguns professores, isto ajuda muito o aluno a entender melhor
a disciplina da série em que esta cursando;
 Sim. Houve mudança no quadro de professores, mudou também a forma de ensinar;
 Não. Apesar das mudanças, ainda há professores sem interesse;
 Sim. Tenho uma grande expectativa da para frente;
 Sim. Até a direção esta mais atenta às necessidades dos alunos;
 Sim. Eu também estou mais responsável com os estudos;
 Em parte. Tem muito assunto que não dar para os professores passarem;
 Sim. Por enquanto esta atendendo;
 Sim. Não tenho nada a reclamar;
 Sim. Em 2012, houve mudanças para melhor, novos professores que são melhores;
 Não. Devido às mudanças, que em minha opinião, não fizeram bem para os alunos;
5. Os conteúdos (assuntos) que são tratados na escola lhe despertam interesse?
 Sim. São interessantes;
 Sim. Porque estou interessado em aprender cada vez mais;
 Lógico. Eles podem me ajudar no transcorrer do meu futuro;
 Alguns sim, outros não são nada interessantes;
 Sim, principalmente os conteúdos de física e química;
 Até agora os conteúdos são interessantes;
 Sim;
 Alguns sim, outros não;
 Sim, são interessantes;
 Sim;
 Sim;
 Na verdade o interesse nos conteúdos depende do aluno, se ele tem interesse em aprender
alguma coisa, vai ficar atento às aulas dos professores;
 Sim. Todos são interessantes;
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 Sim;
 Sim;
 Sim. Podemos tirar proveito tanto no presente, como no futuro;
 Sim;
 Sim. Grande parte dos conteúdos é interessante.
6. O que você tem a dizer a respeito do trabalho dos seus professores?
 São bons professores;
 Não tenho do que reclamar, são bons professores, são responsáveis no cumprimento dos
seus deveres e direitos dentro das salas de aulas;
 Gosto de todos os professores, eles ensinam como profissionais que gostam dessa
profissão;
 A escola tem um excelente quadro de professores;
 Estão cada vez mais interessados em explicar para vê a evolução dos alunos;
 A maioria dos professores é péssima. Não ajudam os alunos e não dão aula com clareza,
os alunos não entendem o que eles explicam. Outros são ignorantes, as aulas são
complicadas;
 Neste ano, os professores estão se saindo bem melhores do que nos anos anteriores;
 Bem, alguns fazem bem o seu trabalho, outros infelizmente deixam a desejar;
 São ótimos, eu é que não estava certo do que queria;
 Esses professores atuais são excelentes, fazem um bom trabalho;
 Os professores da série em que eu estudo são bons, fazem bem o seu trabalho;
 Sim, são bons professores;
 São ótimos profissionais;
 Observo que há um empenho dos professores para que todos os alunos entendam os
conteúdos trabalhados;
 Em 2010, alguns professores eram bons, outros eram péssimos;
 Professores! Alguns são bastante desumanos, não tenho nenhum interesse em seguir uma
profissão assim;
 Os professores são ótimos, ensinam bem e nos dão orientações que serve para a vida toda.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
7. Você tem algum episódio (positivo ou negativo) que gostaria de relatar?
 Sim. Um dia vi um colega consumindo droga dentro da escola, fiquei aterrorizada;
 Não;
 Não;
 Tenho, mas não quero contar, sinto muita vergonha;
 Não;
 Sim. Uma vez discutir com uma professora, foi muito desagradável;
 Não;
 Sim. A falta de compreensão de um professor com uma colega, além de ter sido injusto
com a aluna, ainda mandou que a mesma saísse da sala. Foi muita ignorância;
 Não;
 Não;
 Sim. Por motivos especiais, alguns alunos não mereciam passar de ano e eles foram
aprovados;
 Não;
 Não;
 Sim. Fiquei reprovado, no entanto, alguns colegas que deveriam ter ficado também,
foram aprovados;
 Não;
 Sim. Uma vez eu e minha colega mentimos para os professores dizendo que eu estava
com um “espírito encarnado”.
 Não;
 Não.
8. Qual a escola que você gostaria de ter?
 Uma escola onde fosse referência para as outras. Onde todos os direitos e deveres fossem
cumpridos;
 Uma escola organizada e bem falada, muito badalada pela mídia;
 Uma escola mais segura e bem ventilada, o calor incomoda muito;
 Com mais segurança;
 Uma escola onde houve muita união, todos de mão dadas pelo mesmo objetivo;
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xi
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
 A escola que eu gostaria de ter é esta mesmo. Só precisa melhorar algumas coisas, mas eu
sempre gostei do Gonçalves Dias;
 Mais igualdade entre os professores, funcionários, alunos e direção;
 Uma escola mais comprometida com o ensino e a disciplina;
 Essa mesma, o Gonçalves Dias;
 Uma escola de sinceridade, só para ir embora;
 Há! Não sei dizer;
 Igual ao Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA;
 Uma escola que não tivesse greve de professores. Tivesse segurança e conforto;
 Uma escola onde todos os direitos e deveres fossem cumpridos;
 Aquela em que o aluno estivesse em primeiro lugar e não o governo. Que causasse uma
boa impressão, isto motivaria muito os alunos e professores;
 Nenhuma. Eu sempre gostei de estudar aqui no Gonçalves Dias.
SÍNTESES DAS RESPOSTAS DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS ALUNOS
EVADIDOS NOS ANOS DE 2008, 2009 e 2010.
1. Quais os principais motivos que lhe impediram de continuar estudando?
 Condições financeiras;
 Não me interessava mais em continuar estudando;
 Porque fiquei grávida;
 Falta de ânimo;
 As brincadeiras, eram só “molecagem”.
 Uma viagem para outro estado para fazer teste em um clube de futebol;
 Perdi a motivação pelo estudo;
 Nem eu mesmo sei os verdadeiros motivos, só sei que não deu mais para estudar;
 Não tinha interesse em estudar;
 Estava difícil estudar e trabalhar.
2. Como era o seu cotidiano quando frequentava a escola?
 Era muito cansativo;
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xii
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Era normal;
 Foi muito bacana;
 Muito difícil de conciliar estudo e trabalho;
 Era normal;
 Sei lá, prefiro nem me lembrar;
 Tinha uma frequência irregular devido aos treinamentos de futebol.
 Era irregular, dias eu estava bem, em outro dia estava mal.
OBS: Dois alunos evadidos não responderam esta questão.
3. Quais eram suas maiores dificuldades quando estava na escola?
 Dificuldade financeira e o relacionamento familiar (separação dos meus pais);
 Minha maior dificuldade era acordar cedo para ir à escola;
 Quando eu errava meus colegas ria de mim, isso era terrível, eu tinha pavor;
 Na escola nenhuma fora dela era muitas;
 Eram tantas que eu nem sei quais aram as maiores;
 Era me interessar pelos estudos, tinha muita dificuldade em fazer as tarefas;
 Não entendia direito o que os professores explicavam;
 Devido ao grande número de aulas que faltava, era difícil acompanhar os conteúdos
ministrados pelos professores.;
 Ter uma frequência regular, sempre havia alguma coisa para atrapalhar.
OBS: Um aluno evadido não respondera esta questão.
4. A escola atendia as suas expectativas? Por quê?
 Um pouco, eu não tinha interesse em estudar;
 Sim;
 Não, eu não queria nada com estudo, era muito “psicopata”;
 Sim, a escola tinha um bom ensino;
 Nem eu mesmo sei se atendia ou não;
 Acredito que poderia atender se eu tivesse continuado;
 Não;
 Em parte sim;
 Não sei responder se ela atendia às minhas necessidades;
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xiii
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Sim. A escola é boa.
5. Os conteúdos (assuntos) ensinados na escola faziam parte do seu interesse pessoal e
profissional?
 Sim, só interesse profissional;
 Não, não tinha nada a vê com meus interesses;
 Sim;
 Os conteúdos eram perfeitos, eu é que não tinha interesse;
 Sim;
 Não;
 Sim;
 Não, quando é que eu vou usar isto tudo?
 Sim;
 Eu não tinha noção exata se atendia ou não.
6. Qual é a sua percepção a respeito do trabalho desenvolvido pelos seus professores na
sala de aula?
 Eu estudava no sistema “tele-ensino”, então não tinha como debater os assuntos das
aulas, eu não entendia quase nada. Não posso dizer nada desse tipo de professor se é que
podemos chamar de professor;
 Só faziam atividades e provas;
 Eram bons professores e me tratavam com educação e respeito;
 Os professores eram preocupados com o desenvolvimento dos alunos;
 Na minha percepção, os professores faziam um bom trabalho;
 Não posso reclamar, eram bons professores;
 Faziam o trabalho deles, davam aulas conforme os horários que recebiam da direção da
escola;
 Alguns professores eram bons, outros não gostavam de dá aulas com seriedade;
 A escola, na minha época, tinha bons professores;
 Parecia fazer um bom trabalho, eu é que não estava cumprindo minha parte.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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7. Tem algum episódio do período em que você estudava que você queira relatar?
 Não;
 Não;
 Não;
 Não;
 Não;
 Não;
 Não;
 Não;
 Não;
 Não.
8. Suas atividades fora da escola contribuíram para a sua evasão escolar? Quais?
 Sim, meu namoro me atrapalhou;
 Não;
 Sim, meus colegas convidavam para ir beber;
 Não;
 Sim, eu ficava sem nenhum ânimo para ir à escola depois do trabalho;
 Não, eu não fazia nada;
 Não;
 Sim;
 Sim. Uma viagem para fora do estado;
 Sim, elas não deixavam eu me concentrar na escola.
9. Tem vontade de voltar a estudar? Por quê?
 Sim, quero voltar a estudar para me capacitar mais para o trabalho;
 Sim, para terminar o ensino médio e ter um trabalho melhor;
 Não, não quero saber mais de estudo;
 Sim, quero concluir o ensino médio e trabalhar;
 Sim, porque sem estudo você não vai se dá bem em nenhum lugar;
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xv
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Sim, porque tudo fica mais difícil sem estudo;
 Sim, com mais estudo, eu terei um emprego melhor;
 Sim, o estudo é importante para tudo na vida;
 Sim, é importante adquirir conhecimentos;
 Sim, talvez agora eu esteja mais preparado para encarar os estudos.
10. Qual a escola que você gostaria de ter?
 Qualquer uma que tivesse um bom ensino;
 Igual à escola Técnica Federal do Maranhão (IFMA);
 Semelhante ao CINTRA (Centro Integrado Rio Anil);
 Uma que preparasse o aluno para o mercado de trabalho;
 Igual à escola Técnica (Instituto Tecnológico do Maranhão – IFMA);
 Qualquer uma que oferecesse um bom estudo;
 Igual ao Gonçalves Dias, eu gosto dessa escola é assim mesmo;
 Três alunos evadidos não responderam esta questão.
SÍNTESES
DAS
RESPOSTAS
DOS
QUESTIONÁRIOS
APLICADOS
AOS
PROFESSORES
1. Quais são as maiores dificuldades que você consegue identificar no dia a dia dos seus
alunos que ingressaram no ensino médio?
 Falta de compreensão de uma leitura;
 Falta de base na leitura e em matemática. Há também falta de compromisso;
 Falta de base na leitura;
 A primeira dificuldade está em não valorizar os estudos, ter perspectivas de crescer
através dos conhecimentos adquiridos na escola. A segunda é a falta de base no ensino
fundamental;
 Não têm um raciocínio lógico, então tudo fica mais difícil;
 Há falhas na formação inicial, é difícil de acompanhar os conteúdos oferecidos;
 Falta de conhecimentos básicos como pré-requisitos;
 Falta de leitura (interpretação de texto) e escrita;
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xvi
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Os alunos não fazem leitura, por isso não sabem interpretar;
 Falta de interesse em superar as dificuldades nos estudos;
 Falta leitura e interpretação. Também não sabem fazer cálculo;
 Não há compreensão na aprendizagem, falta interesse em assistir às aulas;
 Dificuldade na leitura, na escrita e interpretação de textos;
 Poucos conhecimentos na formação no ensino fundamental, especialmente o fundamental
II.
 O ensino fundamental não ofereceu base suficiente, o aluno chega ao ensino médio
desmotivado;
 Interpretação do que lê, porque não sabem responder o que se pergunta em uma prova
dissertativa;
 Faltam interesses e vontade de vencer pelo estudo;
 Os alunos parecem não acreditar que os estudos vão melhorar a vida social, política e
econômica;
 As disciplinas que exigem cálculos, são as mais difíceis para os alunos;
 São tantas as dificuldades que são difíceis de enumerar quais são as maiores, no entanto a
falta de base no ensino fundamental seja a principal dificuldade desses alunos.
2. Você enquanto professor considera que a escola atende as expectativas dos alunos que
nela ingressam para cursar o ensino médio? Por quê?
 Nem sempre atende as expectativas, pois o aluno vem sem base do ensino fundamental;
 Não. O aluno não tem o acompanhamento pedagógico necessário por falta de material
humano na escola;
 Não. Falta apoio pedagógico e psicológico;
 Não. Porque não há uma estrutura adequada como: biblioteca com acervo apropriado,
sala de estudo, acompanhamento pedagógico intenso, orientação vocacional...;
 Sim. A escola fornece livros, lanches, estruturas de salas, quadra, laboratório, sala
multimídia e um quadro de professores competentes;
 Não atende. Precisa planejar melhor as atividades, utilizar com eficácia os espaços
disponíveis e melhorar as condições de trabalho;
 É muito relativo porque falta a participação da família;
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xvii
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Não. A escola precisa de pessoal para auxiliar o trabalho fora da sala de aula
(uma
biblioteca com acervo apropriado, coordenadores de disciplina, sala de atendimento aos
pais com acompanhamento dos problemas existentes, melhorar a comunicação com as
famílias nos casos ocorridos dentro da escola, em fim um acompanhamento mais
sistemático que exige a participação de outros profissionais);
 A escola de ensino médio não tem se mostrado interessante para os alunos que estão
chegando. Precisa-se urgente de uma escola motivadora em que o aluno sinta-se parte
integrante da mesma;
3. Qual a importância da avaliação no processo de ensino e aprendizagem?
 Diagnosticar os pontos a serem melhorados nas próximas aulas;
 Como base, pois através da avaliação, é possível se detectar o grau de conhecimento do
aluno;
 É um parâmetro para vermos o grau de conhecimentos dos alunos;
 Medir o grau de aprendizagem e retenção dos conhecimentos dos alunos;
 Fornecer ao professor uma auto avaliação de suas ações;
 É muito importante, pois podemos medir o nível de conhecimento do aluno;
 Para diagnosticar o nível da aprendizagem do dos alunos;
 É necessário para se testar se esta havendo aprendizagem;
 A avaliação ainda tenta medir o nível de informação que o aluno consegue absolver, ao
mesmo tempo serve para o professor melhorar sua didática.
4. Como você realiza as avaliações com seus alunos?
 Através de provas escritas objetivas e subjetivas, atividades individuais e em grupos às
vezes utilizam também trabalhos de pesquisas;
 Qualitativa e quantitativa, com a participação e assiduidade;
 Através de atividades individuais e em grupo. Observo a parte qualitativa (pontualidade,
participação, etc);
 Individual e coletiva;
 Através de forma quantitativa e qualitativa;
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xviii
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Através de exercícios e de atividades, avaliação em grupo e individuais, além de
seminários.
5. Quais são os seus maiores desafios enquanto professor (a)?
 A falta da família no processo de ensino e aprendizagem;
 Fazer com que o aluno se interesse pela disciplina e estude;
 Despertar o interesse pela aquisição real do conhecimento, mudança de atitude para um
bom exercício da cidadania, ou seja, uma formação integral do educando;
 O maior desafio é buscar uma escolar com objetivos voltados para a formação de
conhecimentos do aluno, preparando-os para a vida real;
 O desafio esta em um desenvolvimento da leitura, melhorar a disciplina e buscar o apoio
da família;
 Conseguir um percentual acima de 90% em aprendizagem;
 Fazer com que os alunos participem das aulas, tenham comportamento adequado e
interesse pelos estudos;
 O desafio é ministrar aulas em salas que parecem saunas;
 Tempo para reciclar os conhecimentos, a falta de apoio aos alunos na escola e alunos sem
interesse.
6. Qual a escola ideal nos dias atuais para você?
 É uma escola integral, onde o aluno seja assistido em suas necessidades econômica,
sociais, culturais e científica;
 Uma escola voltada para os interesses dos alunos, mas presente nas necessidades da
sociedade;
 Disciplinar e participativa;
 Que atenda às necessidades dos alunos;
 Aquela que se preocupa com a educação integral do educando;
 Uma escola onde os professores e a família caminhem juntos;
 Uma escola que seja de uma forma integral, e que dê condições para tantos os alunos
como aos professores desempenharem bem os seus trabalhos;
 Que desenvolvesse uma metodologia nova no objetivo de incentivar e estimular o aluno;
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xix
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Uma escola dotada de uma estrutura física adequada: banheiros limpos, quadras, salas
refrigeradas... Que dispusesse de pessoal qualificado para auxiliar nos bastidores da
escola fora da sala de aula, que tivesse também uma biblioteca com acervo apropriado às
necessidades dos alunos;
 Uma escola ideal é muito utópico, mas uma escola em que o professor tivesse condições
de realizar um bom trabalho com pelo menos as coisas mínimas necessárias.
SÍNTESES
DAS
RESPOSTAS
DOS
QUESTIONÁRIOS
APLICADOS
ÀS
COORDENADORAS E DIRETORAS
1. Quais são os maiores desafios enfrentados pela escola atualmente?
 São muitos, entre eles podemos destacar: o uso de drogas, a indisciplina, alunos que
chegam ao ensino médio com déficit de aprendizagem, ausência da família, falta de
interesse dos alunos, falta de compromisso da maioria dos docentes e ingerência da
gestão;
 Faltam recursos humanos para acompanhar as múltiplas ações dos diversos programas
que podem ser desenvolvidos na escola. Faltam também profissionais para os serviços
administrativos;
 Desenvolver atividades que possibilitem uma aprendizagem eficaz;
 Falta de recursos humanos para desenvolver atividades juntos aos alunos. Os alunos estão
chegando ao ensino médio sem os pré-requisitos básicos, por isso têm dificuldades de
acompanhar os conteúdos de algumas disciplinas, como por exemplo: português,
matemática, química, física;
 Falta pessoal para cuidar dos laboratórios que ficam obsoletos, também faltam porteiros
comprometendo a segurança na escola, além de outras pessoas para ajudar com a
disciplina dos alunos.
2. Você acha que a escola esta atendendo as expectativas dos alunos? Por quê?
 A escola pública, apesar de receber mais apoio financeiro do governo federal e estadual,
parece estar desatualizada para atender as expectativas dos alunos;
 Nada é perfeito, porém a escola esta sempre buscando atender as expectativas dos alunos;
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xx
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Em parte. Quando os alunos estão interessados e preparados para cursar as séries, a
escola acaba atendendo as expectativas dos mesmos;
 Não, os alunos não demonstram interesses pelos estudos, porque falta criatividade por
parte dos docentes na hora de transmitir seus conhecimentos em sala de aula.
3. O que você tem a dizer do trabalho docente dos seus professores que estão atuando na
escola?
 Em parte o trabalho está sendo feito. Há falhas no acompanhamento por parte da família,
falta motivação por parte do aluno, pois as aulas nem sempre são atrativas ou de
conteúdos que tenham aplicabilidades. São mais aulas teóricas, falta a utilização dos
recursos didáticos que a escola dispõe como ferramentas para melhorar os resultados no
processo de ensino e aprendizagem;
 Parecem desmotivados para fazerem um trabalho dinâmico, evitam experimentar novas
metodologias e afugentam os alunos com tratamentos grosseiros;
 Tem sido um trabalho responsável;
 Muitos estão interessados em atender os objetivos de fornecer um ensino de qualidade
para o aluno;
 Precisam ser dinâmicos nas suas aulas para atrair a atenção dos alunos. Hoje com tanta
tecnologia o aluno não suporta mais assistir aula apenas copiada na lousa;
4. O que você tem a dizer do desempenho dos seus alunos no que diz respeito à evasão
escolar e a reprovação escolar?
 A evasão escolar é preocupante tanto quanto a reprovação. Acreditamos que são várias as
causas que levam o aluno a ficar reprovado ou a se evadir. Além da falta de
acompanhamento da família, tem o problema financeiro, outro fator que contribui
bastante é a falta de acolhida em sala de aula;
 Os alunos, por falta de acompanhamento e interesse familiar, não sabem e não querem
estudar. Parecem que perderam o foco e o objetivo do estudo na vida do cidadão;
 A evasão escolar é uma ação constante, pois acontece em decorrência de fatores que
também estão fora da escola. A reprovação também decorre de vários fatores;
 Infelizmente a evasão e a reprovação continuam grandes dentro da escola;
Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias/ Instituto de Educação
xxi
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
 A evasão escolar é uma questão de estrutura familiar. A mesma não consegue meios para
motivar o aluno a permanecer na escola até ao final do ano letivo. São várias as razões
que levam o aluno a abandonar a escola, além é claro, do suporte familiar;
5. Por que os alunos se evadem, reprovam ou ficam retidos?
 Dentre as causas estão à falta de acompanhamento e a situação financeira da família,
creio que são os dois fatores principais do aluno ir mal à escola;
 Falta de professores comprometidos com um trabalho sério, ingerência da gestão escolar,
falta de interesse dos alunos para estudar... são fatores que levam os alunos a ficar
reprovado ou a evasão escolar;
 Diversos fatores contribuem para a evasão e a reprovação escolar;
 Dentre os fatores estão: falta de base para a série em curso, dificuldades financeiras até
para pagar as passagens para ir à escola;
 Falta de interesse dos alunos, ausência de diálogos com os professores, há também falta
de acompanhamento tanto por parte da escola como também da família.
6. O que devemos fazer para combater a evasão, reprovação e a retenção escolar?
 Um plano de ação e execução onde a responsabilidade deve ser de todos os envolvidos na
escola;
 Para começar é necessário entender que o trabalho docente é sério e não pode ser
improvisado. Ter apoio da gestão escolar em relação à implantação das normas da escola
e até mesmo se for o caso, a devolução de professores que não querem ministrar suas
aulas, são faltosos, ou que fingem lecionar e não respeitam seus alunos. Ter regras claras
com as famílias e apoio dos órgãos competentes como: Promotoria da Educação,
Conselho Tutelar e Delegacia da Criança e do Adolescente. Intolerância para os alunos
usuários de drogas ou que querem fazer da escola um parque de diversão;
 O trabalho para combater a evasão, a reprovação e a retenção não suste efeito imediato,
pois todos juntos precisam encontrar meios para resolver os casos. É necessário
identificar os diversos fatores causadores dos problemas e isso requer tempo;
 Aulas de reforços no contra turno, é necessário também ajuda financeira na carteira de
transporte estudantil;
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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 Devemos motivar nossos alunos, levantar sua autoestima, procurar desenvolver trabalhos
que chame sua atenção, onde eles possam mostrar do que são capazes. Precisamos de
educadores comprometidos, que sintam o prazer de ensinar, de ajudar, de entender seus
alunos. Problemas todo mundo tem, mas é necessário ser mais humilde, ser mais
atencioso e tratar seus alunos como pessoas que precisam de atenção.
 Fazer o acompanhamento mensal, para saber se o aluno está faltando às aulas, caso
positivo, a escola deve ligar para a família para acompanhar e saber os motivos, em fim
fazer um acompanhamento sério.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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APÊNDICE VI
ALUNOS APROVADOS, REPROVADOS E EVADIDOS NOS ANOS DE 2008, 2009
E 2010 NO CENTRO DE ENSINO GONÇALVES DIAS.
2008
2045
1574
2009
2047
1546
2010
2068
1590
etc.
Trancou matrícula,
Transferidos
Percentual
Evadidos
Percentual
Reprovados
Percentual
Aprovados
final do ano
Matriculados no
no inicio do ano
Alunos matriculados
Ano
Figura 1: Alunos aprovados, reprovados e evadidos.
Fonte: Secretaria da Escola CE Gonçalves Dias.
1372
202
365
106
63,5%
9,6%
21,7%
5,2%
1290
256
384
117
63%
12,5%
18,8%
5,7%
1299
291
385
93
62,8%
14,1%
18,6%
4,5%
Quadro 1 - Quadro de alunos aprovados, reprovados e evadidos por ano.
Fonte: Secretaria da Escola Gonçalves Dias, 2011.
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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QUADRO DE ALUNOS APROVADOS E REPROVADOS NOS ANOS DE 2008, 2009
E 2010 NO CENTRO DE ENSINO GONÇALVES DIAS.
Figura 2: Número de alunos matriculados nos anos 2008, 2009 e 2010. Alunos aprovados e reprovados no
final de cada ano.
Fonte: Secretaria da Escola CE Gonçalves Dias.
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ALUNOS APROVADOS PELO CONSELHO DE CLASSE NO CENTRO DE
ENSINO GONÇALVES DIAS.
Figura 3: Alunos aprovados pelo Conselho de Classe. Em percentuais (%).
Fonte: Secretaria da Escola CE Gonçalves Dias
REPROVAÇÃO POR DISCIPLINAS NOS TRÊS ANOS.
Figura 4: Alunos reprovados por disciplina.
Fonte: Secretaria da Escola CE Gonçalves Dias
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
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REPROVAÇÃO POR DISCIPLINAS EM PERCENTUAIS GRÁFICOS.
Figura 5: Alunos reprovados por disciplina nos três anos: 2008, 2009 e 2010.
Fonte: Secretaria da Escola CE Gonçalves Dias
Figura 6: Situação dos alunos do Gonçalves Dias em 2010.
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ANEXOS
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Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
ANEXO 1
RELAÇÃO DOS PROFESSORES QUE RESPONDERAM O QUESTIONÁRIO DA
PESQUISA SOBRE EVASÃO E REPROVAÇÃO ESCOLAR NO CENTRO DE
ENSINO GONÇALVES DIAS
ORD.
NOME DO PROFESSOR(A)
DISCIPLINA
01
BMF
História
02
BCCL
Inglês
03
CLRC
Física
04
ECS
Geografia
05
GMF
Geografia
06
HMBCB
Biologia
07
JMS
Química
08
JMMF
Matemática
09
JRF
Matemática
10
LAR
Matemática
11
MDCC
Português
12
MFPS
Inglês
13
MSMC
Português
14
MTBR
Arte
15
MNS
Português
16
MPS
Matemática
17
NMBR
18
RAS
Português
19
SSMM
Sociologia
20
SGS
Educação Artística
Física
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xxix
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Luís – MA
ANEXO 2
DIRETORA, VICE-DIRETORAS E COORDENADORAS PEDAGÓGICAS
ORD.
NOME
FUNÇÃO
01
MASC
Diretora Geral
02
MCDC
Vice-Diretora do turno Matutino
03
VRCA
Vice-Diretora do turno Vespertino
04
ASR
Coordenadora Pedagógica
05
JSPS
Coordenadora Pedagógica
Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias/ Instituto de Educação
xxx
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
ANEXO 3
RELAÇÃO DOS ALUNOS EVADIDOS
ORD.
NOME DO ALUNO EVADIDO
SÉRIE E ANO DA EVASÃO
01
AJLC
1ª Série em 2009
02
ASA
2ª Série em 2010
03
ARS
1ª Série em 2010
04
CMCC
3ª Série em 2010
05
DLSN
3ª Série em 2009
06
ESA
2ª Série em 2010
07
GVS
1ª Série em 2009
08
JRMS
1ª Série em 2010
09
LCSG
3ª Série em 2008
10
LAR
3ª Série em 2008
Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias/ Instituto de Educação
xxxi
Telésforo Neto Ribeiro de Sousa/Evasão e reprovação escolar: o caso de uma escola pública estadual em São
Luís – MA
ANEXO 4
RELAÇÃO DOS ALUNOS REPROVADOS
ORD.
NOME DO ALUNO REPROVADO
SÉRIE E ANO DA REPROVAÇÃO
01
AMMG
1ª Série em 2010
02
CCL
2ª Série em 2010
03
CAF
2ª Série em 2010
04
DCR
2ª Série em 2009
05
DSS
2ª Série em 2008
06
FSR
1ª Série em 2010
07
FDL
2ª Série em 2008
08
GSR
2ª Série em 2008
09
HMPJ
3ª Série em 2010
10
ILCR
2ª Série em 2010
11
IRSS
1ª Série em 2008
12
JCM
3ª Série em 2008
13
LSCP
1ª Série em 2010
14
MCF
1ª Série em 2010
15
MADMT
3ª Série em 2010
16
MJM
2ª Série em 2009
17
RLA
1ª Série em 2009
18
RMS
2ª Série em 2009
19
TGP
3ª Série em 2008
20
TJMB
1ª Série em 2009
Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias/ Instituto de Educação
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EVASÃO E REPROVAÇÃO ESCOLAR: O CASO DE UMA