O trecho abaixo, extraído da obra Triste fim de Policarpo Quaresma, é uma reflexão que o Major Quaresma faz acerca de seu conceito de Pátria. "A Pátria que quisera ter era um mito; era um fantasma criado por ele no silêncio do seu gabinete. Nem a física, nem a moral, nem a intelectual, nem a política que julgara existir, havia. A que existia de fato, era a do Tenente Antonino, a do Dr. Campos, a do homem do Itamarati. E bem pensado, mesmo na sua pureza, o que vinha a ser a Pátria? (...) Certamente era uma noção sem consistência racional e precisava ser revista." A) Explique a importância das obras de Gonçalves Dias e de José de Alencar na formação do conceito de Pátria de Policarpo Quaresma. B) Aponte a passagem do romance Triste fim de Policarpo Quaresma relacionada ao "homem do Itamarati", explicando o conceito de Pátria percebido por Quaresma. RESOLUÇÃO: A) José de Alencar e Gonçalves Dias são autores românticos cujas obras integram a vasta biblioteca de Policarpo Quaresma. Desde o início do romance, o protagonista alimenta o seu patriotismo exacerbado através da leitura continuada de autores nacionais. A predileção de Quaresma pelo Romantismo é facilmente explicável, na medida em que os escritores românticos, sobretudo Gonçalves Dias e Alencar, cultivaram em suas obras um nacionalismo ufanista e idealizado, condizente com a "ideologia patriótica" que norteia a personagem no contexto da narrativa de Lima Barreto. B) O "homem do Itamarati" é um oficial do governo de Floriano Peixoto que, no final do romance, vai à Ilha das Enxadas, onde Quaresma se tornara carcereiro da prisão em que os rebeldes da Revolta da Armada haviam sido encarcerados. O referido "homem do Itamarati", a mando do "marechal de ferro" Floriano, escolhe "a esmo" alguns revoltosos para serem fuzilados à guisa de exemplo. Os presos são então levados para a morte, entregues à violência e à arbitrariedade do regime militar vigente no país nos primórdios da República. O episódio descrito se torna crucial para que Quaresma se desiluda com o governo ditatorial de Floriano Peixoto e passe a rever a imagem de ídolo que até então guardava do presidente. A tomada de consciência do protagonista leva-o enfim a compreender a ideologia positivista e reacionária que esteve nas bases da proclamação da República e ao mesmo tempo assistir à derrocada final de seu nacionalismo visionário.