UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA Ariana Oliveira Reis Suzele Gomes dos Santos Thaíris dos Santos Dias ESTUDO COMPARATIVO DA CAPACIDADE DE CONTRAÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO EM ATLETAS DE VOLEIBOL E BASQUETEBOL BELÉM 2008 Ariana Oliveira Reis Suzele Gomes dos Santos Thaíris dos Santos Dias ESTUDO COMPARATIVO DA CAPACIDADE DE CONTRAÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO EM ATLETAS DE VOLEIBOL E BASQUETEBOL Trabalho de conclusão do curso apresentado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade da Amazônia, como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia. Orientadora: Profª. Ms. Cibele Nazaré da Silva Câmara. BELÉM 2008 R375 Reis, Ariana Oliveira; Santos, Suzele Gomes dos; Dias, Thaíris dos Santos Estudo comparativo da capacidade de contração do assoalho pélvico em atletas de voleibol e basquetebol/ Ariana Oliveira Reis; Suzele Gomes dos Santos; Thaíris dos Santos Dias.__ Belém, 2008. 83 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso Fisioterapia, Universidade da Amazônia, 2008. Orientadora: Profª. Ms. Cibele Nazaré da Silva Câmara. 1. Fisioterapia. 2. Assoalho pélvico. 3. Incontinência urinária. 4. Atletas. I. Reis, Ariana Oliveira; Santos, Suzele Gomes dos; Dias, Thaíris dos Santos II. Câmara, Cibele Nazaré da Silva. III. Estudo comparativo da capacidade de contração do assoalho pélvico em atletas de voleibol e basquetebol. CDD: 615.8 Ariana Oliveira Reis Suzele Gomes dos Santos Thaíris dos Santos Dias ESTUDO COMPARATIVO DA CAPACIDADE DE CONTRAÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO EM ATLETAS DE VOLEIBOL E BASQUETEBOL Trabalho de conclusão do curso apresentado para a obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia. Banca Examinadora _____________________________ Profª. Ms. Cibele Nazaré da Silva Câmara Orientadora _____________________________ Profª. Denise Pinto _____________________________ Profª. Érica Feio Apresentado em: / / Conceito: BELÉM 2008 DEDICATÓRIA À Deus e às nossas famílias. AGRADECIMENTOS À Deus, por me proporcionar a vida e a oportunidade de chegar aonde cheguei, enfrentando todos os obstáculos e dificuldades no decorrer do caminho; À minha família, em especial minha avó Maria José, minha mãe Maria lba Reis, minha segunda mãe Maria das Graças, minha tia Raimunda Reis, que estiveram sempre ao meu lado, me dando força e coragem para seguir em frente e nunca desistir, procurando sempre o melhor caminho para enfrentar os desafios e sair vencedora em todo s eles; Às minhas amigas Suzele e Thaíris, que durante esses quatro anos de faculdade foram minhas companheiras incansáveis, sempre me ajudando nos momentos difíceis e compartilhando todas as alegrias e descobertas; À minha orientadora Profª Ms. Cibele Câmara pela confiança depositada em nós, por toda sua dedicação, competência, paciência em todos os momentos, nos ajudando nessa conquista; Às minhas amigas e companheiras de estágio Camila Barros, Dilzenira Silva, Jaqueline Gomes e Aline Paes, por todo o incentivo nessa longa jornada; Aos meus amigos por todos os momentos juntos, pelas alegrias, risadas, tristezas, choros, conselhos, força e principalmente a confiança em minha amizade; À fisioterapeuta Nazete Araújo, pelo apoio e confiança em disponibilizar o espaço da Cafisio, para que fossem realizadas as avaliações com as atletas desse estudo; À meus queridos professores, que contribuíram com um pouco do seu conhecimento para a minha formação acadêmica; À todos que acreditaram em mim, me ajudando de alguma forma, meus sinceros agradecimentos por me ajudar na realização de mas um sonho. Muito Obrigada! ARIANA OLIVEIRA REIS AGRADECIMENTOS À Deus, por todas as maravilhas que fizeste em minha vida, por ser o meu porto seguro e permitir a concretização deste trabalho; À meus pais, pelo incansável apoio, confiança e dedicação, em todo este percurso da minha vida; Aos meus queridos e amados avós, pela dedicação e amor incondicional, se sou quem eu sou e por conta de vocês; Ao meu namorado, verdadeiro amigo e companheiro, que me dá muito apoio emocional e incentivo para enfrentar os desafios que me têm surgido ao longo da minha vida; Ao trio, Ariana, Thaíris (eu seria a terceira), por todos os trabalhos realizados juntos e pela amizade construída. Minhas amigas e companheiras, com quem tive todo o prazer em trocar experiências e expressar opiniões diversas sobre os assuntos em causa; A fisioterapeuta Nazete Araújo, por ter cedido sua clínica, espaço onde foi realizado as avaliações da nossa amostra. À todos os professores que contribuíram decisivamente para a minha, e nossa, formação acadêmica, profissional e pessoal; Aos meus amigos, que permaneceram comigo mesmo com a distância provocada por este curso, pelas palavras de incentivo, apoio e carinho. Gostaria, ainda, de aproveitar esta página para prestar um agradecimento muito especial a nossa orientadora, Profª Cibele Câmara, pelo apoio moral, estímulo e principalmente pelo auto-astral, o que nos permitiram levar até ao fim este trabalho. À todos que contribuíram diretamente ou indiretamente para meu crescimento, para realização deste trabalho e concretização de um sonho. Deixo aqui o meu muito OBRIGADA! SUZELE GOMES DOS SANTOS AGRADECIMENTOS À Deus, por me conceder coragem, perseverança e força pra lutar e conseguir alcançar meus objetivos; À minha família, a qual é meu alicerce, que me ajuda, compreende e deposita total amor e confiança em mim; Às minhas queridas amigas, Ariana e Suzy, com as quais compartilhei momentos inesquecíveis durante esses quatro anos de curso. Agradeço infinitamente pela paciência, dedicação, companheirismo e responsabilidade; À nossa querida orientadora, Profª Cibele Câmara, por sua confiança, competência, esforço, bom humor e incansável incentivo. Por ac reditar na nossa potencialidade e não nos deixar desistir; À fisioterapeuta Nazete Araújo, por disponibilizar o espaço para a realização das avaliações das atletas e assim colaborar na realização do estudo; À todos os meus professores, que ao longo desses quatro anos, contribuíram para a minha formação acadêmica; À todos os meus amigos, pelo companheirismo e momentos de alegria, que ficarão para sempre em minha memória; Enfim, meus sinceros agradecimentos a todos que contribuíram para a concretização de mais um sonho em minha vida. Obrigada! THAÍRIS DOS SANTOS DIAS EPÍGRAFE Para realizar grandes conquistas, devemos não apenas agir, mas também sonhar, não apenas planejar, mas também acreditar. Anatole France RESUMO As modalidades esportivas de alto impacto podem produzir um aumento exagerado e freqüente na pressão intra-abdominal, um dos fatores desencadeadores da incontinência urinária de esforço (IUE) em atletas. Foi realizado um estudo com 20 atletas, sendo 10 de basquetebol e 10 de voleibol, do tipo quantitativo, observacional, transversal e comparativo no qual foi comparada a capacidade de contração do assoalho pélvico (AP) entre atletas de voleibol e basquetebol, e então correlacionadas com sintomas de IUE. A avaliação das atletas foi composta por um questionário, a avaliação funcional do assoalho pélvico (AFA) e avaliação da capacidade de contração do AP através do Biofeedback Eletromiográfico Fênix®. Após a avaliação não foi observado diferença estatisticamente signif icante com relação à capacidade de contração do assoalho pélvico entre atletas de basquetebol e voleibol, porém ambas as modalidades apresentaram atletas com relatos de perda involuntária de urina mediante esforço físico, com maior proporção no grupo de atletas de basquetebol. Palavras-chave: Fisioterapia, assoalho pélvico, incontinência urinária, atletas. ABSTRACT The high impact sports can produce an exaggerated and frequent increase in intra-abdominal pressure, one of the triggering factors of stress urinary incontinence (SUI) in athletes. The study was done with 20 athletes, where 10 were basketball and 10 volleyball, of the kind quantitative, observational, cross on and comparative, which was compared the ability of contraction of the pelvic floor (PF) among athletes in volleyball and basketball, and then correlated with symptoms of stress urinary incontinence. The evaluation of the athletes was composed of a questionnaire, the functional evaluation of the pelvic floor (FEPF) and assessing the ability of contraction of the AP through the Biofeedback electromyographic Fênix®. After the evaluation was not observed statistically significant differences with regard to the ability of contraction of the pelvic floor between athletes from basketball and volleyball, but both groups showed athletes with reports of involuntary loss of urine because physical exertion, with the highest proportion in the group of athletes from basketball. Keywords: Physiotherapy, pelvic floor, urinary incontinence, athletes. LISTA DE ILUSTRAÇÕES ILUSTRAÇÃO 01: ESTRUTURAS LIGAMENTARES DA PELVE. ................................... 22 ILUSTRAÇÃO 02: LIGAMENTOS DA PELVE.................................................................... 23 ILUSTRAÇÃO 03: TIPOS DE PELVE. .................................................................................. 24 ILUSTRAÇÃO 04: ANATOMIA DO ASSOALHO PÉLVICO FEMININO......................... 25 ILUSTRAÇÃO 05: MÚSCULO ELEVADOR DO ÂNUS. .................................................... 26 ILUSTRAÇÃO 06: INERVAÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO. .......................................... 27 ILUSTRAÇÃO 07: TRIÂNGULO UROGENITAL E ANAL. ............................................... 30 ILUSTRAÇÃO 08: MECANISMO DE MICÇÃO. ................................................................. 31 ILUSTRAÇÃO 09: CENTROS DE MICÇÃO. ....................................................................... 33 ILUSTRAÇÃO 10: CONTROLE NEUROLÓGICO DA MICÇÃO. ...................................... 34 ILUSTRAÇÃO 11: CLASSIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL.................. 45 ILUSTRAÇÃO 12: BALANÇA ANTROPOMÉTRICA WELMY 110® ................................ 45 ILUSTRAÇÃO 13: AVALIAÇÃO FUNCIONAL DO ASSOALHO PÉLVICO. .................. 46 ILUSTRAÇÃO 14: TOQUE BIDIGITAL PARA REALIZAÇÃO DO AFA. ........................ 46 ILUSTRAÇÃO 15: ESCALA DO GRAU FUNCIONAL DO ASSOALHO PÉLVICO. ....... 47 ILUSTRAÇÃO 16: BIOFEEDBACK ELETROMIOGRÁFICO FÊNIX®. ............................ 48 ILUSTRAÇÃO 17: ELETRODO INTRACAVITÁRIO.......................................................... 48 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 01: COMPARAÇÃO ENTRE AS MÉDIAS DO AFA ENTRE ATLETAS DE BASQUETEBOL E VOLEIBOL. ............................................................................................ 52 GRÁFICO 02: COMPARAÇÃO ENTRE AS MÉDIAS DO BIOFEEDBACK ELETROMIOGRÁFICO FÊNIX® ENTRE ATLETAS DE BASQUETEBOL E VOLEIBOL .................................................................................................................................................. 52 GRÁFICO 03: PROPORÇÃO IUE NAS ATLETAS DE BASQUETEBOL. ......................... 53 GRÁFICO 04: PROPORÇÃO IUE NAS ATLETAS DE VOLEIBOL. .................................. 54 LISTA DE TABELAS TABELA 01: DADOS DEMOGRÁFICOS DAS ATLETAS DE BASQUETEBOL E VOLEIBOL .............................................................................................................................. 50 TABELA 02: COMPARAÇÃO DAS VARIÁVEIS ENTRE AS ATLETAS DE BASQUETEBOL E VOLEIBOL ............................................................................................. 51 TABELA 03: PORCENTAGEM DE PERDA DE URINA NAS ATLETAS DE BASQUETEBOL ..................................................................................................................... 53 TABELA 04: PORCENTAGEM DE PERDA DE URINA NAS ATLETAS DE VOLEIBOL .................................................................................................................................................. 53 LISTA DE SIGLAS AFA – Avaliação da força de contração do assoalho pélvico AP – Assoalho pélvico CAFISIO – Clínica de Fisioterapia DP – Desvio Padrão ICS – International Continence Society IMC – Índice de Massa Corporal IU – Incontinência urinária IUE – Incontinência urinária de esforço sEMG – Eletromiografia de superfície SN – Sistema Nervoso SNA – Sistema Nervoso Autônomo SNC – Sistema Nervoso Central SNP – Sistema Nervoso Periférico TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UNAMA – Universidade da Amazônia µV – Microvolts SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 17 2 OBJETIVO 19 3 REFERENCIAL TEÓRICO 20 3.1 ANATOMIA FUNCIONAL DA PELVE 20 3.1.1 Biomecânica da pelve 21 3.1.2 Ligamentos da pelve 22 3.1.3 Tipos de pelve 23 3.2 ASSOALHO PÉLVICO 24 3.2.1 Diafragma pélvico 26 3.2.1.1 Inervação do diafragma pélvico 27 3.2.2 Fáscia Pélvica 27 3.2.3 Períneo 28 3.2.3.1 Inervação do períneo 29 3.2.4 Triângulo urogenital e anal 29 3.3 BEXIGA 30 3.4 URETRA 31 3.5 NEUROFISIOLOGIA DA MICÇÃO 32 3.5.1 Níveis de controle da micção 32 3.5.2 Circuitos Neurológicos de Micção 34 3.5.3 Sistema Nervoso Periférico 34 3.5.4 Fases da Micção 35 3.6 CONTINÊNCIA URINÁRIA 36 3.7 INCONTINÊNCIA URINÁRIA 37 3.8 INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO E ATIVIDADE FÍSICA 39 4 METODOLOGIA 43 4.1 ASPECTOS GERAIS DA METODOLOGIA 43 4.2 TIPO DE ESTUDO 43 4.3 LOCAL DA PESQUISA 43 4.4 INFORMANTES 43 4.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 44 4.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 44 4.7 COLETA DE DADOS 44 4.8 ANÁLISE DOS DADOS 48 5 RESULTADOS 50 6 DISCUSSÃO 55 7 CONCLUSÃO 59 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA 60 ANEXO A 66 APÊNDICE A 68 APÊNDICE B 70 APÊNDICE C 74 APÊNCICE D 77 APÊNDICE E 79 APÊNDICE F 81 17 1 INTRODUÇÃO O aumento crescente de mulheres que praticam atividade esportiva impôs à comunidade científica, novos desafios à pesquisa dos efeitos dessa atividade no organismo feminino, mas, para as atletas profissionais, as atividades físicas podem trazer um risco especial, devido aos efeitos negativos no sistema reprodutivo, como irregularidades menstruais (amenorréia secundária, oligoamenorréia, curta fase lútea e anovulação) e no sistema músculo-esquelético, no qual, além das lesões comuns às atletas, os exercícios de alto impacto podem levar ao enfraquecimento da musculatura pélvica, predispondo-as à incontinência urinária de esforço (BORIN, 2006). Segundo a International Continence Society (ICS), a incontinência urinária (IU) é definida como qualquer queixa de perda involuntária de urina, que pode ser considerado um problema comum entre mulheres, com uma taxa de prevalência que varia de 10% a 55% e idade entre 15 a 60 anos (BORIN, 2006; RETT, 2004). Aproximadamente 200 milhões de pessoas no mundo apresentam algum tipo de IU, o mais freqüente tipo é a incontinência urinária de esforço (IUE), definida como a queixa de perda involuntária de urina mediante um esforço físico, espirro, tosse ou atividade física. Entretanto, de acordo com a terminologia e padronização da ICS, a IUE pode ser considerada como um sintoma, um sinal, uma observação urodinâmica ou a combinação destes fatores (RETT, 2004). A IUE representa uma barreira grande para a participação de mulheres em atividades esportivas, interfere em sua saúde, bem-estar e amor próprio. Em atletas, a maior prevalência é em mulheres, atletas de elite, jovens e nulíparas, geralmente praticantes de esportes que envolvam alto impacto (BORIN, 2006; RETT, 2004). Segundo Silva et al (2005) a IUE não é apenas um problema geriátrico, uma vez que sua prevalência em mulheres de meia- idade é de 30%, sendo que este valor sobe para 47% em mulheres que se exercitam regularmente, sendo que as atividades que mais causam perda urinária são saltos com pernas abertas (30%), salto com pernas juntas (28%), corrida (30%) e esporte de alto impacto sobre o solo (14%). Dentre as modalidades, a taxa de prevalência da IUE varia de 10% na natação (modalidade de baixo impacto), chegando até 40% para o atletismo e atividades aeróbicas (alto impacto), levando 20% dessas esportistas a abandonarem suas atividades e 40% a mudarem de modalidade (BORIN, 2006). 18 Mas a perda urinária não está relacionada com as irregularidades menstruais, peso ou altura das atletas, nem com a duração do tempo de jogo, pois os exercícios de alto impacto são os que mais aumentam a pressão intra-abdominal, pela contração do diafragma e dos músculos abdominais, justificando a prevalência da IUE, comparados às outras atividades esportivas (BORIN, 2006). Sabe-se que em atletas a força da musculatura abdominal tende a ser alta, isso pode ser tanto devido à modalidade esportiva que exija essa musculatura, quanto devido o treinamento físico geral que estas são submetidas. Se houver fraqueza da musculatura do assoalho pélvico em relação a uma alta pressão intra-abdominal que é criada, podem ocorrer episódios de perda urinária quando submetidas ao esforço físico, mesmo na ausência dos outros fatores de riscos (SILVA et al, 2005). Sendo assim, nas atividades de alto impacto, haverá uma maior solicitação de contenção e suporte por parte dos músculos do assoalho pélvico, que devem estar preparados e fortalecidos, preservando sua função, prevenindo a IUE (BORIN, 2006). Boucier e Juras (1995 apud Borin, 2006) classificaram algumas modalidades esportivas de acordo com o risco para os músculos do assoalho pélvico (AP), sendo as modalidades avaliadas por esse estudo, o voleibol e o basquetebol, consideradas de alto risco. Sendo assim, necessitam de pesquisas que auxiliem os profissionais em relação à prescrição de atividades físicas esportivas para mulheres, a fim de prevenir complicações e promover tratamentos adequados. Visto que os benefícios da atividade física já são bem conhecidos, resta- nos aprofundar nos distúrbios ocorridos na população de mulheres praticantes de esportes e/ou atividades físicas, a fim de que o diagnóstico precoce seja a melhor forma de intervenção (MOLINARE, 2000). As modalidades esportivas no presente estudo, além de serem considerados de alto impacto, podem produzir um aumento exagerado e freqüente na pressão intra-abdominal, um dos fatores desencadeadores da incontinência urinária de esforço em atletas. Portanto o presente trabalho justifica-se pela necessidade de avaliar a capacidade de contração do assoalho pélvico a fim de analisar que modalidade esportiva causará maiores distúrbios às estruturas pélvicas, possibilitando a realização de trabalhos preventivos. 19 2 OBJETIVO Objetivo geral: Comparar a capacidade de contração do assoalho pélvico entre atletas praticantes de voleibol e basquetebol, e correlacionar com o desenvolvimento de incontinência urinária de esforço. Objetivos específicos: Realizar teste do AFA para avaliação da capacidade de contração do assoalho pélvico das atletas; Analisar a capacidade de contração do assoalho pélvico das atletas, através do Biofeedback Eletromiográfico; Comparar estatisticamente os resultados da avaliação entre as duas modalidades do estudo; Relacionar a capacidade de contração do assoalho pélvico com sintomas de incontinência urinária de esforço, a partir dos resultados da avaliação. 20 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 ANATOMIA FUNCIONAL DA PELVE A pelve ocupa uma posição intermediária entre o tronco e os membros inferiores. Sendo constituída por dois ossos ilíacos, o sacro e o cóccix; estes ossos se articulam na sínfise púbica, e nas juntas sacroilíacas direitas e esquerdas para formar um anel ósseo. Eles são presos por alguns dos ligamentos mais fortes do corpo. O conjunto de ossos e músculos que ocupam a base deste anel tem o formato de uma bacia. Onde a cavidade superior corresponde à “falsa” pelve, que contem os órgãos abdominais e a cavidade inferior corresponde à pelve “verdadeira”, que abriga a bexiga, parte dos ureteres e o sistema genital, além da porção final do tubo digestório (POLDEN; MANTLE, 2000; BARACHO; LOTTI; REIS, 2007). A pelve “falsa”, considerada maior, é a parte da cavidade abdominal propriamente dita sendo de pouca importância clínica. A pelve “verdadeira” considerada menor possui uma entrada (abertura superior), uma saída (abertura inferior) e uma cavidade pélvica, que se localiza entre as aberturas superior e inferior. Ela é um canal curvado, curto, com uma parede anterior rasa e uma parede posterior muito mais profunda (MOORE; DALLEY, 2007). Snell (1999), afirma que a pelve óssea com suas articulações forma uma estrutura forte, que contém e protege as partes inferiores dos tratos urinários, intestinais e dos órgãos internos de reprodução. Além de servir de escudo protetor para os importantes conteúdos pélvicos, ela também suporta o tronco e transmiti o peso do corpo para os membros inferiores ao andar e para as tuberosidades isquiáticas ao sentar. As mesmas servem de fixação para os músculos, sendo revestida pelo obturador interno, piriforme e coccígeo (POLDEN; MANTLE, 2000; BARACHO; LOTTI; REIS, 2007). De acordo com Moreno (2004), não se encontram duas pelves iguais e a forma e tamanho variam conforme os aspectos individuais, familiares e raciais. O reconhecimento da forma e da dimensão da pelve feminina é de grande relevância para a obstetrícia e ginecologia, uma vez que, ela é o canal ósseo através do qual o bebê passa durante o nascimento. Segundo Silva e Silva (2003), a pelve demonstra um grande número de diferenças sexuais: a pelve masculina tende a ser maior, fixações ligamentosas mais acentuadas, 21 músculos com maior trofismo, cavidade mais funda, faces laterais mais planas, estando o sacro e o cóccix mais anteriormente que a pelve feminina. Esta por sua vez é mais leve, arcabouço ósseo delicado e raso, o sacro e o cóccix são mais planos e menos salientes anteriormente para não angustiar o canal de parto. 3.1.1 Biomecânica da pelve A pelve foi comparada com um anel, aparecendo como um raio curvo no plano frontal e como uma alavanca angulada irregular no plano sagital. Quando o corpo está em movimento, os ligamentos e os músculos devem controlar os movimentos de rotação e translação (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004). De acordo com Moore e Dalley (2007), as quatro partes da pelve são unidas por ligamentos densos, e em quatro articulações: duas articulações sinoviais (articulações sacroilíacas) e duas articulações cartilaginosas secundárias (sínfise púbica e articulação sacrococcígea). A articulação do quadril apresenta alta mobilidade. Os movimentos permitidos pelo quadril, descritos como referencial ao fêmur, incluem a flexão e a extensão no plano sagital, abdução e adução no plano frontal e, rotação medial e lateral no plano transverso (RASCH, 1991). Para Silva e Silva (2003), a pelve óssea fornece uma ligação estável e forte entre o tronco e as extremidades inferiores, sendo composta de quatro ossos: os dois ossos do quadril, que formam as paredes anterior e lateral e os ossos sacro e cóccix, que são parte da coluna vertebral e formam a parede posterior da pelve. Os dois ossos do quadril articulam anteriormente entre si na sínfise púbica e posteriormente com o sacro nas articulações sacroilíacas. As articulações lombossacrais, sacrococcígea, sacroilíaca, sínfise púbica e coxofemoral, e os ligamentos, fáscias e músculos são responsáveis pela integridade biomecânica da pelve. Além disso, ela irá recebe uma força em sentido ascendente proveniente de apoios no chão e outra descendente proveniente da gravidade e do movimento dos seguimentos superiores (KAPANDJI, 2000). A ação da gravidade sobre a pelve força o anel pélvico posterior a fazer uma rotação para baixo ao redor dos eixos do quadril. Se a parte posterior da pelve é forçada para baixo, a 22 anterior é forçada para cima. Entretanto, os flexores do quadril e o ligamento iliofemoral resistem à força para cima. Quanto mais horizontal a inclinação pélvica, maiores a força para baixo e o braço de alavanca entre a junção lombossacra e a articulação sacroilíaca (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004). 3.1.2 Ligamentos da pelve De acordo com Stephenson e O’connor (2004) os ligamentos da pelve representam uma articulação fibrosa do tipo sindesmose. São vertebropélvicos e possuem fortes feixes de tecido conjuntivo fibroso, denso, que por apresentarem essas características, garantem a limitação de alguns movimentos exagerados e indesejados durante os movimentos da pelve, como durante a locomoção, por exemplo (ILUSTRAÇÃO 01). ILUSTRAÇÃO 01: Estruturas ligamentares da pelve. FONTE: Po lde e Mantle, 2000. No plano frontal, o ligamento iliolombar, o suporte ligamentar lombossacral, os músculos posteriores das costas e os músculos laterais do abdome mantêm a estabilidade (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004). O ligamento íliolombar liga o osso do ilíaco à vértebra L5, o sacrotuberal interliga a tuberosidade isquiátia ao sacro, o sacroespinhal liga as espinhas ilíacas ao sacro, os ligamentos sacroilíacos são encontrados anteriormente e posteriormente à articulação sacroilíaca, consistem em dois delgados folhetos de fibras transversas (ligamentos sacroilíacos 23 anteriores e posteriores, respectivamente) e os sacroilíacos interósseos encontram-se entre as tuberosidades sacral e ilíaca e são constituídos de fibra compactas muito fortes (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004) (ILUSTRAÇÃO 02). ILUSTRAÇÃO 02: Ligamentos da Pelve. FONTE: Po lden e Mantle, 2000. Os ligamentos sacroespinhais, são responsáveis por resistir às forças de rotação externa do anel pélvico. Já o complexo ligamentar sacro-tuberositário, é responsável por resistir a forças de cisalhamento, tentando impedir que a hemipelve se desvie no sentido vertical. Já os ligamentos sacroilíacos anteriores são potentes, resistindo às forças de rotação externa e cisalhamento. Por fim, a força que age no mecanismo de rotação interna por compressão lateral resulta no impacto sobre a crista ilíaca, provocando rotação da hemipelve para cima, conhecida como lesão em alça de balde, ressaltando que essa força pode também atuar através da cabeça do fêmur, causando freqüentemente, lesão ipsilateral (HERBERT et al, 2003). 3.1.3 Tipos de pelve A pelve pode ser classificada de acordo com a forma de sua abertura superior, podendo ser classificada de quatro tipos diferentes: antropóide, platipelóide, andróide e ginecóide (MORENO, 2004; BARACHO; LOTTI; REIS, 2007; MOORE; DALLEY, 2007) (ILUSTRAÇÃO 03). 24 A pelve antropóide apresenta-se de forma oval estreita e longa, com o diâmetro sagital da abertura superior maior que o diâmetro transverso. Este tipo de pelve é encontrado em alguns homens, em 23,5% das mulheres brancas e em 40,5% das mulheres negras (BARACHO; LOTTI; REIS, 2007). A pelve platipelóide apresenta o diâmetro transverso maior que o sagital, dando uma característica achatada. É raro tanto em mulheres quanto em homens, aparecendo em 2,6% das mulheres brancas e 1,7% das negras (SILVA; SILVA, 2003; MORENO, 2004; BARACHO; LOTTI; REIS, 2007) A pelve andróide irá possuir um amplo diâmetro transverso e sua parte posterior da abertura superior da pelve é estreita. Este tipo está presente na maioria dos homens, em 32,5% das mulheres brancas e 1,7% das negras (SILVA; SILVA, 2003; MORENO, 2004; BARACHO; LOTTI; REIS, 2007). A pelve ginecóide é o tipo mais comum e considerado o ideal em casos de partos normais, pois é o tipo mais espaçoso em termos obstétricos. Possui prevalência de 43% nas mulheres brancas e negras. Sua abertura superior apresenta forma ligeiramente oval, onde o diâmetro transverso se sobrepõe ao sagital (SILVA; SILVA, 2003; MORENO, 2004; BARACHO; LOTTI; REIS, 2007). ILUSTRAÇÃO 03: Tipos de Pelve. FONTE: www.cleber.co m.b r 3.2 ASSOALHO PÉLVICO O assoalho pélvico tem sido definido de várias formas. Alguns autores definem-o como sendo somente o diafragma pélvico, outros consideram também o diafragma urogenital. 25 Porém, para Gardner; Gray e O’Rahilly (1988) a melhor definição é aquela que inclui todas as estruturas que dão suporte as vísceras abdominais e pélvicas. Entre estas encontramos o peritoneu, acima, os diafragmas pélvico e urogenital, abaixo, e as demais es truturas entre peritoneu e os diafragmas (ILUSTRAÇÃO 04). A parte mais inferior do assoalho pélvico apresenta duas aberturas no plano mediano. A abertura posterior permite que o reto passe através do diafragma da pelve; a anterior para uretra, no homem, e na mulher, para uretra e vagina (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY 1988; TORTORA; GRABOWSKI, 2000). O assoalho pélvico é uma estrutura complexa em forma de tigela ou funil, formado por várias estruturas que vão desde o peritônio parietal até a pele da vulva, o qua l tem como objetivo sustentar os órgãos internos; principalmente o útero, a bexiga e o reto; além de proporcionar ação esfincteriana para uretra, vagina e reto; permitir a passagem do feto na ocasião do parto e melhorar o prazer sexual (BARACHO; LOTTI; REIS, 2007; KISNER; COLBY, 1998; MOORE; DALLEY, 2007; GROSSE; SENGLER, 2002). ILUSTRAÇÃO 04: Anatomia do assoalho pélvico femin ino. FONTE: Netter, 2003. Os músculos do assoalho pélvico são compostos por fibras musculares estriadas esqueléticas do tipo I, de contração lenta ou tônica e tipo II, contração rápida ou fásica. As fibras do tipo I são resistentes a fadiga e as do tipo II são pouco resistentes a fadiga, mas produzem uma alta ordem de força na contração. Estes fatos sustentam a argumentação de o músculo elevador do ânus é adaptado para manter sua função por períodos prolongados de tempo, assim como para resistir a ascensões repentinas em pressão intra-abdominal, por exemplo, tossir, espirrar, correr, na defecação, na micção e no parto (SILVA; SILVA, 2003). 26 3.2.1 Diafragma pélvico O diafragma pélvico é composto pelos músculos: levantador do ânus e o coccígio, juntamente com a fáscia que recobre suas faces externas e internas. O diafragma pélvico vai do púbis, anteriormente, ao cóccix, posteriormente, e da parede lateral da pelve a outra. Essa disposição dá ao diafragma pélvico a aparência de funil, suspenso pelas suas inserções (TORTORA; GRABOWSKI, 2000). O músculo levantador do ânus é o maior e mais importante músculo do assoalho pélvico e é dividido em duas partes, o músculo pubococcígio e o ilicoccígio (ILUSTRAÇÃO 05). O pubococcígio tem uma única origem no púbis e várias inserções como, no cóccix, uretra, canal anal, tendão central do períneo e faixa fibrosa estreita, que se estende do ânus ao cóccix. Já o ilicoccígio tem origem na espinha esquiática e se insere no cóccix. O levantador do ânus sustenta as vísceras pélvicas, resiste ao aumento da pressão intra-abdominal durante funções como expiração forçada, a tosse, o vômito, a micção e a defecação. Ele também funciona como esfíncter na junção anorretal, na uretra e na vagina além de sustentar a cabeça do feto durante o parto (TORTORA; GRABOWSKI, 2000). ILUSTRAÇÃO 05: Músculo elevador do ânus . FONTE: Netter, 2003. O músculo coccígeo tem origem na espinha isquiática e se insere na região inferior do sacro e superior do cóccix. Além de ajudar o levantador do ânus, o músculo coccígeo puxa o cóccix, anteriormente, após ele ter sido deslocado posteriormente durante a defecação ou o parto (TORTORA; GRABOWSKI, 2000). 27 3.2.1.1 Inervação do diafragma pélvico O levantador do ânus (pubococcígeo e iliococcígeo) é inervado pelos nervos espinhais sacrais de S2 a S4, o coccígeo é inervado pelos nervos espinhais sacrais de S4 e S5 (TORTORA; GRABOWSKI, 2000) (ILUSTRAÇÃO 06). ILUSTRAÇÃO 06: Inervação do assoalho pélvico. FONTE: Henscher, 2007. 3.2.2 Fáscia Pélvica A fáscia da pelve é dividida em fáscia parietal e fáscia visceral. A fáscia parietal reveste as paredes da pelve e está em continuidade com a fáscia endoabdominal, parte desta fáscia reveste o diafragma pélvico, formando a fáscia do diafragma pélvico. Este revestimento está disposto em duas camadas: fáscia superior, que reveste a face pélvica dos músculos levantadores do ânus e coccígeos, e a fáscia inferior, que reveste a face inferior dos mesmos músculos. A fáscia superior se estende da espinha isquiática ao corpo do púbis, e é denominado arco tendíneo da fáscia pélvica, o qual forma, na sua parte anterior o ligamento pubovesical (DANGELO; FATTINI, 2007). A chamada fáscia obturatória é a parte da fáscia parietal que recobre o músculo obturador interno. Formando abaixo do canal obturatório um espessamento, o arco tendíneo do levantador do ânus, que se estende da espinha isquiática ao corpo do púbis, e dá origem a uma parte do músculo levantador do ânus (DANGELO; FATTINI, 2007). 28 A fáscia visceral da pelve é formada pelo tecido extraperitoneal e forma os ligamentos pubovesical, servindo de revestimento para os órgãos pélvicos e de bainha para os vasos (DANGELO; FATTINI, 2007). 3.2.3 Períneo O períneo é a região do tronco localizada inferiormente ao diafragma pélvico. Estendese da sínfise púbica anteriormente, ao cóccix posteriormente e às tuberosidades isquiáticas lateralmente. Uma linha transversal, que passa pelas tuberosidades isquiáticas, divide o períneo no trígono urogenital anterior, que contém a genitália externa, e no trígono anal posterior, que contém o ânus. No centro do períneo, há uma massa cuneiforme de tecido fibroso, chamada centro tendíneo (corpo do períneo), o corpo do períneo fica situado entre as estruturas que perfuram os trígonos urogenital e anal. Ele é um forte tendão, no qual se inserem muitos músculos do períneo (TORTORA; GRABOWSKI, 2000; MOORE; DALLEY, 2007). O corpo perineal é uma estrutura de grande importância porque dá apoio à parede posterior da vagina e ainda indiretamente à parede anterior, para uma posição vertical onde uma aloja-se contra a outra. Isso explica a preocupação em preservar a integridade desta área durante o parto (SILVA; SILVA, 2003). Os músculos do períneo são dispostos em duas camadas: superficial e profunda. Na camada superficial encontramos o transverso superficial do períneo, o bulboesponjoso e o isquicavernoso. Na camada profunda encontramos o transverso profundo do períneo, o esfíncter externo da uretra e o esfíncter externo do ânus (TORTORA; GRABOWSKI, 2000). O transverso superficial do períneo tem origem na tuberosidade isquiática e se insere no tendão do períneo. Ele ajuda a estabilizar o tendão central do períneo (TORTORA; GRABOWSKI, 2000). O bulboesponjoso tem origem no tendão central do períneo e se insere na fáscia inferior do diafragma urogenital, corpo esponjoso do pênis e fáscia profunda no dorso do pênis, nos homens; arco púbico e raiz e dorso do clitóris, nas mulheres. Sua função e ajudar a expelir a urina durante a micção, impulsionar o sêmen pela uretra e na ereção do pênis, nos homens; constringe o orifício vaginal e ajuda na ereção do clitóris, nas mulheres (TORTORA; GRABOWSKI, 2000). 29 O isquiocavernoso origina-se na tuberosidade isquiática e ramos do ísquio e do púbis e insere-se no corpo cavernoso do pênis, nos homens, e do clitóris nas mulheres. Sua função é manter a ereção do pênis, nos homens, e do clitó ris, nas mulheres (TORTORA; GRABOWSKI, 2000). O transverso profundo do períneo tem origem no ramo do ísquio e se insere no tendão central do períneo. Sua e ajudar a expelir as ultimas gotas de urina e sêmen, nos homens, e de urina nas mulheres (TORTORA; GRABOWSKI, 2000). O esfíncter externo da uretra tem origem nos ramos do ísquio e do púbis e se insere na rafe mediana nos homens e parede vaginal nas mulheres. Sua função é a mesma do transverso profundo do períneo (TORTORA; GRABOWSKI, 2000). O esfíncter externo do ânus tem origem no ligamento anococcígeo e se insere no tendão central do períneo. Sua função e manter o canal anal e o ânus fechados (TORTORA; GRABOWSKI, 2000). 3.2.3.1 Inervação do períneo Os músculos do períneo são inervados pelo nervo pudendo do plexo sacral. Mais especificamente todos os músculos são inervados pelo ramo perineal do nervo pudendo, com exceção do esfíncter externo do ânus, que é inervado pelo nervo espinhal sacral S4 e pelo ramo retal inferior do nervo pudendo (TORTORA; GRABOWSKI, 2000). 3.2.4 Triângulo urogenital e anal O triângulo urogenital é formado pelos músculos perineais: isquiocavernoso, bulboesponjoso, transverso superficial e profundo. Estes dois últimos estabilizam o corpo perineal, que ajuda a ancorar as estruturas perineais no lugar. Enquanto que o isquiocavernoso e bulboesponjoso estão anexos ao tecido erétil em ambos os lados do intróito vaginal, são músculos finos e que se inserem no arco púbico e clitóris de modo que quando eles se contraem na atividade sexual eles puxam o clitóris para baixo, comprimindo sua drenagem 30 venosa e facilitando a ereção. Os músculos no diafragma urogenital se relacionam com a micção (SILVA; SILVA, 2003). O triângulo anal é formado pelo músculo levantador do ânus, esfíncter externo do ânus e ligamento anococcígeo (SILVA; SILVA, 2003) (ILUSTRAÇÃO 07). Segundo Dângelo e Fattini (2007), o triângulo anal do períneo é dividido, quase completamente em duas partes simétricas, pelo centro tendinoso do períneo, canal anal e ligamento anococcígeo que se estende do teto da região ao seu assoalho, ou seja, do diafragma pélvico à pele. De cada lado, a fossa isquiorretal é preenchida por tecido adiposo. Seus limites são: lateralmente, a fáscia do músculo obturatório interno; medialmente, o cana l anal e o ligamento anococcígeo. Seu teto é o diafragma pélvico e o assoalho, a tela subcutânea e a pele. Na parede lateral da fossa, o canal pudendo dá passagem ao nervo pudendo e vasos pudendos internos, cujos ramos retais inferiores atravessam o corpo adiposo da fossa isquirretal para alcançar o canal anal. O trígono anal e semelhante nos dois sexos. ILUSTRAÇÃO 07: Triângulo urogenital e anal. FONTE: Henscher, 2007. 3.3 BEXIGA A bexiga é um órgão muscular liso caracterizado pela disposição homogênea de suas fibras, que permitem o armazenamento de volumes crescentes da urina secretada constantemente pelos rins. Logo, a bexiga tem dupla função: armazenar e evacuar a urina (GALHARDO; KATAYAMA, 2007; POLDEN; MANTLE, 2000). Segundo Grosse e Sengler (2002) a bexiga consiste em um saco côncavo de músculo liso combinadamente chamado de músculo detrusor, cujas fibras são ajustadas em uma 31 complexa rede. É um órgão totalmente infraperitoneal alojado na parte anterior do espaço pélvi- intraperitoneal. Está situada acima do assoalho pélvico, atrás da sínfise e do púbis, e na frente do útero e da vagina. Qualquer afecção neste órgão pode repercutir no alto aparelho urinário. Ela deve conter a urina secretada constantemente pelos rins e acumulada durante o intervalo das micções sem fraquejar a urina. Deve expulsar a urina sem esforço, com o mínimo de trabalho durante as micções (GROSSE; SENGLER, 2002) (ILUSTRAÇÃO 08). ILUSTRAÇÃO 08: Mecanis mo de micção. FONTE: www.saudeemovimento.co m.br 3.4 URETRA A uretra constitui o canal de evacuação da urina, que se estende a partir do colo vesical, atravessa a aponeurose média do períneo e desemboca na parte superior da vulva. Situada atrás da sínfise pubiana e na frente da vagina contra a qual está apoiada, na mulher ela possui um comprimento médio de 35 mm, mas as diferenças inter- individuais são acentuadas. A uretra possui uma musculatura própria, lisa e estriada, que constitui uma verdadeira luva em torno de toda a uretra. A musculatura lisa constitui o esfíncter liso, classicamente responsável pelo fechamento do colo em repouso. Sua disfunção é responsável pela dilatação do colo. A musculatura estriada é representada pelo esfíncter externo da uretra que constitui o reforço importante do terço mediano da uretra na mulher (GROSSE; SENGLER, 2002). 32 Segundo Galhardo e Katayama (2007), a uretra está diretamente relacionada com a continência urinária na bexiga e o transporte dessa urina para o meio externo. Em seu trajeto, atravessa o diafragma urogenital, com o qual tem importantes relações. 3.5 NEUROFISIOLOGIA DA MICÇÃO De acordo com Moreno (2004) o conhecimento do funcionamento do trato urinário inferior, bem como dos mecanismos de manutenção da continência urinária são fundamentais para compreensão e tratamento das diversas afecções uroginecológicas, tais como incontinência urinária de esforço, incontinência de urgência e outras. O ato da micção compreende duas fases: armazenamento ou enchimento vesical e esvaziamento ou expulsão, envolvendo funções antagônicas da bexiga e da uretra. A micção e a continência urinária estão sob a coordenação de complexos eventos neurológicos entre sistema nervoso central e sistema nervoso periférico (SN autônomo e SN somático), que garantem o controle voluntário do ato miccional (MONTEIRO; SILVA FILHO, 2007; MORENO, 2004). A interação entre sistema central (SNC), sistema nervoso periférico (SNP) e trato urinário inferior dá-se através de níveis de controle miccionais, circuitos neurológicos e reflexos de micção (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). Além disso, fatores anatômicos e constitucionais dos órgãos pélvico-perineais, como o esfíncter uretral, a topografia infra-abdominal do colo vesical, a coaptação e as dobras da mucosa uretral, o coxim vascular periuretral, os dia fragmas pélvico e urogenital, os ângulos de inclinação da uretra e uretrovesical e as fibras colágenas periuretrais atuam na manutenção da continência urinária (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). 3.5.1 Níveis de controle da micção De acordo com Girão, Bortolini e Castro (2004) os principais níveis de controle da micção são: o córtex cerebral, substância reticular ponto- mesencefálico, núcleos da base, sistema límbico, cerebelo e medula sacral ou centro sacral da micção (ILUSTRAÇÃO 09). 33 ILUSTRAÇÃO 09: Centros de Micção. FONTE: www.betrims.org.br O córtex cerebral representado pelo lobo frontal é responsável pelo controle voluntário da micção. Age inibindo os reflexos de contração do músculo detrusor na fase de enchimento vesical, diante do aumento da pressão vesical (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). A substância reticular ponto- mesencefálico é responsável pela coordenação entre os vários níveis de controle (córtex cerebral, medula espinhal, sistema límbico e cerebelo), ou seja, pela organização dos estímulos aferentes e eferentes do trato urinário durante a fase de enchimento vesical, inibindo o centro sacral da micção e permitindo a acomodação do detrusor (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). Os núcleos da base são formados por um grupo de núcleos subcorticais que atuam inibindo as contrações do músculo detrusor, influenciando no processo de esvaziamento vesical (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). O sistema límbico é formado pelo hipocampo, amígdala e giro ungulado, exercendo influência no funcionamento do trato urinário, principalmente em situações de estresse. O cerebelo atua na coordenação dos vários músculos, inclusive os abdominais envolvidos na postura e no equilíbrio durante a micção (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). A medula sacral ou centro sacral de micção é a via de transmissão de todos os estímulos sensoriais aferentes do trato urinário inferior e constitui o arco reflexo simples entre o detrusor e o sistema esfincteriano uretral (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). 34 3.5.2 Circuitos Neurológicos de Micção Bradley et al (1974 apud Girão, Bortolini e Castro 2004), descreveu quatro alças de controle, com intuito de simplificar a complexidade dos reflexos de micção (ILUSTRAÇÃO 10): Alça I: circuito cefálico (córtex-tronco cerebral), responsável pelo controle voluntário da micção; Alça II: circuito céfalo-espinhal (tronco cerebral - medula sacral), responsável por manter a contração do músculo detrusor até o total esvaziamento vesical; Alça III: circuito espinhal (centro medular central – detrusor – esfíncter externo da uretra) permite a sincronia entre contração do detrusor e relaxamento uretral e vice-versa. Alça IV: circuito formado entre o córtex cerebral e centro sacral da micção nas vias responsáveis pelo controle voluntário da musculatura estriada do esfíncter uretral. Além destes circuitos, foram descritos 32 reflexos da micção, divididos em reflexos de continência, reflexos de início de micção, reflexos intramiccionais e reflexos de cessação de micção (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). ILUSTRAÇÃO 10: Controle Neurológico da M icção. FONTE: www.uroginecologia.co m.br 3.5.3 Sistema Nervoso Periférico Esse é formado pelo Sistema Nervoso Autônomo (Simpático e Parassimpático) e Sistema Nervoso Somático (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). 35 O SNA simpático origina-se na medula espinhal, entre os segmentos T10 a 12 e é representado principalmente pelo nervo hipogástrico. Suas fibras pré-sinápticas são curtas e têm como neurotransmissor a acetilcolina, enquanto as fibras pós-sinápticas têm como neurotransmissor a noradrenalina (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). Podem atuar nos receptores α e β. Os receptores α predominam na uretra e, quando estimulados, promovem a contração do esfíncter externo da uretra. Já os receptores β predominam na bexiga e quase inexistem na uretra e, uma vez estimulados, atuam relaxando o músculo detrusor. Portanto o SNA simpático atua principalmente na fase de armazenamento urinário (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). O SNA parassimpático origina-se na medula sacral, entre os segmentos S2 a S4, e é representado principalmente pelo nervo pélvico. As fibras pré-ganglionares são longas e terminam em gânglios da parede vesical. O neurotransmissor do SNA parassimpático é sempre a acetilcolina, que atua principalmente nos receptores nicotínicos, localizados na sinapse pré-ganglionar e nos receptores muscarínicos na parede vesical. A acetilcolina produz a contração do músculo detrusor e o relaxamento do esfíncter externo uretral. Portanto o SNA parassimpático atua na fase de esvaziamento vesical (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). O SN somático origina-se na medula sacral, no núcleo somatomotor ou núcleo de Onuf’s, e é representado pelo nervo pudendo, que inerva a musculatura do diafragma pélvico e esfíncter externo da uretra, e envia algumas fibras para o trato urinário inferior. Sendo responsável em iniciar os mecanismos de enchimento e esvaziamento vesical, com a contração e relaxamento dos músculos do assoalho pélvico e musculatura estriada da uretra, através do controle voluntário da micção, previamente ao desencadeamento dos reflexos autonômicos da micção (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). 3.5.4 Fases da Micção O armazenamento vesical inicia-se após cada micção e dá-se pela combinação de propriedades passivas da bexiga e sua inervação, resultando na complacência vesical e garantindo a acomodação vesical. Há inibição do SNC sobre o centro sacral, o músculo detrusor, e o centro de somatomotor sacral, com predomínio da atuação do sistema nervoso simpático nos receptores α-adrenérgicos do músculo liso do esfíncter uretral e do sistema 36 nervoso somático nas fibras estriadas do esfíncter uretral (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). O esvaziamento vesical inicia-se com o relaxamento do assoalho pélvico e esfíncter esterno da uretra, com o término da atividade eferente do nervo pudendo. Há a ativação excitatória do SNC sobre o SNA parassimpático, que atua nos receptores muscarínicos da musculatura lisa da bexiga e no esfíncter uretral, causando contração do detrusor e relaxamento da uretra (GIRÃO; BORTOLINI; CASTRO, 2004). 3.6 CONTINÊNCIA URINÁRIA A continência é a capacidade normal de uma pessoa em acumular fezes e urina, com controle consciente sobre o tempo e o lugar para urinar e defecar. No adulto há uma variação considerável no volume que é acumulado, e na freqüência de micção e defecação (POLDEN ; MANTLE, 2000). A continência urinária é favorecida pelos seguintes fatores: a bexiga e a uretra devem ser estruturalmente normais e sadias; o suprimento nervoso à bexiga, uretra, esfíncter externo e assoalho pélvico deve estar intacto; a bexiga deve estar posicionada de forma que o seu colo fique bem apoiado e seja capaz de se fechar; a uretra é reta e não inclinada; a bexiga deve estar posicionada e apoiada bastante alta, de modo que a pressão intra-abdominal seja transmitida tanto a ela como a parte proximal da uretra; o tamanho da bexiga, e, portanto sua capacidade, deve ser normal (POLDEN; MANTLE, 2000). A urina está sendo continuamente produzida e passa, por meio de peristaltismo, para a bexiga em quantidades variáveis, vinda dos rins através dos ureteres. A bexiga estável normal aumenta o seu volume para conter e armazenar o líquido que chega, sem o aumento significativo na pressão, até que esteja completamente distendida, e sem as contrações involuntárias do detrusor mesmo com provocação, por exemplo, uma tosse, ou mudanças de posição. A pressão atual na bexiga é uma mistura de pressão intra-abdominal vinda de fora e a pressão exercida pela elasticidade do músculo detrusor (POLDEN; MANTLE, 2000). As ondas peristálticas de contração muscular descem às paredes dos ureteres, e a sua entrada obliqua na bexiga que as obstrui quando o detrusor se contrai impede o refluxo da urina. A urina é também impedida de sair pela uretra por uma pressão de fechamento considerada de 40 a 50 cmH2 O (POLDEN; MANTLE, 2000). 37 Eventualmente, na medida em que continua o enchimento, o limite de distensibilidade da parede da bexiga é atingido e então a pressão começa a subir. A capacidade média da bexiga está entre 350 a 500 ml. A continência é mantida enquanto a pressão dentro da bexiga for inferior à pressão de fechamento da uretra (POLDEN; MANTLE, 2000). Segundo Zanatta (2003), tanto o armazenamento eficiente quanto o esvaziamento adequado são condições necessárias para que haja continência urinária. A continência é controlada neurologicamente a nível espinhal, pontino e cerebral, os quais interagem harmoniosamente através de uma combinação de vias autônomas e somáticas (ZANATTA, 2003). 3.7 INCONTINÊNCIA URINÁRIA A Sociedade Internacional de Continência (ICS) padronizou a nomenclatura em urologia (ABRAMS et al, 2003) com finalidade de uniformizar protocolos de diagnóstico e tratamentos, facilitando as comparações de resultados e possibilitando uma comunicação efetiva entre investigadores. Dessa forma, é fundamental a adoção dos termos adequados na anamnese, exame clínico e urodinâmico. A incontinência urinária (IU) é definida como qualquer perda involuntária de urina, exceto para crianças (MONTEIRO; SILVA FILHO, 2007). A incontinência urinária na mulher é uma condição freqüente, com sua prevalência variando entre 10 e 40 %, dependendo da faixa etária e da população que é estudada. Sua prevalência aumenta com a idade, e apesar de não ser uma doença que leva à morte, pode, muitas vezes, levar à vergonha, à depressão e ao isolamento social ( DINIZ; TÁVORA; PAULA, 2007). A IU é um sintoma e não um diagnóstico, que apresenta uma implicação social, causando desconforto, vergonha, perda da autoconfiança, e que pode ter efeito negativo na qualidade de vida (ZANATTA, 2003). Os mecanismos dessas eliminações involuntárias de urina são variados, diversos e intrincados. A qualidade da continência e da micção depende de um equilíbrio entre forças de expulsão e forças de retenção. As perdas urinárias ocorrem quando as forças de expulsão superam as forças de retenção (GROSSE; SENGLER, 2002). 38 Quando a função de retenção e expulsão da urina sofrer qualquer distúrbio, podem surgir vários sintomas urinários, sendo a IU o principal sinal de retenção anormal (MONTEIRO; SILVA FILHO, 2007). A incontinência urinária, em todas as suas formas no adulto, atinge preponderantemente as mulheres, essa desigualdade explica-se por razões anatômicas; já que estas possuem uretra curta (3 a 4 cm), razões vasculares e tróficas. Na mulher, essa troficidade é em grande parte hormono-dependente, com dois períodos de carências de riscos, no pósparto imediato e na menopausa. Estes são fatores que contribuem para diminuição progressiva dessas forças de retenção (GROSSE; SENGLER, 2002). Existem alguns fatores relevantes relacionados como: idade, multiparidade, menopausa e partos vaginais laboriosos. Porém a causa mais comum da incontinência urinária é o enfraquecimento do assoalho pélvico, pois o mesmo fortalecido mantém a uretra fechada até a hora de urinar. Já um assoalho pélvico enfraquecido não consegue segurar a uretra na posição anatômica correta, então qualquer movimento de esforço que faça pressão sobre a bexiga, pode facilitar o afrouxamento e vedação da uretra, permitindo que a urina escape (VENDEIRO, 2007; CAVALCANTI, 2001). De acordo com Zanatta (2003), a Sociedade Internacional de Continência, classifica a incontinência urinária em: - Incontinência urinária de esforço (IUE): ocorre quando a pressão vesical excede a pressão uretral máxima, na ausência de contração do detrusor. Sendo que esta pressão está relacionada ao esforço. - Urge-incontinência: consiste na perda involuntária de urina associada ao intenso desejo miccional. - Incontinência reflexa: é a perda involuntária de urina devido, à hiperreflexia do detrusor e/ou relaxamento involuntário do esfíncter uretral na ausência de sensibilidade, podendo estar associada ao desejo miccional. Este quadro é observado em pacientes com alterações neurológicas da bexiga e/ou uretra. - Incontinência por transbordamento: consiste na perda involuntária de urina associada com hiperdistensão vesical, mas na ausência de contração do detrusor. - Incontinência paradoxal: consiste na retenção urinária crônica associada com contração involuntária do detrusor, provocando a incontinência urinária. De acordo com Ferro (2005), a incontinência urinária diminui a qualidade de vida da mulher, tornando sua vida limitada, pois o uso diário de absorventes, o custo com medicamentos, a freqüência miccional aumentada, o odor característico da urina, as restrições 39 de determinadas atividades físicas e as perdas de urina durante o ato sexual levam ao constrangimento e ao afastamento social. 3.8 INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO E ATIVIDADE FÍSICA Segundo Moreno (2004), a prática de esportes e a atividade física passaram a fazer parte do cotidiano de muitas mulheres, seja como lazer ou atividade profissional. Vários estudos afirmam que a IU feminina é uma afecção com uma incidência muito maior do que relata a literatura e, predominantemente superior em mulheres esportistas, quando comparadas com mulheres sedentárias. Portanto, a incontinência urinária de esforço é a perda involuntária de urina mediante esforço físico ou atividade física, quando a pressão intra-abdominal excede a pressão intravesical, na ausência de atividade detrusora. Caracteriza-se por ser mais freqüente e multifatorial, tendo maior incidência em mulheres. Em termos práticos, a IUE pode ocorrer em duas situações distintas, embora algumas vezes elas possam coexistir (GÉO et al, 2007; RETT, 2004). A primeira situação é denominada IUE anatômica ou hipermobilidade do colo vesical e uretra proximal. Em uma situação normal de repouso, a pressão uretral é maior que a pressão vesical, determinando a continência. No entanto, na vigência de uma hipermobilidade, quando ocorre aumento da pressão abdominal durante os esforços, esta pressão não é transmitida igualmente para uretra e bexiga, de maneira que a pressão vesical torna-se maior que a pressão uretral, ocorrendo perda urinária. Por ser considerada uma incontinência anatômica, as principais estruturas que podem estar comprometidas são os músculos do AP, a fáscia endopélvica e os ligamentos (RETT, 2004). A segunda condição é denominada IUE esfincteriana, decorrente da lesão do mecanismo esfincteriano intrínseco da uretra, onde a pressão uretral é constantemente baixa e a perda urinária ocorre geralmente aos mínimos esforços, e até no repouso. Nesta situação a hipermobilidade é pouco presente, pois geralmente o colo vesical encontra-se fixo, com fibrose periuretral. Pode estar associada a cirurgias prévias para IUE, traumas, hipoestrogenismo, malformações congênitas, mielodisplasias, entre outras (RETT, 2004). A atividade física pode ter significado diferente para cada mulher, desde competições de alto nível, ainda que amadoras como corridas e maratonas, até caminhadas em parques ou 40 clubes. De acordo com Borin (2006), os exercícios de alto impacto são os que mais aumentam a pressão intra-abdominal se comparado a outras modalidades esportivas. Sendo que estes para atletas femininas podem trazer um risco especial por conta dos efeitos negativos no sistema reprodutor, onde anormalidades menstruais são comuns e no sistema musculoesquelético, que além das lesões comuns às atletas os exercícios de alto impacto podem levar ao enfraquecimento da musculatura pélvica, tornando-as suscetíveis a incontinência urinária de esforço. Moreno (2004) nos diz que movimentos de alto impacto resultam em força de impacto no assoalho pélvico de 3 a 4 vezes maior que o peso corporal da atleta , esse impacto sobre a ação de suporte do assoalho pélvico pode ser amenizado com uma contração simultânea e igualmente forte desses músculos. Existem situações que exigem aumento da pressão intra-abdominal, como: tossir, espirrar, rir, levantar objetos pesados e praticar esportes; sobrecarregando os músculos do assoalho pélvico, enfraquecendo-os progressivamente. Também contribui para esse enfraquecimento as desordens inerentes à gravidez, intervenções cirúrgicas ginecológicas, obesidade, incontinência urinária e prolapsos do assoalho pélvico (SILVA; SILVA, 2003). Na hipertensão abdominal, a uretra proximal e o colo vesical são atraídos para cima e para frente, colando-se contra a sínfise pubiana. Esse movimento é essencial para equilibrar as forças de pressão diafragmática e/ou abdominais, pois a hiperpressão abdominal, representa uma força vertical de cima para baixo, ao mesmo tempo em que o assoalho pélvico cria uma tração para cima e para frente. A simultaneidade das duas forças provoca um fenômeno de cisalhamento que desvia a hiperpressão abdominal para baixo e para trás. Portanto se o elevador do ânus não se contrair com o esforço, a uretra e o colo vesical deixam de ser atraídos em direção à sínfise pubiana e o elevador do ânus não atua mais como esfíncter periuretral permitindo assim a perda da urina. Por isso muitos atletas apresentam incontinência urinária de esforço, devido ao desequilíbrio entre as forças do abdômen e do assoalho pélvico, resultando em grandes pressões à bexiga, culminando em perdas (OLIVEIRA; RODRIGUES; PAULA, 2007; GROSSE; SENGLER, 2002). A incontinência urinária de esforço é mais comum em a tletas do sexo feminino praticantes de atividades esportivas de alto impacto que incluem saltos ou exercícios de contração abdominal máxima, de forma repetitiva, como: jogos de equipe (basquetebol, voleibol e handebol), atletismo, ginástica olímpica, equitação, dentre outros (MORENO, 2004). 41 A ação desses esportes, relacionada ao aumento da pressão intra-abdominal e ao efeito sobre os músculos do assoalho pélvico, pode auxiliar os profissionais envolvidos diretamente com as atletas, como treinadores, médicos e fisioterapeutas, e incentivá- los a incluir em seus treinamentos, tratamentos e terapias para o fortalecimento do assoalho pélvico, melhorando a qualidade de vida dessa população feminina (MORENO, 2004). 3.9 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA A avaliação fisioterapêutica para a incontinência urinária de esforço deve incluir os dados pessoais da paciente, diagnóstico clínico, achados urodinâmicos, prática de atividade/exercícios, história do estado atual, início da incontinência, circunstâncias de perda (espirro, tosse, riso, peso, etc.), freqüência e quantidade de perda, sintomas urinários gerais, diário miccional, exame físico, história obstétrica, além da avaliação subjetiva da paciente frente à sua condição emocional e social (ZANATTA, 2003). A avaliação funcional do AP reveste-se de importância clínica no tratamento conservador da IU por facilitar o manejo terapêutico, uma vez que, proporciona a noção da capacidade de contração da musculatura do assoalho pélvico, bem como a manutenção dessa contração na vigência de exercício físico. Ao permitir a adequação do planejamento terapêutico de acordo com a avaliação funcional do AP de cada paciente, podemos ter maiores chances de sucesso terapêutico (MILTRANO; MORENO, 2004). A palpação digital e o perineômetro são os meios pelos quais se realizam a avaliação funcional do assoalho pélvico. O perineômetro é mais empregado em associação com técnicas de biofeedback (MILTRANO; MORENO, 2004). Entre as técnicas de avaliação, aquela descrita por Ortiz, mostra-se simples e de fácil execução. Desta forma, a escala de Ortiz, constitui, na análise da função do assoalho pélvico visualmente e pela palpação. É realizada a visualização da genitália externa, verificando-se a presença ou ausência de contração voluntária visível dessa musculatura, após um comando verbal. A palpação é feita por meio de um toque bidigital realizado com o uso de luvas e gel lubrificante, consiste na introdução dos dedos médio e indicador na vagina da paciente, e logo em seguida afastando-os para assim poder graduar a força de contração (SOUZA; CARVALHO, 2007). 42 De acordo com Moreira et al (2002 apud BORIN, 2006), a avaliação pressórica do AP realizada pelo biofeedback, demonstra ser eficaz no que se refere ao acompanhamento evolutivo das condições dessa musculatura. É um método bastante utilizado na prática clínica e em estudos científicos com o objetivo de analisar a funcionalidade dos músculos do assoalho pélvico Rett et al (2005) afirma que os músculos do assoalho pélvico são compostos por fibras musculares estriadas esqueléticas do tipo I (contração lenta ou tônica) e tipo II (contração rápida ou fásica), os mesmos podem ter sua atividade avaliada pela eletromiografia de superfície (sEMG). A sEMG registra os potenciais elétricos gerados pela despo larização das fibras musculares em repouso e durante a contração voluntária, podendo ser considerada medida indireta de força muscular. Além de avaliar a capacidade de contração, a sEMG registra a sua amplitude em microvolts (µV), sendo que os valores registrados em repouso caracterizam o tônus basal do músculo (RETT et al, 2005; RETT, 2004). 43 4 METODOLOGIA 4.1 ASPECTOS GERAIS DA METODOLOGIA Após o aceite da orientadora Cibele Nazaré da Silva Câmara (APÊNDICE A) e aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade da Amazônia (ANEXO A), a pesquisa pode ser realizada, seguindo algumas etapas (APÊNDICE F). Aplicou-se aos participantes da pesquisa o Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE, de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (2000), para que assim todas as informações pertinentes à clientela em questão pudessem ser preservadas no processo de análise (APÊNDICE B). 4.2 TIPO DE ESTUDO O estudo é quantitativo do tipo observacional, transversal e comparativo no qual foi comparada a capacidade de contração do assoalho pélvico entre atletas de voleibol e basquetebol, e então correlacionadas com sintomas de incontinência urinária de esforço. 4.3 LOCAL DA PESQUISA O presente estudo foi realizado na Clínica de Fisioterapia (CAFISIO), Avenida Senador Lemos, n° 129, no período vespertino e noturno, durante os meses de agosto a novembro de 2008, segunda-feira a sábados, exceto domingos e feriados, após a aceitação da proprietária da clínica (APÊNDICE D). 4.4 INFORMANTES 44 Foram informantes da pesquisa atletas femininas de voleibol e basquetebol com mais de um ano de treinamento, submetidas a uma avaliação fisioterapêutica (APÊNDICE C). Participaram da pesquisa todas aquelas que se enquadraram nos critérios do estudo e aceitaram a participação no mesmo. 4.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Atletas femininas de voleibol e basquetebol, entre a faixa etária de 16 a 26 anos, com mais de um ano de treinamento profissional, nulíparas, sexualmente ativas e que não t ivessem sofrido intercorrência cirúrgica ginecológica. 4.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Atletas femininas de voleibol e basquetebol com faixa etária inferior a 16 e superior a 26 anos, com treinamento profissional inferior a 1 ano, sem vida sexual ativa, grávida, e submetidas à cirurgia ginecológica. 4.7 COLETA DE DADOS A população do estudo consiste em 37 atletas de basquetebol e 42 de voleibol, ambos do sexo feminino. Foram excluídas do estudo 8 atletas de basquetebol (5- virgens; 3multíparas) e 19 não aceitaram participar da pesquisa e/ou não compareceram ao local de avaliação. Do grupo de voleibol foram excluídas 12 atletas (6-virgens; 4- multíparas; 2cirurgia ginecológica) e 20 não aceitaram participar da pesquisa e/ou não compareceram ao local de avaliação. A pesquisa foi realizada com 20 atletas divididas em dois grupos (voleibol, n= 10 e basquetebol, n=10) praticante profissional de sua determinada modalidade por mais de um ano. 45 Foi realizada uma avaliação específica para o assoalho pélvico, a qual constou de dados das atletas, avaliação funcional do assoalho pélvico (AFA) e avaliação da capacidade de contração do assoalho pélvico através do Biofeedback Eletromiográfico Fênix®. A pesquisa foi previamente estabelecida pelos pesquisadores com o aval do professororientador (APÊNDICE A). Sendo assim, o mesmo pôde ser desenvolvido sem a necessidade da presença do profissional. Inicialmente foram realizadas palestras informativas para as atletas, onde cada participante recebeu informações a respeito dos objetivos da pesquisa, procedimentos a serem realizados, orientações a respeito da importância do AP, as conseqüências e suas disfunções, materiais e equipamentos utilizados (APÊNDICE E). Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, a coleta de dados foi realizada através de uma avaliação fisioterapêutica (APÊNDICE C), na qual foram analisados os critérios de inclusão e exclusão. Para a verificação do peso e da altura foi utilizada uma Balança Antropométrica Welmy 110® (ILUSTRAÇÃO 12). E a partir desses dados foi calculado o Índice de Massa Corporal através da fórmula: IMC = Peso/Altura 2 , tendo como escore o seguinte quadro: Classificação do Índice de Massa Corporal Baixo Peso IMC < 20 Normal 20 ≤ IMC < 25 Sobrepeso 25 ≤ IMC < 30 Obeso IMC ≥ 30 ILUSTRAÇÃO 11: Classificação do Índice de Massa Corporal. FONTE: ANJOS, 1992. ILUSTRAÇÃO 12: Balança Antropométrica Welmy 110® FONTE: Dados do pesquisador (2008). 46 A seguir foram realizados testes para verificar a capacidade de contração da musculatura do assoalho pélvico, por meio da escala do AFA e do Biofeedback Eletromiográfico Fênix®. A mensuração do grau de contração muscular do AP, por meio da escala do AFA, foi realizada por um único e mesmo examinador durante as avaliações fisioterapêutica, obedecendo a seguinte padronização: posicionamento da paciente em decúbito dorsal, quadris abduzidos, joelhos fletidos e pés apoiados. O terapeuta usou luvas de procedimento e gel lubrificante Ky®, afastou os pequenos lábios com uma de suas mãos e com a outra realizou a introdução bidigital na genitália examinada, sendo a paciente orientada a executar contração perineal, onde foi avaliada a capacidade da contração e o tempo de duração da mesma (ILUSTRAÇÃO 13 E 14). A classificação da contração obedeceu à escala apresentada por Ortiz (1996) demonstrada no quadro abaixo (ILUSTRAÇÃO 15). ILUSTRAÇÃO 13: Avaliação Funcional do Assoalho Pélvico. FONTE: CHIA RAPA; CA CHO; A LVES, 2007. ILUSTRAÇÃO 14: Toque bidig ital para realização do AFA. FONTE: CHIA RAPA; CA CHO; A LVES, 2007. 47 GRAU O Sem função perineal objetiva, nem mesmo à palpação. GRAU 1 Função perineal objetiva ausente, contração reconhecível somente à palpação. GRAU 2 Função perineal objetiva débil, contração reconhecível à palpação. GRAU 3 Função perineal objetiva presente e resistência opositora não mantida mais do que cinco segundos à palpação. GRAU 4 Função perineal objetiva presente e resistência opositora mantida mais do que cinco segundos à palpação ILUSTRAÇÃO 15: Escala do grau funcional do assoalho pélvico. FONTE: Ort iz (1996). O biofeedback é um equipamento para reeducação que é utilizado para mensurar efeitos fisiológicos internos como meio de aprendizado e também no fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, uma vez que nos fornece parâmetros de uma contração máxima. Permite também a conscientização de um músculo pouco exercitado como o elevador do ânus. (MORENO, 2004; AMARO et al, 1997; RUBINSTEIN, 2001 apud MOURÃO; PINA; WANDERLEY, 2006). O aparelho biofeedback leva a aprendizagem, pela autocorreção, de uma maneira natural. Pode ser ativo (comandado pelo paciente), onde o ponto de partida no sistema nervoso central é o lobo central, ou ainda passivo (pela eletroestimulação) onde o ponto de partida é o assoalho pélvico esfincteriano. Previamente pelo uso do biofeedback a paciente deve ser informada sobre noções anatômicas básicas, da função do assoalho pélvico e do equilíbrio vésico-esfincteriano (RUBINSTEIN, 2001 apud MOURÃO, PINA & WANDERLEY, 2006). Posteriormente, foi utilizado como recurso de avaliação do assoalho pélvico das atletas, o programa computadorizado específico Biofeedback Eletromiográfico Fênix®, o qual contém eletrodo intracavitário para mensurar a capacidade de contração do assoalho pélvico em µV. Este programa é fidedigno, pois monitora o uso da musculatura abdominal, por apresentar eletrodos abdominais acoplados a um programa de computador que detecta a contração da musculatura do abdômen, o que daria um falso resultado. Apresenta ainda como vantagem o não uso de outros músculos acessórios (ILUSTRAÇÃO 16 E 17). 48 ILUSTRAÇÃO 16: Biofeedback Eletro miográfico Fênix® . FONTE: Dados do pesquisador (2008). ILUSTRAÇÃO 17: Eletrodo intracavitário. FONTE: Dados do pesquisador (2008). 4.8 ANÁLISE DOS DADOS Para avaliação estatística foi empregado o software BioEstat versão 5.0 e o programa Microsoft Excel 2007. Ficando previamente estabelecido 95% como nível de significância e Alfa = 0,05 como nível de decisão para rejeição da hipótese de nulidade. A amostra foi formada por n=20 mulheres, praticantes de Voleibol (n=10) e Basquetebol (n=10). Para avaliar reação da musculatura do assoalho pélvico quando for aplicado o método AFA foi utilizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney, conforme indicado por Ayres et. al (2008, p.124). Para avaliar os resultados obtidos pelo método biofeedback, para verificação 49 das diferenças entre as médias, foi aplicado o teste (paramétrico) t de Student. São indicadas com asterisco (*) as diferenças estatisticamente significantes. 50 5 RESULTADOS A pesquisa de campo foi realizada entre agosto e novembro de 2008, em conformidade com a clínica CAFISIO, constou de uma amostra de 20 atletas do sexo feminino, com idade média de 21,3 anos com desvio padrão de 2,4 anos, tendo variação entre 17 e 25 anos. Para o Índice de Massa Corporal (IMC) obteve-se como média 22,6 e desvio padrão (DP) de 3,2, variando entre 18 e 30. Com relação ao tempo de treinamento (anos), obteve-se média de 7,2 e DP de 3,9, variando entre 1 e 14 anos. A carga horária semanal (horas) apresentou média de 5,2, com DP de 1,7, variando de 2 a 8 horas semanais. As variáveis relacionadas à idade, IMC, tempo de treinamento e carga horária semanal são mostradas na TABELA 01: Característica Média + DP (mínimo – máximo) Idade (anos) 21,3 + 2,4 (17 – 25) IMC (kg²/m²) 22,6 + 3,2 (18 – 30) Tempo de treinamento (anos) 7,2 + 3,9 (1 – 14) Carga horária semanal (horas) 5,2 + 1,7 (2 – 8) TABELA 01: Dados Demográficos das atletas de Basquetebol e Vo leibol . FONTE: Dados do pesquisador (2008). A TABELA 02 demonstra a análise comparativa entre as atletas de voleibol e basquetebol. Foi observada na avaliação das atletas que, a variável AFA para atletas de basquetebol teve média de 3, com DP 0,5, variando entre 3 e 4; já nas atletas de voleibol a média do AFA foi de 4, tendo DP de 0,5, variando entre 3 e 4. No resultado da avaliação funcional do assoalho pélvico (AFA) obteve P-valor = 0,7055, não significante, portanto, não mostrou tendência, ou seja, não há diferença nos níveis de avaliação funcional do assoalho pélvico em relação a modalidade esportiva. Na avaliação da capacidade de contração do assoalho pélvico das atletas com o Biofeedback Eletromiográfico, a modalidade de basquetebol obteve média de 21, com DP 1,5, variando entre 18 e 22 µV; já na modalidade de voleibol a média foi de 20, com DP de 0,8, variando entre 19 e 21 µV. No resultado da avaliação capacidade de contração do assoalho pélvico obteve P-valor = 0.8569, não significante, portanto, não há diferença entre os resultados obtidos pelo Biofeedback Eletromiográfico em relação a modalidade esportiva. 51 Na avaliação do índice de massa corporal (IMC), as atletas de basquetebol tiveram média de 23,3, com DP de 3,8, variando de 19,2 a 30,1 Kg/m2 , já as atletas de voleibol obtiveram média de 21,9, com DP de 2,5, variando de 18,9 a 27,7. Com P-valor = 0,2816, portanto sem significância estatística. A variável tempo de treinamento (anos), nas atletas de basquetebol apresentou média de 5 anos, com DP de 4 anos, variando de 1 a 11 anos; nas atletas de voleibol a média foi de 9 anos, com DP de 3 anos, variando de 1 a 14 ano, com P-valor = 0,0416, ou seja, apresentando significância estatística. Com relação a carga horária semanal (horas) das atletas de basquetebol, observou-se uma média de 6 horas, com DP de 1 hora, variando de 3 a 8 horas; já das atletas de voleibol a média foi de 5 horas, o DP de 2 horas, variando de 2 a 8 horas, com P-valor = 0,4546, ou seja, sem significância estatística. Variável AFA Biofeedback Fênix® (mv) IMC (kg/m²) Tempo de treinamento (anos) Carga horária semanal (horas) Basquetebol Voleibol Média + DP (mín – máx) Média + DP (mín. – máx) Valor de P 3 + 0,5 (3 – 4) 4 + 0,5 (3 – 4) 0,7055 21 + 1,5 (18 – 22) 20 + 0,8 (19 – 21) 0,8569 23,3 + 3,8 (19,2 – 30,1) 21,9 + 2,5 (18,9 – 27,7) 0,2816 5 + 4 (1 – 11) 9 + 3 (1 – 14) 0,0416* 6 + 1 (3 – 8) 5 + 2 (2 – 8) 0,4546 TABELA 02: Co mparação das variáveis entre as atletas de basquetebol e voleibol. FONTE: Dados do pesquisador (2008). Teste de Mann-Whitney e Teste t de Student. No GRÁFICO 01 observa-se a comparação entre as médias da avaliação funcional do assoalho pélvico (AFA) das atletas nas modalidades do estudo. 52 5 4,5 4 4 3,5 3 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Basquetebol Voleibol GRÁ FICO 01: Co mparação entre as médias do AFA entre atletas de basquetebo l e voleibol. FONTE: Dados do pesquisador (2008). No GRÁFICO 02 observa-se a comparação entre as médias da avaliação da capacidade de contração do assoalho pélvico (Biofeedback Eletromiográfico Fênix® ) das atletas nas modalidades do estudo. 21,2 21 21 20,8 20,6 20,4 20,2 20 20 19,8 19,6 19,4 Basquetebol Voleibol GRÁ FICO 02: Co mparação entre as médias do Biofeedback Eletro miográfico Fênix® entre atletas de basquetebol e voleibol. FONTE: Dados do pesquisador (2008). De acordo com a TABELA 03, foi observado que de um total de 10 atletas de basquetebol, 5 já relataram que tiveram perda involuntária de urina mediante esforço físico correspondendo à 50% da amostra do estudo, já as demais 5 atletas de basquetebol relataram nunca ter tido perda involuntária de urina (GRÁFICO 03). Com relação às atletas de voleibol, 53 foi observado que 3 atletas, de um total de 10, já tiveram perda involuntária de urina mediante esforço físico, correspondendo assim a 30%, visto que as demais não demonstraram ter tido perda urinária involuntária, como pode ser observado na TABELA 04 e GRÁFICO 04. Basquetebol Já teve perda involuntária de urina? Qtd. % Sim 5 50% Não 5 50% TABELA 03: Porcentagem de perda de urina nas atletas de basquetebol. FONTE: Dados do pesquisador (2008). 50% 50% sim não GRÁ FICO 03: Proporção IUE nas atletas de basquetebol. FONTE: Dados do pesquisador (2008). Voleibol Já teve perda involuntária de urina? Sim Não Qtd. % 3 7 TABELA 04: Porcentagem de perda de urina nas atletas de voleibol. FONTE: Dados do pesquisador (2008). 30% 70% 54 30% sim não 70% GRÁ FICO 04: Proporção IUE nas atletas de voleibol. FONTE: Dados do pesquisador (2008). 55 6 DISCUSSÃO Atualmente a prática de atividade física vem tornando-se mais freqüente na vida das mulheres, porém as elevações bruscas da pressão intra-abdominal associada a prática de algum desporto, pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de incontinência urinária de esforço (MATSUDO et al, 2001; THYSSEN, 2002). Para Caetano et al (2007), os exercícios que exigem muito esforço físico (aeróbicos) e demandam alto impacto podem ocasionar um aumento excessivo na pressão intra-abdominal, sobrecarregando os órgãos pélvicos que são pressionados para baixo, ocasionando danos aos músculos do assoalho pélvico, principalmente modalidades esportivas de alto impacto, como voleibol e basquetebol. Desse modo o estudo objetivou verificar a diferença na capacidade de contração do assoalho pélvico entre atletas de voleibol e basquetebol. Sendo assim, foi observado através da avaliação funcional do assoalho pélvico (AFA), que a média da capacidade de contração dessa musculatura em atletas de voleibol mostrou-se superior as atletas de basquetebol, porém esta não apresenta uma diferença estatisticamente significante. Diferente do AFA, a avaliação com o Biofeedback Eletromiográfico Fênix® mostrou que a média encontrada nas atletas de basquetebol foi maior que de voleibol, no entanto não houve uma diferença estatisticamente significante. A palpação vaginal digital representa o mais comum e utilizado método de avaliação clínica da musculatura do assoalho pélvico por ser minimamente invasiva, bem tolerada e não requer equipamento especial, porém não fornece dados que possam ser quantificados e registrados (HUDLEY; WU; VISCO, 2005 apud BORIN, 2006). Sendo assim, tais características justificam a utilização desse método avaliativo no estudo, porém a fim de dar maior precisão à avaliação, optou-se também pela utilização do Biofeedback Eletromiográfico Fênix®. O Biofeedback Eletromiográfico Fênix ® é um equipamento fidedigno, importante instrumento de avaliação, que registra valores objetivos, reproduzíveis e confiáveis, além de proporcionar um feedback visual ao paciente, pois monitora o uso da musculatura abdominal, através de eletrodos abdominais acoplados a um programa de computador que detecta a contração da musculatura do abdômen, o que daria um falso resultado. Apresenta ainda como vantagem o não uso de outros músculos acessórios, a aprendizagem, a autocorreção de uma maneira natural, onde pode ser ativo (comandado pelo paciente) ou passivo (pela 56 eletroestimulação) (RUBINSTEIN, 2001 apud MOURÃO; PINA; WANDERLEY, 2006; HUDLEY;WU; VISCO, 2005 apud BORIN, 2006). Por todas essas vantagens o equipamento foi escolhido e utilizado para avaliar a capacidade de contração do assoalho pélvico, nas atletas das modalidades esportivas escolhidas. No entanto, esses métodos avaliativos utilizados no estudo não foram bem tolerados pela população do estudo, limitando a amostra avaliada, devido a fatores como: idade, nuliparidade, ausência de vida sexual ativa e principalmente a negação de participação no estudo. Warren e Shangold (1997 apud BORIN, 2006) dizem que para as atletas profissionais, os exercícios físicos podem trazer um risco especial, devido aos efeitos negativos no sistema reprodutivo, como irregularidades menstruais (amenorréia secundária, oligoamenorréia, curta fase lútea e anovulação) e no sistema músculo-esquelético, no qual, além das lesões comuns às atletas, exercícios de alto impacto podem levar ao enfraquecimento da musculatura pélvica, predispondo-as à incontinência urinária de esforço. No entanto essa fraqueza muscular não foi evidente no presente de estudo, já que tanto a média do AFA e do Biofeedback Eletomiográfico Fênix demonstraram um boa capacidade de contração do AP, não corroborando com Warren e Shangold (1997 apud BORIN, 2006), o que nos leva a crê que outros fatores podem estar associados a predisposição da incontinência urinária de esforço. No estudo realizado por Rett et al (2005), a capacidade de contração dos músculos do assoalho pélvico é influenciada pela posição em que a pessoa se encontra, sendo a posição de decúbito dorsal a que possui maior capacidade de contração e diminuiu progressivamente na posição sentada e ortostática. Justificando, portanto, o porquê das atletas apresentarem uma boa capacidade de contração do assoalho pélvico e ainda assim apresentarem perda de urina. Bortolotti et al (2000 apud GUARISI et al, 2001), em seu estudo observou que a prevalência de incontinência urinária é diretamente proporcional ao índice de massa corpórea. No entanto não é o caso desse estudo uma vez que as participantes são atletas e suas médias do índice de massa corpórea estão dentro dos parâmetros de normalidade, visto que a modalidade basquetebol apresentou média de 23,3 kg/m2 e a de voleibol 21,9 kg/m2 . De acordo com Guedes (1997 apud SILVA et al, 2005), existe uma tendência à fraqueza da parede abdominal inferior devido à obesidade, sedentarismo, idade e perda da tonicidade muscular. Entretanto, estes fatores não exercem influência em atletas, sugerindo, assim, outros motivos, como um maior treinamento de abdominais superiores, a gravidade e o aumento da pressão intra-abdominal agindo sobre a região inferior. O assoalho pélvico é solicitado constantemente, durante atividades repetitivas de correr, saltar e que envolvam aumento da pressão intra-abdominal. Cerca de 67% a 76% de 57 suas fibras são do tipo I, ou seja, fibras de contração lenta, ricas em mitocôndrias, que se contraem por mecanismo oxidativo e são responsáveis pela manutenção do tônus muscular no colo vesical. Sendo assim, fatores que comprometam seu suprimento de oxigênio, como a fadiga muscular, promovem diminuição da sua capacidade contrátil, obrigando o recrutamento das fibras do tipo II (contração rápidas), as quais não tem a mesma capacidade de manutenção do tônus muscular do AP, comprometendo o mecanismo de continência (BORIN, 2006; MORENO, 2004). Segundo Moreno (2004), podemos correlacionar o suporte exercido pelo AP e o aumento da pressão intra-abdominal com esportes que incluem saltos ou exercícios de contração abdominal máxima, de forma repetitiva, sendo um importante fator no aparecimento da IUE. De acordo com Araújo et al (2008), o aumento da pressão intra-abdominal não consiste no único fator de risco para IUE em atletas, visto que a fadiga muscular do AP provocada geralmente por longos períodos de treinamento, sem dar espaço para recuperação e repetidas vezes semanais, aumentaria a predisposição à IUE. Foi evidenciado no estudo uma diferença estatisticamente significante (P-valor = 0,0416), com relação ao tempo de treinamento (anos) entre as modalidades, onde as atletas de basquetebol apresentaram média de 5 anos e as atletas de voleibol de 9 anos. No entanto a carga horária semanal apresentou média maior para basquetebol, em 6 horas semanais, e média menor para voleibol de 5 horas semanais, porém essa variável não apresentou diferença estatisticamente significante (P-valor = 0, 4546). Warren e Shanta (2000) afirmam que a perda urinária, usualmente relacionada à idade e multiparidade, vem sendo questionada por estudos que demonstram sua ocorrência freqüente em mulheres, atletas, jovens, em boa forma física, nulíparas, praticantes de exercícios de alto impacto e que envolvam aumento da pressão intra-abdominal. Entretanto, o conhecimento sobre as causas de IUE em mulheres atletas ainda é muito discutido. No presente estudo com relação à ocorrência de perda urinária pelas atletas, que tanto no grupo de basquetebol quanto no grupo de voleibol pôde ser encontrado atletas com perda involuntária de urina mediante esforço físico, correspondendo a 50% das atletas de basquetebol e 30% de voleibol. Tais achados encontram-se de acordo com Cresswel et al (1992) e Jiang et al (2004) visto que ambos as modalidades esportivas são consideradas de alto impacto caracterizando-se assim por muitos saltos e ações motoras relacionadas à contração abdominal máxima, os quais aumentam a pressão intra abdominal, exercendo uma 58 força do impacto diretamente sobre o assoalho pélvico, deixando a atleta com risco maior de ter perdas urinárias. Hay-Smith et al (2001 apud BORIN, 2006) observaram que a força que a força de impacto direcionada aos músculos do assoalho pélvico, durante as atividades como “correr” é de 3 a 4 vezes o peso corporal, “pular” é de 5 a 12 vezes, “queda após o salto em altura” é de 9 vezes, “pulo mais alto” é de 16 vezes e “salto com vara” de 9 vezes. Nygaard et al (1990 apud Borin, 2006), observou em seu estudo que, em um grupo, mais de 30% de mulheres praticantes de atividade física de alto impacto referiram vazamento urinário. Em outro estudo de Nygaard et al (1994) foi determinado a prevalência de sintomas de IUE entre um grupo de 156 mulheres, atletas de elite, nulíparas, com idade média de 19,9 anos e pertencentes a várias modalidades esportivas, as quais responderam um questionário padronizado sobre a ocorrência de vazamentos urinários durante a prática de atividade física e nas atividades de vida diária. Com a resposta de 144 mulheres (92%), verificaram que 28% das atletas reportaram perda involuntária de urina, com proporção de 67% para ginastas, 66% basquetebol, 50% tênis, 42% patinação, 29 % trilha, 19% voleibol, 10 natação e 0% golfe. As atividades que mais proporcionaram perda de urina foram as que incluem saltos, aterissagens de alto impacto e corrida. Esses dados assim como no estudo, demonstram que mulheres praticantes de atividade física de alto impacto relatam perda involuntária de urina durante esforços físicos, numa proporção maior para atletas de basquetebol quando comparada a atletas de voleibol. Nygaard et al (1990 apud Borin, 2006) afirma que em seu estudo foi verificado que 20% das mulheres que tiveram episódios de perda involuntária de urina mediante esforço físico, tendem a abandonar essa mesma atividade devido unicamente a esse fato. Porém Sapsford (2004), afirma que as atletas que relatam perda urinária involuntária devem ser encorajadas a continuar seus exercícios regulares, associando-os ao treinamento dos músculos do assoalho pélvico, com orientação fisioterapêutica. 59 7 CONCLUSÃO Através da avaliação funcional e da capacidade de contração do assoalho pélvico, não foi observado diferença estatisticamente significante com relação à capacidade de contração do assoalho pélvico entre atletas de basquetebol e voleibol, porém ambas as modalidades apresentaram atletas com relatos de perda involuntária de urina mediante esforço físico, com maior proporção no grupo de atletas de basquetebol. 60 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ABRAMS, P. et al. The Standardization of Terminology of Lowe r Urinary Tract Function. Rev. Urology, v. 61, p. 37-49, 2003. AMARO, J. L., et al. Eletroestimulação endovaginal e Cinesioterapia no tratamento da Incontinência Urinária de Esforço. 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Belém, 28 de Fevereiro de 2008. _____________________________ Cibele Nazaré da Silva Câmara Orientadora 70 APÊNDICE B 71 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ESTUDO COMPARATIVO DA CAPACIDADE DE CONTRAÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO EM ATLETAS DE VOLEIBOL E BASQUETEBOL. Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você. Eu, ___________________________, residente e domiciliado na ______________________, portador da Cédula de identidade, RG ____________, e inscrito no CPF_________________ nascido (a) e m _____ / _____ /_______, abaixo assinado (a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como voluntário (a) do estudo “ESTUDO COMPARATIVO DA CAPACIDADE DE CONTRAÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO EM ATLETAS DE VOLEIBOL E BASQUETEBOL”. Estou ciente que: I) O estudo consiste em um trabalho de conclusão de curso, que apresenta como objetivo comparar a capacidade de contração do assoalho pélvico entre atletas praticantes de voleibol e basquetebol, e correlacionar com o desenvolvimento de incontinência urinária de esforço, visto que As modalidades esportivas no presente estudo, além de serem considerados de alto impacto, podem produzir um aumento exagerado e freqüente na pressão intra-abdominal, um dos fatores desencadeadores da incontinência urinária de esforço em atletas. Portanto o presente trabalho justifica-se pela necessidade de avaliar a capacidade de contração do assoalho pélvico a fim de analisar que modalidade esportiva causará maiores distúrbios às estruturas pélvicas, possibilitando a realização de trabalhos preventivos. O estudo é quantitativo do tipo observacional, transversal e comparativo no qual será comparada a capacidade de contração do assoalho pélvico entre atletas de voleibol e basquetebol, e então correlacionar com sintomas de incontinência urinária de esforço. A pesquisa será realizada com atletas do sexo feminino, divididas em dois grupos (voleibol e basquetebol), praticante profissional de sua determinada modalidade por mais de um ano, com faixa etária entre 16 a 26 anos, nulípara s, sexualmente ativas e que não tenham sofrido intercorrência ginecológica. Sendo excluídas as atletas que não se 72 enquadrarem nos critérios de exclusão. Necessário se faz assinatura do sentimento livre e esclarecido (TCLE), para que então a atleta seja sub metida a uma avaliação fisioterapêutica, a qual constará de dados das atletas e avaliação da força de contração do assoalho pélvico através do AFA e do Biofeedback Eletromiográfico Fênix®. Os dados serão tratados estatisticamente através do software BioEstat versão 5.0, ficando previamente estabelecido 95% como nível de significância e alfa=0,05, com nível de decisão para rejeição da hipótese de nulidade. II) Os dados serão coletados na Clínica de Fisioterapia (CAFISIO) através de questionário e exame físico sucinto para a caracterização da amostra; III) Não sou obrigado a responder as perguntas realizadas no questionário de avaliação; IV) A participação neste projeto não tem objetivo de me submeter a um tratamento, bem como não me causará nenhum gasto com relação aos procedimentos médico-clínicoterapêuticos efetuados com o estudo; V) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação; VI) A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico. Não virá interferir no atendimento ou tratamento médico; VII) A minha participação neste projeto contribuirá para acrescentar à literatura dados referentes ao tema, direcionando as ações voltadas para a promoção da saúde e não causará nenhum risco; VIII) Não receberei remuneração e nenhum tipo de recompensa nesta pesquisa, sendo minha participação voluntária; IX) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo; X) Concordo que os resultados sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam mencionados; XI) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados parciais e finais desta pesquisa. ( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa. ( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa. Belém, de de 2008 73 Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas. ( ) Participante da Pesquisa ................................................................................................... Assinatura do Participante da Pesquisa ( ) Responsável Eu,................................................................................................................................................. autorizo que a menor participe da pesquisa “Estudo comparativo da capacidade de contração do assoalho pélvico em atletas de voleibol e basquetebol” ..................................................................................................... Assinatura do Responsável Testemunha 1 : _______________________________________________ Nome / RG / Telefone Testemunha 2 : ________________________________________________ Nome / RG / Telefone Responsável pelo Projeto: __________________________________________________________________________ PESQUISADOR RESPONSÁVEL Telefone para contato: 74 APÊNDICE C 75 FICHA DE AVALIAÇÃO Nome: ................................................................................................................................. Endereço:............................................................................................................................. Telefone: ............................................................. Idade: .............. Escolaridade Estado Civil ( ) Analfabeta ( ) Solteira ( ) Fundamental ( ) Casada ( ) Médio ( ) Outros ( ) Superior Modalidade esportiva: ....................................................................................................... Tempo de Treiname nto (anos): ......................................................................................... Carga horária semanal (horas): ....................................................................................... Dados Antropométricos Peso: ............................ Altura: ........................ IMC: ........................... 1. Você possui vida sexual ativa? ( ) sim ( ) não 2. Você é nulípara? ( ) sim ( ) não 3. Já realizou alguma cirurgia ginecológica? ( ) sim ( ) não 4. Em algum momento você perdeu urina involuntariamente? ( ) sim ( ) não 2. Se você perde urina, há quanto tempo iniciou essa perda? r: 3. Você tem prazer sexual? ( ) sim ( ) não 4. Sente dor na relação sexual? ( ) sim ( ) não 76 5. Você sabia que a “flacidez” vaginal diminui o prazer sexual? r: 6. Você sabia que existem exercícios para os músculos da vagina (assoalho pélvico) que favorecem o prazer sexual? r: 7. Você sabia que existe fisioterapia para assoalho pélvico? r: 8. Você realiza contração dos músculos do assoalho pélvico? ( ) SIM ( ) NÃO AFA (Avaliação da Força do Assoalho Pélvico) Grau: 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 Biofeedback Eletromiográfico Fênix ®: _______________________________________ Avaliador 77 APÊNCICE D 78 AUTORIZAÇÃO DA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA - CAFISIO DECLARAÇÃO Eu Ft. Nazete Araújo, proprietária da Clínica de Fisioterapia (CAFISIO), autorizo o uso do espaço da clínica e do aparelho Biofeedback Eletromiográfico Fênix®, para a realização da pesquisa de conclusão de curso das acadêmicas do 7º semestre do curso de fisioterapia Ariana Reis, Suzele Santos e Thaíris Dias, para a avaliação de atletas que farão parte da pesquisa intitulada: “Estudo comparativo da capacidade de contração do assoalho pélvico em atletas de voleibol e basquetebol” No período de agosto a novembro de 2008, no turno vespertino e noturno. Belém, 29/ 02 / 2008. Ft. Nazete Araújo 79 APÊNDICE E 80 CRONOGRAMA FINANCEIRO Artigo Valor unitário Quantidade Valor Total Analise Estatística R$ 200,00 1 R$ 200,00 Revisão Ortográfica R$ 100,00 1 R$ 100,00 Cartuchos de tinta preto R$ 70,00 3 R$ 210,00 R$ 30,00 1 R$ 30,00 Encadernação simples R$ 1,50 2 R$ 3,00 CD-Rom R$ 2,00 1 R$ 2,00 Canetas R$ 2,00 2 R$ 4,00 Resma de papel A4 R$ 30,00 2 R$ 60,00 Cartão telefônico R$ 4,00 15 R$ 60,00 Ligações Telefônicas Indeterminado Indeterminado R$ 300,00 Caixa de luva R$ 10,00 1 R$ 10,00 Gel R$ 8,00 1 R$ 8,00 Papel toalha R$ 2,00 2 R$ 4,00 Xerox R$ 0,06 200 R$ 12,00 Macas R$ 0,00 1 R$ 0,00 Biofeedback R$ 0,00 1 R$ 0,00 e branco para impressora Encadernação de capa dura Eletromiográfico Fênix 81 APÊNDICE F 82 CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES Mês/Ano NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Atividade 2007 2007 2008 2008 2008 2008 2008 2008 2008 2008 2008 2008 2008 2008 Idealização do tema X Revisão de literatura Ajuste X X X do tema X X Aprovação do CEP- UNAMA X Realização da pesquisa Coleta X X de dados X X X X Análise dos resultados X Correção estatística Redação X do trabalho X X X X Correção ortográfica X X Impressão e encadernação X Apresentação X