FACULDADE BOA VIAGEM CPPA - CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DJAILTON PEREIRA DA CUNHA AS RELAÇÕES ENTRE AS FUNÇÕES DE MENTORIA E OS ESTILOS DE LIDERANÇA TRANSACIONAL, TRANSFORMACIONAL E SERVIDORA: A experiência de duas indústrias multinacionais do Recife RECIFE 2007 2 FACULDADE BOA VIAGEM CPPA - CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DJAILTON PEREIRA DA CUNHA AS RELAÇÕES ENTRE AS FUNÇÕES DE MENTORIA E OS ESTILOS DE LIDERANÇA TRANSACIONAL, TRANSFORMACIONAL E SERVIDORA: A experiência de duas indústrias multinacionais do Recife Dissertação apresentada à Coordenação do Mestrado em Administração da Faculdade Boa Viagem, como requisito complementar para obtenção do título de Mestre em Administração. Orientadora: Professora Sônia Maria Rodrigues Calado Dias, Ph.D RECIFE 2007 3 Cunha, Djailton Pereira As relações entre as funções de mentoria e os estilos de liderança transacional, transformacional e servidora: a experiência de duas indústrias multinacionais do Recife / Djailton Pereira Cunha. – Recife: O Autor, 2007. 223 folhas: il., fig., gráficos, quadros, tab. Dissertação (mestrado) Administração, 2007. – Faculdade Boa Viagem. Inclui bibliografia e apêndice 1. Organizações – Comportamento organizacional. 2. Mentoria - Carreira. 3. Liderança – Gestão de pessoas. I. Título FBV CDU 658.3 C972r 4 5 FACULDADE BOA VIAGEM CPPA - CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DJAILTON PEREIRA DA CUNHA AS RELAÇÕES ENTRE AS FUNÇÕES DE MENTORIA E OS ESTILOS DE LIDERANÇA TRANSACIONAL, TRANSFORMACIONAL E SERVIDORA: A experiência de duas indústrias multinacionais do Recife Dissertação submetida à banca examinadora abaixo para obtenção do título de Mestre em Administração. Local e data de aprovação: Recife, 25/10/2007 Banca Examinadora: Nome: Sônia Maria Rodrigues Calado Dias (Orientadora) PhD em Comportamento Organizacional. Georgia State University, Estados Unidos Instituição: Faculdade Boa Viagem Nome: Aécio Marcos de Medeiros Gomes de Matos (Examinador externo) Pós-Doutorado em Psicossociologia das Organizações. Université de Paris X, Nanterre, França Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Nome: Lúcia Maria Barbosa de Oliveira (Examinador interno) PhD em Industrial Relations. London School of Economics, Inglaterra Instituição: Faculdade Boa Viagem 6 Aos meus queridos pais, Maria e Djalma, por tudo que me proporcionaram para que eu chegasse até aqui! 7 Agradecimentos A Deus, por me conceder uma vida com saúde, amor, inteligência e recursos necessários para encontrar as soluções dos desafios existenciais e assim, gradativamente, alcançar os meus objetivos. Aos meus pais, Maria e Djalma, hoje mais do que nunca, pelos cuidados, afetos e valores legados, possibilitando a minha formação enquanto ser-sujeito-social (cidadãoresponsável, justo e solidário) e profissional (ético, competente e comprometido). Agradeço por tudo! Às minhas irmãs Carminha, Gracinha, Verinha e Dida, e ao meu irmão Deja, pela ajuda, dedicação e atenção diária, sempre procurando minimizar as dificuldades e perdas enfrentadas, encorajando-me a vencer os obstáculos e entendendo a minha ausência devido às atividades desenvolvidas. À professora Sônia Maria Rodrigues Calado Dias, minha orientadora e mentora neste trabalho, pela competência, comprometimento, objetividade, disponibilidade, apóio, paciência e carinho ao longo da construção dessa dissertação. Você foi e é essencial nessa conquista! Ao professor Aécio Gomes de Matos, que gentilmente aceitou ser o examinador externo deste trabalho, e mais do que isso, aceitou ser meu professor-orientador, propulsor de uma (r)evolução na minha forma de pensar, estudar e agir nas Organizações e na Vida. À professora Lúcia Maria Barbosa de Oliveira, examinadora interna desta dissertação, cujos comentários e observações, principalmente em aulas, foram fundamentais para a melhoria e concretude deste trabalho e porque não dizer, do pesquisador que ora me constituí. A(o)s colegas e amiga(o)s dos mestrados da FBV e da UFPE, pelas interlocuções e estímulos ao longo desses semestres de estudo. Em especial a turma “da pesada”: Carol, Ceça, Cris, Lilia, Lukar, Mônica e Sampaio pelas tardes de estudo e noites de farras (e vice-versa). Às amigas e amigos de todos os lugares, tempos e ordens (visíveis e invisíveis), que ao longo desse processo contribuíram de forma direta ou indireta para esse resultado, compartilhando as fases de descobertas e os dissabores do percurso com muita paciência e consideração. À direção da LG.Philips Displays e da Vishay Phoenix Passives, que gentilmente autorizaram e incentivaram a realização da pesquisa com todos os funcionários das respectivas empresas. E por fim, a todos os funcionários dessas duas indústrias que participaram da pesquisa, pois sem eles nada disso se concretizaria. Eles permitiram que o projeto de pesquisa fosse realizado e transformado nesta consistente e inovadora dissertação de mestrado. E assim, uma das etapas do meu projeto de vida, também foi concluído. 8 MÃOS DADAS Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente (Carlos Drummond de Andrade) 9 Resumo Este estudo descreve como se estabelecem as relações entre as funções de mentoria e os estilos de liderança transacional, transformacional e servidora, na percepção dos funcionários de duas indústrias multinacionais do Recife. Em outras palavras, compreende o que caracteriza, para esses respondentes, os modelos (“ideal” e “da prática”) de mentoria e de liderança, o contraponto entre estes modelos com os “internacionais” (KRAM, 1988; BURNS, 1978; BASS, 1985; GREENLEAF, 1977), e mais ainda, as relações entre os dois constructos. Essa pesquisa está apoiada no paradigma pós-positivista e inspirada nos princípios que fundamentam o pensamento complexo de Morin (1990). É usado um modelo multimétodo com base no referencial teórico de mentoria e de liderança. Ao mesmo tempo, ampliam-se as discussões dos achados com uma abordagem psicanalítica dos fenômenos estudados. Consiste em um estudo de caso, reunindo uma amostra (271 funcionários) que representa mais de 40% da população existente nas empresas estudadas. Para a medição das funções de mentoria e dos estilos de liderança foi usado um instrumento construído e validado. Este questionário também possibilitou a caracterização do mentor e do líder considerados mais importantes, das relações de mentoria e de liderança assinaladas, e dos respondentes da pesquisa. A análise de conteúdo revelou os mecanismos de identificação por projeção e por introjeção (FREUD, 1921/1974) nos relacionamentos mentor-mentorado, líder-liderado. Nesse contexto, os principais impactos dessas relações perpassam por valores terminais e instrumentais (ROKEACH, 1973). Já a análise fatorial mostrou que o modelo de mentoria percebido é distinto do modelo “internacional” (KRAM, 1988), assim como, o modelo de liderança percebido é distinto do modelo “internacional” (BURNS, 1978; BASS, 1985; GREENLEAF, 1977). Foi evidenciado também que os modelos “ideais” de mentoria e de liderança são percebidos como constructos semelhantes, enquanto os modelos “da prática” de mentoria e de liderança são percebidos como constructos diferentes. Isso demonstra que outros fatores estão imbricados a esses fenômenos universais, o que sugere futuras pesquisas aprofundando essa discussão, possibilitando intervenções sistemáticas nas organizações baseado nesses achados. Palavras Chave: Mentoria, Liderança, Comportamento Organizacional 10 Abstract This study describes how the relationships between the mentoring functions and the styles of transactional, transformational and servant leaderships are established, according to the perception of employees from two multinational industries in Recife. In other words, it comprises what characterizes, for those respondents, the ("ideal" and "practical") models of mentoring and leadership, the counterpoint between such models and the "international" ones (KRAM, 1988, BURNS, 1978; BASS, 1985; GREENLEAF, 1977), and moreover, the relationships between the two constructs. This research is supported by the post positivist paradigm and inspired in the principles which are the basis to Morin’s complex thought (1990). A multi-method model is used, based on the theoretical reference of mentoring and leadership. At the same time, discussions about the findings are enlarged by a psychoanalytical approach to the studied phenomena. It consists of a case study, gathering a sample of 271 employees, representing more than 40% of the existing population from the companies in question. In order to measure the mentoring functions and the styles of leadership, a constructed and validated instrument was used. This questionnaire has also made the characterization of the mentor and of the leader considered the most important, of the relationships of mentoring and leadership, and of the participants of the research, possible. The content analysis disclosed the mechanisms of identification by projection and introjection (FREUD, 1921/1974) in the mentor-protégé, leading-led relationships. In this context, the main impacts of such relationships pass by terminal and instrumental values (ROKEACH, 1973). On the other hand, the factorial analysis showed that the perceived mentoring model is different from the "international" one (KRAM, 1988), as well as the perceived leadership model is different from the "international" one (BURNS, 1978; BASS, 1985; GREENLEAF, 1977). It was also evidenced that the "ideal" models of mentoring and leadership are perceived as similar constructs, whereas the "practical" models of mentoring and leadership are perceived as different constructs. This demonstrates that other factors overlap those universal phenomena, which suggests the need for deeper future research into this theme, and makes systematic interventions in the organizations based on such findings possible. Key-words: Mentoring, Leadership, Organizational Behavior 11 Lista de Gráficos Pág Gráfico 01: Respondentes da pesquisa 79 Gráfico 02: Idade dos respondentes 80 Gráfico 03: Gênero dos respondentes 81 Gráfico 04: Tempo de trabalho dos respondentes 82 Gráfico 05: Cargo dos respondentes 83 Gráfico 06: Escolaridade dos respondentes 84 Gráfico 07: Formação dos respondentes 85 Gráfico 08: Consistência interna do Big Five 86 Gráfico 09: Tipo de relação com o mentor 88 Gráfico 10: Idade do mentor 89 Gráfico 11: Gênero do mentor 90 Gráfico 12: Escolaridade do mentor 91 Gráfico 13: Formação do mentor 92 Gráfico 14: Tempo da relação de mentoria 93 Gráfico 15: Impactos percebidos da mentoria 97 Gráfico 16: Liderança Laissez-Faire - Item 3G09 – Modelo “ideal” de mentoria 102 Gráfico 17: Liderança Laissez-Faire - Item 3G09 – Modelo “da prática” de mentoria 108 Gráfico 18: Liderança Transacional - Item 1B05 – Modelo “da prática” de mentoria 108 Gráfico 19: Tipo de relação com o líder 117 Gráfico 20: Idade do líder 118 Gráfico 21: Gênero do líder 119 Gráfico 22: Escolaridade do líder 120 Gráfico 23: Formação do líder 120 Gráfico 24: Tempo da relação de liderança 121 Gráfico 25: Impactos percebidos da liderança 125 Gráfico 26: Liderança Transacional _ Item 1B29 – Modelo “ideal” de liderança 129 Gráfico 27: Liderança Laissez-Faire – Item 3G14 – Modelo “ideal” de liderança 130 Gráfico 28: Liderança Transacional – Item 1B29 – Modelo “da prática” de liderança 135 12 Lista de Gráficos (Continuação) Pág. Gráfico 29: Liderança Transacional – Item 1B29 - Comparativo entre o modelo 139 “ideal”e o modelo de “internacional” de liderança Gráfico 30: Liderança Transacional – Item 1B05 - Comparativo entre o modelo 143 “ideal”e o modelo de “internacional” de liderança Gráfico 31: Tipo de relação - Mentoria x Liderança 145 Gráfico 32: Idade - Mentor x Líder 147 Gráfico 33: Gênero - Mentor x Líder 148 Gráfico 34: Escolaridade - Mentor x Líder 149 Gráfico 35: Formação - Mentor x Líder 150 Gráfico 36: Tempo da relação - Mentoria x Liderança 151 Gráfico 37: Impactos percebidos - Mentoria x Liderança 152 Gráfico 38: Modelo “ideal” de mentoria 153 Gráfico 39: Modelo “ideal” de liderança 154 Gráfico 40: Modelo “ideal” de mentoria x Modelo “ideal” de liderança 155 Gráfico 41: Modelo “da prática” de mentoria 156 Gráfico 42: Modelo “da prática” de liderança 157 Gráfico 43: Modelo “da prática” de mentoria x Modelo “da prática” de liderança 158 13 Lista de Quadros Pág Quadro 1: Resumo da estrutura de análise dos dados 77 Quadro 2: Comparativo das idades dos respondentes 80 Quadro 3: Comparativo entre as idades do mentor importante e do mentorado 90 respondente Quadro 4: Comparativo entre a formação do mentor importante e a do mentorado 93 respondente Quadro 5: Impactos percebidos da mentoria 96 Quadro 6: Componentes extraídos do modelo “ideal” de mentoria com eigenvalue 99 acima de 1 Quadro 7: Itens do modelo “ideal” de mentoria 100 Quadro 8: Carga fatorial dos itens extraídos do modelo “ideal” de mentoria 104 Quadro 9: Componentes extraídos do modelo “da prática” de mentoria com 105 eigenvalue acima de 1 Quadro10: Itens do modelo “da prática” de mentoria com 106 Quadro 11: Carga fatorial dos itens extraídos do modelo “da prática” de mentoria 110 Quadro 12: Componentes extraídos da comparação entre o modelo “ideal” e o 111 modelo “internacional” de mentoria com eigenvalue acima de 1 Quadro 13: Itens da comparação entre o modelo “ideal” e “internacional” de mentoria 112 Quadro 14: Carga fatorial dos itens extraídos da comparação entre o modelo “ideal” 113 e o modelo “internacional” de mentoria Quadro 15: Componentes extraídos da comparação entre o modelo “da prática” 114 e o modelo “internacional” de mentoria com eigenvalue acima de 1 Quadro 16: Itens da comparação entre o modelo “da prática” e “internacional” de mentoria 114 Quadro 17: Carga fatorial de itens extraídos da comparação entre o modelo 115 “da prática” e o modelo “internacional” de mentoria Quadro 18: Comparativo das idades do líder importante e do liderado respondente 119 Quadro 19: Impactos percebidos da liderança 124 Quadro 20: Componentes extraídos do modelo “ideal” de liderança com eigenvalue 127 acima de 1 14 Lista de Quadros (Continuação) Pág. Quadro 21: Itens do modelo “ideal” de liderança 128 Quadro 22: Carga fatorial dos itens extraídos do modelo “ideal” de liderança 132 Quadro 23: Componentes extraídos do modelo “da prática” de liderança com 133 eigenvalue acima de 1 Quadro 24: Itens do modelo “da prática” de liderança 134 Quadro 25: Carga fatorial dos itens extraídos do modelo “da prática” de liderança 137 Quadro 26: Componentes extraídos da comparação entre o modelo “ideal” e o 138 modelo “internacional” de liderança com eigenvalue acima de 1 Quadro 27: Itens da comparação entre o modelo “ideal” e “internacional” de liderança 139 Quadro 28: Carga fatorial dos itens extraídos da comparação entre o modelo 140 “ideal” e o modelo “internacional” de liderança Quadro 29: Componentes extraídos da comparação entre o modelo “da prática” e 141 o modelo “internacional” de liderança com eigenvalue acima de 1 Quadro 30: Itens da comparação entre o modelo “da prática” e “internacional” de liderança 142 Quadro 31: Carga fatorial dos itens extraídos da comparação entre o modelo “da prática” e o modelo “internacional” de liderança 144 15 Sumário Pág. 1. Introdução 17 1.1 Definição do problema 18 1.1.1 Perguntas de pesquisa - Mentoria 18 1.1.2 Perguntas de pesquisa - Liderança 19 1.1.3 Perguntas de pesquisa - Mentoria x Liderança 20 1.2 Objetivos 21 1.2.1 Tema - Mentoria 21 1.2.2 Tema - Liderança 22 1.2.3 Tema - Mentoria x Liderança 23 1.3 Justificativa 23 1.3.1 Justificativa teórica 23 1.3.2 Justificativa prática 24 1.4 Estrutura do trabalho 25 2. Fundamentação teórica 26 2.1 Mentoria 26 2.1.1 Modelo internacional 28 2.1.2 Questões norteadoras 33 2.2 40 Liderança 2.2.1 Modelo internacional 41 2.2.2 Questões norteadoras 50 2.3 55 Mentoria x Liderança 16 Sumário (Continuação) Pág. 3. Metodologia 58 3.1 Pressupostos norteadores da pesquisa 58 3.2 Natureza da pesquisa 59 3.3 Desenho da pesquisa 60 3.4 Locus de investigação 61 3.5 População & amostra 62 3.6 Instrumentação das variáveis 63 3.6.1 Características do mentor/mentoria 64 3.6.2 Características do líder/liderança 64 3.6.3 Funções de mentoria 64 3.6.4 Liderança transacional e transformacional 65 3.6.5 Liderança servidora 65 3.6.6 Características do respondente 66 3.7 67 Estudo piloto exploratório 3.7.1 Construção do instrumento 67 3.7.2 Aplicação do instrumento 68 3.7.3 Análise dos dados do instrumento 68 3.8 70 Método de coleta dos dados 3.8.1 Instrumento de pesquisa construído 71 3.8.2 Processo de coleta de dados 71 3.9 73 Análise dos dados 3.9.1 Análise exploratória dos dados 73 3.9.2 Análise de conteúdo 74 3.9.3 Testes de hipóteses 74 3.9.4 Análise fatorial 75 3.10 Limites e limitações do estudo 77 17 Sumário (Continuação) Pág. 4 Resultados 79 4.1 Caracterização dos respondentes 79 4.1.1 Idade 80 4.1.2 Gênero 81 4.1.3 Tempo de trabalho 82 4.1.4 Cargo 83 4.1.5 Escolaridade 84 4.1.6 Formação 84 4.1.7 Traços de personalidade 86 4.2 87 Caracterização dos resultados 4.2.1 Mentoria 87 4.2 2 Liderança 116 4.2.3 Mentoria x Liderança 144 5 Considerações Finais 159 5.1 Conclusões 159 5.1.1 Mentoria 160 5.1.2 Liderança 162 5.1.3 Mentoria x Liderança 164 5.2 Sugestões para futuros trabalhos 166 5.3 Sugestões de ações 167 5.4 Palavras “finais” 168 Referências bibliográficas 169 APENDICE A – Construção do instrumento original 176 APÊNDICE B – Análise do instrumento original 198 APÊNDICE C - Big five reduzido 210 APENDICE D – Instrumento de pesquisa construído 212 18 1 Introdução Este trabalho é uma dissertação de mestrado em Administração, na linha de pesquisa de Pessoas e Organizações. O tema diz respeito às relações entre as funções de mentoria e os estilos de liderança transacional, transformacional e servidora. Especificamente, esta pesquisa abordou a percepção dos funcionários de duas indústrias multinacionais do Recife, no que diz respeito à temática acima citada. O interesse em estudar este assunto foi motivado inicialmente pelos encontros de orientação com a professora Sônia Calado Dias, mentora deste trabalho. Além disso, a própria trajetória pessoal-profissional do autor desta pesquisa influenciou na escolha do tema. Percebe-se, nesse sentido, que os estudiosos têm freqüentemente buscado conhecer os vários aspectos do ser humano. Isto indica que as pessoas procuram entender melhor a si mesmas e aos outros com os quais se relacionam, tanto na situação individual, como social ou organizacional (JOB, 2003). Baseado nessa linha de pensamento, outro aspecto motivador deste estudo foi decorrente das grandes transformações ocorridas recentemente nas diferentes Instituições (familiares, religiosas, governamentais e organizacionais), implicando em mudanças de mil faces nos indivíduos. Desse modo, o percurso do mestrando como filho, irmão, amigo, espírita, engenheiro, psicólogo, líder (chefe ?), enfim como ou enquanto as diversas personas vivenciadas ao longo do tempo, acendeu a chama do saber-científico. Nessa perspectiva, questões têm sido suscitadas visando à compreensão das antagônicas posições ocupadas pelo indivíduo na sociedade atual, como por exemplo: pessoal x profissional ... líder x liderado ... mentor x mentorado. Para tanto, torna-se fundamental a realização de trabalhos teóricos-práticos, usando uma metodologia científica que enfoque estas características/variáveis. Este estudo visa, portanto, contribuir para o entendimento dessas questões. Assim sendo, neste capítulo serão apresentados: a definição do problema, as questões de pesquisa, os objetivos da investigação, os motivos de ordem teórica e prática que justificam a realização deste trabalho e a estrutura de desenvolvimento do mesmo. 19 1.1 Definição do problema Nesta seção será descrito o problema de pesquisa. Os três temas centrais – mentoria, liderança (transacional, transformacional e servidora) e mentoria x liderança (transacional, transformacional e servidora) – caracterizam as três perguntas de pesquisa que direcionam toda investigação. Essas perguntas são contextualizadas e apresentadas, seguindo a seqüência temática deste trabalho. O intuito é tornar mais eficaz a compreensão e a razão pelas quais foram consideradas como objeto de estudo. Visa-se com isso, obter uma forma para entender os relacionamentos mentor-mentorado, líder-liderado e mentor x líder. A pesquisa exploratória desses constructos proporcionou também à elaboração de um referencial teórico. Isto possibilitou o entendimento da prática adotada pelas organizações sob análise, contribuindo assim para outros estudos exploratórios que estão sendo realizados. A seguir será apresentada a pergunta de pesquisa referente ao tema mentoria. 1.1.1 Pergunta de Pesquisa – Mentoria O conceito de mentoria não é novo. A origem da mentoria pode ser localizada há muito tempo atrás, sendo intimamente ligada com a aprendizagem e com o desenvolvimento humano. Assim, diversos autores têm considerado a mentoria como um método efetivo para desenvolver e treinar pessoas (KRAM, 1988; CUNNINGHAM & EBERLE, 1993; ALLEN et al, 2004). A expressão mentoria, nesse contexto, significa um relacionamento entre um adulto jovem menos experiente (mentorado) e um mais velho com avançada experiência e conhecimento (mentor). Alguém que ajuda outrem a aprender a navegar no mundo dos adultos e no mundo do trabalho. Isso implica em dar apoio e promover mobilidade ascendente de carreira (LEVINSON et al, 1978, KRAM, 1988). Mentoria, nessa perspectiva, pode ser compreendida como um processo altruísta e interpessoal, multifacetado e extremamente diversificado (APPELBAUM et al, 1994). Inúmeros exemplos do valor do mentor são encontrados na história. O próprio termo mentor passou a ser utilizado para designar um orientador, conselheiro, amigo, tutor, 20 professor e homem sábio (LEVINSON et al, 1978; KRAM, 1988; BURKE, 1984). Independente da conceituação usada, o que é relevante na relação mentor-mentorado é que ambas as partes sejam beneficiadas com a experiência. Uma relação de mentoria positiva pode contribuir para o desenvolvimento profissional do mentorado (CARVALHO, 2003). O fenômeno da mentoria, nessa acepção, tem encontrado uma forte fundamentação, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, sendo foco de muitas pesquisas e estudos. No Brasil, o processo ainda não é bem explorado. Uma revisão da literatura científica brasileira demonstra haver escassez de publicações sobre o tema (AZEVEDO & DIAS, 2002). O modelo de mentoria mais conhecido, atualmente, é o desenvolvido por Kathy Kram (1988). Entende-se por modelo, nesta abordagem, as funções desenvolvidas pelos mentores. E tal modelo é o escopo central deste trabalho Baseada nas considerações acima foi formulada a seguinte pergunta de pesquisa: Até que ponto é possível perceber um modelo de mentoria existente nas empresas estudadas, distinto do modelo internacional desenvolvido por Kathy Kram? Nessa perspectiva, diversos aspectos podem ser abordados nos grandes temas de pesquisa em mentoria. Este trabalho, porém, teve como escopo apenas o estudo do modelo de mentoria, ou seja, o estudo das funções exercidas pelo mentor. Um outro modelo estudado neste trabalho é o de Liderança. A pergunta de pesquisa relativa a esse constructo será discutida no item seguinte. 1.1.2 Pergunta de Pesquisa – Liderança Mentoria e liderança são constructos bastante correlacionados, a ponto de se questionar a necessidade e/ou obrigação de líderes serem mentores e vice-versa. A liderança, nesse aspecto, é um tema que vem sendo foco de muitas pesquisas. Liderança é um fenômeno universal e comum a diferentes culturas e sociedades. Desse modo, pretende-se estudar esse constructo, examinando os estilos de liderança transacional, transformacional e servidora (BURNS, 1978; BASS, 1985; GREENLEAF, 1977). A liderança tem um papel significativo na história da humanidade. E hoje, muito mais, especialmente quando lhe associa aos resultados das organizações (ASANOME, 2001; SENGE, 2000). Apesar disso, não há fórmula para liderança. Ela é mais do que os enfoques, estilos, capacidades e atributos existentes nas teorias (SCHOLTES, 1999). 21 O conceito de liderança envolve duas ou mais pessoas. Seja qual for à teoria usada, liderança denota um processo de influência exercido de modo intencional, que envolve primordialmente motivação, inspiração, sensibilização e comunicação (BERGAMINI, 1994). Para alguns autores, como Senge (2000), as pessoas confundem a definição de liderança com a de gerência. Kotter (2001, p. 85) diz que “liderança e administração são dois sistemas distintos e complementares de ação. Cada um tem sua própria função e atividades características. Ambos são necessários para o sucesso em um ambiente empresarial complexo e volátil”. Fica evidente, portanto, que são dois fenômenos distintos. Nesse sentido, os estudos sobre liderança podem ser agrupados em quatro abordagens. Até os anos 40, consideram-se as características, traços e qualidades natas dos líderes. Até os anos 60, muda-se o foco para o comportamento do líder e assim para uma abordagem sobre os estilos de liderança. Daí aos anos 80, surge a abordagem contingencial voltada para aspectos situacionais e de contexto. A partir dos anos 80, tem-se uma abordagem baseada nas idéias da gestão pelo simbólico, envolvendo tipos de liderança como a carismática, a visionária e a transformacional. Destaca-se ainda que na década de 90 ressurgem os enfoques em traços de personalidade e estilos de liderança (CONDE, 2004; ROBBINS, 2002). Nessa perspectiva, encontram-se os estudos sobre as lideranças neo-carismáticas – transacional, transformacional e servidora, que são foco desta pesquisa. Tem-se com isso uma tentativa de maior contextualização dos modelos de liderança a serem pesquisados nas empresas estudadas. Desse modo, inspirado nos argumentos teóricos ora apresentados, foi formulada a seguinte pergunta de pesquisa: Até que ponto é possível perceber um modelo de liderança existente nas empresas estudadas, distinto do modelo internacional de liderança transacional, transformacional e servidora, desenvolvido por Burns (1978), Bass (1985) e Greenleaf (1977)? Uma vez constatada a proximidade dos constructos mentoria e liderança, busca-se responder neste trabalho outra questão, apresentada na seção seguinte. 1.1.3 Pergunta de Pesquisa - Mentoria x Liderança Nesta seção, conforme os aspectos discutidos até o momento, entre os temas mentoria e liderança, foi formulada a seguinte pergunta de pesquisa: 22 Até que ponto é possível perceber uma relação entre o(s) modelo(s) de mentoria e o(s) modelo(s) de liderança estudados? Para efetivamente compreender toda a problemática desta pesquisa e responder as três perguntas formuladas, foi necessário definir os objetivos a serem alcançados. Na seção seguinte estes objetivos serão apresentados. 1.2 Objetivos Conforme apresentado na seção anterior, há perguntas de pesquisa associadas a cada tema estudado. Cada uma destas perguntas será desenvolvida a seguir, através de objetivos gerais e objetivos específicos. 1.2.1 Tema – Mentoria 1.2.1.1 Objetivo Geral Compreender o que caracteriza o modelo de mentoria percebido pelos respondentes, em relação e a partir do modelo “internacional” desenvolvido por Kathy Kram, através de estudos exploratórios do comportamento do mentor. 1.2.1.2 Objetivos Específicos a) Definir o perfil do mentor considerado mais importante. b) Compreender os impactos percebidos pelos respondentes como decorrentes das relações de mentoria assinaladas. c) Definir o modelo “ideal” de mentoria percebido pelos respondentes, o que diz respeito à importância dada as características (comportamentos, atitudes e valores) de um mentor. 23 d) Definir o modelo “da prática” de mentoria percebido pelos respondentes, isto é, a freqüência das características (comportamentos, atitudes e valores) presentes no mentor considerado mais importante. e) Comparar o modelo “ideal” percebido pelos respondentes com o “internacional” de mentoria. f) Comparar o modelo “da prática” percebido pelos respondentes com o “internacional” de mentoria. 1.2.2 Tema – Liderança 1.2.2.1 Objetivo Geral Compreender o que caracteriza o modelo de liderança percebido pelos respondentes, em relação e a partir do modelo “internacional” desenvolvido por Burns (1978), Bass (1985) e Greenleaf (1977), através de estudos exploratórios do comportamento do chefe imediato (líder). 1.2.2.2 Objetivos Específicos a) Definir o perfil do chefe imediato (líder) considerado mais importante. b) Compreender os impactos percebidos pelos respondentes como decorrentes das relações de chefias (liderança) assinaladas. c) Definir o modelo “ideal” de liderança percebido pelos respondentes, o que diz respeito à importância dada as características (comportamentos, atitudes e valores) de um chefe imediato (líder). d) Definir o modelo “da prática” de liderança percebido pelos respondentes, isto é, a freqüência das características (comportamentos, atitudes e valores) presentes no chefe imediato (líder) considerado mais importante. e) Comparar o modelo “ideal” percebido pelos respondentes com o “internacional” de liderança f) Comparar o modelo “da prática” percebido pelos respondentes com o “internacional” de liderança. 24 1.2.3 Tema – Mentoria x Liderança 1.2.3.1 Objetivo Geral Compreender o que caracteriza a relação entre os modelos de mentoria e de liderança percebidos pelos respondentes, através de estudos exploratórios dos comportamentos do mentor e do chefe imediato (líder). 1.2.3.2 Objetivos específicos a) Comparar o perfil do mentor e do chefe imediato (líder), considerados mais importantes. b) Comparar os impactos percebidos pelos respondentes como decorrentes das relações de mentoria e de chefia (liderança) assinaladas. c) Comparar as relações entre o modelo “ideal” de mentoria e o “ideal” de liderança percebidos pelos respondentes. d) Comparar as relações entre o modelo “da prática” de mentoria e o “da prática” de liderança percebidos pelos respondentes. A justificativa para realização dessa pesquisa será descrita na seção seguinte. 1.3 Justificativa Esta seção apresenta os motivos de ordem teórica e prática que justificam a realização desta pesquisa. 1.3.1 Justificativa Teórica O estudo específico dos modelos de mentoria e de liderança nas organizações vem 25 sendo desenvolvido nas últimas décadas, constituindo-se assim uma ampla área para investigações. Entende-se como modelo, nessa pesquisa, as funções exercidas pelo mentor e pelo líder na relação com seus mentorados e liderados respectivamente. Nesse sentido, as pesquisas sobre tais modelos são encontradas com maior freqüência nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, a literatura é ainda bastante incipiente, caracterizando uma lacuna no estudo de pessoas e organizações (CARVALHO, 2003; REGIS, 2005; CONDE 2004; ASANOME; 2001). Baseado nesse argumento, esta pesquisa é relevante para os achados científicos, no que se refere à área do comportamento organizacional. Isto porque, considerando-se apenas a literatura americana e européia, seria possível afirmar a existência de um modelo internacional e universal de mentoria e/ou de liderança? Como entender então a aplicabilidade de tais modelos a diferentes culturas organizacionais? Qual a percepção da influência de fatores específicos de um país e inexistente em outro? Nessa perspectiva, este trabalho contribui para a realização de um projeto maior, de longo prazo. Trata-se, portanto, do estudo, mapeamento e caracterização dos modelos brasileiros de mentoria e de liderança, desenvolvido por pesquisadores brasileiros e coordenado por Sônia Calado Dias, orientadora desta pesquisa. Desse modo, os motivos de ordem teórica para o desenvolvimento deste trabalho, estão concentrados sobre a lacuna empírica da temática abordada. Especificamente, a motivação teórica do presente estudo está pautada na inexistência de pesquisas, principalmente no Brasil, focando a relação entre as funções de mentoria e os estilos de liderança transacional, transformacional e servidora. A implicação prática deste estudo é também relevante. Na próxima seção serão apresentados os motivos práticos que evidenciam tal assertiva. 1.3.2 Justificativa Prática Pesquisar acerca da relação entre mentoria e liderança produz subsídios na atuação prática dos indivíduos nas Organizações. Corroborando esse pensamento, a pesquisa de Carvalho (2003) evidencia que o conhecimento científico pode ser aplicado e validado na prática profissional. Demonstra também que a e(a?)fetividade da relação homem-trabalho, chefe-subordinado, cientista-ciência é encontrada quando os motivos se transformam em 26 ação, ou seja, quando há motivação e satisfação no que e como se faz. Nessa acepção, o presente trabalho tem um papel importante para o entendimento das relações interpessoal-gerencial, bem como, para a compreensão do desempenho individualorganizacional. Assim sendo, esta pesquisa visa encontrar achados que viabilizem e otimizem, entre outros, o processo de seleção e recrutamento, o programa de desenvolvimento técnicopessoal, o planejamento e gerenciamento de carreiras, o programa motivacional e de reconhecimento do indivíduo na organização. Além disso, busca-se obter, indiretamente, outros resultados práticos para os stakeholders. Isto porque os benefícios e impactos da mentoria e da liderança são inúmeros (ver capítulo 2). Como exemplos desses resultados indiretos, pretende-se alcançar com este estudo, a melhoria do processo decisório, a redução de turnover e de absenteísmo, o aumento de produtividade e de satisfação dos funcionários, e o maior comprometimento. Este trabalho tem, portanto, a intenção de ser uma pesquisa aplicada. Trata-se, pois, de um trabalho original, bastante desafiador. Busca-se assim, por meio deste estudo, reflexões, observações e ações que possam ser desenvolvidas nas organizações pesquisadas e servir como referência para outras. A estrutura deste trabalho será apresentada na próxima seção. 1.4 Estrutura do Trabalho Esta dissertação encontra-se dividida em cinco capítulos. O primeiro capítulo introduz o tema no qual podem ser identificados: o problema e as perguntas de pesquisa, os objetivos gerais e específicos, a justificativa e a estrutura do trabalho. O segundo capítulo versa sobre a fundamentação teórica dos constructos usados ao longo do estudo. Constitui-se numa pesquisa exploratória sobre mentoria e liderança (transacional, transformacional e servidora). O terceiro capítulo descreve a metodologia a ser utilizada. Serão apresentados: os pressupostos norteadores, a natureza e o desenho da pesquisa, o locus de investigação, a população & amostra, a instrumentação das variáveis, a coleta e a análise dos dados e os limites e limitações do estudo. O quarto capítulo apresenta e discute os resultados da pesquisa. O último capítulo trata das considerações finais. Nesta etapa são apresentadas as conclusões, sugestões para trabalhos futuros e sugestões de ação. 27 2 Fundamentação Teórica Este capítulo apresenta os referenciais teóricos deste trabalho. Foi feita a revisão da literatura, atual e relevante, com o intuito de estabelecer os parâmetros que fundamentaram a pesquisa de campo, bem como a discussão e as conclusões obtidas. Será estudado inicialmente o tema mentoria. O modelo desenvolvido por Kathy Kram (1988), operacionalizado por Noe (1988) e aprofundado por outros autores, considerado nesse trabalho como modelo internacional, será o escopo principal desta etapa da fundamentação teórica. Vale ressaltar, mais uma vez, que não é foco deste trabalho, aspectos referentes aos grandes temas de pesquisa nessa área como as fases e os tipos de mentoria. Continuando nessa linha de investigação, serão apresentados os estilos de liderança transacional, transformacional e servidora. Essas teorias foram criadas respectivamente por Burns (1978), Bass (1985) e Greenleaf (1977), e estudados por outros pesquisadores, sendo alguns destes, também considerados neste trabalho. Será então realizado o estudo comparativo entre mentoria e liderança. A finalidade desta contraposição teórica é identificar similaridades e diferenças entre esses constructos, e preencher a lacuna conceitual existente no campo do comportamento organizacional. Em síntese, o propósito deste capítulo é identificar argumentos que contribuam para a caracterização dos modelos “internacional”, “ideal” e “da prática” dos constructos estudados. Desse modo, pretende-se fundamentar teoricamente as respostas às perguntas de pesquisa e gerar as questões norteadoras deste trabalho. 2.1 Mentoria O desenvolvimento de pessoas pode ocorrer de muitos modos. Uma abordagem popular são as interações de desenvolvimento que envolvem relações entre duas ou mais pessoas, focando as metas de desenvolvimento pessoal ou profissional. Interações de desenvolvimento podem ter uma variedade de formas como coaching, tutoria, ações de ensino- 28 aprendizagem e mentoria (D’ABATE et al, 2003). Nessa perspectiva, mentoria é o modo mais antigo de desenvolvimento humano. Ela foi desenvolvida da mitologia grega, através de uma fase caracterizando mais definitiva para a mais recente fase de implementação (APPELBAUM et al, 1994). A fonte mais rica de insights e hipóteses sobre o relacionamento de mentoria, que cerca inclusive a definição desse fenômeno, é fornecida por Levinson et al, (1978). Tradicionalmente mentoria tem sido definida como um processo intencional de criação-formação. Isso inclui identificação, admiração e internalização. Considerando o contexto organizacional, os pesquisadores entendem um mentor como normalmente uma pessoa bem mais antiga, experiente e madura: um professor, conselheiro ou padrinho. Já o mentorado é a pessoa que se beneficia da experiência, maturidade e proteção do mentor (LEVINSON et al, 1978; KRAM, 1988; BURKE, 1984). Há duas concepções teóricas para a mentoria. A primeira, clássica ou primária, compreende um intensivo relacionamento de desenvolvimento de longa duração. Nessa relação, o mentorado recebe uma gama de suporte de carreira e psicossocial de um indivíduo mais experiente. A segunda concepção, secundária, entende o constructo como um processo de desenvolvimento de menor duração, menos intensidade e menos inclusivo, envolvendo múltiplos relacionamentos. Cada um desses relacionamentos oferece funções de desenvolvimento especializadas (LEVINSON et al, 1978; WHITELY et al, 1992). Mentoria é assim, um relacionamento interpessoal particular que pode influenciar o progresso da carreira. Relações com chefes, subordinados e pares oferecem alternativas para a mentoria. Trata-se de um relacionamento relativamente indisponível para muitos indivíduos nas organizações (WHITELY et al, 1992). Mentoria, nesse contexto, afeta muitos aspectos do comportamento organizacional. Isto inclui liderança, cultura organizacional, satisfação no trabalho e desempenho. Desse modo é um fenômeno que aparece em quase toda grande empresa (APPELBAUM et al, 1994) Nesse sentido, Kram (1988) propôs um modelo conceitual de mentoria. Esse modelo corresponde às funções desenvolvidas por um mentor. Vários estudiosos têm desenvolvido suas investigações a partir desse modelo. Para fins deste trabalho, tais funções identificadas por Kram (1988), são consideradas como o modelo internacional de mentoria. A seguir será descrito tal modelo internacional. 29 2.1.1 Modelo internacional O modelo internacional de mentoria estabelecido por Kram (1988), ora apresentado, corresponde às funções desenvolvidas pelo mentor. Nesse sentido, a mentoria se distingue dos outros relacionamentos de desenvolvimento devido às características de suas funções. Tais funções, escopo deste trabalho, acentuam o crescimento pessoal e profissional do indivíduo. Consistem de duas dimensões: as funções de carreira e as funções psicossociais (KRAM, 1988); estudas em seguida. 2.1.1.1 Funções de carreira As funções de carreira são as que proporcionam um avanço na hierarquia da organização. Elas acentuam o aprendizado de papéis organizacionais, o desenvolvimento da carreira e preparam o indivíduo para um bom desempenho em cargos superiores. Estas funções incluem o patrocínio, exposição-e-visibilidade, coaching, proteção e tarefas desafiadoras (KRAM, 1988). 2.1.1.1.1 Funções de carreira: Patrocínio Patrocínio é a função de carreira observada com mais freqüência. O patrocínio é do mentor ao mentorado, sendo um fator crítico para o desenvolvimento deste indivíduo inexperiente. O patrocínio acontece quando o mentor apóia publicamente o mentorado em começo de carreira. Isso é feito através de indicações para promoção em uma reunião formal ou mesmo em conversas informais com superiores, pares e subordinados que participam do grupo de decisões. A função patrocínio é uma espécie de poder refletido que o mentorado ganha através do mentor. Quando o jovem inexperiente progride e tem bom desempenho, aquele que forneceu a mentoria obtém credibilidade por sua capacidade de julgar, desenvolver e escolher, 30 e prepara um futuro sucessor que permite a sua própria ascensão. Ocorre o oposto quando o mentorado falha ou fracassa, o que pode representar um risco para o mentor. (KRAM, 1988). 2.1.1.1.2 Funções de carreira: Exposição – e – visibilidade Exposição-e-visibilidade é a função que envolve delegação de responsabilidades pelo mentor. Permite com que o mentorado tenha contato direto com pessoas de mais alto nível. Estas pessoas identificam o potencial do jovem inexperiente, facilitando futuras promoções. Isso acontece quando o mentor cria as oportunidades para o mentorado demonstrar habilidades, competências e desempenho. Ao dar tarefas e responsabilidades, o mentor permite ao mentorado aprender sobre partes da organização em que ele quer entrar. Pessoas de níveis superiores ou de outras áreas são contratadas, visando crescimento futuro. Para aquele que fornece a mentoria, prover esta função pode significar um risco equivalente ao de patrocínio. Se o mentorado desempenha bem as tarefas vai validar a escolha feita pelo mentor, mas se o inverso ocorrer, pode prejudicar sua reputação (KRAM, 1988). 2.1.1.1.3 Funções de carreira: Coaching Coaching é a função que desenvolve o conhecimento do indivíduo e a compreensão de como navegar no mundo organizacional. Como um treinador esportivo, o mentor sugere estratégias para o mentorado alcançar os objetivos, reconhecimento e progresso na carreira. O mentor orienta o mentorado em relação a novas posições na hierarquia organizacional, compartilhando suas experiências. Envolve a troca de idéias para fazer apresentação aos níveis superiores, com o propósito de garantir recepção positiva. O mentor também caracteriza a informação sobre os jogos de poder existentes e quem, ou o que, o mentorado terá de enfrentar para avançar; quem são os jogadores-chave e de que forma devem ser abordados. É uma relação de desenvolvimento mútuo, como todo processo de ensino-aprendizagem. Ao transmitir conhecimentos e perspectivas ao jovem inexperiente, aquele que fornece a mentoria valida a relevância da sua experiência (KRAM, 1988). 31 2.1.1.1.4 Funções de carreira: Proteção Proteção é a função que protege o jovem inexperiente de contatos prejudiciais, reais ou potenciais, com determinados superiores. O mentor atua como barreira de proteção contra as falhas do mentorado, evitando que as mesmas cheguem ao conhecimento dos altos níveis. Proteção envolve não permitir publicidade negativa em momentos difíceis, assumir posições (crédito e culpa) em circunstâncias controversas. Não envolve intervir em situações nas quais o mentorado ainda não esteja preparado para alcançar um resultado satisfatório. Realizando esta função, o mentor demonstra sua habilidade para desenvolver um jovem profissional. Cabe a quem fornece a mentoria proteger o mentorado de riscos e de críticas desnecessárias que venham a denegrir sua reputação (KRAM, 1988). 2.1.1.1.5 Funções de carreira: Tarefas Desafiadoras Tarefas Desafiadoras caracterizam-se por efetivas relações líder-liderado. Quando o mentor designa tarefas desafiadoras, apoiadas por treinamento técnico e constante feedback, capacita o mentorado a desenvolver competências específicas e a experimentar um senso de realização em seu papel profissional. Esta função tem impacto direto no desenvolvimento de carreira. É fundamental para a preparação do jovem, a fim de galgar posições de maior responsabilidade e autoridade. O mentor, exercendo esta função, tem a oportunidade de delegar responsabilidades técnicas e gerenciais específicas, traduzidas nas tarefas desafiadoras. Enquanto as demais funções abrem caminhos para o avanço de carreira, as tarefas desafiadoras equipam o indivíduo com as habilidades para usufruir as vantagens dessas oportunidades (KRAM, 1988). 2.1.1.2 Funções psicossociais As funções psicossociais são as que afetam o indivíduo em um nível mais pessoal, construindo sua auto-estima dentro e fora da organização. Essas funções são exercidas através 32 de confiança mútua e de crescente intimidade na relação interpessoal. A qualidade do laço interpessoal permite ao mentorado identificar-se com o mentor e encontrar nele um modelo. Trata-se de atividades que influenciam a auto-imagem e a competência do mentorado. O suporte emocional, nesse caso, geralmente afeta a identidade profissional do mentorado e pode ser fundamental no avanço da carreira. Estas funções incluem a modelagem de papel, aceitação e confirmação, aconselhamento e amizade (KRAM, 1988). 2.1.1.2.1 Funções psicossociais: Modelagem de papel Modelagem de papel é a função psicossocial mais freqüentemente observada. Ela é exercida quando as atitudes, os valores e o comportamento do mentor servem como um padrão a ser seguido pelo mentorado. Na medida em que o mentorado vê no seu mentor um exemplo, passa a admirá-lo, imitá-lo e respeitá-lo. O jovem inexperiente se espelha naquele que lhe fornece a mentoria e vê sua própria carreira. É um processo tanto consciente quanto inconsciente. Ambos, mentormentorado, têm a chance de articular ou gerenciar componentes centrais da auto-imagem no seu papel profissional. Há uma transferência de sentimentos e até de papéis dentro da relação. O processo de identificação é complexo, podendo o mentorado aceitar ou rejeitar aspectos do estilo do mentor (KRAM, 1988). 2.1.1.2.2 Funções psicossociais: Aceitação-e-confirmação Aceitação-e-confirmação é a função psicossocial em que ambos desenvolvem autoconhecimento. Isso ocorre através de mútuo feedback positivo, proporcionando benefícios tanto para mentorado quanto para mentor. Para quem recebe a mentoria, ao desenvolver as competências no mundo do trabalho, a aceitação-e-confirmação oferecida pelo mentor traz apoio e encorajamento. Para quem proporciona a mentoria, quando o desenvolvimento e o reconhecimento já são menos 33 freqüentes, a aceitação-e-confirmação do mentorado proporciona satisfação pela valorização da sabedoria e da experiência que estão sendo repassadas. Nesse sentido, o mentorado se torna mais questionador, aumentando a tolerância às diferenças, acentuando as idiossincrasias. E o mentor, por sua vez, torna-se mais satisfeito e reconhecido (KRAM, 1988). 2.1.1.2.3 Funções psicossociais: Aconselhamento Aconselhamento é a função psicossocial que possibilita ao indivíduo explorar assuntos pessoais que podem interferir no desempenho dentro da organização. Ao oferecer aconselhamento, o mentor torna-se confidente do mentorado. O que é partilhado na relação vai além dos limites da maior parte das relações hierárquicas. Ao exercer esta função, o mentor serve como uma caixa de ressonância para o auto– conhecimento do mentorado. Oferece sua experiência de vida como uma alternativa de ajuda, através de feedback assertivo e escuta ativa. Nessa perspectiva, o mentorado encontra espaço para conversar abertamente sobre suas ansiedades, medos e ambivalências. Estas tensões tendem diminuir sua produtividade, mas com o aconselhamento os resultados são revertidos posteriormente (KRAM, 1988). 2.1.1.2.4 Funções psicossociais: Amizade Amizade é a função psicossocial caracterizada por uma interação social que resulta em mútuos entendimentos e trocas afetivas, agradáveis e informais sobre o trabalho e a vida. Mentor-mentorado sentem-se satisfeitos, já que existe uma melhoria das relações no trabalho. A amizade permite para quem recebe a mentoria sentir-se mais à vontade, como um par (colega) do mentor. Essa função pode combinar componentes da relação de pais, professores e amigos. Ela também traz benefícios para quem fornece a mentoria, pois faz uma conexão com sua juventude. Permite a demonstração de sua habilidade para interagir com a geração mais jovem. Apesar disso, essa função encontra limites ou dificuldades na diferença de gênero e na ambivalência sentida pelo mentor ao avaliar o mentorado (KRAM, 1988). 34 As funções de carreira e as psicossociais não são completamente distintas. Elas são desenvolvidas para o que cada um, mentor - mentorado, busca ou oferece. Nessa visão, dar apoio para o avanço da carreira aumenta o senso de competência e eficiência no papel do profissional (KRAM, 1988). Por outro lado, no decorrer do tempo os indivíduos mudam e a importância dada às funções também varia. A relevância das funções exercidas pode ser afetada pelas habilidades interpessoais e capacidades individuais. Entretanto, é somando essas funções que os indivíduos estarão aptos a dirigir os objetivos para cada estágio da carreira (KRAM, 1988). Fundamentado nesses argumentos teóricos, destaca-se em seguida a pergunta de pesquisa relativa ao tema mentoria, apresentada no item 1.1.1 desse estudo. Até que ponto é possível perceber um modelo de mentoria existente nas empresas estudadas, distinto do modelo internacional desenvolvido por Kathy Kram? Pelo exposto, mentoria dentro das organizações pode ser percebida e desenvolvida de diversas formas. Face à necessidade de uma melhor compreensão dessas características, e com o intuito de responder a pergunta de pesquisa acima citada, serão abordadas em seguida, as questões norteadoras desse estudo. 2.1.2 Questões norteadoras Nesta seção, o fenômeno mentoria será estudado visando compreender e responder as questões norteadoras. Tais questões estão intimamente relacionadas aos objetivos específicos descritos no item 1.2.1.2 As questões norteadoras apresentadas em seguida, dizem respeito a: o perfil do mentor; os impactos percebidos da mentoria, o que constitui os modelos “ideal” e “da prática” de mentoria, e o contraponto entre tais modelos percebidos e o modelo “internacional”. 2.1.2.1 Perfil do mentor Descrever o perfil de um mentor é tão complexo quanto definir um mentor. Sabe-se que mentores têm existido e existem, mas pouco se sabe sobre quem é o mentor, como atua, 35 por que e o que faz, em que contribui e como difunde ou predomina o relacionamento mentormentorado nos negócios da organização (BURKE, 1984). Não há consenso na caracterização de um mentor. Algumas vezes o supervisor imediato é o mentor. Quando isto ocorre questões de poder e dependência são mais presentes (SCANDURA, 1998). Em outras situações, a mentoria é desenvolvida entre pares, caracterizando o apoio emocional de um para o outro como o mais útil (KRAM, 1988). Em outras circunstâncias a mentoria de grupo emerge da dinâmica do grupo como um todo, mais do que de um relacionamento com uma pessoa específica. Isso porque o grupo pode ser um agente de influenciação e de mudança, um mentor (DANSKY, 1996). Mentores também podem ser vistos como indivíduos de diferentes organizações (KRAM, 1988). Podem ser amigos críticos, guias que se responsabilizam pelo avanço da carreira e do desenvolvimento de um outro indivíduo fora do relacionamento chefesubordinado (CLUTTERBUCK e SWEENEY 1999 apud HARRINGTON, 1999). Mentores são geralmente diversos anos mais velhos do que o mentorado. É uma pessoa de mais experiência e conhecimento no mundo em o que o jovem mentorado está entrando (LEVINSON et al, 1978). Nessa perspectiva, a diferença de idade entre mentor e mentorado pode provavelmente afetar mais o relacionamento do que apenas uma idade do parceiro (CHAO, 1998). A diferença de gênero em mentoria é um tema polêmico, questionável e controverso. Tradicionalmente, mentoria era um fenômeno dominado pelos homens, no entanto, recentemente, mulheres têm iniciado esses relacionamentos. Parece que dependendo de quais atributos estão sendo focados no relacionamento de mentoria, o gênero do mentor pode ou não ser importante (APPELBAUM et al, 1994; GIBSON, 2004). Nem todas as pessoas podem ser efetivos mentores. O nível educacional e o tipo de formação exercem influência (WHITELY et al, 1992). No que diz respeito à duração da relação, mentores efetivos não só guiam novos funcionários no início da carreira, mas também ao longo da carreira e na transição para aposentadoria (LINDBO & SHULTZ, 1998). Baseado nos argumentos teóricos apresentados, buscou-se neste estudo compreender a seguinte questão norteadora: Qual o perfil do mentor considerado mais importante pelos respondentes? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.1.2.a. 36 2.1.2.2 Principais impactos percebidos A importância da mentoria pode ser percebida na dinâmica organizacional (BURKE & McKEEN, 1990). Em função desse papel relevante designado pelas relações de mentoria no desenvolvimento de carreiras e o seu uso crescente nas Organizações como uma ferramenta de gerenciamento de carreira, parece fundamental que os pesquisadores forneçam aos líderes informações sobre os benefícios da mentoria (ALLEN et al, 2004). A literatura sobre desenvolvimento de carreiras tem freqüentemente relacionado mentoria efetiva com numerosos benefícios individuais e resultados organizacionais (GODSHALK & SOSIK, 2000). Corroborando esse argumento, inúmeros estudos descrevendo os benefícios da mentoria têm sido publicados por várias décadas (LEVINSON et al, 1978; HUNT & MICHAEL, 1983). Porém, só a partir do modelo proposto por Kram (1988) sobre mentoria no trabalho é que tem surgido a pesquisa empírica no assunto. Pesquisas desenvolvidas têm visado à identificação dos impactos positivos percebidos pelos mentorados. Muitas dessas pesquisas têm examinado sistematicamente os achados no sentido de que os benefícios produzidos são relativos aos mentores, mentorados e organização (HUNT & MICHAEL, 1983). Apesar disso, estudos sobre os benefícios das relações de mentoria ainda estão na infância (NOE, 1988). Nesse contexto, dois tipos de pesquisas caracterizam a literatura que examina os benefícios da mentoria para mentorados. (ALLEN et al, 2004), O primeiro inclui estudos que comparam resultados através de mentorados e não mentorados (CHAO et al, 1992; FARGENSON, 1989). O segundo corresponde a trabalhos que envolvem correlações das funções do mentor com resultados do mentorado (NOE, 1988; RAGINS & COTTON, 1999). A mentoria tem impacto positivo nos resultados, performance e satisfação dos funcionários. Mentorados informais apresentarão mais alto nível de satisfação no trabalho e socialização organizacional do que mentorados formais, os quais apresentarão níveis maiores em comparação aos não mentorados (CHAO et al, 1992). Já indivíduos mentorados têm maior satisfação no trabalho, produtividade, profissionalismo, poder organizacional, habilidade gerencial e reduzido turnover do que os não mentorados (FARGENSON, 1989). A satisfação com a mentoria produz impactos positivos no comprometimento e atitude organizacional. Mentorados que denotam alta satisfação com seus mentores formais apresentam maior comprometimento organizacional, do que indivíduos que possuem uma marginal relação de mentoria informal. Mentorados que se encontram altamente satisfeitos 37 com seus mentores formais apresentam mais atitudes positivas, do que os mentorados que se encontram insatisfeitos com seus mentores informais (RAGINS et al, 2000). A literatura demonstra que a mentoria pode produzir um aumento na satisfação do emprego. Existe uma correlação positiva entre mentoria e comprometimento de carreira. Por outro lado, existe uma correlação negativa entre mentoria e insatisfação manifestada em absenteísmo e turnover. (APPELBAUM et al, 1994). Mentores também podem se beneficiar das funções de mentoria (de carreira e psicossocial) desenvolvidas. A mentoria pode aumentar a visibilidade, o respeito e o poder organizacional do mentor, obtendo maior destaque profissional. Além disso, cria oportunidades para rede de relacionamentos, melhora o desempenho e dinamiza a carreira do mentor (HUNT & MICHAEL, 1983; KRAM, 1988). Os benefícios de carreira de um relacionamento de mentoria para o mentor podem ser conseqüência dos resultados positivos alcançados por seu mentorado (ZEY, 1984). Conforme estudos referentes às carreiras, a relação custo-benefício parece ser diretamente associada ao mentor. O mentor tem como principal benefício, a satisfação pessoal de ver seus mentorados se desenvolverem pessoal e profissionalmente (RAGINS & SCANDURA, 1994). Os benefícios para a organização são inúmeros também. Nesse sentido, os impactos positivos na organização são: a contribuição para o desenvolvimento dos gerentes, facilitação do processo de sucessão gerencial, aumento da produtividade e redução do turnover (ZEY, 1984). Como resultado desses achados, tem sido sugerido para as organizações encorajarem seus gerentes a se tornarem mentores (CHAO, 1997). Mesmo com todos os benefícios acima citados, deve-se destacar que nem todas as relações de mentoria trazem impactos positivos (SALGUES et al, 2002). Pesquisas demonstram que as funções de mentoria implicam também em resultados e aspectos negativos (EBY et al, 2000). A mentoria que é iniciada com benefícios mútuos pode, por vezes, tornarse frustrante e destrutiva (KRAM, 1988). O compromisso assumido pela alta administração também pode trazer impactos no relacionamento de mentoria. Sem o comprometimento do alto escalão gerencial, mentores enfrentarão dificuldades de diversas ordens, devido ao esforço exigido estar além de suas obrigações regulares. Isso pode vir a produzir resultados negativos no relacionamento de mentoria (RAGINS & SCANDURA, 1994). Conforme os argumentos teóricos levantados, buscou-se neste estudo compreender a seguinte questão norteadora: 38 Quais são os impactos percebidos pelos respondentes como decorrentes das relações de mentoria assinaladas? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.1.2.b. 2.1.2.3 Modelo “ideal” O modelo “ideal” de mentoria confunde-se com as características de um mentor ideal. Para definir o mentor ideal, é necessário identificar as características mais relevantes que um mentor deve possuir para desempenhar bem as suas funções. Nessa perspectiva, Allen & Poteet (1999) procuraram estender a literatura de mentoria investigando as características percebidas de um mentor ideal e identificando os modos que mentores e mentorados poderiam desenvolver melhor as suas relações. A pesquisa dos referidos autores revelou um número de características pensadas como importantes. Os participantes perceberam que o mentor ideal deveria possuir uma ampla faixa de habilidades e de áreas do conhecimento. Dez ou mais participantes traçaram habilidades de ouvir e comunicar, paciência, conhecimento da companhia e indústria, habilidade para entender os outros. Entre 5 e 9 participantes sentiram que possuir honestidade, interesse genuíno em mentoria, ser orientado a pessoas e ter estrutura e visão foram importantes. Menos que 5 participantes listaram senso comum, auto-confiança, abertura a sugestões, disponibilidade para compartilhar informações, qualidade de liderança, permissão para o mentorado aprender consigo mesmo, versatilidade, ter o respeito dos outros, fornecer metas realizáveis, ter habilidade para ensinar, ter disponibilidade para dar feedback e justiça – objetividade, como características do mentor ideal. Nesse contexto, o estudo de ROCHE (1979, apud BURKE & McKEEN, 1990) revela que os respondentes dão maior valor à disponibilidade do mentor em compartilhar conhecimentos e experiências do que as outras funções. Além disso, um mentor deveria ter: a) Traços de aconselhamento e compartilhamento, b) Conhecimento da organização e das pessoas que nela atuavam c) Categoria de mentor d) Respeito de pares na organização, resultando de ser o mentorado de um mentor particular e) Conhecimento do uso do poder f) Poder organizacional de mentor 39 g) Elevada mobilidade de mentor Em função dos argumentos teóricos expostos e face à necessidade de contribuir para o entendimento da importância da mentoria na realidade brasileira, buscou-se neste estudo compreender a seguinte questão norteadora: O que constitui o modelo “ideal” de mentoria para os respondentes? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.1.2.c. 2.1.2.4 Modelo “da prática” O modelo “da prática” consiste em como o mentorado percebe o relacionamento de mentoria vivenciado. Fundamentando essa concepção, encontra-se no estudo de Burke (1984) a identificação de como o mentorado percebe a prática da mentoria. Nesse estudo, o referido autor caracteriza mentores, mentorados e a relação de mentoria estabelecida. Todas as possibilidades de composição do gênero estiveram presentes. A relação mentor-homem x mentorado-homem correspondeu a 72%; mentor-mulher x mentorado-homem, 14%; mentor-mulher x mentorado-mulher, 9% e mentor-homem x mentorado-mulher, 5%. Mentores eram sempre mais velhos do que os mentorados (média de idades dos mentores 42,7 e dos mentorados, 24,4). Em 75% dos casos, mentores desenvolviam supervisão direta e tinham responsabilidade organizacional sobre os mentorados. Na maioria dos casos (59%), os respondentes acreditavam que os relacionamentos com seus mentores aconteceram espontaneamente. Esses relacionamentos eram caracterizados pela freqüência de contato (diária – 59%, diversas vezes por semana – 31%). Quarenta e oito por cento dos mentorados indicaram que seu último relacionamento de mentoria fora há 2 anos e 37% indicaram ter sido entre 2 e 5 anos. Um número expressivo de respondentes (61%) indicaram que a mentoria terminou com um ano ou quando um dos envolvidos, geralmente o mentorado, deixou a organização. Para outros respondentes (20%) a mentoria terminou devido à transferência de função do mentorado, dentro da mesma organização. Além disso, boa parte dos relacionamentos terminou com sentimentos positivos (muito bem – 45% e bem – 38%). A maioria dos respondentes apontaram que seus mentores tinham extraordinária ou considerável influência sobre suas vidas pessoais (76%) e profissionais (63%). Eles também 40 revelaram que os seus mentores exerciam 15 papéis ou funções. As cinco mais comuns eram: modelagem positiva de papel, construção de auto-confiança, professor, coach ou treinador e definição de tarefas desafiadoras no emprego para desenvolver o mentorado. Numa outra perspectiva, encontra-se a pesquisa qualitativa sobre a experiência da mentoria de Cunningham & Eberle (1993). Nesse estudo, os autores identificam as habilidades necessárias para um relacionamento de mentoria, através das percepções dos mentorados e dos mentores. Constata-se que há concordância e discordância entre mentores e mentorados. Cunningham & Eberle (1993), observaram que mentores e mentorados estão de acordo com a importância de habilidades como comunicação, abertura, inovação, orientação à meta e orientação conceitual. No entanto, para os mentorados respondentes, os mentores deveriam ser pacientes, tolerantes e acessíveis, enquanto que para si mesmo, os mentorados indicaram orientação à meta e à habilidade conceitual como as características mais importantes. Os mentorados enfatizam também a freqüência das reuniões, o respeito mútuo, foco, flexibilidade e responsabilidade compartilhada. Além disso, percebem os benefícios e impactos da mentoria de modo distinto dos mentores. Apesar da reduzida literatura descrevendo a prática da mentoria no Brasil, alguns estudos vêm sendo desenvolvidos. Essas pesquisas tiveram início no século XXI, sendo a maioria destas sob a coordenação de Sônia Calado Dias, orientadora também desse trabalho. Cada um desses estudos tem contribuído sistematicamente para a compreensão do modelo brasileiro de mentoria. Temos assim os trabalhos de: mentoria e o comprometimento organizacional, de Azevedo & Dias (2002); o papel da mentoria sobre a carreira de médicos residentes, de Carvalho (2003); o efeito da mentoria no contexto de uma empresa de consultoria Souza, Dourado & Gomes (2003); a diversidade de mentores, de Salgues, Dias e Moraes (2004); programa de mentoria formal, de Moraes, Dias & Salgues (2004); os processos de mentoria nas relações entre professores e orientandos de iniciação científica, de Medeiros (2005) e construção social de uma rede informal de mentoria, de Regis (2005). Desse modo, baseado nos argumentos teóricos apresentados e frente à necessidade de contribuir para o entendimento da prática brasileira de mentoria, buscou-se neste estudo compreender a seguinte questão norteadora: O que constitui o modelo “da prática” de mentoria para os respondentes? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.1.2.d. 41 2.1.2.5 Relação entre os modelos percebidos e o “internacional” de mentoria Esta seção visa compreender a universalidade do modelo “internacional” de mentoria proposto por Kram (1988), em relação e a partir dos modelos percebidos (“ideal” e “da prática”) de mentoria. É legítimo e oportuno tal contraponto, principalmente, quando se observa o contexto organizacional e a realidade sócio-econômica do Brasil. Esta realidade é bem diferente da encontrada nos países-sede dos estudos apresentados nesse trabalho. Desse modo, considerando-se os argumentos levantados nesta fundamentação teórica, buscou-se neste estudo compreender as seguintes questões norteadoras: a) Qual é a relação entre o modelo “ideal” de mentoria percebido pelos respondentes e o modelo “internacional” de Kram? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.1.2.e. b) Qual é a relação entre o modelo “da prática” de mentoria percebido pelos respondentes e o modelo “internacional” de Kram? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.1.2.f. Em seguida serão discutidos os aspetos relacionados ao tema liderança. 2.2 Liderança Liderança existe em todas as épocas e sociedades sendo fundamental para a operação e manutenção das instituições. Corroborando essa idéia, Chiavenato (1999, p.172) diz que a liderança “é um fenômeno social que ocorre onde se encontram grupos de pessoas”. O conceito de liderança, nessa perspectiva, é amplo e controverso. Para Senge (2000, p.28) a liderança “é a capacidade de uma comunidade humana configurar seu futuro e, especificamente, de sustentar seus processos de mudanças significativos, necessários para que isto aconteça”. Nesse sentido, a liderança tem sido associada em grande parte, desde os primeiros achados, às qualidades pessoais dos líderes. De acordo com esses atributos, os líderes são então denominados e identificados como heróis ou divindades em diferentes documentos históricos (CONDE, 2004). 42 O foco temático desse trabalho concentra-se nas teorias neocarismáticas. É necessário, portanto, compreender a evolução histórica do constructo liderança para uma análise crítica posterior do fenômeno. Essas teorias neocarismáticas enfatizam os comportamentos simbólicos e apelativos emocionalmente dos líderes. Elas buscam explicar como alguns líderes conseguem níveis elevados de comprometimento de seus liderados e, reduzem “a complexidade teórica, procurando ver a liderança de modo mais próximo àquela de uma pessoa comum”. (ROBBINS, 2002, p.317). Considerando-se todos esses argumentos, as teorias mais populares de liderança atualmente discutidas pelos pesquisadores se encontram nas lideranças neocarismáticas. Por isso, para fins dessa pesquisa, será adotado como modelo internacional de liderança, as teorias de liderança transacional e transformacional (BURNS, 1978; BASS, 1985) e servidora (GREENLEAF, 1977). Esse modelo internacional será discutido a seguir. 2.2.1 Modelo Internacional Grande é a quantidade de estudos realizados na atualidade para analisar o relacionamento entre cultura e estilos de liderança. Nesse sentido, a literatura indica uma maior divergência entre pontos de vista com respeito à universalidade ou atributos específicos relativos a culturas específicas. Muitos pesquisadores, desse modo, têm defendido um impacto direto da cultura no estilo de liderança, afirmando que específicas tradições e normas culturais devem levar a diferenciar o estilo de liderança (JAVIDAN & CARL, 2005; SMITH & PETERSON, 1988). Corroborando esse pensamento, Triands (1994) concluiu que o ótimo perfil de liderança em um país é altamente influenciado por seus valores culturais. Ele mostrou que os empregados em países individualistas preferem mais liberdade e autonomia enquanto em culturas coletivistas favorece a segurança e a harmonia do grupo. A cultura nacional influencia o estilo de liderança por parte dos liderados. Os líderes não são livres para escolher qualquer estilo que prefiram. Eles têm limitações impostas pelas condições culturais que determinam as expectativas de seus liderados (ROBBINS, 2002). Como resultado, existe uma grande necessidade de um melhor entendimento da maneira como a liderança é exercida em varias culturas (HOUSE, 1995). 43 Em sua pesquisa, Boehnke et al, (2003) questionam se todos os comportamentos de liderança são universais ou se existem exceções em função das culturas de países e organizações Seu objetivo, nesse trabalho, foi levantar qualquer preocupação com a generalização que possam surgir em função da centralização dos cientistas e de suas teorias de liderança nos Estados Unidos. Para estes autores, tomando uma perspectiva global, pesquisadores e gerentes podem ficar mais confiantes com o seu entendimento do que significa liderança e como a mesma funciona em diferentes conjunturas nacionais. Baseado nos argumentos acima, de que é no mínimo questionável a universalidade de um modelo de liderança, passamos em seguida a apresentação das principais concepções teóricas sobre os modelos de liderança transacional e transformacional (BURNS, 1978; BASS 1985) e servidora (GREENLEAF, 1977). 2.2.1.1 Liderança Transacional A liderança transacional surge nas organizações como base para aquisição e compreensão de responsabilidades, recompensas e punições. Fundamentando essa assertiva, encontra-se em Bass (1985), que a liderança transacional é formulada para resultar na conquista pelos subordinados de um nível de performance negociado. Nesta visão, líder e liderado acordam tudo que deve ser recebido pelo subordinado por atingir a meta e o desempenho definidos. O líder transacional é, portanto, aquele que apela aos interesses, especialmente às necessidades primárias dos seguidores. Ele promete recompensas ou ameaças para conseguir que os liderados trabalhem para alcançar os resultados esperados (ROBBINS, 2002). O líder transacional reconhece e recompensa as necessidades dos seguidores e então define os processos de troca para solucionar essas necessidades. Ambos líder e liderado lucram da transação de troca em resposta ao alcance de objetivos, previamente acordados (BOEHNKE et al, 2003). O modelo de liderança transacional clarifica as expectativas do subordinado e oferece reconhecimento quando os objetivos são atingidos. A clarificação das expectativas e o reconhecimento quando estes objetivos são atingidos deve resultar na conquista dos níveis de performance esperadas para os indivíduos ou grupos (BASS, 1985; 1990b). 44 Nessa perspectiva, a liderança transacional é o processo de troca social entre seguidores e líderes, que envolve um número de transações baseadas em recompensa. O líder transacional especifica as expectativas de desempenho, os objetivos e o caminho que levará o alcance dos objetivos às recompensas. Monitora também o desempenho dos seguidores e toma ações corretivas quando necessário (BASS, 1985). O comportamento de liderança transacional cobre duas dimensões: recompensa contingencial e gestão por exceção. Basicamente, se um subordinado prevê realimentação positiva dos seus esforços, ele possivelmente contribuirá muito mais de sua habilidade para alcançar a meta organizacional. Além disso, o subordinado pode expressar pontos de vista mais agressivos e mostrar mais espírito para a equipe (BASS, 1985). Contrariamente, se o líder não pode dar recompensas contingentes razoavelmente, não só atingira profundamente a moral do empregado, mas também o efeito chave para redução de motivação de trabalho e desempenho de trabalho. O empregado não será encorajado ou possuído de mais desejo para alcançar a meta da equipe (BASS, 1985). Na próxima seção serão discutidas as interações e diferenciações entre os modelos de liderança transacional e transformacional. 2.2.1.2 Liderança Transacional – Transformacional Antes vistas como opostas, a liderança transacional e a liderança transformacional agora têm sido vistas como complementares (BURNS, 1978). Ao passo que a primeira é bem sucedida em si mesma, a segunda pode levar a desempenhos extraordinários por parte dos liderados (BASS, 1985; 1990b). Não existe unanimidade na distinção entre líderes transacionais e transformacionais. Enquanto Burns (1978), considerava líderes como sendo transformacionais ou transacionais, outros teóricos vêem liderança como uma extensão, com a liderança transformacional numa extremidade e a liderança transacional na outra. Em relação à liderança transacional, o ponto de vista de Burns (1978) e Bass (1985), apesar de coincidente em alguns aspectos, difere em outros. O primeiro autor contrasta a liderança transformacional da liderança transacional. Afirma que este último tipo de liderança motiva os seguidores apelando para os seus interesses pessoais e que é estabelecida em bases burocráticas. No entanto, para Bass (1985) o uso de incentivos e recompensas para influenciar 45 a motivação é apenas um vértice da atuação do líder. Este tem também o encargo de esclarecer o tipo de trabalho exigido para que se logre a obtenção de recompensas. A liderança transformacional é construída em cima da liderança transacional. Enquanto a liderança transacional sugere um menor esforço face à missão, à estrutura e às pessoas; a liderança transformacional evoca imagens de mudanças profundas e de longo prazo sobre a estrutura política e cultural da organização (BASS, 1990a; ROBBINS, 2002). Trabalhando essa linha de pensamento, Bass (1985) identificou oito dimensões de liderança que cobriam estas duas fronteiras de domínio. Elas foram definidas como: Liderança Transacional a) Recompensa contingencial – refere-se ao comportamento de liderança focado na troca de recursos, isto é, os líderes fornecem recursos e suporte tangíveis e intangíveis aos subordinados em troca do seu esforço e performance, reconhecendo as conquistas. b) Gestão por exceção ativa - refere-se ao monitoramento da performance e tomada de ação corretiva quando necessário. O foco do gerenciamento pela exceção ativa é na definição de padrões e na monitoração de desvios desses padrões. c) Gestão por exceção passiva – refere-se à administração dos líderes quando têm uma atitude passiva, intervindo apenas quando os problemas não são alcançados, evitando tomar decisões. Laissez-Faire a) Refere-se à ausência de responsabilidades de liderança. Liderança Transformacional a) Influência idealizada – refere-se a líderes que têm altos padrões de moral e conduta ética, que detêm alto respeito pessoal e que conseguem lealdade dos seus seguidores. b) Motivação inspiracional – refere-se a líderes com uma forte visão de futuro baseada em valores e ideais. Comportamentos do líder contidos nesta dimensão incluem estimulo de entusiasmo, construção de confiança e inspiração dos seguidores usando ações simbólicas e linguagem persuasiva. c) Estímulo intelectual – refere-se aos líderes que desafiam normas organizacionais, encorajam o pensamento divergente e empurram os seguidores para o desenvolvimento de estratégias inovadoras. d) Consideração individual – refere-se ao comportamento do líder intencionado a reconhecer as necessidades de crescimento e de desenvolvimento dos seguidores realizando com eles a prática do coaching, aconselhamento, orientação. 46 Um líder, por sua vez, na compreensão de Boehnke et al, (2003), deve focar na obtenção de atores internos que representam o papel para realização das tarefas requeridas pela organização a fim de atingir as metas definidas. Diferenciam-se apenas os objetivos para esses autores. Assim, configuram-se como os objetivos do líder transacional: a) Assegurar que o caminho para se alcançar a meta é claramente compreendido pelos atores internos. b) Remover as potenciais barreiras dentro do sistema. c) Motivar os atores para alcançar as metas pré-determinadas. E como os objetivos do líder transformacional destacam-se: a) Ter sucesso elevando os colegas, subordinados, seguidores, clientes ou eleitores para uma maior consciência sobre os assuntos e suas conseqüências. b) Ter visão, autoconfiança e força para discutir internamente e prosperamente o que é certo ou bom, não o que é popular ou aceitável. c) Desenvolver uma relação de excitação mútua e de confiança. O papel dos líderes, nesta visão, também é distinto. O líder transacional é zelador em relação ao status quo. O líder transformacional cria uma nova organização no lugar da velha (BASS, 1990b). O líder transformacional tenta inculcar em seus seguidores a capacidade de questionar, não apenas as visões já estabelecidas, mas, até aquelas colocadas pelo próprio líder (ROBBINS, 2002). Num entendimento mais amplo, os estilos de liderança transacional e transformacional são complementares. Cada um desses estilos tem a sua aplicabilidade e importância no contexto organizacional. A seção seguinte versará sobre o modelo de liderança transformacional. 2.2.1.3 Liderança Transformacional O conceito formal de liderança transformacional foi postulado por Bass (1990b), que desenvolveram as idéias de Burns (1978). Trata-se de um conceito abrangente e complexo. Esse estilo de liderança ocorre quando líderes ampliam e elevam os interesses de seus funcionários, quando geram aceitação e conscientização dos propósitos e missão do grupo, e quando estimulam seus empregados a contemplarem mais do que seus interesses próprios pelo bem do grupo (BASS, 1990b). 47 Essa transcendência além dos interesses pessoais é para o grupo, organização, ou sociedade. Em essência, a liderança transformacional é um processo de construção de compromisso com os objetivos organizacionais para então fortalecer os seguidores ao alcance desses objetivos (BASS, 1990b). O principal pensamento atrás do conceito de liderança transformacional permanece ideológico. Isto se dá porque a liderança transformacional está alinhada ao estilo que gera desenvolvimento e mudança numa Organização. Acima de tudo, a característica central de liderança transformacional é o carisma. Caracteriza-se, nessa perspectiva, pela articulação de uma visão cativante do futuro de uma Organização e as necessidades individuais dos liderados (BASS, 1990b). Na liderança transformacional, o líder inspira seguidores a partilhar uma visão, empodera-os para que a alcancem e provê os recursos necessários para que desenvolvam seu potencial. Serve de modelo, promove otimismo e mobiliza o comprometimento tanto quanto as necessidades de crescimento dos seguidores (AVOLIO & BASS, 2002). Um líder transformacional motiva os seus subordinados a fazer mais do que eles originalmente tencionavam fazer (BASS, 1985). Ele possui boas habilidades de visão, retórica e gerenciamento de impressão, usando-as para desenvolver fortes laços emocionais com os liderados e assim ajudá-los a exceder seu nível atual de desempenho (BASS, 1990b). Líderes transformacionais mudam os valores pessoais dos liderados para apoiar os objetivos e visões da organização. Isso ocorre ao criar um ambiente onde relacionamentos podem ser formados e ao estabelecer um clima de confiança, no qual visões podem ser compartilhadas (BASS, 1985). Há quatro comportamentos primários que constituem a liderança transformacional estabelecidos por Avolio et al, (1999). São eles influência ideológica (ou carismática), motivação inspiradora, estímulo intelectual e consideração individualizada. A influência ideológica consiste no elemento carismático da liderança transformacional. Os líderes tornam-se exemplos que são admirados, respeitados, e emulados por seguidores. Conseqüentemente, os seguidores mostram um alto nível de confiança nesses líderes (AVOLIO & BASS, 2002; BASS, 1990b). Líderes transformacionais também estão dispostos a enfrentar e compartilhar riscos com seguidores. Ajuda os outros a olhar o estado futurista, enquanto inspira aceitação ao alinhar valores e interesses pessoais aos interesses coletivos dos objetivos grupais (AVOLIO & BASS, 2002; BASS, 1990b, 1998). 48 Líderes transformacionais inspiram e motivam outros ao “prover significado e desafio ao trabalho de seus seguidores” (AVOLIO & BASS, 2002, p. 2). O espírito do time é animado enquanto “entusiasmo e otimismo são exibidos” (BASS, 1998, p. 5). Nessa acepção, o líder transformacional constrói relacionamentos com os liderados através de comunicação interativa. Forma um vínculo cultural entre os dois participantes e leva a uma troca de valores dos dois partidos almejando o ponto em comum. O líder inspira seguidores a ver o atrativo estado futuro, enquanto comunicando expectativas e demonstrando um compromisso com objetivos e uma visão compartilhada. (BASS, 1998). Líderes transformacionais estimulam os esforços dos seus seguidores “para serem inovadores e criativos ao questionar alegações, re-enquadrar problemas, e abordar situações novas de novas formas” (AVOLIO & BASS 2002, p. 2). O líder estimulante intelectual encoraja os seguidores a tentarem novos métodos, mas enfatiza a racionalidade Os erros dos liderados não são criticados publicamente e criatividade é encorajada (BASS, 1990b). O líder transformacional distribui atenção pessoal aos seguidores baseado nas necessidades individuais de cada liderado para crescimento e progresso (AVOLIO & BASS 2002). Para isso o líder age como um mentor ou técnico, desenvolvendo o potencial de seus seguidores (BASS, 1998). Com a liderança transformacional vem uma mudança no foco de liderar subordinados. Muda-se da oferta simples de recompensas, para empoderá-los até torná-los líderes através do desenvolvimento de uma relação de mútuo estímulo e confiança (BOEHNKE et al, 2003). Nesse sentido, o referido autor afirma que os comportamentos da liderança transformacional dizem respeito à visão, inspiração, estimulação, coaching e trabalho em equipe. Há uma longa linha de pesquisa focada na liderança transformacional. Todavia, a pesquisa acadêmica em liderança servidora ainda está em sua infância. Deste modo, a próxima seção discutirá achados da liderança servidora. 2.2.1.4 Liderança Servidora Liderança transformacional e liderança servidora têm focos distintos. A liderança transformacional foca no envolvimento e apoio dos seguidores para o alcance dos objetivos organizacionais. Já a liderança servidora acredita que só desenvolvendo as pessoas a empresa atingirá suas metas e objetivos de longo prazo (PATTERSON et al, 2003). 49 Liderança servidora e liderança transformacional são ambas evoluções de alto nível nos paradigmas de liderança. Ambos projetos teóricos enfatizam uma alta preocupação pelas pessoas e pela produção. Entretanto, liderança transformacional incorpora uma ênfase maior sobre a produção porque o líder tem uma preocupação maior com objetivos organizacionais. Já a liderança servidora envolve uma preocupação maior com pessoas porque a preocupação primária do líder é com seus seguidores (STONE et al, 2004). A liderança servidora tem como alvo líderes que se dedicam aos outros e à missão de aprendizagem da organização. Eles encorajam a participação, o compartilhamento de poder e de informações; reconhecem o valor dos outros; estimulam a criatividade das pessoas; são completamente comprometidos; dão crédito às realizações das pessoas; têm um impulso natural para aprender; promovem o senso de comunidade e justiça (JAWORSKI, 2000). O conceito de liderança servidora entre os teóricos organizacionais modernos é creditado a Greenleaf (1977). Na opinião do referido autor, a liderança deve primeiramente atender às necessidades dos outros. O foco da liderança servidora está nas pessoas e no entendimento do papel do líder como um servo. O conceito de liderança servidora é crescentemente popular. Ao longo de muito de sua história essa concepção tem sido sistematicamente indefinida e carecendo de suporte empírico (FARLING et al, 1999). O objetivo primário do líder servidor é servir e atender às necessidades de outros, que idealmente deveria ser a motivação primordial para liderança (RUSSELL & STONE, 2002). A liderança servidora tem lugar quando os líderes assumem a posição de servidores em seus relacionamentos com os subordinados. Ela surge daqueles cuja motivação principal é o desejo profundo de ajudar os outros O auto-interesse não deve estimular tal estilo de liderança, pois, a liderança servidora deverá ascender para o mais alto plano de motivação, focando nas necessidades dos outros (GREENLEAF, 1977). A liderança servidora envolve o compartilhamento de poder com as pessoas, objetivando o servir sempre. Até agora, a pesquisa sobre liderança servidora tem focado mais a comparação entre o conceito liderança servidora e o do outros estilos de liderança, bem como, a identificação de características específicas da liderança servidora (FARLING et al, 1999). O líder servidor enfatiza o desenvolvimento pessoal e o empoderamento dos seguidores. Nessa acepção, ele é um servidor dos seus seguidores, colocando os interesses dos liderados acima dos seus próprios interesses. Facilita o alcance de uma visão partilhada e sua orientação para servir é mais importante que o seu ego (PATTERSON et al, 2003). 50 Na tentativa de adicionar coerência ao desenvolvimento de uma teoria, Russell e Stone (2002) estabeleceram um modelo prático para liderança servidora. Eles identificaram atributos funcionais e de acompanhamentos da liderança servidora, que fornecem uma base consistente para comparação entre a liderança servidora e liderança transformacional. As características dos líderes servidores são distintas dos demais líderes neocarismáticos. Diversas são características atribuídas ao líder servidor. Segundo Spears (1998), as características de um líder servidor são: a) Bom Ouvinte – identifica o desejo do grupo; ouve sua voz interior; reflete. b) Empático – reconhece e identifica as pessoas pelo seu espírito único. c) Conciliador – negocia e medeia as situações de conflito d) Consciente – tem ciência de si e das condições gerais. e) Persuasivo – convence, não coage. f) Idealista – tem habilidade de sonhar grandes sonhos. g) Perceptivo – tem habilidade de entender as lições do passado, as realidades presentes e prováveis conseqüências das decisões para o futuro. h) Stewardship – administrador de serviços prestados; senso de manter a confiança da pessoa em todos os serviços realizados. i) Comprometido com o crescimento das pessoas – acredita que as pessoas possuem valores intrínsecos, além das contribuições tangíveis como trabalhadores. j) Constructor de comunidades: demonstra sua ilimitada responsabilidade com o grupo. Por sua vez, Greenleaf (1977), afirma que os líderes servidores são: a) Servos primeiramente; b) Articuladores de visão; c) Inspiração de confiança; d) Conhecedores da arte de escutar; e) Mestres de realimentação positiva, quer dizer, aceita a pessoa, não necessariamente o esforço ou desempenho de uma pessoa; f) Prescientes, isto é, usa o senso intuitivo para atravessar vácuos de informação para prever melhor o que não se vê; g) Proponentes de desenvolvimento pessoal. O líder servidor, desse modo, visualiza a pessoa com base no futuro A compreensão desse líder para os outros é sobre fé, sobre ver e falar coisas, como eles são ou serão. Ele tem que sonhar enquanto permanece no passado e tem que focar o futuro quando age. (PATTERSON et al, 2003). 51 O líder servidor equilibra o crescimento de seus liderados e está atento ao que é melhor para o seguidor. Qualquer um que queira se tornar um líder servidor deve se submeter à disciplina de aprender a escutar, não apenas os outros, mas a si mesmo. Tais líderes devem confiar que os empregados são seres humanos comprometidos e que são capazes de desempenhar o melhor de suas habilidades (BANUTU-GOMEZ, 2004). Fundamentado nesses argumentos teóricos destacamos em seguida a pergunta de pesquisa relativa ao tema liderança, apresentadas no item 1.2.1 desse estudo. Até que ponto é possível perceber um modelo de liderança existente nas empresas estudadas, distinto do modelo internacional de liderança transacional, transformacional e servidora, desenvolvido por Burns (1978), Bass (1985) e Greenleaf (1977)? Diante do exposto nas diversas teorias de liderança, pode-se perceber que os líderes eficazes não utilizam um único estilo. Eles ajustam seu estilo à situação. Face à necessidade de compreender tais características, e com o intuito de responder a pergunta de pesquisa acima citada, serão abordadas a seguir as questões norteadoras deste estudo. 2.2.2 Questões norteadoras Nesta seção, o fenômeno liderança é estudado visando compreender e responder as questões norteadoras. Tais questões são referentes ao modelo “internacional” definido nesse trabalho, que encerra os estilos de liderança transacional, transformacional e servidora. Estas questões estão intimamente relacionadas aos objetivos específicos descritos no item 1.2.2.2. As questões norteadoras apresentadas em seguida, dizem respeito a: o perfil do líder; os impactos percebidos da liderança, o que constitui os modelos “ideal” e “da prática” de liderança, e o contraponto entre tais modelos percebidos e o modelo “internacional”. 2.2.2.1 Perfil do Líder Para um líder ser capaz de extrair o melhor de seus liderados, ele deve apresentar um nível mais alto de desenvolvimento existencial do que seus seguidores. O que significa estar psicologicamente maduro, isto é, uma pessoa funcionando plenamente, no limite máximo de 52 suas competências. Uma pessoa que está usando todas as suas faculdades e as têm desenvolvido como um todo, uma unidade (HITT, 1993). Há diversos aspectos do caráter que caracterizam um líder. Para Hitt (1993) são: a) Identidade, ou saber quem é ou quem não é, ter um senso de inteireza e de integração. b) Independência, ou tomar suas próprias decisões. c) Autenticidade ou ser verdadeiro, mantendo a congruência entre o eu interior e o eu exterior d) Responsabilidade ou responder por suas decisões e ações. e) Coragem ou afirmar seu modo de ser a despeito de obstáculos. f) Integridade, ou guiar-se por princípios morais e ser reconhecido como uma pessoa íntegra. Considerando o aspecto de experiência no trabalho, há diferença significativa entre líderes iniciantes. Os líderes novatos tentam manter muito o controle quando a equipe precisa de mais autonomia, ou deixam seus membros desamparados quando precisam de apoio e ajuda (STECKLER & FONDAS, 1990 apud ROBBINS, 2002). No que se refere a gênero, as evidências sugerem que a predominância dos homens sobre as mulheres no desenvolvimento de funções de chefia. Hanashiro et al, (2005), baseado numa pesquisa realizada pelo Instituto Ethos, afirmam que quanto mais alto é o nível hierárquico, menor é a representação da mulher nas empresas pesquisadas. Segundo os referidos autores, estes dados corroboram os achados de Engen (2001) quando atesta que existe uma tendência de crescimento na participação feminina em cargos estratégicos, mas a sua participação no mercado de trabalho não é proporcional a dos homens. Baseado nos argumentos teóricos apresentados, buscou-se neste estudo compreender a seguinte questão norteadora: Qual o perfil do chefe imediato (líder) considerado mais importante pelos respondentes? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.2.2.a. 2.2.2.2 Principais impactos percebidos A liderança contribui para o sucesso ou fracasso de uma organização. Isto porque, os líderes causam um profundo impacto na vida das pessoas e das organizações. Daí, a complexidade do assunto ter levado a uma infinidade de teorias e explicações sobre o que é a liderança (ASANOME, 2001). 53 A liderança influencia no aspecto motivacional. É em função do fato de compreender a dinâmica da motivação intrínseca, que o líder tem a possibilidade de conseguir maior eficácia no processo de interação com seus subordinados (BERGAMINI, 1994). Os bons líderes reconhecem e recompensam o sucesso. Isto não apenas dá as pessoas um sentimento de realização, mas também faz com que eles se sintam como participantes de uma organização que se preocupa com eles. Quando tudo isto é feito, o trabalho por si só torna-se intrinsecamente motivante (KOTTER, 2001). As ações de um líder têm as mais profundas conseqüências nas vidas de outras pessoas, positiva ou negativamente, e as vezes, para sempre (BENNIS, 1995). O que é reforçado por ROBBINS, 2002, quando diz que a eficácia da liderança dos administradores, mais do que nunca, depende da capacidade de conquistar a confiança de seus liderados. A efetividade da liderança é conseqüência do estilo do líder e das características do ambiente em que atua. Nessa perspectiva, em seu estudo, Felfe (2004), afirma que existe uma relação positiva entre a similaridade com respeito à liderança transformacional e aos resultados da liderança como: eficiência, esforço e satisfação. Quando os supervisores consideram serem eles mesmos similares aos seus líderes, eles também percebem estes líderes como tendo mais sucesso. Este resultado pode ser explicado pelo processo de socialização, no sentido de que os supervisores que percebem os seus líderes como bem sucedidos adotam o comportamento de liderança destes líderes FELFE (2004). Diferentes são os impactos dos estilos de liderança sobre os seguidores. Quando o estilo de liderança apoiadora é usado, o reflexo sobre os liderados é o aumento da confiança para alcançar resultados no trabalho. Nas situações que exigem o estilo diretivo de liderança, o reflexo sobre os seguidores é o estabelecimento do caminho para que as recompensas sejam alcançadas. Nas ocasiões em que o estilo de liderança orientado para a realização de metas é empregado, os liderados estabelecem metas mais elevadas. Nas circunstâncias em que o líder deve empregar o estilo participativo, o impacto sobre os seguidores é o de clarificação das suas necessidades e a mudança de recompensa. (HOUSE, 1995). Conforme os argumentos teóricos levantados, buscou-se neste estudo compreender a seguinte questão norteadora: Quais são os impactos percebidos pelos respondentes como decorrentes das relações de liderança assinaladas? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.2.2.b. 54 2.2.2.3 Modelo “ideal” A boa liderança dá conta das necessidades e dos valores das pessoas que precisam ser gerenciadas. Ela leva em consideração as habilidades e capacidades dos indivíduos com quem o líder compartilha essa liderança, e adapta-se ao propósito da organização. E por não poder esperar que um indivíduo heróico possua todas essas características, a liderança, em última instância, precisa ser um sistema (SCHOLTES, 1999). Tem havido uma forte tendência entre os estudiosos de liderança tratar líderes como heróis. O motivo principal comum para tais líderes hercúleos é conduzir os seguidores para alcançar certos objetivos organizacionais. (SENDJAYA & SARROS, 2002). Este papel contrasta com líderes servidores cujo motivo principal é servir aos outros para eles serem capazes de se tornarem o que é para serem (GREENLEAF, 1977). Para Hitt (1993), há cinco tipos de conhecimento do líder modelo. São eles: a) Autoconhecimento, ou compreensão de seus pontos fracos e fortes e a busca constante por indicativos que fomentem uma proposta de crescimento. b) Conhecimento do trabalho, ou compreensão dos requisitos para a tarefa e como sua função contribui para os objetivos organizacionais. c) Conhecimento da organização, ou compreensão da cultura da organização e de como ser eficiente e eficaz naquele contexto. d) Conhecimento do negócio, ou suficiente compreensão do ambiente externo que permita identificar as necessidades dos clientes e o que consideram como valor. e) Conhecimento do mundo, ou compreensão da comunidade mundial e das relações entre as pequenas e grandes comunidades. Dessa situação surgem as funções essenciais da liderança, avaliar, prever, orientar, delegar, construir equipes e promover qualidade. Aquele que é capaz de realizar eficazmente todas funções provavelmente é um bom líder, mas aquele que integra as seis funções como uma estratégia unificada é provavelmente um líder notável (HITT, 1993). Em função dos argumentos teóricos expostos e face à necessidade de contribuir para o entendimento da importância da liderança, na realidade brasileira, buscou-se neste estudo compreender a seguinte questão norteadora: O que constitui o modelo “ideal” de liderança para os respondentes? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.2.2.c 55 2.2.2.4 Modelo “da prática” No estudo que envolveu 20 empresas que se reorganizaram em torno do trabalho em equipe, Wellins et al, (1990 apud ROBBINS, 2002), descobriu responsabilidades comuns que todos os líderes têm de assumir. Isso incluiu o aconselhamento, a facilitação, o trato com problemas disciplinares, a revisão dos desempenhos, o treinamento e a comunicação. Esses achados estão alinhados com Senge, quando afirma que: “Os tipos de liderança praticados já não conseguem obter comprometimento genuíno da organização. Os líderes não são feitos sob encomenda, eles vão se construindo. O que distingue líderes é a capacidade de ter clareza e capacidade de persuasão de suas idéias; ter profundidade em seu compromisso; ter abertura para aprender sempre mais; não ter resposta certa; inspirar confiança nos que estão ao seu redor; esforçar-se para desenvolver habilidades conceituais e de comunicação; refletir valores; e aprender a ouvir e apreciar outras pessoas e suas idéias” (2000, p.385-386) Nessa perspectiva, líderes eficazes executam uma série de atividades para desenvolver suas habilidades e aumentar o conhecimento através da experiência em termos de sucessos e fracassos. Esses líderes buscam examinar os pressupostos e testam suas idéias através da reação de colegas e especialistas externos; encaram os erros como oportunidades de desenvolvimento; buscam reunir continuamente informação sobre as mudanças e acontecimentos incertos (BENNIS & NANUS, 1998). Desse modo, baseado nos argumentos teóricos apresentados e frente à necessidade de contribuir para o entendimento da prática brasileira de liderança, buscou-se neste estudo compreender a seguinte questão norteadora: O que constitui o modelo “da prática” de liderança para os respondentes? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.2.2.d 2.2.2.5 Relação entre os modelos percebidos e o “internacional” de liderança Esta seção visa compreender a universalidade do modelo “internacional” de liderança transacional, transformacional e servidora, em relação e a partir dos modelos percebidos (“ideal” e “da prática”) de liderança. Do mesmo modo que em mentoria, é legítimo e oportuno tal contraponto, principalmente, quando se observa o contexto organizacional e a realidade sócio-econômica do Brasil. Esta realidade é bem diferente da encontrada nos países-sede dos estudos apresentados nesse trabalho. 56 Dessa forma, considerando-se os argumentos levantados até o momento, buscou-se neste estudo compreender as seguintes questões norteadoras: a) Qual é a relação entre o modelo “ideal” de liderança percebido pelos respondentes e o “internacional” de liderança transacional, transformacional e servidora? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.2.2.e. b) Qual é a relação entre o modelo “da prática” de liderança percebido pelos respondentes e o “internacional” de liderança transacional, transformacional e servidora? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.2.2.f. A próxima seção tratará da fundamentação teórica do tema Mentoria e Liderança. 2.3 Mentoria e Liderança Nos contextos industriais e de negócio é freqüente a dificuldade para separar os papéis e funções que são desempenhados pelos supervisores e pelos mentores. Sendo assim, mais informações são necessárias para determinar que atributos específicos devem ser percebidos como de supervisão e como de mentoria. Além disso, a predominância de outros relacionamentos de suporte de carreira dificultam ainda mais para classificar os atributos daqueles que são realmente considerados mentoria (GIBSON, 2004). Os constructos mentoria e liderança estão intimamente alinhados, mas a definição de suas características são elusivas. Intuitivamente, as similaridades parecem óbvias e as diferenças tornam-se confusas. Talvez seja uma simples razão da diferença. Liderança envolve um líder e geralmente mais que um seguidor, enquanto que mentoria envolve um mentor e um protegido (APPELBAUM et al, 1994). Por outro lado, as diferenças podem ser muito complexas. Possivelmente, liderança é mais formal e aberta, e mentoria é mais sutil. Mentores são auto-realizados e líderes são aqueles que desenvolvem mentores. Talvez mentores sejam apenas líderes disfarçados (APPELBAUM et al, 1994). Mentoria pode ser essencial para desenvolver tarefas relacionadas com habilidades e competências em jovens funcionários e futuros líderes de negócios. Estes relacionamentos fornecem potenciais líderes com sabedoria, apoio e autoconfiança para criar e implantar estratégias e sistemas de negócio inovativos (CUNNINGHAM & EBERLE, 1993). 57 Apesar de supervisão de mentoria ter sido proposta como um componente de liderança transformacional e como um meio de aumentar o tradicional relacionamento de troca lídermembro, é aparente que definições de posição e papéis impactem se empregados e supervisores perceberem este relacionamento como uma mentoria única (GIBSON, 2004). Os gerentes deveriam ser mentores. Ao mesmo tempo isso sugere que toda avaliação de desempenho deveria focar a efetividade de cada habilidade de mentoria do gerente. Desse modo, todo gerente-mentor deveria aprender a natureza do processo de identificação, a importância do comportamento de modelagem e a sistemática de ensinar aos outros. Nessa visão, a mentoria deveria ser parte da formação dos gerentes (LEVISON et al, 1978). Mentores devem se comportar em certas situações como líderes; quando eles formam valores, agem como um exemplo e definem sentidos. Líderes preparam, desenvolvem, desafiam, encorajam e tocam as pessoas com sua visão e a paixão por aquela visão. (APPELBAUM et al, 1994). Mentores são guias ou conselheiros confiáveis que fornecem direção para uma linha de pensamento ou inclinação, desenvolvendo o interesse das pessoas e responsabilidade em assistência aos outros. A similaridade entre estes estados claramente exemplifica a similaridade entre líderes e mentores. As duas definições são quase permutáveis. A diferença é apenas intuitiva, sendo o enfoque direto adotado pelos líderes, comparado com um mais indireto (guia), usado pelos mentores (APPELBAUM et al, 1994). Um outro exemplo de uma única abordagem de liderança proximamente de mentoria é o conceito de gerenciamento de qualidade total. Lá aparece ser quatro estratégias de liderança-chave: atenção através da visão, sentido através de comunicação, confiança através de posicionamento e confidência através de respeito (APPELBAUM et al, 1994). As literaturas de mentoria e liderança fornecem várias razões para apoiar distinções conceituais e empíricas entre esses constructos (GODSHALK & SOSIK, 2000). A liderança envolve um processo de influência de desempenho-orientado, enquanto que mentoria envolve um relacionamento de modelo à longo prazo que é principalmente carreira e desenvolvimento orientado (BURKE et al, 1991). A liderança envolve um líder e um ou mais liderados, considerando que mentoria normalmente envolve um mentor e um mentorado. Liderança pode ser um processo de influência mais formal, público, e direto, considerando que mentoria pode ser um processo de influência mais informal, sutil, e indireto (APPELBAUM et al, 1994). Nem todo líder experiente se torna um mentor efetivo. A literatura parece ainda indicar a dualidade de mentoria e liderança: mentores são líderes e líderes são mentores. 58 Apesar disso, fundamentalmente, em que caminhos estão relacionados mentoria e liderança? Bons líderes agem como mentores um em um. Mentoria pode então produzir bons líderes e os líderes agirão como mentores para a próxima geração (RAGINS & COTTON, 1993) Liderança e mentoria oferecem uma grande quantidade de definições variadas para seus respectivos processos. Liderança tem sido descrita freqüentemente como um dos mais estudados e menos entendidos processos comportamentais. Da mesma forma, mentoria não é facilmente entendida no paradigma comportamento organizacional. Pesquisas sugerem que seria para examinar diretamente a correlação entre liderança e mentoria com respeito às características ou atributos, ou ainda funções desenvolvidas (CUNNINGHAM & EBERLE, 1993, APPELBAUM et al, 1994). Desse modo, considerando-se os argumentos levantados nesta fundamentação teórica, buscou-se neste estudo compreender as seguintes questões norteadoras: 2.3.1 Quais as relações entre o perfil do mentor e o do chefe imediato (líder), considerados mais importantes pelos respondentes dessa pesquisa? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.3.2.a. 2.3.2 Quais os impactos percebidos pelos respondentes como decorrentes das relações de mentoria e de chefia (liderança) assinaladas? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.3.2.b. 2.3.3 Quais as relações entre o modelo “ideal” de mentoria e o “ideal” de liderança percebidos pelos respondentes? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.3.2.c. 2.3.4 Quais as relações entre o modelo “da prática” de mentoria e o “da prática” de liderança percebidos pelos respondentes? Esta questão norteadora visa responder ao objetivo específico 1.2.3.2.d. Os argumentos estabelecidos para a fundamentação teórica dos constructos estudados, mentoria e liderança, possibilitam vislumbrar achados significativos na pesquisa de campo. Nesse sentido, a tentativa de compreensão, na literatura, de cada questão norteadora implicará em um contraponto com os achados durante a fase das discussões dos resultados. Em outras palavras, isso terá como conseqüência a confirmação ou não dos modelos “internacionais” de mentoria e de liderança ora estudados. O próximo capítulo tratará dos aspectos metodológicos que nortearão esta pesquisa. 59 3 Metodologia Este capítulo apresenta a sistemática metodológica utilizada na execução da pesquisa de campo. Inicialmente foi elaborado o planejamento de pesquisa, conforme sugerem COOPER & SCHINDLER (2004), como tarefa que todo pesquisador tem que desenvolver. O plano de pesquisa consistiu na estruturação da investigação. Incluiu o resumo de todas as etapas do estudo, desde a formulação das perguntas de pesquisa até a análise de dados (RICHARDSON et al, 1999). Em outras palavras, esta seção demonstra os procedimentos metodológicos desenvolvidos para a compreensão e análise do problema de pesquisa. Como descrito no capítulo da introdução, a problemática de pesquisa gerou as seguintes perguntas: Até que ponto é possível perceber um modelo de mentoria existente nas empresas estudadas, distinto do modelo internacional desenvolvido por Kathy Kram? Até que ponto é possível perceber um modelo de liderança existente nas empresas estudadas, distinto do modelo internacional de liderança transacional, transformacional e servidora? Até que ponto é possível perceber uma relação entre o(s) modelo(s) de mentoria e o(s) modelo(s) de liderança estudados? Nesse sentido, as próximas seções discutirão os aspectos pertinentes à metodologia de pesquisa, com o intuito de responder tais perguntas. Isto consiste na apresentação de: pressupostos norteadores da pesquisa, a natureza da pesquisa, o desenho da pesquisa, o locus da investigação, a população & amostra, o método de coleta de dados, a instrumentação das variáveis e o processo da análise dos dados. 3.1 Pressupostos norteadores da pesquisa Toda pesquisa científica está fundamentada em uma rede de pressupostos ontológicos, epistemológicos e metodológicos que definem a visão de mundo e da natureza humana que o 60 pesquisador possui (RICHARDSON, 1999). Nesse sentido, essa estratégia parece estar alinhada com a escolha de um paradigma de pesquisa. Isto porque, segundo GUBA e LINCOLN (2006), paradigma é um sistema de crenças básicas ou visões de mundo que orientam o investigador, não só para definição dos métodos, mas também nas perspectivas ontológicas e epistemológicas. Desse modo, ao escolher tal concepção de paradigma, admitese também que objetos de pesquisa, problemas pesquisados e métodos de coleta e análise serão influenciados pela visão de mundo do pesquisador. Nessa perspectiva, entende-se como fundamental a contribuição dos paradigmas para a alicerçar a produção do conhecimento. Ratificando esse posicionamento, encontram-se os trabalhos desenvolvidos por Burrell e Morgan (1979); os estudos de Gioia e Pitre (1990) na perspectiva multiparadigmática; assim como, o conjunto da obra de Morin no que se refere ao paradigma da complexidade (SILVA & NETO, 2006). A definição dos pressupostos paradigmáticos ou mutiparadigmáticos que nortearão o estudo precede ao processo de investigação científica (SILVA & NETO, 2006). Entretanto, como toda a pesquisa é interpretativa, cada paradigma interpretativo, positivista, póspositivista, construtivista-interpretativo, crítico (marxista, emancipatório) e feminista-pos estrutural, exige esforços específicos do pesquisador, incluindo as questões que ele propõe e as interpretações que traz para elas (GUBA & LINCOLN, 2006). Baseado nesses argumentos, pode-se dizer que esta pesquisa está apoiada no paradigma pós-positivista e inspirada nos princípios que fundamentam o pensamento complexo de Morin (1990). Dessa forma, mais do que apresentar definições metodológicas esta seção visa demonstrar as trajetórias do pesquisador, fincadas na formulação da problemática e no referencial teórico, que serviram como elementos norteadores do estudo. Na próxima seção será apresentada a natureza da pesquisa. 3.2 Natureza da pesquisa Para classificar esta pesquisa, usou-se o critério estabelecido por Vergara (2000) quanto aos fins e quanto aos meios. Em relação aos fins, esta investigação é do tipo exploratório-descritivo. Exploratório, porque são raros os estudos acadêmicos sobre a mentoria e liderança no Brasil, apesar de tais constructos serem bastante focados na literatura 61 estrangeira. Descritivo, porque visou descrever, analisar e interpretar as percepções dos respondentes quanto aos temas pesquisados. Nesse caso, a metodologia adotada para a realização deste estudo fundamenta-se em pressupostos da pesquisa exploratória e da pesquisa descritiva. A pesquisa exploratória tem por finalidade fornecer um maior conhecimento sobre os temas e problemas de pesquisa em análise, proporcionando maior aprofundamento e esclarecimento sobre o assunto (COOPER & SCHINDLER, 2004). Os estudos descritivos são normalmente estruturados com hipóteses ou questões norteadoras claramente definidas. Nesse tipo de pesquisa, procura-se: descrever fenômenos ou características associadas com a população, estimar proporções de uma população que tenha tais características, descobrir associações entre as variáveis e investigar e medir as relações de causalidade entre as variáveis. (COOPER & SCHINDLER, 2004). Optou-se por essa metodologia para explorar-descrever os relacionamentos de mentoria e de liderança, na perspectiva da percepção dos funcionários das empresas estudadas. Vale ressaltar que não foi foco deste trabalho a mensuração de relações de causa e efeito entre as variáveis estudadas. Quanto aos meios, esta pesquisa é de campo, transversal e ex post facto. Consiste numa investigação empírica, realizada no local onde se dispunha dos elementos para abordar os fenômenos estudados. Foi feita uma vez e representa um determinado momento. Além disso, o pesquisador não teve controle sobre as variáveis no sentido de poder manipulá-las (VERGARA, 2000; COOPER & SCHINDLER, 2004). Esta pesquisa pode ser caracterizada também como aplicada. O objetivo do estudo é gerar conhecimentos para uma possível utilização prática nas Organizações, principalmente as duas que foram objeto desta investigação. O próximo item apresentará o desenho da pesquisa. 3.3 Desenho da pesquisa Seguindo os passos adotados por Regis (2005), definiu-se como abordagem desse estudo o multimétodo. Isso porque os objetivos da pesquisa estão alicerçados tanto no método quantitativo quanto no método qualitativo. Nesse sentido, Demo afirma que: 62 ( ) todo fenômeno quantitativo é dotado também e naturalmente de faces qualitativas e vice-versa. Parto do ponto de vista de que entre quantidade e qualidade não existe dicotomia, pois são faces diferenciadas do mesmo fenômeno. Métodos quantitativos e qualitativos precisam ser tomados como complementares e como regra (2001, p.8). Nessa linha de pensamento, ratifica-se a idéia de que o estudo é multimétodo. Isto porque o questionário adotado com questões fechadas e o ferramental estatístico para a análise dos dados reforçam o método quantitativo. Por outro lado, a pesquisa também engloba um componente qualitativo, referente às questões abertas presentes no questionário e à sistemática utilizada para análise dessas respostas. O desenho de pesquisa a ser empregado será o estudo de caso. Os estudos de caso, conforme Cooper e Schindler (2004), colocam mais ênfase em uma análise contextual completa de poucos fatos ou condições e suas inter-relações. O estudo de caso deve estar focado em um fato ou ocorrência específica cuja importância encontra-se na descoberta sobre o objeto estudado. A heurística, característico do estudo de caso, deve, ajudar o pesquisador na compreensão do fenômeno investigado (GODOY, 2006). Nesta pesquisa, os casos em si são as duas indústrias multinacionais, de base tecnológica, LG.Philips Displays e Vishay Phoenix Passives. Será um estudo cross-seccional, uma vez que os dados coletados representam as informações e percepções em um momento específico dos respondentes, quanto às relações de mentoria e liderança idealizadas e recebidas ao longo de suas trajetórias de vida. É importante destacar que não se buscou realizar uma investigação que explorasse tudo sobre o caso. Foi focado apenas o escopo delimitado pelo problema de pesquisa, desdobrado nas questões norteadoras apresentadas. A seguir, serão mostrados os critérios para a escolha do locus da investigação. 3.4 Locus da investigação Os sujeitos pesquisados neste estudo foram os funcionários das duas indústrias multinacionais LG.Philips Displays e Vishay Phoenix Passives. Estas empresas compõem o site da Philips Eletrônica do Nordeste, situadas no Recife – PE. A pesquisa foi desenvolvida nas instalações das referidas indústrias. Não foram consideradas as demais empresas instaladas na planta e nem as demais unidades de negócio descentralizadas, localizadas em outras cidades do Brasil. 63 A escolha destas empresas foi baseada em dois aspectos. Primeiro, percebe-se desde a fundação, o espírito de vanguarda em liderança e o aprimoramento profissional. Isto inclusive é evidenciado através da implantação de diversos programas de desenvolvimento gerencial e estratégico do negócio. O segundo fator relevante da escolha diz respeito à acessibilidade, verbalizada pelos seus dirigentes, resultante do pesquisador pertencer ao quadro de funcionários da empresa LG.Philips Displays. Na próxima seção será apresentada a população e a amostra deste estudo. 3.5 População & Amostra Nesta seção serão descritas a população e a amostra aplicadas a este estudo. O conjunto completo de elementos que possuem determinadas características sobre as quais desejamos fazer algumas inferências é chamado de universo ou população (RICHARDSON et al, 1999). Já a amostragem consiste em selecionar alguns elementos da população e tirar algumas conclusões sobre toda a população (COOPER & SCHINDLER, 2004). Como população desta pesquisa foram considerados os funcionários que estão em atividade nas duas organizações estudadas. Na época da pesquisa, havia um contingente de 168 funcionários na LG.Philips Displays e de 444 funcionários na Vishay Phoenix Passives. Não foram considerados nesta população, os funcionários que estavam afastados, os que tinham menos de um ano de atividade profissional e nem os terceirizados. Diversos tipos de amostragem são utilizados na pesquisa social. Os membros de uma amostra são selecionados baseado em probabilidade ou por outros meios. A amostragem probabilística “é baseada no conceito de seleção aleatória – um procedimento controlado que assegura que todos os elementos da população tenham uma chance de seleção conhecida diferente de zero” (COOPER & SCHINDLER, 2004, p.153). Adotando a classificação do referido autor, a amostra deste estudo foi aleatória simples. Esta amostra foi formada pelos funcionários a partir de um ano de experiência profissional, que se dispuseram voluntariamente a responder e devolver o questionário. O tamanho da amostra foi calculado a partir da fórmula estabelecida por Richardson (1999, p. 170). O autor define para amostras aleatórias simples a seguinte expressão: n= σ2 . p. q . N E2 (N - 1) + σ 2 . p. q 64 Onde: n = Tamanho da amostra σ2 = Nível de confiança escolhido, em número de desvios (sigmas). Foi adotado o nível de confiança de 95% (2σ) p = Proporção das características pesquisadas no universo, calculada em percentagem q = Proporção do universo que não possui a característica pesquisada (q = 100 – p) E2 = Erro de estimação permitido – foi adotado um erro de 5% N = Tamanho da população. (168 funcionários da LG.Philips + 444 funcionários Vishay Phoenix Passives) Baseado nessa fórmula, a amostra mínima para realização dessa pesquisa seria: n= 22 . 50 . 50 . (168+444) . = 242 respondentes 52 . (168+444 – 1) + (22 . 50 . 50) Foi obtida uma amostra de 271 respondentes A decisão de pesquisar esses funcionários foi decorrente de dois motivos. Em primeiro lugar, era uma forma de compreender a percepção dos relacionamentos de mentoria e de liderança existentes naquelas instituições. Em segundo lugar, visava à aplicação de técnicas estatísticas mais sofisticadas como a análise fatorial das variáveis estudadas, o que exigia grande número de respondentes. Na próxima seção será abordada a instrumentação das variáveis. 3.6 Instrumentação das variáveis Esta seção visa apresentar os instrumentos que orientaram a medição das variáveis estudadas. Para isso foi dividida a seção em seis categorias (características do mentor/ mentoria; características do líder/liderança; funções de mentoria; liderança transacionaltransformacional, liderança servidora e características dos respondentes), descritas a seguir. 65 3.6.1 Características do mentor/mentoria Para compreender o perfil do mentor e os principais impactos percebidos na relação de mentoria, foram estabelecidas perguntas abertas no questionário usado nesta pesquisa. A instrumentação destas variáveis visa responder às questões norteadoras 2.1.2.1 e 2.1.2.2. Na seção seguinte será focada a instrumentação das características do líder/liderança. 3.6.2 Características do líder/liderança Semelhante ao item anterior, para compreender o perfil do chefe imediato (líder) e os principais impactos percebidos na relação de liderança, foram estabelecidas perguntas abertas no questionário usado nesta pesquisa. A instrumentação destas variáveis visa responder às questões norteadoras 2.2.2.1 e 2.2.2.2. A seguir será discutida a instrumentação da variável funções de mentoria. 3.6.3 Funções de mentoria Conforme apresentado na seção 2.1.1, as funções de mentoria são divididas em dois grupos. O primeiro grupo corresponde às funções de carreira (patrocínio, exposição-evisibilidade, coaching, proteção, tarefas desafiadoras) e o segundo, as funções psicossociais (modelagem de papéis, aceitação-e-confirmação, aconselhamento, amizade). O instrumento original utilizado nesta pesquisa para medir as funções de mentoria foi o questionário elaborado e validado por Noe (1988), internacionalmente utilizado nos trabalhos sobre mentoria. Este instrumento é composto por 32 assertivas e no Brasil foi validado por Carvalho (2003). Em seu estudo, Carvalho (2003) encontrou a estimativa da consistência interna para a escala das funções de carreira de 0,89. De forma similar, a estimativa da consistência interna da escala para as funções psicossociais foi 0,92. Já a intercorrelação entre as escalas das funções de carreira e as funções psicossociais foi 0,49. 66 Nesta pesquisa, a instrumentação da variável funções de mentoria visa responder às questões norteadoras 2.1.2.3; 2.1.2.4, 2.1.2.5.a e 2.1.2.5.b. A próxima seção mostrará a instrumentação das variáveis liderança transacional e liderança transformacional. 3.6.4 Liderança transacional e transformacional De acordo com as seções 2.2.1.1, 2.2.1.2 e 2.2.1.3, os estilos de liderança transacional e transformacional estão sendo cada vez mais abordados cientificamente e aplicados nas organizações. Nesse aspecto, diversos instrumentos têm sido desenvolvidos. Nesta pesquisa, o instrumento que serviu como modelo original para medir os estilos de liderança transacional e transformacional foi o Multifactor Leadership Questionnaire (MLQ). Esse questionário foi desenvolvido por Avolio & Bass (2004), sendo composto por 45 assertivas acopladas a uma escala de Likert de freqüência de cinco pontos, que varia de 1 a 5. O MLQ é constituído de cinco dimensões de liderança transformacional, três de liderança transacional, o laissez-faire e três dimensões relacionadas aos fatores de resultados. Desde a sua concepção, este instrumento tem sido replicado em vários paises e em diferentes contextos. Tendo em vista que o questionário já foi validado pelos próprios autores em amostras e, também, por outros pesquisadores ele será adotado na integra sem alteração em seus componentes (HANASHIRO et al, 2005). Nesta pesquisa, a instrumentação das variáveis liderança transacional e liderança transformacional será aplicada às questões norteadoras 2.2.2.3; 2.2.2.4 e 2.2.2.5.a e 2.2.2.5.b. A seguir será discutida a variável liderança servidora. 3.6.5 Liderança servidora Na seção 2.2.1.4 destaca-se outra variável medida neste estudo, o estilo de liderança servidora. Por tratar-se de uma área pouco explorada cientificamente, há um número reduzido de instrumentos com validação e consistência comprovadas. O instrumento adotado nesta pesquisa foi o Leadership Assessment Instrument (SLAI), desenvolvido por Dennis (2004 apud IRVING, 2005). Consiste em um instrumento 67 relativamente novo no campo de pesquisa em liderança servidora, o que será muito útil para introduzir suas propriedades básicas. Esse questionário possui 22 assertivas, distribuídas em cinco categorias (amor, empoderamento, visão, humildade e confiança). A confiabilidade desse instrumento é alta. O alfa de Cronbach encontrado para as escalas do SLAI é: (a) amor = 0,94; (b) empoderamento = 0,94; (c) visão = 0,89 e (d) humildade = 0,92. Em função da escala de confiança só ter dois itens o alfa de Cronbach não pode ser calculado. Dennis incluiu a escala de confiança no SLAI porque os dois itens carregavam juntos em dois grupos de dados independentes (IRVING, 2005). Nesta pesquisa, similarmente ao utilizado para as variáveis liderança transacional e liderança transformacional, a instrumentação da variável liderança servidora terá aplicação nas questões norteadoras 2.2.2.3; 2.2.2.4, 2.2.2.5.a e 2.2.2.5.b Em seguida será apresentada a instrumentação da caracterização do respondente. 3.6.6 Características do respondente Os dados demográficos e a autopercepção dos traços de personalidade são aspectos importantes na investigação de temas relacionados à área de comportamento organizacional. Para tanto foram elaboradas perguntas abertas e fechadas no questionário, a fim de caracterizar a amostra pesquisada. Os dados demográficos foram coletados diretamente do questionário. Estes dados dizem respeito a; o gênero, a idade, o tempo de trabalho, a escolaridade, a formação e o cargo. Os traços de personalidade foram medidos a partir do instrumento Ten-Item Personality Inventory (TIPI), desenvolvido por Gosling et al, (2003). Nesse questionário cada item possui dois descritores, separados por uma vírgula. Respondendo a uma questão do tipo “Eu me vejo como ...”, o respondente faz uma auto-descrição identificando os traços de personalidade predominantes, dentro da escala de Likert, de 5 pontos, variando de 1 a 5. O TIPI tem uma boa confiabilidade. Especificamente, o alfa de Cronbach foi de 0,68; 0,40; 0,50; 0,73 e 0,45 para extroversão, agradabilidade, conscientização, neuroticismo (estabilidade emocional) e abertura a experiência, respectivamente. Isso assegura a validade e a confiabilidade desse instrumento (GOSLING et al, 2003). 68 Um estudo piloto exploratório precedeu a etapa propriamente dita da coleta de dados. O intuito desse estudo foi definir o instrumento de pesquisa e ajudar na sistematização da metodologia. Este estudo piloto exploratório será apresentado na seção seguinte. 3.7 Estudo piloto exploratório Um estudo piloto é realizado para detectar oportunidades de melhorias no planejamento e instrumentação da pesquisa. Visa com isso também fornecer dados para selecionar a amostragem (COOPER & SCHINDLER, 2004). Devido ao caráter exploratório desta pesquisa, foi realizado um estudo piloto para a construção do instrumento de coleta de dados. Este estudo piloto foi desenvolvido com 250 funcionários de quatro organizações distintas. Empresas dos segmentos público e privado; das áreas de serviços, comércio e de saúde, e envolvendo diversos níveis hierárquicos. Os objetivos deste estudo piloto exploratório foram divididos em dois blocos. Primeiro, consistiu em reduzir a quantidade de itens dos instrumentos das pesquisas originais de mentoria e liderança. Isto foi feito através da definição dos fatores representativos para a amostra estudada e seus itens mais significativos. O segundo objetivo tratou de analisar as dificuldades e os pontos de melhorias no questionário. A próxima seção abordará a construção do instrumento. 3.7.1 Construção do instrumento Existem diversos instrumentos de coleta dados para uso em pesquisa social. O mais comum talvez seja o questionário. Os questionários descrevem as características estudadas e medem variáveis específicas de um grupo social. (RICHARDSON et al, 1999). Neste estudo piloto o instrumento de pesquisa adotado foi produzido baseado nos questionários de mentoria de Noe (1988), de liderança de Avolio & Bass (2004) e de Dennis (2004 apud IRVING, 2005). Os itens foram definidos a partir de seis categorias relacionadas com os comportamentos de liderança transacional, transformacional, transacionaltransformacional, laissez –faire, servidora e as funções de mentoria (APENDICE A). 69 O questionário, semi-estruturado para coleta de dados quantitativos e qualitativos, utiliza questões fechadas e abertas. As questões fechadas apresentam categorias ou alternativas de respostas fixas e preestabelecidas (RICHARDSON et al, 1999). Nesse estudo piloto o questionário original foi dividido em três seções. Na primeira, perguntou-se ao funcionário respondente, a freqüência dos comportamentos, valores e atitudes percebidos nos dois mentores considerados mais importantes. Foi adotada, para isso, a escala de Likert de cinco pontos, graduada num contínuo que varia de 1 = nunca a 5 = sempre. Na segunda seção, perguntou-se, a freqüência dos comportamentos, valores e atitudes percebidos nos dois chefes imediatos (líderes) considerados mais importantes. Foi adotada também a escala de Likert de cinco pontos. Na terceira e última seção do questionário foram solicitados os dados demográficos dos respondentes. Após a elaboração desse instrumento, foi realizada a aplicação do mesmo conforme procedimento a seguir. 3.7.2 Aplicação do instrumento Há dois métodos (individual e coletivo) para aplicação de um questionário em uma determinada população. Pode ser por meio de contato direto ou indireto - através de correios, telefone, internet. (RICHARDSON et al, 1999). Nesse estudo piloto foi adotado o contato direto. Vários pesquisadores aplicaram diretamente o questionário e/ou treinaram pessoas para a aplicação do mesmo juntamente a amostra pesquisada. A aplicação tanto foi individual quanto coletiva. Antes da execução do estudo foram realizadas a exposição dos motivos da pesquisa e a leitura das instruções de preenchimento do questionário. Com os questionários preenchidos, a próxima etapa do estudo piloto consistiu na análise dos dados obtidos. A próxima seção focará esse aspecto. 3.7.3 Análise dos dados do instrumento O banco de dados deste estudo piloto exploratório foi contruído a partir das respostas 70 dos 250 funcionários das quatro empresas pesquisadas. Cada participante desse estudo piloto exploratório respondeu a um questionário com 99 itens (APENDICE A), identificando dois mentores e dois chefes imediatos importantes. Neste caso, obteve-se 500 respostas voltadas para a relação de mentoria e 500 respostas voltadas para a relação de liderança. A metodologia de análise dos dados obtidos do instrumento original foi baseada nos estudos de Regis (2005) e de Calado (1994). Essa metodologia consistiu nos seguintes passos: 1. Definição das variáveis utilizadas. Nesse caso, foram selecionadas as variáveis: Liderança Transacional; Transformacional; Transacional-Transformacional; Laissez Faire; Servidora e Mentoria. 2. Criação de um banco de dados, para cada variável acima. Esse banco tinha as seguintes quantidades de respondentes: 500 respostas com a percepção de mentor mais importante e 500 respostas com a percepção de chefe mais importante e 1000 respostas com ambas percepções. 3. Realização da limpeza nos bancos de dados. Para o desenvolvimento dessa atividade foi definido como missing value, aquelas respostas nos bancos de dados cujos valores não estivessem entre 1 e 5 ou que não tenham sido respondidas. 4. Realização de análise fatorial exploratória para cada variável acima. Foram usadas a extração de componentes principais e a rotação ortogonal (Varimax) para cada banco de dados. Nessa etapa foi estabelecido como fator representativo todo item que apresentasse eigenvalue acima de 1,00. 5. Definição dos critérios de seleção dos itens mais representativos. Foram considerados os dois itens mais representativos de cada fator para cada banco de dados. Os itens escolhidos (variável substituta) tinham carga fatorial acima de 0,50 e diferença entre fatores de pelo menos 0,15. Nesse caso, se os itens mais representativos de cada banco de dados não fossem os mesmos, deveriam ser incluídos os itens representativos dos dois bancos de dados. Para cada fator considerado no modelo internacional deveriam existir dois itens independentemente da quantidade de fatores indicados no resultado da análise fatorial Quando um item fosse representativo tanto para a mentoria quanto para a liderança não havia necessidade de garantir a permanência dos dois itens por dimensão original. 6. Realização da limpeza do banco de dados Nessa etapa foram retirados do banco de dados todos os itens desconsiderados nas análises anteriores. 71 7. Realização de análise fatorial exploratória Foram usadas a extração de componentes principais e a rotação ortogonal (Varimax) para o novo banco de dados. Nesse caso, foram analisados, mais uma vez, os itens que deveriam ficar ou sair utilizando os mesmos critérios anteriormente descritos. Após a execução dos 7 passos, acima citados, permaneceram os seguintes itens do questionário original no instrumento reduzido: a) Mentoria (17 itens) Itens: 6Y02, 6S04, 6Q06, 6X08, 6T13, 6Y19, 6P22, 6V34, 6V43, 6X49, 6T64, 6R77, 6R81, 6U83, 6U85, 6U87, 6U89. b) Liderança Transacional, Transformacional e Transformacional - Transacional (21 itens): 1A01, 2E03, 1B05, 1B07, 2D20, 2C23, 1A26, 1B29, 1B44, 2F50, 2C56, 1B59, 2E78, 2F80, 1A88, 2D90, 4J92, 4H93, 4J95, 4I97, 4H98. c) Liderança Servidora (12 itens) Itens: 5L15, 5M18, 5N21, 5024, 5M33, 5N36, 5O39, 5M48, 5N54, 5K57, 5K66, 5L69 d) Laissez Faire (2 itens) Itens: 3G09, 3G14 Através deste processo de análise fatorial foi obtida a redução do número de itens do questionário. De 99 itens no questionário original, o instrumento de pesquisa construído ficou com 52 itens, abordando os temas de liderança e mentoria, expressando assim os elementos necessários para o instrumento de coleta de dados. No APÊNDICE B é encontrada a evidência desse processo de análise dos dados para a construção do questionário final. A próxima seção abordará o método de coleta de dados. 3.8 Método de coleta de dados O método de coleta de dados, apresentado a seguir, inclui a descrição do instrumento de pesquisa construído e o processo de coleta de dados. A seqüência em que os dados foram coletados é a mesma em que os temas vêm sendo apresentados, desde a introdução na formulação das perguntas de pesquisa, ou seja, mentoria, liderança, mentoria x liderança e variáveis demográficas. A seguir será apresentada a descrição do instrumento de pesquisa construído, utilizado para a coleta de dados. 72 3.8.1 Instrumento de pesquisa construído O instrumento de pesquisa construído, para fins da coleta de dados, ficou dividido em três partes. A primeira parte está relacionada ao tema mentoria. Esta seção é composta de questões abertas e fechadas. As questões abertas, diferentemente das questões fechadas, caracterizam-se por perguntas ou afirmações que levam o participante a responder com frases ou orações (RICHARDSON et al, 1999). Nesse instrumento, as questões abertas visam à descrição de aspectos da relação mentor-mentorado. Isto significa caracterizar o perfil do mentor e compreender os principais impactos positivos percebidos no relacionamento de mentoria. As questões fechadas do questionário visam identificar a importância e a freqüência dos comportamentos, valores e atitudes percebidos no mentor. Para todas as questões fechadas foi utilizada a escala de Likert de cinco pontos, graduada num contínuo que varia de 1 a 5. A segunda parte está relacionada ao tema liderança. Segue a mesma estrutura da primeira parte com questões abertas e fechadas. As questões abertas visam à descrição de aspectos da relação líder-liderado. Isto significa caracterizar o perfil do chefe imediato (líder) e compreender os principais impactos positivos percebidos no relacionamento de liderança. As questões fechadas visam identificar a importância e a freqüência de uso dos comportamentos, valores e atitudes percebidos no chefe imediato (líder). Para tais questões foi utilizada a escala de Likert de cinco pontos, graduada num contínuo que varia de 1 a 5. Finalmente a terceira seção encerra o questionário com questões demográficas e uma auto-avaliação sobre os traços de personalidade predominantes (APÊNDICE C). O objetivo dessa seção é caracterizar o perfil dos respondentes da pesquisa. Com o instrumento de pesquisa definido, pode-se partir para a coleta de dados. Esse questionário final, com as modificações feitas baseadas nas sugestões, críticas e dúvidas levantadas durante o estudo piloto exploratório, é apresentado no APÊNDICE D. Na próxima seção será apresentado o processo de coleta de dados. 3.8.2 Processo de coleta de dados O processo de coleta de dados teve início com a solicitação aos diretores das 73 respectivas empresas para a liberação e autorização do desenvolvimento desta pesquisa. Além dessa conversa com a direção, foi também discutida com as áreas de Recursos Humanos a metodologia adotada para a sensibilização da população pesquisada, bem como a própria sistemática de coleta de dados. O convite à população para participação dessa pesquisa foi feito de diversas formas. Foram utilizados e-mails e cartazes afixados em quadros de avisos, dispostos em áreas estratégicas de grande circulação. Isto tudo acrescido do convite verbal, personalizado, que o pesquisador fez, em função do seu livre acesso às empresas estudadas. A pesquisa foi desenvolvida utilizando o questionário previamente testado. O próprio pesquisador fez a aplicação do questionário junto à amostra por acessibilidade definida, isto é, junto aos funcionários que se disponibilizaram voluntariamente a participar desse estudo. Os dois tipos de aplicação (individual e coletiva) do questionário foram empregados. A escolha entre um tipo e outro de aplicação foi em função da disponibilidade do respondente e das condições oferecidas pelas empresas. Em qualquer caso, foi assegurado o sigilo das informações e o anonimato dos respondentes. Na aplicação individual, o pesquisador, após a exposição dos motivos da pesquisa e a leitura das instruções de preenchimento do questionário, deixava com o respondente o instrumento de coleta de dados. Ficava acordado um prazo máximo de cinco dias úteis para a devolução do questionário preenchido, o que por vezes não foi cumprido. Na aplicação coletiva, o pesquisador fez grupos com no máximo 50 respondentes. Para isso foi agendado o auditório de cada empresa e desenvolvido um processo efetivo de comunicação sobre a pesquisa. O tempo para o preenchimento do questionário girava em torno de uma hora a duas horas, dependendo do público e do horário realizado. Na LG.Philips, foi possível realizar a pesquisa dentro do horário de trabalho. Na Vishay, o questionário foi aplicado fora da jornada de trabalho. Para estimular a participação dos funcionários da Vishay foram sorteados brindes (cafeteira, relógio, aparelho de jantar, ferro e equipamento de DVD) entre os respondentes. O processo para a coleta de dados compreendeu um período aproximado de 15 dias para o levantamento dos dados e mais quarenta dias para o processamento (digitação). Para tal processamento, foi criado um banco de dados no excel com todas as variáveis estudadas, assim como os dados demográficos dos respondentes. Tanto a aplicação do questionário, quanto o processamento dos dados foi realizado pelo próprio pesquisador. Na seção seguinte será descrito o procedimento para a análise dos dados. 74 3.9 Análise dos dados Os dados coletados no instrumento de pesquisa foram analisados através de diversas ferramentas. Essa análise envolve a redução dos dados a um tamanho administrável, busca de padrões, desenvolvimento de índices e aplicação de técnicas estatísticas (COOPER & SCHINDLER, 2004). A análise dos dados, nessa pesquisa, constou de duas partes. A primeira parte relativa às questões abertas do questionário com uma abordagem mais qualitativa. A segunda parte, em função das questões fechadas do instrumento de pesquisa, teve a predominância de uma avaliação quantitativa. As ferramentas usadas nessa pesquisa para a avaliação dos dados coletados foram: análise exploratória de dados; análise de conteúdo, testes de hipóteses; correlação e análise fatorial. Para a realização desses estudos foram utilizados os aplicativos Excel, Minitab versão 15 e SPSS 12. A seguir será apresentado o processo de análise exploratória dos dados. 3.9.1 Análise exploratória dos dados (AED) Nesta seção, será focada a análise exploratória de dados (AED) na perspectiva da estatística descritiva. A AED simplifica a tarefa de descobrir o máximo sobre os dados, fornecendo uma objetividade e um conjunto de ferramentas de busca de evidências e padrões (COOPER & SCHINDLER, 2004). Nesta pesquisa a estatística descritiva será adotada como procedimento para agrupar os dados coletados em tabelas de freqüência; avaliar medidas de tendência central através da média, mediana e moda; avaliar medidas de dispersão por meio do desvio-padrão e da variância, e analisar gráficos com os histogramas, paretos e os gráficos de caixa (box-plot). De modo geral o uso da estatística descritiva é bastante amplo nos estudos científicos. Neste trabalho também será muito empregada. Como exemplo dessa aplicação, destaca-se a caracterização do perfil do mentor, do líder e dos respondentes. Isto significa tabular, representar e descrever alguns aspectos como gênero, idade, nível educacional, relativos ao mentor, ao líder e ao respondente. Em seguida será tratada a análise de conteúdo. 75 3.9.2 Análise de conteúdo A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas e procedimentos metodológicos, aperfeiçoados continuamente e empregados em diversas comunicações, mensagens e discursos. O objetivo da análise de conteúdo é realizar inferências, baseada numa lógica explicitada, sobre os discursos cujos aspectos foram identificados e sistematizados através de um processo de localização-atribuição de traços de significação (RICHARDSON et al, 1999). No presente estudo, a análise de conteúdo foi aplicada para avaliação das respostas às perguntas abertas do questionário. Por exemplo, “quais os impactos percebidos na relação de mentoria?”. Nesse sentido, um sistema de categorias foi estabelecido visando obter indicadores que permitissem a inferência de conhecimentos relativos à percepção dos respondentes face ao assunto pesquisado. O processo empregado para esta análise de conteúdo foi inspirado em Bardin (1977). Procurou-se desmontar a estrutura e os elementos do conteúdo com vistas a esclarecer suas diferentes características e significação. Foi feito um recorte dos conteúdos em elementos que, em seguida, foram agrupados em torno de categorias. Tais elementos constituíram as unidades de análise, palavras, que se referiam a temas (valores, atitudes, comportamentos), e que foram avaliados em função de sua situação no conteúdo e do sentido e valor atribuídos. Utilizou-se nesse processo, de uma leitura psicanalítica do “não-dito” e das “contradições” existentes. Após ter agrupado os elementos dos conteúdos em categorias, o pesquisador construiu histogramas com a distribuição de freqüências. Na próxima seção será discutido o uso de testes de hipóteses. 3.9.3 Testes de hipóteses Os testes de hipóteses têm como objetivo fazer a inferência dos dados coletados, determinando a acuidade de suas hipóteses. Há dois tipos de testes de hipóteses, os paramétricos e os não-paramétricos. Os testes paramétricos são mais fortes porque seus dados são contínuos e originados de medições de intervalo e de razão. Já os testes não paramétricos são adotados com dados discretos, nominais e ordinais (COOPER & SCHINDLER, 2004). 76 Esta pesquisa, mesmo não possuindo hipóteses formais, trata-se de um estudo comparativo de dois constructos e portanto, os testes de hipóteses serão empregados. Dentre os testes existentes, serão usados o Chi-Square, o Mann-Whitney Test e o two-sample t. Neste trabalho, para as perguntas do questionário cujas respostas são dados discretos, empregar-se-á o teste Chi-Square. Esse teste “é uma estatística não-paramétrica, usada freqüentemente para tabulação cruzada ou tabelas de contingência” (COOPER & SCHINDLER, 2004, p.415). Como ilustração, pode-se verificar a significância entre o perfil do mentor e o perfil de líder. Para efeito de comparação de duas médias independentes (por exemplo: mentoria ideal x liderança ideal) foi adotado o teste paramétrico two-sample t. Vale salientar que “os testes não-paramétricos são os únicos tecnicamente corretos para usar com dados ordinais, embora os testes paramétricos algumas vezes sejam empregados nesse caso” (COOPER & SCHINDLER, 2004, p. 398). Nesse sentido, um outro teste adotado foi o Mann-Whitney Test. O Mann-Whitney Test “é usado com duas amostras independentes se os dados forem pelo menos ordinais. É uma alternativa para o teste t sem as suposições de limitação desse último” (COOPER & SCHINDLER, 2004, p.589). Neste trabalho, um exemplo dessa aplicação pode ser a análise da questão norteadora “Quais são as relações entre o modelo “ideal” de mentoria e o “ideal” de liderança percebidos pelos respondentes?” Na próxima seção será focada a análise fatorial. 3.9.4 Análise fatorial A análise fatorial é uma técnica estatística multivariada que, a partir da estrutura de dependência existente entre as variáveis de interesse, permite a criação de um conjunto menor de variáveis obtidas como função das variáveis originais. Além disso, é possível saber o quanto cada fator está associado a cada variável e o quanto o conjunto de fatores explica da variabilidade geral dos dados originais (ARTES, 1998). Neste estudo, a análise fatorial foi adotada para caracterizar os modelos percebidos de mentoria e de liderança, pelos respondentes, confrontando-os com os respectivos modelos internacionais. Isto porque a análise fatorial visa descobrir os constructos implícitos que explicam a variância, através da carga fatorial extraída (COOPER & SCHINDLER, 2004). 77 A seleção do número de fatores na análise fatorial não é uma tarefa simples. Ao decidir por um número de fatores muito reduzido, as estruturas importantes existentes nos dados podem não ser identificadas. Entretanto, um número elevado pode causar problemas de interpretabilidade dos fatores. Como orientação geral, deve-se adotar um compromisso entre o número de fatores (o menor possível) e a sua interpretabilidade (HAIR et al, 1995). Em situações práticas é comum a comparação de soluções com um número diferente de fatores e a posterior escolha baseada no bom senso do pesquisador (ARTES, 1998). Foi usada a análise de componentes principais para obter as soluções dos fatores. Além disso, foi adotado o método de rotação ortogonal (Varimax), que minimiza o número de variáveis que cada agrupamento terá. Este método simplifica a interpretação dos fatores (HAIR et al, 1995). Como critério de validação dos resultados obtidos na análise fatorial, foram realizados os testes Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e de Esfericidade de Bartlett. Estes testes indicam qual é o grau de suscetibilidade ou o ajuste dos dados à análise fatorial, isto é, qual é o nível de confiança que se pode esperar dos dados quando do seu tratamento pelo método multivariado de análise fatorial seja empregada com sucesso (HAIR et al, 1995). Nesta etapa, foi estabelecido como fator representativo todo item que apresentasse eigenvalue acima de 1,00. Para cada um desses fatores selecionados foi definido o item mais representativo. Este item tinha carga fatorial acima de 0,50 e diferença entre fatores de pelo menos 0,15. Após este processo, foram avaliadas as medidas de confiabilidade. Para a consistência interna, o coeficiente de correlação utilizado foi o alpha de Cronbach. O quadro 1 sintetiza o processo de análise de dados adotado neste estudo. 78 MENTORIA x LIDERANÇA LIDERANÇA MENTORIA Questão Norteadora AED Análise Conteúdo ChiSquare MannTwoWhitney sample t Análise Fatorial 2.1.2.1 Perfil do mentor x x 2.1.2.2 Principais impactos percebidos x 2.1.2.3 Modelo ideal x x 2.1.2.4 Modelo da prática x x 2.1.2.5.a Modelo ideal x Modelo Internacional x 2.1.2.5.b Modelo da Prática x Modelo Internacional x 2.2.2.1 Perfil do líder x 2.2.2.2 Principais impactos percebidos x 2.2.2.3 Modelo ideal x x 2.2.2.4 Modelo da prática x x 2.2.2.5.a Modelo ideal x Modelo Internacional x 2.2.2.5.b Modelo da Prática x Modelo Internacional x 2.3.1 Perfil mentor x perfil do líder x x 2.3.2 Impactos Percebidos Mentoria x Liderança x x 2.3.3 Relação entre Modelos ideal x x x 2.3.4 Relação entre Modelos da prática x x x x x x Quadro 1: Resumo da estrutura de análise dos dados Na próxima seção serão apresentados os limites e limitações desta pesquisa. 3.10 Limites e limitações da pesquisa Todo trabalho científico possui limites e limitações. Esta pesquisa, apesar de trazer importantes contribuições no campo teórico-empírico para os estudos sobre mentoria e liderança no Brasil; não foge a regra. Nesse sentido, alguns limites e limitações deste trabalho serão destacados a seguir. A bibliografia consistiu numa limitação porque quase todo acervo sobre o assunto é de origem internacional; raros são os estudos acadêmicos brasileiros nesse campo. Além disso, por vezes, a dificuldade/impossibilidade de se obter a obra original implicou na consulta e 79 citação do texto por meio de autores comentaristas. Não obstante, tais artigos permitiram uma base teórica substancial da literatura internacional vigente para uma análise mais eficaz dos comportamentos, atitudes e valores dos mentores e líderes. O modelo de pesquisa adotado - cross-sectional foi outra limitação. Apesar desse tipo de estudo fornecer dados que permitem grandes interpretações da realidade, um modelo de pesquisa longitudinal seria capaz de fornecer dados ainda mais significativos. O fato de ser estudo de casos é também uma limitação. Nesta pesquisa, mesmo tendo um alto índice de participação das duas empresas, o que possibilitou o uso de diversas análises estatísticas sofisticadas, não se deve fazer inferências com os resultados, generalizando as conclusões para outras empresas. O tamanho do questionário foi também uma outra limitação da pesquisa. Cada funcionário respondeu em média 52 itens, 6 vezes, totalizando 312 questões. Além desses itens referentes aos modelos de mentoria e de liderança, foram acrescentados mais 14 itens de outras partes do questionário, perfazendo um total de 326 questões. Portanto, o tamanho do questionário pode ter influenciado nas respostas finais, de alguns funcionários, em conseqüência da fadiga. O reduzido número de itens usados nas dimensões do big five pode ser percebido também como uma limitação deste estudo. Se por um lado essa condição facilita a coleta dos dados; por outro, traz impacto para a consistência interna do instrumento. Respaldado pelos achados de Gosling et al (2003), foi utilizado esse modelo, principalmente porque o objetivo do uso do big five é de caracterizar o perfil dos respondentes. As pressões do ambiente de trabalho, a jornada de trabalho intensa e a falta de um momento mais propício para a aplicação dos questionários, pode ter constituído em outra limitação do estudo. Isto pode ter influenciado na participação dos funcionários na pesquisa; com o retorno de um menor número de respostas. Por fim, a implicação do autor na pesquisa também se constituiu em outra limitação. Fundamentado nos argumentos apresentados por René Barbier (1985), face aos diversos níveis de implicação (psicoafetiva, histórico-existencial e estrutural-profissional), torna-se evidente a impossibilidade de neutralidade científica. Isto, porém, não invalida toda metodologia empregada para coleta, análise e discussão dos dados, haja visto o reconhecimento da implicação e sua análise (causas e conseqüências) na e para a pesquisa O próximo capítulo apresentará os resultados e a discussão destes resultados. 80 4 Resultados Este capítulo consiste na apresentação e discussão dos resultados do estudo. Antes, porém, será feita a caracterização dos respondentes desta pesquisa. A finalidade desta descrição é permitir, tanto quanto necessário, um contraponto entre respostas (resultados) e respondentes (características). 4.1 Caracterização dos respondentes O universo pesquisado compreendeu duas indústrias multinacionais do Recife. Da convocação realizada aos funcionários destas Organizações, obteve-se uma participação maciça (162 funcionários - 96%) da LG.Philips e uma participação mais discreta (109 funcionários - 25%) da Vishay, conforme ilustra o gráfico 1 – Respondentes da Pesquisa. Isto ocorreu, basicamente, devido a dois fatores. Primeiro, em função do plano de produção, a direção da LG.Philips conseguiu liberar todos os funcionários para responderem o questionário durante a jornada de trabalho. Essa condição não foi possível obter na Vishay. Em segundo lugar, o pesquisador atuava na LG.Philips, tendo acesso direto e contínuo aos funcionários desta empresa. Respondentes da Pesquisa 120 200 100 80 60 100 % Frequência 150 40 50 20 0 LG.Philips Vishay Frequência 162 109 % 95 25 Gráfico 1: Respondentes da pesquisa 0 Empresas 81 O perfil dos respondentes será apresentado por meio de indicadores comparativos. Esses indicadores compreendem as seguintes dimensões: idade, gênero, tempo de trabalho, cargo, escolaridade, formação e traços de personalidade. O teste não-paramétrico Chi-Square também foi realizado para validar estatisticamente os achados da análise descritiva gráfica. 4.1.1 Idade Os respondentes da Vishay são ligeiramente mais velhos do que os da LG.Philips. Comparativamente, o maior número de respondentes da Vishay (35 funcionários - 22%) encontrava-se na faixa de 31 a 35 anos, enquanto que na LG.Philips (57 funcionários - 36%) estão entre 25 e 30 anos, conforme ilustra o gráfico 2. Além disso, a comparação da média, mediana e moda das idades dos dois grupos, mostrada no quadro 2, reforça a idéia de que, os funcionários da Vishay são levemente mais velhos do que os da LG.Philips. Idade dos Respondentes 60 40 % Frequência 50 30 20 10 0 LG.Philips Vishay % LG.Philips % Vishay 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Anos <25 25-30 31-35 36-40 >40 16 57 52 16 21 9 19 35 21 25 10 35 32 10 13 6 12 22 13 15 Gráfico 2: Idade dos respondentes Idade dos Respondentes (anos) Média Mediana Moda LG.Philips Vishay 33 31 30 36 35 35 Quadro 2: Comparativo das idades dos respondentes 82 Com o intuito de comparar estatisticamente a proporção das idades dos respondentes das empresas estudadas, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,004) é menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Esse resultado comprova a avaliação gráfica realizada. Em outras palavras, isso implica dizer que há evidências significativas de que a faixa etária dos respondentes das duas empresas estudadas seja diferente. 4.1.2 Gênero Enquanto os respondentes da LG.Philips são na maioria do gênero feminino (91 funcionárias – 56%), na Vishay a distribuição demonstra um leve predomínio do gênero masculino (60 funcionários – 55%), conforme ilustra o gráfico 3 – Gênero dos Respondentes. Esse resultado deve estar relacionado com as especificidades de cada empresa no que compete aos produtos desenvolvidos e as habilidades necessárias para atuação na linha de produção. Gênero dos Respondentes 50 80 Frequência 60 40 60 30 40 20 20 0 % 100 10 Masculino Feminino LG.Philips 71 91 Vishay 60 49 % LG.Philips 44 56 % Vishay 55 45 0 Gênero Gráfico 3: Gênero dos respondentes Com o intuito de comparar estatisticamente a proporção dos gêneros dos respondentes das empresas estudadas, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,070) é maior do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser aceita. 83 Isso implica dizer que não há evidências significativas de que o gênero dos respondentes das fábricas estudadas seja diferente. Em outras palavras, no que se refere a gênero, as duas empresas possuem o mesmo perfil, apesar da diferença gráfica apontada e das características distintas da linha de produção de cada indústria. 4.1.3 Tempo de trabalho A distribuição do tempo de trabalho dos respondentes desta pesquisa tem praticamente o mesmo comportamento, conforme ilustra o gráfico 4 – Tempo de Trabalho dos Respondentes. Observa-se que a maior concentração (49%) dos respondentes de cada empresa (LG.Philips – 79 funcionários e Vishay – 53 funcionários) está no período entre 5 a 10 anos. Dois fatores contribuem para isso: primeiro, a cultura organizacional das duas empresas possui como elemento comum o baixo turnover. Segundo, a implantação dessas fábricas no Recife data da mesma época (1996); ambas englobando no seu quadro pessoal exfuncionários e funcionários transferidos de outras unidades do grupo mãe (Philips). Tempo de Trabalho dos Respondentes 60 80 50 40 60 30 40 20 20 0 % Frequência 100 10 <5 5-10 10-15 >15 LG.Philips 40 79 38 5 Vishay 35 53 15 6 % LG.Philips 25 49 23 3 % Vishay 32 49 14 6 0 Anos Gráfico 4: Tempo de trabalho dos respondentes Com o intuito de comparar estatisticamente a proporção do tempo de trabalho dos respondentes, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,311) é maior do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser aceita. Esse resultado comprova a avaliação gráfica realizada. Isso implica dizer que não 84 há evidências significativas de que o tempo de trabalho dos respondentes das empresas estudadas seja diferente. 4.1.4 Cargo O cargo dos respondentes das empresas estudadas apresenta similaridades, apesar de que a comparação entre cada categoria, conforme ilustra o gráfico 5 – Cargo dos Respondentes, sugere diferenças significativas. A especificidade das empresas deve ser o fato causador das diferenças encontradas na análise dos cargos. Enquanto a LG.Philips é caracterizada como uma fábrica montadora de produtos com um maior número de funcionários na área operacional (124 operadores – 77%), a Vishay mantém uma distribuição mais diversificada de funções (51 operadores – 47%), devido às atividades realizadas (por exemplo: projeto & desenvolvimento, vendas, marketing, suporte ao cliente). Cargo dos Respondentes 140 80 60 100 80 40 % Frequência 120 60 40 20 20 0 Operador Analista Técnico Auxiliar ADM Assistent e Gerente Outros 124 9 7 4 6 4 8 Vishay 51 11 10 8 6 5 18 % LG.Philips 77 6 4 2 4 2 5 % Vishay 47 10 9 7 6 5 17 LG.Philips 0 Cargo Gráfico 5: Cargo dos respondentes Com o intuito de comparar estatisticamente a proporção do cargo dos respondentes, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,000) é menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Esse resultado comprova a avaliação gráfica realizada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que o cargo dos respondentes nas duas empresas seja diferente. 85 4.1.5 Escolaridade A escolaridade dos respondentes das duas Organizações é semelhante, apesar da comparação entre cada categoria sugerir diferenças significativas, conforme ilustra o gráfico 6. Percebe-se que o segundo grau é o nível de instrução que concentra o maior número de respondentes. Na LG.Philips há 109 funcionários (67%) nesta faixa, e na Vishay há 52 funcionários (48%). Isto ocorre porque o segundo grau é o requisito mínimo para ingressar nessas empresas. Além disso, a atividade operacional tem predominância nas duas fábricas estudadas, com maior intensidade na LG.Philips por se tratar de uma montadora de produtos. Frequência 100 80 60 40 20 0 1º Grau 2º Grau Técnico Graduação PósGraduação LG.Philips 2 109 25 16 10 Vishay 3 52 12 29 13 % LG.Philips 1 67 15 10 6 % Vishay 3 48 11 27 12 80 70 60 50 40 30 20 10 0 % Escolaridade dos Respondentes 120 Gráfico 6: Escolaridade dos respondentes Com o intuito de comparar estatisticamente a proporção da escolaridade dos respondentes, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,001) é menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Esse resultado comprova a avaliação gráfica realizada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que a escolaridade dos respondentes das empresas estudadas seja diferente, sendo muito influenciada pelo tipo de cargo existente nas duas Organizações. 4.1.6 Formação 86 O tipo de formação dos respondentes está associado ao nível de escolaridade exigido, assim como, ao ramo de negócio das empresas (indústrias na área de tecnologia – eletrônica). Nesse caso, são percebidas semelhanças nos tipos de formação dos funcionários, ao mesmo tempo que são percebidas diferenças significativas em cada categoria, conforme ilustra o gráfico 7 – Formação dos Respondentes. A maioria dos funcionários não possui uma formação em função de terem apenas o segundo grau, atuando por sua vez como operadores de produção. Na LG.Philips há 111 funcionários (69%) nesta condição, e na Vishay há 55 funcionários (51%). A formação que se destaca é na área de exatas, com 28 funcionário da LG.Philips (17%) e 25 funcionários (23%) da Vishay, devido ao foco de atuação dessas empresas. Vale destacar que a proporção desta distribuição apresenta-se graficamente diferente. Isso deve ser proveniente da especificidade de cada empresa, conforme mencionado nos itens anteriores. Ou seja, enquanto a LG.Philips caracteriza-se por ser uma fábrica montadora de produtos, a Vishay desenvolve e fabrica produtos, prestando serviços associados aos Clientes. Formação dos Respondentes 120 80 % Frequência 100 60 40 20 0 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nenhuma Formação 111 Humanas Exatas Sáude LG.Philips 13 28 10 Vishay 27 25 2 55 % LG.Philips 8 17 6 69 % Vishay 25 23 2 51 Gráfico 7: Formação dos respondentes Com o intuito de comparar estatisticamente a proporção da formação dos respondentes, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,000) é menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Esse resultado comprova a avaliação gráfica realizada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que a formação dos respondentes das empresas estudadas seja diferente. 87 4.1.7 Traços de Personalidade Os traços de personalidade dos respondentes foram medidos pelo teste Big Five. Antes da análise das respostas, foi realizado estudo da consistência interna do instrumento por meio do coeficiente alfa de Cronbach. Os resultados desse estudo, conforme mostra o gráfico 8 – Consistência Interna do Big Five, apresentam valores do coeficiente alpha de Cronbach abaixo de 0,50. Por exemplo, a dimensão agradabilidade obteve um alfa de Cronbach de 0,11 junto aos respondentes da LG.Philips e um índice de 0,439 junto aos respondentes da Vishay. Nesse sentido, Kelley (1927 apud Richardson, 1999), admite que para se tomar decisões a respeito de grupos (atitudes, rendimentos, etc) é necessário um coeficiente de confiabilidade não inferior a 0,50. Para Hair et al (1998), em ciências sociais o índice de consistência interna de um instrumento não deve ser inferior a 0,70. Desse modo, torna-se inviável a análise das respostas e a descrição dos traços de personalidade dos respondentes. Alguns fatores podem ter contribuído para a obtenção desses resultados. O reduzido número de itens do instrumento, a extensão do questionário envolvendo outros constructos; o entendimento conceitual dos itens, o tempo para responder o questionário e o horário/local em que foi realizada a pesquisa. Nessa perspectiva, o pré-teste desse instrumento poderia ter minimizado parte destas variáveis intervenientes. No entanto, como se tratava de um estudo apenas para caracterização dos respondentes não foi dada qualquer prioridade, já que o foco da pesquisa são os constructos mentoria e liderança. Consistência Interna do Big Five Alpha de Cronbach 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Extroversão Agradabilidade Conscientização Neuroticismo Abertura a experiência LG.Philips 0,481 0,11 0,504 0,399 0,299 Vishay 0,435 0,439 0,463 0,506 0,402 Dimensões do Big Five Gráfico 8: Consistência interna do Big Five 88 A próxima seção diz respeito à caracterização dos resultados. 4.2 Caracterização dos resultados Para apresentação dos resultados será adotada a mesma estrutura dos capítulos anteriores. Isto significa dizer que as próximas seções serão divididas pelos temas – mentoria, liderança e mentoria x liderança. Cada questão norteadora será respondida através de uma sistemática específica de análise de dados. É importante ressaltar que esse estudo procurou apenas identificar as relações entre as funções de mentoria e os estilos de liderança transacional, transformacional e servidora. Não foi objeto dessa pesquisa procurar estabelecer causalidade entre tais variáveis. O item seguinte tratará dos resultados referentes a mentoria. 4.2.1 Mentoria Esta seção apresentará e discutirá os resultados relacionados a: o perfil do mentor considerado mais importante, os principais impactos percebidos da mentoria, o modelo “ideal”, o modelo “da prática”, as relações entre o modelo “ideal” e o “internacional”, e as relações entre o modelo “da prática” e o “internacional”. 4.2.1.1 Perfil do mentor Os dados relativos ao mentor considerado mais importante (tipo de relação, idade, gênero, escolaridade, formação e tempo de relação) serão apresentados e discutidos a seguir com o intuito de caracterizar o perfil do mentor. Para isso foram adotadas a AED - análise exploratória de dados (estatística descritiva) e o teste de hipóteses não-paramétrico - ChiSquare. A análise destes resultados visa responder à questão norteadora 2.1.2.1. 89 4.2.1.1.1 Tipo de relação No que diz respeito ao tipo de relação com o mentor considerado mais importante, os respondentes identificaram diversas categorias. Conforme apresentado no gráfico 9 – Tipo de Relação com o Mentor, percebe-se que o chefe imediato para 62 respondentes - 23% foi a categoria mais representativa; seguido por amigo (60 respondentes - 22%), pai (52 respondentes - 19%), mãe (48 respondentes - 18%), irmão(ã) (13 respondentes - 5%), esposo(a) (9 respondentes - 3%) e outros com menor expressividade (27 respondentes - 10%). Tipo de Relação com o Mentor 25 70 60 20 40 15 30 10 % Frequência 50 20 5 10 0 Chefe Amigo(a) Pai Mãe Outros Irmão(ã) Esposo(a Frequência 62 60 52 48 27 13 9 % 23 22 19 18 10 5 3 0 Relação Gráfico 9: Tipo de relação com o mentor Estes resultados confirmam os achados de Scandura (1998) quando afirma que não há consenso na caracterização de um mentor. Algumas vezes o supervisor imediato é o mentor. Em outras situações, como sugerem Kram (1988) e Clutterbuck & Sweeney (1999), os mentores também podem ser vistos como indivíduos de diferentes organizações. Podem ser amigos críticos, guias que se responsabilizam pelo avanço da carreira e do desenvolvimento de um outro indivíduo fora do relacionamento chefe-subordinado. Os resultados também revelam uma grande importância dada à relação familiar. Enriquez (1991) apresenta argumentos que podem explicar esse fenômeno. Segundo o autor (1991, p 61.), “para constituição do grupo, são necessárias, de um lado, a presença de um chefe, de outro uma ‘estrutura libidinal’, unindo os membros do grupo ao chefe (...) Não pode haver grupo sem pai”. Nessa perspectiva, os achados sugerem pensar a relação de mentoria como processo de identificação e/ou retomada das relações (funções) paterna e fraterna. 90 Nessa linha de pensamento, Kehl (2000, p.17) afirma que “o outro, o semelhante – a começar pelo irmão – contribui decisivamente para nos estruturar. Mas antes disso, a relação entre igualdade e fraternidade associa-se inevitavelmente ao período de terror.” Com tais argumentos, compreende-se a relevância da identificação na relação de mentoria. Com o intuito de comparar estatisticamente o tipo de relação com o mentor evocado, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,216) foi maior do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser aceita. Isso implica dizer que não há evidências significativas de que o tipo de relação com o mentor identificado, pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. 4.2.1.1.2 Idade O mentor considerado mais importante é normalmente mais velho do que o mentorado, caracterizando diversas faixas etárias. De acordo com gráfico 10 – Idade do Mentor, o maior número de mentores encontrava-se na faixa de 47 a 57 anos (74 mentores - 27%), enquanto que 87% dos respondentes estão abaixo dos 40 anos. Além disso, comparando a média e a moda das idades entre mentores e mentorados, conforme ilustra o quadro 3, evidencia-se a afirmativa de que o mentor é geralmente mais velho do que o mentorado. Idade do Mentor 80 30 70 25 20 50 40 15 30 10 20 5 10 0 Frequência % % Frequência 60 47-57 36-46 58-68 25-35 69-79 >79 <25 74 64 56 46 22 7 2 27,3 23,6 20,7 17,0 8,1 2,6 0,7 Gráfico 10: Idade do mentor 0 Idade 91 Idade (anos) Média Moda Mentor Mentorado importante (Respondente) 50 34 60 30 e 35 Quadro 3: Comparativo entre as idades do mentor importante e do mentorado respondente Estes resultados confirmam os achados de Levinson et al, (1978) e Kram (1988) quando admitem que os mentores são geralmente diversos anos mais velhos do que o mentorado. Isso porque se trata de uma pessoa com mais experiência e conhecimento no mundo em que o jovem mentorado está entrando. Com o intuito de comparar estatisticamente as idades dos mentores evocados, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,072) é maior do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser aceita. Isso implica dizer que não há evidências significativas de que a faixa etária dos mentores identificados, pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. 4.2.1.1.3 Gênero Para os respondentes, o mentor mais importante é geralmente do gênero masculino. Tem-se um índice de 65% de mentores do gênero masculino (177 mentores) e 35% do gênero feminino (94 mentoras), conforme ilustrado no gráfico 11 – Gênero do Mentor. 70 180 60 150 50 120 40 90 30 60 20 30 10 0 Masculino Feminino Frequência 177 94 % 65,3 34,7 Gráfico 11: Gênero do mentor % Frequência Gênero do Mentor 210 0 Gênero 92 Estes resultados confirmam os achados de Appelbaum et al, (1994) e de Gibson (2004) quando admitem que tradicionalmente, mentoria era um fenômeno dominado pelos homens. No entanto, recentemente, mulheres têm iniciado esses relacionamentos. Mesmo assim, a diferença de gênero em mentoria é um tema polêmico, questionável e controverso. Com o intuito de comparar o gênero dos mentores evocados, foi realizado o teste nãoparamétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,322) é maior do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser aceita. Isso implica dizer que não há evidências significativas de que o gênero dos mentores identificados, pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. 4.2.1.1.4 Escolaridade No tocante a escolaridade do mentor considerado mais importante, os respondentes identificaram diversos níveis. Mentores com o segundo grau obtiveram o maior índice (32% 86 mentores), seguido pelos demais níveis de escolaridade – graduação (30% - 81 mentores), primeiro grau (17% - 45 mentores), pós-graduação (10% - 27 mentores), técnico (10% - 26 mentores) e analfabeto (2% - 6 mentores), conforme ilustrado no gráfico 12. 35 30 25 20 15 10 5 0 Frequência 80 60 40 20 0 2º Grau Graduação 1º Grau Pósgraduação Técnico Analfabeto Frequência 86 81 45 27 26 6 % 32 30 17 10 10 2 % Escolaridade do Mentor 100 Escolaridade Gráfico 12: Escolaridade do mentor Estes resultados confirmam parcialmente os achados de Whitely et al, (1992), quando sugerem que o nível educacional exerce influência nos relacionamentos de mentoria. Isto porque, apesar dos resultados obtidos demonstrarem certa influência do nível de escolaridade 93 na mentoria, os mesmos não se revelaram como elemento mandatório para o desenvolvimento dessa relação. Tal argumento é evidenciado comparando a escolaridade do mentor (primeiro grau e analfabeto - 19%) com a escolaridade do mentorado respondente (primeiro grau - 2%). Com o intuito de comparar o nível de escolaridade dos mentores evocados, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,672) é maior do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser aceita. Isso implica dizer que não há evidências significativas de que o nível de escolaridade dos mentores identificados, pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. 4.2.1.1.5 Formação Para os respondentes, o tipo de formação do mentor considerado mais importante está dividido em quatro categorias. Mentores sem uma formação definida representam o maior índice (50% - 136 mentores), seguido pelos tipos de formação - exatas (28% - 77 mentores), humanas (19% - 51 mentores) e saúde (3% - 7 mentores), conforme ilustrado no gráfico 13. 60 120 50 40 90 30 60 20 30 0 Frequência % % Frequência Formação do Mentor 150 10 Nenhuma Exatas Humanas Saúde 136 77 51 7 50 28 19 3 0 Formação Gráfico 13: Formação do mentor Estes resultados sugerem que o tipo de formação do mentor está diretamente relacionado com o nível de escolaridade do mentor. Nesse sentido tais achados confirmam os achados de Whitely et al, (1992), quando afirmam que o tipo de formação exerce influência nos relacionamentos de mentoria. Isto fica evidenciado quando se comparam os tipos de formação de mentores e mentorados (respondentes), como apresentado no quadro 4 Comparativo entre a formação do mentor importante e a do mentorado respondente. 94 Nenhuma Exatas Humanas Saúde Mentor (Importante) Frequência % 136 50,2 77 28,4 51 18,8 7 2,6 Mentorado (Respondente) Frequência % 166 61,3 53 19,6 40 14,8 12 4,4 Quadro 4: Comparativo entre a formação do mentor importante e a do mentorado respondente Com o intuito de comparar o tipo de formação dos mentores evocados, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,514) é maior do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser aceita. Isso implica dizer que não há evidências significativas de que o tipo de formação dos mentores identificados, pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. 4.2.1.1.6 Tempo da Relação O tempo atribuído, pelos respondentes, ao relacionamento com o mentor mais importante foi diverso e na maioria elevado. Para efeito de organização e análise dos dados foram definidas algumas faixas, conforme ilustrado no gráfico 14 – Tempo da Relação de Mentoria. O maior tempo de relacionamento encontra-se na faixa acima de 11 anos (159 respondentes - 59%), seguido das demais faixas - 5 a 8 anos (39 respondentes - 14%), 2 a 5 anos (39 respondentes - 14%), 8 a 11 anos (27 respondentes - 10%) e abaixo de 2 anos (7 respondentes - 3%) 70 150 60 50 100 40 30 50 20 10 0 >11 5-8 2-5 8-11 <2 Frequência 159 39 39 27 7 % 59 14 14 10 3 Gráfico 14: Tempo da relação de mentoria % Frequência Tempo da Relação de Mentoria 200 0 Anos 95 Estes resultados confirmam os achados de Lindbo & Shultz (1998). Estes autores sugerem que o tempo da relação com mentores efetivos não só guiam novos funcionários no início da carreira, mas também ao longo da carreira e na transição para aposentadoria. Pode-se perceber também que o tipo de relacionamento também exerce influência nesses resultados. O fato da relação familiar - pai, mãe, irmão(ã) – estar presente tempo afora na vida do sujeito leva a esse tempo elevado do relacionamento mentor-mentorado. Com o intuito de comparar estatisticamente o tempo de relação de mentoria, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,288) é maior do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser aceita. Isso implica dizer que não há evidências significativas de que o tempo de relação de mentoria, nas empresas estudadas, seja diferente. A próxima seção apresentará os principais impactos percebidos na relação de mentoria. 4.2.1.2 Principais impactos percebidos A pergunta aberta do questionário, referente aos principais impactos percebidos na relação de mentoria, foi tratada através da análise do conteúdo. A análise desses dados visa responder à questão orientadora 2.1.2.2. Os resultados obtidos demonstram uma forte associação entre os impactos percebidos da relação de mentoria e os impactos do mentor na vida do mentorado (respondente). Ora se fala do efeito, ora se fala da causa. Ora se articulam fatos, papéis, atitudes, ora se desarticulam. Estas contradições-complementaridades, dentro da abordagem dialética da análise de conteúdo, parecem denunciar, numa perspectiva psicanalítica, mecanismos de transferência e de identificação entre mentor-mentorado, revelando os movimentos idealizados fantasmáticos da relação parental, que parece ser desejada e vivida, por parte dos respondentes, na relação de mentoria. “Essa pessoa teve influência decisiva com sua postura e ética, servindo de espelho e inspiração para chegarmos onde estamos hoje, bem integrado com minha carreira profissional e mantendo sempre boas relações com as pessoas que convivem no meu lado”. “O que tenho comigo até hoje e pretendo ter o resto da minha vida que é a minha educação e bons princípios herdados por ela”. 96 “Ela é uma mulher guerreira de atitudes, generosa não só comigo como filha, mas sim com as pessoas que precisam também. Trabalhadora e me ensinou tudo o que sou. Ela me deu apoio no momento mais precioso quando fui mãe também”. Nesse sentido, Pages (1982) destaca o mecanismo de defesa da identificação. O referido autor reforça, dentre as concepções desse mecanismo, que a identificação seria associada às relações com o pai, a relação de objeto às relações com a mãe. Outro aspecto que os resultados apontam é o ideal do ego. Segundo Laplanche & Pontalis (1998, p.222), trata-se de uma “instância da personalidade que resulta da convergência do narcisismo e das identificações aos pais, aos seus substitutos e aos ideais coletivos”. Nessa perspectiva, pode-se acrescentar que “no estado amoroso, o objeto amado é submetido a uma idealização (...) O ideal do ego tende a restaurar a ilusão, enquanto o superego é o instrumento da realidade” (PAGES, 1987, P.154). Desse modo, os achados parecem indicar que a idealização do mentor, enquanto mecanismo de projeção, produz tamanha identificação (mentorado-mentor) que, por vezes, se sobrepõe à percepção “real” dos impactos da mentoria. Os resultados também denotam valores e atitudes advindos da relação de mentoria e ou percebidos no mentor, conforme apresentado no quadro 5 - Impactos percebidos da mentoria. Os valores indicados pelos respondentes foram organizados dentro da classificação realizada por Rokeach (1973), de valores terminais e valores instrumentais. As atitudes foram agrupadas em categorias inspiradas na classificação de Robbins (2002). Os valores instrumentais, considerados como “os modos de comportamento ou meios escolhidos para o alcance das metas dos valores terminais” (ROBBINS, 2002, p.61), corresponderam a 53% dos aspectos relacionados aos impactos percebidos. Já os valores terminais, vistos como “a culminância da vida; as metas que uma pessoa gostaria de atingir durante sua vida” (ROBBINS, 2002, p.61), obtiveram 31%. As atitudes, “afirmações avaliadoras ou julgamentos que dizem respeito a objetos, pessoas ou eventos” (ROBBINS, 2002, p.66), apenas despontaram um índice de 16%. VALORES TERMINAIS 97 VALORES F RECONHECIMENTO 108 12,9 AMIZADE RESPEITO-PRÓPRIO HARMONIA SABEDORIA AMOR SEGURANÇA SALVAÇÃO IGUALDADE VIDA CONFORTÁVEL LIBERDADE SEGURANÇA FAMILIAR PRAZER 36 30 25 15 14 12 6 4 4 3 2 1 260 VALORES TERMINAIS ATITUDES VALORES INSTRUMENTAIS SER PRESTATIVO 104 CAPACIDADE 93 INTELECTUALIDADE 47 HONESTIDADE POLIDEZ RESPONSABILIDADE AUTOCONTROLE AFETIVIDADE INDEPENDÊNCIA 45 34 28 23 19 16 VISÃO AMPLA CORAGEM LÓGICA IMAGINAÇÃO 12 10 10 5 VALORES INTRUMENTAIS TOTAL DOS VALORES 446 706 ATITUDES F LIDERANÇA 29 MOTIVAÇÃO 23 INTERAÇÃO 22 TOMADA DE DECISÃO 17 DETERMINAÇÃO COMPROMETIMENTO ENVOLVIMENTO ACEITAÇÃO 17 12 8 5 133 TOTAL TOTAL DE ITENS % ASPECTOS RELACIONADOS 4 4 3 2 2 1 0,7 0,5 0,5 0,4 0,2 0,1 RECONHECIMENTO, ESPELHO, TODOS OS SENTIDOS, TUDO QUE SOU, SER QUEM SOU, MODELAGEM DE PAPEL, EXEMPLO, RESPEITO, PERSONALIDADE FORTE, FORTE, CERTO, CONSIDERAÇÃO, VALORIZAÇÃO, MARAVILHOSA, OBSERVADORA, DETALHISTA, BATALHADORA AMIZADE, COMPANHEIRISMO, COLEGUISMO, AMIGO(A) AUTO-ESTIMA, AUTO-CONHECIMENTO, CONFIANÇA PACIENCIA/PACIENTE, COMPREENSÃO/COMPREENSIVO, CALMA, TOLERÂNCIA SABEDORIA, AMADURECIMENTO, CULTURA e MATURIDADE AMOR, AMAR SEGURANÇA, ESTABILIDADE RELIGIÃO, FÉ, ESPIRITUALIDADE JUSTIÇA, IMPARCIAL QUALIDADE DE VIDA LIBERDADE FAMÍLIA, IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA ESPORTES 31 APOIO, PROTEÇÃO, SOLIDARIEDADE, DISPONIBILIDADE, GENEROSIDADE, ACONSELHAMENTO, ORIENTAÇÃO,PATROCÍNIO, ATENÇÃO, PREOCUPAÇÃO 12,4 COM O OUTRO COMPETÊNCIAS, PROFISSIONALISMO, EFICÁCIA, REALIZAÇÕES, APRENDIZADO, SUPERAÇÃO, ENSINAR, CARREIRA, ORGANIZAÇÃO, EXPERIÊNCIAS, PERDA DE 11,1 MEDO/TIMIDEZ, SUCESSÃO INTELIGÊNCIA, FORMAÇÃO, ESTUDO, CONDIÇÕES INTELECTUAIS, 6 CONHECIMENTO, PENSAR/REFLETIR HONESTIDADE, SINCERIDADE, CARÁTER, LEALDADE, FIDELIDADE, DIGNIDADE, 5 VERDADEIRO, CONDUTA MORAL, ÉTICA 4 EDUCAÇÃO, HUMILDADE, CAUTELA, BONS HÁBITOS 3 RESPONSABILIDADE 3 DISCIPLINA, COBRANÇA, EXIGÊNCIA, FIRMEZA, SERIEDADE 2 CARINHO, AFETO, AMABILIDADE 2 INDEPENDÊNCIA, AUTONOMIA, AUTO-CONFIANÇA, DELEGAÇÃO VISÃO DE FUTURO, DA VIDA, SISTÊMICA, EMPREENDEDORA, 1 ORGANIZACIONAL, 1 CORAGEM, LUTAR PELOS OBJETIVOS 1 RACIOCÍNIO, RACIOCÍNIO LÓGICO, SENSO CRÍTICO, ANÁLISE CRÍTICA 0,6 OUSADIA, CRIATIVIDADE 53 84 % ASPECTOS RELACIONADOS LIDERANÇA, PLANEJAMENTO, ADMINISTRAÇÃO, OBJETIVIDADE, LIDAR COM 4 SITUAÇÕES DIFÍCEIS, ASSERTIVIDADE, ACOMPANHAMENTO, FEEDBACK, SABER OUVIR 3 MOTIVAÇÃO, INCENTIVO, FORÇA, DINAMISMO RELAÇÃO INTERPESSOAL, CUMPLICIDADE, EMPATIA, COMUNICAÇÃO, 3 ACOLHIMENTO, RELACIONAMENTO CONDUTA, TOMADA DE DECISÕES, AGIR SOB PRESSÃO, ESCOLHAS, 2 MUDANÇAS 2 DETERMINAÇÃO, PERSEVERANÇA, PERSISTÊNCIA 1 COMPROMETIMENTO 0,95 DEDICAÇÃO 0,6 ACEITAÇÃO 16 839 100 Quadro 5: Impactos percebidos da mentoria De acordo com o gráfico 15 - Impactos Percebidos da Mentoria, os principais valores considerados como benefícios da mentoria são respectivamente reconhecimento social – 13% (valor terminal) e ser prestativo – 12% (valor instrumental). A atitude percebida como maior benefício da mentoria foi a liderança com um índice de 4%. Apesar disso, a atitude liderança 98 está abaixo de outros valores como capacidade (11%), intelectualidade (6%), honestidade (5%), amizade (4%), polidez (4%) e respeito próprio (4%). IMPACTOS PERCEBIDOS DA MENTORIA 250 25 20 150 15 100 10 50 5 0 0 R ES PR R SE EC O NH EC IM EN TO T A C IN TE AP TI V O L E AC ID C A TU D A E H O LI D N A D ES TI E D A AM D E IZ R ES A PO DE PE LI IT D O E -P RÓ Z PR LI D ER I O AN R ES H Ç A PO RM A N O S NI AU AB A I L TO ID AD C O E N TR M O OLE TI VA IN Ç ÃO TE R AÇ ÃO O U TR O S 200 FREQUÊNCIA % Gráfico 15: Impactos percebidos da mentoria Esses resultados confirmam os principais achados da literatura sobre os benefícios da mentoria. Percebe-se a validação dos argumentos de Allen et al, (2004), quando sugerem o papel relevante da mentoria no desenvolvimento de carreiras. Ao mesmo tempo, são evidenciadas as conclusões de Fargenson (1989), de que indivíduos mentorados têm maior satisfação no trabalho, produtividade, profissionalismo, poder organizacional, habilidade gerencial e reduzido turnover do que os não mentorados. Nessa mesma linha de pensamento, os achados de Ragins et al, (2000) são comprovados. Para esses autores, a satisfação com o relacionamento de mentoria produz resultados positivos no comprometimento e na atitude organizacional. Isso está bem caracterizado nos valores e atitudes indicados pelos respondentes como principais impactos percebidos da mentoria. Por outro lado, as funções de mentoria também foram reforçadas enquanto impactos percebidos da relação de mentoria. Dentre as funções de carreira, proteção, coaching e patrocínio estão bastante evidenciadas nos relatos. “A proteção constante com que ele sempre teve e tem até hoje, mesmo eu sendo de maior idade.” “Por ser a pessoa que me ensinou e ainda me ensina muitas coisas”. 99 “Fez-me ver o meu potencial e acreditar que poderia crescer em todos os âmbitos. Apoiou-me moralmente, financeiramente, etc ...” No que se refere às funções psicossociais – modelagem de papel, aceitação, amizade e aconselhamento - todas estão claramente presentes. As falas abaixo ilustram. “Devido a exemplar postura que manteve e mantém, é um espelho perfeito (...)”. “Saber respeitar as outras pessoas”. “Amizade, companheirismo, melhorou positivamente a minha vida”. “Aconselhamento comportamental, educacional e desenvolvimento profissional”. Esses achados confirmam o pensamento de Kram (1988). Para a autora as funções de mentoria são diretamente responsáveis pelo desenvolvimento do mentorado no ambiente de trabalho. A próxima seção apresentará os resultados decorrentes do modelo “ideal” mentoria. 4.2.1.3 Modelo “ideal” Os resultados ora apresentados expressam a percepção dos funcionários das duas empresas estudas sobre a importância das características – comportamentos, atitudes e valores – de um mentor ideal. Os dados relacionados a esse modelo “ideal” de mentoria foram tratados através da análise fatorial e da AED - análise exploratória de dados (estatística descritiva). A avaliação desses dados visa responder à questão orientadora 2.1.2.3. Para a confiabilidade dos resultados, tanto o instrumento de pesquisa quanto o método de análise dos dados foram criteriosamente testados. O valor calculado do coeficiente Alpha de Cronbach (0,882) demonstra a consistência interna do instrumento. Os valores dos testes KMO e de Esfericidade de Bartlett - 0,819 e 0,000 respectivamente, demonstram a boa adequação de possibilidades do tratamento dos dados com o método de análise fatorial. Da análise fatorial realizada 15 componentes foram extraídos. Esses componentes, com eigenvalue acima de 1 e cargas fatoriais acima de 0,5; responderam por 61,2% da variação total dos dados, conforme apresentado no quadro 6 - Componentes extraídos do modelo “ideal” de mentoria com eigenvalue acima de 1. O modelo “ideal” de mentoria foi obtido aplicando o conceito de variável substituta. Para cada um dos componentes extraídos da análise fatorial foi definido o item mais representativo. Esse item tem a maior carga fatorial dentro de cada componente extraído. 100 Component Initial Eigenvalues 1 Total 9,136 % of Variance 17,568 Cumulative % 17,568 2 3,674 7,065 24,634 3 2,104 4,046 28,680 4 1,998 3,843 32,523 5 1,872 3,599 36,122 6 1,695 3,259 39,381 7 1,542 2,966 42,347 8 1,512 2,908 45,255 9 1,440 2,769 48,025 10 1,292 2,484 50,508 11 1,221 2,349 52,857 12 1,126 2,166 55,023 13 1,099 2,114 57,137 14 1,065 2,048 59,185 15 1,031 1,983 61,168 16 ,981 1,887 63,056 Quadro 6: Componentes extraídos do modelo “ideal” de mentoria com eigenvalue acima de 1 Nessa perspectiva, do modelo original com 52 itens, após análise fatorial apenas 15 itens apresentaram carga fatorial relevante, caracterizando o modelo “ideal” de mentoria. As funções de mentoria foram representadas por 4 itens (6R77, 6U87, 6V34 e 6X08) e os estilos de liderança por 11 itens (1A01, 1A26, 1A88, 1B07, 2C56, 3G09, 4J95, 5M48, 5N21, 5N36 e 5039), conforme ilustra quadro 7. 101 Estilos de Liderança Funções de Mentoria Item 6R77 Variável Função de Carreira Dimensão Coaching Assertiva do Questionário Encorajar o mentorado a se preparar para se desenvolver 6V34 Função Psicossocial Função Psicossocial 6X08 Função Psicossocial Concordar com as atitudes e com os valores do mentor Pedir sugestões sobre problemas que o mentor Aceitação tem Encorajar o mentorado a conversar abertamente sobre os medos e as ansiedades que tiram sua Aconselhamento atenção do trabalho 1A01 Liderança Transacional Recompensa Contingencial Dar assistência ao mentorado em troca dos seus esforços 1A26 Liderança Transacional Recompensa Contingencial Discutir em termos específicos quem é responsável pelas metas de desempenho 1A88 Liderança Transacional Recompensa Contingencial Expressar satisfação quando o mentorado atende às suas expectativas 1B07 Liderança Transacional Gestão pela Exceção Focar a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios dos padrões 2C56 Liderança Influência Transformacional Idealizada Agir de maneira que faz o mentorado respeitá-lo 3G09 Liderança Laissez-faire Evitar se envolver quando assuntos importantes aparecem 4J95 Liderança TransacionalTransformacional Satisfação 6U87 Liderança 5M48 Servidora Modelagem de Papel Laisez-Faire Trabalhar com o mentorado de maneira satisfatória Visão Consultar o mentorado sobre sua opinião quanto à direção futura que a empresa deve tomar 5N21 Liderança Servidora Humildade Não superestimar seus próprios méritos 5N36 Liderança Servidora Humildade Não estar interessado em autopromoção 5O39 Liderança Servidora Confiança Saber que o mentorado é incorruptível Quadro 7: Itens do modelo “ideal” de mentoria Os resultados demonstram um imbricamento dos constructos estudados. Isso sugere que há uma confusão conceitual, por parte dos respondentes, entre as funções de mentoria e os estilos de liderança. Por exemplo, o item 6R77 que diz respeito à mentoria de carreira coaching foi associado aos itens 2E78 (liderança transformacional - estímulo intelectual), 5L69 (liderança servidora - empoderamento), 2F80 (liderança transformacional consideração individual) e 6T64 (mentoria de carreira – tarefas desafiadoras). 102 Tais achados confirmam os argumentos de Appelbaum et al, (1994). Para esses autores, mentores devem se comportar em certas situações como líderes; quando eles formam valores, agem como um exemplo e definem sentidos. Acrescentam também que os constructos mentoria e liderança estão intimamente alinhados, mas a definição de suas características são elusivas. Intuitivamente, as similaridades parecem óbvias e as diferenças tornam-se confusas. As funções psicossociais de mentoria têm predominância sobre as funções de carreira. Foram evidenciadas as seguintes funções psicossociais modelagem de papel, aconselhamento e aceitação. A função modelagem de papel concentrou todos os seus itens (6U83, 6U85, 6U87, 6U89) no mesmo componente 5, demonstrado na matriz rotacionada - quadro 8. Já a função aconselhamento, está com o seu item 6X08 imbricado com outros itens de mentoria e de liderança. Por sua vez, a função aceitação, cujo item é 6V34, representa o componente 12, ilustrado na matriz rotacionada - quadro 8. A única função de carreira que se destaca é coaching, cujo item 6R77 foi comentado anteriormente. Esses resultados sugerem que, na perspectiva do modelo “ideal” de mentoria, os respondentes percebem como mais importantes às funções que afetam o indivíduo em um nível mais pessoal, construindo sua auto-estima dentro e fora da organização. Tais achados confirmam Kram (1988), quando aponta que o suporte emocional, nesse caso, geralmente afeta a identidade profissional do mentorado e pode ser fundamental no avanço da carreira. O estilo de liderança transacional se equiparou ao estilo de liderança servidora. Os itens pertinentes à liderança transacional (1A01, 1A26, 1A88, e 1B07) representam as dimensões recompensa contingencial (1A) e gestão por exceção ativa (1B). Já os itens pertinentes à liderança servidora (5M48, 5N21, 5N36 e 5O39) representam as dimensões visão (5M), humildade (5N) e confiança (5O). No que diz respeito à liderança transacional, esse resultado parece reforçar a afirmativa de Bass (1985), que a liderança transacional é formulada para resultar na conquista pelos subordinados de um nível de performance negociado. Ela clarifica as expectativas do subordinado e faz o reconhecimento quando os objetivos são atingidos. Tais achados sugerem que os mentorados (respondentes) desejam, em última instância, recompensas e punições, metaforicamente falando, “liberdade e castração”. Por outro lado, no que se refere à liderança servidora, os resultados obtidos confirmam os argumentos de Farling et al, (1999). Esses autores postulam que os líderes servidores desenvolvem pessoas; provem visão, ganham credibilidade e confiança dos seguidores, e ajudam os seguidores a florescer e persistir. 103 A única dimensão da liderança transformacional entre os 15 itens representativos, com carga fatorial relevante, foi a influência idealizada (item - 2C56). Tal evidência parece demonstrar que o estilo transformacional está bastante alinhado com as outras dimensões de liderança e de mentoria. Além disso, parece revelar que os respondentes não valorizam o fato da liderança transformacional, como afirmam Bass (1990b) e Robbins (2002), evocar imagens de mudanças profundas e de longo prazo sobre a estrutura política e cultural da organização. A liderança transacional-transformacional (4J) está representada no componente 02, do quadro 8. Esse resultado parece confirmar os achados de Burns (1978), quando afirma que a liderança transacional e a transformacional agora têm sido vistas como complementares. Apesar disso, não existe unanimidade na distinção entre líderes transacionais e transformacionais. Os resultados encontrados também apontam para itens considerados nada importante para os respondentes. Trata-se do item 3G09 relativo à liderança laissez-faire que apresenta índice de 40% de respostas considerando-o nada importante, conforme gráfico 16 - Liderança Laissez-Faire - Item 3G09 – Modelo “ideal” de mentoria. Liderança Laissez-Faire _ 3G item09 300 100% 250 80% Percent Count 200 60% 150 40% 100 50 20% 104 71 69 21 0 Nada Importante Pouco Importante Importante Muito Importante 6 0% Extremamente Importante Gráfico 16: Liderança Laissez-Faire - Item 3G09 – Modelo “ideal” de mentoria Os componentes resultantes da análise fatorial que descrevem o modelo “ideal” de mentoria, percebido pelos respondentes, estão no quadro 8- Carga fatorial dos itens extraídos do modelo “ideal” de mentoria. Nessa configuração, o mentor ideal deve possuir e/ou 104 desenvolver no mentorado as seguintes características (comportamentos, atitudes e valores): coaching (6R), satisfação (4J), aconselhamento (6X), visão (5M), modelagem de papel (6U), humildade (5N), influência idealizada (2C), recompensa contingencial (1A), aceitação (6V), gestão pela exceção ativa (1B) e confiança (5O). Por outro lado, esse modelo não deve contemplar o estilo de liderança laissez-faire (3G). O modelo “ideal” de mentoria para os respondentes desta pesquisa, assemelha-se em alguns aspectos aos estudos de Allen & Poteet (1999). Para esses autores, o mentor ideal deveria possuir uma ampla faixa de habilidades e de áreas do conhecimento. Habilidades de ouvir e comunicar, paciência, conhecimento da companhia e indústria, habilidade para entender os outros. Valores como honestidade, interesse genuíno em mentoria, ser orientado a pessoas e ter estrutura e visão. Características como senso comum, autoconfiança, abertura a sugestões, disponibilidade para compartilhar informações, qualidade de liderança, autonomia, versatilidade, respeito, fornecer metas realizáveis, ter habilidade para ensinar, ter disponibilidade para dar feedback e justiça e objetividade. 105 Rotated Component Matrix(a) Component 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Mentoria 6R item77 0,747 Lid. Transformacional 2E item78 0,733 Lid. Servidora 5L item69 0,711 Lid. Transformacional 2F item80 0,649 Mentoria 6T item64 0,509 Lid. Servidora 5K item66 Mentoria 6R item81 Lid. Transac+Transf 4J item95 0,694 Lid. Transac+Transf 4H item93 0,671 Lid. Transac+Transf 4I item97 0,670 Lid. Transac+Transf 4J item92 0,591 Lid. Transformacional 2D item90 Lid. Transac+Transf 4H item98 Mentoria 6X item08 0,697 Mentoria 6Q item06 0,620 Mentoria 6P item22 0,516 Mentoria 6T item13 Mentoria 6V item43 Lid. Servidora 5M item18 Lid. Transformacional 2D item20 Lid. Servidora 5M item48 0,716 Lid. Servidora 5O item24 0,680 Lid. Transformacional 2C item23 0,595 Lid. Transacional 1B item44 Mentoria 6U item87 0,795 Mentoria 6U item85 0,757 Mentoria 6U item89 0,726 Mentoria 6U item83 Lid. Servidora 5N item36 0,708 Lid. Servidora 5N item54 0,645 Mentoria 6X item49 0,582 Lid. Transformacional 2F item50 Lid. Laissez-Faire 3G item09 0,686 Lid. Transacional 1B item29 0,620 Mentoria 6S item04 0,593 Lid. Transacional 1B item05 Lid. Transacional 1A item26 0,674 Lid. Servidora 5L item15 0,561 Lid. Laissez-Faire 3G item14 Lid. Transacional 1B item07 0,737 Lid. Transacional 1B item59 0,670 Lid. Transformacional 2C item56 Lid. Servidora 5K item57 Lid. Transacional 1A item01 Lid. Transformacional 2E item03 Mentoria 6Y item02 Mentoria 6V item34 Mentoria 6Y item19 Lid. Transacional 1A item88 Lid. Servidora 5O item39 Lid. Servidora 5M item33 Lid. Servidora 5N item21 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a Rotation converged in 104 iterations. 10 11 12 13 14 15 0,642 0,549 0,681 0,603 0,585 0,723 0,523 0,636 0,810 Quadro 8: Carga fatorial dos itens extraídos do modelo “ideal” de mentoria A próxima seção apresentará os resultados do modelo “da prática” de mentoria. 4.2.1.4 Modelo “da prática” Os resultados ora apresentados expressam a percepção dos funcionários das duas empresas estudas quanto à freqüência das características – comportamentos, atitudes e valores – de um mentor considerado importante. Os dados relacionados a esse modelo “da prática” de mentoria foram tratados através da análise fatorial e da AED - análise exploratória de dados (estatística descritiva). A avaliação desses dados visa responder à questão orientadora 2.1.2.4. 106 Para a confiabilidade dos resultados, tanto o instrumento de pesquisa quanto o método de análise dos dados foram criteriosamente testados. O valor calculado do coeficiente Alpha de Cronbach (0,915) demonstra a consistência interna do instrumento. Os valores dos testes KMO e de Esfericidade de Bartlett - 0,886 e 0,000 respectivamente, demonstram a boa adequação de possibilidades do tratamento dos dados com o método de análise fatorial. Da análise fatorial realizada 13 componentes foram extraídos. Esses componentes, com eigenvalue acima de 1 e cargas fatoriais acima de 0,5; responderam por 62,5% da variação total dos dados, conforme apresentado no quadro 9 - Componentes extraídos do modelo “da prática” de mentoria com eigenvalue acima de 1. O modelo “da prática” de mentoria foi obtido aplicando o conceito de variável substituta. Para cada um dos componentes extraídos da análise fatorial foi definido o item mais representativo. Esse item tem a maior carga fatorial dentro de cada componente extraído. Component Initial Eigenvalues 1 Total 12,954 % of Variance 24,912 Cumulative % 24,912 2 2,994 5,759 30,670 3 2,544 4,892 35,563 4 1,941 3,733 39,295 5 1,743 3,351 42,647 6 1,659 3,190 45,837 7 1,557 2,995 48,831 8 1,446 2,781 51,612 9 1,252 2,408 54,020 10 1,176 2,261 56,281 11 1,135 2,182 58,463 12 1,057 2,033 60,496 13 1,040 2,001 62,496 14 ,972 1,869 64,365 Quadro 9: Componentes extraídos do modelo “da prática” de mentoria com eigenvalue acima de 1 Nessa perspectiva, do modelo original com 52 itens, após análise fatorial apenas 13 itens apresentaram carga fatorial relevante, caracterizando o modelo “da prática” de mentoria. As funções de mentoria foram representadas por 4 itens (6P22, 6S04, 6U89 e 6V34) e os estilos de liderança por 9 itens (1A01, 1B05, 1B07, 1B44, 2F50, 4H93, 5K57, 5N36 e 5O39), conforme ilustrado no quadro a seguir. 107 Estilos de Liderança Funções de Mentoria Item Variável Dimensão Assertiva do Questionário Função de Carreira Patrocínio Designar tarefas no trabalho que preparam o mentorado para ser um profissional competente Função de Carreira Proteção Assumir a culpa ou o crédito em situações complicadas Função Psicossocial Modelagem de Tentar ser como o mentor quando chegar a uma Papel posição igual à dele Função Psicossocial Aceitação Pedir sugestões sobre problemas que o mentor tem 1A01 Liderança Transacional Recompensa Contingencial Dar assistência ao mentorado em troca dos seus esforços 1B05 Liderança Transacional Gestão pela Exceção Evitar interferir até que os problemas se tornem sérios 1B07 Liderança Transacional Gestão pela Exceção Focar a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios dos padrões 1B44 Liderança Transacional Gestão pela Exceção Demonstrar ser firme seguidor da idéia “em time que está ganhando não se mexe” 2F50 Liderança Consideração Transformacional Individual Tratar o mentorado como um indivíduo, não apenas como um membro do grupo 4H93 Liderança TransacionalTransformacional Esforço Extra Conseguir que o mentorado faça mais do que o esperado 5K57 Liderança Servidora Amor Demonstrar compreensão em relação ao mentorado 5N36 Liderança Servidora Humildade Não estar interessado em autopromoção 5O39 Liderança Servidora Confiança Saber que o mentorado é incorruptível 6P22 6S04 6U89 6V34 Quadro 10: Itens do modelo “da prática” de mentoria Assim como no modelo “ideal”, os resultados do modelo “da prática” de mentoria demonstram um imbricamento dos constructos estudados. Isso também sugere que há uma confusão conceitual, por parte dos respondentes, entre as funções de mentoria e os estilos de liderança na perspectiva da prática de mentoria. Por exemplo, o item 6V34 que diz respeito à mentoria psicossocial - aceitação foi associado aos itens 6Y19 (mentoria psicossocial amizade), 5O24 (liderança servidora - confiança), 6R81 (mentoria de carreira – coaching), 5M18 (liderança servidora – visão), 6Y02 (mentoria psicossocial - amizade), 2D20 (liderança transformacional – motivação inspiracional) e 5M48 (liderança servidora – visão). Tais achados reforçam o pensamento de Appelbaum et al, (1994) de que a similaridade entre as ações claramente exemplifica a similaridade entre líderes e mentores. 108 Acrescenta ainda que as duas definições são quase permutáveis, sendo o enfoque direto adotado pelos líderes, comparado com um enfoque indireto usado pelos mentores. Nesse modelo, as funções psicossociais de mentoria estão equiparadas às funções de carreira. As funções psicossociais evidenciadas são modelagem de papel e aceitação. A função modelagem de papel encontra-se com os seus itens (6U85, 6U87, 6U89) no mesmo componente 4 da matriz rotacionada – quadro 11. Já a função aceitação, cujo item é o 6V34, foi descrita anteriormente. As funções de carreira que se sobressaltam são proteção e patrocínio. A função proteção, cujo item é 6S04, representa o componente 13, ilustrado na matriz rotacionada – quadro 11. Por sua vez, a função patrocínio está com o seu item 6P02 imbricado com outros itens de mentoria de carreira, bem como, de liderança transacional e liderança transacional-transformacional. Estes resultados sugerem que na perspectiva do modelo “da prática” de mentoria, os respondentes percebem as funções psicossociais tão importantes quanto as funções de carreira. Isso significa dizer, como descrito por Kram (1988), que para um mentor no exercício da mentoria, é importante desenvolver comportamentos, atitudes e valores que tanto afetem o indivíduo em um nível mais pessoal (construindo sua auto-estima dentro e fora da organização), quanto proporcionem o avanço do indivíduo na hierarquia da organização, no sentido do aprendizado organizacional, desenvolvimento da carreira e do bom desempenho. O estilo de liderança transacional tem predominância no modelo “da prática” de mentoria, frente aos demais estilos estudados. O item pertinente à dimensão recompensa contingencial (1A01), encontra-se imbricado com o item de liderança laissez-faire (3G09) no mesmo componente 10, da matriz rotacionada – quadro 11. Paradoxalmente, esse item 3G09 indica que o mentor apresenta uma freqüência mínima do estilo de liderança laissez-faire, conforme ilustra o gráfico 17 - Liderança Laissez-Faire - Item 3G09 – Modelo “da prática” de mentoria. 109 Liderança Laissez Faire - Item 3G09 300 100% 250 80% Percent Count 200 60% 150 40% 100 50 20% 103 82 44 26 16 0 Nunca Raramente Ocasionalmente Frequentemente 0% Sempre Gráfico 17: Liderança Laissez-Faire - Item 3G09 – Modelo “da prática” de mentoria Já os itens referentes às dimensões gestão por exceção ativa (1B07 e 1B44) e gestão por exceção passiva (1B05), encontram-se em componentes diferentes, indicando a relevância dada a essas categorias do estilo de liderança transacional. No entanto, os resultados do item 1B05, apontam para a baixa freqüência das características do modelo “da prática” de mentoria, percebida pelos respondentes, conforme ilustra o gráfico 18 - Liderança Transacional - Item 1B05 – Modelo “da prática” de mentoria. Liderança Transacional - Item 1B05 300 100% 250 80% Percent Count 200 60% 150 40% 100 20% 50 61 59 59 54 38 0 0% Raramente Nunca Ocasionalmente Sempre Frequentemente Gráfico 18: Liderança Transacional - Item 1B05 – Modelo “da prática” de mentoria 110 Estes achados confirmam os argumentos de Bass (1985). Para esse autor, pelo fato da liderança transacional estar associada às dimensões recompensa contingencial e gestão pela exceção, se um subordinado prevê realimentação positiva dos seus esforços, ele possivelmente contribuirá muito mais de sua habilidade para alcançar a meta organizacional. Isso parece evidenciar que o apelo aos interesses e às necessidades primárias dos subordinados, tem o reconhecimento e a aceitação desses respondentes, enquanto comportamento freqüente nos mentores considerados importantes. Trata-se de aspectos inerentes à relação familiar (ameaças e recompensas). Essa relação foi caracterizada no item 4.2.1.1 - perfil do mentor. O estilo de liderança servidora também teve relevância na freqüência do comportamento do mentor. Os itens pertinentes à liderança servidora 5K57, 5N36 e 5O39 representam as dimensões amor (5K), humildade (5N) e confiança (5O). Tais resultados sugerem que os valores do mentor são aspectos fundamentais para o exercício da mentoria. Nesse sentido, o mentor considerado importante tem atributos do líder servidor. Para tanto, os argumentos de Patterson et al, 2003, de que na liderança servidora, o líder é um servidor dos seus seguidores, colocando os interesses dos liderados acima dos seus próprios interesses, confirmam essa articulação. A liderança transformacional teve uma dimensão entre os 13 itens representativos, com carga fatorial relevante. A dimensão em questão é a consideração individual (item 2F50) que está relacionada, conforme Bass (1985), ao comportamento intencionado de reconhecer as necessidades de crescimento e de desenvolvimento dos subordinados. Adotam-se, nesse caso, práticas como coaching, aconselhamento, orientação. Isso, portanto, parece justificar a relevância da dimensão para os respondentes. No que se refere ao estilo de liderança transacional-transformacional, o item 4H93 sobressaiu. Esse item está imbricado com o item 4J92 no mesmo componente (05). Tal resultado indica que as dimensões esforço extra (4H) e satisfação (4J) têm a mesma relevância para os respondentes. Os componentes resultantes da análise fatorial que descrevem o modelo “da prática” de mentoria, percebido pelos respondentes, estão no quadro 11 Carga fatorial dos itens extraídos do modelo “da prática” de mentoria. Nessa configuração, o mentor deve possuir e/ou desenvolver no mentorado as seguintes características (comportamentos, atitudes e valores): amor (5K), aceitação (6V), patrocínio (6P), modelagem de papel (6U), esforço extra (4H), gestão pela exceção ativa (1B), humildade (5N), confiança (5O), consideração individual (2F), recompensa contingencial (1A) e proteção (6S). Por outro lado, esse modelo não deve contemplar um estilo de gestão por exceção passiva (1B05). 111 O modelo “da prática” de mentoria, percebido pelos respondentes desta pesquisa, confirma alguns aspectos do estudo Burke (1984). Em seus achados, o referido autor revela que os respondentes apontaram para extraordinária ou considerável influência sobre suas vidas pessoais e profissionais por parte dos mentores. Eles também indicaram que os seus mentores exerciam papéis ou funções do tipo: modelagem positiva de papel, construção de auto-confiança, professor, coach ou treinador e definição de tarefas desafiadoras. Ao mesmo tempo, a configuração do modelo “da prática” de mentoria obtida nessa pesquisa não apresenta muitas similaridades aos resultados de Cunningham & Eberle (1993). Para os referidos autores, os mentores deveriam ser pacientes, tolerantes e acessíveis. Os mentorados enfatizam ainda a freqüência das reuniões, o respeito mútuo, foco, flexibilidade. Rotated Component Matrix(a) 1 0,758 0,737 0,689 0,688 0,645 0,631 0,613 0,612 0,573 0,541 0,535 0,502 Lid. Servidora 5K item57 Lid. Transformacional 2C item56 Mentoria 6R item77 Lid. Servidora 5K item66 Lid. Transac+Transf 4H item98 Mentoria 6V item43 Mentoria 6U item83 Lid. Servidora 5L item69 Lid. Transacional 1A item88 Lid. Transformacional 2F item80 Lid. Transformacional 2E item78 Lid. Transac+Transf 4J item95 Lid. Transacional 1B item29 Mentoria 6X item49 Mentoria 6V item34 Mentoria 6Y item19 Lid. Servidora 5O item24 Mentoria 6R item81 Lid. Servidora 5M item18 Mentoria 6Y item02 Lid. Transformacional 2D item20 Lid. Servidora 5M item48 Lid. Servidora 5M item33 Lid. Transformacional 2C item23 Mentoria 6P item22 Mentoria 6Q item06 Mentoria 6T item13 Mentoria 6T item64 Lid. Transac+Transf 4I item97 Lid. Transacional 1A item26 Mentoria 6U item89 Mentoria 6U item85 Mentoria 6U item87 Lid. Transac+Transf 4H item93 Lid. Transac+Transf 4J item92 Lid. Transformacional 2D item90 Lid. Transacional 1B item07 Lid. Transacional 1B item59 Lid. Servidora 5N item36 Lid. Servidora 5N item21 Lid. Servidora 5N item54 Lid. Servidora 5O item39 Lid. Servidora 5L item15 Lid. Transformacional 2F item50 Lid. Laissez-Faire 3G item14 Mentoria 6X item08 Lid. Transacional 1A item01 Lid. Laissez-Faire 3G item09 Lid. Transacional 1B item44 Lid. Transformacional 2E item03 Lid. Transacional 1B item05 Mentoria 6S item04 Extraction Method: Principal Component Analysis. a. Rotation converged in 18 iterations. 2 3 4 5 6 Component 7 8 9 10 11 12 13 0,751 0,750 0,660 0,655 0,582 0,539 0,537 0,527 0,680 0,652 0,651 0,617 0,569 0,531 0,816 0,808 0,608 0,682 0,609 0,800 0,727 0,742 0,660 0,640 0,675 0,608 0,636 0,612 0,715 0,755 0,846 Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. Quadro 11: Carga fatorial dos itens extraídos do modelo “da prática” de mentoria 112 A seguir, a comparação entre os modelos “ideal” e “internacional” de mentoria. 4.2.1.5 Relação entre o modelo “ideal” e o “internacional” de mentoria A comparação entre o modelo “ideal” de mentoria, percebido pelos respondentes, e o “internacional” de Kram (1988) será apresentada nessa seção. Essa comparação foi realizada através da análise fatorial, visando responder à questão orientadora 2.1.2.5.a. Para a confiabilidade dos resultados, tanto o instrumento de pesquisa quanto o método de análise dos dados foram criteriosamente testados. O valor calculado do coeficiente Alpha de Cronbach (0,734) demonstra a consistência interna do instrumento. Os valores dos testes KMO e de Esfericidade de Bartlett - 0,791 e 0,000 respectivamente, demonstram a boa adequação de possibilidades do tratamento dos dados com o método de análise fatorial. Da análise fatorial realizada 4 componentes foram extraídos. Esses componentes, com eigenvalue acima de 1 e cargas fatoriais acima de 0,6; responderam por 50,2% da variação total dos dados, conforme ilustrado no quadro 12. Para cada um dos componentes extraídos da análise fatorial foi definido o item mais representativo. Esse item tem a maior carga fatorial dentro do componente extraído. Component Initial Eigenvalues 1 Total 3,695 % of Variance 21,736 Cumulative % 21,736 2 2,342 13,776 35,512 3 1,275 7,499 43,011 4 1,222 7,189 50,200 5 ,971 5,711 55,911 6 ,903 5,314 61,225 7 ,842 4,952 66,177 8 ,786 4,622 70,800 9 ,757 4,453 75,253 10 ,655 3,851 79,104 11 ,628 3,695 82,799 12 ,591 3,476 86,276 13 ,556 3,272 89,547 14 ,499 2,936 92,483 15 ,472 2,779 95,262 16 ,457 2,691 97,952 17 ,348 2,048 100,000 Quadro 12: Componentes extraídos da comparação entre o modelo “ideal” e o modelo “internacional” de mentoria com eigenvalue acima de 1 113 Nessa perspectiva, do modelo “internacional” de mentoria desenvolvido por Kram (1988), replicado nesta pesquisa com 17 itens; após análise fatorial apenas 4 itens apresentaram carga fatorial relevante. As funções de carreira foram representadas por um único item (6T64 - tarefas desafiadoras), enquanto as funções psicossociais foram por 3 itens (6U89 – modelagem de papel, 6Y19 e 6Y02 – amizade), conforme quadro abaixo. Funções de Mentoria Item 6T64 Variável Função de Carreira Dimensão Tarefas desafiadoras Assertiva do Questionário Dar ao mentorado tarefas que ofereçam oportunidades ao mesmo de aprender novas habilidades Função 6U89 Psicossocial Modelagem de Tentar ser como o mentor quando chegar a uma Papel posição igual à dele Função 6Y02 Psicossocial Amizade Interagir socialmente com o mentorado fora do ambiente de trabalho Função 6Y19 Psicossocial Amizade Convidar o mentorado para almoçar/jantar com ele Quadro 13: Itens da comparação entre os modelos “ideal” e “internacional” de mentoria Estes resultados não confirmam o modelo “internacional” de Kram (1988), no que diz respeito às funções de mentoria. Para os respondentes dessa pesquisa, a função psicossocial amizade (6Y) teve uma grande relevância, estando imbricada com outras funções de carreira. Esse fato revela uma maior expressividade dessa função na percepção dos respondentes, caracterizando com isso uma outra dimensão, além das funções psicossociais e de carreira. Tais achados reforçam o questionamento sobre a universalidade do modelo de mentoria de Kram (1988). A própria autora admite que o contexto organizacional modela as funções por interferir no papel formal da mentoria, nas oportunidades de interação e na extensão de quais são as pessoas que serão escolhidas a participar das atividades de mentoria. Nessa perspectiva, como afirmam Appelbaum et al, (1994), diversos fatores do tipo cultura organizacional, satisfação no trabalho, desempenho, interferem na compreensão do fenômeno - mentoria. Desse modo, tais argumentos parecem justificar outras formas de perceber o(s) modelo(s) de mentoria como evidenciam os resultados apresentados no quadro 14. 114 Rotated Component Matrix(a) 1 0,723 0,701 0,678 0,649 Component 2 3 4 Mentoria 6T item64 Mentoria 6T item13 Mentoria 6P item22 Mentoria 6R item77 Mentoria 6V item43 Mentoria 6X item49 Mentoria 6U item89 0,770 Mentoria 6U item85 0,760 Mentoria 6U item87 0,712 Mentoria 6S item04 Mentoria 6U item83 Mentoria 6Y item19 0,749 Mentoria 6V item34 Mentoria 6R item81 Mentoria 6Y item02 0,612 Mentoria 6X item08 0,610 Mentoria 6Q item06 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a. Rotation converged in 8 iterations. Quadro 14: Carga fatorial dos itens extraídos da comparação entre o modelo “ideal” e o modelo “internacional” de mentoria A seguir, a comparação entre os modelos “da prática” e “internacional” de mentoria. 4.2.1.6 Relação entre os modelos “da prática” e “internacional” de mentoria A comparação entre o modelo “da prática” de mentoria, percebido pelos respondentes, e o “internacional” de Kram (1988) será apresentada nesta seção. A comparação foi realizada através da análise fatorial, visando responder à questão orientadora 2.1.2.5.b. Para a confiabilidade dos resultados, tanto o instrumento de pesquisa quanto o método de análise dos dados foram criteriosamente testados. O valor calculado do coeficiente Alpha de Cronbach (0,839) demonstra a consistência interna do instrumento. Os valores dos testes KMO e de Esfericidade de Bartlett - 0,855 e 0,000 respectivamente, demonstram a boa adequação de possibilidades do tratamento dos dados com o método de análise fatorial. Da análise fatorial realizada 4 componentes foram extraídos. Esses componentes, com eigenvalue acima de 1 e cargas fatoriais acima de 0,6; responderam por 57,7% da variação total dos dados, conforme indicado no quadro15. Para cada um dos componentes extraídos da análise fatorial foi definido o item mais representativo. Esse item tem a maior carga fatorial dentro do componente extraído. 115 Component Initial Eigenvalues 1 Total 5,205 % of Variance 30,620 Cumulative % 30,620 2 1,970 11,587 42,207 3 1,434 8,435 50,642 4 1,201 7,064 57,706 5 ,975 5,733 63,438 6 ,827 4,862 68,301 7 ,703 4,136 72,436 8 ,675 3,971 76,407 9 ,588 3,462 79,869 10 ,566 3,331 83,200 11 ,498 2,931 86,131 12 ,487 2,863 88,994 13 ,448 2,635 91,629 14 ,414 2,433 94,062 15 ,384 2,260 96,322 16 ,339 1,996 98,318 17 ,286 1,682 100,000 Quadro 15: Componentes extraídos da comparação entre o modelo “da prática” e o modelo “internacional” de mentoria com eigenvalue acima de 1 Nessa perspectiva, do modelo “internacional” de Kram (1988) aplicado nesta pesquisa com 17 itens, após análise fatorial apenas 4 itens apresentaram carga fatorial relevante. As funções de carreira foram representadas por um único item 6T64 - tarefas desafiadoras e as funções psicossociais com 3 itens em destaque (6U89 – modelagem de papel, 6Y19 – amizade e 6V43 - aceitação), conforme quadro abaixo. Funções de Mentoria Item 6T64 Variável Função de Carreira Dimensão Tarefas desafiadoras Assertiva do Questionário Dar ao mentorado tarefas que ofereçam oportunidades ao mesmo de aprender novas habilidades Função 6U89 Psicossocial Modelagem de Tentar ser como o mentor quando chegar a uma Papel posição igual à dele Função 6Y19 Psicossocial Amizade Convidar o mentorado para almoçar/jantar com ele Função 6V43 Psicossocial Aceitação Expressar sentimentos de respeito pelo mentorado como indivíduo Quadro 16: Itens da comparação entre os modelos “da prática” e “internacional” de mentoria Os resultados obtidos de mentoria não confirmam o modelo “internacional” de Kram (1988), no que diz respeito às funções de mentoria. Para os respondentes dessa pesquisa, amizade (6Y) e aceitação (6V) são funções diferenciadas das funções psicossociais e de carreira. Isto porque essas funções (amizade e aceitação) estão imbricadas com outras funções 116 de carreira. Isso parece indicar que os mentorados percebem e consideram no mentor mais importante, um suporte afetivo-emocional para o desenvolvimento da vida profissional e pessoal, relativo ao papel idealizado da relação familiar. Estes achados também reforçam o questionamento sobre a universalidade do modelo de mentoria de Kram (1988). Da mesma forma como foi justificado na comparação entre o modelo “ideal” e o modelo “internacional” de mentoria, diversos fatores contribuem para essa diferença de percepção pelos mentorados (respondentes). Fatores do tipo cultura organizacional, satisfação no trabalho, desempenho (APPELBAUM et al, 1994) são exemplos característicos dessa influência. Portanto, tais argumentos parecem justificar outras formas de perceber o(s) modelo(s) de mentoria como evidenciam os resultados mostrados no quadro 17. Rotated Component Matrix(a) 1 0,778 0,761 0,741 0,638 Component 2 3 4 Mentoria 6T item64 Mentoria 6P item22 Mentoria 6Q item06 Mentoria 6T item13 Mentoria 6R item77 Mentoria 6X item08 Mentoria 6Y item19 0,806 Mentoria 6V item34 0,759 Mentoria 6R item81 0,711 Mentoria 6Y item02 0,674 Mentoria 6U item89 0,855 Mentoria 6U item85 0,814 Mentoria 6U item87 0,676 Mentoria 6V item43 0,653 Mentoria 6S item04 -0,590 Mentoria 6U item83 Mentoria 6X item49 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a Rotation converged in 6 iterations. Quadro 17: Carga fatorial de itens extraídos da comparação entre o modelo “da prática” e o modelo “internacional” de mentoria Na próxima seção serão apresentados e discutidos os resultados de liderança. 117 4.2.2 Liderança Esta seção apresentará e discutirá os resultados relacionados a: o perfil do chefe (líder) considerado mais importante, os impactos percebidos da liderança, o modelo “ideal”, o modelo “da prática”, as relações entre o modelo “ideal” e o “internacional”, e as relações entre o modelo “da prática” e o “internacional”. 4.2.2.1 Perfil do líder Apesar da semelhança na estrutura de pesquisa dos constructos liderança e mentoria, nesta seção, a sistemática de apresentação e discussão dos resultados será diferente da forma adotada na seção 4.2.1.1 – Perfil do mentor. Desse modo, optou-se primeiramente pelo relato dos dados e num segundo momento pela discussão conjunta de todas as dimensões apresentadas. Isso se fez necessário, em função da escassez de estudos que caracterizassem o perfil do líder nas diversas dimensões investigadas. Pode-se adiantar, no entanto, que os resultados encontrados e ora apresentados corroboram o pensamento de Melo (1999). Para a autora, existe uma falta de consenso sobre o perfil gerencial mesmo entre os gestores. Existe uma ampla faixa de opiniões sobre os desafios colocados aos gestores e quais são exatamente as características e competências que eles devem possuir para o exercício de suas atribuições. Nesse sentido, os dados relativos ao chefe (líder) considerado mais importante (tipo de relação, idade, gênero, escolaridade, formação e tempo de relação) serão discutidos a seguir com o intuito de caracterizar o perfil do líder. Para isso foram adotadas a AED - análise exploratória de dados (estatística descritiva) e o teste de hipóteses não-paramétrico - ChiSquare. A análise desses dados visa responder à questão norteadora 2.2.2.1. 4.2.2.1.1 Tipo de relação No que diz respeito ao tipo de relação com o chefe(líder) considerado mais importante, 118 os respondentes identificaram diversas categorias. Conforme apresentado no gráfico 19 – Tipo de Relação com o Líder, percebe-se que o chefe imediato para 85,6% - 231 respondentes foi a categoria mais representativa; seguido por amigo (10,7% - 29 respondentes), pai (1,1% 3 respondentes), colega de trabalho (1,1% - 3 respondentes), irmão(ã) (0,7% - 2 respondentes), professor (0,4% - 1 respondente) e familiar (0,4% - 1 respondente). 250 90,0 200 75,0 60,0 150 45,0 100 % Frequência Tipo de Relação com o Líder 30,0 50 15,0 0 0,0 Chefe Amigo(a) Pai Colega de Frequência 231 29 3 3 2 1 1 % Relação 85,6 10,7 1,1 1,1 0,7 0,4 0,4 Irmão(ã) Professor Familiar Gráfico 19: Tipo de relação com o líder Com o intuito de comparar estatisticamente o tipo de relação com o chefe (líder) evocado, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o pvalue (0,322) foi maior do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser aceita. Isso implica dizer que não há evidências significativas de que tipo de relação com o chefe (líder), identificado pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. 4.2.2.1.2 Idade O líder considerado mais importante é normalmente mais velho do que o liderado (respondente), caracterizando diversas faixas etárias. De acordo com gráfico 20 – Idade do Líder, o maior número de chefes (líderes) encontrava-se na faixa de 35 a 39 anos (22% - 60 líderes). 119 IDADE DO LÍDER 70 25 20 50 40 15 30 10 % Frequência 60 20 5 10 0 35-39 40-44 45-49 <35 >55 50-54 Frequência 60 54 44 39 37 36 % 22 20 16 14 14 13 0 Idade Gráfico 20: Tipo de relação com o líder Comparativamente, enquanto que 63% dos chefes (líderes) estão acima dos 40 anos, 87% dos respondentes (liderados) estão abaixo dos 40 anos. Além disso, comparando a média e a moda das idades dos chefes (líderes) considerados importantes e dos respondentes (liderados), conforme indica o quadro 13, tem-se a confirmação da assertiva de que os líderes, em geral, são mais velhos do que os liderados. Idade Média Moda Líder Liderado Importante Respondente 43 34 45 30 e 35 Quadro 18: Comparativo das idades do líder importante e do liderado respondente Com o intuito de comparar estatisticamente as idades dos chefes (líderes) evocados, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,002) é menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que a faixa etária dos chefes (líderes), identificados pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. 4.2.2.1.3 Gênero Para os respondentes, o chefe (líder) mais importante é predominantemente do gênero 120 masculino. De acordo com o gráfico 21 - Gênero do Líder, constata-se um índice de 91% (245 líderes) do gênero masculino e 9% (25 líderes) do gênero feminino. 250 Frequência 200 150 100 50 0 Masculino Feminino Frequência 245 25 % 91 9 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 % Gênero do Líder 300 Gênero Gráfico 21: Gênero do líder Com o intuito de comparar estatisticamente o gênero dos chefes (líderes) evocados, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,414) é maior que do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser aceita. Isso implica dizer que não há evidências significativas de que o gênero dos chefes (líderes), identificados pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. 4.2.2.1.4 Escolaridade No tocante a escolaridade do chefe (líder) considerado mais importante, os respondentes identificaram diversos níveis. Chefes com graduação obtiveram o maior índice (60% - 163 líderes), seguido pelos demais níveis de escolaridade – pós-graduação (22% - 59 líderes), segundo grau (13% - 36 líderes), técnico (3% - 9 líderes) e primeiro grau (1% - 1 líder), conforme ilustrado no gráfico 22 – Escolaridade do Líder. 121 Escolaridade do Líder 200 70 60 50 40 30 20 10 0 Frequência 150 % 100 50 0 Graduação PósGraduação 2º Grau Técnico 1º Grau Frequência 163 59 36 9 3 % 60 22 13 3 1 Escolaridade Gráfico 22: Escolaridade do líder Com o intuito de comparar estatisticamente a escolaridade dos chefes (líderes) evocados, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o pvalue (0,003) é menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que o nível de escolaridade dos chefes (líderes), identificados pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. 4.2.2.1.5 Formação O tipo de formação do chefe (líder) considerado mais importante está dividido em três categorias. Chefes com formação em exatas representam o maior índice (62% - 167 líderes), seguido de humanas (24% - 65 líderes). O índice sem formação compreende um patamar de 14% (38 líderes), conforme ilustrado no gráfico 23 – Formação do Líder. Frequência 150 100 50 0 Exatas Humanas Nenhuma Frequência 167 65 38 % 62 24 14 70 60 50 40 30 20 10 0 % Formação do Líder 200 Formação Gráfico 23: Formação do líder 122 Com o intuito de comparar estatisticamente o tipo de formação dos chefes (líderes) evocados, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o pvalue (0,000) é menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que o tipo de formação dos chefes (líderes), identificados pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. 4.2.2.1.6 Tempo da Relação O tempo atribuído, pelos respondentes, ao relacionamento com o chefe (líder) mais importante foi amplo e diverso. Para efeito de organização e análise dos dados foram definidas algumas faixas conforme ilustrado no gráfico 24 - Tempo da Relação de Liderança. O maior tempo de relacionamento encontra-se na faixa de 2 a 5 anos (37% - 100 respondentes), seguido das demais faixas - 5 a 8 anos (29% - 77 respondentes), abaixo de 2 anos (14% - 38 respondentes), 8 a 11 anos (13% - 35 respondentes) e acima de 11 anos (7% 20 respondentes). Tempo da Relação de Liderança 40 35 120 30 25 80 20 15 10 60 40 20 0 2-5 5-8 <2 8-11 >11 Frequência 100 77 38 35 20 % 37 29 14 13 7 % Frequência 100 5 0 Anos Gráfico 24: Tempo da relação de liderança Com o intuito de comparar estatisticamente o tempo da relação de liderança, foi realizado o teste não-paramétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,000) é menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que o tempo de relação da liderança, nas empresas estudadas, seja diferente. 123 4.2.2.1.7 Discussão dos achados No que se refere ao perfil do líder, os resultados obtidos confirmam os argumentos de Hitt (1993). Esse autor admite que para um líder ser capaz de extrair o melhor de seus seguidores, ele deve apresentar um nível mais alto de desenvolvimento existencial do que seus seguidores. Nessa perspectiva, pode-se fazer a inferência de que as diferenças entre líder e liderado face às dimensões idade, escolaridade e formação, conforme observado nessa pesquisa, são elementos-chave para a caracterização do perfil de um chefe (líder) importante. Os resultados deste estudo também confirmam os achados de Steckler & Fondas (1995 apud ROBBINS, 2002), no que se refere à experiência no trabalho. Nesse caso, pode-se fazer uma associação entre experiência no trabalho e tipo/tempo de relacionamento de liderança. A dimensão gênero evidenciou as considerações apresentadas por Hanashiro et al, (2005). Como apontado pelos autores, os achados revelam a predominância de homens na posição de chefes (líderes). Em última instância, o perfil do líder ora caracterizado aponta, numa perspectiva psicanalítica, para um mecanismo de projeção do respondente. Nessa linha de pensamento, Pages (1982, p.417) admite que “o chefe serve de cimento para o grupo, porque é um objeto comum de projeção para os participantes”. Desse modo, comunga-se com Freud (1913/1974) quando fala da dificuldade para entender a natureza de um grupo sem levar em conta seu líder. Neste caso, pode-se falar de “uma horda conduzida por um chefe”. Esta constatação será também evidenciada quando se apresentar, na próxima seção, os resultados dos impactos percebidos da liderança. 4.2.2.2 Principais impactos percebidos A pergunta aberta do questionário, referente aos principais impactos percebidos na relação de liderança, foi tratada através da análise do conteúdo. A análise desses dados visa responder à questão orientadora 2.2.2.2. Os resultados obtidos demonstram uma forte associação entre os impactos percebidos da relação de liderança e a importância do chefe (líder) na vida do liderado (respondente). Apesar dessa constatação, alguns respondentes (6,6%) evitaram responder essa questão. Além 124 disso, impactos negativos também foram identificados face ao convívio chefe(líder) – subordinado (liderado). “Não existia barreiras para conversar com ele, acesso fácil. Distribuía tarefas de modo igualitário. Foi importante no meu crescimento profissional por confiar no meu potencial e aumentar gradativamente a dificuldade e importância das tarefas a mim transferidas.” “Temos algo em comum que nos uniu de forma que até me surpreendeu” “Ainda não tive a oportunidade de trabalhar com um líder nato, mas assinalei as características que julgo importantes em um líder. Sempre os achei mais chefe que líder”. Seria melhor dizer os negativos, porém os positivos são: doar-se ao trabalho, ser muito inteligente, saber muito sobre o que faz. Tais comentários parecem caracterizar os argumentos de LEVEK & MALSCHITZKY (2006), quando afirmam que o líder deve ser antes de tudo um Gestor de Pessoas. Eles distinguem o gerente, como alguém que dá ordens, do líder, que atua como professor, facilitador e mentor. Líderes, nessa dimensão, criam novos líderes; enquanto chefes criam subordinados. Líderes trabalham por um objetivo comum; chefes agem de acordo com os seus próprios interesses. Líderes criam o prazer da performance; chefes geram o medo da punição. Partindo dessa visão, retoma-se o pensamento de Pages (1982) quando afirma que a noção freudiana de identificação é ambígua. Além disso, o autor posteriormente acrescenta a relação da economia com o sistema psicológico para discutir o mecanismo de identificação. “Se na economia feudal pré-capitalista, o sistema psicológico dominado pelo superego e à identificação ao pai era representado pelo chefe, no capitalismo nascente, o sistema híbrido tem os chefes como o ambiente de cada um, o intermediário imposto através do qual o indivíduo se relaciona com os objetos sociais distantes e pouco conhecidos e aos quais ele se identifica ainda que imperfeitamente” (PAGES, 1987, p.157). Ampliando essa discussão, destacam-se os argumentos de Enriquez (1997). Para o referido autor, cada pessoa tentará prender os outros nas redes de seus próprios desejos e acrescenta ainda que para os membros de um grupo se reconhecerem entre si é necessário se identificar uns com os outros, colocando um mesmo objeto de amor (a causa) em lugar do seu ideal de ego. Desse modo “não é o elo com o chefe que cria o elo grupal em última análise, mas, pelo contrário, o elo grupal que suscita o elo com o chefe” (PAGES, 182, p. 414). Tratase assim, de uma outra forma de entender e discutir o lugar do chefe (líder) nos impactos percebidos da liderança. Por outro lado, os achados apontam para valores e atitudes advindos da relação de liderança e ou percebidos no chefe (líder), conforme ilustra o quadro 14. Assim como no item 125 4.2.1.2 – impactos percebidos da mentoria, os valores indicados pelos respondentes foram agrupados conforme Rokeach (1973), em valores terminais e valores instrumentais. As atitudes foram divididas em categorias inspiradas na classificação de Robbins (2002). Nesse sentido, os resultados demonstram a superioridade dos valores instrumentais com um índice de 51,5% dos aspectos relacionados aos impactos percebidos. Já os valores terminais correspondem a 25,0%, enquanto que as atitudes despontam um índice de 23,5%. IMPACTOS PERCEBIDOS DA LIDERANÇA % ASPECTOS RELACIONADOS AMIZADE 19 2 AMIZADE HARMONIA 18 2 PACIENCIA/PACIENTE, COMPREENSÃO/COMPREENSIVO SABEDORIA 12 IGUALDADE 8 1 JUSTIÇA, IGUALDADE SEGURANÇA 6 1 SEGURANÇA LIBERDADE 3 0,4 LIBERDADE VALORES INSTRUMENTAIS TERMINAIS F VALORES VALORES RESPEITO-PRÓPRIO 69 RECONHECIMENTO 59 2 SABEDORIA, AMADURECIMENTO e MATURIDADE VALORES TERMINAIS 194 25 CAPACIDADE 106 REALIZAÇÕES, ENSINAR, CARREIRA, ORGANIZAÇÃO, COACH, 14 EMPREENDEDORISMO INTELECTUALIDADE 79 SER PRESTATIVO 59 RESPONSABILIDADE 36 5 RESPONSABILIDADE/RESPONSÁVEL, COMPROMISSO HONESTIDADE 31 POLIDEZ 31 4 HONESTIDADE, SINCERIDADE, CARÁTER, TRANSPARÊNCIA, ÉTICA, LEALDADE EDUCAÇÃO, POLIDEZ (SABER TRATAR AS PESSOAS),CORDIALIDADE, 4 HUMILDADE, SIMPLICIDADE, FLEXIBILIDADE AUTOCONTROLE 10 INTELIGÊNCIA, FORMAÇÃO, CONHECIMENTO, PERCEPÇÃO SER PRESTATIVO, APOIO, DISPONIBILIDADE, ATENÇÃO, ACONSELHAMENTO, 8 ORIENTAÇÃO, PROTEÇÃO, PREOCUPAÇÃO COM O OUTRO, COMPARTILHAR 28 4 DISCIPLINA, COBRANÇA, PONTUALIDADE, FIRMEZA, SERIEDADE, AUTORIDADE LÓGICA 9 CORAGEM 8 1 CORAGEM, LUTAR PELOS OBJETIVOS INDEPENDÊNCIA 7 1 AUTONOMIA IMAGINAÇÃO 3 0,4 OUSADIA VISÃO AMPLA OBEDIÊNCIA ALEGRIA 1 COERÊNCIA, ANÁLISE CRÍTICA 2 0,3 VISÃO DE FUTURO, VISÃO MACRO VALORES INTRUMENTAIS 1 0,1 OBEDIÊNCIA 1 0,1 DIVERTIDO 401 52 ATITUDES F LIDERANÇA ATITUDES 9 AUTO-ESTIMA, CONFIANÇA RECONHECIMENTO, EXEMPLO, RESPEITO, PERSONALIDADE FORTE, FORTE, 8 CONSIDERAÇÃO, VALORIZAÇÃO, ADMIRAÇÃO, OBSERVADORA, PERSPICAZ, BOM PROFISSIONAL, SEMPRE POSITIVO, CARISMA 68 % ASPECTOS RELACIONADOS 9 MOTIVAÇÃO 27 3 INTERAÇÃO 25 3 TOMADA DE DECISÃO 23 3 DETERMINAÇÃO COMPROMETIMENTO ENVOLVIMENTO ACEITAÇÃO SATISFAÇÃO 18 2 7 1 7 1 5 0,6 3 0,4 TOTAL LIDERANÇA, PLANEJAMENTO, OBJETIVIDADE, BUROCRACIA, INSPIRAÇÃO, SABER OUVIR, DESAFIOS, ACESSO MOTIVAÇÃO, INCENTIVO, ENTUSIASMO, OTIMISMO, ESTÍMULO, DINAMISMO INTERAÇÃO, RELAÇÃO INTERPESSOAL, COMUNICAÇÃO, RELACIONAMENTO, AGRUPAR PESSOAS, DINÃMICA CONDUTA, TOMADA DE DECISÕES, SABER AGIR, INICIATIVA, PRIORIZAÇÃO, AGILIDADE DETERMINAÇÃO, PERSEVERANÇA COMPROMETIMENTO DEDICAÇÃO, ESFORÇO ACEITAÇÃO SATISFAÇÃO 183 24 Quadro 19: Impactos percebidos da liderança 126 De acordo com o gráfico 25 – Impactos Percebidos da Liderança, os principais valores identificados como benefícios da liderança são os valores instrumentais capacidade (14%) e intelectualidade (10%). O valor terminal respeito-próprio tem o mesmo índice percentual (9%) da atitude de liderança. Esses índices reforçam tanto os aspectos identificatórios produzidos na relação lider-liderado, quanto a importância dada aos benefícios mais concretos (instrumentalizados). 150 Impactos percebidos da Liderança 20 16 90 12 60 8 30 4 0 0 IN C AP TE AC LE ID C AD R TU ES E AL PE ID IT AD O -P E RÓ PR LI R I EC D ER O O AN NH Ç EC A SE IM R EN PR R TO ES ES PO TA N TI SA VO BI LI H D O AD N ES E TI D AD E P AU O LI TO D C EZ O N TR O M LE O TI VA TO Ç IN ÃO M AD TER A AÇ DE ÃO DE C IS ÃO O U TR O S 120 FREQUÊNCIA % Gráfico 25: Impactos percebidos da liderança Estes resultados confirmam os achados da literatura sobre os benefícios da liderança. Constata-se a validação dos argumentos de Felfe (2004), quando este afirma que existe uma relação positiva entre a similaridade da liderança transformacional e aos resultados da liderança, tais como: eficiência, esforço extra e satisfação. Nessa mesma linha de pensamento, percebe-se que os achados de House (1995) são comprovados. Para esse autor, diferentes impactos são gerados em função dos diferentes estilos de liderança sobre os subordinados. Acrescentam-se ainda nesta acepção os argumentos de Daft (2002). Seus achados asseguram que os líderes influenciam valores éticos e culturais por claramente mostrar a visão dos valores organizacionais, nos quais os empregados podem acreditar. Por outro lado, algumas características pertinentes aos estilos de liderança também foram reforçadas enquanto impactos percebidos da relação líder-liderado. Nesse sentido, 127 alguns depoimentos ilustram as diferentes dimensões dos estilos de liderança. No que se refere à liderança transacional, temos assertivas do tipo: “Desempenhar minhas funções no trabalho, procurando fazer o melhor dentro dos níveis de produção, qualidade e custo exigidos...” “Punição com tratamento, ajuda as pessoas...” “Normalmente apresentando o que havia de certo ou errado no trabalho” Já em relação à liderança transformacional, pode-se verificar as seguintes falas: “Motivador, responsável” “Se faz entender de forma clara e objetiva. Busca associar as qualidades do liderado às necessidades da empresa de forma clara e objetiva, sem imposições e sim pela compreensão e natural aceitação do liderado”. “Me influenciou a buscar meus objetivos retomando meus estudos” No que diz respeito à liderança servidora, pode-se destacar os seguintes relatos: “Ensinou a ter um bom relacionamento, principalmente com as pessoas mais difíceis; Liderança servidora (servir antes de qualquer coisa); contornar problemas diários; planejar e estruturação da vida pessoal, maturidade e autoestima.” “Enxergava nele a humildade, diferente de outros líderes que devido a sua posição quase nunca prestavam assistência aos subordinados, em qualquer que fosse o aspecto.” “Auto-ajuda, confiança, sempre me ajudou no momento em que precisei, não só como chefe mas também como amigo.” Estes achados confirmam o pensamento de Bennis (1995), quando assegura que as ações de um líder têm as mais profundas conseqüências nas vidas de outras pessoas, positiva ou negativamente, e as vezes, para sempre. O que é reforçado por Robbins (2002), quando diz que a eficácia da liderança dos administradores, mais do que nunca, depende da capacidade de conquistar a confiança de seus liderados. Quando os liderados confiam em seu líder, estão dispostos a se colocarem em vulnerabilidade em razão das ações deste. A próxima seção apresentará os resultados decorrentes do modelo “ideal” de liderança. 4.2.2.3 Modelo “ideal” Os resultados ora apresentados expressam a percepção dos funcionários das duas empresas estudas sobre a importância das características – comportamentos, atitudes e valores - de um chefe (líder) ideal. Os dados relacionados a esse modelo “ideal” de liderança 128 foram tratados através da análise fatorial e da AED - análise exploratória de dados (estatística descritiva). Essa análise visa responder à questão orientadora 2.2.2.3. Para a confiabilidade dos resultados, tanto o instrumento de pesquisa quanto o método de análise dos dados foram criteriosamente testados. O valor calculado do coeficiente Alpha de Cronbach (0,919) demonstra a consistência interna do instrumento. Os valores dos testes KMO e de Esfericidade de Bartlett - 0,877 e 0,000 respectivamente, demonstram a boa adequação de possibilidades do tratamento dos dados com o método de análise fatorial. Da análise fatorial realizada 13 componentes foram extraídos com eigenvalue acima de 1. Desses componentes apenas 12 apresentaram cargas fatoriais acima de 0,5; respondendo por 59,4% da variação total dos dados, conforme apresentado no quadro 20 - Componentes extraídos do modelo “ideal” de liderança com eigenvalue acima de 1. O modelo “ideal” de liderança foi obtido aplicando o conceito de variável substituta. Para cada um dos componentes extraídos da análise fatorial foi definido o item mais representativo. Esse item tem a maior carga fatorial dentro de cada componente extraído. Component Initial Eigenvalues 1 Total 11,889 % of Variance 22,864 Cumulative % 22,864 2 3,669 7,056 29,920 3 2,318 4,458 34,378 4 1,955 3,761 38,138 5 1,809 3,478 41,616 6 1,708 3,284 44,900 7 1,516 2,915 47,816 8 1,395 2,683 50,499 9 1,192 2,292 52,791 10 1,180 2,269 55,060 11 1,126 2,166 57,225 12 1,115 2,144 59,369 13 1,068 2,055 61,424 14 ,994 1,912 63,336 15 ,935 1,799 65,135 Quadro 20: Componentes extraídos do modelo “ideal” de liderança com eigenvalue acima de 1 Nessa perspectiva, do modelo original com 52 itens, após análise fatorial apenas 12 itens apresentaram carga fatorial relevante, caracterizando o modelo “ideal” de liderança. Os estilos de liderança foram representados por 8 itens (1A01, 1B29, 1B59, 2C23, 3G14, 4I97, 5M33 e 5N54) e as funções de mentoria por 4 itens (6R77, 6U85, 6V43 e 6Y02), conforme ilustra quadro 21. 129 Estilos de Liderança Item Variável Assertiva do Questionário 1A01 Liderança Transacional Recompensa Contingencial Dar assistência ao liderado em troca dos seus esforços 1B29 Liderança Transacional Gestão pela Exceção Esperar as coisas darem errado para então agir 1B59 Liderança Transacional Gestão pela Exceção Concentrar total atenção no trato de erros, reclamações e fracassos 2C23 Liderança Consideração Transformacional Individual Fazer o liderado sentir-se orgulhoso de estar associado a ele 3G14 Liderança Laissez-faire Ausentar-se quando necessário 4I97 Liderança TransacionalTransformacional Efetividade Liderança 5M33 Servidora Funções de Mentoria Dimensão Laisez-Faire Ser eficiente em atingir as exigências organizacionais Visão Escrever junto com o liderado uma clara e concisa declaração da visão da empresa Humildade Não centrar as atenções nas suas próprias realizações Encorajar o liderado a se preparar para se desenvolver 5N54 Liderança Servidora 6R77 Função de Carreira Coaching 6U85 Função Psicossocial Modelagem de Papel Tentar imitar o comportamento de trabalho do líder 6V43 Função Psicossocial Aceitação Expressar sentimentos de respeito pelo liderado como indivíduo 6Y02 Função Psicossocial Amizade Interagir socialmente com o liderado fora do ambiente de trabalho Quadro 21: Itens do modelo “ideal” de liderança Os resultados demonstram um imbricamento dos constructos estudados. Isso sugere que há uma confusão conceitual, pelos respondentes, entre os estilos de liderança e as funções de mentoria. Por exemplo, o item 6R77 relativo a mentoria de carreira - coaching foi associado aos itens 5L69 (liderança servidora - empoderamento), 2E78 (liderança transformacional estímulo intelectual), 2F80 (liderança transformacional - consideração individual), 5K66 (liderança servidora – amor) e 6T64 (mentoria de carreira – tarefas desafiadoras). Esses achados evidenciam o pensamento de Appelbaum et al, (1994). Tais autores consideram que os líderes agem como mentores quando preparam, desenvolvem, desafiam, encorajam e tocam as pessoas com sua visão e a paixão por aquela visão. Nesse sentido, é possível compreender o imbricamento entre as dimensões dos constructos estudados. O estilo de liderança transacional tem predominância no modelo “ideal” de liderança, frente aos demais estilos estudados. O item pertinente à dimensão recompensa contingencial 130 (1A01), encontra-se no mesmo componente (12), da matriz rotacionada – quadro 22, com os itens relativos à mentoria de carreira - proteção (6S04) e tarefas desafiadoras (6Q06), assim como, à mentoria psicossocial – amizade (6Y19). Já os itens referentes às dimensões gestão por exceção passiva (item -1B29) e gestão por exceção ativa (item - 1B59) encontram-se em componentes diferentes, indicando a relevância dada a essas categorias do estilo de liderança transacional. No entanto, os resultados do item 1B29, apontam para as características do líder ideal consideradas nada importante pelos respondentes, conforme ilustrado no gráfico 26 Liderança Transacional - Item 1B29 – Modelo “ideal” de liderança. Liderança Transacional _ 1B item29 300 100% 250 80% Percent Count 200 60% 150 40% 100 175 20% 50 55 24 11 6 Muito Importante Extremamente Importante 0 Nada Importante Pouco Importante Importante 0% Gráfico 26: Liderança Transacional _ Item 1B29 – Modelo “ideal” de liderança Estes resultados confirmam os resultados de Boehnke et al, (2003). Para esses autores, o líder transacional reconhece e recompensa as necessidades dos seguidores e então define os processos de troca para solucionar essas necessidades. A liderança transacional-transformacional está representada no componente 02 da matriz rotacionada – quadro 22. Os itens desse estilo de liderança encontram-se juntos a outros itens de liderança transacional e de liderança transformacional, evidenciando aspectos da teoria que suscita a dificuldade em distinguir alguns aspectos de tais estilos de liderança. A única dimensão da liderança transformacional entre os 12 itens representativos, com carga fatorial relevante, foi a influência idealizada (2C23). Assim como no modelo “ideal” de mentoria – 4.2.1.3, tal evidência parece demonstrar que o estilo transformacional está bastante 131 alinhado com as outras dimensões de liderança e de mentoria. Além disso, parece revelar que os respondentes não destacam esse estilo de liderança, por associá-lo a aspectos mais focados nos objetivos organizacionais, como atestado por Robbins (2002). O estilo de liderança servidora foi representado por duas dimensões. As dimensões humildade (5N) e visão (5M). Esses resultados revelam que o chefe (líder) ideal deve articular a visão organizacional com os objetivos individuais, de modo simples e em conjunto. Essa constatação corrobora os argumentos de Russel & Stone (2002), quando afirmam que o objetivo primário do líder servidor é servir e atender às necessidades de outros. O item 3G14 relativo à liderança laissez-faire também foi destacado pela análise fatorial. Os resultados, ilustrados no gráfico 27 - Liderança Laissez-Faire – Item 3G14 – Modelo “ideal” de liderança, parecem apontar para uma contradição na percepção dos respondentes e/ou para o não-entendimento da assertiva apresentada no questionário. A partir dessa constatação, surge um questionamento: o que de fato eles esperam do chefe (líder) ideal é: ausência, autonomia, ou os dois? Algo a ser explorado em futuras pesquisas. Liderança Laissez-Faire _ 3G item14 300 100% 250 80% Percent Count 200 60% 150 40% 100 128 20% 50 53 51 23 16 Nada Importante Extremamente Importante 0 Importante Muito Importante Pouco Importante 0% Gráfico 27: Liderança Laissez-Faire – Item 3G14 – Modelo “ideal” de liderança As funções psicossociais de mentoria têm predominância sobre as funções de carreira. Nesse modelo foram evidenciadas as seguintes funções psicossociais: modelagem de papel, cujos itens 6U85, 6U87, 6U89 encontram-se no mesmo componente 5 da matriz rotacionada – quadro 22; amizade (6Y02), e aceitação (6V34), que estão imbricadas com outros itens de 132 mentoria e de liderança. A única função de carreira que se sobressalta é coaching, cujo item 6R77 foi descrito anteriormente. A percepção dessas funções de mentoria no modelo “ideal” de liderança evidencia os argumentos de que liderança e mentoria estão relacionadas. Este achado, no entanto, não confirma a diferenciação entre tais constructos defendida por Goldshalk e Sosik (2000) e de Burke et al, (1991) em seus estudos. Os componentes resultantes da análise fatorial que descrevem o modelo “ideal” de liderança, percebido pelos respondentes, estão no quadro 22. Nessa configuração, o chefe (líder) ideal deve possuir e/ou desenvolver no subordinado (liderado) as seguintes características (comportamentos, atitudes e valores): coaching (6R), efetividade (4I), visão (5M), aceitação (6V), modelagem de papel (6U), humildade (5N), gestão pela exceção ativa (1B), amizade (6Y), influência idealizada (2C), liderança laissez-faire (3G14) e recompensa contingencial (1A). Por outro lado, esse modelo não deve contemplar o estilo de gestão por exceção passiva (1B29). O modelo “ideal” de liderança para os respondentes desta pesquisa, assemelha-se ao estudo de Hitt (1993). Para esse autor, o líder notável (ideal?) é aquele que integra as funções essenciais da liderança - avaliar, prever, orientar, delegar, construir equipes e promover qualidade - como uma estratégia unificada. 133 Rotated Component Matrix(a) 1 0,815 0,763 0,742 0,669 0,612 0,524 2 3 4 5 6 Component 7 8 9 Mentoria 6R item77 Lid. Servidora 5L item69 Lid. Transformacional 2E item78 Lid. Transformacional 2F item80 Lid. Servidora 5K item66 Mentoria 6T item64 Mentoria 6R item81 Mentoria 6P item22 Lid. Transac+Transf 4I item97 0,722 Lid. Transac+Transf 4J item95 0,715 Lid. Transac+Transf 4H item93 0,651 Lid. Transac+Transf 4H item98 0,638 Lid. Transformacional 2D item90 0,615 Lid. Transformacional 2C item56 0,512 Lid. Transac+Transf 4J item92 Lid. Transacional 1A item26 Lid. Servidora 5M item33 0,736 Lid. Servidora 5M item48 0,666 Lid. Servidora 5M item18 0,659 Mentoria 6V item34 0,651 Lid. Transformacional 2D item20 0,519 Mentoria 6V item43 0,541 Mentoria 6U item83 0,516 Lid. Transacional 1A item88 0,514 Mentoria 6X item08 0,508 Lid. Servidora 5K item57 0,504 Lid. Servidora 5L item15 Mentoria 6T item13 Mentoria 6U item85 0,788 Mentoria 6U item89 0,773 Mentoria 6U item87 0,724 Lid. Servidora 5N item54 0,614 Lid. Servidora 5N item36 0,577 Lid. Servidora 5O item39 0,547 Lid. Transformacional 2F item50 Mentoria 6X item49 Lid. Servidora 5N item21 Lid. Transacional 1B item29 0,775 Lid. Laissez-Faire 3G item09 0,734 Lid. Transacional 1B item05 0,716 Lid. Transacional 1B item59 0,740 Lid. Transacional 1B item07 0,663 Lid. Transacional 1B item44 0,566 Mentoria 6Y item02 0,712 Lid. Transformacional 2E item03 0,574 Lid. Transformacional 2C item23 Lid. Servidora 5O item24 Lid. Laissez-Faire 3G item14 Lid. Transacional 1A item01 Mentoria 6S item04 Mentoria 6Y item19 Mentoria 6Q item06 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a Rotation converged in 14 iterations. 10 11 12 13 0,690 0,710 0,673 0,590 Quadro 22: Carga fatorial dos itens extraídos do modelo “ideal” de liderança A próxima seção apresentará os resultados do modelo “da prática” de liderança. 4.2.2.4 Modelo “da prática” Os resultados ora apresentados expressam a percepção dos funcionários das duas empresas estudas quanto à freqüência das características (comportamentos, atitudes e valores) de um chefe (líder) considerado importante. Os dados relacionados a esse modelo 134 “da prática” de liderança foram tratados através da análise fatorial e da AED - análise exploratória de dados. Essa análise visa responder à questão orientadora 2.2.2.4. Para a confiabilidade dos resultados, tanto o instrumento de pesquisa quanto o método de análise dos dados foram criteriosamente testados. O valor calculado do coeficiente Alpha de Cronbach (0,934) demonstra a consistência interna do instrumento. Os valores dos testes KMO e de Esfericidade de Bartlett - 0,912 e 0,000 respectivamente, demonstram a boa adequação de possibilidades do tratamento dos dados com o método de análise fatorial. Da análise fatorial realizada 12 componentes foram extraídos. Esses componentes, com eigenvalue acima de 1 e cargas fatoriais acima de 0,5; responderam por 64,1% da variação total dos dados, conforme ilustrado no quadro 23 - Componentes extraídos do modelo “da prática” de liderança com eigenvalue acima de 1. O modelo “da prática” de liderança foi obtido aplicando o conceito de variável substituta. Para cada um dos componentes extraídos da análise fatorial foi definido o item mais representativo. Esse item tem a maior carga fatorial dentro de cada componente extraído. Component Initial Eigenvalues 1 Total 15,396 % of Variance 29,607 Cumulative % 29,607 2 3,525 6,778 36,385 3 2,136 4,107 40,492 4 1,853 3,564 44,056 5 1,717 3,303 47,358 6 1,584 3,045 50,404 7 1,432 2,753 53,157 8 1,288 2,476 55,633 9 1,255 2,414 58,047 10 1,087 2,090 60,137 11 1,066 2,051 62,188 12 1,009 1,941 64,129 13 ,953 1,832 65,961 Quadro 23: Componentes extraídos do modelo “da prática” de liderança com eigenvalue acima de 1 Nessa perspectiva, do modelo original com 52 itens, após análise fatorial apenas 12 itens apresentaram carga fatorial relevante, caracterizando o modelo “da prática” de liderança. Os estilos de liderança foram representados por 8 itens (1A01, 1B07, 1B29, 1B44, 2C56, 5L69, 5N36 e 5N54) e as funções de mentoria por 4 itens (6S04, 6U89, 6V34 e 6X49), conforme quadro 24. 135 Funções de Mentoria Estilos de Liderança Item Variável Dimensão Assertiva do Questionário 1A01 Liderança Transacional Recompensa Contingencial Dar assistência ao liderado em troca dos seus esforços 1B07 Liderança Transacional Gestão pela Exceção Focar a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios dos padrões 1B29 Liderança Transacional Gestão pela Exceção Esperar as coisas darem errado para então agir 1B44 Liderança Transacional Gestão pela Exceção Demonstrar ser firme seguidor da idéia “em time que está ganhando não se mexe” 2C56 Liderança Influência Transformacional Idealizada 5L69 Liderança Servidora Empoderamento Encorajar o liderado a tomar decisões 5N36 Liderança Servidora Humildade Não estar interessado em autopromoção 5N54 Liderança Servidora Humildade Não centrar as atenções nas suas próprias realizações 6S04 Função de Carreira Proteção Assumir a culpa ou o crédito em situações complicadas 6U89 Função Psicossocial Modelagem de Papel Tentar ser como o líder quando chegar a uma posição igual à dele 6V34 Função Psicossocial Aceitação Pedir sugestões sobre problemas que o líder tem 6X49 Função Psicossocial Manter em segredo os sentimentos e as dúvidas Aconselhamento que o liderado compartilha com ele Agir de maneira que faz o liderado respeitá-lo Quadro 24: Itens do modelo “da prática” de liderança Assim como no modelo “ideal”, os resultados do modelo “da prática” de liderança demonstram um imbricamento dos constructos estudados. Isso também sugere que há uma confusão conceitual, por parte dos respondentes, entre os estilos de liderança e as funções de mentoria na perspectiva da prática de liderança. Por exemplo, o item 5L69 que diz respeito à liderança servidora – empoderamento foi associado aos itens: 6R77 (mentoria de carreira – coaching), 6T64 (mentoria de carreira– tarefas desafiadora), 2F80 (liderança transformacional – consideração individual, 6Q06 (mentoria de carreira – exposição), 6P22 (mentoria de carreira – patrocínio), 2E78 (liderança transformacional – estímulo intelectual) e 5L15 (liderança servidora – empoderamento). Esses achados parecem reforçar os argumentos de Avolio & Bass (2002). Os referidos autores admitem que na liderança transformacional, o líder inspira seguidores a partilhar uma visão, empodera-os para que a alcancem e provê recursos necessários para que desenvolvam seu potencial. Serve de modelo, promove otimismo e mobiliza o comprometimento tanto 136 quanto as necessidades de crescimento dos seguidores. Ora, do que se fala nessa assertiva se não de dimensões da liderança servidora e de funções da mentoria? Trata-se da evidência do imbricamento destes constructos desde a concepção teórica, ainda que alguns autores como Goldshalk & Sosik (2000) e Burke et al, (1991) defendam distinções entre tais fenômenos. O estilo de liderança transacional tem predominância no modelo “ideal” de liderança, frente aos demais estilos estudados. O item pertinente à dimensão recompensa contingencial (1A01), encontra-se no mesmo componente 10 com o item pertinente a mentoria psicossocial – amizade (6Y02). Já os itens referentes às dimensões gestão por exceção ativa (1B07 e 1B44) e gestão por exceção passiva (1B29) encontram-se em componentes diferentes, indicando a relevância dada a essa categoria do estilo de liderança transacional. No entanto, os resultados deste item - 1B29 apontam para a baixa freqüência das características do modelo da prática de liderança, percebida pelos respondentes, conforme ilustra o gráfico 28 - Liderança Transacional – Item 1B29 – Modelo “da prática” de liderança. Liderança Transacional - Item 1B29 300 100% 250 80% Percent Count 200 60% 150 40% 100 146 20% 50 67 38 13 0 nunca ocasionalmente raramente 7 0% sempre frequentemente Gráfico 28: Liderança Transacional – Item 1B29 – Modelo “da prática” de liderança O estilo de liderança servidora também teve relevância na freqüência do comportamento do líder. Os itens pertinentes à liderança servidora que (5L69, 5N36 e 5N54) representam as dimensões empoderamento (5L) e humildade (5N). Tais resultados sugerem que as atitudes do líder são aspectos fundamentais para o exercício da liderança, confirmando os resultados de Russell e Stone (2002), face ao modelo prático para liderança servidora. 137 A liderança transformacional teve uma dimensão entre os 12 itens representativos, com carga fatorial relevante. A dimensão em questão é a influência idealizada (item 2C56) que está relacionada, conforme Bass (1985), a líderes que têm altos padrões de moral e conduta ética, que detêm alto respeito pessoal e que conseguem lealdade dos seus seguidores. Assim como no modelo “ideal” de liderança, no modelo “da prática”, as funções psicossociais de mentoria têm predominância sobre as funções de carreira. Foram evidenciadas as seguintes funções psicossociais: modelagem de papel cujos itens 6U85, 6U87, 6U89, encontram-se no mesmo componente 4, da matriz rotacionada – quadro 25; aconselhamento (item - 6X49) e aceitação (item - 6V34), que estão imbricadas com outros itens de mentoria e de liderança. A função de carreira que se sobressalta é proteção, cujo item 6S04 encontra-se no componente 09 da matriz rotacionada – quadro 25. Tais resultados reforçam o argumento do imbricamento entre os constructos mentoria e liderança. Os componentes resultantes da análise fatorial que descrevem o modelo “da prática” de liderança, percebido pelos respondentes, estão no quadro 25 - Carga fatorial dos itens extraídos do modelo “da prática” de liderança. Nessa configuração, o líder deve possuir e/ou desenvolver no liderado as seguintes características – comportamentos, atitudes e valores: empoderamento (5L), influência idealizada (2C), aceitação (6V), modelagem de papel (6U), aconselhamento (6X), gestão pela exceção ativa (1B), humildade (5N), proteção (6S) e recompensa contingencial (1A). Por outro lado, esse modelo não deve contemplar o estilo de gestão por exceção passiva (1B29). O modelo “da prática” de liderança para os respondentes desta pesquisa, confirma alguns aspectos do estudo de Senge (2000). Para o referido autor admite o que distingue os líderes é a capacidade de ter clareza e de persuasão de suas idéias; ter profundidade em seu compromisso; ter abertura para aprender sempre mais; não ter resposta certa; inspirar confiança nos que estão ao seu redor; esforçar-se para desenvolver habilidades conceituais e de comunicação; refletir valores; e aprender a ouvir e apreciar outras pessoas e suas idéias. Ao mesmo tempo, a configuração do modelo “da prática” de liderança obtida nessa pesquisa tem muitas similaridades aos resultados de Wellins et al, (1990 apud ROBBINS, 2002). Em seus achados foram apontadas responsabilidades comuns que todos os líderes têm de assumir. Isso incluiu o aconselhamento, a facilitação, o trato com problemas disciplinares, a revisão dos desempenhos, o treinamento e a comunicação. 138 Rotated Component Matrix(a) 1 0,755 0,744 0,718 0,711 0,700 0,694 0,694 0,646 2 3 4 5 Component 6 7 8 9 Lid. Servidora 5L item69 Mentoria 6R item77 Mentoria 6T item64 Lid. Transformacional 2F item80 Mentoria 6Q item06 Mentoria 6P item22 Lid. Transformacional 2E item78 Lid. Servidora 5L item15 Lid. Servidora 5K item66 Lid. Transacional 1A item88 Lid. Transformacional 2C item23 Lid. Transformacional 2C item56 0,715 Mentoria 6U item83 0,708 Lid. Transac+Transf 4I item97 0,698 Lid. Servidora 5K item57 0,667 Lid. Transac+Transf 4H item98 0,651 Lid. Transac+Transf 4J item95 0,635 Lid. Transac+Transf 4H item93 0,566 Lid. Transformacional 2D item90 0,538 Lid. Transac+Transf 4J item92 Mentoria 6T item13 Mentoria 6V item34 0,729 Lid. Servidora 5M item48 0,674 Lid. Servidora 5M item33 0,669 Mentoria 6Y item19 0,659 Mentoria 6R item81 0,611 Lid. Servidora 5M item18 Lid. Transformacional 2D item20 Mentoria 6X item08 Lid. Servidora 5O item24 Mentoria 6U item89 0,793 Mentoria 6U item85 0,767 Mentoria 6U item87 0,651 Mentoria 6X item49 0,710 Lid. Transformacional 2F item50 0,629 Mentoria 6V item43 Lid. Servidora 5O item39 Lid. Transacional 1B item07 0,786 Lid. Transacional 1B item59 0,784 Lid. Transformacional 2E item03 Lid. Transacional 1B item29 0,648 Lid. Laissez-Faire 3G item09 0,637 Lid. Laissez-Faire 3G item14 0,579 Lid. Transacional 1B item05 Lid. Servidora 5N item54 0,781 Lid. Servidora 5N item21 0,696 Mentoria 6S item04 0,703 Lid. Transacional 1A item01 Mentoria 6Y item02 Lid. Servidora 5N item36 Lid. Transacional 1B item44 Lid. Transacional 1A item26 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a. Rotation converged in 27 iterations. 10 11 12 0,640 0,535 0,632 0,634 Quadro 25: Carga fatorial dos itens extraídos do modelo “da prática” de liderança A seguir, a comparação entre os modelos “ideal” e “internacional” de liderança. 4.2.2.5 Relação entre os modelos “ideal” e “internacional” de liderança A comparação entre o modelo “ideal” de liderança percebido pelos respondentes, e o 139 “internacional” de liderança transacional, transformacional e servidora será apresentada nessa seção. Esta comparação foi realizada através da análise fatorial, visando responder à questão orientadora 2.2.2.5.a Para a confiabilidade dos resultados, tanto o instrumento de pesquisa quanto o método de análise dos dados foram criteriosamente testados. O valor calculado do coeficiente Alpha de Cronbach (0,878) demonstra a consistência interna do instrumento. Os valores dos testes KMO e de Esfericidade de Bartlett - 0,869 e 0,000 respectivamente, demonstram a boa adequação de possibilidades do tratamento dos dados com o método de análise fatorial. Da análise fatorial realizada 9 componentes foram extraídos. Esses componentes, com eigenvalue acima de 1 e cargas fatoriais acima de 0,5; responderam por 59,3% da variação total dos dados, conforme ilustrado no quadro 26. Para cada um dos componentes extraídos da análise fatorial foi definido o item mais representativo. Esse item tem a maior carga fatorial dentro do componente extraído. Component Initial Eigenvalues 1 Total 8,338 % of Variance 23,823 Cumulative % 23,823 2 2,889 8,255 32,078 3 1,841 5,259 37,337 4 1,660 4,743 42,080 5 1,457 4,164 46,244 6 1,368 3,908 50,152 7 1,092 3,119 53,270 8 1,071 3,059 56,329 9 1,054 3,013 59,342 10 ,949 2,710 62,052 Quadro 26: Componentes extraídos da comparação entre o modelo “ideal” e o modelo “internacional” de liderança com eigenvalue acima de 1 Nessa perspectiva, do modelo internacional de liderança, replicado nesta pesquisa com 35 itens; após análise fatorial apenas 9 itens apresentaram carga fatorial relevante. Todos os estilos de liderança foram representados. A liderança transacional com as suas dimensões recompensa contingencial (item 1A01), gestão por exceção passiva (item 1B29) e gestão por exceção ativa (item 1B59); a liderança transformacional com a dimensão influência idealizada (item 2C23); a liderança transacional-transformacional com dimensão satisfação (item 4J95); a liderança laissez-faire (item 3G14) e a liderança servidora com as dimensões empoderamento (item 5L69), visão (item 5M33) e humildade (item 5N36). O quadro 27 ilustra, a seguir, esse achado. 140 Estilos de Liderança Item Variável Dimensão Liderança 1A01 Transacional Liderança 1B29 Transacional Liderança 1B59 Transacional Liderança 2C23 Transformacional Liderança 3G14 Laissez-faire Liderança Transacional4J95 Transformacional Liderança 5L69 Servidora Liderança 5M33 Servidora Liderança 5N36 Servidora Recompensa Contingencial Gestão pela Exceção Gestão pela Exceção Consideração Individual Assertiva do Questionário Dar assistência ao liderado em troca dos seus esforços Esperar as coisas darem errado para então agir Concentrar total atenção no trato de erros, reclamações e fracassos Fazer o liderado sentir-se orgulhoso de estar associado a ele Laisez-Faire Ausentar-se quando necessário Satisfação Trabalhar com o liderado de maneira satisfatória Empoderamento Encorajar o liderado a tomar decisões Escrever junto com o liderado uma clara e Visão concisa declaração da visão da empresa Humildade Não estar interessado em autopromoção Quadro 27: Itens da comparação entre o modelo “ideal” e o modelo “internacional” de liderança O item 1B29, referente à gestão por exceção passiva, ilustrado no gráfico 29, evidencia que esse tipo de comportamento dos chefes (líderes) ideais não é considerado importante. Isto porque, como afirma Bass (1985), essa dimensão da liderança transacional está relacionada com a administração dos líderes que têm uma atitude passiva, intervindo apenas quando os problemas não são alcançados, evitando tomar decisões. Liderança Transacional - Item 1B29 300 100% 250 80% Percent Count 200 60% 150 40% 100 175 20% 50 55 24 0 Nada Importante Pouco Importante Importante 11 6 Muito Importante Extremamente Importante 0% Gráfico 29: Liderança Transacional – Item 1B29 - Comparativo entre os modelos “ideal” e “internacional” de Liderança 141 Nessa acepção, os resultados obtidos confirmam parcialmente o modelo “internacional” de liderança adotado nessa pesquisa. Isso é evidenciado pelo número reduzido de componentes extraídos após análise fatorial, conforme apresentado no quadro 28. Nesse caso, fica evidenciado o imbricamento das dimensões e a confusão conceitual pelos respondentes, em relação aos diferentes estilos de liderança estudados. Tais achados reforçam o questionamento sobre a universalidade desse modelo de liderança. Assim como abordado no constructo mentoria, o contexto organizacional modela as funções do líder. Nessa perspectiva, Javidan & Carl (2005) e Smith & Peterson (1988) têm defendido um impacto direto da cultura no estilo de liderança, afirmando que específicas tradições e normas culturais devem promover diferentes estilos de liderança. Rotated Component Matrix(a) 1 0,751 0,722 0,682 0,678 0,633 0,574 0,564 0,514 2 3 4 Component 5 6 7 8 9 Lid. Transac+Transf 4J item95 Lid. Transac+Transf 4I item97 Lid. Transac+Transf 4H item93 Lid. Transformacional 2D item90 Lid. Transac+Transf 4H item98 Lid. Transformacional 2C item56 Lid. Transac+Transf 4J item92 Lid. Transacional 1A item88 Lid. Servidora 5L item69 0,735 Lid. Transformacional 2E item78 0,715 Lid. Servidora 5K item66 0,711 Lid. Transformacional 2F item80 0,632 Lid. Servidora 5K item57 Lid. Servidora 5M item33 0,779 Lid. Servidora 5M item48 0,654 Lid. Servidora 5M item18 0,624 Lid. Transformacional 2D item20 0,531 Lid. Servidora 5O item24 Lid. Transacional 1B item29 0,803 Lid. Laissez-Faire 3G item09 0,728 Lid. Transacional 1B item05 0,712 Lid. Transacional 1B item59 0,773 Lid. Transacional 1B item07 0,710 Lid. Transacional 1B item44 Lid. Servidora 5N item36 0,632 Lid. Servidora 5N item54 0,589 Lid. Servidora 5O item39 0,528 Lid. Servidora 5N item21 0,501 Lid. Transacional 1A item26 Lid. Laissez-Faire 3G item14 0,655 Lid. Servidora 5L item15 Lid. Transacional 1A item01 0,694 Lid. Transformacional 2E item03 Lid. Transformacional 2F item50 Lid. Transformacional 2C item23 0,755 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a Rotation converged in 9 iterations. Quadro 28: Carga fatorial dos itens extraídos da comparação entre o modelo “ideal” e o modelo “internacional” de liderança 142 A seguir, a comparação entre os modelos “da prática” e “internacional” de liderança. 4.2.2.6 Relação entre os modelos “da prática” e “internacional” de liderança A comparação entre o modelo “da prática” de liderança percebido pelos respondentes e o “internacional” de liderança transacional, transformacional e servidora será apresentada nessa seção. A comparação foi realizada através da análise fatorial, visando responder à questão orientadora 2.2.2.5.b. Para a confiabilidade dos resultados, tanto o instrumento de pesquisa quanto o método de análise dos dados foram criteriosamente testados. O valor calculado do coeficiente Alpha de Cronbach (0,883) demonstra a consistência interna do instrumento. Os valores dos testes KMO e de Esfericidade de Bartlett - 0,902 e 0,000 respectivamente, demonstram a boa adequação de possibilidades do tratamento dos dados com o método de análise fatorial. Da análise fatorial realizada 8 componentes foram extraídos. Esses componentes, com eigenvalue acima de 1 e cargas fatoriais acima de 0,5 responderam por 59,5% da variação total dos dados, conforme ilustrado no quadro 29. Para cada um dos componentes extraídos da análise fatorial foi definido o item mais representativo. Esse item tem a maior carga fatorial dentro do componente extraído. Component Initial Eigenvalues 1 Total 9,904 % of Variance 28,296 Cumulative % 28,296 2 2,911 8,317 36,613 3 1,761 5,030 41,644 4 1,489 4,256 45,899 5 1,353 3,867 49,766 6 1,219 3,484 53,250 7 1,144 3,267 56,517 8 1,042 2,976 59,493 9 ,955 2,729 62,222 10 ,905 2,585 64,807 Quadro 29: Componentes extraídos da comparação entre o modelo “da prática” e o modelo “internacional” de liderança com eigenvalue acima de 1 Nessa perspectiva, do modelo “internacional” de liderança aplicado nesta pesquisa com 35 itens, após análise fatorial apenas 8 itens apresentaram carga fatorial relevante. Com exceção da liderança transformacional, os demais estilos de liderança foram representados. A 143 liderança transacional com os itens 1B05 (gestão por exceção passiva), e 1B07 e 1B44 (gestão por exceção ativa); a liderança transacional-transformacional com o item 4H98 – esforço extra; a liderança laissez-faire com o item 3G14, e por fim a liderança servidora com os itens 5M48 – visão, 5N54 – humildade e 5O39 –confiança. O quadro 30 ilustra esse achado. Estilos de Liderança Item Variável Dimensão Assertiva do Questionário 1B05 Liderança Transacional Gestão pela Evitar interferir até que os problemas se tornem Exceção Passiva sérios 1B07 Liderança Transacional Gestão pela Exceção Ativa Focar a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios dos padrões 1B44 Liderança Transacional Gestão pela Exceção Ativa Demonstrar ser firme seguidor da idéia “em time que está ganhando não se mexe” 3G14 Liderança Laissez-faire Laisez-Faire Ausentar-se quando necessário 4H98 Liderança TransacionalTransformacional Esforço Extra Liderança 5M48 Servidora Aumentar a vontade do liderado de fazer melhor Visão Consultar o mentorado sobre sua opinião quanto à direção futura que a empresa deve tomar 5N54 Liderança Servidora Humildade Não centrar as atenções nas suas próprias realizações 5O39 Liderança Servidora Confiança Saber que o mentorado é incorruptível Quadro 30: Itens da comparação entre o modelo “da prática” e o modelo “internacional” de liderança A passividade produzida pela dimensão da liderança transacional - gestão por exceção passiva (item 1B05) não deve ser contemplada no modelo da “prática” de liderança. Isto é evidenciado no gráfico 30 - Liderança Transacional – Item 1B05, em que se observa a baixa freqüência desse tipo de característica no chefe (líder) considerado mais importante. 144 Liderança Transacional - Item 1B05 300 100% 250 80% Percent Count 200 60% 150 40% 100 20% 50 66 63 59 52 31 0 0% raramente nunca frequentemente sempre ocasionalmente Gráfico 30: Liderança Transacional – Item 1B05 Comparativo entre o modelo “ideal” e o modelo de “internacional” de liderança Nesse sentido, os resultados obtidos não confirmam o modelo “internacional” de liderança adotado nessa pesquisa. Isso é evidenciado pelo número reduzido de componentes extraídos após análise fatorial, com a eliminação do estilo de liderança transformacional, conforme apresentado no quadro 22. Nesse caso, fica também evidenciado o imbricamento das dimensões e a confusão conceitual pelos respondentes, em relação aos diferentes estilos de liderança estudados. Estes achados também reforçam o questionamento sobre a universalidade do modelo de liderança. Assim como abordado no item anterior – 4.2.2.5 (Relação entre os modelos “ideal” e “internacional” de liderança) o contexto cultural influencia os estilos de liderança. Nessa perspectiva, tal questionamento encontra fundamento nos argumentos de Robbins (2002), quando afirma que os líderes não são livres para escolher qualquer estilo que prefiram. Eles têm limitações impostas pelas condições culturais que determinam as expectativas de seus liderados. 145 Rotated Component Matrix(a) 1 0,779 0,746 0,718 0,715 0,707 0,684 0,667 0,610 0,594 0,552 0,551 0,533 2 3 Component 4 5 6 7 8 Lid. Transac+Transf 4H item98 Lid. Transac+Transf 4H item93 Lid. Servidora 5K item57 Lid. Transformacional 2C item56 Lid. Transformacional 2D item90 Lid. Transac+Transf 4J item95 Lid. Transac+Transf 4I item97 Lid. Transac+Transf 4J item92 Lid. Servidora 5K item66 Lid. Transacional 1A item88 Lid. Transformacional 2E item78 Lid. Transformacional 2C item23 Lid. Transformacional 2F item80 Lid. Servidora 5M item48 0,787 Lid. Servidora 5M item33 0,724 Lid. Servidora 5M item18 0,709 Lid. Transformacional 2D item20 Lid. Servidora 5O item24 Lid. Servidora 5O item39 0,644 Lid. Servidora 5L item69 0,582 Lid. Servidora 5L item15 Lid. Transformacional 2F item50 Lid. Laissez-Faire 3G item09 0,635 Lid. Laissez-Faire 3G item14 0,610 Lid. Transacional 1B item29 0,607 Lid. Servidora 5N item54 0,771 Lid. Servidora 5N item21 0,681 Lid. Servidora 5N item36 0,580 Lid. Transacional 1B item07 0,813 Lid. Transacional 1B item59 0,801 Lid. Transformacional 2E item03 Lid. Transacional 1B item05 0,614 Lid. Transacional 1A item26 Lid. Transacional 1A item01 Lid. Transacional 1B item44 0,738 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a Rotation converged in 15 iterations. Quadro 31: Carga fatorial dos itens extraídos da comparação entre o modelo “da prática” e o modelo “internacional” de liderança A seção seguinte tratará dos resultados referentes ao tema Mentoria e Liderança. 4.2.3 Mentoria e Liderança Esta seção apresentará e discutirá os resultados relacionados à comparação entre: o perfil do mentor e o do chefe (líder) considerados mais importantes, os impactos percebidos da mentoria e os da liderança, o modelo “ideal” de mentoria e o de liderança, o modelo “da prática” de mentoria e o de liderança. 146 4.2.3.1 Relação entre o perfil do mentor e do líder Os dados comparativos entre o mentor e o chefe (líder) evocados – tipo de relação, idade, gênero, escolaridade, formação e tempo de relação - foram tratados através de AED análise exploratória de dados (estatística descritiva) e do teste de hipóteses não-paramétrico Chi-Square. Essa análise visa responder à questão orientadora 2.3.1. 4.2.3.1.1 Tipo de relação A comparação entre os tipos de relação de mentoria e de liderança demonstra similaridades e diferenças significativas. Nos dois casos, o relacionamento com a chefia é o principal tipo de relação assinalada, conforme ilustra o gráfico 31 - Tipo de Relação: Mentor x Líder. No entanto, para o mentor evocado a distribuição entre os demais tipos de relacionamentos é ampla, envolvendo outras categorias como amigo(a) (22,1% - 60 respondentes), pai (19,2% - 52 respondentes), mãe (17,7% - 48 respondentes), irmão(ã) (4,8% - 13 respondentes), esposo(a)(3,3% - 9 respondentes). Já para o líder, os relacionamentos estão basicamente concentrados em duas categorias – chefe (85,6% - 231 respondentes) e amigo (10,7% - 29 respondentes). 90 200 75 60 150 45 100 30 50 0 % Frequência Tipo de Relação - Mentoria x Liderança 250 15 Chefe Amigo(a) Pai Mãe Outros Mentoria 62 60 52 48 27 13 9 Liderança 231 29 3 0 5 2 0 % Mentoria 22,9 22,1 19,2 17,7 10,0 4,8 3,3 % Liderança 85,6 10,7 1,1 0,0 1,9 0,7 0,0 Gráfico 31: Tipo de relação - Mentoria x Liderança Irmão(ã) Esposo(a 0 Relação 147 Com o intuito de comparar estatisticamente estes resultados, foi realizado o teste nãoparamétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,000) foi menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que o tipo de relacionamento de mentoria e de liderança, identificados pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. Este resultado é compreensível face às relações percebidas de mentoria e de liderança pelos respondentes. Nesse sentido, mentoria esteve sempre associada a um processo de desenvolvimento profissional e de vida; enquanto que a liderança foi relacionada a um processo de desenvolvimento profissional. Tais achados confirmam os argumentos de Appelbaum et al, (1994). Para esses autores, liderança envolve um líder e geralmente mais de um seguidor, enquanto que mentoria envolve um mentor e um mentorado. E nessa perspectiva, o tipo, a intensidade e a qualidade do relacionamento diferem bastante entre os dois constructos. 4.2.3.1.2 Idade A comparação entre a diferença de idade em relação ao mentor e em relação ao chefe (líder), considerados mais importantes, também demonstra similaridades e diferenças significativas. Nesse sentido, tanto o mentor quanto o líder são geralmente mais velhos do que os mentorados e liderados respectivamente. No entanto, a maior concentração de mentores encontra-se acima dos 55 anos (42% -113 mentores), enquanto que os chefes (líderes) estão na faixa etária entre 35 e 39 anos (22% - 60 líderes), conforme ilustrado no gráfico 32 – Idade: Mentor x Líder. 148 Idade - Mentor x Líder 50 40 90 30 60 20 30 0 % Frequência 120 10 <35 35-39 40-44 45-49 50-54 >55 Mentor 40 32 26 23 37 113 Líder 39 60 54 44 36 37 % Mentor 15 12 10 8 14 42 % Líder 14 22 20 16 13 14 0 Anos Gráfico 32: Idade - Mentor x Líder Com o intuito de comparar estatisticamente estes resultados, foi realizado o teste nãoparamétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,000) foi menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que a faixa etária dos mentores e dos chefes (líderes), identificados pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. Este resultado está diretamente envolvido com o item anterior 4.2.3.1.1 - tipo de relação. Os mentores por terem uma expressiva ligação familiar (pai, mãe) são mais velhos do que os líderes que estão concentrados nas relações de chefia e amizade. Tais achados validam o pensamento de Appelbaum et al, (1994). Esses autores admitem que a liderança é um processo de influência mais formal, público e direto, enquanto que mentoria é um processo de influência mais informal, sutil e indireto. 4.2.3.1.3 Gênero A comparação entre o gênero do mentor e do chefe (líder), considerados mais importantes, também demonstra similaridades e diferenças significativas. Nessa visão, tanto o mentor (65% - 177 mentores) quanto o chefe (91% - 245 líderes) são normalmente do gênero masculino, conforme indicado no gráfico 33 – Gênero: Mentor x Líder. No entanto, para o mentor evocado o gênero feminino (35% - 94 mentoras) tem uma representatividade maior do que para o chefe evocado (9% - 25 líderes). 149 Frequência 250 200 150 100 50 0 Masculino Feminino Mentor 177 94 Líder 245 25 % Mentor 65 35 % Líder 91 9 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 % Gênero - Mentor x Líder 300 Gênero Gráfico 33: Gênero - Mentor x Líder Com o intuito de comparar estatisticamente estes resultados, foi realizado o teste nãoparamétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,000) foi menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que o gênero dos mentores e dos chefes (líderes), identificados pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. Este resultado também está diretamente envolvido com o item 4.2.3.1.1 - tipo de relação. Os mentores por terem uma expressiva ligação familiar (mãe, irmã, esposa) por vezes podem ser do gênero feminino, enquanto que os líderes, estando concentrados basicamente nas relações de chefia, têm nessas funções uma predominância do gênero masculino. 4.2.3.1.4 Escolaridade A comparação entre a escolaridade do mentor e do chefe (líder), considerados mais importantes, demonstra diferenças significativas. Nesse caso, o mentor possui uma variação maior no nível de escolaridade do que o chefe (líder), conforme observado no gráfico 34 – Escolaridade: Mentor x Líder. Há um número relativo de mentores analfabetos (2% - 6 mentores) e com o primeiro grau (17% - 45 mentores), enquanto que tais níveis de escolaridade praticamente não existem na caracterização dos chefes (líderes). Por outro lado, os chefes são predominantemente 150 graduados (60% - 163 líderes) e pós-graduados (22% - 59 líderes), enquanto que os mentores possuem normalmente o segundo grau (32% - 86 mentores) e a graduação (30% - 81 mentores). 80 150 60 100 40 50 20 0 Analfabeto 1º Grau 2º Grau Técnico Graduação PósGraduação Mentor 6 45 86 26 81 27 Líder 0 3 36 9 163 59 % Mentor 2 17 32 10 30 10 % Líder 0 1 13 3 60 22 % Frequência Escolaridade - Mentor x Líder 200 0 Gráfico 34: Escolaridade - Mentor x Líder Com o intuito de comparar estatisticamente estes resultados, foi realizado o teste nãoparamétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,000) foi menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que o nível de escolaridade dos mentores e dos chefes (líderes), identificados pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. Este resultado pode estar relacionado à predominância da população estudada, que é basicamente do nível operacional, prevalecendo o segundo grau. Nesse sentido, percebe-se a influência da escolaridade dos mentores e dos chefes (líderes) nas relações de mentoria e de liderança respectivamente. 4.2.3.1.5 Formação Semelhante ao item anterior, a comparação entre a formação do mentor e do chefe (líder), considerados mais importante, demonstra diferenças significativas. Nesse caso, enquanto os mentores são predominantemente sem formação (50%), os chefes (líderes) têm predominância na área de exatas (62%), e apenas 14% dos mesmos não possuem formação. 151 Por outro lado, os mentores têm domínio na área de saúde e os chefes (líderes) não possuem competência nessa área do conhecimento. Esses dados podem ser observados no gráfico 35 – Formação: Mentor x Líder. Formação - Mentor x Líder 180 70 60 50 120 40 90 30 60 20 30 0 % Frequência 150 10 Humanas Exatas Saúde Nenhuma Mentor 51 77 7 136 Líder 65 167 0 38 % Mentor 19 28 3 50 % Líder 24 62 0 14 0 Formação Gráfico 35: Formação - Mentor x Líder Com o intuito de comparar estatisticamente estes resultados, foi realizado o teste nãoparamétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,000) foi menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que a formação de mentores e de chefes (líderes), identificados pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. Este resultado está relacionado ao item anterior – 4.2.3.1.4 (escolaridade) e ao tipo de organização pesquisada. Como se trata de uma organização de tecnologia de ponta (eletrônica), é natural o predomínio da formação em exatas para a chefia. Nesse caso, percebe-se também a influência da formação do mentor e do chefe (líder) nas relações de mentoria e de liderança respectivamente. 4.2.3.1.6 Tempo da Relação A comparação entre os tempos de relação com o mentor e com o chefe (líder), considerado mais importante, demonstra diferenças significativas. O tempo do relacionamento com o mentor é maior do que o tempo de relacionamento com o chefe (líder). Para mentores a 152 faixa acima dos 11 anos (58,7%) é a mais ocorrente. Para chefes (líderes) o tempo predominante (37,0%) encontra-se entre 2 e 5 anos. Esses dados podem ser observados no gráfico 36 – Tempo de Relação: Mentoria x Liderança. Tempo da Relação - Mentoria x Liderança 160 120 80 40 0 70 60 50 40 30 20 10 0 Anos % Frequência 200 <2 2-5 5-8 8-11 >11 Mentoria 7 39 39 27 159 Liderança 38 100 77 35 20 % Mentoria 3 14 14 10 59 % Liderança 14 37 29 13 7 Gráfico 36: Tempo da relação – Mentoria x Liderança Com o intuito de comparar estatisticamente esses resultados, foi realizado o teste nãoparamétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,000) foi menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Isso implica dizer que há evidências significativas de que o tempo de relação de mentoria e de liderança, identificados pelos respondentes das empresas estudadas, seja diferente. Este resultado confirma os achados de Burke et al, (1991). Tais autores asseguram que a liderança envolve um processo de influência de desempenho-orientado, e a mentoria envolve um relacionamento de modelo de longo prazo, que é principalmente carreira e desenvolvimento orientado. Nesse sentido, o tempo para a relação de mentoria acaba sendo maior do que o tempo para o desenvolvimento da relação de líder-liderado. A próxima seção apresentará os principais impactos percebidos nas relações de mentoria e de liderança. 4.2.3.2 Principais impactos percebidos das relações de mentoria e de liderança Os dados coletados face às perguntas abertas do questionário, sobre os principais 153 impactos percebidos da relação de mentoria e da relação de liderança, foram tratados através da ferramenta análise do conteúdo. Essa análise visa responder à questão orientadora 2.3.2. A comparação entre os principais impactos percebidos na relação de mentoria e de liderança demonstra diferenças significativas. De acordo com gráfico 37 – Impactos Mentoria x Impactos Liderança, os principais benefícios da mentoria percebidos são valores do tipo reconhecimento social – 13% (valor terminal) e ser prestativo – 12% (valor instrumental). No entanto, os principais impactos percebidos da liderança são os valores instrumentais capacidade (14%) e intelectualidade (10%). Impactos Percebidos - Mentoria x Liderança % 15 10 5 D E AB IL ID TO AD C O E N TR M O LE O TI VA Ç ÃO IN TE R AÇ TO Ã H O M AR AD M O A N D IA E D E C IS ÃO O U TR O S EZ R Liderança AU ES PO N S AM IZ A LI D PO ER A N Ç A IO Mentoria LI D -P R AD Ó PR E E PE IT O E AD ST ID NE R ES H O AD CT U ID AL ID TI V AC AP C TE LE IN PR ES TA IM EN EC H SE O 0 R N O EC R 25 20 TO Frequência 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 % Mentoria Valores e atitudes % Liderança Gráfico 37: Impactos percebidos - Mentoria x Liderança Percebe-se através desses resultados o que é efetivamente considerado como importante benefício desses tipos de relação. Para a mentoria o foco é o valor terminal, numa perspectiva mais psicossocial, pessoal, enquanto que para a liderança o alvo é o valor instrumental, dentro de uma dimensão mais de carreira, profissional. Parece que o mentor, por vezes, tem uma identificação com a relação familiar (o pai) e o líder com a relação organizacional (o chefe). Com o intuito de comparar estatisticamente estes resultados, foi realizado o teste nãoparamétrico Chi-Square. De acordo com o teste, como o p-value (0,000) foi menor do que o nível de significância (0,05), a hipótese nula (Ho) deve ser rejeitada. Isto implica dizer que há evidências significativas de que os impactos percebidos da mentoria e da liderança, identificados pelos respondentes das empresas estudadas, sejam diferentes. Nessa perspectiva, esses achados confirmam os argumentos de Godshalk & Sosik, (2000) e de Bass (1985). Para Godshalk & Sosik, (2000), a literatura sobre desenvolvimento 154 de carreiras tem freqüentemente relacionado mentoria efetiva com numerosos benefícios individuais e resultados organizacionais. Já Bass (1985), diz que o efeito dos líderes sobre os liderados define os líderes. Nesse sentido, os liderado sentem confiança, admiração, lealdade e respeito com relação ao líder, estando motivados a fazer por ele mais do que é esperado. A próxima seção apresentará os resultados da comparação entre os modelos “ideais” de mentoria e de liderança. 4.2.3.3 Relação entre o modelo “ideal” de mentoria e o “ideal” liderança Os dados comparativos entre o modelo “ideal” de mentoria e o “ideal” de liderança foram tratados através de AED - análise exploratória de dados (estatística descritiva) e dos testes de hipóteses two-sample-t e Mann-Whitney Test. A discussão desses dados visa responder à questão orientadora 2.3.3. A comparação entre o modelo “ideal” de mentoria e o “ideal” de liderança demonstra diferenças e similaridades significativas. Essa constatação pode ser evidenciada pela AED e pelos testes realizados. A AED, representada pelos gráficos box-plot 38 e 39, revela as semelhanças e diferenças; enquanto que os testes de hipóteses apontam as similaridades. Modelo Ideal de Mentoria 5 Data 4 3 2 1 1 6 8 7 6 5 7 4 9 8 7 8 1 6 9 _0 A_2 A _8 B_0 C _5 G_0 J_9 _4 N_2 N_3 5_3 R_7 U_8 V_3 X _0 M 4 1 1A 1 1 2 6 6 6 3 6 5 5 O 5 Gráfico 38: Modelo “ideal” de mentoria 155 Modelo Ideal de Liderança 5 Data 4 3 2 1 1A_01 1B_29 1B_59 2C_23 3G_14 4I_97 5M_33 5N_54 6R_77 6U_85 6V_43 6Y_02 Gráfico 39: Modelo “ideal” de liderança Apesar das diferenças encontradas nos itens relevantes de cada modelo (exemplo: mentoria – item 1B07 x liderança – item 1B29), percebe-se que as dimensões são predominantemente as mesmas. Para mentoria ideal destacam-se as dimensões recompensa contigencial (1A) e gestão pela exceção (1B) do estilo de liderança transacional; influência idealizada (2C) do estilo de liderança transformacional; satisfação (4J) do estilo de liderança transacional-transformacional; visão (5M) e humildade (5N) do estilo de liderança servidora; bem como, coaching (6R) da função de mentoria de carreira; modelagem de papel (6U) e aconselhamento (6X), da função de mentoria psicossocial. Para liderança ideal destacam-se dimensões recompensa contigencial (1A) e gestão pela exceção (1B) do estilo de liderança transacional; influência idealizada (2C) do estilo de liderança transformacional; efetividade (4I) do estilo de liderança transacionaltransformacional; visão (5M) e humildade (5N) do estilo de liderança servidora; bem como, coaching (6R) da função de mentoria de carreira; modelagem de papel (6U) e amizade (6Y), da função de mentoria psicossocial. Como se pode constastar, há diferenças apenas nas dimensões do estilo de liderança transacional-transformacional e nas funções de mentoria psicossociais. Dessa forma, enquanto o modelo “ideal” de mentoria ressalta as dimensões satisfação - 4J (liderança transacional- 156 transformacional) e aconselhamento - 6X (função psicossocial), o modelo “ideal” de liderança ressalta as dimensões efetividade – 4I (liderança transacional-transformacional) e amizade 6Y (função psicossocial). Em outras palavras, este achado sugere que o mentor “ideal” e o líder “ideal” são percebidos com as mesmas características (comportamentos, valores e atitudes). No entanto, enquanto o mentor “ideal” é identificado como um aconselhador que gera satisfação, o líder “ideal” é identificado como um amigo que gera efetividade. Sob outra perspectiva, os testes de hipóteses asseguram tais resultados. O teste comparativo de médias (two-sample t) apresentou um p-value (0,226) maior do que o nível de significância (0,05), indicando que a hipótese nula (Ho) deveria ser aceita. O mesmo foi encontrado no teste comparativo de medianas (Mann-Whitney Test), que obteve um p-value (0,5307) maior do que o nível de significância (0,05), reforçando assim que a hipótese nula (Ho) deveria ser aceita. Esses resultados, portanto, permitem dizer que não há evidências significativas de que o modelo “ideal” de mentoria e o modelo “ideal” de liderança, identificados pelos respondentes sejam diferentes. O gráfico 40 - ilustra tais achados. Boxplot of Lid_Ideal; Ment_ideal 5 Data 4 3 2 1 Lid_Ideal Ment_ideal Gráfico 40: Modelo “ideal” de mentoria x Modelo “ideal” de liderança Os resultados obtidos evidenciam os argumentos de Appelbaum et al, (1994), quando afirmam que os mentores talvez sejam apenas líderes disfarçados. Nessa perspectiva, os 157 achados sugerem dizer que o mentor ideal e o líder ideal têm praticamente as mesmas características. Isto corrobora o pensamento de Levinson et al, (1978), quando dizem que todo gerente deveria ser um mentor. 4.2.3.4 Relação entre o modelo “da prática” de mentoria e o “da prática” liderança Os dados comparativos entre o modelo “da prática” de mentoria e o “da prática” de liderança foram tratados através de AED - análise exploratória de dados (estatística descritiva) e dos testes de hipóteses two-sample-t e Mann-Whitney Test. A discussão desses dados visa responder à questão orientadora 2.3.4. A comparação entre o modelo “da prática” de mentoria e o “da prática” de liderança demonstra semelhanças e diferenças significativas. Essa constatação pode ser evidenciada pela AED - análise exploratória de dados, representada pelos gráficos box-plot 41 e 42, e pelos testes de hipóteses realizados. Modelo da Prática de Mentoria 5 Data 4 3 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1_ 5_ 7_ 4_ 0_ 3_ 7_ 6_ 9_ 2_ 4_ 9_ 4_ 0 0 0 4 5 9 5 3 3 2 0 8 3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ A1 B1 B1 B1 F2 H4 K5 N5 P6 S6 U6 V6 O5 Gráfico 41: Modelo “da prática” de mentoria 158 Modelo da Prática de Liderança 5 Data 4 3 2 1 A1_01 B1_07 B1_29 B1_44 C2_56 L5_69 N5_36 N5_54 S6_04 U6_89 V6_34 X6_49 Gráfico 42: Modelo “da prática” de liderança Da AED realizada, percebe-se as semelhanças e diferenças entre os itens e as dimensões relevantes de cada modelo. No que diz respeito às semelhanças, percebem-se as seguintes características (comportamentos, atitudes e valores): recompensa contingencial (1A), gestão pela exceção ativa e passiva (1B), humildade (5N), modelagem de papel (6U), aceitação (6V) e proteção (6S). Por outro lado, no que se refere às diferenças, enquanto para o modelo “da prática” de mentoria as dimensões que têm destaque são: consideração individual (2F), esforço extra (4H), amor (5K), confiança (5O), patrocínio (6P); para o modelo “da prática” de liderança as dimensões são: influência idealizada (2C), empoderamento (5L) e amizade (6X). Em outras palavras, este achado sugere dizer que o mentor e o líder considerados importantes são percebidos com algumas características (comportamentos, atitudes e valores) semelhantes. No entanto, enquanto o mentor é identificado como uma pessoa que oferece consideração individual, esforço extra, amor, confiança e patrocínio; o líder é identificado como aquele que proporciona influência idealizada, empoderamento e amizade. Contata-se com isso a reprodução da comparação entre os perfis do mentor e do líder apresentada no item 4.2.3.1 desse capítulo. Sob outra perspectiva, os testes de hipóteses asseguram tais resultados. O teste comparativo de médias (two-sample t) apresentou um p-value (0,000) menor do que o nível 159 de significância (0,05), indicando que a hipótese nula (Ho) deveria ser rejeitada. O mesmo foi encontrado no teste comparativo de medianas (Mann-Whitney Test), que obteve um pvalue (0,0000) menor do que o nível de significância (0,05), reforçando assim que a hipótese nula (Ho) deveria ser rejeitada. Dessa forma, esses resultados permitem dizer que há evidências significativas de que o modelo “da prática” de mentoria e o modelo “da prática” de liderança, percebidos pelos respondentes das empresas estudadas, sejam diferentes. O gráfico 43 ilustra tais achados. Boxplot of Lid_Prat; Ment_Prat 5 Data 4 3 2 1 Lid_Prat Ment_Prat Gráfico 43: Modelo “da prática” de mentoria x Modelo “da prática” de liderança Diferentemente dos resultados comparativos entre o modelo “ideal” de mentoria e o de liderança, os achados nesse item confirmam o pensamento de Godshalk & Sosik (2000), de que existam razões para apoiar distinções conceituais e empíricas entre mentoria e liderança. Dessa forma, tais resultados sugerem que na prática, mentores e líderes são percebidos agindo de forma distinta. Nas palavras de um respondente, temos a validação desses argumentos: “Ficou bem clara a minha visão de liderança e mentoria, observando os dois ‘chefes’ bem próximos no meu último e primeiro trabalho em indústria. Observei que muitas características se confundem, porém existem pontos-chave, tais como: amizade, cumplicidade, confiança e admiração que explicitam a diferença entre os dois”. O próximo capítulo apresentará as considerações finais, destacando as conclusões, sugestões para trabalhos futuros e sugestões de ação. 160 5 Considerações Finais Este capítulo consiste na apresentação das conclusões, sugestões para trabalhos futuros e sugestões de ação. Trata-se, portanto, da última etapa deste trabalho e por isso carrega uma forte carga de descobertas, reflexões e sentimentos. 5.1 Conclusões Cada tema estudado foi problematizado e discutido com o intuito de compreender as seguintes questões: Até que ponto é possível perceber um modelo de mentoria existente nas empresas estudadas, distinto do modelo internacional desenvolvido por Kathy Kram? Até que ponto é possível perceber um modelo de liderança existente nas empresas estudadas, distinto do modelo internacional de liderança transacional, transformacional e servidora, desenvolvido por Burns (1978), Bass (1985) e Greenleaf (1977)? Até que ponto é possível perceber uma relação entre o(s) modelo(s) de mentoria e o(s) modelo(s) de liderança estudados? Cada questão norteadora foi respondida através de uma sistemática específica de análise de dados. É importante ressaltar que este estudo procurou apenas identificar as relações entre as funções de mentoria e os estilos de liderança transacional, transformacional e servidora. Não foi objeto desta pesquisa procurar estabelecer causalidade entre tais variáveis. Nesse sentido, este trabalho foi desenvolvido com a finalidade de encontrar evidências que contribuíssem para a caracterização dos modelos brasileiros de mentoria e de liderança, bem como, das relações entre tais constructos. Especificamente, essa caracterização foi realizada abordando a percepção dos funcionários de duas indústrias multinacionais. Percepção quanto à relevância das características adotadas por mentores e líderes “ideais”, 161 assim como, à freqüência com que mentores e líderes, considerados mais importantes, agiam ou agem mediante as características dos constructos estudados. Vale ressaltar a dificuldade para qualquer pesquisador explicar as percepções dos indivíduos. Isto porque tais percepções são baseadas em fatores explícitos (conscientes) e implícitos (inconscientes). E os pesquisadores podem ter pouca habilidade para interpretar o não-dito, afetando com isso a compreensão do objeto de estudo enquanto fenômeno multifacetado (REGIS, 2005). Serão apresentadas, a seguir, as conclusões de cada tema investigado. 5.1.1 Mentoria Esta etapa do estudo buscou identificar os elementos que possibilitassem a caracterização do(s) modelo(s) de mentoria. Para isso, foram usadas ferramentas estatísticas e análise de conteúdo, com o intuito de compreender os resultados obtidos face à percepção dos respondentes. Verificou-se que a relação de mentoria se estabelece com mais intensidade com o chefe imediato. No entanto, forte é a identificação da relação familiar - pai, mãe, irmão(ã), esposo(a) Ao mesmo tempo, o mentor é normalmente mais velho do que o mentorado (respondente) e está numa faixa etária que varia de 24 a 88 anos. O gênero do mentor é predominantemente masculino, apesar do gênero feminino ter obtido representatividade. Existe mentor com todo tipo de escolaridade; de analfabeto a pós-graduado (Ph.D). Há, porém, uma maior concentração de mentores com o segundo grau. Da mesma forma, a maioria dos mentores não possuem qualquer tipo formação. No entanto, os que são profissionalizados estão distribuídos nas áreas de exatas, humanas e saúde. Por fim, o tempo da relação de mentoria varia entre 6 meses a 52 anos. Esse tempo elevado está associado às relações de mentoria com familiares, que são mais duradouras. Este perfil definido do mentor sugere o perfil do “pai” desejado e internalizado. Pai enquanto poder, idealização, interdição. Pai que protege, patrocina, ensina e promove desafios ... pai que é modelo, amigo, que aceita e aconselha. “Pai-mentor”! Constatou-se que os principais impactos percebidos da mentoria estão relacionados com os mecanismos de identificação por projeção ou por introjeção (FREUD, 1921/1974), os valores (ROKEACH, 1973), as atitudes (ROBBINS, 2002) e as funções de mentoria (KRAM, 162 1988). Isso abre espaço para pensar a mentoria como forma de reconhecimento (MATTOS, 2004), numa dimensão recíproca mentor-mentorado. Um (re)conhece o outro, no outro e em si. Nesse caso, a relação é meio e não fim. Nessa perspectiva, a identificação com o pai (“real” ou “imaginário”), assim como, a idealização do ego leva o mentorado a perceber impactos do mentor muito mais do que da relação de mentoria. Em outra linha de pensamento, os principais valores que se destacam como benefícios da mentoria foram reconhecimento social, e ser prestativo. Já as atitudes percebidas foram associadas à liderança e à motivação. Com a análise fatorial, foi possível caracterizar os diferentes modelos (“ideal” e “da prática”) de mentoria e compará-los com o modelo internacional desenvolvido por Kathy Kram. Os resultados obtidos demonstram o imbricamento das dimensões, denotando uma íntima relação entre os constructos estudados (APPELBAUM et al, 1994). O modelo “ideal” de mentoria compreende a função de carreira coaching e as funções psicossociais modelagem de papel, aceitação e aconselhamento. Além disso, esse modelo carregou dimensões dos diferentes estilos de liderança estudados. As dimensões recompensa contingencial, gestão por exceção ativa, influência idealizada, satisfação, visão, humildade e confiança. Por outro lado, esse modelo não deve contemplar o estilo de liderança laissez-faire. Observou-se que o modelo “da prática” de mentoria também é composto das funções de mentoria e das dimensões dos estilos de liderança estudados. Nesse caso, as características relacionadas às funções de mentoria foram aceitação, modelagem de papel; patrocínio e proteção; enquanto que as características referentes aos estilos de liderança foram recompensa contingencial, gestão pela exceção ativa, consideração individual, esforço extra, amor, humildade e confiança. Por outro lado, esse modelo não deve contemplar um estilo de gestão por exceção passiva. Estes resultados revelam que o modelo “da prática” de mentoria tem similaridades com o modelo “ideal” percebido pelos respondentes. Isso talvez tenha ocorrido pelo fato do mentor evocado (no modelo “da prática”) ser considerado o seu mentor mais importante. Os dois modelos percebidos de mentoria (“ideal” e da “prática”) pelos respondentes não confirmaram o modelo “internacional” (KRAM, 1988). A relação entre o modelo “ideal” e o “internacional” de mentoria mostrou que a função psicossocial - amizade carregou em dois componentes distintos. Esse fato é algo diferente do que acontece em outros achados corporativos (NOE, 1988). Além disso, a função amizade está imbricada, nesses dois componentes, com outras funções de carreira. Tal evidência demonstra uma maior expressividade dessa dimensão (amizade) na percepção dos respondentes, caracterizando com 163 isso uma outra função, além das funções psicossociais e de carreira propostas originalmente por Kram (1988). No que se refere à relação entre o modelo “da prática” e o modelo “internacional” de mentoria, as funções de carreira foram representadas pela função tarefas desafiadoras. Já as funções psicossociais, carregaram em três componentes distintos as funções modelagem de papel, aconselhamento e amizade. Semelhante ao modelo “ideal”, esse resultado difere de outros achados corporativos (NOE, 1988). Além disso, é percebido o imbricamento das funções de carreira e psicossociais. Estes achados legitimam o questionamento sobre a estrutura e a universalidade do modelo “internacional” de mentoria proposto por Kram (1988). E mais ainda, pode-se concluir que o modelo de mentoria percebido pelos respondentes dessa pesquisa é distinto do modelo “internacional” desenvolvido por Kathy Kram. Abrem-se, com isso, espaços para outras questões e estudos nessa linha de pesquisa. Da mesma forma, tais achados contribuem para a descrição de um modelo brasileiro de mentoria, com especificidades das características (comportamentos, atitudes e valores) e da cultura local. Na próxima seção serão apresentadas as conclusões pertinentes ao constructo liderança. 5.1.2 Liderança A sistemática para o estudo de liderança foi a mesma adotada para mentoria. Buscouse identificar os elementos que possibilitassem a caracterização do(s) modelo(s) de liderança. Para isso, foram usadas ferramentas estatísticas e análise de conteúdo, com o intuito de compreender os resultados obtidos face à percepção dos respondentes. Verificou-se que a relação de liderança é estabelecida predominantemente com o chefe imediato. Esse chefe (líder) é normalmente mais velho do que o liderado (respondente) e está numa faixa etária que varia de 27 a 83 anos. É geralmente do gênero masculino, com um nível de escolaridade que oscila do primeiro grau à pós-graduação (Ph.D). Do mesmo modo que os mentores, a maioria dos líderes não possui qualquer tipo formação. No entanto, os profissionalizados estão mais concentrados na área de exatas, em função talvez do ramo das empresas estudadas. Por fim, o tempo de relação de liderança varia de 3 meses a 38 anos. Os 164 tempos elevados estiveram associados a relações com familiares e amigos que se estendem além das relações profissionais. Este perfil do líder, com alto nível de experiência e desenvolvimento existencial, parece caracterizar o tipo-“chefe” presente nas Organizações. Sugere também os mecanismos de identificação e de projeção dos respondentes, no tocante aos aspectos demográficos apresentados. Impactos positivos e negativos foram percebidos da relação de liderança. Além disso, alguns respondentes se omitiram nesse quesito. Isso parece (re)velar a contradição no lidar com o outro, reflexo de si mesmo. Trata-se, pois, da ambigüidade da identificação, assim como pensava Freud (1921/1974). Se de um lado eu (me/lhe) “amo e venero”, de outro ângulo eu (me/lhe) “odeio e repulso” ... são as diferentes faces (ou fases?) de um mesmo olhar-agir, que se entrecruzam na relação líder-liderado, chefe-subordinado. Os principais valores percebidos como benefícios da liderança foram capacidade e intelectualidade (ROKEACH, 1973). As atitudes foram associadas à liderança e motivação, interação e tomada de decisão (ROBBINS, 2002), reforçando os aspectos essenciais do contexto profissional. Com a análise fatorial, foi possível caracterizar os diferentes modelos (“ideal” e “da prática”) de liderança e compará-los com o modelo “internacional” de liderança transacional, transformacional e servidora. Os resultados obtidos mostram o imbricamento das dimensões, denotando uma íntima relação entre os constructos estudados (APPELBAUM et al, 1994). O modelo “ideal” de liderança compreende as seguintes dimensões dos estilos de liderança: recompensa contingencial, gestão por exceção ativa, influência idealizada, liderança laissez-faire, efetividade, visão e humildade. Além disso, esse modelo carregou a função de carreira coaching e as funções psicossociais modelagem de papel, aceitação e amizade. Por outro lado, foi constatado que esse modelo não deve contemplar o estilo de gestão por exceção passiva. Observou-se que o modelo da “prática” de liderança é composto de características relativas aos estilos de liderança e às funções de mentoria estudadas. As características identificadas aos estilos de liderança foram recompensa contingencial, influência idealizada, empoderamento e humildade. Já as características referentes às funções de mentoria foram aceitação, modelagem de papel, aconselhamento e proteção. Por outro lado, também foi constatado que esse modelo não deve contemplar o estilo de gestão por exceção passiva. Estes resultados revelam que o modelo “da prática” de liderança tem similaridades com o modelo “ideal” percebido pelos respondentes. Isso talvez tenha ocorrido pelo fato do 165 líder evocado (no modelo “da prática”) ser considerado o líder mais importante do respondente. Os dois modelos percebidos de liderança (“ideal” e da “prática”) não confirmaram o modelo “internacional”. A relação entre o modelo “ideal” e o modelo “internacional” de liderança mostrou que o estilo de liderança transformacional não foi carregado. Esse fato é algo diferente do que acontece em outros achados corporativos (AVOLIO & BASS, 2004). Além disso, as dimensões de diferentes estilos estão sob o mesmo componente, evidenciando uma confusão conceitual pelos respondentes e sugerindo que se trata do mesmo aspecto, nomeado de forma distinta. O resultado referente à relação entre o modelo “da prática” e o “internacional” de liderança também difere de outros achados corporativos (AVOLIO & BASS, 2004; DENNIS, 2004). Além disso, também é percebido o imbricamento das dimensões. Estes achados legitimam o questionamento sobre a estrutura e a universalidade do modelo “internacional” de liderança, já que fatores de outro constructo (mentoria) foram considerados importantes. Portanto, pode-se concluir que o modelo de liderança percebido pelos respondentes dessa pesquisa é distinto do modelo “internacional” de liderança transacional, transformacional e servidora. Criam-se, assim, novas formas de pensar e abordar o constructo liderança. Nesse sentido, tais achados contribuem para a descrição de um modelo brasileiro de liderança, com especificidades das características (comportamentos, atitudes e valores) e da cultura local. 5.1.3 Mentoria e Liderança A comparação entre os dois constructos revelou semelhanças e diferenças significativas. O imbricamento entre as funções de mentoria e os estilos de liderança também foi evidenciado. Desse modo, os achados revelaram especificidades para cada item analisado. No que diz respeito à comparação do perfil do mentor e do chefe (líder), considerados mais importantes, constatou-se diferenças significativas. Enquanto o tipo de relação de mentoria foi associado a um processo de desenvolvimento profissional e de vida; o tipo de relação de liderança foi percebido apenas como um processo de desenvolvimento profissional. Apesar de mentor e chefe (líder) serem geralmente mais velhos do que os mentorados e liderados respectivamente; os resultados estatísticos evidenciaram diferenças significativas 166 entre a faixa etária de mentores e líderes. Isto possivelmente ocorre porque os mentores têm uma expressiva ligação familiar (pai, mãe), enquanto que os líderes estão concentrados nas relações de chefia e de amizade. A comparação entre os gêneros revela que tanto o mentor quanto o chefe (líder) são normalmente do gênero masculino. No entanto, para o mentor evocado o gênero feminino tem uma representatividade maior do que para o chefe (líder) evocado. O mentor possui uma variação maior no nível de escolaridade do que o chefe (líder). Enquanto os mentores são predominantemente sem formação, os chefes (líderes) têm predominância na área de exatas. Por outro lado, os mentores têm atuação na área de saúde e os chefes (líderes) não possuem competência nessa área do conhecimento. O tempo do relacionamento da mentoria é maior do que o tempo de relacionamento da liderança. Isto provavelmente ocorre porque a liderança envolve um processo de influência de desempenho-orientado e a mentoria envolve um relacionamento de modelo de longo prazo, que é principalmente carreira e desenvolvimento orientado (BURKE et al, 1991). A comparação entre os principais impactos percebidos na relação de mentoria e de liderança demonstra semelhanças e diferenças significativas. Tais impactos perpassam por mecanismos de identificação por projeção ou por introjeção (FREUD, 1921/1974), valores (ROKEACH, 1973), atitudes (ROBBINS, 2002) e estilos de liderança (AVOLIO & BASS, 2004; DENNIS, 2004). No entanto, enquanto os principais benefícios da mentoria estão associados a valores característicos do desenvolvimento pessoal e a atitudes essenciais do contexto profissional; os principais benefícios da liderança (valores e atitudes) estão relacionados ao desenvolvimento profissional. No que compete aos modelos “ideal” de mentoria e “ideal” de liderança, observou-se que não há diferenças significativas entre ambos. Em outras palavras, pode-se dizer que as características (comportamentos, valores e atitudes) de um mentor “ideal” e de um líder “ideal”são percebidas com o mesmo grau de importância. No entanto, enquanto o mentor “ideal” é visto como um aconselhador que gera satisfação, o líder “ideal” é identificado como um amigo que gera efetividade. No tocante aos modelos “prática” de mentoria e “da prática” de liderança, constatou-se que são modelos diferentes entre si. Isso quer dizer que o mentor, considerado importante, é visto como uma pessoa que oferece amor, confiança, patrocínio, esforço extra e consideração individual; enquanto o líder, considerado importante, é identificado como aquele que proporciona influência idealizada, empoderamento e amizade. 167 Em linhas gerais, pode-se concluir que os modelos “ideal” de mentoria e de liderança são percebidos como constructos semelhantes. Por outro lado, os modelos “da prática” de mentoria e de liderança são percebidos como constructos diferentes. Isto demonstra que outros fatores estão imbricados a esses fenômenos universais, quando se percebe a prática dos relacionamentos em questão. Vislumbram-se assim, futuras pesquisas aprofundando essa temática e as conclusões geradas deste trabalho. A próxima seção abordará sugestões para futuras pesquisas 5.2 Sugestões para futuros trabalhos Os estudos sobre mentoria e liderança no Brasil estão iniciando, conseqüentemente, o futuro das pesquisas sobre essa temática é muito profícuo. Os desafios desse milênio impelem a diferentes formas de pensar as organizações e a sociedade, os líderes-mentores e os liderados-mentorados. Nesse sentido, novas pesquisas relacionadas a esses constructos possibilitarão outras sistemáticas de desenvolvimento e intervenção pessoal e profissional. Este trabalho contribuiu para a discussão de novos aspectos dos temas estudados. Foram abordadas as relações entre os modelos percebidos pelos respondentes e os “internacionais” estabelecidos. Contudo, em futuras pesquisas, pode-se examinar o efeito de variáveis moderadoras, como características demográficas ou traços de personalidade dos respondentes, sobre tais relações. O foco deste trabalho está centrado na percepção dos mentorados. Isso sugere futuros estudos, utilizando a mesma estrutura, para pesquisar os modelos esposados de mentoria e de liderança e suas relações com os demais modelos (“internacional”, “ideal”, “da prática”). Um outro item a ser considerado é o desenho dessa pesquisa. Trata-se de um estudo de casos, cuja amostra está vinculada exclusivamente aos funcionários de duas indústrias multinacionais do Recife. Isto impossibilita a generalização dos achados para outros segmentos e populações. No entanto, tal evidência possibilita que trabalhos futuros possam buscar a generalização, contribuindo para a caracterização dos modelos brasileiros de mentoria e de liderança. Os resultados obtidos sugerem que outras dimensões estão imbricadas a estes modelos. Esta constatação impele a novos estudos envolvendo diferentes constructos dentro ou fora do campo do comportamento organizacional. 168 Por outro lado, como entender o destaque dado a determinados itens extraídos da análise fatorial? Por exemplo, o modelo “ideal” de liderança contempla o estilo de liderança laissez-faire. Isto parece apontar para uma contradição na percepção dos respondentes e/ou para o não-entendimento da assertiva apresentada no questionário. O que de fato se espera do líder ideal é ausência, autonomia, ou os dois? Algo a ser explorado em futuras pesquisas. Em função disso tudo, faz-se necessário aprofundar o olhar sobre os fenômenos estudados, usando para isso, tanto quanto possível, outras lentes. Voltar aos dados coletados ou buscar novos dados, com outras perguntas de pesquisa, aplicando diferentes procedimentos metodológicos pode e deve constituir futuras pesquisas. Trata-se, portanto, de um processo contínuo e dialético de entender as instituições, o instituído e o instituinte na perspectiva da mentoria e da liderança assinaladas. Na próxima seção serão apresentadas sugestões de ação. 5.3 Sugestões de ação Do ponto de vista prático, este estudo sugere algumas intervenções no contexto organizacional. Isto implica dizer que os gestores podem fazer uso desses achados para obter melhores resultados tanto no contexto empresarial, quanto no individual. A introdução de um programa formal de mentoria pode alavancar o processo de desenvolvimento pessoal e profissional. Os desafios competitivos da contemporaneidade levam às organizações investirem no capital intelectual, nesse ativo intangível, como recurso diferenciado, a fim de obter vantagem competitiva. Nesse sentido, a relação de mentoria proporciona impactos (valores e atitudes) que contribuirão tanto para o alcance dos objetivos organizacionais quanto para os individuais. Os modelos percebidos como “ideal” de mentoria e “ideal” de liderança sugerem uma (re)definição do perfil do gestor, o que pode gerar otimização e eficácia no processo de recrutamento e seleção de novos funcionários. Para tanto, devem ser consideradas as características (atitudes, comportamentos e valores) assinaladas pelos respondentes como importantes em mentores e líderes. Os modelos percebidos “da prática” de mentoria e “da prática” de liderança constituem, dessa forma, ferramentas úteis para ajudar os gestores a pensarem no processo mental, através do qual se estabelece a relação entre chefe-subordinado. Neste modelo, os 169 indivíduos, mentorados e liderados, mantém uma forte identificação com os seus respectivos mentores e líderes. Visa-se com isso uma melhor apropriação do lugar/função do gestor. Em síntese, a operacionalização e a aplicação desses modelos dependem dos objetivos e estratégias definidas pelas empresas. Os resultados não são imediatos, como se busca na atualidade, mas são sólidos e eficazes porque estão calcados num processo de aculturação e de modelagem de papéis, um processo de formação contínua. 5.4 Palavras “finais” O fim é sempre o começo de algo, diz o adágio popular. Dessa forma, a conclusão deste trabalho é uma oportunidade de iniciar um novo ciclo de questionamentos, estudos, análises e considerAÇÕES. O grande desafio agora é por um ponto final. Mesmo que desejado como nada até então foi, esse “ponto final” implica em submeter o estudo ao domínio público e às (com)provações e refutações inerentes a todo trabalho científico. Portanto, pretende-se fechar este trabalho com as palavras de um respondente que conseguiu traduzir, noutra perspectiva, a experiência ímpar de desenvolver um estudo dessa natureza. “Interessante metodologia! Pois nos leva a analisar e pensar num mesmo momento, ou melhor, num breve intervalo, sobre pessoas (mentores e líderes) que passaram, e sua interação com a nossa ação como mentor e líder; fazendo uma correlação importante naquilo que podemos mudar, a fim de chegarmos o mais próximo possível daquilo que gostaríamos que os nossos mentores e líderes fossem conosco. Além é claro, de podermos idealizar o ‘ideal’ neles e também em nós! É uma excelente ferramenta de reflexão.” 170 Referências Bibliográficas ALLEN, T. D; POTEET, M. L.; Developing Effective Mentoring Relationships: Strategies from the mentor’s viewpoint. The Career Development Quarterly, v. 48, n. 1, 59-73, 1999. _____________________________; EBBY, L. T.; LENTZ, E.; LIMA, L.. Carrer benefits associated with mentoring for protégés: a meta-analysis. Journal of Applied Psychology, v. 89, n. 1, 127-136, 2004. APPELBAUM, S. H.; RITCHIE, S.; SHAPIRO, B. T. Mentoring revisited: an organizational behavior construct. 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Homewood, IL: Dow Jones-Irwin. 1984. 177 APÊNDICE A: Construção do instrumento original - Índice das Questões - Questionário de Mentoria – Noe (1988) - Multifactor Leadership Questionnaire (MLQ) – Bass & Avolio (2004) - Questionário de Liderança Servidora (SLAI) – Dennis (2004) - Instrumento original 178 ÍNDICE DAS QUESTÕES 1. LIDERANÇA TRANSACIONAL A – Recompensa Contingencial B – Gestão pela Exceção 2. LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL C – Influência Idealizada D – Motivação Inspiracional E – Estímulo Intelectual F – Consideração Individual 3. SEM LIDERANÇA G – Laissez-Faire 4. LIDERANÇA TRANSACIONAL + TRANSFORMACIONAL H – Esforço Extra I - Efetividade J - Satisfação 5. LIDERANÇA SERVIDORA K – Amor L – Empoderamento M – Visão N – Humildade O – Confiança 6. MENTORIA Carreira Psicossocial P – Patrocínio Q – Exposição R – Coaching S – Proteção T – Tarefa Desafiadora U - Modelo V - Aceitação X - Aconselhamento Y - Amizade 179 Questinário de Mentoria - Noe (1988) 1. (6Y) Interage socialmente comigo fora do ambiente de trabalho. 2. (6S) Assume a culpa ou o crédito em situações controversas 3. (6Q) Me dá tarefas que aumentam meus contatos pessoais outros(as) colegas de profissão. 4. (6X) Encoraja-me a conversar abertamente sobre os medos e as ansiedades que tiram minha atenção do trabalho. 5. (6X) Compartilha experiências pessoais como uma perspectiva alternativa para a resolução de meu problema. 6. (6T) Dá apoio e feedback sobre o meu desempenho como profissional. 7. (6S) Ajuda a terminar tarefas ou a cumprir prazos que de outra forma seriam difíceis para eu conseguir. 8. (6Y) Convida-me para almoçar / jantar com ele(a). 9. (6P) Designa tarefas no trabalho que preparam-me para ser um profissional competente. 10. (6X) Conversa sobre os meus questionamentos e preocupações (por exemplo: sobre competência e comprometimento para crescer, relacionamentos com colegas e supervisores, aos conflitos trabalho / família, etc.) 11. (6S) Reduz riscos desnecessários que possam ameaçar as minhas possibilidades em ser promovido(a). 12. (6X) Demonstra muita habilidade para ouvir durante as nossas conversas. 13. (6V) Pede sugestões sobre problemas que ele(a), o mentor(a) tem. 14. (6R) Sugere estratégias específicas para que eu consiga atingir meus objetivos de trabalho. 15. (6Q) Escolhe-me, ou ajuda-me, para uma promoção. 16. (6V) Expressa sentimentos de respeito por mim como indivíduo. 17. (6R) Sugere estratégias específicas para que eu alcance meus objetivos de carreira. 18. (6X) Mantém em segredo os sentimentos e as dúvidas que eu compartilho com ele(a). 19. (6X) Expressa empatia por preocupações e por sentimentos sobre os quais converso com ele(a) 20. (6V) Encoraja-me a tentar novas formas de comportamento no trabalho. 21. (6Q) Designa responsabilidades para mim que aumentam o meu contato com pessoas que possam julgar meu potencial para oportunidades no futuro. 22. (6R) Compartilha idéias comigo. 23. (6T) Dá para mim tarefas que ofereçam oportunidades de aprender novas habilidades. 24. (6Q) Ajuda-me a conhecer novos colegas de profissão. 25. (6R) Oferece feedback sobre o meu desempenho atual. 26. (6R) Encoraja-me a me preparar para desenvolver-me. 27. (6V) Fala muito sobre as minhas habilidades e capacidades. 28. (6R) Conversa comigo sobre a sua própria carreira (do mentor) 29. (6U) Eu respeito e admira o(a) mentor(a). 30. (6U) Eu tento imitar o comportamento de trabalho do(a) mentor(a). 31. (6U) Eu concorda com as atitudes e com os valores do mentor(a) 32. (6U) Eu tentarei ser como o(a) mentor(a) quando eu chegar em uma posição igual a ele(a). 180 Multifactor Leadership Questionnaire (MLQ) - Bass & Avolio (2004) 1. (1A) Provides me with assistance in exchange for my efforts. 2. (2E) Re-examines critical assumptions to question whether they are appropriate. 3. (1B) Fails to interfere until problems become serious. 4. (1B) Focuses attention on irregularities, mistakes, exceptions, and deviations from standards. 5. (3G) Avoids getting involved when important issues arise 6. (2C) Talks about his / her most important values and beliefs 7. (3G) Is absent when needed 8. (2E) Seeks differing perspectives when solving problems 9. (2D) Talks optimistically about the future 10. (2C) Instills pride in me for being associated with him / her 11. (1A) Discusses in specific terms who is responsible for achieving performance targets 12. (1B) Waits for things to go wrong before taking action 13. (2D) Talks enthusiastically about what needs to be accomplished 14. (2C) Specifies the importance of having a strong sense of purpose 15. (2F) Spends time teatching and coaching 16. (1A) Makes clear what one can expect to receive when performance goals are achieved 17. (1B) Shows that he / she is a firm believer in “If it ain’t broke, don’t fix it” 18. (2C) Goes beyond self-interest for the good of the group 19. (2F) Treats me as an individual rather than just as a member of a group 20. (1B) Demonstrates that problems must become chronic before taking action 21. (2C) Acts in ways that builds my respect 22. (1B) Concentrates his / her full attention on dealing with mistakes, complaints, and failures. 23. (2C) Considers the moral and ethical consequences of decisions 24. (1B) Keep track of all mistakes 25. (2C) Displays a sense of power and confidence 26. (2D) Articulates a compeling vision of the future 27. (1B) Directs my atttention toward failures to meet standards 28. (3G) Avoids making decisions 29. (2F) Considers me as having different needs, abilities, and aspirations from others 30. (2E) Gets me to look at problems from many different angles 31. (2F) Helps me to develop my strengths 32. (2E) Suggests new ways of looking at how to complete assignments 33. (3G) Delays responding to urgent questions 34. (2C) Emphasizes the importance of having a colletive sense of mission 35. (1A) Expresses satisfaction when I meet expectations 36. (2D) Expresses confidence that goals will be achieved 37. (4I ) Is effective in meeting my job-related needs 38. (4J ) Uses methods of leadership that are satisfying 39. (4H) Gets me to do more than I expected to do 40. (4I ) Is effective in representing me to higher authority 41. (4J ) Works with me in a satisfactory way 42. (4H) Heightens my desire to succeed 43. (4I ) Is effective in meeting organizational requirements 44. (4H) Increases my willingness to try harder 45. (4I ) Leads a group that is effective 181 Questionário de Liderança Servidora – SLAI – Dennis (2004) Love 1. (5K) Is genuinely interested in me as a person 2. (5K) Creates a culture that fosters high standards of ethics 3. (5K) Has shown his / her care for me by encouraging me 4. (5K) Has shown compassion in his / her actions toward me 5. (5K) Shows concern for me Empowerment 6. 7. 8. 9. 10. (5L) (5L) (5L) (5L) (5L) Lets me make decisions with increasing responsibility Gives me the authority I need to do my job Turns over some control to me so that I may accept more responsibility Empowers me with opportunities so that I develop skills Entrusts me to make decisions Vision 11. 12. 13. 14. (5M) (5M) (5M) (5M) Has sought my vision regarding the organization’s vision He and I have written a clear and concise vision statement for our company Has asked me what I think the future direction of our company should be Has shown that he / she wants to include employees’ vision into the firm’s goals and objectives 15. (5M) Seeks my commitment concerning the shared vision of our company Humility 16. (5N) Does not overestimate his or her merits 17. (5N) Is not interested in self-glorification 18. (5N) Is humble enough to consult others in the organization when he / she may not have all the answers 19. (5N) Does not center attention on his / her own accomplishments 20. (5N) He’s demeanor is one of humility Trust 21. (5O) Trusts me to keep a secret 22. (5O) Knows I am above corruption 182 Instrumento Original MENTORIA Um Mentor é uma pessoa, que pode ser ou ter sido um chefe, um colega, um amigo ou um familiar que o apóia ou o apoiou no seu desenvolvimento pessoal e de sua carreira. Para isso essa pessoa que e chamada de Mentor pode ter lhe guiado, ensinado, aconselhado, enfim, pode ter lhe ajudado no seu crescimento e desenvolvimento de diversas maneiras. Quando acontece um relacionamento desta forma você seria a pessoa Mentorada. E o seu relacionamento com essa pessoa chamamos de Mentoria. Pense em duas pessoas que possam ter sido seus Mentores: Gostaríamos que você assinalasse nas colunas “Frequencia de Uso” , para cada Mentor (Mentor 1 e Mentor 2) com que frequencia considera que cada um desses 2 mentores escolhidos apresentaram os Comportamentos, Atitudes e Valores listados na primeira coluna, usando a seguinte escala: | 1 | Nunca | 2 | Raramente | 3 | Ocasionalmente | 4 | Frequentemente | 5 | Sempre Caso você não consiga identificar a existência de nenhum Mentor na sua vida marque um “ X ” neste quadro e siga para a pagina 8 (LIDERANCA) . 183 Instrumento Original MENTORIA Comportamentos, Valores e Atitudes O MENTOR . . . 1. ... da assistência em troca dos meus esforços. 2. ... interage socialmente comigo fora do ambiente de trabalho. 3. ... reexamina premissas criticas para questões, se for apropriado 4. ... assume a culpa ou o crédito em situações complicadas 5. ... evita interferir até que os problemas se tornem sérios. 6. ... me dá tarefas que aumentam meus contatos pessoais com outros (as) colegas de profissão 7. ... foca a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios dos padrões 8. ... encoraja-me a conversar abertamente sobre os medos e as ansiedades que tiram minha atenção do trabalho 9. ... evita se envolver quando assuntos importantes aparecem. 10. ... compartilha experiências pessoais como uma alternativa para a resolução de meu problema 11. ... fala sobre os seus valores e crenças mais importantes. 12. ... é genuinamente interessa do(a) em mim como pessoa. 13. ... dá apoio e feedback / retorno sobre o meu desempenho como profissional 14. ... ausenta-se quando necessário Freqüência de Uso Mentor 2: Mentor 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 184 Instrumento Original MENTORIA Comportamentos, Valores e Atitudes O MENTOR . . . 15. ... deixa-me tomar decisões com aumento crescente de responsabilidades 16. ... ajuda a terminar tarefas ou a cumprir prazos que de outra forma seriam difíceis para eu conseguir. 17. ... analisa perspectivas diferentes quando resolve problemas 18. ... procura minha opinião no que diz respeito à visão da empresa. 19. ... convida-me para almoçar / jantar com ele (a). 20. ... fala com otimismo sobre o futuro. 21. ... não superestima seus méritos. 22. ... designa tarefas no trabalho que preparam-me para ser um (a) profissional competente. 23. ... faz-me sentir orgulhoso(a) de estar associado/a ele(a) 24. ... confia em mim para guardar segredos. 25. ... cria uma cultura que favorece altos padrões éticos. 26. ... discute em termos específicos quem é responsável pelas metas de desempenho. 27. ... reduz riscos desnecessários que possam ameaçar as minhas possibilidades em ser promovido(a). 28. ... espera as coisas darem errado para então agir. Freqüência de Uso Mentor 2: Mentor 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 185 Instrumento Original MENTORIA Comportamentos, Valores e Atitudes O MENTOR . . . 29. ... conversa sobre os meus questionamentos e preocupações, competência e comprometimento para crescer e sobre os relacionamentos com colegas e supervisores, aos conflitos trabalho / família, etc. 30. ... dá-me a autoridade que preciso para fazer meu trabalho. 31. ... demonstra muita habilidade para ouvir durante as nossas conversas. 32. ... fala com entusiasmo sobre o que precisa ser realizado. 33. ... juntos escrevemos uma clara e concisa declaração da visão da empresa. 34. ... pede sugestões sobre problemas que ele(a), o mentor(a) tem. 35. ... mostra a importância de ter um objetivo. 36. ... não está interessado/a em autopromoção. 37. ... sugere estratégias específicas para que eu consiga atingir meus objetivos de trabalho. 38. ... usa seu tempo para ensinar e treinar. 39. ... sabe que sou incorruptível. 40. ... escolhe-me, ou ajuda-me, para uma promoção. 41. ... deixa claro o que se pode ganhar quando os objetivos de desempenho são alcançados. 42. ... demonstra que se importa comigo me encorajando. Freqüência de Uso Mentor 2: Mentor 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 186 Instrumento Original MENTORIA Comportamentos, Valores e Atitudes O MENTOR . . . 43. ... expressa sentimentos de respeito por mim como indivíduo. 44. ... demonstra ser firme seguidor/a de “Time que esta ganhando não se mexe” 45. ... delega-me alguns controles para que eu possa assumir mais responsabilidades. 46. ... sugere estratégias específicas para que eu alcance meus objetivos de carreira. 47. ... vai além do interesse próprio pelo bem do grupo. 48. ... consultou-me sobre o que acho quanto à direção futura que a empresa deve tomar. 49. ... mantém em segredo os sentimentos e as dúvidas que eu compartilho com ele(a). 50. ... trata-me como um indivíduo, não apenas como um membro do grupo. 51. ... tem humildade suficiente para consultar outros dentro da organização se achar que não tem todas as respostas. 52. ... expressa empatia por preocupações e por sentimentos sobre os quais converso com ela(a). 53. ... demonstra que problemas podem se tornar crônicos se não abordados em tempo. 54. ... não centra as atenções nas suas próprias realizações. 55. ... encoraja-me a tentar novas formas de comportamento no trabalho. 56. ... age de maneira que me faz respeitá-lo/a. Freqüência de Uso Mentor 2: Mentor 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 187 Instrumento Original MENTORIA Comportamentos, Valores e Atitudes O MENTOR . . . 57. ... demonstra compreensão com relação a minha pessoa. 58. ... designa responsabilidades para mim que aumentam o meu contato com pessoas que possam julgar meu potencial para oportunidades no futuro. 59. ... concentra total atenção no trato de erros, reclamações e fracassos. 60. ... proporciona oportunidades para que eu desenvolva minhas habilidades. 61. ... compartilha idéias comigo. 62. ... considera as conseqüências morais e éticas das decisões. 63. ... demonstra que quer incluir a visão dos empregados nos objetivos e metas da empresa. 64. ... dá para mim tarefas que ofereçam oportunidades de aprender novas habilidades. 65. ... acompanha todos os erros. 66. ... demonstra preocupação comigo. 67. ... ajuda-me a conhecer novos colegas de profissão. 68. ... demonstra um senso de poder e confiança. 69. ... encoraja-me a tomar decisões. 70. ... articula uma visão otimista e interessante sobre o futuro. Freqüência de Uso Mentor 2: Mentor 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 188 Instrumento Original MENTORIA Comportamentos, Valores e Atitudes O MENTOR . . . 71. ... quer o meu compromisso em partilhar a visão da nossa empresa. 72. ... chama minha atenção para os fracassos para que eu atinja os padrões. 73. ... oferece feedback sobre o meu desempenho atual. 74. ... evita tomar decisões 75. ... uma de suas características é a humildade. 76. ... considera que eu tenha necessidades, habilidades e aspirações diferentes dos outros. 77. ... encoraja-me a me preparar para desenvolver-me. 78. ... faz-me olhar os problemas de diferentes ângulos. 79. ... fala muito sobre as minhas habilidades e capacidades. 80. ... ajuda-me a desenvolver meus pontos fortes. 81. ... conversa comigo sobre a sua própria carreira (do mentor). 82. Sugere novas maneiras de como desempenhar tarefas. 83. Eu respeito e admira o(a) mentor(a). 84. ... atrasa respostas de questões urgentes. Freqüência de Uso Mentor 2: Mentor 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 189 Instrumento Original MENTORIA Comportamentos, Valores e Atitudes O MENTOR . . . 85. Eu tento imitar o comportamento de trabalho do(a) mentor(a). 86. ... enfatiza a importância de ter um senso de missão coletiva. 87. Eu concordo com as atitudes e com os valores do mentor(a). 88. ... expressa satisfação quando atendo às expectativas. 89. Eu tentarei ser como o(a) mentor(a) quando eu chegar em uma posição igual a dele(a). 90. ... expressa confiança que os objetivos serão atingidos. 91. ... é eficiente em atender minhas necessidades ligadas às tarefas. 92. ... usa métodos de segurança que são satisfatórios. 93. ... consegue que eu faça mais do que eu esperava fazer. 94. ... é eficiente em me representar para cargos mais elevados. 95. ... trabalha comigo de maneira satisfatória. 96. ... incentiva a minha vontade de vencer. 97. ... é eficiente em atingir as exigências organizacionais. 98. ... aumenta a minha vontade de fazer melhor. 99. ... lidera um grupo que é eficiente. Freqüência de Uso Mentor 2: Mentor 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 190 Instrumento Original LIDERANÇA Um Chefe é uma pessoa que tem ou teve sobre você uma posição de Liderança no trabalho. Ou seja, essa pessoa pode ser ou ter sido seu encarregado, supervisor, gerente, diretor, etc. Enfim, esta pessoa tem ou teve uma posição hierárquica superior a você e você se reportava a ela, ou seja, era subordinado (a) a ela. Pense em duas pessoas que você considera terem sido ou ainda são seus principais Chefes imediatos na sua vida profissional. Gostaríamos que você assinalasse nas colunas “Frequencia de Uso” , para cada Chefe (Chefe 1 e Chefe 2) com que freqüência considera que cada um desses 2 Chefes escolhidos apresentaram os Comportamentos, Atitudes e Valores listados na primeira coluna, usando a seguinte escala: | 1 | Nunca | 2 | Raramente | 3 | Ocasionalmente | 4 | Frequentemente | 5 | Sempre 191 Instrumento Original LIDERANÇA Comportamentos, Valores e Atitudes UM CHEFE . . . 1. ... da assistência em troca dos meus esforços. 2. ... interage socialmente comigo fora do ambiente de trabalho. 3. ... reexamina premissas criticas para questões, se for apropriado 4. ... assume a culpa ou o crédito em situações complicadas 5. ... evita interferir até que os problemas se tornem sérios. 6. ... me dá tarefas que aumentam meus contatos pessoais com outros (as) colegas de profissão 7. ... foca a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios dos padrões 8. ... encoraja-me a conversar abertamente sobre os medos e as ansiedades que tiram minha atenção do trabalho 9. ... evita se envolver quando assuntos importantes aparecem. 10. ... compartilha experiências pessoais como uma alternativa para a resolução de meu problema 11. ... fala sobre os seus valores e crenças mais importantes. 12. ... é genuinamente interessa do(a) em mim como pessoa. 13. ... dá apoio e feedback / retorno sobre o meu desempenho como profissional 14. ... ausenta-se quando necessário Freqüência de Uso Chefe 2: Chefe 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 192 Instrumento Original LIDERANÇA Comportamentos, Valores e Atitudes UM CHEFE . . . 15. ... deixa-me tomar decisões com aumento crescente de responsabilidades 16. ... ajuda a terminar tarefas ou a cumprir prazos que de outra forma seriam difíceis para eu conseguir. 17. ... analisa perspectivas diferentes quando resolve problemas 18. ... procura minha opinião no que diz respeito à visão da empresa. 19. ... convida-me para almoçar / jantar com ele (a). 20. ... fala com otimismo sobre o futuro. 21. ... não superestima seus méritos. 22. ... designa tarefas no trabalho que preparam-me para ser um (a) profissional competente. 23. ... faz-me sentir orgulhoso(a) de estar associado/a ele(a) 24. ... confia em mim para guardar segredos. 25. ... cria uma cultura que favorece altos padrões éticos. 26. ... discute em termos específicos quem é responsável pelas metas de desempenho. 27. ... reduz riscos desnecessários que possam ameaçar as minhas possibilidades em ser promovido(a). 28. ... espera as coisas darem errado para então agir. Freqüência de Uso Chefe 2: Chefe 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 193 Instrumento Original LIDERANÇA Comportamentos, Valores e Atitudes UM CHEFE . . . 29. ... conversa sobre os meus questionamentos e preocupações, competência e comprometimento para crescer e sobre os relacionamentos com colegas e supervisores, aos conflitos trabalho / família, etc 30. ... dá-me a autoridade que preciso para fazer meu trabalho. 31. ... demonstra muita habilidade para ouvir durante as nossas conversas. 32. ... fala com entusiasmo sobre o que precisa ser realizado. 33. ... juntos escrevemos uma clara e concisa declaração da visão da empresa. 34. ... pede sugestões sobre problemas que ele(a), o mentor(a) tem. 35. ... mostra a importância de ter um objetivo. 36. ... não está interessado/a em autopromoção. 37. ... sugere estratégias específicas para que eu consiga atingir meus objetivos de trabalho. 38. ... usa seu tempo para ensinar e treinar. 39. ... sabe que sou incorruptível. 40. ... escolhe-me, ou ajuda-me, para uma promoção. 41. ... deixa claro o que se pode ganhar quando os objetivos de desempenho são alcançados. 42. ... demonstra que se importa comigo me encorajando. 43. ... expressa sentimentos de respeito por mim como indivíduo. 44. ... demonstra ser firme seguidor/a de “Time que esta ganhando não se mexe” Freqüência de Uso Chefe 2: Chefe 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 194 Instrumento Original LIDERANÇA Comportamentos, Valores e Atitudes UM CHEFE . . . 45. ... delega-me alguns controles para que eu possa assumir mais responsabilidades. 46. ... sugere estratégias específicas para que eu alcance meus objetivos de carreira. 47. ... vai além do interesse próprio pelo bem do grupo. 48. ... consultou-me sobre o que acho quanto à direção futura que a empresa deve tomar. 49. ... mantém em segredo os sentimentos e as dúvidas que eu compartilho com ele(a). 50. ... trata-me como um indivíduo, não apenas como um membro do grupo. 51. ... tem humildade suficiente para consultar outros dentro da organização se achar que não tem todas as respostas. 52. ... expressa empatia por preocupações e por sentimentos sobre os quais converso com ela(a). 53. ... demonstra que problemas podem se tornar crônicos se não abordados em tempo. 54. ... não centra as atenções nas suas próprias realizações. 55. ... encoraja-me a tentar novas formas de comportamento no trabalho. 56. ... age de maneira que me faz respeitá-lo/a. 57. ... demonstra compreensão com relação a minha pessoa. 58. ... designa responsabilidades para mim que aumentam o meu contato com pessoas que possam julgar meu potencial para oportunidades no futuro. Freqüência de Uso Chefe 2: Chefe 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 195 Instrumento Original LIDERANÇA Comportamentos, Valores e Atitudes UM CHEFE . . . 59. ... concentra total atenção no trato de erros, reclamações e fracassos. 60. ... proporciona oportunidades para que eu desenvolva minhas habilidades. 61. ... compartilha idéias comigo. 62. ... considera as conseqüências morais e éticas das decisões. 63. ... demonstra que quer incluir a visão dos empregados nos objetivos e metas da empresa. 64. ... dá para mim tarefas que ofereçam oportunidades de aprender novas habilidades. 65. ... acompanha todos os erros. 66. ... demonstra preocupação comigo. 67. ... ajuda-me a conhecer novos colegas de profissão. 68. ... demonstra um senso de poder e confiança. 69. ... encoraja-me a tomar decisões. 70. ... articula uma visão otimista e interessante sobre o futuro. 71. ... quer o meu compromisso em partilhar a visão da nossa empresa. 72. ... chama minha atenção para os fracassos para que eu atinja os padrões. 73. ... oferece feedback sobre o meu desempenho atual. Freqüência de Uso Chefe 2: Chefe 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 196 Instrumento Original LIDERANÇA Comportamentos, Valores e Atitudes UM CHEFE . . . 74. ... evita tomar decisões 75. ... uma de suas características é a humildade. 76. ... considera que eu tenha necessidades, habilidades e aspirações diferentes dos outros. 77. ... encoraja-me a me preparar para desenvolver-me. 78. ... faz-me olhar os problemas de diferentes ângulos. 79. ... fala muito sobre as minhas habilidades e capacidades. 80. ... ajuda-me a desenvolver meus pontos fortes. 81. ... conversa comigo sobre a sua própria carreira (do mentor). 82. Sugere novas maneiras de como desempenhar tarefas. 83. Eu respeito e admira o(a) mentor(a). 84. ... atrasa respostas de questões urgentes. 85. Eu tento imitar o comportamento de trabalho do(a) mentor(a). 86. ... enfatiza a importância de ter um senso de missão coletiva. 87. Eu concordo com as atitudes e com os valores do mentor(a). 88. ... expressa satisfação quando atendo às expectativas. Freqüência de Uso Chefe 2: Chefe 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 197 Instrumento Original LIDERANÇA Comportamentos, Valores e Atitudes UM CHEFE . . . 89. Eu tentarei ser como o(a) mentor(a) quando eu chegar em uma posição igual a dele(a). 90. ... expressa confiança que os objetivos serão atingidos. 91. ... é eficiente em atender minhas necessidades ligadas às tarefas. 92. ... usa métodos de segurança que são satisfatórios. 93. ... consegue que eu faça mais do que eu esperava fazer. 94. ... é eficiente em me representar para cargos mais elevados. 95. ... trabalha comigo de maneira satisfatória. 96. ... incentiva a minha vontade de vencer. 97. ... é eficiente em atingir as exigências organizacionais. 98. ... aumenta a minha vontade de fazer melhor. 99. ... lidera um grupo que é eficiente. Freqüência de Uso Chefe 2: Chefe 1: 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 198 Instrumento Original DADOS DEMOGRÁFICOS Finalmente gostaríamos de obter alguns dados seus que nos ajudarão a consolidar e a analisar os dados, mas que, de forma alguma levarão à sua identificação enquanto respondente da pesquisa. Para tal por gentileza preencha o quadro abaixo. DADOS DEMOGRÁFICOS / Nascimento: Escolaridade: Formação: / Gênero: Masc Fem 1o grau 2o grau Técnico Humanas Exatas Saúde Cargo que exerce: Tempo no Cargo: Tempo de Trabalho: anos e meses Universitário Nenhuma: anos e meses Pós Graduação Outra: 199 APÊNDICE B: Análise do instrumento original - Variável: Liderança Transacional - Variável: Liderança Transformacional - Variável: Liderança Transformacional + Transacional - Variável: Liderança Transacional, Transformacional e Transacional + Transformacional - Variável: Laissez-faire - Variável: Liderança Servidora - Variável: Mentoria 200 Variável: Liderança Transacional Matriz de Fatores ( Rotacionada Ortogonalmente ) Dados: 500 respostas com visão de mentores Fator Item 1 2 3 Liderança 1A item 01 0,410 0,065 0,268 Liderança 1A item 26 0,317 0,509 0,029 Liderança 1A item 41 0,709 0,173 -0,082 Liderança 1A item 88 0,692 0,137 -0,084 Liderança 1B item 05 0,059 0,045 0,605 Liderança 1B item 07 -0,098 0,775 0,025 Liderança 1B item 29 -0,136 0,039 0,749 Liderança 1B item 44 0,512 0,029 0,396 Liderança 1B item 53 0,422 0,290 -0,102 Liderança 1B item 59 0,193 0,633 0,245 Liderança 1B item 65 0,237 0,615 -0,036 Liderança 1B item 72 0,422 0,443 -0,362 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. Rotation converged in 6 iterations. Dados: 500 respostas com visão de chefes 1 0,625 0,396 0,716 0,693 0,151 0,135 -0,398 0,442 0,668 0,143 0,200 0,439 Fator 2 -0,014 0,598 0,308 0,271 -0,085 0,542 0,210 0,258 0,286 0,781 0,694 0,499 3 0,300 0,029 -0,017 -0,209 0,762 0,287 0,603 0,033 -0,067 0,075 -0,233 -0,107 Rotation converged in 8 iterations. Resumo: Itens Escolhidos Item Liderança 1A item 41 Liderança 1A item 88 Liderança 1B item 05 Liderança 1B item 07 Liderança 1B item 29 Liderança 1B item 59 Liderança 1B item 65 1 0,709 0,692 0,059 -0,098 -0,136 0,193 0,237 Fator 2 0,173 0,137 0,045 0,775 0,039 0,633 0,615 3 -0,082 -0,084 0,605 0,025 0,749 0,245 -0,036 1 0,716 0,693 0,151 0,135 -0,398 0,143 0,200 Fator 2 0,308 0,271 -0,085 0,542 0,210 0,781 0,694 3 -0,017 -0,209 0,762 0,287 0,603 0,075 -0,233 Item originado na visão de mentores Item originado na visão de chefes Item originado em ambas as visões Item baseado no conceito original 201 Variável: Liderança Transformacional Matriz de Fatores (rotacionada ortogonalmente) Dados: 500 respostas com visão de mentores Item Liderança C2 item11 Liderança C2 item23 Liderança C2 item35 Liderança C2 item47 Liderança C2 item56 Liderança C2 item62 Liderança C2 item68 Liderança C2 item86 Liderança D2 item20 Liderança D2 item32 Liderança D2 item70 Liderança D2 item90 Liderança E2 item3 Liderança E2 item17 Liderança E2 item78 Liderança E2 item82 Liderança F2 item38 Liderança F2 item50 Liderança F2 item76 Liderança F2 item80 1 0,218 0,327 0,069 0,348 0,533 0,476 0,428 0,673 0,099 0,051 0,351 0,585 0,170 0,155 0,451 0,684 0,224 0,562 0,601 0,585 Fator 2 0,348 0,633 0,603 0,465 0,524 0,463 0,566 0,161 0,628 0,650 0,487 0,358 0,110 0,243 0,430 0,020 0,224 0,216 0,103 0,211 3 0,509 0,177 0,211 0,146 -0,128 0,127 0,170 0,159 0,208 0,268 0,388 0,239 0,649 0,668 0,277 0,273 0,611 0,175 0,105 0,379 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization Rotation converged in 6 iterations Dados: 500 respostas com visão de chefes Fator 1 0,293 0,642 0,722 0,482 0,746 0,484 0,651 0,631 0,522 0,779 0,498 0,659 0,586 0,518 0,316 0,315 0,316 0,431 0,151 0,240 2 0,526 0,375 0,198 0,501 0,355 0,480 0,170 0,440 0,367 0,250 0,518 0,360 0,268 0,420 0,730 0,650 0,627 0,440 0,706 0,740 Rotation converged in 3 iterations. Item originado na visão de mentores Item originado na visão de chefes Item originado em ambas as visões Item baseado no conceito original 202 Variável: Liderança Transformacional Matriz de Fatores (rotacionada ortogonalmente) Resumo: Itens escolhidos Dados: 500 respostas com visão de mentores Item Liderança C2 item23 Liderança C2 item56 Liderança C2 item86 Liderança D2 item32 Liderança E2 item3 Liderança E2 item17 Liderança E2 item78 Liderança E2 item82 Liderança F2 item76 Liderança F2 item80 1 0,327 0,533 0,673 0,051 0,170 0,155 0,451 0,684 0,601 0,585 Fator 2 0,633 0,524 0,161 0,650 0,110 0,243 0,430 0,020 0,103 0,211 3 0,177 -0,128 0,159 0,268 0,649 0,668 0,277 0,273 0,105 0,379 Dados: 500 respostas com visão de chefes Fator 1 0,642 0,746 0,631 0,779 0,586 0,518 0,316 0,315 0,151 0,240 2 0,375 0,355 0,440 0,250 0,268 0,420 0,730 0,650 0,706 0,740 Item originado na visão de mentores Item originado na visão de chefes Item originado em ambas as visões Item baseado no conceito original 203 Variável: Liderança Transformacional + Transacional Matriz de Fatores (não rotacionada) Dados: 500 respostas com visão de mentores Dados: 500 respostas com visão de chefes Fator Fator Item 1 1 Liderança 4H item 93 0,741 0,756 Liderança 4H item 96 0,722 0,815 Liderança 4H item 98 0,740 0,829 Liderança 4I item 91 0,767 0,771 Liderança 4I item 94 0,660 0,738 Liderança 4I item 97 0,796 0,786 Liderança 4I item 99 0,690 0,701 Liderança 4J item 92 0,757 0,827 Liderança 4J item 95 0,741 0,825 Extraction Method: Principal Component Analysis. 1 components extracted Rotated Component Matrix(a) Only one component was extracted. The solution cannot be rotated Resumo: Itens escolhidos Item Liderança 4H item 96 Liderança 4H item 98 Liderança 4I item 91 Liderança 4I item 97 Liderança 4J item 92 Liderança 4J item 95 Fator 1 0,722 0,740 0,767 0,796 0,757 0,741 Fator 1 0,815 0,829 0,771 0,786 0,827 0,825 Item originado na visão de mentores Item originado na visão de chefes Item originado em ambas as visões Item baseado no conceito original 204 Variável: Liderança Transformacional + Transacional + Transformacional e Transacional Matriz de Fatores (rotacionada ortogonalmente) Dados: 500 respostas- visão de mentores Dados: 500 respostas- visão de chefes Item 1 2 3 4 Fator 5 Fator 3 4 6 7 8 1 2 Lid C2 item11 0,125 0,564 0,228 0,058 0,245 -0,106 0,198 -0,074 0,117 0,468 0,422 0,176 -0,100 -0,146 Lid C2 item23 0,183 0,607 0,332 0,102 0,091 0,064 -0,087 0,294 0,412 0,371 0,455 0,047 0,285 Lid C2 item35 0,150 0,588 0,040 0,110 -0,083 0,277 0,071 0,051 0,342 0,221 0,389 0,368 0,261 -0,062 Lid C2 item47 0,239 0,336 0,406 0,055 -0,055 0,145 0,162 0,160 0,358 0,420 0,408 0,086 0,213 -0,030 Lid C2 item56 0,333 0,322 0,416 0,128 0,028 0,263 -0,256 0,196 0,552 0,286 0,418 0,173 0,292 Lid C2 item62 0,306 0,368 0,346 0,310 0,113 0,111 -0,095 0,098 0,315 0,411 0,389 0,166 0,068 -0,015 Lid C2 item68 0,402 0,405 0,245 0,237 0,113 0,157 0,044 0,084 0,490 0,093 0,248 0,369 0,126 Lid C2 item86 0,494 0,148 0,372 0,157 0,302 0,082 -0,061 -0,041 0,549 0,324 0,343 0,216 0,093 -0,004 Lid D2 item20 0,082 0,703 0,115 0,128 0,044 -0,027 -0,081 0,117 0,093 0,519 0,357 0,159 0,304 0,120 Lid D2 item32 0,191 0,480 0,077 0,064 0,091 0,245 0,153 0,318 0,385 0,268 0,500 0,354 0,178 0,052 Lid D2 item70 0,410 0,495 0,163 0,029 0,164 0,151 0,167 0,001 0,405 0,532 0,122 0,230 0,191 0,118 Lid D2 item90 0,623 0,296 0,283 0,116 0,180 0,139 0,008 -0,089 0,663 0,234 0,270 0,191 0,171 0,026 0,174 0,005 5 6 0,053 0,025 0,197 Lid E2 item3 0,120 0,219 0,089 -0,006 0,599 0,221 0,351 0,212 0,266 0,176 0,579 0,170 Lid E2 item17 0,213 0,426 0,108 0,165 0,170 0,127 0,369 -0,058 0,215 0,427 0,476 0,253 -0,039 -0,171 Lid E2 item78 0,473 0,420 0,218 0,054 0,019 0,159 0,160 0,032 0,355 0,653 0,177 0,142 0,098 0,071 Lid E2 item82 0,463 0,122 0,448 0,123 0,137 -0,061 0,175 -0,056 0,405 0,575 0,079 0,085 0,147 0,063 Lid F2 item38 0,297 0,544 0,100 -0,037 -0,003 -0,258 0,399 0,014 0,292 0,552 0,283 0,048 -0,031 0,012 Lid F2 item50 0,071 0,238 0,760 0,037 0,064 0,167 0,089 0,450 0,317 0,452 -0,128 -0,113 -0,050 Lid F2 item76 0,302 0,158 0,464 0,083 -0,023 -0,116 0,016 0,156 0,326 0,559 0,226 -0,003 -0,256 Lid F2 item80 0,444 0,444 0,232 0,157 0,165 -0,141 0,070 -0,010 0,379 0,639 0,061 0,122 Lid A1 item1 0,040 0,073 0,064 0,120 0,750 -0,094 -0,039 0,029 0,177 0,052 0,690 0,035 -0,097 -0,051 0,026 0,101 -0,018 0,155 Lid A1 item26 0,316 0,141 0,087 0,224 -0,002 -0,026 0,603 0,151 0,142 0,504 0,323 0,435 -0,094 -0,092 Lid A1 item41 0,241 0,435 0,112 0,054 0,216 0,249 0,152 0,401 0,320 0,445 0,374 0,251 0,264 0,145 Lid A1 item88 0,395 0,264 0,561 -0,020 0,245 0,046 -0,049 0,007 0,593 0,383 0,195 0,137 0,193 0,013 Lid B1 item5 0,194 0,097 -0,387 0,053 0,310 -0,367 -0,179 0,211 -0,032 0,048 0,001 0,008 -0,175 0,867 Lid B1 item7 0,008 0,135 -0,025 0,778 0,136 -0,010 0,124 -0,078 0,029 -0,083 0,224 0,682 -0,024 0,115 Lid B1 item29 0,037 -0,166 0,072 0,050 0,013 -0,784 0,037 0,058 -0,189 -0,038 -0,049 0,118 -0,756 0,187 Lid B1 item44 0,055 0,140 0,117 0,064 0,068 -0,132 0,037 0,749 0,267 0,122 0,196 0,243 0,121 0,233 Lid B1 item53 0,367 0,204 0,220 0,351 0,053 0,160 -0,208 0,007 0,358 0,214 0,516 0,257 0,110 -0,107 Lid B1 item59 0,156 0,043 0,309 0,639 0,019 -0,119 0,087 0,264 0,188 0,184 0,066 0,732 -0,135 -0,029 Lid B1 item65 0,419 0,203 -0,139 0,463 -0,030 0,062 0,147 0,103 0,289 0,347 -0,011 0,556 0,029 -0,151 Lid B1 item72 0,300 0,122 0,240 0,236 0,249 0,374 0,400 -0,044 0,269 0,420 0,013 0,427 0,197 Lid 4H item93 0,639 0,320 0,143 0,136 0,215 -0,081 -0,025 -0,136 0,569 0,467 0,167 0,078 -0,072 0,005 Lid 4H item96 0,524 0,450 0,369 -0,025 0,169 0,064 -0,201 0,036 0,638 0,458 0,200 0,079 0,140 0,117 0,073 Lid 4H item98 0,559 0,333 0,339 0,055 0,129 0,093 -0,120 0,213 0,760 0,272 0,135 0,158 0,083 0,001 Lid 4I item91 0,706 0,184 0,090 0,173 0,128 0,036 0,104 0,014 0,582 0,370 0,232 0,243 0,075 0,004 Lid 4I item94 0,673 0,099 -0,002 0,081 -0,113 -0,098 0,122 0,179 0,581 0,342 0,259 0,032 0,037 -0,118 0,078 Lid 4I item97 0,761 0,018 0,207 0,060 0,040 0,073 0,162 0,191 0,723 0,182 0,182 0,175 Lid 4I item99 0,702 0,029 -0,060 0,138 0,032 0,048 0,104 0,192 0,703 0,097 0,165 0,197 -0,114 -0,162 Lid 4J item92 0,672 0,234 0,228 -0,014 -0,004 -0,063 0,135 0,009 0,679 0,314 0,202 0,211 0,168 -0,041 Lid 4J item95 0,725 0,161 0,130 -0,048 -0,013 -0,032 0,078 -0,013 0,693 0,346 0,285 0,043 0,116 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. Rotation converged in 15 iterations Rotation converged in 8 iterations 0,037 0,084 205 Variável: Liderança Transformacional + Transacional + Transformacional e Transacional Matriz de Fatores (rotacionada ortogonalmente) Resumo: Itens escolhidos Dados: 500 respostas com visão de mentores Dados: 500 respostas com visão de chefes Item 1 2 3 4 Fator 5 Fator 3 4 6 7 8 1 2 5 6 Lid C2 item23 0,183 0,607 0,332 0,102 0,091 0,064 -0,087 0,294 0,412 0,371 0,455 0,047 0,285 0,053 Lid C2 item56 0,333 0,322 0,416 0,128 0,028 0,263 -0,256 0,196 0,552 0,286 0,418 0,173 0,292 0,025 Lid D2 item20 0,082 0,703 0,115 0,128 0,044 -0,027 -0,081 0,117 0,093 0,519 0,357 0,159 0,304 0,120 Lid D2 item90 0,623 0,296 0,283 0,116 0,180 0,139 0,008 -0,089 0,663 0,234 0,270 0,191 0,171 0,026 Lid E2 item3 0,120 0,219 0,089 -0,006 0,599 0,221 0,351 0,212 0,266 0,176 0,579 0,170 0,174 0,005 Lid E2 item78 0,473 0,420 0,218 0,054 0,019 0,159 0,160 0,032 0,355 0,653 0,177 0,142 0,098 0,071 Lid F2 item50 0,071 0,238 0,760 0,037 0,064 -0,051 0,167 0,089 0,450 0,317 0,452 -0,128 -0,113 -0,050 Lid F2 item80 0,444 0,444 0,232 0,157 0,165 -0,141 0,070 -0,010 0,379 0,639 0,061 Lid A1 item1 0,040 0,073 0,064 0,120 0,750 -0,094 -0,039 0,029 0,177 0,052 0,690 0,035 -0,097 Lid A1 item26 0,316 0,141 0,087 0,224 -0,002 -0,026 0,603 0,151 0,142 0,504 0,323 0,435 -0,094 -0,092 Lid A1 item88 0,395 0,264 0,561 -0,020 0,245 0,046 -0,049 0,007 0,593 0,383 0,195 0,137 0,193 0,013 Lid B1 item5 0,194 0,097 -0,387 0,053 0,310 -0,367 -0,179 0,211 -0,032 0,048 0,001 0,008 -0,175 0,867 Lid B1 item7 0,008 0,135 -0,025 0,778 0,136 -0,010 0,124 -0,078 0,029 -0,083 0,224 0,682 -0,024 0,115 Lid B1 item29 0,037 -0,166 0,072 0,050 0,013 -0,784 0,037 0,058 -0,189 -0,038 -0,049 0,118 -0,756 0,187 Lid B1 item44 0,055 0,140 0,117 0,064 0,068 -0,132 0,037 0,749 0,267 0,122 0,196 0,243 0,233 Lid B1 item59 0,156 0,043 0,309 0,639 0,019 -0,119 0,087 0,264 0,188 0,184 0,066 0,732 -0,135 -0,029 Lid 4H item93 0,639 0,320 0,143 0,136 0,215 -0,081 -0,025 -0,136 0,569 0,467 0,167 0,078 -0,072 0,005 Lid 4H item98 0,559 0,333 0,339 0,055 0,129 0,093 -0,120 0,213 0,760 0,272 0,135 0,158 0,083 0,001 Lid 4I item97 0,761 0,018 0,207 0,060 0,040 0,073 0,162 0,191 0,723 0,182 0,182 0,175 0,078 0,037 Lid 4J item92 0,672 0,234 0,228 -0,014 -0,004 -0,063 0,135 0,009 0,679 0,314 0,202 0,211 0,168 -0,041 Lid 4J item95 0,725 0,161 0,130 -0,048 -0,013 -0,032 0,078 -0,013 0,693 0,346 0,285 0,043 0,116 0,122 Item originado na visão de mentores Item originado na visão de chefes Item originado em ambas as visões Item baseado no conceito original 0,101 -0,018 0,121 0,155 0,084 206 Variável: Laissez Faire Matriz de Fatores (não rotacionada) Dados: 500 respostas com visão de mentores Dados: 500 respostas com visão de chefes Fator Fator Item 1 1 Liderança 3G item09 0,734 0,746 Liderança 3G item14 0,707 0,695 Liderança 3G item74 0,620 0,651 Liderança 3G item84 0,648 0,668 Extraction Method: Principal Component Analysis. 1 components extracted. Resumo: Itens Escolhidos Item Liderança 3G item09 Liderança 3G item14 Fator 1 0,734 0,707 Fator 1 0,746 0,695 Item originado na visão de mentores Item originado na visão de chefes Item originado em ambas as visões Item baseado no conceito original 207 Variável: Liderança Servidora Matriz de Fatores (rotacionada ortogonalmente) Dados: 500 respostas com visão de mentores Fator Item 1 2 3 Liderança 5K item12 0,360 0,023 0,603 Liderança 5K item27 0,315 0,276 0,507 Liderança 5K item42 0,506 0,158 0,615 Liderança 5K item57 0,700 0,155 0,198 Liderança 5K item66 0,600 0,063 0,431 Liderança 5L item15 0,431 0,147 0,373 Liderança 5L item30 0,176 0,448 0,196 Liderança 5L item45 0,447 0,327 0,294 Liderança 5L item60 0,612 0,244 0,267 Liderança 5L item69 0,709 0,181 0,235 Liderança 5M item18 0,101 0,681 0,240 Liderança 5M item33 -0,009 0,782 0,278 Liderança 5M item48 0,195 0,608 0,146 Liderança 5M item63 0,447 0,629 -0,148 Liderança 5M item71 0,324 0,644 0,010 Liderança 5N item21 -0,003 0,090 0,363 Liderança 5N item36 0,116 0,086 -0,137 Liderança 5N item51 0,619 0,306 0,150 Liderança 5N item54 0,098 0,040 0,087 Liderança 5N item75 0,690 0,106 0,062 Liderança 5O item24 0,373 0,165 0,608 Liderança 5O item39 0,044 0,226 0,637 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. Rotation converged in 7 iterations. Dados: 500 respostas com visão de chefes Fator 4 1 2 3 0,080 0,505 0,433 0,190 -0,038 0,371 0,554 0,042 0,005 0,635 0,458 0,157 0,006 0,614 0,444 0,114 0,220 0,671 0,427 0,101 0,076 0,196 0,684 0,000 -0,097 0,361 0,631 0,012 0,095 0,473 0,539 0,168 0,015 0,585 0,473 0,122 0,106 0,589 0,543 0,115 0,095 0,676 0,276 0,001 0,112 0,705 0,185 0,097 0,208 0,773 -0,071 0,159 0,061 0,703 0,227 0,012 0,001 0,482 0,471 0,166 0,480 0,093 0,026 0,734 0,706 0,088 0,081 0,671 0,031 0,516 0,518 0,126 0,764 0,125 0,146 0,723 0,092 0,507 0,323 0,213 0,085 0,501 0,398 0,174 0,003 0,017 0,661 0,156 Rotation converged in 5 iterations 208 Variável: Liderança Servidora Matriz de Fatores (rotacionada ortogonalmente) Resumo: Itens escolhidos Dados: chefes 500 respostas com visão de mentores Item Liderança 5K item 57 Liderança 5K item 66 Liderança 5L item 15 Liderança 5L item 69 Liderança 5M item 18 Liderança 5M item 33 Liderança 5M item 48 Liderança 5N item 21 Liderança 5N item 36 Liderança 5N item 54 Liderança 5O item 24 Liderança 5O item 39 1 0,700 0,600 0,431 0,709 0,101 -0,009 0,195 -0,003 0,116 0,098 0,373 0,044 Fator 2 3 0,155 0,198 0,063 0,431 0,147 0,373 0,181 0,235 0,681 0,240 0,782 0,278 0,608 0,146 0,090 0,363 0,086 -0,137 0,040 0,087 0,165 0,608 0,226 0,637 Dados: 500 respostas com visão de 4 0,006 0,220 0,076 0,106 0,095 0,112 0,208 0,480 0,706 0,764 0,085 0,003 Fator 1 2 0,614 0,444 0,671 0,427 0,196 0,684 0,589 0,543 0,676 0,276 0,705 0,185 0,773 -0,071 0,093 0,026 0,088 0,081 0,125 0,146 0,501 0,398 0,017 0,661 3 0,114 0,101 0,000 0,115 0,001 0,097 0,159 0,734 0,671 0,723 0,174 0,156 Item originado na visão de mentores Item originado na visão de chefes Item originado em ambas as visões Item baseado no conceito original 209 Variável: Mentoria Matriz de Fatores (rotacionada ortogonalmente) Dados: 500 respostas com visão de mentores Fator Item 1 2 3 4 Mentoria 6P item22 0,682 0,202 0,234 0,132 Mentoria 6Q item06 0,706 0,008 0,100 0,047 Mentoria 6Q item40 0,557 0,174 0,033 0,250 Mentoria 6Q item58 0,581 0,354 0,005 0,200 Mentoria 6Q item67 0,547 0,133 0,279 0,244 Mentoria 6R item37 0,601 0,078 0,279 0,003 Mentoria 6R item46 0,498 0,277 0,238 0,088 Mentoria 6R item61 0,157 0,410 0,386 0,256 Mentoria 6R item73 0,236 0,578 0,123 0,156 Mentoria 6R item77 0,204 0,613 0,336 0,213 Mentoria 6R item81 0,282 0,096 0,261 0,403 Mentoria 6S item04 0,053 0,027 0,121 0,130 Mentoria 6S item16 0,231 0,064 0,482 0,110 Mentoria 6S item28 0,502 0,065 0,000 0,034 Mentoria 6T item13 0,451 0,311 0,342 -0,022 Mentoria 6T item64 0,487 0,404 0,133 0,362 Mentoria 6U item83 0,116 0,687 0,078 0,089 Mentoria 6U item85 0,081 0,006 0,015 0,808 Mentoria 6U item87 0,156 0,322 0,262 0,580 Mentoria 6U item89 0,187 0,272 0,156 0,743 Mentoria 6V item34 0,135 0,042 0,614 0,143 Mentoria 6V item43 0,196 0,708 0,155 0,044 Mentoria 6V item55 0,411 0,196 0,386 0,250 Mentoria 6V item79 0,194 0,248 0,313 0,279 Mentoria 6X item08 0,290 0,111 0,682 0,076 Mentoria 6X item10 0,154 0,277 0,378 0,146 Mentoria 6X item25 0,141 0,324 0,532 0,095 Mentoria 6X item31 0,076 0,400 0,527 0,186 Mentoria 6X item49 0,105 0,267 0,186 0,403 Mentoria 6X item52 0,001 0,450 -0,025 0,228 Mentoria 6Y item02 0,184 0,196 0,157 -0,029 Mentoria 6Y item19 0,001 0,083 0,114 0,164 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. Rotation converged in 6 iterations Dados: 500 respostas com visão de chefes 5 -0,023 -0,156 0,293 0,215 0,224 0,261 0,349 0,331 0,126 0,036 0,427 0,005 0,264 0,253 0,043 -0,021 0,054 0,144 0,120 0,034 0,334 0,225 0,187 0,461 -0,015 0,146 0,366 0,051 0,126 0,299 0,505 0,761 6 0,022 0,072 -0,083 0,140 -0,042 -0,027 0,141 -0,128 0,010 -0,039 0,121 0,757 0,292 0,338 0,016 0,127 0,021 0,028 0,114 0,067 -0,087 0,039 -0,334 0,070 0,106 0,359 0,139 0,186 0,290 0,218 0,066 -0,012 Fator 1 2 3 0,549 0,454 0,069 0,611 0,133 0,117 0,223 0,340 0,475 0,545 0,422 0,205 0,400 0,442 0,414 0,548 0,346 0,288 0,528 0,442 0,387 0,326 0,431 0,507 0,512 0,409 0,323 0,491 0,484 0,423 0,173 0,244 0,692 0,111 0,183 0,240 0,514 0,212 0,266 0,445 0,153 0,141 0,706 0,321 0,109 0,533 0,496 0,260 0,244 0,662 0,097 0,155 0,628 0,293 0,127 0,757 0,278 0,192 0,741 0,319 0,225 0,276 0,561 0,452 0,573 0,158 0,442 0,531 0,278 0,378 0,365 0,548 0,603 0,038 0,346 0,513 0,075 0,419 0,507 0,348 0,403 0,488 0,463 0,076 0,382 0,558 0,096 0,237 0,384 0,326 0,204 0,085 0,581 0,080 0,116 0,740 Rotation cnverged in 9 intarations 4 0,212 0,242 0,297 0,151 0,024 -0,009 -0,068 0,086 -0,005 -0,046 0,112 0,698 0,286 0,432 0,141 -0,070 0,312 0,112 0,237 0,078 0,073 0,159 0,022 -0,098 0,192 0,104 0,121 0,278 0,312 0,380 0,332 0,250 210 Variável: Mentoria Matriz de Fatores (rotacionada ortogonalmente) Resumo: Itens escolhidos Dados: 500 respostas com visão de mentores Item Mentoria 6P item22 Mentoria 6Q item06 Mentoria 6R item77 Mentoria 6R item81 Mentoria 6S item04 Mentoria 6T item13 Mentoria 6T item64 Mentoria 6U item83 Mentoria 6U item85 Mentoria 6U item87 Mentoria 6U item89 Mentoria 6V item34 Mentoria 6V item43 Mentoria 6X item08 Mentoria 6X item49 Mentoria 6Y item02 Mentoria 6Y item19 1 0,682 0,706 0,601 0,282 0,053 0,451 0,487 0,116 0,081 0,156 0,187 0,135 0,196 0,290 0,141 0,184 0,001 2 0,202 0,008 0,078 0,096 0,027 0,311 0,404 0,687 0,006 0,322 0,272 0,042 0,708 0,111 0,324 0,196 0,083 Fator 3 4 0,234 0,132 0,100 0,047 0,279 0,003 0,261 0,403 0,121 0,130 0,342 -0,022 0,133 0,362 0,078 0,089 0,015 0,808 0,262 0,580 0,156 0,743 0,614 0,143 0,155 0,044 0,682 0,076 0,532 0,095 0,157 -0,029 0,114 0,164 Dados: 500 respostas com visão de chefes 5 6 -0,023 0,022 -0,156 0,072 0,261 -0,027 0,427 0,121 0,005 0,757 0,043 0,016 -0,021 0,127 0,054 0,021 0,144 0,028 0,120 0,114 0,034 0,067 0,334 -0,087 0,225 0,039 -0,015 0,106 0,366 0,139 0,505 0,066 0,761 -0,012 1 0,549 0,611 0,548 0,173 0,111 0,706 0,533 0,244 0,155 0,127 0,192 0,225 0,452 0,603 0,507 0,204 0,080 Fator 2 3 4 0,454 0,069 0,212 0,133 0,117 0,242 0,346 0,288 -0,009 0,244 0,692 0,112 0,183 0,240 0,698 0,321 0,109 0,141 0,496 0,260 -0,070 0,662 0,097 0,312 0,628 0,293 0,112 0,757 0,278 0,237 0,741 0,319 0,078 0,276 0,561 0,073 0,573 0,158 0,159 0,038 0,346 0,192 0,348 0,403 0,121 0,085 0,581 0,332 0,116 0,740 0,250 Item originado na visão de mentores Item originado na visão de chefes Item originado em ambas as visões Item baseado no conceito original 211 APÊNDICE C: Big five reduzido - Ten-Item Personality Inventory (TIPI) – Gosling et al, 2003 212 Ten-Item Personality Inventory-(TIPI) Here are a number of personality traits that may or may not apply to you. Please write a number next to each statement to indicate the extent to which you agree or disagree with that statement. You should rate the extent to which the pair of traits applies to you, even if one characteristic applies more strongly than the other. 1 = Disagree strongly 2 = Disagree moderately 3 = Disagree a little 4 = Neither agree nor disagree 5 = Agree a little 6 = Agree moderately 7 = Agree strongly I see myself as: 1. _____ Extraverted, enthusiastic. 2. _____ Critical, quarrelsome. 3. _____ Dependable, self-disciplined. 4. _____ Anxious, easily upset. 5. _____ Open to new experiences, complex. 6. _____ Reserved, quiet. 7. _____ Sympathetic, warm. 8. _____ Disorganized, careless. 9. _____ Calm, emotionally stable. 10. _____ Conventional, uncreative. _____________________________________________________________ TIPI scale scoring (“R” denotes reverse-scored items): Extraversion: 1, 6R; Agreeableness: 2R, 7; Conscientiousness; 3, 8R; Emotional Stability: 4R, 9; Openness to Experiences: 5, 10R. 213 APÊNDICE D: Instrumento de pesquisa construído 214 Instrumento de pesquisa construído Esta é uma pesquisa na área de Comportamento Organizacional, focando dois constructos especificamente: Mentoria e Liderança, bem como os efeitos de variáveis moderadoras desses relacionamentos como características demográficas (gênero, idade, formação, nível hierárquico, tipo de empresa) e traços de personalidade. Inicialmente será abordado o tema Mentoria e posteriormente Liderança. Trata-se de uma investigação científica que objetiva a compreensão organizacional a partir dos resultados obtidos. Este questionário configura-se como instrumento de pesquisa, com a finalidade de coletar os dados necessários para auxiliar no processo de aprofundamento dos fenômenos estudados, assim como do objeto de estudo da presente pesquisa. Venho, então, pedir sua participação na minha pesquisa. Sua vivência contribuirá para o estudo sobre mentoria no Brasil e mais especificamente, na área Industrial. O resultado deste estudo poderá contribuir para o aperfeiçoamento dos programas de Desenvolvimento Gerencial e Pessoal nas Organizações. Assim, são muito importantes, tanto sua reflexão antes de responder, quanto sua sinceridade nas respostas. O questionário é voluntário e as respostas nele contidas serão utilizadas exclusivamente para a pesquisa, não sendo identificado qualquer respondente. Comprometo-me também, a encaminhar, o mais breve possível, um resumo da pesquisa. Leia com atenção os itens a seguir e não deixe de responder. Suas respostas, como já descrito, são muito importantes e serão totalmente protegidas; sendo usadas apenas as estatísticas. Desde já agradeço por sua colaboração e participação! Atenciosamente, Djailton Cunha Mestrando em Gestão Empresarial Sônia Calado Dias Ph.D em Administração Coordenadora do MPGE & Orientadora da pesquisa 215 Instrumento de pesquisa construído Mentoria Mentoria refere-se à orientação e ao apoio, nas mais diversas formas, de um profissional experiente em relação a um normalmente mais jovem e menos experiente. Mentoria é um fenômeno muito antigo e muito importante para o desenvolvimento das pessoas e das organizações. No entanto ainda é pouco pesquisado no Brasil. Assim, sua participação é fundamental para a melhoria tanto da qualidade dos relacionamentos organizacionais quanto do conhecimento científico. É particularmente importante para que possamos caracterizar o "Modelo Brasileiro" de Mentoria. Mentoria - Evocação De forma breve, MENTORIA pode ser definida como o apoio, nas mais diversas formas, de pessoas mais experientes a outras menos experientes, normalmente mais jovens, mas não necessariamente. Um mentor é uma pessoa que pode ser ou ter sido um chefe, um colega, um amigo ou familiar que o influencia ou influenciou no seu desenvolvimento profissional. Essa pessoa que é denominada de MENTOR pode ter lhe guiado, ensinado, aconselhado, enfim, pode ter lhe ajudado no seu crescimento sob vários aspectos. Quando acontece um relacionamento desta forma você seria a pessoa MENTORADA e o seu relacionamento com essa pessoa, é chamado de MENTORIA. Partindo desse pressuposto, nesta primeira seção do questionário, gostaríamos que você refletisse sobre suas experiências, ao longo da vida, como “beneficiário” desse tipo de relação... Por gentileza, pense em quem considera ser o principal mentor da sua vida, no tocante a importância ou impacto positivo percebido... Sobre o(a) mMentor(a) mais importante na sua vida, por gentileza, preencha a tabela abaixo. Nome (real ou fictício): Tipo de relação: Idade: Gênero (sexo): Nível educacional: Tipo de formação: Duração da relação: Razão do encerramento da relação Razões de ser considerado importante: Principais impactos positivos percebidos: 216 217 218 219 210 Liderança Liderança existe em todas as sociedades e é essencial para o funcionamento das organizações nas sociedades A liderança é um fenômeno social muito antigo que ocorre onde se encontram grupos de pessoas. No entanto também é pouco pesquisado no Brasil. Assim, sua participação é fundamental para a melhoria tanto da qualidade dos relacionamentos organizacionais quanto do conhecimento científico. É particularmente importante para que possamos caracterizar o "Modelo Brasileiro" de Liderança. Liderança - Evocação O conceito de liderança envolve duas ou mais pessoas. Seja qual for à teoria usada, liderança denota um processo de influência exercido de modo intencional, que envolve primordialmente motivação, inspiração, sensibilização e comunicação. O LÍDER é uma pessoa que exerce influência sobre uma pessoa ou grupo. Diferentemente, o chefe é uma pessoa que tem ou teve sobre você uma posição hierárquica no trabalho, ou seja, essa pessoa pode ser ou ter sido seu encarregado, supervisor, gerente, diretor, etc. Quando acontece um relacionamento em que seu chefe imediato exerce essa influência sobre você, não pela posição hierárquica superior, mas pelos comportamentos, atitudes e valores existentes; esse relacionamento passa a ser chamado de LIDERANÇA, seu chefe é um LÌDER e você torna-se um LIDERADO. Desse modo, nesta seção do questionário, gostaríamos que você refletisse sobre suas experiências, ao longo da vida, como “beneficiário” desse tipo de relação... Por gentileza, pense em quem considera ser o seu principal chefe imediato, no tocante a importância ou impacto positivo percebido... Sobre o(a) chefe imediato(a) mais importante na sua vida, por gentileza, preencha a tabela abaixo. Nome (real ou fictício): Tipo de relação: Idade: Gênero (sexo): Nível educacional: Tipo de formação: Duração da relação: Razão do encerramento da relação Razões de ser considerado importante: Principais impactos positivos percebidos: 220 Liderança - Importância Por gentileza, preencha a tabela a seguir, usando as seguintes orientações: Na primeira coluna há uma lista de comportamentos, atitudes e valores que algumas pessoas consideram importantes como parte do papel de líderes. Gostaríamos que assinalasse, à direita, até que ponto considera importante que líderes e liderados apresentem os comportamentos, as atitudes e os valores listados na primeira coluna O(a) líder deve… 1 2 3 4 5 Nada Importante Pouco Importante Importante Muito Importante Extremamente Importante Dar assistência ao liderado em troca dos seus esforços Interagir socialmente com o liderado fora do ambiente Reexaminar premissas críticas para questões, se for Assumir a culpa ou o crédito em situações complicadas Evitar interferir até que os problemas se tornem sérios Dar ao liderado tarefas que aumentem seus contatos pessoais com outros colegas de profissão Focar a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios dos padrões Encorajar o liderado a conversar abertamente sobre os medos e as ansiedades que tiram sua atenção do Evitar se envolver quando assuntos importantes Dar apoio e feedback, ou seja, dar retorno sobre o desempenho profissional do liderado Ausentar-se quando necessário Deixar o liderado tomar decisões com aumento crescente de responsabilidades Procurar a opinião do liderado no que diz respeito à sua visão da empresa Convidar o liderado para almoçar/jantar com ele Falar com otimismo sobre o futuro Não superestimar seus próprios méritos Designar tarefas no trabalho que preparam o liderado para ser um profissional competente Fazer o liderado sentir-se orgulhoso de estar associado Confiar no liderado para guardar segredos Discutir em termos específicos quem é responsável pelas metas de desempenho Esperar as coisas darem errado para então agir Escrever junto com o liderado uma clara e concisa declaração da visão da empresa Pedir sugestões sobre problemas que o líder tem Não estar interessado em autopromoção Saber que o liderado é incorruptível Expressar sentimentos de respeito pelo liderado como Demonstrar ser firme seguidor da idéia “em time que está ganhando não se mexe” Consultar o liderado sobre sua opinião quanto à direção futura que a empresa deve tomar Manter em segredo os sentimentos e as dúvidas que o liderado compartilho com ele Tratar o liderado como um indivíduo, não apenas como um membro do grupo Não centrar as atenções nas suas próprias realizações Agir de maneira que faz o liderado respeitá-lo Demonstrar compreensão em relação ao liderado Concentrar total atenção no trato de erros, reclamações Dar ao liderado tarefas que ofereçam oportunidades ao mesmo de aprender novas habilidades Demonstrar preocupação com o liderado Encorajar o liderado a tomar decisões Encorajar o liderado a se preparar para se desenvolver Fazer o liderado olhar os problemas de diferentes Ajudar o liderado a desenvolver seus pontos fortes Conversar com o liderado sobre a sua própria carreira Expressar satisfação quando o liderado atende às suas Expressar confiança que os objetivos serão atingidos Usar métodos de segurança que são satisfatórios Conseguir que o liderado faça mais do que o esperado Trabalhar com o liderado de maneira satisfatória Ser eficiente em atingir as exigências organizacionais Aumentar a vontade do liderado de fazer melhor O liderado ou a liderada deve… Respeitar e admirar o líder Tentar imitar o comportamento de trabalho do líder Concordar com as atitudes e com os valores do líder Tentar ser como o líder quando chegar a uma posição 1 2 3 4 5 Nada Importante Pouco Importante Importante Muito Importante Extremamente Importante 221 Seu Principal Chefe Imediato (líder) - Frequência Com que freqüência considera que o seu principal chefe imedito (líder) apresenta (ou apresentou) os comportamentos, as atitudes e os valores listados na primeira coluna? O meu chefe ou a minha chefe… 1 2 Nunca Raramente Dá assistência em troca dos meus esforços Interage socialmente comigo fora do ambiente de trabalho Reexamina premissas críticas para questões, se for Assume a culpa ou o crédito em situações complicadas Evita interferir até que os problemas se tornem sérios Dá-me tarefas que aumentam meus contatos pessoais com outros(as) colegas de profissão Foca a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios Encoraja-me a conversar abertamente sobre os medos e as ansiedades que tiram minha atenção do trabalho Evita se envolver quando assuntos importantes aparecem Dá apoio e feedback, ou seja, dá retorno sobre o meu desempenho profissional Ausenta-se quando necessário Deixa-me tomar decisões com aumento crescente de Procura minha opinião no que diz respeito à visão da empresa Convida-me para almoçar/jantar com ele(a) Fala com otimismo sobre o futuro Não superestima seus próprios méritos Designa tarefas no trabalho que me preparam para ser um(a) profissional competente Faz-me sentir orgulhoso(a) de estar associado(a) a ele(a) Confia em mim para guardar segredos Discute em termos específicos quem é responsável pelas Espera as coisas darem errado para então agir Escreve junto comigo uma clara e concisa declaração da visão Pede sugestões sobre problemas que ele(a) tem Não está interessado(a) em autopromoção Sabe que eu sou incorruptível Expressa sentimentos de respeito por mim como indivíduo Demonstra ser firme seguidor(a) da idéia “em time que está ganhando não se mexe” Consulta-me sobre o que eu acho quanto à direção futura que a empresa deve tomar Mantém em segredo os sentimentos e as dúvidas que eu compartilho com ele(a) Trata-me como um indivíduo, não apenas como um membro Não centra as atenções nas suas próprias realizações Age de maneira que me faz respeitá-lo(a) Demonstra compreensão em relação à minha pessoa Concentra total atenção no trato de erros, reclamações e Dá-me tarefas que ofereçam oportunidades de aprender novas habilidades Demonstra preocupação comigo Encoraja-me a tomar decisões Encoraja-me a me preparar para me desenvolver Faz-me olhar os problemas de diferentes ângulos Ajuda-me a desenvolver meus pontos fortes Conversa comigo sobre a carreira dele Expressa satisfação quando atendo às suas expectativas Expressa confiança que os objetivos serão atingidos Usa métodos de segurança que são satisfatórios Consegue que eu faça mais do que o esperado Trabalha comigo de maneira satisfatória É eficiente em atingir as exigências organizacionais Aumenta a minha vontade de fazer melhor Eu, como liderado ou liderada... Respeito e admiro o(a) líder(a) Tento imitar o comportamento de trabalho do(a) líder(a) Concordo com as atitudes e com os valores do(a) líder(a) Tentarei ser como o(a) líder(a) quando chegar a uma posição igual a dele(a) 1 2 Nunca Raramente 3 4 Ocasional- Frequentemente mente 3 4 Ocasional- Frequentemente mente 5 Sempre 5 Sempre 222 Você como líder - Frequência Com que freqüência você atua ou atuou como mentor(a), apresentando os comportamentos, as atitudes e os valores listados na primeira coluna? Eu como líder ... 1 2 Nunca Raramente Dou assistência em troca dos esforços do mentorado Interajo socialmente com meu mentorado fora do ambiente Reexamino premissas críticas para questões, se for Assumo a culpa ou o crédito em situações complicadas Evito interferir até que os problemas se tornem sérios Dou tarefas ao mentorado que aumentam os seus contatos pessoais com outros colegas de profissão Foco a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios Encorajo a conversar abertamente sobre os medos e as ansiedades que tiram sua atenção do trabalho Evito me envolver quando assuntos importantes aparecem Dou apoio e feedback, ou seja, dou retorno sobre o desempenho profissional do mentorado Ausento-me quando necessário Deixo tomar decisões com aumento crescente de Procuro opinião no que diz respeito à visão da empresa Convido o mentorado para almoçar/jantar com ele Falo com otimismo sobre o futuro Não superestimo meus próprios méritos Designo tarefas no trabalho que preparam o mentorado para ser um profissional competente Faço o mentorado sentir-se orgulhoso de estar associado a Confio no meu mentorado para guardar segredos Discuto em termos específicos quem é o responsável pelas metas de desempenho Espero as coisas darem errado para então agir Escrevo junto com o mentorado uma clara e concisa declaração da visão da empresa Peço sugestões sobre problemas que o mentorado tem Não estou interessado em autopromoção Sei que o mentorado é incorruptível Expresso sentimentos de respeito pelo mentorado como Demonstro ser firme seguidor(a) da idéia “em time que está ganhando não se mexe” Consulto o mentorado sobre o que ele acha em relação à direção futura que a empresa deve tomar Mantenho em segredo os sentimentos e as dúvidas que o mentorado compartilha comigo Trato o mentorado como um indivíduo, não apenas como um membro do grupo Não centro as atenções nas minhas próprias realizações Ajo de maneira que o mentorado me respeita Demonstro compreensão em relação ao mentorado Concentro total atenção no trato de erros, reclamações e Dou tarefas ao mentorado que ofereçam oportunidades de aprender novas habilidades Demonstro preocupação com o mentorado Encorajo o mentorado a tomar decisões Encorajo o mentorado a se preparar para se desenvolver Faço o mentorado olhar os problemas de diferentes ângulos Ajudo o mentorado a desenvolver seus pontos fortes Converso com o mentorado sobre a minha própria carreira Expresso satisfação quando o mentorado atende as minhas Expresso confiança que os objetivos serão atingidos Uso métodos de segurança que são satisfatórios Consigo que o mentorado faça mais do que o esperado Trabalho com o mentorado de maneira satisfatória Sou eficiente em atingir as exigências organizacionais Aumento a vontade do mentorado de fazer melhor O meu liderado ou a minha líderada … Respeita e admira o mentor Tenta imitar o comportamento de trabalho do mentor Concorda com as atitudes e com os valores do mentor Tentará ser como o mentor quando chegar a uma posição 1 2 Nunca Raramente 3 4 Ocasional- Frequentemente mente 3 4 Ocasional- Frequentemente mente 5 Sempre 5 Sempre 223 Inventário de personalidade 10-itens A seguir você encontrará traços de personalidade que podem ou não se aplicar a você. Leia as características descritas na primeira coluna e assinale na coluna corresponde, considerando o quanto você concorda ou discorda com esses traços. Você deverá responder considerando também o quanto o par de características se aplicam a você, e até mesmo se uma característica se aplica mais fortemente que a outra. Eu me vejo como ... 1 Discordo completamente 2 3 Discordo Nem discordo e nem concordo 4 5 Concordo Concordo completamente Extrovertido, entusiasmado Crítico, brigão Seguro, Disciplinado. Ansioso, facilmente aborrecido Aberto a novas experiências, inovador Reservado, discreto. Agradável, afetuoso. Desorganizado, desatento Calmo, estável emocionalmente. Convencional, não criativo. DADOS DEMOGRÁFICOS Finalmente gostaríamos de obter alguns dados seus que nos ajudarão a consolidar e a analisar os dados, mas que, de forma alguma levarão à sua identificação enquanto respondente da pesquisa. Para tal por gentileza preencha o quadro abaixo.