medica Ano XIV | Agosto de 2015 | Nº 69 Shutterstock Saúde mental Abandono completo www.kopstein.com.br/apogee No encontro de duas ruas nasce o endereço perfeito. Onde as facilidades do bairro encontram um projeto elegante. Onde os espaços amplos encontram os Um endereço. Muitos encontros. detalhes requintados. Onde você encontra o seu novo apartamento. 75% VENDIDO Apartamentos com 261m privativos | 107m de living 3 suítes com gabinete | 4 vagas na garagem | Piscinas aquecidas Salão de festas | Sauna | Fitness 2 Plantão de Vendas no local, Av. Guaporé, 430, esquina Av. Soledade. Fone: (51) 3387.3078 ou 24h com Jacob: (51) 9991.5194. Incorporação registrada sob Nº R-1/187481 no 1º Cartório de Registro de Imóveis de Porto Alegre. Áreas comuns entregues mobiliadas e equipadas. Projeto Arquitetônico e de Interiores: Arq. Cesar Ciancio CAU 14880.6 e Arq. Mádia Santos Borges CAU 35222.5 - Projeto Paisagístico: Tellini Vontobel CAU 18730.5 2 | VOX Medica | Agosto 2015 Vendas: Incorporação: CRECI 9300 2 (51) 2123.0707 www.platz.com.br Construção e incorporação: EDITORIAL A luta é por todos nós A rotina da luta sindical costuma ser árdua e, até por isso, estimulante. Arquivo SIMERS É preciso cultivar a fibra para seguir enfrentando as enormes dificuldades e, simultaneamente, saber manter a serenidade na celebração das eventuais vitórias, pois elas são consequência de muito trabalho e da capacidade de não desanimar. O ano de 2015 tem se mostrado especialmente desafiador. Os rotineiros atrasos nos repasses de recursos aos hospitais gaúchos resultam em uma crescente onda de restrições nos atendimentos, deixando a população ainda mais desassistida e muitos dos colegas médicos sem receber pelos serviços prestados. Situação que tem nos mobilizado. Nem tudo são notícias sombrias. A decisão do CREMERS, de editar uma resolução a respeito do parto hospitalar, após amplo debate capitaneado pelo Sindicato Médico, é uma conquista digna de nota, assim como saudamos a suspensão da desospitalização dos pacientes da área asilar do Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP), instituição que é referência na saúde mental. Para concluir, foi com satisfação que recebemos uma mensagem no Facebook enviada pela internauta Ana Maria Longaray. Disse ela: “Sou fã do Simers, atuam efetivamente, fiscalizam, criticam, divulgam. Parabéns. Vocês são um exemplo para outras entidades de classe. Infelizmente, não pertenço a essa categoria.” Obrigado pelo retorno, Ana Maria. O fato de não seres médica nos dá ainda mais força para continuarmos na nossa luta. Afinal, ela não é apenas em nome da categoria, mas sim pela saúde, pela sociedade, por todos nós. Paulo de Argollo Mendes Presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul VOX Medica | Agosto 2015 | 3 humor expediente A VOX Medica é uma publicação do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul. Rua Cel. Corte Real, 975, Petrópolis Porto Alegre/RS – CEP 90.630-080 Telefone (51) 3027-3737 Sindicato Médico do Rio Grande do Sul Diretoria 2013/2015 Diretoria executiva Presidente: Paulo de Argollo Mendes Vice-presidente: Maria Rita de Assis Brasil Secretária-geral: Ana Maria Martins 2ª Secretária-geral: Gislaine S. de Vargas 1º Tesoureiro: André Luiz Borba Gonzales 2ª Tesoureira: Ariadene Beatriz Duarte Diretoria-geral Bruno Mendonça Costa, Carlos Antônio Madalosso, Clarissa Coelho Bassin, Cristina Helena Targa Ferreira, Fernando Starosta de Waldemar, Flávio José Petersen Velho, Francisco Carlos Luciani, Germano Mostardeiro Bonow, Gisele Rodrigues Lobato, Jorge Luiz Eltz de Souza, José P. Rotunno Corrêa, Marcelo Marsillac Matias, Maurício Alberto Goldbaum, Pedro Gus, Roberto Assumpção Gaffrée, Ronaldo Guimarães Lerch, Volnei Santos Malheiros Conselho Fiscal Balduíno Tschiedel, Edmundo Lima Zagoury, Júlio César Simon, Luiz Roberto de Fraga Brusch, Rivail Cunha de Abreu 4 | VOX Medica | Agosto 2015 Conselho Consultivo Airton Getelina, Alcides José Zago, Aline Ferreira Marcon, André Luis Kowalski Dias, Aroldo João Schmitt, Ary Poerscke, Beatriz Valiati, Carlos Augusto Cornetet Júnior, Carlos Humberto Cereser, Daniel Leonardo Boéssio, Dirceu Francisco de Araújo Rodrigues, Enrique Falceto de Barros, Fábio Vieira de Faria, Fernando Ferreira Bernd, Flávio Pechansky, Giovani Kopacek, Gustavo Vasconcelos Alves, Henrique Luiz Oliani, Ivan Carlos Ferreira Antonello, Justo Antero Sayão Lobato Leivas, Lemuel Silva Paredes, Luciana Souza Balinhas, Luciane Maria Barbosa Peixoto, Luiz Fernando Ribeiro de Menezes, Maria Ângela Bongers Alexandretti, Mário Golin da Costa, Mário Lucio Machado, Mário Strelow, Milton Luiz da Rocha, Nívia Teixeira de Souza, Nívio Lemos Moreira Júnior, Oscar Medeiros Blanco, Osvaldo Catarino Barcellos, Patrícia Miranda do Lago, Paulo Roberto H. Steger, Protógenes da Cunha Nunes, Rafael Alencastro Brandão, Regenio Mahfuz Herbstrith, Renan Luiz Marchant Gomes, Rodrigo Marquetoti Esteves, Rogério de Barros Macedo, Rogério Wolf de Aguiar, Rudah Jorge, Sérgio Fabris Júnior, Susilene Mendonça Gonçalves, Túlio Miguel Schein Wenzel, Umberto de Oliveira Nunes, Walter Ite Ardenghi, Wernher Schwanbach Conselho de Representantes Alcir Martins Iuppen, Aloyzio Cechella Achutti, André Avelino Steffens, Carlos Armando Antonello Difini, Carlos Roberto Lagomarsino Beck, Carlos Roberto Pavani Flores, Carlos Roberto Schwartsmann, César Augusto Trinta Weber, Charles Pan, Cíntia Lufchitz Pilczer, Cristiano Carapeto Francisco, Daniel Heisler Tassinari, Desidério Fülber, Edmundo Vinícios Gimenez Persiani, Fernando Aloísio Faccini Bergmanni, Fernando Luís Medina Francisco, Flávio Veríssimo da Fonseca, Geraldo Arthur Bischoff, Gilberto Luís Federle, Hermes Wilagran Cattani, Ieda Terezinha da S. Bataioli, Iolanda Mello de Faria, Janice Venina Masera Rotava, João Álvaro Machado Filho, João Carlos Kabke, Jorge Humberto Frota Tusi, José Abruzzi Neto, José Accioly Jobim Fossari, José Francisco Bortolotto, José Francisco Fagundes Valls, Juliano Nunes Chibiaque de Lima, Leda Maria Lazzaretti Silveira, Luciana Slongo Coiro, Lúcio Borges Barcelos, Marco Antônio Spolidoro, Mauro Fett Sparta de Souza, Oly Lobato, Paulo Francisco de Azeredo, Paulo Ricardo C. Cardoso, Pedro Bandarra Westphalen, Remir Brackmann, Renato Menezes de Boer, Renato Sampaio Azambuja, Rodney Zinn de Carvalho, Ronaldo Nicanor Castro e Silva, Sérgio H. Martins Costa, Telmo Manoel de Souza Cruz REVISTA VOX MEDICA Equipe de Comunicação: Amália Ceola, Cláudia Barbosa, Juliane Soska, Kamyla Medeiros, Katherine D´Ávila, Letícia Heinzelmann, Patrícia Comunello, Pryscila Silva e Sérgio Schüler. Estagiárias: Luísa Gerchman e Valentina Osório Núcleo de Pesquisa: Carolina Dorneles dos Passos, Guilherme Silva de Farias e Renata Dalazen Foletto Supervisão editorial: Paulo de Argollo Mendes Coordenação editorial: Letícia Heinzelmann Execução: ALMA DA PALAVRA Textos: Comunicação SIMERS, Fernanda Pacheco e Ricardo Bueno Edição: Fernanda Pacheco Editoração: Gilson Rachinhas e Hannah Beineke Revisão: Press Revisão Comercialização: EDITORA MERCADO Paulo Moraes – (51) 9128-2888 [email protected] Impressão: Gráfica e EDITORA PALLOTTI Tiragem: 27 mil exemplares Última atualização: 11/7/2015 Visite o site www.simers.org.br para conferir as edições anteriores da Vox Medica. SELO FSC VOX Medica | Agosto 2015 | 5 Índice Lucas Azevedo / M3 Fotoconceito seções 8 3 4 6 8 11 12 18 28 52 56 60 61 62 136 138 editorial expediente índice grupo de estudos curiosidades governo tarso parto hospitalar saúde Mental formação doação de sangue reconhecimento números panorama serviços HUMOR DESTAQUES 8 18 52 56 GRUPO DE ESTUDOS Saúde pública vive situação de colapso parto hospitalar Movimento encabeçado pelo SIMERS e pela SOGIRGS pelo parto seguro colhe os primeiros frutos FORMAÇÃO SIMERS estabelece parceria com a Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina doação de sangue Campanha homenageia doadores e incentiva este importante ato de cidadania 6 | VOX Medica | Agosto 2015 Lucas Azevedo / M3 Fotoconceito 56 Lutas 66 74 78 82 87 90 ATRASO NOS repasses 96 100 104 111 112 114 116 120 122 131 134 CANOAS Agência RBS TRÊS PASSOS ERECHIM OSÓRIO TORRES SÃO LEOPOLDO PEDIATRA NA SALA DE PARTO MUNICIPÁRIOS 66 Arquivo SIMERS CONCEIÇÃO pacS RESIDENTES Violência NOTAS POLOS REGIONAIS SANTA CRUZ DO SUL uruguaiana 87 DESTAQUES atraso nos repasses Médicos do interior sofrem com falta de pagamento em dia pediatra na sala de parto Ministério da Saúde põe em risco a saúde de mães e bebês ao retirar o profissional da sala de parto municipários da capital Katherine D’Ávila 104 Mobilização busca incorporação da Gratificação de Incentivo Médico (GIM) polos regionais Presença do SIMERS no interior protege médicos 66 100 104 134 VOX Medica | Agosto 2015 | 7 Grupo de Estudos Médicos Colapso da saúde pública A situação vivenciada pelo SUS, com atrasos em repasses e cortes de recursos tanto em nível estadual como federal, foi tema de evento promovido pelo Sindicato Médico A saúde pública gaúcha vive – E pior: não há solução a curto ou a pior crise da história do médio prazo, segundo o relato e os SUS. Esta é a avaliação números das finanças estaduais – do presidente do Sindicato Médico, Paulo de Argollo Mendes. disse o presidente do SIMERS. Em sua fala, Gabbardo informou – O quadro é de colapso – sintetizou sobre as ações a serem adotadas Argollo, após conhecer os números pelo governo. A primeira, que apresentados pelo titular da deve contar com a mobilização de Secretaria Estadual da Saúde diversos setores, será buscar mais (SES), João Gabbardo dos Reis, que recursos da União, que repassa palestrou em evento promovido pelo cada vez menos verbas a estados SIMERS. e municípios. Outras medidas em avaliação incluem empréstimos do O quadro é de calamidade. Gabbardo apontou que o déficit na pasta vai alcançar R$ 1 bilhão em 2015. O saldo negativo soma compromissos deste ano e, ainda, valores que não foram saldados pelo governo Tarso Genro. 8 | VOX Medica | Agosto 2015 Banrisul a hospitais e otimização da gestão e operação dos estabelecimentos nas regiões. Imagens: Lucas Azevedo / M3 Fotoconceito Presidente do SIMERS cobra providências do secretário estadual da Saúde Papel da União – A saúde está em colapso, mas os O presidente do Sindicato observou bancos estão muito bem – comentou que as iniciativas não têm efeito o dirigente sindical, lembrando da imediato e criticou fortemente o luta do SIMERS pela garantia da governo federal, que aplica apenas aplicação de 10% das receitas da tão grave na saúde 4% do orçamento no SUS, enquanto União para o SUS. pública do Estado. O Argollo disse ainda que outros custos quadro é de calami- repassa 48% no pagamento de juros aos bancos. pressionam a necessidade de elevar – A União respondia, em 2002, por os investimentos em saúde – a 52,05% das verbas do SUS, e estados energia elétrica, por exemplo, subiu e municípios, juntos, por 47,95%. 700% nos últimos anos, enquanto Em 2013, o quadro se inverteu, pois a tabela do SUS foi reajustada em o governo federal aplicou 42,93% apenas 95%. Nunca vivemos uma situação dade. Paulo de Argollo Mendes, presidente do SIMERS em saúde, e estados e municípios chegaram a 57,07% – detalhou. VOX Medica | Agosto 2015 | 9 Grupo de Estudos Médicos Em queda livre A União respondia por 52,05% das verbas do Sistema Único de Saúde em 2002. Onze anos Gabbardo prevê déficit de R$ 1 bilhão na saúde gaúcha em 2015 gesto de Coragem – Talvez os médicos tenham Atrasos no pagamento de médicos de se retirar dos hospitais que atuam em hospitais em para fortalecer suas receitas, diversos municípios já provocam buscando outras alternativas, redução ou restrições no como atender em consultórios – atendimento. A situação atinge completou Argollo. depois, tanto os profissionais prestadores em 2013, carteira assinada. Veja a partir da o governo federal aplicou 42,93% no SUS 10 | VOX Medica | Agosto 2015 de serviço quanto aqueles que têm página 66. – Esperamos que a população se sensibilize, pois os médicos, como outros trabalhadores, têm compromissos que precisam ser pagos e dependem da remuneração pela assistência que já prestaram – explica o presidente do Sindicato Médico. O presidente do SIMERS destacou também que há grande descontentamento dos médicos em todo o Estado e admitiu que Gabbardo foi corajoso ao enfrentar uma plateia adversa, pois a categoria está extremamente insatisfeita com a situação da saúde. Curiosidades Título: UROLITHOBENZOL Data de impressão: 1910-1916 Título: AS PILULAS CATHARTICAS DO DR. AYER Data de impressão: 1890 Fonte: livro Museu da Farmácia – Farmácia Portuguesa, de Maria Paula Basso. Edições Inapa Lisboa, 2000 VOX Medica | Agosto 2015 | 11 GOVERNO TARSO Gestão precária da saúde Shutterstock Tribunal de Contas da União realizou auditoria na Secretaria Estadual da Saúde e apontou irregularidades na contratação de serviços com verbas federais no governo anterior O jornalista Tulio Milman publicou Após esclarecimentos e em sua coluna Informe Especial no informações por parte do jornal Zero Hora informações sobre secretário da Saúde e do diretor irregularidades no processo de do Departamento de Assistência contratação de serviços de saúde Hospitalar e Ambulatorial à época, com recursos federais durante o ministro relator do processo o governo Tarso Genro. Na lista considerou que as medidas apurada pelo Tribunal de Contas anunciadas não eram suficientes da União (TCU), constam falhas para solução da situação como pagamento a prestadores de e/ou não havia comprovação serviços de saúde da rede privada da efetiva implantação das sem a formalização do competente mesmas. Em maio de 2013, contrato, pagamento indevido a foram feitas 12 recomendações à entidades filantrópicas que aderiram Secretaria Estadual da Saúde. Em ao processo de contratualização e fevereiro de 2015, foi instaurado falhas na seleção das instituições processo de monitoramento das privadas de assistência à saúde, determinações, mas ainda não em razão da inobservância de houve apreciação do caso. requisitos necessários para assegurar a legalidade e a transparência, entre outras (confira no quadro). 12 | VOX Medica | Agosto 2015 De acordo com o jornalista Tulio Em seu voto, o ministro Valmir Milman, o secretário da Saúde à Campelo entendeu oportuno observar época, ao comentar o relatório do que a maior parte das situações TCU, afirmou que todas as questões levantadas de fato se constituem em foram respondidas de forma problemas crônicos do Estado, as satisfatória e que o relator do processo quais, se por um lado justificam a reconheceu o esforço de sua gestão necessidade de adoção de medidas para sanar eventuais distorções, que mais incisivas, por outro excluem a eram resultado de práticas iniciadas possibilidade de aplicação de algum em governos anteriores. tipo de penalidade aos responsáveis da então gestão da saúde no Estado, de forma isolada. Entenda o caso 1 O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a realização de auditoria na Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul (SES) com o objetivo de examinar a regularidade do processo de contratação de serviços de saúde com recursos federais. A auditoria foi realizada entre 15 de outubro e 14 de dezembro de 2012. 2 Em razão da relevância dos fatos apurados, o TCU determinou que fossem ouvidos o então secretário da Saúde, Ciro Simoni, e o diretor do Departamento de Assistência Hospitalar e Ambulatorial, Marcos Antonio de Oliveira Lobato, para que se pronunciassem acerca das impropriedades/irregularidades. O processo foi relatado pelo ministro Valmir Campelo, que em seu voto, durante audiência na Primeira 3 Câmara do TCU, em 21 de maio de 2013, elencou 12 providências a serem adotadas pela SES. O TCU determinou, ainda, que fosse encaminhada cópia da deliberação, bem como do relatório e voto que a fundamentam, ao Ministério da Saúde, à Secretaria Estadual da Saúde do Estado, ao Conselho Estadual de Saúde/RS, ao Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), ao Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul e à Secretaria de Controle Externo da Saúde. 4 5 Em 24 de fevereiro de 2015, foi aberto processo pela Secretaria de Controle Externo (Secex-RS) do TCU para monitoramento das determinações da Primeira Câmara. O pronunciamento da Secex-RS foi concluído em 30 de março e encaminhado ao ministro Bruno Dantas Nascimento, mas ainda não houve apreciação. Os documentos não estão disponíveis, em razão do caráter confidencial do processo. VOX Medica | Agosto 2015 | 13 GOVERNO TARSO As irregularidades/impropriedades apontadas pela auditoria do tcu 1 Pagamento a prestadores de serviços de saúde da rede privada sem a formalização do competente contrato, em afronta às disposições da Portaria MS nº 1.034/2010, arts. 3 e 12. Continuidade de pagamento dos serviços de média complexidade por valor global e do 2 Incentivo à Contratualização (IAC) a hospitais filantrópicos que não atingiram o limite mínimo de produção, sem reformulação dos respectivos Planos Operativos, conforme definido na Portaria MS nº 3.123/2006, em seu art. 8º. 3 4 Pagamento indevido a entidades filantrópicas que aderiram ao processo de contratualização, uma vez que os quantitativos globais de serviços executados ficaram aquém daqueles fixados nos respectivos contratos, contrariando as orientações contidas na Portaria GM/MS nº 3.123/2006. Não designação das comissões de avaliações dos contratos firmados com entidades hospitalares filantrópicas e de ensino, conforme previsto na Portaria MS nº 635/2005, Portaria Interministerial MEC/MS nº 1.006/2004, Portaria MS nº 1.702/2004 e respectivos Termos de Contratos. Ausência ou deficiência no acompanhamento, controle e avaliação dos serviços contratados junto 5 aos prestadores, tanto da área ambulatorial como hospitalar, especialmente no caso dos hospitais filantrópicos e de ensino, conforme definido nas Portaria MS nº 635/2005, Portaria Interministerial MS/MEC nº 1.006/2004, Portaria MS nº 1.702/2004 e Manual de Orientações para Contratação de Serviços no Sistema Único de Saúde. 6 Ausência de ampla divulgação, como regra geral, das necessidades de serviços a serem contratados, especialmente na área ambulatorial, em afronta às disposições da Lei 8.666/1993, art. 3º e Manual de Orientações para Contratação de Serviços no Sistema Único de Saúde. Inconsistência do planejamento da contratação de serviços de saúde uma vez que o dimensionamento e a distribuição da oferta entre os municípios estão baseados na denominada ‘PPI/2008’, elaborada a 7 partir de critérios estritamente populacionais, contrariando as orientações contidas na LC nº 141/2012, vigente atualmente, e nos demais normativos existentes por ocasião da formalização dos respectivos processos - art. 35 e seu § 1º da Lei nº 8.080/1990, Lei nº 8.142/90, NOB 01/93, NOB 01 de 1996 e portarias regulamentadoras. 14 | VOX Medica | Agosto 2015 Definição genérica do objeto dos contratos firmados com prestadores de serviços hospitalares e ambulatoriais pagos por produção e ausência do respectivo Plano Operativo, em inobservância às orientações contidas na Portaria GM/MS 1034/2010, art. 7º, e Manual de Orientações para 8 Contratação de Serviços no Sistema Único de Saúde. Falhas na formalização dos procedimentos de seleção das instituições privadas de assistência à saúde mediante chamamento público, em razão da inobservância de alguns requisitos necessários para assegurar a legalidade e transparência do certame, na forma preconizada pelo Acórdão 2657/2007, TCU, Plenário, Lei 8.666/1993, arts. 27, 40 e 57, e Portaria 1034/2010, MS, art. 2º, tais como: ampla divulgação do certame em jornais de grande circulação; definição clara dos critérios de distribuição dos serviços a serem contratados entre os prestadores habilitados; ausência de formalização de reunião de abertura; apreciação da habilitação jurídico/fiscal e das propostas com a lavratura da 9 respectiva ata, de modo a conferir maior transparência aos atos praticados; divulgação do rol de prestadores interessados; comprovação do atendimento aos requisitos previstos na Portaria GM/MS nº 1.034/2010 para a contratação com a rede privada, a exemplo da impossibilidade de ampliação dos serviços públicos e da preferência às entidades filantrópicas e sem fins lucrativos. Pagamento de serviços gerados na atenção básica, realizados por unidades básicas/postos de saúde municipais, com recursos federais do Bloco da Média e Alta Complexidade. Ausência de definição nos contratos de prestação de serviços de saúde, tanto ambulatoriais como hospitalares, ou de designação formal, dos responsáveis pela fiscalização da sua execução, conforme determina a Lei nº 8.666/93, em seu art.67. 10 11 Pagamento a consórcios municipais em desacordo com a Resolução CIB nº 86/2010, haja vista que os serviços prestados por intermédio de terceiros contratados pelos consórcios possuem a mesma natureza dos serviços executados por prestadores contratados 12 diretamente pela SES/RS na mesma área de abrangência. Distribuição dos serviços hospitalares e ambulatoriais contratados não está compatível com os quantitativos estimados para população de cada município. 13 Fonte: TCU VOX Medica | Agosto 2015 | 15 16 | VOX Medica | Agosto 2015 VOX Medica | Agosto 2015 | 17 Parto Hospitalar Trabalho conjunto SIMERS / SOGIRGS A posição e as ações do Sindicato Médico em defesa do parto seguro, realizado em ambiente hospitar, têm mobilizado os médicos, as entidades da área e a sociedade A exaltação do parto em vidas de gestantes e de crianças casa e a disseminação da quando os partos são realizados ideia de que o ambiente por profissionais preparados, com hospitalar é desumano fizeram do capacidade técnica e experiência, chamado parto humanizado um em hospitais bem equipados. modismo que coloca em risco a vida de mães e bebês. Apoiada em exemplos de mulheres famosas, como Gisele Bündchen, que teve seus filhos em casa, a glamourização do parto domiciliar desconsidera as estatísticas e o fato de que a preservação da vida vem em primeiro lugar. Hoje, salvam-se milhares de Em maio, o Sindicato Médico aproveitou o Dia das Mães para defender o parto hospitalar em espaços de rádios, jornais e televisão e em entrevistas. O tema foi debatido em plenária convocada pelo SIMERS e pela Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (SOGIRGS). Prática de dar à luz em ambiente adequado, com procedimentos feitos por profissionais preparados e usando todos os recursos disponíveis na medicina, o parto hospitalar tem sido o responsável direto pela diminuição da mortalidade de mães e bebês 18 | VOX Medica | Agosto 2015 Imagens: Shutterstock Na pauta, estiveram os temas parto suplementar, em parceria com seguro versus parto dito humanizado, secretarias de Saúde. bem como a responsabilidade civil e criminal de profissionais que trabalham em hospitais onde são feitos partos por enfermeiras. Atendendo ao movimento e respondendo a ansiedades dos profissionais obstetras, o Conselho Regional de Medicina do Estado Também foi criada uma comissão do Rio Grande do Sul (CREMERS) encarregada de trabalhar iniciativas publicou no final de maio a que divulguem não apenas no Resolução nº 02/2015, que dispõe ambiente médico, mas também sobre as providências que devem entre as pessoas leigas e pacientes, ser tomadas quando do atendimento o fato de existir uma exacerbação no envolvendo complicações em casos romantismo do parto dito humanizado. de partos domiciliares e de partos A ideia é produzir materiais impressos, hospitalares ou realizados em outras como manuais ou cartilhas, e realizar instituições de saúde. ações de comunicação junto ao SUS e a pacientes da área de saúde VOX Medica | Agosto 2015 | 19 Parto Hospitalar – Percebemos a necessidade de amparada por dados científicos, tão uma providência no sentido de necessários para dimensionar os defender a gestante e o recém- riscos que envolvem o parto fora do nascido – explicou o presidente ambiente hospitalar. do CREMERS, destacando que a campanha do parto domiciliar não é RESOLUÇÃO CREMERS Nº 02/2015 Abaixo, os artigos da resolução do Artigo 4º Os serviços de prestação de Conselho Regional de Medicina do Estado assistência médica (hospital, UPA’s, do Rio Grande do Sul sobre parto seguro. UBS e outros) devem comunicar ao O documento na íntegra está disponível no CREMERS, através de relatório, no prazo site do CREMERS. máximo de 72 horas após o atendimento, Artigo 1º É atribuição do Diretor Técnico assegurar à gestante e ao recém-nascido atendimento com uma equipe médica completa e permanente de obstetras, pediatras e/ou neonatologistas e complicações de “partos domiciliares” ou de partos hospitalares ou realizados em outras instituições de saúde por não médicos. anestesistas, bem como os equipamentos Artigo 5º Ocorrendo o óbito da gestante, necessários ao acompanhamento óbito fetal ou infantil, nas circunstâncias obstétrico. previstas no artigo 3º e seus parágrafos, Artigo 2º É atribuição do Diretor Técnico do estabelecimento de saúde tomar as providências cabíveis para que a gestante e o recém-nascido, durante o período de e artigo 4º, caput, os médicos que prestaram assistência aos pacientes não são obrigados a emitir Declaração de Óbito. internação, tenham médico assistente Artigo 6º O Diretor Clínico deve orientar responsável, desde a internação até a alta. os médicos que compõem o Corpo Artigo 3º Nos hospitais nos quais o parto e o atendimento do recém-nascido são realizados por profissionais não médicos autorizados pela Administração e Direção Clínico a respeito do cumprimento da presente Resolução, cabendo à Comissão de Ética da instituição fiscalizar seu fiel cumprimento. Técnica do hospital, o Diretor Técnico Artigo 7º Esta Resolução entra em vigor assume a responsabilidade médica pelo na data de sua publicação. atendimento e internação hospitalar. 20 | VOX Medica | Agosto 2015 sempre que atenderem gestantes com Vitória do parto seguro 6 de maio de 2015 7 de maio de 2015 Minuto SIMERS veiculado pelo O parto seguro foi levado a debate em Sindicato Médico nas rádios de Porto assembleia geral inédita na sede do Alegre. Aponte seu smartphone para Sindicato Médico. A plenária foi uma o QR Code e conheça o conteúdo da convocação conjunta do SIMERS e da mensagem. Antes, é preciso baixar Associação de Obstetrícia e Ginecologia um aplicativo leitor de QR Code. do Rio Grande do Sul (SOGIRGS). 7 de maio de 2015 11 de maio de 2015 Foi formada uma comissão Comercial veiculado pelo SIMERS que dará continuidade às em horário nobre na Rede Globo de discussões. televisão, por ocasião da passagem do Dia das Mães, defendeu o parto seguro. 21 de maio de 2015 CREMERS edita a Resolução nº 02/2015 sobre parto seguro, em defesa das gestantes e dos recém-nascidos. VOX Medica | Agosto 2015 | 21 Parto Hospitalar Parto humanizado em hospital Rosane de Oliveira Editora e colunista do jornal Zero Hora, âncora da Rádio Gaúcha e comentarista da TVCOM Artigo publicado em 13 de junho de 2015 no jornal Zero Hora Na casa da minha infância havia Cortava-se o cordão umbilical com uma imagem de Nossa Senhora do a mesma tesoura usada para cortar Bom Parto, rodeada de bebês em tecidos, sem esterilização e, na seus bercinhos. A ela minha mãe maioria das vezes, sem uma gota de é grata por ter tido cinco filhos de álcool para descontaminar. parto natural, em casa, com a ajuda de parteiras que exerciam o ofício por intuição, com conhecimentos rudimentares de anatomia, transmitidos de geração em geração. A fé em Nossa Senhora se justificava: era comum a mulher morrer de parto. Como eram comuns nos cemitérios do interior do Rio Grande do Sul os pequenos túmulos de crianças que pereciam ao nascer ou antes de completar um ano. 22 | VOX Medica | Agosto 2015 Boa parte morria de uma doença naquele momento: a confiança de conhecida como “mal dos sete dias” que, se alguma coisa desse errada, que, hoje se sabe, nada mais era estaríamos em boas mãos. do que infecção no umbigo. Com frequência, circulava a notícia de uma mulher que “teve uma recaída” e morreu dias depois do parto. Quatro anos depois, nasceu a Luiza, em outra cesárea humanizada, dessa vez no Hospital Moinhos de Vento, com o dr. Dullius no bisturi e Não era por opção que as mulheres o pediatra Mário Galvão esperando tinham seus bebês em casa. Era para receber a menina de 3,945 kg, por falta de médicos e de hospitais. enquanto a assistente comentava Hoje, como diz uma propaganda do uma crônica da colega Martha Sindicato Médico, não se ouve mais Medeiros. falar em “morreu de parto”, mas é crescente o número de mulheres que pregam o “parto humanizado”, como se ele só fosse possível fora do ambiente hospitalar. Conto essa experiência preocupada com a glamourização do parto em casa e com a disseminação da ideia de que o ambiente hospitalar é desumano. Contribuem para esse Tenho dois filhos, nascidos do fascínio as histórias de mulheres que eu chamaria de “cesáreas famosas, como a modelo Gisele humanizadas”. O primeiro, hoje Bündchen, que teve os dois filhos com 24 anos, estava com o cordão em casa – mas com todas as enrolado no pescoço e, com a bolsa possibilidades de acesso a uma rompida e a perspectiva de um longo UTI neonatal, se fosse preciso. O trabalho de parto, meu obstetra, que precisamos, especialmente no Luiz Fernando Dullius, sugeriu a SUS, é de vagas nas maternidades cesárea. Eduardo não nasceu ao e de relações mais humanas entre som de Chopin, mas o dr. Dullius e médicos e pacientes, e não de sua equipe no Hospital Mãe de Deus modismos que coloquem em risco a me deram o que mais precisava vida de mães e bebês. VOX Medica | Agosto 2015 | 23 Parto Hospitalar Audiência pública debate “parto humanizado” Projeto de lei leva o tema parto hospitalar versus parto domiciliar para o Legislativo A udiência pública na – No artigo 2 do PL há um claro Assembleia Legislativa estímulo ao parto domiciliar. avaliou o projeto de lei Esta prática é adotada há do deputado federal Jean Wyllys várias décadas em (Psol-RJ) sobre a “humanização” países desenvolvidos da do parto. O Sindicato Médico e Europa e nos Estados Unidos, a Sociedade de Ginecologia e mas após análise de grandes Obstetrícia do Rio Grande do Sul estudos e das fortes evidências (SOGIRGS) estiveram presentes científicas contrárias ao parto e defenderam o parto da forma domiciliar, este vem sendo mais segura e humana possível. desaconselhado nestes No entanto, da forma como o projeto está redigido e frente à realidade da atual assistência obstétrica brasileira, concluíram que este não acrescentará melhorias no atendimento às gestantes e poderá colocar em risco a saúde das Shutterstock mulheres e seus bebês. 24 | VOX Medica | Agosto 2015 países pelo risco aumentado de morte do recém-nascido – alertou o diretor da SOGIRGS Gustavo Steibel. Com base nestas evidências científicas, o SIMERS e a SOGIRGS apresentaram posicionamento contrário ao parto domiciliar pelo risco de morte e agravos ao recém-nascido. Katherine D’Ávila SIMERS e SOGIRGS estiveram representados no evento realizado na Assembleia gaúcha – Não há dúvida de que o ao desejo de uma cesárea, lar é mais confortável que o caso tenha cesárea prévia ou hospital, porém tornar o apresentação fetal pélvica. hospital mais acolhedor é uma tarefa muito mais fácil que tornar o lar um lugar seguro para o nascimento de um filho – completou Steibel. – A SOGIRGS e o SIMERS defendem o respeito à autonomia da paciente de forma integral, quer seja na escolha do parto normal O diretor aproveitou o debate ou da cesárea. Mas é para esclarecer o que se preciso considerar também refere à autonomia da gestante a autonomia do médico que e o que propõe o texto. assistirá ao parto e seu direito de Segundo ele, o projeto trata o não aceitar escolhas que possam assunto de forma parcial, colocar em risco o binômio uma vez que só considera a mãe e feto. Este direito/dever autonomia da gestante em é previsto no Código de Ética decisões relacionadas ao Médica – ponderou Steibel. parto vaginal e não menciona em nenhum momento a autonomia da paciente frente VOX Medica | Agosto 2015 | 25 Parto Hospitalar Tornar o hospital mais acolhedor é muito mais fácil que tornar o lar um lugar seguro para o nascimento de um filho Em relação ao Plano de Parto, estimulará a cisão da equipe Steibel define como distorcida a assistencial com a parturiente apresentação do tema no PL. – disse. De acordo com o especialista, esta prática, quando realizada em conjunto (paciente/ equipe de pré-natal/equipe de assistência ao parto), contribui muito com a satisfação da paciente e o desfecho favorável do parto. Sobre o índice de cesáreas realizadas no Brasil, o PL contempla que o procedimento não deveria ultrapassar os 15% preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e que, excedido este número, as maternidades serão proibidas – Do modo como está colocado de realizar cesarianas. Para no texto do projeto de o diretor da SOGIRGS, este lei, ele será construído item coloca em grave risco as pela gestante, de forma gestantes e recém-nascidos. unilateral, sem participação da Steibel também criticou as altas equipe assistencial, tornando taxas de cesariana praticadas este um instrumento frágil e em nosso País, embora muitas vezes inexequível, o entenda que as metas de 10% que fatalmente acarretará em a 15% preconizadas pela OMS frustação da gestante e sejam inalcançáveis em nossa sociedade. t Ka he rin e il Áv D’ a 26 | VOX Medica | Agosto 2015 VOX Medica | Agosto 2015 | 27 saúde mental O flagelo do crack Consumo ganhou caráter de epidemia e comprova que política antimanicomial é um fracasso. Legislação precisa ser revista com urgência, em prol da saúde pública Imagens: Shutterstock VOX Medica | Agosto 2015 | 29 saúde mental J O número de usuários de crack no País gira em torno de 1,2 milhão, e a média de idade para início do uso da droga é de apenas 13 anos. não apenas à noite, mas, também, A estimativa tem base em dados durante o dia. Onde? Em qualquer do censo do Instituto Brasileiro lugar: deitados pelas calçadas, de Geografia e Estatísticas (IBGE) sozinhos ou em grupos. As vítimas e foi apresentada no lançamento do crack vêm perdendo a condição da Frente Parlamentar Mista de de seres humanos ao se reunirem Combate ao Crack, na Câmara no seu ambiente particular, as Federal. chamadas cracolândias, que se – O vício em crack tornou-se um espalharam rapidamente pelas caso de saúde pública que está grandes cidades do País. beirando níveis epidêmicos e é um Os números assustam: o Brasil enorme desafio para as autoridades ocupa o terceiro lugar no ranking de brasileiras. E desafios têm que ser maior consumidor mundial de crack, enfrentados. Os gestores da saúde segundo dados da Junta Internacional pública, contudo, estão parados, de Fiscalização a Entorpecentes inertes, nada fazem – alerta o (Jife), órgão ligado à Organização das presidente do Sindicato Médico, Nações Unidas (ONU). Paulo de Argollo Mendes. á vai longe o tempo em que zumbis eram apenas personagens de livros e filmes. Hoje, eles estão nas ruas e podem ser avistados O crack, droga derivada da cocaína, adaptada para ser fumada, tem um efeito rápido e devastador no organismo do consumidor 30 | VOX Medica | Agosto 2015 O fechamento de leitos dedicados a doentes mentais, a crescente desospitalização dos pacientes e a falta de centros psicossociais de álcool e drogas só agravam o problema da saúde mental do Brasil e no Rio Grande do Sul, e vão na contramão do aumento da população e do crescimento da epidemia de crack. Revisão da lei A revisão da chamada Lei Antimanicomial gaúcha (Lei nº 9.716, de 7 de agosto de 1992) é uma luta do Sindicato Médico. – Havia uma previsão de análise em cinco anos, mas passaram-se mais de 20, estamos caminhando para os 25 anos, e esta revisão não foi feita – lamenta Argollo. O Sindicato Médico, junto com a Associação Brasileira em Defesa dos Usuários de Sistemas de Saúde (Abrasus) e a Sociedade de Apoio ao Doente Mental (Sadom), solicitou à Ordem dos Marcelo Camargo / Agência Brasil Advogados do Brasil (OAB-RS) Cracolândias se espalham pelo País expondo uma dura e triste realidade: o desamparo VOX Medica | Agosto 2015 | 31 saúde mental estudos da lei estadual e também da – Em minha opinião, não existe Lei Federal 10.216, que é de 2001. A polêmica. Não adianta nos ideia é, a partir deste estudo, pleitear dividirmos em grupos a favor e junto à Assembleia Legislativa a contra a hospitalização. Precisamos revisão da legislação em vigor. desarmar as ideias conflitantes O tema é polêmico e o debate, acirrado, com opiniões contra e a favor, como se constatou em recente audiência pública na Assembleia Legislativa. O Sindicato Médico defende que é preciso recuperar estabelecimentos como o Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP), que é referência em saúde mental, inclusive na formação de médicos residentes, e saúda as medidas neste sentido que têm sido adotadas pelo governo do Estado. e melhorar o atendimento aos pacientes – defende o diretor do SIMERS Germano Bonow. A grande preocupação do SIMERS e dos médicos é com a desassistência que se verifica atualmente. Nos Estados Unidos, pelo menos 4,1 milhões de pessoas usam cocaína de forma inalada ou fumada 32 | VOX Medica | Agosto 2015 Imagem: jornalismoatodahora.com.br Verdades assustadoras 1 2 Segundo dados da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a 3 O perfil do usuário de crack vem mudando a cada ano, atingindo todas mortalidade associada ao crack é de as classes sociais. Segundo dados da 30%, sendo que metade das vítimas Secretaria de Saúde do Estado de São morre em confrontos violentos com Paulo, entre 2006 e 2008 o número traficantes ou policiais. de usuários de crack com renda O avanço da droga na infância, segundo um levantamento da Secretaria de Saúde de São Paulo, mostra que, em dois anos, dobrou o número de crianças e adolescentes em tratamento contra a dependência de crack. Há casos de familiar acima de R$ 10 mil aumentou 139,5%. Em algumas das mais caras clínicas particulares de tratamento de dependências químicas em São Paulo, cerca de 60% das internações são de usuários de crack. crianças com 10 ou 11 anos viciadas na droga, o que está levando a outro grave problema: mães desesperadas estão prendendo seus filhos com correntes e cadeados para afastá-los do crack. VOX Medica | Agosto 2015 | 33 saúde mental Entenda a situação no Brasil e no Estado O diretor do SIMERS Germano Em paralelo, também em meados Bonow, que tem vivenciado a da década de 1980, surgiu no País questão da saúde mental no Estado um movimento nacional contra os e no Brasil desde a década de manicômios. O deputado federal 1970, resumiu durante entrevista Paulo Delgado (PT-MG) fez um para a TV SIMERS a política de projeto de lei por meio do qual saúde mental nos últimos 50 anos e desapareceriam os grandes hospitais explicou por que o SIMERS é contra psiquiátricos. O documento deu a desospitalização de pacientes. entrada no Congresso Nacional em Em 1972, mais de 5 mil pacientes estavam internados no Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP). A situação era semelhante em todo o País. Os chamados manicômios estavam lotados e alguns locais não ofereciam condições adequadas à vida humana. No Rio Grande do Sul, foi implantado um plano para que as pessoas pudessem ser tratadas em suas casas. Caiu drasticamente o número de pacientes internados: na década de 1980, eram pouco mais de mil. Ao invés de buscar reestruturar esses hospitais, a solução encontrada pelo governo foi bem mais simples: mandar os doentes para casa. 34 | VOX Medica | Agosto 2015 1989 e somente no ano de 2001, após 12 anos de tramitação, a Lei Federal 10.216 foi sancionada. Enquanto isso, em diferentes Estados, inclusive no Rio Grande do Sul, surgiam leis estaduais. A legislação gaúcha é de 1992 e tem um artigo que impede a construção e reforma de novos hospitais. A chamada Lei da Reforma Psiquiátrica instituiu um novo modelo de tratamento aos transtornos mentais no Brasil. Qual a proposta? Desativar o hospital psiquiátrico, oferecer leito no hospital geral e criar ambulatórios especializados, os chamados Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs). Nos últimos anos, foram fechados 90 mil leitos Juliane Soska psiquiátricos no País. Hoje, são pouco mais de 30 mil. Enquanto isso, a população cresceu o equivalente a uma Argentina, em 40 milhões. Será que colocamos à disposição da nossa população os vários métodos alternativos necessários – como a residência terapêutica e os Caps? Germano Bonow, diretor do SIMERS Para os pacientes que estavam Até 2011, por exemplo, não há muitos anos nos hospitais havia no País nenhum CAPs e não tinham para onde ir, AD (Álcool e Drogas) 24 horas. seriam criadas as residências Eles fechavam no final da tarde terapêuticas. e nos finais de semana. Hoje, A desospitalização aconteceu. O atendimento e acolhimento aos pacientes ficou apenas na proposta. Não existem leitos psiquiátricos em hospitais são menos de 2 mil CAPs em todo o País – que tem 5,5 mil municípios. CAPs de nível 3, com psiquiatra 24 horas, há apenas dois no Rio Grande do Sul. gerais e nem CAPs em número E, apara agravar tudo, a suficiente. sociedade foi atropelada pela epidemia das drogas. A questão é de velocidade. O fechamento dos hospitais psiquiátricos foi muito rápido, enquanto a criação de CAPs, muito lenta. Resultado: desassistência. Esta é a situação que o País vive no momento. Para minimizar a situação, criaram-se comunidades terapêuticas, algumas sob controle de pessoas não habilitadas para a difícil tarefa. Mais uma vez a ausência e a omissão do Estado expõem os doentes às mais diversas O vício no crack acontece em velocidade absurda. Pesquisas apontam que em apenas um mês o usuário passa de eventual a dependente situações de risco. VOX Medica | Agosto 2015 | 35 saúde mental Política estadual em debate Estratégia articulada e baseada em conhecimento científico é elogiada e sinaliza para mudança no cenário atual de desalento A utoridades da saúde no As iniciativas estão centradas na Estado, representantes prevenção de suicídios. de entidades médicas O tema será objeto de e funcionários do Hospital capacitação de 8 mil agentes Psiquiátrico São Pedro (HPSP) comunitários de saúde, por acompanharam a apresentação meio do ensino à distância. da Política Estadual de Saúde Também será implantado o Mental do Estado, realizada sistema de georreferenciamento pelo atual coordenador da das tentativas de suicídio, para área e médico psiquiatra, embasar programas de prevenção Luiz Carlos Illafont Coronel. e controle que terão ênfase nas Estavam presentes a secretária regiões onde os índices são mais extraordinária de Políticas preocupantes. Sociais e primeira-dama do Estado, Maria Helena Sartori, e o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, além de médicos psiquiatras e do presidente do Sindicato Médico, Paulo de Argollo Mendes. 36 | VOX Medica | Agosto 2015 Imagens: Amália Ceola Drogas e álcool A postura é elogiada pelo Coronel afirmou também que o Sindicato Médico e por outras foco está no enfrentamento das entidades da área da saúde, epidemias, como as do crack e que vêm lutando em defesa da da violência. Neste sentido, ele preservação das instituições de propõe ações como o aumento acolhimento. Enfrentamento da epidemia de crack e do suicídio são duas prioridades do governo Sartori do número de equipes de Estratégia de Saúde da Família e dos Centros de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (CAPs AD). A ideia é capacitar equipes multidisciplinares. – A massa desassistida será o foco da atenção, e vamos incluir os excluídos no sistema de saúde – prometeu o coordenador de Saúde Mental do Estado. Para o presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes, depois da fracassada política de saúde mental implantada na União e no Estado, é alentador ver uma estratégia articulada e baseada no conhecimento científico. Ele lembrou, ainda, a importância do Hospital São Pedro, que é hoje uma referência de qualidade em assistência e ensino. VOX Medica | Agosto 2015 | 37 saúde mental Cerimônia foi prestigiada por autoridades, entidades ligadas à saúde e profissionais do HPSP Já o presidente da Sociedade de do que deverá vir a ser uma Psiquiatria do Rio Grande do Sul, carreira de Estado em medicina, Carlos Salgado, acredita que se a qual incluirá, é claro, todas deve pensar o leito psiquiátrico as especialidades – explicou como espaço a ser qualificado, Salgado. estando adequado ao melhor conhecimento médico daquele momento, de forma a que se integre em uma rede complexa de atenção ao doente mental em todos os níveis. 38 | VOX Medica | Agosto 2015 Para o deputado federal e médico Osmar Terra (PMDB-RS), a política de saúde mental hoje, no Brasil, não tem resultados efetivos. Segundo o parlamentar, é necessário reavaliar a política, – E nesse sentido mais amplo, fazer uma revisão baseada em da inserção da psiquiatria na conceito científico. Terra acredita comunidade, temos que valorizar que é necessário trabalhar com a essa iniciativa do governo do medicina baseada em evidências. Estado, junto com o SIMERS, no É a única maneira das políticas sentido de planejar e de lançar apresentarem resultados para a estrada inicial, digamos assim, toda a população. Marcelo Camargo/Agência Brasil CAPs AD no Rio Grande do Sul Estrutura brasileira e gaúcha Município Alegrete 1 Alvorada 1 Bagé 1 Bento Gonçalves 1 500 cidades –, a Secretaria Estadual de Saúde Canguçu 1 informa que, em setembro de 2014, havia 28 CAPs Erechim 1 No Brasil, existem atualmente – para os mais de 5 mil municípios – 306 CAPs Álcool e Drogas (AD) e 72 CAPs AD 24h. No Rio Grande do Sul – com quase AD e 16 CAPs AD 24h. CAPs AD 24 horas no Rio Grande do Sul Município Esteio 1 Farroupilha 1 Gravataí 1 Ijuí 1 Lajeado 1 Nova Palma 1 Augusto Pestana 1 Novo Hamburgo 1 Canoas 2 Passo Fundo 1 Caxias do Sul 2 Pelotas 1 Cruz Alta 1 Porto Alegre 2 Porto Alegre 3 Rio Grande 1 Santa Cruz do Sul 1 Santa Maria 2 Santo Ângelo 1 Santana do Livramento 1 São Borja 1 Santa Rosa 1 São Lourenço do Sul 1 Santiago 1 São Luiz Gonzaga 1 São Leopoldo 1 Uruguaiana 1 São Sepé 1 Viamão 1 Sapucaia do Sul 1 16 Taquara 1 Fonte: Sala de Apoio à Gestão Estratégica do SUS e SES-RS Venâncio Aires 1 28 VOX Medica | Agosto 2015 | 39 saúde mental Luta pelo São Pedro A desospitalização de pacientes, determinada em janeiro de 2013, foi suspensa. Entidades de saúde haviam protocolado ação na Justiça Estadual contra a medida Foto: projetoreciclandovidas.files.wordpress.com 40 | VOX Medica | Agosto 2015 U ma grande vitória para a saúde Instituições da área da saúde haviam mental foi conquistada em maio protocolado ação na Justiça Estadual com o com a revogação da Portaria objetivo de suspender a determinação. 25/2013, da Secretaria Estadual da Saúde Mas não foi preciso aguardar o final da ação: (SES), que determinava a desospitalização o governo do Estado foi sensível ao clamor e dos pacientes da área asilar do Hospital revogou a determinação anterior através da Psiquiátrico São Pedro (HPSP). Portaria 756/2015. VOX Medica | Agosto 2015 | 41 saúde mental – Esta é uma grande vitória na luta contra o desmonte do São Pedro e a desassistência aos pacientes. Existem pessoas que precisam de tratamento hospitalar, e o São Pedro é referência neste segmento – comemorou Paulo de Argollo Mendes. Sao Pedro Hoje Também participaram desta breves. O hospital é referência luta a Federação Sindical dos de atendimento em saúde Servidores Públicos no Estado mental pelo SUS em uma área do RS (Fessergs), o Sindicato com população superior a 4 dos Servidores da Saúde do milhões de habitantes (Região RS (Sindissama), a Associação Metropolitana e Litoral Norte). O Hospital Psiquiátrico São Pedro tem atualmente 130 leitos, dos quais 30 para dependência química de adultos e mais dez para tratar menores usuários de drogas. As vagas restantes são destinadas a pacientes com transtornos psiquiátricos e que necessitam de internações de Psiquiatria do RS (APRS) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Imagens: Arquivo SIMERS Momento em que foi protocolada ação na Justiça Estadual 42 | VOX Medica | Agosto 2015 Em defesa do HPSP A defesa do Hospital Psiquiátrico São Pedro tem sido uma luta do Sindicato Médico, junto com outras entidades ligadas à saúde e, também, com apoio da sociedade. Veja algumas das ações realizadas em 2014: JANEIRO de 2014 SIMERS publica apedido nos jornais de Porto Alegre denunciando desmonte do São Pedro. FEVEREIRO de 2014 Entidades médicas pedem ao Ministério Público Estadual para que interceda contra a redução de vagas de residência médica no HPSP. A pedido do MPE, o SIMERS elabora um dossiê detalhando o assunto. Maio de 2014 Promovido o Abraço ao São Pedro, que contou com cerca de 300 participantes. Manifestantes cobram mais respeito aos direitos dos pacientes, valorização dos profissionais e investimentos na estrutura. Julho de 2014 Audiência pública na Assembleia Legislativa defende que não seja diminuído o número de vagas da residência médica no São Pedro. O ato denunciou o corte de vagas de formação de psiquiatras, a transferência de pacientes e a redução da assistência à população no Hospital Psiquiátrico São Pedro. NOVEMBRO de 2014 Entidades protocolam ação judicial contra a desospitalização do Hospital São Pedro. VOX Medica | Agosto 2015 | 43 M.Pansard (www.panoramio.com) São Pedro: referência no atendimento em saúde mental pelo SUS para 4 milhões de habitantes Hospital de excelência Fundamental no tratamento da saúde mental, o São Pedro se destaca por uma história de pioneirismo e acolhimento O dia 29 de junho de 1884 A ideia era que o Hospital Psiquiátrico pode ser considerado um São Pedro (HPSP), localizado na atual divisor na história dos avenida Bento Gonçalves, não fosse cuidados com as vítimas de doenças apenas um espaço de exclusão dos mentais na capital gaúcha. Foi nesta alienados, mas um local terapêutico e data que o quinto hospício do País foi que colaborasse para a redução dos inaugurado e recebeu seus primeiros transtornos mentais, o que era um 41 moradores (25 oriundos da Santa diferencial para a época. Casa e 16, da Cadeia Pública). 44 | VOX Medica | Agosto 2015 reconhecida e foram retirados da prisão. – O Hospital São Pedro tem uma história muito bonita. Adotou práticas inovadoras para a época, importadas da França. Foi referência para a América Latina desde Neusa Lehugeuer / Panoramio Muitos pacientes tiveram a sua doença a sua fundação – conta Paulo de Argollo Mendes, presidente do SIMERS. Com o passar dos anos, o HPSP foi estatizado, inaugurou a Colônia Agrícola, transformou-se em hospital, implantou farmácia própria, inseriu oficinas de criatividade e horticultura. Também foi de reciclagem, para gerar renda para moradores do Residencial Terapêutico e da Vila São Pedro. – Infelizmente, no final dos anos 1980 e Rafael Cabeleira / SOP implantado, mais recentemente, o galpão nos 1990, o Hospital São Pedro sofreu uma campanha difamatória – lembra Argollo. No início dos anos 2000, em cumprimento à Lei da Reforma Psiquiátrica 9761/92, o Hospital São Pedro foi dividido em uma área de moradia, com a criação dos residenciais terapêuticos, e uma área hospitalar, com pouco mais de cem leitos. Importante também é o papel da instituição, ainda hoje uma referência conceituada, na formação de novos médicos, através da residência médica Corredores dos HPSP estão repletos de história em psiquiatria. VOX Medica | Agosto 2015 | 45 saúde mental Desumanidade SIMERS debate falta de médicos e condições de trabalho no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF) A crise no Instituto Psiquiátrico Bonow fez uma fala abrangente, Forense (IPF), em Porto contextualizando a problemática da Alegre, passa inicialmente saúde mental no Estado, ressaltando por uma questão sanitária: há que é inadmissível fechar leitos problemas na infraestrutura básica e sem oferecer alternativas para os nas condições de higiene. pacientes. Contudo, a precariedade e a falta de profissionais são dificuldades importantes do local. Esta é a opinião do diretor do Sindicato Médico Germano Bonow, que participou do Fórum Interinstitucional Carcerário (FIC), realizado no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). De acordo com os médicos, o último O debate foi consequência justamente concurso público para psiquiatras foi da situação em que se encontra o realizado há mais de 20 anos. IPF, que sofre com falta de servidores e de profissionais da saúde, escassez de recursos e problemas de estrutura física, tudo amplamente divulgado pela imprensa. 46 | VOX Medica | Agosto 2015 Ele lembrou, também, que é preciso ampliar o número de médicos no Instituto, que conta atualmente com um quadro de 11 psiquiatras e um clínico para realizar os atendimentos. Imagens: Juliane Soska Visita ao IPF Os médicos irão protocolar O diretor do SIMERS Jorge Eltz documento sobre o assunto esteve reunido com o corpo no Conselho Regional de clínico do IPF e ouviu o relato das Medicina (CREMERS) e também condições de trabalho no local. encaminharão o texto, contendo De acordo com o grupo, eles a descrição do estado em que se são responsáveis também pela encontra o IPF, incluindo a falta elaboração de laudos, perícias de condições de trabalho e a internas e plantões no Instituto. escassez de profissionais, para o Ministério Público do Estado. Fórum Interinstitucional Carcerário, realizado no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) VOX Medica | Agosto 2015 | 47 48 | VOX Medica | Agosto 2015 VOX Medica | Agosto 2015 | 49 SERVIÇOS DE EXCELÊNCIA QUE FACILITAM A SUA VIDA. PROTEÇÃO GESTÃO INFORMAÇÃO • Plantão 24 horas • Imposto de Renda • Fundo editorial • Assessoria jurídica • Livro caixa • Cartilhas e guias • Seguros • Contabilidade • MedicinaNet • Cartilhas e guias • Receituários • Certificação Digital • Assessoria ao Médico Empregador Utilize os serviços do SIMERS, que são reconhecidos por sua excelência e diversas premiações, tais como ISO, PGQP, Certificação OHSAS de Saúde e Segurança Ocupacional, Top de Marketing e Top Ser Humano. Saiba mais em www.simers.org.br 50 | VOX Medica | Agosto 2015 VOX Medica | Agosto 2015 | 51 Amália Ceola Argollo e Jobim firmaram parceria para realização de eventos de cunho científico Formação Parceria SIMERS e Academia Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina e SIMERS promovem eventos científicos periódicos no Estado. O primeiro foi realizado em junho A 52 | VOX Medica | Agosto 2015 obesidade como fator de cada mês, a Academia realiza uma risco e sua relação com a mesa de debates ou palestra com saúde pública foi o tema temas relevantes para profissionais que marcou a estreia do Sindicato e acadêmicos, tendo agora o Médico como parceiro da Academia SIMERS como apoiador da iniciativa, Sul-Rio-Grandense de Medicina contribuindo também na divulgação em uma programação científica dos eventos junto aos seus associados periódica. No último sábado de e estudantes. – A iniciativa proporciona a médicos No dia 25 de julho, o tema do encontro e acadêmicos a oportunidade de com Martin Ritter Whittle, diretor do assistir a palestras de grandes nomes Laboratório Genomic, de São Paulo, sobre temas relevantes – explicou foi O presente e o futuro da biologia o presidente do SIMERS, Paulo de molecular aplicada à Medicina. Com Argollo Mendes. formação em Bioquímica e Medicina – Quero saudar a presença do Argollo e agradecer o apoio do Sindicato Médico, que traz uma importante contribuição, inclusive na divulgação da iniciativa, o que já ocorreu com a veiculação de um informativo nos jornais da capital – registrou o presidente da Academia, Luiz Fernando Jobim. na Universidade de Oxford, Whittle tem inúmeras contribuições na área de estudos da Medicina Personalizada na era do DNA. Seu último desenvolvimento foi a implantação de testes de última geração no diagnóstico de tumores de mama, análise de marcadores moleculares de doenças do coração, entre outros estudos. Obesidade e políticas públicas em debate O oncologista e vice-presidente da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina, Gilberto Schwartsmann, coordenou a mesa intitulada Obesidade: um fator de risco removível em saúde pública, que contou com três palestras: Obesidade e doenças cardiovasculares, com a médica Carisi Polanczyk (UFRGS) Obesidade e doenças metabólicas, com a médica Lenara Golbert (UFCSPA) Obesidade e câncer, com o médico Sérgio Lago (PUCRS) VOX Medica | Agosto 2015 | 53 Formação Ricardo Bueno Acima, da esquerda para a direita: Lago, Lenara, Schwartsmann e Carisi. Na página ao lado, momentos das palestras Obesidade e políticas públicas em debate O sobrepeso e a obesidade são – Como se trata de um fator de fatores reconhecidos em saúde risco removível em saúde pública, pública como causadores de ou seja, passível de controle por morbimortalidade cardiovascular, medidas preventivas e intervenções relacionada à aterosclerose, diabete pela equipe de saúde, consideramos mélito, hipercolesterolemia e outras que o tema merecia ser incluído em anormalidades metabólicas. Mais nosso programa científico – destacou recentemente, uma associação entre o professor e médico Luiz Fernando obesidade e risco de neoplasias tem Jobim, presidente da Academia Sul- sido descrita, sobretudo em relação Riograndense de Medicina. ao câncer de endométrio, câncer de mama na pós-menopausa, câncer de rim, cólon, tireoide, adenocarcinoma de junção esôfagogástrica, entre outros. Além disto, a tolerância ao tratamento oncológico e os índices de recidiva parecem ser também afetados negativamente pela obesidade. 54 | VOX Medica | Agosto 2015 Em sua intervenção, Carisi Polanczyk citou que a obesidade atinge em torno de 12% da população mundial. No Brasil, os dados revelam que 43% da população adulta têm excesso de peso e em torno de 17,5% são considerados obesos. Imagens: Arquivo CREMERS Segundo a médica, os benefícios da – Criança obesa, em geral, se perda de peso são inquestionáveis transforma em adulto obeso – na diminuição dos fatores de risco afirmou a médica. em doenças cardiovasculares. Ao listar dieta, atividade física, alterações comportamentais, uso de fármacos e cirurgia como os fatores que, nesta ordem, são os mais importantes no manejo de doenças cardiovasculares provocadas pela obesidade, a médica enfatizou que, atualmente, a prioridade deve estar na prevenção, mais do que no tratamento. Por sua vez, Sérgio Lago destacou que a partir de 2012 a batalha os esforços contínuos nas questões sobre o aumento da incidência de adenocarcinoma de esôfago, nos Exercício físico já pode ser con- nas mulheres, como doenças com siderado um quimio- risco bastante aumentado em razão terápico importante. da obesidade. Ao lembrar que, uma pessoa obesa, o quadro será como elemento essencial para se ainda pior se este indivíduo não detectar propensão às doenças emagrecer, Lago não teve dúvidas metabólicas provocadas pela em afirmar: que, atualmente, o tecido adiposo Lenara Golbert homens, e câncer de endométrio, medida da circunferência abdominal mulheres, de 88cm. Ao destacar forma em adulto obeso. oncológicas. Lago apresentou dados uma vez diagnosticado câncer em homens o limite é de 102cm e para sa, em geral, se trans- contra a obesidade passou a integrar Já Lenara Golbert enfatizou a obesidade, registrando que para os Criança obe- Sérgio Lago – Exercício físico já pode ser considerado um quimioterápico importante. é considerado um órgão endócrino, Lenara frisou que é preciso atenção especial à infância. VOX Medica | Agosto 2015 | 55 56 | VOX Medica | Agosto 2015 Imagens: Lucas Azevedo / M3 Fotoconceito RESPONSABILIDADE SOCIAL Homenagem aos doadores de sangue O Sindicato Médico se iluminou de vermelho para incentivar este importante ato de cidadania praticado por apenas 1% dos brasileiros D oar sangue faz bem à saúde. Este foi o tema da campanha realizada pelo Sindicato Médico no mês de junho. Se de 3% a 4% da população tivessem o hábito de doar sangue, não haveria dificuldades com estoques, afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, ainda estamos bem longe dessa marca: segundo o Ministério da Saúde, pouco mais de 1% da população pratica regularmente este ato de amor e cidadania. Por isso, o SIMERS decidiu marcar o Dia Mundial do Doador de Sangue, comemorado em 14 de junho, iluminando de vermelho a sua sede e, também, o prédio do Museu de História da Medicina (MUHM). VOX Medica | Agosto 2015 | 57 Agosto 2015 | VOX Medica | 57 RESPONSABILIDADE SOCIAL Mais do que chamar atenção para o tema, o objetivo foi prestar uma homenagem à parcela da população que é solidária: “Se você é doador de sangue, parabéns: você salva vidas!” Através de ações como estas, o Sindicato Médico se posiciona como uma entidade que representa não apenas os médicos, mas toda a sociedade, atuando em defesa da saúde e pela vida. Assim, por meio de seu Sindicato, os profissionais da medicina exercem seu protagonismo em prol da comunidade onde atuam. Acima, o MUHM, e na página anterior, a sede do SIMERS: vermelho em homenagem aos doadores de sangue Homenagem Aponte o seu smartphone para o QR Code e escute o Minuto SIMERS que abordou a doação de sangue. Antes, é preciso baixar um leitor de QR Code em seu aparelho. 58 | VOX Medica | Agosto 2015 58 | VOX Medica | Agosto 2015 QUEM É SIMERS ACESSA O MAIS COMPLETO SITE DE CONTEÚDO MÉDICO DO BRASIL Aulas em Vídeo Artigos Científicos Comentados O SIMERS é parceiro do MedicinaNET, o maior portal de conteúdo especializado do Brasil – totalmente em português – que subsidia a tomada de decisão dos médicos nas situações cotidianas da atuação médica. Acesse a área exclusiva para associados no site simers.org.br e aproveite este benefício! Medcalc 3000 ACP Medicine Segurança do Paciente BPR Guia de Remédios Bulário Medicinanet EÚDO CONT ENTE LM TOTA TUGUÊS OR EM P VOX Medica | Agosto 2015 | 59 Reconhecimento Homenagem da imprensa BandNews FM entrega placa de reconhecimento ao Sindicato Médico O Sindicato Médico foi O presidente do SIMERS, Paulo ao longo desses anos apenas homenageado pela de Argollo Mendes, recebeu uma consagra essa verdade – disse. rádio BandNews FM. placa em homenagem aos 10 A cobertura midiática combativa da rádio foi decisiva para a cooperação entre a entidade sindical e a emissora, como definiu o diretor de Jornalismo da Band, Ricardo Martins. anos de parceria das mãos do jornalista Ricardo Boechat, que elogiou a postura sempre firme da instituição. – Eu já conheço o trabalho do Sindicato Médico em defesa da população gaúcha. E a rádio BandNews FM tem esse mesmo objetivo, o que faz com que se vejam como iguais. Nesse um momento muito importante de reconhecimento. – São 10 anos em que o SIMERS e a Band reforçam que a verdade faz bem à saúde – afirmou Argollo, citando o slogan da instituição e destacando a importância de um veículo forte como a Band, que sempre transmite as opiniões da categoria médica. Pryscila Silva sentido, o apoio da entidade Para o dirigente médico, este foi Argollo recebeu placa de Boechat 60 | VOX Medica | Agosto 2015 Números É possível entender as prioridades de um governo observando seu orçamento, ou seja, como planeja gastar o dinheiro dos impostos. O que você acha desta priorização da União? Só 4% em saúde 48% em dívida pública e 48% em outras despesas VOX Medica | Agosto 2015 | 61 Patrícia Comunello panorama Lasier Martins (esq.) e Argollo: crise econômica e subfinanciamento da saúde na pauta do encontro 62 | VOX Medica | Agosto 2015 Cláudia Barbosa Pryscila Silva Argollo (centro) na posse no CREMERS Argollo (dir.) cumprimenta o novo diretor do Sistema Mãe de Deus VOX Medica | Agosto 2015 | 63 Letícia Heinzelmann panorama Patrícia Comunello Gus durante discurso. Ao fundo, Argollo, que integrou a mesa principal Achutti (esq.) recebe os cumprimentos do presidente do SIMERS 64 | VOX Medica | Agosto 2015 Lutas Médicos sofrem com constantes atrasos Shutterstock nos salários Irregularidade nos repasses de verbas estaduais e federais para municípios e hospitais filantrópicos tem sido a desculpa dos gestores para não pagar em dia profissionais em várias cidades do interior VOX Medica | Agosto 2015 | 65 Lutas ATRASO NOS REPASSES Municípios sofrem com a falta de recursos Sindicato Médico rejeita corte de leitos e demissão de médicos em hospitais de pequeno e médio porte no interior do Rio Grande do Sul e defende medidas judiciais Leandro Osório/Especial Palácio Piratini Gabbardo (segundo da dir. para a esq.) adiantou que não existe possibilidade de aumentar verbas para os hospitais 66 | VOX Medica | Agosto 2015 A s notícias vindas do interior este caminho) e demissões e atrasos gaúcho são as piores nos salários dos prestadores de possíveis: os cortes nos serviços são cada vez mais comuns. atendimentos não param (mais de O governo estadual, em meio a esse dez hospitais já enveredaram por caos, mantém-se impassível. VOX Medica | Agosto 2015 | 67 Lutas ATRASO NOS repasses Durante coletiva de imprensa, o de pagamento do funcionalismo em titular da Secretaria Estadual da dia, não existe solução, não há o Saúde, João Gabbardo, disse que que o governo possa fazer. trata-se de uma racionalização necessária. E adiantou que mais instituições de saúde vão ter que se O Sindicato Médico concorda que é adequar às reduções. preciso profissionalizar e qualificar – Todos os hospitais vão precisar passar por um processo de mudança e fazer uma redução em suas demandas. O que A falta de repasses caracteriza a maior crise já vivida pela saúde no Estado, que está colocando o sistema em colapso. Paulo de Argollo Mendes, presidente do SIMERS precisamos é diminuir internações desnecessárias de pacientes que podem ser atendidos ambulatorialmente. Quem não fizer isso vai ter muita dificuldade para enfrentar a crise – aconselhou. Gabbardo também descartou qualquer aumento de recursos para as casas de saúde do Rio Grande do Sul. O orçamento é de R$ 1 bilhão para toda a área, incluindo 245 unidades filantrópicas. Para o secretário, o anúncio de a gestão dos estabelecimentos. Boa parte deles é ainda administrada por pessoas da comunidade, sem a formação e a capacitação exigidas para atuar no segmento hospitalar, de forma a se ofertar mais serviços e com mais eficiência. Além disso, não basta apenas direcionar verbas a hospitais. A ampliação da rede básica, com a garantia de interiorização dos médicos, por meio da criação de uma carreira estadual, são essenciais, caso o Estado deseje realmente proporcionar os cuidados que todos os gaúchos necessitam e anseiam. Fechamento de leitos mais hospitais fechando leitos, Não é admissível, contudo, o restringindo atendimentos e, fechamento de leitos. inclusive, fechando as portas, torna – O problema da saúde no Estado é a situação dramática. Gabbardo grave, há muitas dificuldades, mas admitiu que deixou de repassar fechar leitos seria estrangular ainda R$ 70 milhões em junho. E afirmou mais os municípios – defendeu o que, com as determinações judiciais diretor do SIMERS Jorge Eltz. que obrigam o pagamento da folha 68 | VOX Medica | Agosto 2015 Posição do SIMERS Ele esteve na sede da Federação contra os cortes feitos pela das Associações de Municípios pasta dirigida por Gabbardo e do Rio Grande do Sul (Famurs) reivindicaram os repasses da debatendo o assunto com o União e do Estado. Segundo os secretário estadual da Saúde, os gestores, o repasse efetuado pelo presidentes da Famurs, Seger governo federal é insuficiente. Menegaz, e da Comissão dos Os hospitais de pequeno porte Hospitais de Pequeno Porte e dessas cidades atendem grande prefeito de Chiapeta, Osmar Kuhn, parte das necessidades da além de diversos prefeitos. população local. Os gestores municipiais aproveitaram e se manifestaram Agência RBS Superlotação é a dura realidade nas unidades de saúde que atendem ao SUS VOX Medica | Agosto 2015 | 69 Lutas ATRASO NOS repasses 70 | VOX Medica | Agosto 2015 Municípios vão à Justiça Seguindo o caminho de diversas Medida semelhante foi adotada pelo categorias de servidores públicos, Conselho das Secretarias Municipais que recorreram à Justiça para de Saúde do Rio Grande do Sul impedir que o governo do Estado (Cosems-RS), que teve o pedido atrase ou parcele salários, as de liminar para o pleito negado. prefeituras se articularam para Ação coletiva também pode ser exigir repasses em dia para a ajuizada pelo Ministério Público, saúde. A Justiça do Rio Grande representando os 497 municípios do Sul concedeu liminar para gaúchos. que recursos destinados à saúde, de responsabilidade do governo do Estado, sejam repassados ao município de Canoas. A prefeitura da cidade havia ingressado com mandado de segurança alegando que o déficit de repasses ultrapassa R$ 10 milhões. O secretário de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, anunciou em coletiva de imprensa que o município vai trilhar o mesmo caminho. De acordo com o secretário de Saúde de Canoas e presidente da Cosems-RS, Marcelo Bósio, deveriam ter sido repassados R$ 112,1 milhões, referentes às transferências de recursos diretos aos municípios e aos pagamentos dos serviços prestados por instituições privadas sem fins lucrativos. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), neste ano já foram repassados R$ 922 milhões aos hospitais, entre recursos estaduais e federais. VOX Medica | Agosto 2015 | 71 Lutas ATRASO NOS repasses Ronaldo Bernardi/Agência RBS Hospital de Clínicas, em Porto Alegre: no dia 5 de julho, 93 pacientes para 49 vagas Superlotação em Porto Alegre O fechamento parcial ou total Segundo o secretário da Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, esta dos hospitais no interior agrava a situação nunca havia ocorrido antes. situação nas unidades de Porto Alegre. A consequência é imediata: as emergências estão cada vez mais superlotadas. Ou seja, os pacientes viajam enormes distâncias, sem garantia de que terão atendimento. No primeiro final de semana de julho, todas as vagas nas Unidades de Pronto Atendimento e em leitos do SUS do – Muitas pessoas vão chegar nas portas das emergências e não serão atendidas. A demora no atendimento é uma realidade. Mas, além disso, vamos ter que pedir para que os casos menos graves retornem para casa sem atendimento. E, certamente, vamos chegar ao ponto de perder pacientes, porque não temos leitos clínicos suficientes – lamentou Ritter. Para piorar a situação, só em junho foram fechados 178 leitos do Sistema Único de Saúde na capital. município estavam ocupadas. Situação em 5 de julho na capital • Hospital de Clínicas: superlotado, com 93 pacientes em área para 49 • São Lucas, DA PUCRS: dobro da lotação na área de emergência, com 22 internados para 11 leitos • Santa Casa: emergência fechada por superlotação • Hospital da Restinga: emergência fechada por superlotação Letícia Heinzelmann Hospitais filantrópicos de todo o Estado se mobilizaram em um dia de paralisação exigindo o cumprimento dos repasses Filantrópicos: repasses têm crescido A respeito do Dia D, mobilização realizada pelos hospitais filantrópicos gaúchos em maio para denunciar o corte de verbas por parte do governo gaúcho, o SIMERS ressalta dois aspectos. Primeiro: a luta por mais recursos para a saúde pública tem apoio irrestrito dos médicos, pois é condição para se prestar a assistência adequada e para o cumprimento da Constituição, que determina a aplicação no SUS de 12% da receita corrente líquida de impostos e transferências, o que ainda não foi alcançado. Segundo: nos últimos anos, o volume de repasses à rede filantrópica é crescente, tendo aumentado sete vezes entre 2010 e 2014. Foram R$ 153 milhões em 2010 contra R$ 1,16 bilhão no ano passado, segundo dados do Tesouro Estadual. Entretanto, não houve aumento proporcional na produção e nos atendimentos, nem tampouco o repasse desses aumentos aos médicos. VOX Medica | Agosto 2015 | 73 Lutas MaireM | www.panoramio.com Roberto Martio | www.panoramio.com www.trespassos-rs.com.br TRÊS PASSOS Três Passos, no Noroeste gaúcho, tem 24 mil habitantes Recorde negativo Cirurgias e partos realizados pelo Sistema Único de Saúde não são pagos há 14 meses no Hospital de Caridade 74 | VOX Medica | Agosto 2015 Imagens: Arquivo SIMERS M édicos que atendem no Hospital de Caridade de Três Passos, município do Noroeste gaúcho, estão há 14 meses sem receber por cirurgias e partos realizados pelo SUS. Diante da situação insustentável, os profissionais, apoiados pelo Sindicato Médico, suspenderam Hospital de Caridade: atraso no pagamento dos médicos levou à suspensão dos procedimentos eletivos os procedimentos eletivos (não urgentes). O hospital conta com 104 leitos, sendo 69 pelo SUS. O quadro médico também não é remunerado desde março pelos plantões presenciais no pronto-socorro e na UTI e pelo sobreaviso. A direção do SIMERS esclarece que o hospital não respondeu até agora aos pedidos para uma solução. – A recente e alegada dificuldade financeira de hospitais filantrópicos não pode ser usada para justificar este descaso com os profissionais em Três Passos – reage o presidente do Sindicato Médico, Paulo de Argollo Mendes. A categoria médica não vai mais aceitar ser prejudicada por eventual problema entre as instituições e os governos. É perfeitamente justificável que alguém que faz seu trabalho seja remunerado em dia, pois os médicos têm seus compromissos, pagam contas, têm família e não podem alegar no supermercado que não estão recebendo salários. Paulo de Argollo Mendes, presidente do Sindicato Médico VOX Medica | Agosto 2015 | 75 Lutas TRês passos Entenda o caso Pelo Portal da Transparência do Estado, o hospital de Três Passos recebeu As verbas são repassadas seguindo R$ 7.943.496,54 em 2014. Este ano, os o modelo de contratualização (com recursos somam R$ 4.457.163,49 até valor global para cobrir as despesas): o junho. Nos últimos 18 meses, entraram hospital recebe a verba e deve pagar os nos cofres cerca de R$ 12,5 milhões. prestadores. Anteriormente, os médicos recebiam pelo código 7 (diretamente da União). Há alguns especialistas mais antigos no Hospital de Caridade que estão no código 7 e recebem seus honorários. – Queremos saber onde foram parar as verbas que deveriam estar dando condições ao atendimento médico. A situação em Três Passos é revoltante. Os médicos mantiveram os cuidados aos pacientes por todo este tempo, mas agora chega. Estão trabalhando Situação se agravou a partir de fevereiro Em fevereiro, o SIMERS notificou extrajudicialmente o Hospital de Caridade, exigindo uma posição sobre os pagamentos. Em fins de maio, acionou novamente o estabelecimento e preveniu que, se não houvesse aceno sobre a quitação dos débitos, os serviços seriam suspensos. O segundo documento também foi enviado ao Ministério Público Estadual e aos gestores municipais, advertindo sobre os danos gerados pela conduta dos dirigentes hospitalares. 76 | VOX Medica | Agosto 2015 de graça, enquanto as verbas são repassadas ao hospital – adverte o dirigente sindical. O Sindicato Médico tem sido incansável nos pedidos para negociação e regularização dos valores por atendimentos, formalização da relação de prestação de serviço (hoje os profissionais não têm nenhum contrato assinado com o hospital) e reajuste dos valores, bastante defasados. Como a direção do Hospital de Caridade se nega a negociar, a única alternativa que restou, infelizmente, foi interromper os atendimentos. Apedido divulgado em Três Passos VOX Medica | Agosto 2015 | 77 Lutas Erechim Médicos se mobilizam contra atrasos no Santa Terezinha O Sindicato Médico encabeça movimento para cobrar o pagamento de atrasados que alcançam mais de cem dias em algumas especialidades. Profissionais, em estado permanente de assembleia, estão suspendendo os atendimentos gradativamente Q Imagens: Dioni Levandovski / Zardo Color Digital Médicos se concentraram em frente ao hospital para esclarecer os pacientes sobre o movimento 78 | VOX Medica | Agosto 2015 uase quatro meses Terezinha, em Erechim, um dos sem receber pela mais importantes na região do assistência prestada aos Alto Uruguai e que abrange mais pacientes pelo SUS. A situação de 220 mil pessoas. São quase insustentável levou os médicos a 200 profissionais médicos que optar pela paralisação gradativa dos atendem na instituição e sofrem atendimentos no Hospital Santa com a situação. Patrícia Comunello De Luca e Maria Rita presidiram a assembleia que definiu as medidas visando à cobrança dos atrasados Assembleia convocada pelo Sindicato O movimento teve o aval dos Médico definiu que haverá redução gestores locais que decidiram dos atendimentos, de acordo com paralisar os atendimentos sem os cuidados a serem prestados a prazo para retomar. É um alerta pacientes nas áreas de assistência e à população sobre os prejuízos os diferentes contratos dos médicos. de repasses insuficientes do A categoria também aprovou o governo estadual. São mais de estado de assembleia permanente. R$ 7 milhões que deixaram de Urgências e emergências estão ser transferidos nos governos mantidas. Tarso e Sartori. VOX Medica | Agosto 2015 | 79 Erechim Lutas 80 | VOX Medica | Agosto 2015 Erechim: apedido alerta para situação difícil na Fundação Hospitalar Santa Terezinha VOX Medica | Agosto 2015 | 81 Lutas OSÓRIO Prefeitura promete acertar atrasados Sindicato Médico recorreu ao Ministério Público devido aos atrasos nas remunerações dos profissionais do Hospital São Vicente de Paulo. Município assinou TAC R eunião solicitada pelo Sindicato Hoje, os serviços de urgência e emergência Médico ao Ministério Público reuniu do hospital funcionam nas dependências o prefeito de Osório, Eduardo do Posto de Saúde Dr. Flávio Silveira, sem Aluísio Cardoso Abrahão, a diretoria e as condições necessárias para esse tipo de conselheiros do Hospital São Vicente de atendimento, como o SIMERS já alertara Paulo e representantes do SIMERS e do MP. em visita anterior ao MP. Veja detalhes na Em pauta, os problemas na saúde. próxima página. Além disso, médicos e funcionários estão há meses sem receber. Prefeito de Osório recebe representante do SIMERS 82 | VOX Medica | Agosto 2015 Pryscila Silva Na tentativa de encaminhar soluções, o questão do empréstimo para futuro pagamento. Isso prefeito propôs que o município faça um nós ainda iremos negociar e ver todas as questões empréstimo ao hospital, com o objetivo de legais, com a Câmara de Vereadores envolvida, para sanar imediatamente os débitos com os podermos garantir o pagamento dos servidores do funcionários e evitar a greve. A proposta hospital – esclareceu Abrahão. foi acolhida pelos presentes e os termos serão estabelecidos através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O SIMERS continuará atuando na cidade de Osório para garantir o atendimento adequado à população, assim como os direitos dos médicos, inclusive os – Serão dois TACs, um para que o hospital contratados como pessoa jurídica, que não deverão pague a sua dívida com o município, ainda ser beneficiados pela medida. Katherine D’Ávila que não a reconheça, e o outro sobre a André Gonzáles (esq.) e o promotor Luís Cesar Balaguez: comprometimento do MP Primeiro contato com o MP Em reunião anterior no Ministério Público, o diretor do SIMERS André Gonzáles apontou as falhas na saúde pública de Osório ao promotor Luís Cesar Balaguez, que se mostrou interessado na resolução das questões. O mesmo não pode ser dito sobre a reunião que ocorreu no Hospital São Vicente de Paulo. O setor jurídico da instituição não esteve presente no compromisso com a entidade e os médicos. O SIMERS oficiou a instituição solicitando o encaminhamento da remuneração em atraso e das produções dos convênios que foram pagas ao hospital, mas não foram repassadas aos médicos. VOX Medica | Agosto 2015 | 83 Imagens: Letícia Heinzelmann OSÓRIO Lutas Superlotação é regra em posto de saúde que substitui a emergência desde que o hospital de Osório passou por incêndio Insalubridade em emergência Dezenas de pacientes aguardam por horas atendimento no posto de saúde de Osório, que assumiu o serviço de urgência desde que o hospital local foi atingido por incêndio. Mas a superlotação não é o pior. O local não tem as mínimas condições para desempenhar tal serviço: faltam infraestrutura básica e higiene 84 | VOX Medica | Agosto 2015 P assado um ano desde o incêndio que atingiu Imagens que falam por si o Hospital São Vicente de Paulo, o único da cidade de Osório e que atende toda a região, o Sindicato Médico constatou que o setor de emergência que ainda funciona no Posto de Saúde Dr. Flávio Silveira atende de forma precária. Sem a infraestrutura adequada, a emergência improvisada põe à prova a saúde de pacientes, médicos e demais funcionários. – Vimos situações terríveis, difíceis tanto para os médicos quanto para os pacientes. Há um grande acúmulo de demanda e más condições de trabalho, com muita sobrecarga. A deficiência é de tudo, Condicionadores de ar danificados e paredes manchadas pela umidade compõe o cenário da área de atendimento inclusive de condições de higiene – apontou o diretor do SIMERS André Gonzáles. Dentro da área de atendimento, foram constatados condicionadores de ar danificados, paredes e colchões mofados pelo excesso de umidade e armários com materiais hospitalares completamente enferrujados, compondo um cenário desolador. Sem área de repouso, os plantonistas dormem em colchões colocados no chão de uma pequena sala. Na copa, uma pia com cuba dupla serve para a lavagem Armários que guardam materiais hospitalares estão enferrujados de louça dos funcionários e do material hospitalar. O curioso é constatar que a Secretaria da Saúde e a Vigilância Sanitária municipais funcionam no mesmo prédio. – Basta descer as escadas e ver as condições de trabalho a que estão submetidos esses profissionais – constatou o dirigente. O Sindicato notificou as vigilâncias de Osório e do Estado e o Ministério Público do Trabalho quanto à insalubridade no local. Colchões para o repouso de funcionários estão mofados VOX Medica | Agosto 2015 | 85 Lutas OSÓRIO VIGILÂNCIA O secretário substituto da Saúde, Márcio Rolim, admitiu a precariedade e disse que o hospital da cidade passa por grave crise financeira, que foi aprofundada com a interrupção dos serviços de cirurgia e obstetrícia, no início de junho. A maior parte dos médicos da emergência estão com os salários sendo pagos com atraso. – É uma situação que beira a calamidade – resumiu o secretário. Apesar da crise, o SIMERS encontrou o Hospital São Vicente aparentemente em bom estado. A ampla área da Emergência reformada, ainda vazia, contrasta com a superlotação flagrada no Posto Em reunião com o diretor do SIMERS André Gonzáles (esq.), secretário substituto da Saúde, Márcio Rolim, admitiu que a situação beira a calamidade Central. Já foram instalados os canos subterrâneos por onde passará a fiação elétrica, parte mais danificada e causa do incêndio. A rede também fornecerá energia para o prédio da pediatria e para o novo auditório. O Sindicato seguirá fiscalizando. – Já estivemos várias vezes em Osório e voltaremos quantas vezes mais forem necessárias. Convidamos o Ministério Público a nos acompanhar – disse Gonzáles. O SIMERS notificou o município, que reconheceu estar ciente da situação precária do atendimento. Porém, alega que precisou manter a Emergência do hospital funcionando no posto como medida urgente e extrema, diante do risco de calamidade pública, para garantir a continuidade no atendimento à população. A prefeitura pediu mais prazo para solucionar o problema, e garantiu que a transferência do serviço para o hospital da cidade se daria em breve. 86 | VOX Medica | Agosto 2015 A área de Emergência do Hospital São Vicente foi reformada, mas ainda aguarda instalação elétrica Arquivo SIMERS TORRES Assembleia dos médicos realizada em Torres Médicos ameaçam parar SIMERS informa ao MP atrasos no Navegantes e aguarda resposta do hospital M édicos de três especialidades (pediatria, traumatologia e medicina intensiva) que prestam serviços no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres, decidiram parar de atender, caso os pagamentos não sejam colocados em dia. A medida foi aprovada por assembleia coordenada pelo Sindicato Médico. Os profissionais exigem a garantia da direção do hospital, único da cidade e integrante do Sistema Mãe de Deus, de que pagará sempre até o dia 15 os valores que correspondem ao mês anterior. VOX Medica | Agosto 2015 | 87 TORRES Lutas – Os médicos cansaram dessa situação de incerteza. Querem receber pelo trabalho realizado, o que é, no mínimo, justo – explicou o delegado regional do SIMERS em Torres, Fábio Vieira de Faria. Os médicos da cirurgia e anestesia já suspenderam a atuação em cirurgias eletivas devido aos atrasos dos honorários. A notificação sobre a paralisação foi feita aos gestores da saúde. Ministério Público O Sindicato Médico foi ao Ministério Público em Torres esclarecer a situação dos atrasos nos repasses para os médicos. Em encontro com o 2º promotor de Justiça no município, Márcio Roberto Silva de Carvalho, o delegado regional do SIMERS Fábio Vieira de Faria comunicou que a direção do Navegantes recebeu notificação extrajudicial do Sindicato Médico e externou as expectativas dos profissionais em relação à normalização dos compromissos. Retomada do diálogo – Os médicos estão sensíveis às demandas da Os gestores realizaram a quitação de parte do população, mas também estão preocupados saldo não pago de abril e retomaram o diálogo com a condição de manutenção, caso se com vistas à definição da data do pagamento dos agrave esse calendário de atrasos – ressaltou o valores de maio. Também se comprometeram com delegado. o pagamento em dia daqui para frente, a ser feito em duas parcelas dentro do mês do vencimento. Na contraproposta dos médicos, que já foi entregue pelo SIMERS ao Sistema Mãe de Deus, que gere o hospital, exige-se o pagamento do valor integral de abril e a quitação de maio. Os profissionais, por outro lado, aceitaram a oferta de receber em duas parcelas o fluxo mensal de pagamentos. A categoria aguarda pela posição do Mãe de Deus. 88 | VOX Medica | Agosto 2015 O promotor comentou que está atento às dificuldades financeiras do hospital e adiantou que irá oficiar os órgãos envolvidos no sentido de obter explicações sobre a situação. Para o SIMERS, é importante manter uma boa interlocução com o MP, em razão de possíveis ações futuras. Reestruturação do atendimento de saúde Médicos exigem melhores condições de trabalho e ajustes em cláusulas contratuais R epresentantes do Sindicato Médico estiveram em Torres para reunião com os profissionais do Pronto Atendimento. A cidade está vivendo um momento de negociações e acertos envolvendo a saúde da região, e os médicos desejam negociar melhores condições de trabalho e ajustar cláusulas contratuais. O Sindicato Médico ouviu as demandas e agendará uma reunião com a procuradoria do município. Entenda o caso O Hospital de Torres informou que não teria mais condições de atender aos procedimentos de baixa complexidade, afirmando que estes são de responsabilidade das unidades municipais. Entretanto, nenhum dos Pronto Atendimentos existentes na região está equipado de forma adequada para resolver os casos demandados. Torres e Arroio do Sal possuem PA 24 horas, mas há a necessidade de mais funcionários e de materiais para suprir a demanda. Em função disso, por meio de decisão judicial, em ação ajuizada pelo Ministério Público do Estado, foi determinado que o Hospital Navegantes deve manter o atendimento de forma integral, por 90 dias. Neste período, os municípios atendidos no local devem realizar um consórcio e equipar o prédio do PA de Torres para atendimento adequado de baixa complexidade. VOX Medica | Agosto 2015 | 89 Lutas SÃO LEOPOLDO Descaso absurdo Atraso de salários leva médicos do Hospital Centenário e dos postos de saúde a aderir à greve dos municipários. Argollo está disposto a dialogar com prefeitura e instituição Presidente do SIMERS e prefeito de São Leopoldo: conversa difícil 90 | VOX Medica | Agosto 2015 Patrícia Comunello Julia ne S os ka VOX Medica | Agosto 2015 | 91 Lutas Letícia Heinzelmann Patrícia Comunello são leopoldo Escalonamento nos pagamentos é divulgado nos corredores do hospital 92 | VOX Medica | Agosto 2015 VOX Medica | Agosto 2015 | 93 Cláudia Barbosa são leopoldo 94 | VOX Medica | Agosto 2015 Arquivo SIMERS Equipe do Conselho Regional de Medicina vistoriou instalações da emergência Vistoria no Centenário No Hospital Centenário faltam leitos, remédios e exames. No inverno, a incidência de doenças respiratórias aumenta, além das demais enfermidades, ea superlotação é rotina, explicitando o número insuficiente de médicos VOX Medica | Agosto 2015 | 95 Lutas CANOAS Prefeitura prorroga adesão a sistema remuneratório Prefeito Jairo Jorge atende à reivindicação do SIMERS e prorroga o prazo para os médicos optarem ou não pelo nova lei que muda a remuneração dos municipários O prefeito de Canoas, Jairo – A medida é uma sensibilização da Jorge da Silva (PT), atendeu administração sobre a necessidade à reivindicação do Sindicato dos servidores de avaliar a melhor Médico e prorrogou o prazo para médicos opção remuneratória, de acordo com as e demais servidores aderirem ao sistema condições mais adequadas e vantajosas remuneratório de Gratificação por para a sua realidade – disse o chefe do Resolutividade ou à Remuneração por Executivo. Subsídio. O novo prazo é 1º de dezembro Pryscila Silva de 2015. Jairo Jorge (esq.) e Argollo: entendimento a caminho 96 | VOX Medica | Agosto 2015 remuneração em pauta A nova forma de remuneração para a categoria médica também foi tema do encontro entre o presidente do Sindicato Médico, Paulo de Argollo Mendes, e Jairo Jorge. Argollo cobrou um posicionamento do gestor frente às reivindicações feitas pelo SIMERS e ainda expressou preocupação com o andamento dos contratos dos médicos. – A prefeitura apresentou detalhadamente o seu projeto e foi sensível às reivindicações do Sindicato Médico. Espero que cheguemos a um entendimento em breve – resumiu Argollo. Outro ponto abordado pelo presidente foi a situação dos médicos que há alguns anos fizeram a especialização em Saúde da Família e que, apesar disso, retroagiram no grau de escolaridade. O prefeito se comprometeu a apresentar alternativas para a questão. Também estiveram na reunião a diretora do SIMERS Clarissa Bassin; a vice-prefeita de Canoas, Beth Colombo; o secretário da Saúde, Marcelo Bósio, e o advogado Matuzalém Felipe Morales, representando a Comissão do Plano de Carreira. Após mais de 30 dias, assembleia geral extraordinária da categoria, na sede do SIMERS, avaliou a falta de retorno da prefeitura de Canoas e deciciu pela busca de uma posição dos gestores. Entenda o caso O novo plano de remuneração para servidores da prefeitura de Canoas era alvo de grande preocupação do Sindicato Médico. A lei aprovada modifica a forma de remuneração e os valores recebidos pelos médicos. E, em uma primeira análise, o SIMERS identificou que a maioria dos médicos terá prejuízo com a opção pelo subsídio. O plano de remuneração não deixa clara a forma pela qual se dará a equivalência. Também geram preocupação itens como a insalubridade e o recebimento da gratificação a concursados em diferentes jornadas, como a de 40 horas semanais. VOX Medica | Agosto 2015 | 97 Canoas Lutas Salários em dia após pressão do SIMERS Depois do Sindicato Médico denunciar, Sistema Mãe de Deus, que administra três unidades de saúde em Canoas, regularizou o pagamento dos médicos U m contingente de quase 400 médicos que atuam nos hospitais de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) e Universitário (HU) e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Rio Branco vinha sofrendo com atrasos em sua remuneração. Eles são contratados pelo Sistema Mãe de Deus, que faz – Só os médicos não foram pagos, o que é uma flagrante discriminação, justamente contra quem lidera as decisões e realiza os procedimentos para o cuidado dos pacientes. Isso é um insulto – reagiu Paulo de Argollo Mendes, presidente do Sindicato Médico. a gestão das três unidades a partir de repasses O dirigente lembrou ainda que Canoas tem uma da prefeitura e atrasou os pagamentos, das três maiores arrecadações estaduais. alegando, por sua vez, recursos insuficientes do – É um município muito rico, que poderia Estado ao município. manter em dia os salários enquanto aguarda O SIMERS convocou assembleia extraordinária para avaliar as medidas a serem adotadas contra o atraso, entre elas a paralisação do trabalho. E tornou pública a situação. Depois da pressão, o Sistema Mãe de Deus regularizou o pagamento dos salários. o cumprimento da ordem judicial – cobrou o dirigente do SIMERS, lembrando ainda da liminar que a prefeitura buscou no Judiciário para obrigar o Estado a colocar os repasses em dia. O grupo Mãe de Deus, ressaltou Argollo, também é muito forte e deixou de recolher em 2013 (último dado disponível) R$ 93 milhões em tributos, graças a isenções pela filantropia. 98 | VOX Medica | Agosto 2015 Patrícia Com unello Plenária decidiu pelo estado de assembleia permanente – O Mãe de Deus não está fazendo caridade ao Assembleia atender o SUS, mas usando o nosso dinheiro, O diretor do SIMERS Jorge Eltz destacou que e também poderia manter os salários dos a entidade ficará vigilante para agir, caso os médicos em dia enquanto não recebe do atrasos se repitam nos próximos meses. município – concluiu o dirigente. Para agilizar a tomada de qualquer medida, a plenária aprovou ainda o status de assembleia permanente. VOX Medica | Agosto 2015 | 99 Circlephoto / Shutterstock.com Lutas pediatra na sala de parto Andando de ré Alegando diminuição de custos, Ministério da Saúde pensa em retirar o pediatra da sala de parto, aumentando brutalmente o risco para bebês e mães 100 | VOX Medica | Agosto 2015 VOX Medica | Agosto 2015 | 101 Lutas Shutterstock pediatra na sala de parto 102 | VOX Medica | Agosto 2015 VOX Medica | Agosto 2015 | 103 Katherine D’Ávila Lutas Argollo apresentou o projeto ao líder do governo na Câmara, vereador Kevin Krieger (esq.) MUNICIPÁRIOS DA CAPITAL Líder do governo visita SIMERS Executivo e Legislativo assumem compromisso com o encaminhamento e a aprovação das medidas que beneficiam os médicos de Porto Alegre 104 | VOX Medica | Agosto 2015 Amália Ceola Desde a greve dos médicos de Porto Alegre, em 2003, a prefeitura da capital vem sendo cobrada pelo SIMERS para implantar um plano que atraia profissionais e garanta mais assistência na cidade VOX Medica | Agosto 2015 | 105 Lutas Em 2005, o SIMERS propôs a criação do Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos (PCCV) e passou a negociar a carreira de médico com a prefeitura 106 | VOX Medica | Agosto 2015 Pryscila Silva MUNICIPÁRIOS DA CAPITAL Katherine D’Ávila Vice-presidente do SIMERS, Maria Rita de Assis Brasil, na Tribuna Popular da Câmara de Vereadores VOX Medica | Agosto 2015 | 107 Lutas MUNICIPÁRIOS DA CAPITAL Imagens: Letícia Heinzelmann Professor Garcia (PMDB) prometeu cobrar posição do vice-prefeito, Sebastião Melo Fernanda Melchionna (Psol) disse que apoia o plano de carreira para os médicos Em busca do apoio dos vereadores 108 | VOX Medica | Agosto 2015 Katherine D’Ávila Katherine D’Ávila Letícia Heinzelmann Ao lado, Clarissa Bassin e Jorge Eltz com o vereador professor Alex Fraga (Psol). Abaixo, à esquerda, Maria Rita e médicos do HPS levam a reivindicação ao vereador Reginaldo Pujol (DEM). Abaixo, à direita, Jorge Eltz com o vereador Waldir Canal (PRB) VOX Medica | Agosto 2015 | 109 Lutas MUNICIPÁRIOS DA CAPITAL 110 | VOX Medica | Agosto 2015 Juliane Soska HOSPITAL CONCEIÇÃO Encontro deu início às negociações com o grupo Acordo coletivo com GHC Assembleia geral deve definir pauta de reivindicações A Brasil, representantes das outros itens, plano de carreira, plano associações dos hospitais de previdência complementar, Conceição, Cristo Redentor migração de contratos e e Fêmina (Amehc, Amecre manutenção das cláusulas previstas encaminhamento sobre a migração de contratos para as gerências responsáveis dentro da instituição e também o estudo para implantação dos planos de carreira e previdenciário, que já estão em andamento. e Amehf) e do Sindicato no acordo anterior. Barichello se comprometeu a dar O diretor administrativo e financeiro do GHC, Gilberto Barichello, acenou com alguns avanços, como o uma resposta formal às demandas. vice-presidente do Esta foi a primeira reunião entre Sindicato Médico, profissionais e gestores. Os Maria Rita de Assis profissionais reivindicam, entre dos Odontólogos estiveram reunidos com a direção do Grupo Hospitalar Conceição para iniciar as negociações de acordo coletivo. Após esse retorno, os médicos do GHC discutirão a pauta do acordo coletivo em assembleia geral. VOX Medica | Agosto 2015 | 111 Lutas PA CRUZEIRO DO SUL Muitos problemas Dificuldade em transferir pacientes e realizar exames laboratoriais, superlotação e escassez de profissionais. Estas são apenas algumas das precariedades enfrentadas por pacientes e profissionais do PACS O Sindicato Médico participou exames laboratoriais; a superlotação e a de debate sobre o Pronto escassez de profissionais. Atendimento Cruzeiro do Sul Eltz ressaltou que, enquanto isso, o (PACS). A falta de recursos humanos Hospital Materno-Infantil Presidente foi apontada pelo SIMERS como um Vargas (HMIPV) está com leitos dos principais problemas da unidade fechados. de saúde. A reunião foi promovida pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara de Vereadores de Porto Alegre e reuniu funcionários de entidades da área da saúde para discutir a situação. O grupo também realizou uma vistoria no local. O diretor do SIMERS Jorge Eltz lembrou que o PACS é uma das maiores emergências da capital e está trabalhando no limite. Entre as precariedades listadas por ele, que também é pediatra do PA, estão a dificuldade em transferir pacientes, especialmente os de psiquiatria, e realizar 112 | VOX Medica | Agosto 2015 – Qual a justificativa para que um hospital do município, referência na área, esteja fechado, enquanto nesse pronto atendimento mães ficam com os filhos no colo e recebendo medicação sem nenhuma condição? – questionou. O dirigente lembrou ainda que com a chegada do inverno e o frio rigoroso a situação se agrava. A superlotação, somada à sobrecarga dos funcionários, resulta em atendimentos inadequados, horas de espera e até violência. O PACS realiza, em média, 800 atendimentos diários. Os servidores relataram que há – Já os que ficam internados não têm as anos enfrentam situações adversas, condições ideais de atendimento porque especialmente devido à falta de recursos a equipe de enfermagem é insuficiente humanos, mas também em razão de – completou. fatores como insegurança, violência, O diretor-geral do PACS, Luis Henrique ameaças e agressões. Tarragô, acompanhou o debate e declarou que o déficit de pessoal é de 20 técnicos de enfermagem, dado contestado pelos funcionários presentes, para os quais o problema é bem maior. Juliane Soska A enfermeira Rosane Metrangolo disse que, diariamente, cerca de 200 pessoas desistem do atendimento devido ao tempo de espera, que pode chegar a aproximadamente 10 horas. Diretor do SIMERS Jorge Eltz (esq.) enumera os principais problemas do PACS durante reunião promovida pela Cosman VOX Medica | Agosto 2015 | 113 Lutas RESIDÊNCIA MÉDICA Exaustão é rotina para os recém-formados SIMERS e NAS defendem descanso durante a jornada de trabalho e apoiam campanha dos profissionais veiculada nas redes sociais C om um regime de trabalho que pode De acordo com o presidente da Associação ultrapassar cem horas semanais dos Médicos Residentes do Rio Grande do e plantões de mais de 36 horas Sul (Amerers), Paulo Ricardo Mottin Rosa, independentemente da área de atuação, seja é estafante e, por isso, o Sindicato Médico e o clínica ou cirúrgica, o tempo de dedicação Núcleo Acadêmico SIMERS (NAS) defendem ultrapassa as 60 horas descritas no Decreto o direito do grupo de ter alguns instantes de 80.281/1977, que regulamenta a residência descanso durante a jornada de trabalho. médica no Brasil. Shutterstock ininterruptas, a rotina dos médicos residentes 114 | VOX Medica | Agosto 2015 #EuTambémDormi Criticados por dormir em plantões que duram até 72h, médicos postam fotos simulando que estão dormindo. O período em que os residentes estão no hospital, que inclui verificar a situação dos pacientes na rotina hospitalar e o plantão, pode durar 36 horas ininterruptas, sem intervalo ou horário definido para as refeições. O presidente da Amerers, residente em Medicina Interna no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, afirma que o formato não beneficia o aprendizado, como uma pós-graduação habitual. Além da exaustão, Rosa diz ter conhecimento de casos de desvio de função – quando, devido à demanda excessiva, o residente cumpre as tarefas de médico contratado sem receber por isso e respondendo legalmente, em caso de problemas. A história da campanha Tudo começou após críticas a uma residente mexicana, que foi fotografada cochilando e teve sua imagem divulgada. Médicos responderam em “apoio ao cochilo”, e então milhares de profissonais na América Latina começaram a compartilhar nas redes sociais fotos em que eles próprios ou algum colega aparecem dormindo durante plantões em hospitais. Assim se iniciou a Nas páginas do Facebook do SIMERS e do NAS, dezenas de estudantes, residentes e médicos se manifestaram a favor da campanha, lembrando que o cansaço atrapalha, mas é uma das menores aflições de um residente ou médico plantonista, que enfrenta um sistema bastante precário. campanha #YoTambienMeDormi, que ganhou a sua Para participar da campanha, poste no Facebook, versão brasileira nas redes sociais com a hashtag Twitter ou Instagram uma foto do seu cochilo no plantão #EuTambémDormi. e use a hashtag #EuTambémDormi. VOX Medica | Agosto 2015 | 115 Lutas VIOLÊNCIA Rotina de ameaças e agressões físicas e verbais Posto Bom Jesus paralisa atendimentos em protesto por falta de segurança M édicos e demais funcionários fecharam o Pronto Atendimento (PA) da Bom Jesus, em Porto Alegre, durante 12 horas. A mobilização ocorreu em reação à violência crescente contra os profissionais da unidade. Os funcionários não aguentam mais ameaças e agressões físicas e Shutterstock verbais, que viraram rotina. 116 | VOX Medica | Agosto 2015 O Sindicato Médico apoia integralmente a medida e adverte que a falta de estrutura é a principal causa da situação: as instalações são precárias, o pessoal insuficiente, a realização de exames e procedimentos é demorada e difícil e os postos na região são escassos. Pryscila Silva Médicos e demais funcionários prestaram esclarecimentos à comunidade O presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes, defende a melhoria da estrutura, contratação de mais médicos e demais funcionários por concurso e construção de área física para atendimento. Superlotação Segundo os funcionários, a média tem sido de dois casos de ameaça e Shutterstock agressão por dia. Falta de infraestrutura. Falta de pessoal A prefeitura de Porto Alegre age de forma temerária ao se manter inerte diante da gravidade de fatos como os que ocorrem no PA da Bom Jesus. É imperativa a imediata contratação de mais médicos e funcionários. A equipe é insuficiente para o volume de atendimentos. É imprescindível a imediata construção de outros prédios, pois os atuais têm área física incompatível com a procura, além de serem insalubres. VOX Medica | Agosto 2015 | 117 Lutas VIOLÊNCIA Entrevista Argollo Shutte rstock Minuto Simers 118 | VOX Medica | Agosto 2015 A prefeitura de Porto Alegre age de forma temerária ao se manter inerte diante da violência nas unidades de saúde do município VOX Medica | Agosto 2015 | 119 Lutas Cláudia Barbosa notas SAÚDE CAIXA E DOCTOR CLIN O Sindicato Médico recebeu os representantes de duas operadoras de planos de saúde: Saúde Caixa e Doctor Clin. Durante a reunião, o coordenador da Saúde Caixa, Leandro Araújo, solicitou auxílio para o fortalecimento da transmissão eletrônica dos formulários. O plano de saúde cuida de 20 mil vidas no Estado e utiliza a 5ª edição da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Em 2014, a operadora pagava R$ 68,00 a consulta. Agora, o valor passou para R$ 77,00, chegando a R$ 92,00 em áreas de menor disponibilidade. Com 90 mil beneficiários, a Doctor Clin contabiliza 200 mil consultas por ano. São 600 médicos credenciados. A operadora também utiliza a 5ª edição da CBHPM e o valor praticado nas consultas só será reajustado em novembro, conforme explicou Marcos Cabral, gerente de Relacionamento da empresa. 120 | VOX Medica | Agosto 2015 Letícia Heinzelmann SAMU Sul América debate reajuste A sobrecarga de trabalho dos profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é um tema A operadora Sul América Saúde que preocupa o Sindicato Médico. A vice-presidente da esteve reunida com representantes entidade, Maria Rita de Assis Brasil, levou a demanda ao do SIMERS para discutir o reajuste conhecimento da Promotoria de Justiça de Defesa dos do valor da consulta médica, tendo Direitos Humanos de Porto Alegre. A insuficiência do em vista a aproximação da data- serviço acaba repercutindo nos setores de emergência, o base que ocorre em setembro. Hoje, que prejudica os profissionais da saúde e a população. a remuneração está em R$ 72,00 – Este serviço precisa de 88 médicos e, atualmente, por consulta. Com o ajuste do Índice só tem 55 profissionais. Isto fatalmente significa Nacional de Preços ao Consumidor desassistência, e na emergência pode significar a morte Amplo (IPCA), deve se aproximar do – alertou a vice-presidente do SIMERS à promotora Liliane valor de pleito das entidades médicas. Dreyer da Silva Pastoriz. Outro ponto debatido no encontro foi a aplicação da Lei 13.003/2014, contratos escritos entre as operadoras e seus prestadores de serviços. A Sul América se comprometeu em encaminhar, até o final de agosto, Cláudia Barbosa que torna obrigatória a existência de o contrato de cada um dos 1,3 mil médicos referenciados, para análise do SIMERS. VOX Medica | Agosto 2015 | 121 Lutas POLOS REGIONAIS Arquivo SIMERS A estrada é a rotina dos representantes do Sindicato Médico. A atuação do SIMERS abrange todo o Estado, e por isso a equipe está sempre viajando, percorrendo centenas de quilômetros e visitando todas as cidades em que os médicos demandam assessoria, informação ou posicionamento político 109 Km ESTRELA Formalização de contratos dos anestesistas Os médicos anestesistas da cidade de Estrela solicitaram auxílio do Sindicato Médico para elaborar o contrato de trabalho, a fim de formalizar a relação com o Hospital Estrela, que está pendente há dois anos. Após a reunião, o SIMERS propôs algumas mudanças no texto, as quais estão sob avaliação da instituição. 122 | VOX Medica | Agosto 2015 366 Km BAGÉ Demanda de exames periciais a plantonistas é irregular Denúncia de que os médicos da Santa Casa de Bagé estavam recebendo solicitações para realizar exames de corpo de delito durante plantões levou representantes do SIMERS até o município. A Resolução 18/2009 veta 75 Km Hartzpor plantonistas. A competência é do Departamento Médico essaNova atividade Legal. Questionado Pauta definida pelo Sindicato, o delegado da Polícia Federal local se comprometeu a não mais solicitar os laudos aos médicos plantonistas. O Sindicato Médico Durante a visita à cidade, os representantes do SIMERS também esteve em Nova Hartz esclareceram questionamentos dos médicos da Santa Casa, que pediram para reunião com os um relato sobre a assembleia realizada na sede da entidade, em Porto médicos municipários. Alegre, sobre parto seguro versus parto dito humanizado. Os profissionais O debate do plano mostraram interesse em participar da comissão formada pelo Sindicato e pela de carreira médica Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (Sogirgs). e a negociação para a redução da carga horária de trabalho, vinculada a metas e atividades, foram os temas do encontro. Outro objetivo da categoria é o reenquadramento funcional considerando a qualificação técnica. O SIMERS solicitou Roque Oliveira | www.panoramio.com uma reunião com o secretário da Saúde do município para apresentação da proposta desenvolvida pelo grupo de médicos. VOX Medica | Agosto 2015 | 123 Lutas Arquivo SIMERS POLOS REGIONAIS Secretaria Municipal da Saúde destacou importância de conscientizar população sobre limites da atividade dos optometristas DOM PEDRITO 439 Km Público, o Sindicato Médico debateu a suspeita de exercício ilegal da medicina Negociação evita suspensão das atividades por optometristas. O assunto foi tema de apedidos publicados em março (veja O Sindicato Médico abaixo). O problema é enfrentado também em Bagé e em Santana do Livramento. conseguiu evitar O promotor informou que irá investigar o fato, enquanto a secretaria se mostrou a suspensão das disposta ao diálogo, apontando a importância de se conscientizar a população atividades médicas sobre as restrições legais às atividades dos optometristas. nas áreas de Encontros debatem exercício ilegal da medicina Em reuniões com a Secretaria da Saúde de Dom Pedrito e com o Ministério obstetrícia, pediatria e cirurgia na Santa Casa de Dom Pedrito. A instituição se comprometeu a efetuar o pagamento do sobreaviso aos profissionais dessas especialidades assim que o Estado quitar os valores em atraso. 124 | VOX Medica | Agosto 2015 Imagens: Cláudia Barbosa 124 Km TRAMANDAÍ Cirurgiões atuam sem médico auxiliar Os médicos cirurgiões do Hospital de Tramandaí, administrado pela Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV), estão atuando sem médico auxiliar em procedimentos cirúrgicos. O problema foi detalhado em encontro na sede do SIMERS, em Porto Alegre. Na oportunidade, foram discutidas as medidas a serem tomadas diante da situação, que afronta a Resolução 1.490, de 1998, do Conselho Federal de Medicina (CFM). O SIMERS enviou ofício à administração da FHGV cobrando uma solução imediata, diante dos prejuízos à população. Diretor do SIMERS André Gonzales (esq.) se comprometeu a cobrar providências do hospital VOX Medica | Agosto 2015 | 125 Lutas Arquivo SIMERS POLOS REGIONAIS SIMERS negocia remuneração e condições de trabalho de anestesistas do Hospital Ivan Goulart 594 Km SÃO BORJA Em busca de melhorias para anestesistas O Sindicato Médico, junto com seu conselheiro Ary Poerscke, esteve em São Borja para negociar questões de remuneração e melhores condições de trabalho para os médicos anestesistas que atuam no Hospital Ivan Goulart. O SIMERS se reuniu com os profissionais e a direção da instituição. Também foi debatida a dívida da instituição com o pagamento de honorários de um de seus profissionais, referentes a fevereiro, março e abril. O hospital reconheceu o problema e foi elaborado cronograma para pagamento dos valores. 126 | VOX Medica | Agosto 2015 649 Km Nova Hartz Pauta definida 75 Km O Sindicato Médico esteve em Nova Hartz para URUGUAIANA reunião com os médicos Ex-gestora condenada por omitir vínculo empregatício municipários. O debate do A Justiça Federal condenou uma ex-administradora do Hospital Santa Casa de Caridade de Uruguaiana pela prática de atos de improbidade administrativa. A ré foi acusada de omitir informações relativas ao contrato de trabalho mantido com a instituição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A sentença, da juíza federal substituta Aline Ludwig Corrêa de Barros, publicada em junho, acatou denúncia do Ministério Público Federal (MPF). A ex-gestora estaria buscando junto ao INSS a concessão de aposentadoria por invalidez, decorrente de um acidente trabalhista ocorrido em Porto Alegre, e, para tanto, teria ocultado a relação de emprego junto ao hospital de Uruguaiana para que sua argumentação de incapacidade laboral não fosse prejudicada. Em consequência, os cofres públicos teriam deixado de arrecadar R$ 20.812,49, a título de e a negociação para a redução da carga horária de trabalho, vinculada a metas e atividades, foram os temas do encontro. Outro objetivo da categoria é o reenquadramento funcional considerando a qualificação técnica. O SIMERS solicitará reunião com o prefeito do município para debater melhores condições de trabalho para os médicos. Imagem: uruguaiana.rs.gov.br contribuição previdenciária. plano de carreira médica VOX Medica | Agosto 2015 | 127 Lutas POLOS REGIONAIS 496 Km Santa Vitória do Palmar Alerta sobre prescrição para óculos e saúde do paciente 183 Km NOVA PRATA Negociação com Hospital São João Batista O Sindicato Médico esteve reunido com médicos do Hospital São João Batista, de Nova Prata. Os profissionais pedem o reajuste do valor do sobreaviso. A ideia é que a remuneração se aproxime da que é praticada na maioria dos hospitais do Estado. O acordo que prevê a remuneração atual se encerra em dezembro, mas o grupo espera iniciar desde já o diálogo com a direção do hospital. O SIMERS já encaminhou documento com as reivindicações dos profissionais. 128 | VOX Medica | Agosto 2015 Arquivo SIMERS 100 Km TRÊS COROAS Intervenção do SIMERS mantém atendimentos Médicos do hospital de Três Coroas não recebiam sobreaviso e produções Os médicos do Hospital Oswaldo Diesel, de Três Coroas, estavam sem receber por sobreaviso e produções – alguns não eram pagos há nove meses. Após o Sindicato Médico conversar com os profissionais e notificar a instituição, a direção do hospital Templo Budista em Três Coroa – Imagem: Kellen Maragno efetuou o pagamento de quatro meses e se comprometeu a quitar o restante, de acordo com cronograma apresentado. A proposta garantiu que os serviços não fossem suspensos. O SIMERS também se reuniu com a promotoria do Ministério Público, para informar sobre o acordo. VOX Medica | Agosto 2015 | 129 Lutas POLOS REGIONAIS 489 Km santana do livramento Em apedido, SIMERS esclarece suspensão de atendimentos eletivos 130 | VOX Medica | Agosto 2015 SANTA CRUZ DO SUL Preocupação com os cortes na saúde Situação de precariedade tensiona médicos, que temem pelo atraso nos salários O impacto dos cortes nos repasses ambiente de dificuldades que se espalha pelo da saúde pelo governo estadual Rio Grande do Sul, em razão de atrasos de para o atendimento a pacientes em meses nos pagamentos de profissionais. Santa Cruz do Sul é uma preocupação para Em Santa Cruz do Sul, Maria Rita ouviu de o Sindicato Médico. colegas a preocupação com a manutenção da A vice-presidente da entidade, Maria Rita de assistência, desde a rede básica até serviços Assis Brasil, esteve no município em encontros de ponta implantados na região, como o de com médicos e dirigentes da categoria nos oncologia, e que atraiu muitos especialistas hospitais Santa Cruz e Ana Nery e confirmou o para se fixar na cidade. Imagens: Patrícia Comunello Encontro reuniu os médicos de Santa Cruz do Sul e região VOX Medica | Agosto 2015 | 131 Lutas SANTA CRUZ DO SUL – Vivemos um momento muito grave, e não é só no Estado, mas no País, considerando que o orçamento da União para o SUS está condicionado ao crescimento do PIB, que será negativo este ano – observou Maria Rita. A dirigente sindical lembrou que a atuação da entidade busca garantir que os profissionais recebam seus honorários pela assistência prestada aos pacientes, dentro do contratado, Maria Rita (esq.) e o delegado Boessio com a diretora clínica do Hospital Santa Cruz do Sul e que sejam valorizados. – Estamos acompanhando e agindo em cada localidade, pressionando os gestores – explicou a dirigente sindical. deficiências de cobertura na rede de postos na especialidade, aumenta a pressão de Médicos atentos demanda no hospital. No Hospital Santa Cruz do Sul, Maria Rita – A situação da saúde pública vem piorando, e e o delegado regional do SIMERS Daniel os gestores acabam tomando decisões sobre Leonardo Boessio conversaram com a formas de contratação que não garantem a diretora clínica, Tatiane Kurtz. A gestora estrutura adequada – exemplificou a diretora ressaltou a importância da presença clínica, relatando que o município está do Sindicato e lembrou que, entre as terceirizando a disponibilidade de médicos da preocupações na instituição, que funciona especialidade, por meio de empresas. como hospital-escola da Faculdade de No Hospital Ana Nery, os dirigentes do Medicina da Universidade de Santa Cruz do SIMERS conversaram com o diretor-executivo Sul (UNISC), está a área de pediatria. Com as da instituição, Lídio Irineu Rauberec, e com 132 | VOX Medica | Agosto 2015 Encontro no Hospital Ana Nery: serviço de oncologia está ameaçado o diretor clínico, Fabio Girardi. Rauberec falou Girardi, possibilitou a composição de uma sobre os impactos negativos para o hospital remuneração dos especialistas, contornando pelo fato da instituição não estar recebendo os baixos valores tradicionalmente pagos os recursos de incentivos financeiros criados pelo SUS e viabilizando a instalação da no governo passado para a assistência ao assistência com alto nível de qualidade SUS. O diretor-executivo citou, ainda, que de recursos humanos, área física e o aumento de custos, como o de energia equipamentos. elétrica, fazem com que o déficit em alguns Profissionais vieram de outras regiões e serviços seja insuportável. montaram suas vidas profissionais e pessoais – Mesmo assim, teremos de manter a em Santa Cruz do Sul. operação, pois fizemos grandes investimentos – Vivemos um clima de incerteza. Muitos, – justificou Rauberec. como eu, transferiram-se para cá para levar O diretor clínico falou sobre o temor vivido à população um serviço de ponta, e que não pelo corpo clínico diante de repasses poderá ser mantido nas condições originais – menores de verbas, o que inviabilizará alerta o diretor clínico. a manutenção de algumas estruturas, como a da oncologia. O incentivo, explicou VOX Medica | Agosto 2015 | 133 Lutas Uruguaiana Médicos festejam carteira assinada Profissionais do corpo clínico da Santa Casa comemoram a conquista, reivindicada há anos e finalmente alcançada 134 | VOX Medica | Agosto 2015 Domênikos Fotografias Em evento em Uruguaiana, Maria Rita (de preto) comemorou com médicos conquista de contratos formais VOX Medica | Agosto 2015 | 135 Serviço Cronograma para o livro-caixa Novo procedimento prevê prazos máximos para recebimento de documentos e organiza com antecedência e periodicidade a contabilidade dos médicos 136 | VOX Medica | Agosto 2015 Zim bra Cronograma 08/06/2015 Prazos Meses de referência Entrega até 15/6/2015 Documentos dos meses de janeiro a maio Entrega até 15/8/2015 Documentos dos meses de junho e julho Entrega até 15/10/2015 Documentos dos meses de agosto e setembro Entrega até 15/12/2015 Documentos dos meses de outubro e novembro Entrega até 15/1/2016 Documentos de dezembro 2/3 &xim =1 ssage?id=109597 imbra/h/printme ers.org.br/z http://webmail.sim O serviço de assessoria de Imposto de Renda do SIMERS atende, em média, 70 pessoas diariamente, entre contatos presenciais e por telefone. Além do Imposto de Renda, a equipe também é especializada para tratar de assuntos como livros-caixa, ganhos de capital, carnê leão, parcelamentos e malha fina. VOX Medica | Agosto 2015 | 137 humor Reflexões sobre erros Errar é humano. Botar a culpa nos outros também. Assumir o poder é o começo do erro. Errata Há inúmeras vezes em que um cão ladra e logo em seguida arranca um pedaço da perna da pessoa. Erro de Deus. Se o mundo fosse de vidro o pessoal tomava muito mais cuidado. Entre o certo e o errado há sempre espaço para mais erros. Um acerto, uma vez acertado, raramente pode ser melhorado. Um erro, porém, tem sempre a possibilidade de ser mais errado. Imagens: Shutterstock “Errando é que se aprende”. A errar. A Bíblia do Caos, de Millôr Fernandes Textos utilizados sob autorização VOX Medica | Agosto 2015 | 139 PARA QUEM QUER SEMPRE O MELHOR EM saúde, A MELHOR EM TRANSPORTE AEROMÉDICO. A Uniair é uma empresa do Sistema Unimed especializada no transporte aeromédico, que conta com mais de 2,8 milhões de clientes satisfeitos. Escolha ter um diferencial de qualidade e segurança no seu plano de saúde, sempre que você e quem você ama precisar. OFERTA ESPECIAL PARA MÉDICOS ASSOCIADOS E FAMILIARES. Entre em contato com o Simers e associe-se à Uniair. • FROTA MODERNA DE 4 AVIÕES E 2 HELICÓPTEROS • EQUIPE DE PROFISSIONAIS TREINADA E CAPACITADA • ATENDIMENTO 24H, SETE DIAS POR SEMANA 140 | VOX Medica | Agosto 2015 uniair.com.br 0800 519 519