Profº Jenner 1500 a 1889 “A rotina e não a razão abstrata foi o princípio que norteou os portugueses, nesta como em tantas outras expressões de sua atividade colonizadora. Preferiam agir por experiências sucessivas, nem sempre coordenadas umas às outras, a traçar de antemão um plano para segui-lo até o fim.” Sergio Buarque de Holanda Período colonial brasileiro 1822 1500 1600 1700 1800 1900 Brasil Império (1822-1889) Brasil Colônia: 1ª parte Capitanias Hereditárias; Governo Geral; Câmaras Municipais; Brasil Colônia: 1ª parte “Resolveu-se os problemas com a criação das capitanias hereditárias, repetindo-se em larga escala o processo adotado anos antes na colonização dos Açores e da Madeira.” “A economia agrária colonial sempre tece por tipo a grande exploração rural. Estão aí as lavouras de cana e os engenhos de açúcar — nossa principal riqueza de então — os extensos latifúndios dedicados à pecuária; (…) A pequena propriedade não encontrou terreno favorável para se desenvolver na economia da colônia.” (PRADO JR., 1994: 18) Respondendo ao fracasso do sistema das capitanias hereditárias, o governo português realizou a centralização da administração colonial com a criação do governo-geral, em 1548. Entre as justificativas mais comuns para que esse primeiro sistema viesse a entrar em colapso, podemos destacar o isolamento entre as capitanias, a falta de interesse ou experiência administrativa e a própria resistência contra a ocupação territorial oferecida pelos índios. www.brasilescola.com.br Câmaras Municipais (os “Homens Bons”) No processo de organização das ações político-administrativas do espaço colonial brasileiro, havia grandes dificuldades para regulamentar e resolver as questões ocorridas nos vários centros urbanos da época. Com isso, a Coroa Portuguesa permitia a organização de órgãos que viessem a responder os problemas locais que estariam fora de seu alcance. Entre estas instituições de natureza administrativa, havia especial destaque para as câmaras municipais. www.brasilescola.com.br “Tais circunstâncias condicionam a estrutura política da colônia. São elas que explicam a importância das câmaras municipais, que constituem a verdadeira e quase única administração da colônia. (…) Dominam portanto nela os proprietários rurais. Nas eleições para os cargos de administração municipal votam apenas os homens bons, a nobreza, como se chamavam os proprietários.” (PRADO JR., 1994: 30) Período colonial brasileiro 1822 1500 1600 1700 1900 1800 Brasil Império (1822-1889) Brasil Colônia: 2ª parte Produção Aurífera; Rebeliões coloniais; A exploração do ouro, esta atividade tornou-se a mais lucrativa no período colonial, e a capital da colônia, que até então se localizava em Salvador, mudouse para o Rio de Janeiro, sob ordens do governo português, como meio de estratégia de aproximar a capital às regiões auríferas. A Coroa Portuguesa cobrava altos impostos sobre o minério extraído, sendo tais impostos recolhidos pelas Casas de Fundição– órgão responsável pelo arrecadamento das taxas, e onde também o ouro era transformado em barras. Os principais impostos eram: Quinto – 20% de toda a produção do ouro pertenceriam ao rei português; Derrama – a colônia deveria arrecadar uma quota de aproximadamente 1.500 kg de ouro por ano, e caso, essa quota não fosse atingida, penhoravam-se os bens de mineradores; Capitação – imposto pago por cabeça, ou seja, para cada escravo que trabalhava nas minas era cobrado imposto sobre eles. Essas cobranças de impostos, taxas, punições e o abuso de poder político português sobre o povo nativo, gerou enormes conflitos contra os colonos, culminando, desta forma, em diversas revoltas sociais. Independência: Período Imperial brasileiro Transferência do poder de D. João VI a D. Pedro I (Português para português) 1822 parlamentarismo Regências 1831 1840 1847 1889 Primeiro Reinado Segundo Reinado Dom Pedro I Dom Pedro II 1900 “Os meses que medeiam da partida de D. João à proclamação da Independência, período finam em que os acontecimentos se precipitaram, resultou num ambiente de manobras de bastidores, em que a luta se desenrolava exclusivamente em torno do príncipe regente, num trabalho intenso de o afastar da influência das cortes portuguesas (...). Resulta daí que a Independência se fez por uma simples transferência política de poderes da metrópole para o novo governo brasileiro. E na falta de movimentos populares, na falta de participação direta das massas neste processo, o poder é todo absorvido pelas classes superiores da ex-colônia, naturalmente as únicas em contato direto com o regente e sua política. Fez-se a Independência praticamente à revelia do povo; e se isto lhe poupou sacrifícios, também afastou por completo sua participação na nova ordem política. A Independência brasileira é fruto mais de uma classe que da nação tomada em conjunto.” (PRADO JR, Caio. Evolução política do Brasil: Colônia e Império. São Paulo: Brasiliense. pp. 52-53.) Primeiro Reinado (1822-1831) “Desde as primeiras noticias do movimento constitucional, as opiniões que manifestou, ou que deixou escritas, revelam-no (D. Pedro I) indignado com a usurpação da soberania a seu pai que as cortes haviam promovido. Posteriormente, embora hesitante, por breve intervalo, entre obedecer o Congresso [Parlamento Português] ou permanecer no Brasil, logo aprendeu a jogar com os interesses de coimbrãos e brasilienses, vendo no Império americano não só a possibilidade imediata de livrar-se do jugo da Assembleia, como a perspectiva futura de um Império dual, sobre qual reinaria, após a morte de D. João VI, com redobrada autoridade e autonomia, de acordo com as concepções derivadas ainda na maior parte do universo do Antigo Regime.” (Lúcia Maria B. Pereira das Neves. Corcundas e Constitucionais. A cultura política da Independência (1820-1822). Rio de Janeiro: Revan/Faperj, 2033, p 418.) Segundo Reinado (1840-1889) “O Império não subsistia graças ao apoio do fazendeiro, como se pretende na historiografia tradicional. A chamada ´traição` do agricultor não será mudança de atitude, mas o desenvolvimento coerente dos interesses, ideologicamente fixados. O Segundo Reinado, cuja centralização será sua nota essencial, ruiu quando os suportes dessa realidade política e administrativa entraram em colapso.” Raymundo Faoro (Os Donos do Poder) “Foi-se vendo pouco a pouco – e até hoje o vemos ainda com surpresa, por vezes – que o Brasil se formara às avessas, começara pelo fim. Tivera Coroa antes de ter Povo. Tivera parlamentarismo antes de ter eleições. Tivera escolas superiores antes de ter alfabetismo. Tivera bancos antes de ter economias. Tivera salões antes de ter educação popular. Tivera artistas antes de ter arte. Tivera conceito exterior antes de ter consciência interna. Fizera empréstimos antes de ter riqueza consolidada. Aspirara a potência mundial antes de ter a paz e a força interior. Começara em quase tudo pelo fim. Fora uma obra de inversão.” Alceu Amoroso Lima (1893-1983 / Tristão de Ataíde) Discursivas APROFUNDAMENTO JUNIOR HISTÓRIA POLÍTICA DO BRASIL: Do período colonial ao republicano. 1) (Ufrj 2006) "Eu, o rei, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo de minha Casa, que vendo quanto serviço de Deus e meu é conservar e enobrecer as capitanias e povoações das Terras do Brasil (...), ordenei ora de mandar nas ditas terras fazer uma fortaleza e povoação grande e forte, em um lugar conveniente, para daí se dar favor e ajuda às outras povoações (...); e por ser informado que a Bahia de Todos os Santos é o lugar mais conveniente da costa do Brasil (...), que na dita Bahia se faça a dita povoação e assento, e para isso vá uma armada com gente (...) e tudo o mais que for necessário. E pela muita confiança que tenho em vós (...) vos enviar por governador às ditas terras do Brasil (...)." (Regimento de Tomé de Sousa, 17 de dezembro de 1548) A política administrativa do Estado português no início da colonização estruturou-se a partir da adoção do sistema de Capitanias Hereditárias e, posteriormente, da criação do GovernoGeral. No entanto, o verdadeiro poder político na Colônia encontrava-se nas Câmaras Municipais, dominadas pelos "homens bons". a) Explique uma razão para a adoção do sistema de capitanias hereditárias na colonização do Brasil. b) Apresente dois objetivos da criação do Governo Geral pelo Estado português. c) Cite uma razão da concentração do poder político colonial nas Câmaras Municipais. Resposta 1 a) A Coroa Portuguesa precisava defender a região costeira de ataques alheios, porém detinha parcos recursos financeiros e humanos para tal empreendimento. A solução encontrada foi transferir essa empreitada para as mãos da iniciativa privada. b) Em vias gerais, o governador-geral deveria viabilizar a criação de novos engenhos, a integração dos indígenas com os centros de colonização, o combate do comércio ilegal, construir embarcações, defender os colonos e realizar a busca por metais preciosos. c) A Coroa Portuguesa permitia a organização de órgãos que viessem a responder os problemas locais que estariam fora de seu alcance. 2) (Ufc) Na manhã de 12 de agosto de 1798, um panfleto revolucionário afixado em vários lugares da cidade de Salvador dizia: "Povo, o tempo é chegado para vós defendêreis a vossa Liberdade; o dia da nossa revolução, da nossa Liberdade e de nossa felicidade está para chegar, animai-vos que sereis felizes." (PRIORE, Mary Del et al (Org.). "Documentos de História do Brasil - de Cabral aos anos 90". São Paulo: Scipione, 1997, p. 38.) A partir desse texto e de seus conhecimentos, responda às questões propostas. a) Que movimento produziu o panfleto citado? b) Cite três acontecimentos ocorridos no período, na esfera internacional, que podem ser relacionados a esse movimento. c) Cite dois objetivos do movimento ao qual o texto acima se refere. d) Apresente a relação entre a dureza das penas impostas aos principais acusados e a condição social da maioria dos participantes desse movimento. Resposta 2 a) Conjuração Baiana de 1798. b) Movimento Iluminista; Independência do EUA (1776) e Revolução Francesa (1789). c) Fim do domínio português na Bahia; Proclamação da República; Liberdade de comércio na região; Fim da escravidão e Fim das diferenças raciais. d) Revoltosos mais pobres, como Faustino e Nascimento, foram condenados imediatamente à morte por enforcamento, enquanto que os intelectuais e mais abastados Barata e o professor Francisco Moniz foram absolvidos pela Coroa. 3) (Ufu 2004) "O final do século XVIII foi um momento de grande turbulência política internacional, com ressonâncias no sistema colonial montado pelas nações europeias. As ideias liberais agitavam as mentes, acenavam com a possibilidade de mudanças. Para as colônias traziam a esperança de independência política." (REZENDE, Antônio Paulo e DIDIER, Maria Thereza. "Rumos da História: a construção da modernidade - O Brasil Colônia e o mundo moderno". São Paulo: Atual, 1996, p. 238. ) Tomando como referência a citação acima e seus conhecimentos sobre as revoltas coloniais no Brasil, identifique as semelhanças e diferenças entre a Inconfidência Mineira e a Inconfidência Baiana. Resposta 3 Estes dois movimentos tiveram por principal objetivo a separação destes atuais estados do domínio português, ou seja, buscavam a independência. Acreditavam também que poderiam estender a independência para todo o Brasil. Ambas foram influenciadas pelo movimento iluminista europeu que chegava ao Brasil através das obras trazidas pelos estudantes brasileiros recém chegados das universidades europeias. Outro fator encorajador foram os movimentos internacionais mais importantes da época, a Independência dos Estados Unidos (influenciou a Inconfidência Mineira) e a Revolução Francesa (influenciou a Conjuração Baiana). Estes movimentos se caracterizaram, em seus planos, pela ação armada contra as autoridades portuguesas no Brasil. Apesar de algumas semelhanças, havia algumas diferenças ideológicas entre estes movimentos. Enquanto a baiana era liderada pelas populações mais pobres e almejavam a abolição da escravidão, o movimento mineiro era dirigido pelas elites que, por isso, defendiam a permanência da escravidão após a conquista da independência. Estes movimentos foram denunciados antes de colocarem em prática seus planos explicando o fracasso de seus objetivos. Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, se transformou em Herói Nacional por perder a vida em defesa dos ideais da Inconfidência Mineira. 4) Leia Atentamente. “CONSTITUIÇÃO DE 1824”: “Outorgada por D. Pedro I no início de 1824, a Constituição Imperial ficou em vigor durante todo o período imperial, até ser substituída em 1891, pela primeira constituição republicana. Combinando ideias das constituições francesa (1791) e espanhola (1812) estabeleceu as bases da estrutura política e do funcionamento do império brasileiro. No entanto a forma como a constituição foi colocada em vigor, desencadeou grande oposição ao reinado de D. Pedro I”. Com base nos conhecimentos que você acumulou em seus estudos e em nossas aulas e discussões acerca do “Primeiro Reinado” elabore um texto que justifique historicamente falando a afirmação grifada no texto acima. Resposta 4 Na prática, tais dispositivos reservavam um acúmulo considerável de poder nas mãos do imperador, afetando inclusive a liberdade individual dos cidadãos e o funcionamento das instituições. Não bastasse isso, o artigo 99 da primeira carta magna brasileira previa que o imperador estava isento de qualquer tipo de responsabilidade acerca das consequências de suas decisões. Outro destaque negativo é o inciso V do artigo 101, que traz a previsão da dissolução da Câmara dos Deputados por meio de uma interpretação flagrantemente pessoal do monarca (salvação do Estado). 5) Leia com atenção o texto abaixo antes de passar à questão. “O parlamentarismo foi implantado no Império do Brasil em 1847, com a criação do cargo de presidente do Conselho de Ministros. O regime parlamentarista brasileiro inspirou-se no modelo inglês, em que o Poder Executivo era exercido por um primeiro-ministro indicado pelo partido que havia conseguido a maioria das cadeiras no Parlamento”. Podemos afirmar que o parlamentarismo que se consolidou no Brasil a partir do ano supracitado exibia diferenças fundamentais em relação ao “parlamentarismo clássico inglês”? Justifique. Resposta 5 Parlamentarismo “clássico” inglês: “O rei reina mas não governa. Quem governa é o parlamento”. Parlamentarismo brasileiro “O rei reina, governa e administra. O parlamento é figura secundária”.