FACULDADE BORGES DE MENDONÇA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO VANESSA DE FÁTIMA ZEN CONTAS MÉDICAS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O IMPACTO FINANCEIRO DOS PROCESSOS EXIGIDOS PELOS PLANOS DE SAÚDE EM UMA UNIDADE HOSPITALAR DE FLORIANÓPOLIS FLORIANÓPOLIS - SC 2014 Vanessa de Fátima Zen CONTAS MÉDICAS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O IMPACTO FINANCEIRO DOS PROCESSOS EXIGIDOS PELOS PLANOS DE SAÚDE EM UMA UNIDADE HOSPITALAR DE FLORIANÓPOLIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de Estágio Supervisionado como requisito parcial à conclusão do curso de Bacharel em Administração da Faculdade Borges de Mendonça. Orientador: Professor Leandro dos Santos Bernardes, Esp. FLORIANÓPOLIS – SC 2014 VANESSA DE FÁTIMA ZEN CONTAS MÉDICAS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O IMPACTO FINANCEIRO DOS PROCESSOS EXIGIDOS PELOS PLANOS DE SAÚDE EM UMA UNIDADE HOSPITALAR DE FLORIANÓPOLIS Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau bacharel em Administração do curso de administração da Faculdade Borges de Mendonça, pela seguinte banca examinadora. APROVADO: 15 de dezembro de 2014. _____________________________________________________________ Prof. Esp, Leandro dos Santos Bernardes (Orientador) Borges de Mendonça _____________________________________________________________ Prof. Amilton Rabello Banca Examinadora Borges de Mendonça ___________________________________________________________ Prof.Marcelo Nascimento Banca Examinadora Borges de Mendonça AGRADECIMENTOS Quero agradecer, em primeiro lugar a Deus, pela força, coragem e sabedoria durante toda essa longa caminhada. Agradeço a todos os professores que me acompanharam durante a graduação, que me transmitiram conhecimentos, histórias e grandes ensinamentos. Agradeço também ao meu orientador Leandro Bernardes, que foi um dos grandes responsáveis pela realização deste trabalho, agradeço por toda ajuda dedicação, sabedoria e paciência, e até pelos puxões de orelha que foram necessários durante essa fase. Dedico esta, e todas as minhas conquistas, aos meus amados pais, Sr. Mário Geraldo Zen e Sra. Lúcia Zen, que estiveram o tempo todo ao meu lado, que acreditaram e confiaram em mim e no meu potencial. Em especial, agradecimento ao meu Amor Herbert Chaplin, que me deu força, incentivo, e teve toda paciência do mundo comigo, que soube compreender todo e qualquer momento de ausência e renuncia. E não posso esquecer de agradecer um quarteto fantástico, Joice, Simone, Tatiana e Morgana, que durante toda a construção do meu projeto estiveram no meu lado me aturando e também me auxiliando, repassando informações necessárias da empresa estudada, dados precisos e também livros didáticos. Cada informação, cada dado, cada número foi essencial e importante para a construção do mesmo. Finalmente, agradeço a todos os meus amigos que de alguma forma me ajudaram a concluir mais essa etapa da minha vida. Muito obrigado! “Se o dinheiro for sua esperança de independência, você jamais a terá. A única segurança verdadeira consiste numa reserva de sabedoria, de experiência e de competência”. Henry Ford RESUMO O presente trabalho é um estudo de caso realizado em uma instituição hospitalar localizada na cidade de Florianópolis, versando sobre os processos de gestão de contas médicas, especialmente as decorrentes de atendimentos realizados através de planos de saúde. A coleta de dados foi realizada através de pesquisa documental e observação participante, oportunizando tratamento dos mesmos de forma predominantemente qualitativa. Os resultados apontam que existe um volume bastante elevado de contas médicas que são devolvidas e alguns dos procedimentos glosados pelo operador do plano de saúde, impactando financeiramente a empresa prestadora. Os conceitos ordenados permitiram a identificação de oportunidades de melhoria para o processo e suas atividades. Concluiu-se que a análise de processos tende a ser bastante positiva para a empresa em estudo, pois visa diminuir o impacto financeiro. . Palavras-chave: Gestão de Processos; Contas médicas; Planos de saúde. ABSTRACT This paper is a case study conducted in a hospital in the city of Florianópolis, dealing with the processes of managing medical bills, especially those arising from care provided by health insurance companies. Data collection was conducted through desk research and participant observation, providing opportunities to treat them predominantly qualitatively. The results indicate that there is a fairly high volume of medical bills that are returned and some of the procedures disallowed by the operator of a health insurance, resulting in an impact in the providing company. The concepts ordained allowed the identification of opportunities to improve the process and its activities. We conclude that the analysis process tends to be very positive for the company under study once it aims to reduce the financial impact. Keyords: Process Management, Medical Mills, Health Insurance, Health Plans. LISTA DE ABREVIAÇÕES ANS: Agência Nacional Saúde Suplementar APM: Associação CREMESC: Conselho Regional Medicina de Santa Catarina OMS: Organização Mundial de Saúde OPME: Órtese Prótese Material Especial SADT: Guia de Serviço Profissional/Serviço Auxiliar Diagnóstico e Terapia SUS: Sistema Único de Saúde UTI: Unidade de Terapia Intensiva LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Fluxograma dos processos de faturamento de contas médicas ... 28 Gráfico 1: Porcentagem de glosas convênio ................................................ 37 Tabela 1: Operadoras em atividade com beneficiários................................. 18 Tabela 2: Receita de contraprestações das operadoras .............................. 19 Tabela 3: Faturamento e glosa por convênio ............................................... 36 Tabela 4: Valores de glosas, Convênio 1 e Convênio 2 ............................... 36 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 10 1.1 11 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA 1.2 OBJETIVOS 12 1.2.1 Objetivo Geral 12 1.2.2 Objetivos Específicos 12 1.3 13 JUSTIFICATIVA 2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA 14 2.3 14 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO 3 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA 16 3.1 O SISTEMA DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE NO BRASIL 16 3.2. SISTEMA DE SAÚDE SUPLEMENTAR E RELAÇÃO ENTRE OS PRESTADORES 17 3.3 A GESTÃO E OS PROCESSOS 20 4 METODOLOGIA 24 5 ESTUDO DO CASO 27 5.1 COLETA E ANÁLISE DE DADOS 27 5.1.2 Modelo operacional do faturamento 27 5.1.2.1 Glosas mais frequente 30 5.2 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS 38 5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 40 REFERÊNCIAS 42 10 1 INTRODUÇÃO Cuidar da família e zelar pela saúde da mesma, além de ser uma questão inerente a cultura dos brasileiros, constitui-se em uma das principais preocupações da população brasileira, traduzindo-se em um direito previsto no artigo 196 da carta magna do Brasil. Neste sentido, conforme dados do Ministério da Saúde (2014), o Brasil possui um dos maiores sistemas público de saúde do mundo, conhecido como SUS, criado em 1988, com a promulgação da nova Constituição Federal, o que tornou o acesso gratuito à saúde e direito do cidadão, que conta com mais de 6,5 milhões de hospitais credenciados, 45 unidades de atenção primária e 30,3 mil equipes de saúde família e 103 milhões de pessoas são atendidas pelas Equipes de saúde Família. Entretanto, a demanda supera a capacidade instalada, caracterizando-se como uma fragilidade do sistema, pois o acesso torna-se demasiadamente demorado, especialmente quando relacionados a necessidades emergenciais, consultas com especialistas, realizações de exames simples e complexos, além de cirurgias nas mais diversas modalidades. Como a vida dos indivíduos, em muitos casos, depende da realização de destes procedimentos, o acesso ao mesmo é viabilizado com dos recursos próprios do cidadão na rede privada, através de pagamento integral ou convênios com planos de saúde. Diante disto, origina-se um nicho de mercado bastante competitivo: o dos planos de saúde privados, que vem crescendo de forma acelerada, pois conforme apontado por estudos da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS (2014), a região Sul ocupa o segundo lugar no ranking nacional, onde número de beneficiário cresceu 4,5% no período de junho/2013 à Setembro/2014. Entretanto, apesar de proporcionar maior tranquilidade, segurança e facilidade aos seus clientes e pacientes, com a demanda crescente, os planos de saúde também necessitaram construir regras de utilização de modo a racionalizar custos e manterem-se competitivos, o que passa pelo estabelecimento de processos que devem ser operacionalizados pelos prestadores e usuários. 11 Neste sentido, a imposição de regras em demasia acaba também por dificultar o acesso dos usuários, uma vez que na maioria dos procedimentos médicos e laboratoriais há necessidade de prévia autorização do operador, que se dá com base em critérios específicos solicitados pelos médicos, constituindo-se um caminho também onde a burocracia impera. Por outro lado, as instituições que prestam seus serviços médicos através de operadores de planos de saúde, necessitam receber o pagamento pelos serviços prestados, de modo a suprir sua finalidade empresarial e, portanto têm que lidar diariamente com o trade-off de atender ao paciente, muitas vezes sem a garantia do pagamento pelo convênio, uma vez que o caminho para as autorizações também é demorado e em grande parte dos serviços prestados o atendimento se faz necessário em caráter emergencial. Sendo assim, para manter a competitividade os operadores de planos de saúde impõem certas restrições de uso aos profissionais da área médica, exigindo justificativas demasiadas para a realização de exames e procedimentos, excesso de formalidade no preenchimento das requisições, bem como proporcionando uma remuneração que muitas vezes não está adequada aos custos despendidos pelo prestador. 1.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA Em um cenário, onde os prestadores de serviços do sistema de saúde suplementar precisam atender questões de urgência e emergência, onde muitas vezes, no sentido de primar pela vida do indivíduo, são realizados procedimentos sem prévia autorização da operadora, é necessário à adaptação de processos que possibilitem a redução do nível de vulnerabilidade ao prestador do serviço. Neste contexto, o presente trabalho de conclusão de curso tem como problema de pesquisa analisar o processo de faturamento de contas médicas de uma unidade hospitalar da cidade de Florianópolis, para o qual suscita-se a seguinte pergunta de pesquisa: existem gargalos do processo de faturamento de contas 12 médicas de atendimento de planos de saúde na unidade hospitalar investigada, que podem impactar em prejuízos ou redução de receitas? 1.2 OBJETIVOS Para responder a pergunta de pesquisa, elegeram-se para este trabalho os seguintes objetivos: 1.2.1 Objetivo Geral O presente trabalho tem como objetivo geral analisar o processo de faturamento de contas médicas de uma unidade hospitalar da cidade de Florianópolis, que presta atendimentos através de planos de saúde, visando evidenciar as atividades centrais desta área, bem como os eventuais impactos financeiros delas decorrentes. 1.2.2 Objetivos Específicos O objetivo geral será atendido através dos seguintes objetivos específicos: Caracterizar os processos inerentes a área de contas médicas de uma unidade hospitalar da cidade de Florianópolis; Identificar os processos críticos inerentes a esta área; Evidenciar, quantificar e estratificar os eventuais os impactos financeiros relacionados aos processos centrais da área; Apresentar eventuais sugestões de melhoria. 13 1.3 JUSTIFICATIVA O benefício da realização deste trabalho é por estar trabalhando na área trará conhecimento mais amplo, maior desempenho, facilitando o fechamento das contas médicas, diminuindo os erros e com objetivo aumentar a receita final. Para a empresa em si, ajudara a encontrar os erros, os problemas, e o porquê as contas paradas no setor. Trazer métodos para a melhoria e rapidez nas autorizações das contas médicas, evitando que fique um montante de contas parada. 14 2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA De modo a preservar os dados da instituição, para efeito desta pesquisa, a empresa será caracterizada como uma unidade hospitalar da cidade de Florianópolis, pois diante do exposto não se obteve autorização da empresa para divulgar sua identidade. Entretanto, todos os demais dados foram preservados. A unidade hospitalar objeto deste estudo é uma organização especializada na área de cardiologia, efetuando atendimentos de baixa, média e alta complexidade, que vão desde consultas e exames simples a atendimentos de urgência, e emergência. Possui uma estrutura preparada para lidar com as diversas possibilidades de atendimentos, que compreende 56 leitos de internação (enfermarias e apartamentos), dezenove leitos em unidade de terapia intensiva UTI, um bloco cirúrgico com quatro salas e duas salas de Hemodinâmica, que também se amplia para demais especialidades da medicina, como por exemplo: vasculares, cirurgias plásticas, cirurgia de ortopedia entre outras. 2.3 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO A unidade hospitalar objeto de estudo desta pesquisa é uma sociedade formada em 1992 pela sociedade por doze médicos cardiologistas. Na época de sua fundação, a empresa contava apenas com dois apartamentos, cinco leitos de UTI e dois leitos de observação, serviços de ambulância e consultório de pronto-atendimento, além de estrutura para atendimento domiciliar. Pelo fato de possuir uma UTI bem equipada, prestava serviços completos em diagnóstico e tratamento das doenças do coração, incluindo investigação invasiva e a realização de cirurgias cardíacas. Cinco anos mais tarde, mudaram para uma sede maior e mais ampla e com uma capacidade maior e melhor para atender seus pacientes, a sede se localizava na região central de Florianópolis. 15 Com o aumento da demanda pela prestação de serviços relacionados a esta área, surgiu à necessidade de nova ampliação de espaço, o que culminou com a construção de uma unidade planejada especificamente para estas finalidades, local onde atuam, e que devido a modernidade de suas instalações permite atendimentos de diversas especialidades que necessitem de serviços de alta complexidade no tratamento das patologias. Para garantir a manutenção de seus diferenciais, a unidade conta com capital internacional no seu quadro societário e para o desempenho de suas atividades centrais, possui mais de 350 colaboradores preparados e oriundos das mais diversas áreas de conhecimento. Primando pelos aspectos éticos da pesquisa, não serão também apresentados os elementos da declaração de propósitos da organização, pois ao revelar sua missão, visão e valores, poder-se-ia dar acontecer sua identidade. 16 3 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA Para sustentar as análises e conclusões desta pesquisa, verificou-se na literatura disponível os conceitos estruturantes que cercam os temas abordados, os quais passam a ser apresentados a seguir. 3.1 O SISTEMA DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE NO BRASIL A constituição Federal do Brasil de 1988 foi um grande marco para a assistência à saúde da população, pois passou a determinar o dever do Estado na garantia de seu acesso à população, independente de condição financeira do cidadão, conforme disposto em seu artigo 196: “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e assegurem o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação da saúde”. (Brasil; 1988). Neste sentido, Bernardes et al (2013 p. 214), destacam que “a saúde é sem dúvida um bem maior para ser humano e seu cuidado, uma preocupação permanente da sociedade”, pois diante desta premissa criou-se o Sistema Único de Saúde - SUS, que possui o objetivo de operacionalizar o sistema em todas as esferas de governo, com orçamento previsto em lei, e órgãos de regulação e passível de auditoria pelos Ministérios Públicos. Ainda sob a ótica dos autores supracitados, o SUS, ao primar pelo atendimento igualitário, poderia ser um importante instrumento para aniquilar a desigualdade na assistência à saúde da população. Compreendendo que o conceito de saúde é algo mais amplo, a Organização Mundial de Saúde (OMS), destaca a complexidade do conceito quando define saúde como “o completo bem-estar, físico, mental e social”, ao que corrobora Massako (1994), quando explicita que sob vários aspectos a saúde enquadra-se como um bem e uma qualidade inerente ao homem. No mesmo sentido, Elias (2001), “complementa que no Brasil a saúde transcende a um direito ao bem estar, tomando enfoque de direito essencial do ser 17 humano”, uma vez que o estado passa a promover o acesso igualitário, independente de renda ou classe social, permitindo que todos os cidadãos tenham direito ao atendimento de saúde público e gratuito, que vai desde consultas, internações, exames e tratamentos nas unidades públicas de saúde, privadas e também filantrópicas contratadas pelo gestor público, até a concessão de medicamentos de baixo a alto custo. Entretanto, seja por características históricas da gestão da coisa pública ou pela demanda excessiva, o sistema não consegue alcançar a sociedade no tempo necessário e na sua totalidade, ensejando que se renuncie deste direito constitucional para acessar os serviços com recursos próprios. 3.2. SISTEMA DE SAÚDE SUPLEMENTAR E RELAÇÃO ENTRE OS PRESTADORES O sistema de saúde suplementar compõe-se por serviços prestados por empresas de medicina conveniada, ou seja, as operadoras (convênio) compram dos prestadores de serviços da área da saúde (médicos, hospitais, clinicas, laboratórios etc.) serviços que vão desde consultas e exames a cirurgias e procedimentos de alta complexidade. A premissa básica da contratação de um plano de saúde é o pagamento preventivo de mensalidades que asseguram o acesso aos serviços de saúde como contraprestação no futuro, conforme Bernardes et. al (2014 p. 217): a ótica da contratação de um plano de saúde suplementar está alicerçada pagamento antecipado pela eventual contraprestação do serviço quando da sua necessidade e que em decorrência da impossibilidade do ser humano prever os males que lhe afetarão e ao não utilizar 100% dos serviços e todos os momentos, mas paga um pouco todo mês, os custos dos procedimentos ficam mais acessíveis. Com o crescimento do setor, houve a necessidade de se estabelecer algumas garantias aos novos consumidores, o que originou em 1998, através da lei 9.656, a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS. Neste sentido Duarte e Di Giovanni (2001), complementam que “o sistema de medicina suplementar teve um crescimento significativo durante os anos 80”, o que não cessou ao longo do tempo, pois segundo ANS (2014), o setor conta atualmente 18 com 50,2 milhões de beneficiários em planos de assistência médica e 20,7 milhões em planos exclusivamente odontológicos, disponibilizados pelas operadoras devidamente registradas em quantidades explicitadas na tabela que segue. Tabela: 1 Operadoras em atividade com beneficiários (Brasil – 2003-2014). Ano Operadoras médicohospitalares Operadoras exclusivamente odontológicas Operadoras com registro ativo com beneficiários Dez/09 1.087 392 1.479 Dez/10 1.043 367 1.410 Dez/11 1.005 363 1.368 Dez/12 962 360 1.322 Dez/13 917 345 1.262 Jun/14 898 350 1.248 Fonte: ANS (2014) Com o aumento significativo de adesão de novos clientes a cada ano, o mercado de saúde suplementar vive em constante competitividade, pois a cada ano surgem novas operadoras, sendo assim, aquecendo o mercado e abrangendo o leque de opções aos clientes. Segundo ANS, as operadoras oferecem aos seus clientes e consumidores diversas modalidades de planos de saúde, entre elas, planos coletivos e planos de saúde individual/familiar: Os planos coletivos existem dois tipos: os empresariais, que proporciona assistência aos funcionários da empresa contratante devido ao vínculo empregatício ou também pelo estatutário, e os coletivos por adesão, que são contratados por pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, como conselhos, sindicatos e associações profissionais. E no plano de saúde individual/familiar, a contratação é feita diretamente com as operadoras que oferecem a venda dos planos. Neste sentido de acordo com Abrahão (2003): as Operadoras de Planos de Saúde criaram um mercado próprio, definindo os prazos de carência, restrições ao atendimento, contratos altamente proveitoso, de regras de vários aspectos, níveis de preços, parcialidade na suspensão de contratos, e outras formas de aptidões da utilização dos serviços. 19 O setor é um mercado de grande relevância financeira, de 2009 a 2013 a receita total cresceu em média 65% conforme ANS (2014). Abaixo segue quadro com números da Receita total do setor e a receita das Operadoras médico-hospitalares, segundo fontes DIOPS/ANS/MS- 25/08/2014 e FIP – 12/2006. Tabela 2: Receita de contraprestações das operadoras (em reais) (Brasil - 2003-2013) Ano Receita total do setor Receita das operadoras médicohospitalares Receita das Operadoras exclusivamente odontológicas 2009 65.809.668.096 64.468.880.337 1.340.787.759 2010 74.597.952.913 72.918.788.701 1.679.164.212 2011 84.652.516.495 82.605.630.706 2.046.885.789 2012 2013 95.437.225.219 110.802.287.798 93.132.199.756 108.336.783.396 2.305.025.463 2.465.504.402 Fontes: DIOPS/ANS/MS – 25/08/2014 e FIPS - 12/2006. E outro ponto que deve-se destacar que, de acordo com o autor Bernardes et.al. (2014), onde o mesmo realizou uma pesquisa, consta que 74,2% dos médicos catarinenses prestam serviços através dos planos de saúde, um número bastante expressivo para o setor. Apesar do número expressivo de médicos credenciados nos planos de saúde, a insatisfação da categoria é muito grande, pois uma pesquisa divulgada em Maio/2013 pela APM (Associação Paulista de Medicina), junto com várias especialidades médicas, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo e a Federação Nacional de Associações de Prestadores de Serviço de Fisioterapia, destaca que 80% dos médicos já se descredenciaram ou pretendem se descredenciar dos planos de saúde. E o motivo de tanto descredenciamento é devido à grande insatisfação com as operadoras. O descontentamento referente à remuneração paga pelos planos, pois o valor é muito baixo, e sem contar a dificuldade em recebimento pelos serviços prestados, esse índice representa 98% dos médicos, e outro ponto que também acusa a insatisfação, é que as operadoras fazem pressão para redução de solicitações de exames essenciais, sendo assim, dificultando os diagnósticos e tratamento contínuo de assistência aos pacientes. 20 E essa insatisfação não é apenas com médicos do estado de São Paulo, isso ocorre com as demais regiões do país, onde pode-se citar um fato ocorrido em 2013 e também nos 3 anos anteriores, a paralisação dos médicos credenciados, realizada em vários estados do Brasileiros, onde paralisaram seus atendimentos por 24horas, reivindicando reajustes de consultas e procedimentos, informações divulgadas pelo Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina, CREMESC (2013). Problemas com operadoras não fica somente com os médicos, mais com os prestadores de serviços, ou seja, os hospitais, clínicas e consultórios. Negociações constantes são feitas entre ambos, referente a valores, prazos e contratos. A demora por liberação de autorizações, as negativas de procedimentos, materiais e medicamentos, são fatores bastante discutidos. Essa demora por liberação acaba ocasionando seriamente a qualidade da assistência à saúde e sem contar a responsabilidade dos médicos envolvidos, podendo acarretar sérias complicações, tanto para os prestadores quanto para as próprias operadoras. Outro ponto de grande discussão são as glosas 1feitas após a entrega das contas ao convênio, sendo que as mesmas antes de serem entregues passam por uma auditoria dos médicos auditores do próprio convênio. Sendo assim, tendo a necessidade de o prestador entrar com recurso de glosa para possa recuperar parte da perda. 3.3 A GESTÃO E OS PROCESSOS Com o mercado competitivo, as organizações precisam estar munidas por pessoas competentes, profissionais especializados, gestores qualificados e preparados para as constantes mudanças, pois de acordo com Paladini (2004), a atualização do processo requer constante acompanhamento e avaliação do mercado, especialmente as variáveis concorrência e clientes. Neste sentido, Chiavenato (1999) destaca que a flexibilização dos processos internos permite maior atualização e modernização para atender as necessidades do mercado, ao que corrobora Cruz (2002), quando explicita que os processos e sua 1 Glosa- é o termo que se refere ao não pagamento por parte dos planos de saúde. 21 gestão são vitais para as organizações atingirem seus objetivos. Nesta ótica, o gestor deve aplicar as técnicas da administração desdobradas por funções específicas de planejamento, organização, controle e direção, também contextualizada no nível dos processos, pois segundo Chiavenato (1994): a tarefa da Administração é compreender os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação empresarial através de planejamento, controle, organização e direção, e todos os esforços realizados em todos os setores e também todos os níveis da organização. Sendo assim, a organização junto aos seus gestores tem como missão de acompanhar todo o processo, determinando sua estrutura e aplicação, possibilitando o compartilhamento do conhecimento para que se conduza à melhor utilização dos recursos para o atendimento dos objetivos empresariais. Considerando que as organizações desdobram diversas atividades para o atingimento de seus objetivos, e que estas atividades muitas vezes possuem uma relação de interdependência, Davenport (1994), explica que os processos são justamente a ordenação das atividades de trabalho no tempo e no espaço, e por isto cada etapa tem um início, um meio e um fim, ao que ressalta que um processo seria então o conjunto de atividades desempenhadas de forma estruturada, muitas vezes formalizada e de conhecimento geral dos agentes E para Cury (2007), todo e qualquer processo, tanto administrativo quanto operacional, tem um fluxo das operações de entrada, processamento e saída. Neste sentido, a definição e estruturação de processos, sob a ótica de Chiavenato (1994) é objeto de estudo do que chama desenho ou configuração estrutural da empresa, onde se estabelece o que e como cada área executa, o que na visão de Araujo (2011), implica em reunir atividades em frações organizacionais definidas com critérios ajustados as necessidades empresariais. Deve ser feito um planejamento cabível para organização, e pôr em prática as regras estabelecidas diante do projeto. Conforme Boiteux (1982), o planejamento compreende como estabelecer a ordem em que as atividades serão desempenhadas, além do calendário das regras, para alcançar os resultados. Os gestores devem ter um olhar clínico e espírito clínicos apurado, para obter um maior desempenho em relação à estruturação de todo o processo da organização. De acordo com Araujo (2001, p.64), “a técnica mais conhecida e mais 22 utilizada no estudo de processos administrativos é a elaboração de fluxograma”. Ai na visão de Araujo (2001), o fluxograma tem como objetivo apresentar o processo passo a passo e, além disso, ação por ação. E na ótica de Cury (2007), o fluxograma é um gráfico universal, que representa o fluxo ou a sequência normal de qualquer trabalho, produto ou documento. Cury (2007) complementa que, fluxograma é um instrumento precioso para entender a operação interna, e a relação entre os processos empresários. O fluxograma ele documenta o processo, com intuito de identificar as áreas que há necessidade de serem otimizadas para melhor funcionamento. E de acordo com Ascenção (2001), o fluxograma possui a façanha de facilitar o melhoramento da etapa da análise do redesenho do processo. Entretanto há necessidade de atenção para alguns processos sob os quais os demais processos estão estruturados, pois uma vez que houver uma falha nos mesmos isto pode implicar em desperdícios maiores de recursos para a organização. Neste sentido, identificar os pontos de desaceleração ou quebra do ritmo em que as atividades processuais são executadas é também um dos objetivos dos estudos de processos, pois segundo Araújo (2001), ao assegurar a fluidez do processo tende-se a garantir que as atividades sejam desenvolvidas dentro dos limites e recursos estabelecidos, facilitando a tomada de decisão e gerando resultados mais adequados. Outra preocupação substancial com os processos refere-se a etapa de controle, pois sob a ótica de Falconi (2004, p.14), “para assegurar o resultado em uma organização humana é preciso controlar os processos e as atividades desenvolvidas buscando maior qualidade do produto ou serviço entregue.” Um dos maiores objetivos de uma organização é atingir a qualidade em todo seu processo, desde a entrada até a saída. Isso ajuda a diminuição dos erros, minimiza os custos, eleva a produtividade, traz inovação e agrega valor, e aumenta a receita, além de aumentar a clientela, fidelizar as já existentes, e não apenas isso, pois a organização tem condições de repassar não apenas um serviço ou produto de qualidade mais também com um custo reduzido. Por que hoje os clientes não buscam apenas qualidade, mais sim o custo dos produtos e serviços. A este 23 respeito, para Falconi (2004, p. 2): “Um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente”, o que somente pode ser garantido através de ações de controle. Entretanto Paladini (2004, p.118), destaca a necessidade de aplicar os controles de forma correta, pois “o custo de um processo sem nenhuma peça defeituosa é, teoricamente, infinitamente elevado, já que essa situação seria devida aos controles intensivos que deveriam ser desenvolvidos”. De toda forma, na visão de Falconi (1992, p. 19), “o controle de processos é essência do gerenciamento em todos os níveis hierárquicos da empresa, desde o presidente até os operadores”, pois quando se tem um controle um acompanhamento mais detalhado, evita erros, o retrabalho, aumenta a produtividade dos colaboradores, produz mais em menos tempo, e claro a qualidade do serviço é maior, pois qualidade é uns dos pontos chave para o crescimento da organização, pois quando se disponha de um serviço com qualidade a empresa torna um diferencial entre suas concorrentes, clientes e seus fornecedores. 24 4 METODOLOGIA Para elaboração de um trabalho científico é importante que se siga uma metodologia definido e claro, pois na visão de Vergara (2004), a metodologia se refere justamente aos instrumentos utilizados para gerar os resultados sem manipular a realidade das informações captadas. Neste sentido, o presente trabalho de conclusão de curso trata-se de uma pesquisa de natureza básica, tem como objetivo aumentar o conhecimento sobre qualquer assunto, sem a necessidade de aplicação imediata, no entanto, para Marconi e Lakatos (2002 p. 20), “é aquela que procura o progresso científico, a ampliação de conhecimentos teóricos, sem a preocupação de utilizá-los na prática.” Na visão de Gil (2010), pesquisa destinada apenas à expansão do conhecimento, sem apreensão de quaisquer benefícios. Já em relação à tipologia, pode ser enquadrada como um estudo de pesquisa exploratória, pois ao processar os elementos pesquisados se obteve maior conhecimento sobre a temática abordada e sua aplicação empírica em uma unidade hospitalar, atendendo ao conceito proposto por Gil (2010), de que este tipo de pesquisa visa proporcionar uma visão geral de um determinado fato, fazendo-o ficar mais próximo do pesquisador e proporcionando ao mesmo maior conhecimento. E de acordo com Beuren (2012 p. 80), “pesquisa exploratória, é a caracterização do estudo de pesquisa exploratória normalmente ocorre quando há pouco conhecimento sobre a temática a ser abordada.” Permite também maior relação entre o pesquisador e o tema pesquisado. No que tange ao problema investigado, o presente trabalho enquadra-se como uma pesquisa qualitativa, uma vez que se utilizou de dados da unidade hospitalar, que de acordo com Beuner (2012 p.92), “relata análises mais profundas ao fenômeno que está sendo estudado”. E para Roesch (2007), a pesquisa do estudo qualitativa e quantitativa pode ser usada em conjunto para análise de resultados. O pesquisador amplia a ideia e também o entendimento a partir de dos dados amostras encontrados nas informações. 25 Já ao levantar informações da unidade hospitalar que puderam indicar proporção e quantificação do problema investigado, empregou-se ainda pesquisa quantitativa, pois segundo Beuren (2012), a pesquisa quantitativa caracteriza-se pela função de instrumento estatístico. Traduz em números, opiniões e verificação de dados chegando a uma conclusão plausível e é mais utilizado em termos de pesquisa científica. Constitui-se a pesquisa de um estudo de caso, pois o objeto investigado foi uma unidade hospitalar específica, o que caracteriza ainda a pesquisa como um estudo de caso único, atendendo aos requisitos de Beuren (2012), que explicita que o estudo de caso é uma forma de aprofundar o assunto. Neste sentindo para Gil (2010 p.37) “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento”. Beuren (2012 p.84), “complementa dizendo que este estudo é preferido pelos pesquisadores que desejam aprofundar seus conhecimentos a respeito de determinado caso específicos.” Para tanto, a coleta de dados foi efetuada através de documentos e informações fornecidas pela unidade hospitalar estudada, caracterizando o emprego de pesquisa documental, pois na visão de Vergara (2008), é um tipo de pesquisa em que se utilizam documentos disponíveis de qualquer natureza para se obter informações do objeto de estudo. Neste sentido, para Marconi e Lakatos (2002 p. 62) “fonte coletada está restrita a documentos, escrita ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias.” São realizadas em fontes como tabelas estatísticas, cartas, diários, entre outros. Para entender melhor os conceitos que sustentam a abordada no presente trabalho, foi necessário efetuar uma revisão de literatura, o que classifica o presente estudo também como uma pesquisa bibliográfica, uma vez que sob a ótica de Marconi e Lakatos (2002), envolve toda a bibliografia já publicada sobre o tema de estudo. Podendo ser desde teses até filmes e rádios. Tendo em vista que a pesquisa bibliográfica é importante no processo de investigação, pois para Fachin (2001, p. 125), resume a importância da pesquisa bibliográfica, ao afirmar que “[...] é a base para as demais pesquisas e pode-se dizer que é um constante na vida de quem se propõe a estudar”. 26 De modo a levantar informações que puderam complementar os documentos analisados, o presente trabalho utilizou-se de observação participante, o pesquisador ele acompanha de maneira mais próximo o acaso de sua investigação. Para Marconi e Lakatos (2002, p. 90), “consiste na participação real do pesquisador como a comunidade ou grupo.” E ainda Beuren (2012), complementa que o objetivo da invasão no grupo é ganhar a confiança dos membros e moralizar da importância da investigação. Desta forma, com a análise dos dados obtidos com a pesquisa realizada na empresa estudada, ocorre a identificação das falhas no processo e pôr fim a conclusão da análise. 27 5 ESTUDO DO CASO O presente estudo de caso versa sobre uma unidade hospitalar localizada na cidade de Florianópolis, com vistas a identificar a existência de gargalos em processos exigidos para atendimentos através de planos de saúde que possam impactar financeiramente a empresa. Para subsidiar os resultados da pesquisa os dados foram coletados no período de Janeiro/2013 à Setembro/2014 através de observação e proporcionaram as análises que seguem: 5.1 COLETA E ANÁLISE DE DADOS Para que as contas médicas cheguem ao seu destino final na instituição, elas passam por várias unidades organizacionais interligados um ao outro, constituindose de um longo, minucioso e complexo conjunto de processos. Neste sentido, como o foco desta pesquisa é o faturamento, onde ocorre o fechamento das contas médicas, estudou-se apenas os processos a esta área relacionados, os quais passam a ser apresentados a seguir. 5.1.2 Modelo operacional do faturamento Os processos relativos ao faturamento das contas médicas iniciam-se quando da alta do paciente, pois é somente a partir deste momento que se verifica tudo o que foi envolvido no atendimento ao mesmo para as devidas liberações. Para facilitar o entendimento da estruturação dos processos e suas atividades, elaborou-se o fluxograma a seguir: 28 Figura 01: Fluxograma dos processos de faturamento de contas médicas Alta médica Encaminhar prontuário para autorização Gerar alta no sistema e verificar documentos Paciente alta médica ou administrativa Autorização Imprimir relatório da conta medica Encaminhara para auditoria interna de enfermagem Encaminhar Faturamento S S Conta pronta? N Checar os materiais e medicamentos Conta Ok? N Acompanhar diariamente as pendências de autorização Aguardar autorização Volta para autorização Checar a senha de autorização e guias médicas 29 Faturamento Entrada da conta médica Checar documento do prontuário Lançamentos de procedimentos Checar autorização se condiz com o realizado Conta Ok? N Conta Ok? Verifica pendência e corrigir S N Volta setor de faturamento S Volta para o faturamento Aguarda Autorização e liberação para dar sequencia N Conta Ok? Volta para autorizaçã o Checar as glosas e avaliar as contas Encaminhar auditoria médica do convênio Verificar as autorizações da conta e audita-las Faturamento analisa as contas devolvidas Auditar as contas acatar as glosas ou não Encaminhar para a auditoria médica dos convênios contas auditadas N Conta Ok Enviar lote para o convênio S Fonte: Dados primários (2014) Encaminha para faturamento Auditoria médica convênio avalia 30 A alta ocorre das seguintes formas: Alta médica, quando o médico assistente libera o paciente com condições clinicas de retornar para seu lar; Alta administrativa, quando o paciente está internado no hospital a mais de 30 dias, sendo assim, a cada 30 dias ocorre à alta administrativa, que são necessárias para dar sequência no processo de autorização e pagamento junto ao convênio; Alta pedido, paciente solicita sua alta, por conta e risco; Alta transferência, quando o paciente é transferido para outra instituição. Óbitos. Após a alta, o prontuário, ou seja, a conta médica é encaminhada ao setor de Autorizações, porém, antes de dar sequência no processo de autorização, são impressos relatórios das contas e encaminhadas para a Auditoria da Enfermagem, onde são realizados os últimos ajustes de medicamentos e materiais. Em seguida, retornam ao setor de Autorizações, e é dada a sequência no processo, onde é feito acompanhamento por uma senha do convênio, gerada no início do atendimento. Esse acompanhamento das autorizações é feito diariamente, sendo assim, obtendo um maior controle e agilidade, e como conceitua Falconi (1992, p. 19), “o controle de processos é essência do gerenciamento em todos os níveis hierárquicos da empresa, desde o presidente até os operadores”, e manter o controle do processo, faz com que as contas sejam liberadas e fechadas com maior rapidez. E na visão de Cruz: (2002, p.101 e 102): que sem processo não há nenhuma possibilidade de qualquer tipo de negócio dar certo, sem processo não há como melhorar a maneira de fazer, perde-se a produtividade e a empresa paga um preço alto e desnecessário pela desorganização. Além disso, são feitas verificações de códigos tanto dos procedimentos, quanto dos materiais, pois cada um desses itens existe um código para solicitar a autorização. O setor também é responsável por anexar nas contas, às guias de solicitações dos convênios de procedimentos, internação e materiais especiais, e caso haja necessidade de justificativa médica, que é um relatório do médico 31 relatando as necessidades e a importância da liberação da autorização, é o setor responsável pelo solicitação ao médico. Após todo esse processo de verificação e análise das contas, quando elas estão corretas e prontas, são encaminhadas ao setor de Faturamento para dar sequência no fechamento final, e por consequência encaminhá-las aos respectivos convênios. Se por algum motivo as contas não estão “preparadas”, as mesmas continuam no setor de Autorizações aguardando as devidas liberações. Para Maximiano (2002, p. 373), diz que “o processo de um sistema é a maneira como os componentes se relacionam para criar uma sequência de operações e procedimentos que produzem os resultados esperados.” Chegando ao faturamento, é iniciado o processo de fechamento, seguindo as regra estabelecidas de cada convênio, conforme acordado em contrato. O fechamento ocorre da seguinte maneira: todo o prontuário é avaliado e analisado, iniciando pelas evoluções e prescrições médicas. Essas evoluções são registros de todo acompanhamento clinico diário do paciente, lá são descriminados, exames e procedimentos efetuados, exames propostos, estado clinico e psíquico, as tomadas de decisões, ou seja, todas as informações necessárias e essenciais para tornar o tratamento eficaz. As evoluções são prescritas pelo médico assistente ou médico especialista, solicitado pelo próprio médico do paciente, que devem estar carimbadas e assinadas para realização de cobrança de honorários2 médicos. Também são descritas as medicações de uso contínuo, e todas as outras utilizadas durante a permanência no hospital. Essa mesma regra ocorre para os internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pois os paciente que ali estão, são acompanhados por médicos plantonistas 24horas, devido ao seu estado clinico ser mais crítico, e tendo a necessidade de um tratamento mais intensivo e especial, porém, os mesmos são responsáveis por avaliar, evoluir e descrever as informações nos prontuários, e devem ser feitos pelo menos três vezes ao dia, período da manhã, tarde e noite. Este serviço prestado, os chamados de intensivistas e diaristas é efetuado a cobrança, neste sentido, para que o setor de Faturamento possa realizar a cobrança, devem estar preenchidos corretamente, carimbados e 2 Honorário – remuneração pelo serviço prestado 32 assinados. Porém, existe uma grande perda de receita nesta parte do processo, pois, ocorrem falhas, faltas de evoluções dos médico plantonistas, sendo assim, impossibilitando a cobrança do serviço prestado. Todas essas informações contidas no prontuário e no sistema, além de tornar o tratamento do paciente mais eficiente, são de suma importância para a organização, pois de acordo com cada dado, cada informação, são geradas as devidas cobranças dos serviços, pois conforme Falconi (2004), para garantir o resultado em uma organização humana é necessário controlar os processos e também as atividades aplicadas, buscando qualidade do produto ou serviço oferecido. Após a conferência das evoluções e prescrições, são conferidas e lançadas as sessões de fisioterapias, fonoterapias, psicoterapias, conforme necessidade e utilização de cada paciente. Logo após, são conferidas as diárias já lançadas, se estão compatíveis onde o paciente permaneceu, é feito lançamentos de taxas, portes e os procedimentos diários do paciente, como, por exemplo: cardioversão elétrica, punção venosa com utilização de Cateter PAM (matéria especial), procedimentos cirúrgicos, desde os de alta complexidade até os mais simples, ex: Cirurgia Cardíaca, Troca Válvar, Angioplastia, Bariátricas, esses são alguns considerados de alta complexidade, e os mais simples que vão desde Cateterismo, Mastectomia, Varizes entre outros. Em qualquer um destes casos, é necessário conter ficha anestésica, laudos ou descrições do ato, devendo estar assinados pelo médico cirurgião e equipe, relatando todo o ato e se contém os materiais especiais utilizados durante a cirurgia, porque só assim poderá ser realizada a cobrança junto ao convênio. Cada ato cirúrgico possui um porte ou pacote, conforme acordo feito entre prestadores e operadoras. Salientando que, para cada paciente é direcionado um tipo de tratamento e serviço prestado, de acordo com suas necessidades e estado clinico, e orientadas e acompanhadas pelos médicos. São conferidos os materiais especiais os OPME (Órtese Prótese Material Especial), os códigos, quantidades e fornecedores, e contabilizado os ECGs e raiox, todos tem de estar relatados nas guias dos convênios. No entanto, neste caso também há uma perda, pois grande parte dos raios-x não são evoluídas nas contas, apenas constando nas guias de solicitação, com isso, os auditores dos convênios 33 acabam cortando no momento da auditoria médica, pois conforme a regra, é necessário que ambos estejam evoluídos e prescritos pelos médicos. Após realizado, todo os lançamentos, conferência das guias e se estão todas assinadas e preenchidas corretamente conforme solicitação das operadoras, verificações das autorizações e feita a análise se todas as informações se condizem com os realizados, pois na visão de Vieira (2007), as listas de verificação têm como objetivo identificar todas as informações da organização que procura encontrar problemas ou suas causas. Em seguida a conta é fechada e impresso um relatório, chamados de espelho de conta, onde contém todas as informações lançadas no sistema. Caso a conta esteja com alguma divergência e pendência, como exemplo: falta de autorização de algum quesito, a mesma volta ao setor de Autorizações para análise e resolução da pendência. Porém, o número de contas que voltam por falta de autorização é muito grande, normalmente são problemas com os materiais OPME (Órtese Prótese Material Especial), tanto por falta de autorização, códigos que não confere com o autorizado, ou fornecedores autorizados a senha não é o mesmo que foi utilizado. Sendo assim, tendo a necessidade de mudar a autorização, e muitas vezes a conta fica parada no setor por um determinado tempo aguardando a liberação, que conforme Araujo (2007. Pg. 167), “o desperdício ocorre todas as vezes que alguém desempenha suas funções da maneira errada, obrigando a revisão.” Quando a conta está pronta e fechada, é encaminhada para a auditoria médica do convênio, são equipes compostas por médicos auditores e enfermeiros (as). A grande maioria dos convênios encaminham a equipe até a instituição para realizar o trabalho de auditoria. Nos demais, são encaminhadas cópias dos prontuários junto à conta ao convênio para verificação e cobrança. Os auditores realizam a conferência, análise e a aprovação. Verificando os relatos junto as autorizações. Ao término das conferências, as contas voltam ao Faturamento, onde os futuristas as averiguam. Caso tenha alguma divergência e glosa apontada pelos auditores, o Faturamento analisa acatando ou não a divergência, se for acatado, as contas são arrumadas e gerado um novo relatório, e são novamente devolvidas para os auditores do convênio, que verificam e certificam se as contas estão de acordo com os seus relatos, os auditores devolvem ao 34 faturamento o prontuário com o “ok” final. Se o faturamento não aceitar as devidas glosas, são feitos questionamentos entre faturistas e auditores para esclarecimento, até que entrem em um consenso, que em seguida, é feito o mesmo processo, as contas voltam para a auditoria com novo relatório, retornando ao faturamento com carimbo e assinatura dos médicos auditores dando seu “ok”. Conforme a visão de Goto (2001, apud RODRIGUES; PERROCA; JERICÓ, 2004, p. 211), glosa “referese aos itens que o auditor da operadora (plano de saúde) não considera cabível para pagamento”. As contas fechadas e auditadas, o faturamento efetua lotes de entrega para os convênios (parte da conta do paciente e autorizações), são exportados os arquivos XML de acordo com cada site das operadoras. E nas datas acordadas são entregues as contas físicas aos devidos convênios, porém, algumas operadoras já estão adotando o processo de as contas médicas serem exportadas apenas por arquivo XML, não tendo necessidade de enviar as contas físicas. Quando as contas dão entrada no convênio, as mesmas passam por uma nova avaliação de conferência. Após a entrega, o convênio envia e-mail solicitando a NF, para que possam efetuar os pagamentos. O recebimento ocorre de 30 a 40 dias após a entrega, conforme contrato acordado de cada convênio. Alguns convênios as notas ficais são emitidas após o pagamento outra parte são emitidas antes do pagamento. Nos sites dos convênios os mesmos disponibilizam o extrato com demonstrativos dos valores depositados. Os demonstrativos são disponibilizados no website, são feitas conferências do que foi enviado com o que foi pago. Quando há uma cobrança maior ou menor, o faturamento confere o motivo sinalizado e se concorda ou não. Nos casos de discordância, entra com recurso de glosa contra o convênio. Tentando reverter o que foi perdido, pois os números são bastantes significativos das perdas, que nos capítulos seguintes será relatado o número de perdas. Após toda a conferência é realizado o repasse dos honorários médicos e terceiros, exemplo: fisioterapia, psicologia entre outros, tudo de acordo com o pagamento da nota fiscal. 35 5.1.2.1 Glosas mais frequente Conforme descrito no capítulo anterior, durante o processo de fechamento das contas médicas, as mesmas passam pela auditoria médica, com os auditores de cada convênio dentro da própria instituição, antes de ser entregues, isso ocorre com 95% dos convênios. As contas são analisadas e auditadas pelo auditores, e nesse processo, ocorrem diversas glosas como: falta de evolução dos médicos plantonistas, evolução dos exames realizados, como raio-x, ECG entre outros, problemas nos laudos e descrições das cirurgias, falta de assinaturas, ou descrições incompletas, ou seja, os materiais utilizados não foram relatados. Isso acarreta para os prestadores baixa na receita, pois os serviços foram prestados, porém não tem como cobrar, devido à falta de requisitos exigidos pelos Operadores de Serviço Suplementar. No entanto, após todo processo de fechamento e auditoria, as contas médicas são finalizadas e encaminhadas de acordo com cada convênio em suas datas acordadas, porém, as mesmas ao chegarem as operadoras, passam por uma nova análise e auditoria, onde acarretam novas glosas. O valor das glosas realizadas após a entrega é bastante significativa, tendo uma baixa na receita total do hospital, e os casos mais críticos são as contas devolvidas ao prestador e matérias de alto custo negados. Os motivos pela negativa e devoluções, é a falta de autorização, senha de autorização vendida, materiais com os códigos inválidos, valores que não correspondem, entre outros. Sendo que, ainda ocorrem glosas de medicamentos, taxas, procedimentos etc. As glosas não aceitas pelos prestadores são realizados recursos, para recuperar parte do valor, as demais, são aceitas, e é dado como perda para o hospital. Na sequência segue tabela nº3 com dados da instituição de Janeiro/2013 a Dezembro/ 2013. Foram analisados os 10 convênios com as maiores receitas, junto os valores das glosas aceitas pelo prestador. 36 Tabela 3: Faturamento e Glosa por convênio Convênio Valor Glosa- Glosa Aceita Convênio 1 Valor total das contas Porcentagem Convênio 2 R$ 1.333.515,25 R$ 348.181,32 R$ 30.599.647,10 R$ 13.658.538,60 4,36 2,55 Convênio 3 R$ 67.680,67 R$ 3.373.974,86 2,01 Convênio 4 R$ 25.372,38 R$ 340.463,69 7,45 Convênio 5 R$ 38.476,24 R$ 570.470,67 6,74 Convênio 6 Convênio 7 R$ 200.628,72 R$ 16.221,99 R$ 3.313.487,36 R$ 918.138,64 6,05 1,77 Convênio 8 R$ 73.678,48 R$ 1.471.037,06 5,01 Convênio 9 R$ 15.493,31 R$ 555.854,27 2,79 Convênio 10 R$ 20.956,50 R$ 492.712,79 4,25 R$ 2.140.204,86 R$ 55.294.325,04 3,87 Total Fonte: Dados primários (2014) Segue tabela nº 4 com análise dos motivos das glosas. Foi realizada entre os dois convênios com maior receita, os que geram maior impacto financeiro no hospital. O Período da análise é de Janeiro/2013 a Dezembro/2013. Tabela 4: Valores de Glosas, Convênio 1 e Convênio 2 Convênio 1 Motivo Glosa Contas não paga Materiais Taxa e Diárias Procedimentos/Guias Medicamentos Total Convênio 2 Valores R$ 679.557,13 R$ 522.668,57 R$ 38.726,10 R$ 73.495,96 R$ 19.067,49 R$ 1.333.515,25 Motivo Glosa Contas não paga Materiais Taxa e diárias Procedimentos/Guias Honorários Total Valores R$ 249.547,06 R$ 55.295,49 R$ 13.002,84 R$ 6.893,56 R$ 23.442,37 R$ 348.181,32 Fonte: Dados primários (2014) 1. Contas não paga: Contas devolvidas por motivo de falta de autorização em algum procedimento, material, diária, medicamentos entre outros; senhas vencidas; procedimento não está confirmado no sistema; senha inválida. 37 2. Material OPME: Material não foi lançado na conta; material cobrado com código inválido; valor que não corresponde; valor pago de acordo com o que foi autorizado; material não autorizado; feito revisão. 3. Taxa e diárias: Taxa inclusa no pacote; cobrança incompatível com a permanência do paciente no hospital; 4. Procedimentos/Guias SADT: procedimento não está confirmado no sistema; não é informado o executante complementar; não foi enviado pedido médico junto à conta de internação; item não informado na senha de autorização; ausência de pedido médico do procedimento. 5. Medicamentos: Não consta no anexo, sem negociação com o prestador; código invalido; codificação sem negociação para o prestador na data do atendimento; 6. Honorários: Procedimento não paga 1º ou 2º auxiliar; procedimento não pago, por consequência honorário também. De acordo com a análise realizada, foram utilizados os dois convênios com maiores receitas na prestadora de serviço a saúde, sendo assim, foi verificada que os Convênio 1 e o Convênios 2, são responsáveis por 79% das glosas de toda a prestadora, um número bastante expressivo. Conforme indicação do gráfico nº 1: Gráfico 1: Valores de Glosas, Convênio 1 e Convênio 2 Fonte: Dados primários (2014) 38 5.2 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS Conforme evidencia-se na tabela nº 2, existe um volume bastante elevado de contas médicas que são devolvidas, e alguns dos procedimentos glosados pelo operador do plano de saúde, impactando financeiramente a empresa prestadora. Em relação a isto, percebe-se que o que mais motiva o acontecimento disto é a falta dos pedidos médicos, problemas nos materiais de OPME, contas que são devolvidas com problemas nas senhas, procedimentos e autorizações, e que está relacionado a problema de preenchimento ou não observação das regras do convênio. Segundo Falconi (2004, p.14), controlar uma organização humana “significa detectar quais foram os fins, efeitos ou resultados não alcançados”. O mais impactante, são as contas devolvidas a prestadora, contudo, ocorre o retrabalho, desmotivação da equipe, pois, elas são novamente avaliadas, analisadas e corrigidas, pois enquanto poderiam estar no fechamento de novas contas, tendem a estar corrigindo contas “antigas”, sendo que, e essas contas só poderão ser entregues ao convênio nas datas acordadas das entregas, postergando o prazo de recebimento dos recursos dos convênios. Além disso, as mesmas retornam ao setor de autorização tendo a ficar “paradas”, na espera da liberação das autorizações, e conta parada significa receita parada. Outro fator bastante crítico são os materiais OPME glosados, pois grande parte deles, é o hospital que repassa os valores aos fornecedores, e quando negados ou glosados, fica o hospital responsável pelo pagamento. Deve-se obter um maior controle no processo desde o início da prestação do serviço até o final da assistência à saúde que o paciente irá receber. Pois, existe um custo muito grande dos serviços prestados, e quando não pagos, evidentemente não há o retorno financeiro, tendo uma perca bastante significativa como destacado nas tabelas anteriores. As atividades do setor de faturamento são influenciadas pela forma como são executadas as operações nas outras etapas do processo. Para que as contas médicas sejam fechadas com eficiência, pois segundo Maximiano (2000, p.92), “usa eficiência para indicar que os recursos que a organização utiliza corretamente”, é de 39 suma importância que os demais setores interligados garantam a qualidade no momento do fechamento. As informações disponibilizadas e repassadas é essencial para que não ocorram problemas futuros. Sendo assim, é válido ressaltar, a importância da administração dos medicamentos realizado pela enfermagem, registrados nas evoluções diárias dos pacientes, além disso, é preciso incluir todas as informações no prontuário do paciente, com isso, minimizando o retrabalho e por consequência, adiantando os demais processos. A conferência realizada pelo Setor de Autorização de toda a documentação como, assinaturas das descrições e laudos médicos, senhas de autorizações, códigos de todos os procedimentos se condizem com o realizado e utilizado, tem como objetivo, evitar a retorno da mesma ao setor. O setor de faturamento é essencial para o hospital, por desempenhar a função de converter o prontuário (contas médicas), em capital corrente. Também considerado como o coração do hospital, pois é ele “bombeia” recursos para a organização. Isso só ocorre de maneira eficiente e eficaz quando todas as informações vinda de outros setores, chegam de forma corretas e precisas, no faturamento. Que de acordo com Chiavenato (2005, p.24) "uma organização é um conjunto de pessoas que atuam juntas em uma criteriosa divisão de trabalho para alcançar um propósito comum.” Ao processo do Setor de Autorizações, visto como o principal gargalo, pela dependência dos convênios, sugere-se otimizar o processo já existente, pois para Albuquerque e Rocha (2006), falam que a otimização dos processos é garantida também com o alinhamento dos indicadores estratégicos. Necessário a realização de uma conferência mais criteriosa do prontuário, verificando as autorizações se estão todas coerentes com o realizado, códigos dos materiais, verificação de guias de convênios, se todas estão corretamente preenchidas, pois o número de glosas devido a esse fator é bastante significativo. Certificando-se que a conta está correta para seguir, para que o faturamento possa dar continuidade no processo de fechamento. Para o setor de faturamento, verificar todas as assinaturas e carimbos da equipe médica, prescrição médica, evitar as glosas e suas causas, realizar treinamento com o setor referente às regras de cada convênio credenciado ao 40 hospital, pois para cada um existe uma regra e critério. Porém, realizar treinamento também com os demais setores envolvidos, para que todos entendam o processo, e quais os impactos ocasionados caso o processo tenham alguma falha no meio do caminho. Pois na visão de Maximiano (2000, p.92), ainda argumenta que “as pessoas são um recurso principal da organização para a mesma atingir seu objetivo, e que também são empregados os materiais.” E para Albuquerque e Rocha (2006, p. 33) afirmam que os processos alegam “como se agrega valor na organização, como o trabalho é feito e como é o fluxo de informação, materiais e serviços”. Segura-se ainda uma revisão de todos os convênios atendidos, pois se percebe que o convênio número 1 tem maior número de reprovações, média de 62%, o que pode estar implicando a maior restrição de uso e deixando a empresa mais vulnerável. De modo a gerar ampliação do conhecimento de todos os envolvidos nos processos, sugere-se que organização adote o fluxograma de processos com revisões periódicas, agregando assim eficiência em todo o processo. Cruz (2002 p. 105), “ressalta a importância dos processos, que ainda muitas organizações não possuem processos, e as empresas não sabem o grande mal que isso proporciona para as mesmas.” 5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao concluir o presente trabalho, verifica-se que o objetivo de pesquisa foi atendido plenamente uma vez que através das análises efetuadas foi possível evidenciar a existência de gargalos nos processos de contas médicas que estão gerando impactos financeiros para a organização, o que por consequência responde ao problema investigado. Acredita-se que ao adotar as sugestões propostas no estudo como, uma análise maior e mais criteriosa nas contas médicas, antes que as mesmas cheguem ao seu destino final, mapear e acompanhar as etapas para que sejam conduzidas e realizados de forma eficiente, gerando assim um serviço de qualidade, e que as informações sejam repassadas de forma mais precisas e corretas, seguindo as 41 regras exigidas pelas operadoras. Ampliar o conhecimento de todos os envolvidos no processo, além de adotar o fluxograma, realizar revisões periódicas e rever os convênios atendidos, analisando quais que geram lucros a instituição, neste sentido, a empresa poderá reduzir sensivelmente o volume de despesas não reembolsadas pelas operadoras de planos de saúde, melhorando o eventual descompasso no fluxo de caixa gerado por esta condição. Ainda que outras unidades hospitalares tenham modelo de trabalho semelhante e atendam os mesmos convênios atendidos pela unidade investigada, o presente estudo tem como limitação uma única unidade hospitalar e uma área específica, não sendo suas conclusões possíveis de serem generalizadas para outras organizações. Ao finalizar a pesquisa, sugere-se ainda a realização de estudos futuros ampliando o número de organizações investigadas e ainda ampliando as temáticas consensuais abordadas. 42 REFERÊNCIAS ABRAHÃO, José Carlos. A Relação do financiamento entre as operadoras e os prestadores de serviços, 2003.(Preparado para o 6º Simpósio de Planos de Saúde Health Business Fair). AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS). Disponível em:<http://www.ans.gov.br/> Acesso em 26 set. 2014. ALBUQUERQUE, Alan; ROCHA, Paulo. Sincronismo Organizacional. São Paulo: Saraiva, 2006. ARAUJO, Luis César. Organização, Sistemas e Métodos: e as Tecnologias de Gestão Organizacional. Vol. 1. 5. ed. 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