3º Encontro Brasileiro de Silvicultura SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA DE SEMENTES DE CASSIA LEPTOPHYLLA José Francisco Souza1; Gisele Ortega Ronconi2; Cleia Salmeirão S. R. Ferreira2; Maria Renata Rocha Pereira1 1 Prof. Dr., Curso de Tecnologia Silvicultura, Fatec – Capão Bonito ([email protected]. br; [email protected]); 2Graduanda Silvicultura Fatec – Capão Bonito ([email protected]; [email protected]). INTRODUÇÃO E OBJETIVOS diversidade. Os diferentes métodos de restabelecimento da vegetação nativa necessitam de um planejamento e a adoção de técnicas adequadas para se obter os resultados desejados (RODRIGUES et al., 2007). Em contrapartida muitas áreas que são submetidas a esses processos encontram-se tão degradadas que perderam a capacidade de se auto recuperar, tornando-se necessária à introdução de espécies nativas por meio do plantio de mudas (KAGEYAMA, 1992; SOUZA e BATISTA, 2004) ou da semeadura direta (ENGEL e PARROTA, 2001; CAMARGO et al., 2002). Neste contexto as espécies florestais nativas ocupam importante e crescente espaço no mercado de sementes (FLORES et al., 2011), mas ainda existem dificuldades se formalizar as atividades de comercialização e controle de qualidade destas sementes, tanto por falta de conhecimento do comportamento biológico de muitas espécies como de padrões estabelecidos para sua comercialização (WIELEWICKI et al., 2006). Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento germinativo de espécies florestais nativas da mata da região sudeste de São Paulo. De acordo com Bello et al. (2008), é importante conhecer a germinação de sementes de espécies florestais nativas do Brasil, pois o desconhecimento da ecologia dessas espécies, segundo Paula (2011), restringe a sua utilização e ameaça sua conservação, uma vez que a velocidade da degradação ambiental tem sido muito superior aos esforços para garantir a manutenção da bio- 376 MATERIAL E MÉTODOS Os estudos foram instalados e conduzidos no Laboratório de Análise de Sementes da Faculdade de Tecnologia de Capão Bonito (FATEC), do Estado de São Paulo. A espécie testada foi Cassia leptophylla, a qual foi obtida através de doação do Instituto Refloresta, coletadas em árvores localizadas na região da Bacia do Alto Paranapanema, na cidade de Capão Bonito. Os tratamentos testados foram a escarificação química com imersão em H2SO4 durante 15 minutos e a escarificação mecânica, com lixa em uma das faces da sementes, além de uma testemunha. Após os tratamentos as sementes foram desinfestadas com hipoclorito a 0,5% por 5 minutos e distribuídas uniformemente sobre vermiculita umedecidas com água, em 4 repetições, num total de 60 sementes por tratamento, acondicionadas em caixas plásticas transparentes (11x11x3,5cm) e colocadas em sacos plásticos de 0,05mm de espessura para a manutenção da umidade do substrato, mantidas a 20-35°C e 8 horas de luz em câmara de germinação (BRASIL, 2009). Resumos Expandidos As contagens de germinação foram realizadas semanalmente dos sete até 49 dias após semeadura (DAS), sendo consideradas germinadas as sementes que originaram plântulas com comprimento mínimo de 0,3 mm e extensão radicular igual ou superior a 2 mm (Brasil, 2009).Também foram avaliados o teor de ágia das sementes, realizado pelo método da estufa a 105°C ± 3°C, durante 24h, utilizando-se duas sub-amostras para cada amostra, seguindo prescrições das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009) e expressão dos resultados em base úmida e peso de mil sementes, que foram contadas ao acaso, manualmente, oito repetições de 100 sementes cada. Em seguida as sementes de cada repetição foram pesadas com o número de casas decimais indicado nas Regras para Análise de Sementes-RAS (BRASIL, 2009). O experimento foi em delineamento inteiramente casualizado, e a comparação entre as médias foi realizada por meio do teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. As médias foram apresentadas com dados não transformados. RESULTADO E DISCUSSÃO O teor de água das sementes de C. leptophylla foi de 26,81% e o peso de mil sementes foi de 157,78 g. Na Tabela 1 estão representados os resultados dos tratamentos. A dormência foi constatada na espécie estudada, já que no tratamento testemunha (apenas água) não houve germinação. A escarificação mecânica foi mais eficiente na quebra da dormência, sendo a germinação neste tratamento 76,92% maior que no com escarificação química, atingindo germinação total de 65%. A porcentagem de plântulas normais também foi maior no tratamen- to com escarificação mecânica, sendo de 51,7%, enquanto que com a escarificação química foi de somente 1,6%. Não houve diferenças entre os tratamentos no número de plântulas anormais. Comparando o número de plântulas anormais com a germinação total, observa-se que com a escarificação mecânica obteve-se 20% de plântulas anormais e com a química foi de 89,3%. Em estudos realizados por Roversi et al. (2002), verificaram que a escarificação mecânica com lixa foi eficiente na superação da dormência em sementes de Acacia mearnsii, proporcionando um menor número de plântulas anormais e de sementes duras e mortas em relação aos tratamentos com água quente, normalmente utilizados. Já, Seleguini et al (2012) observaram que em sementes de buriti, a embebição de sementes não escarificadas por 30 dias, melhora o potencial germinativo das sementes e a escarificação mecânica, aumenta a mortalidade de plântulas de buritizeiro, não sendo, portanto, um método adequado para a superação de dormência. A escarificação química foi eficiente para a superação da dormêcia em sementes de saguaraji-vermelho (Colubrina glandulosa), realizando a imersão das sementes em ácido sulfúrico por 30 a 90 minutos, se acordo com Brancalion et al (2011). Estes resultados demonstram que o método para a superação da dormência é variável, dependendo da espécie. 377 3º Encontro Brasileiro de Silvicultura Tabela 1. Porcentagem de germinação, plântulas normais e anormais de Cassia leptophylla submetida a diferentes tratamentos, aos 49 DAS. Germinadas Plântulas Plântulas normais anormais Tratamentos (%) Testemunha 0,0 c (%) 0,0 b (%) 0,0 b 15,0 b 1,6 b 13,4 a 65,0 a 51,7 a 13,3 a Escarificação química Escarificação mecânica 125,09** 48,9** 6,254* CV (%) 22,82 49,55 69,62 d.m.s. 12,02 16,86 12,99 F (T) Letras minúsculas na coluna não diferem significativamente, ao nível de 5%, pelo teste de Tukey. ** - valor significativo pelo teste F (p≤0,01); * - valor significativo pelo teste F (p≤0,01); C V – coeficiente de variação. d.m.s: diferença mínima significativa. CONCLUSÕES A escarificação mecânica de sementes de C. leptophylla foi eficiente na superação da dormência, elevando os valores de germinação e de plântulas normais. A escarificação química com ácido sulfúrico não é indicada para esta espécie. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] BELLO, E.P.B.C.; ALBUQUERQUE, M.C.F.; GUIMARÃES, S.C.; MENDONÇA, F. Germinação de sementes de Amburana acreana (Ducke) A.C. S.m. submetidas a diferentes condições de temperatura e de estresse hídrico. Revista Brasileira de Sementes, v. 30, p. 16-24, 2008. 378 [2] BRANCALION, P. H. S.; MONDO, V. H. V.; NOVEMBRE, A. D. L. C. Escarificação química para a superação da dormência de sementes de saguaraji-vermelho (Colubrina glandulosa PERK. - RHAMNACEAE). Revista Árvore, v.35, n.1, p.119-124, 2011. [3] BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNAD/DNDV/ CLAV, 2009. 365p. [4] CAMARGO, J.L.C.; FERRAZ, I.D.K.; IMAKAWA, A.M. Rehabilitation of degraded areas of Central Amazonia using direct sowing of forest tree seeds. Restoration Ecology, v. 10, p. 636-644, 2002. [5] ENGEL, V.L.; PARROTA, J.A. 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[10] ROVERSI, T.; MATTEI, V. L.; SILVEIRA JÚNIOR, P. ; FALCK, G. L. Superação da dormência em sementes de acácia negra (Acacia mearnsii Willd.) Revista Brasileira de Agrociência, v.8, n. 2, p. 161-163, 2002 [11] SELEGUINI, A.; CAMILO, Y. M. V. C.; SOUZA, E. R. B.; MARTINS, M. L.; BELO, A. P. M.; FERNANDES, A. L. Superação de dormência em sementes de buriti por meio da escarificação mecânica e embebição. Revista Agro@mbiente On-line, v. 6, n. 3, p. 235-241, 2012. [12] SOUZA, F.M. de; BATISTA, J.L.F. Restoration of seasonal semideciduous forests in Brazil: influence of age and restoration design on forest structure. Forest Ecology and Management, v.191, p.185-200, 2004. [13] WIELEWICKI, A. P.; et al. de S. Proposta de padrões de germinação e teor de água para sementes de algumas espécies florestais presentes na região sul do Brasil. Revista Brasileira de Sementes, Pelotas, v. 28, n. 3, p.191-197, 2006. 379