Artigo Original
Pós-graduação Latu-Sensu em Fisiologia do Exercício e Avaliação-Morfofuncional Universidade Gama Filho
CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO DE FISICULTURISTAS – UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE
MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DIRETO E INDIRETO
MAXIMUM CONSUMPTION OF OXYGEN - A COMPARATIVE ANALYSIS BETWEEN DIRECT AND
INDIRECT METHODS OF DETERMINATION
Bárbara Salomé
Marco Antônio Silveira
Rose Mary de Oliveira Fernandes
Sérgio Ricardo da Silva
ARACAJÚ - SE
RESUMO
O objetivo do presente estudo reside em avaliar e comparar o consumo máximo de oxigênio
(VO2) e freqüência cardíaca máxima atingida, obtidos através dos métodos de determinação direto e
indireto em sete (07) fisiculturistas da cidade de Aracaju - Se, do sexo masculino, com média de idade
de 28,7 ( +5,08 anos), massa corporal de 77,9 ( +8,45 kg) e estatura de 170,8 ( +6,51 cm). Estes atletas
foram avaliados em fase de competição através de testes ergoespirométrico e ergométrico, utilizando o
protocolo máximo de Bruce em esteira rolante. Foram encontrados os seguintes valores nos testes
diretos e indiretos respectivamente, VO2 máx (ml.kg/min) = 31,7 ( +7,0) e 53,3 ( +6,9) e Freqüência
Cardíaca máxima atingida (FC) = 180 ( +12 bpm) e 178 ( +18 bpm). Quando comparados os resultados
dos métodos entre si, ficou claro haver diferenças significativas entre o VO2 máximo, ao nível de p<0,05,
porém com relação à FC máxima atingida não fora constatada diferença significativa neste plano
analítico. Verificando-se os resultados à luz do método direto,estes atletas necessitam de um programa
de aumento da capacidade aeróbia máxima, o que não está representado com relação ao método
indireto. Portanto, concluímos que devemos ampliar este estudo no sentido de se obter, através de uma
amostra significativa de atletas ou indivíduos saudáveis, respostas mais precisas acerca dos referidos
métodos para se avaliar a capacidade aeróbia máxima e concomitante freqüência cardíaca máxima
atingida durante esforço afim de alcançarmos parâmetros fisiológicos mais seguros.
Palavras Chaves: Fisiculturistas; VO2 máximo; Teste Ergométrico; Teste Ergoespirométrico; Freqüência
Cardíaca.
ABSTRACT
The aim of this investigation was to evaluate and to compare the maximum consumption of oxygen
(VO2) and maximum measured heart rate (HR), obtained through the direct and indirect determination
methods in seven (07) bodybuilders of Aracaju city, SE, in males, with average of age of 28,7 (+5,08
years), corporal mass of 77,9 (+8,45 kg) and high of 170,8 (+6,51 cm). These athletes were evaluated in
competition phase, in treadmill, through ergospirometric and ergometric tests, using Bruce's maximum
protocol. The following values were found in the direct and indirect tests respectively, VO2 max
(ml.kg/min) = 31,7 (+7,0) and 53,3 (+6,9) and maximum measured Heart Rate (HR) = 180 (+12 bpm) and
178 (+18 bpm). When the results of the methods where compared to each other, it was clearly shown to
be significant differences between maximum VO2, at the level of p <0,05, however in relation to the
maximum measured HR, significant difference had not been verified in this study. After checking the
results under the view of the direct method, these athletes need a program to increase the maximum
aerobic capacity, what is not represented with the indirect method. Therefore, we ended that we must
enlarge this study in the sense of obtaining, through a significant sample of athletes or healthy individuals,
more precise answers about the referred methods to evaluate the maximum aerobic capacity and
concomitant maximum measured heart rate during effort, in fact to achieve safer physiologic parameters.
Key-words: Bodybuilders, VO2 maximum, Ergometric Test, Ergospirometric Test, Heart Rate.
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INTRODUÇÃO
O teste de aptidão física aeróbia é fundamental tanto para atletas de endurance
como para atletas de força e fisiculturistas, objetivando determinar parâmetros de
controle dos seus níveis de treinamento. Estes valores podem ser obtidos por testes
específicos realizados de forma indireta e direta.
Os testes de esforço graduados indiretos têm como característica principal a
estimativa do VO2 máximo a partir da taxa de trabalho final (Powers & Howley, 2000),
os quais dependem da resposta da FC, da duração do teste e do grau de inclinação, no
caso de esteira rolante. Os testes de potência aeróbia diretos, conhecidos como
ergoespirométricos, submetem o indivíduo a uma carga crescente, geralmente na
esteira rolante ou bicicleta ergométrica, até o esforço máximo, Segundo Ghorayeb e
Barros Neto (1999), nestes testes o volume de ar expirado, as frações expiradas de
oxigênio e o gás carbônico são medidos de forma direta e através de sistemas
informatizados,
são
calculados
os
principais
índices
de
limitação
funcional
cardiorrespiratória, o consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) e o limiar anaeróbio (LA).
O consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) pode ser definido como a maior taxa
de consumo de oxigênio possível de ser atingido durante o exercício máximo ou
exaustivo realizado ao nível do mar (Wilmore e Costill, 2001). O limiar anaeróbio (LA)
representa o maior consumo de oxigênio antes do inicio do acúmulo de lactato.
(Ghorayeb e Barros Neto, 1999), ou seja, onde ocorre o limite de tamponamento do
ácido lático (H+) para manutenção do pH fisiológico.
Outro parâmetro de suma importância abordado em ambos os testes, direto e
indireto, foi à freqüência cardíaca (FC), como foi visto tem forte relação com o VO2 máx
e o LA. A FC é considerado o índice fisiológico mais simples e que mais nos fornece
informações cardiovasculares facilitando a monitoração e controle do esforço (Foss &
Keteyian, 2000; Wilmore & Costill, 2001).
A importância deste estudo reside na necessidade de obtermos parâmetros
confiáveis e precisos para avaliar o desempenho aeróbio dos diversos atletas, inclusive
aqueles do fisiculturismo, os quais treinam quase exclusivamente de forma anaeróbia, e
de indivíduos saudáveis ativos e/ou sedentários.
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Neste sentido foram avaliados praticantes de fisiculturismo com o objetivo de
comparar os métodos de determinação direta e indireta da potencia aeróbia (VO2 máx.)
e da FC, verificando a existência de diferenças significativas entre ambos.
METODOLOGIA
Este estudo é de caráter transversal quantitativo, no qual a amostra fora
escolhida intencionalmente.
Foram analisados sete (07) fisiculturistas do sexo masculino com idade entre 24
a 36 anos de idade, massa corporal (MC) de 65 a 87 kg e estatura (E) 166 a 184 cm.
Todos eles estavam em fase competitiva e obtiveram aval positivo de médico
cardiologista para a execução dos testes máximos e consentiram a utilização dos dados
para pesquisa.
A descrição detalhada da amostra encontra-se na tabela 1.
Sujeitos
IDADE (anos)
MC (kg)
E (cm)
1
2
3
4
5
6
7
X
DP±
24
24
27
25
36
35
30
28,7
5,08
5,08
87,00
82,50
81,00
80,00
65,00
83,00
67,00
77,9
8,45
184
170
174
170
166
166
166
170,8
6,51
Os testes e exames foram realizados no laboratório de fisiologia do esforço do
CECLIN (Centro Clínico), em Aracaju –SE, ao nível do mar, com pressão barométrica
de 760 mmHg, umidade relativa de 50% e uma temperatura média de 23°C, no
ambiente interno do laboratório.
Para realizar os testes foi utilizada uma esteira rolante Imbramed Atl. (Vmáx. =24
km/h e Imáx = 26%) e um sistema Elite Micromed conectado a um PC com softwares
para o sistema ErgoPC de 13 derivações para atividade cardiovascular e o sistema
VO2000 da ImbraSport para a obtenção simultânea dos parâmetros metabólicos e
respiratórios, através da análise direta dos gases (O2 e CO2 ) expirados.
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Cada sujeito fora avaliado em dias alternados, realizando-se primeiramente o
teste ergoespiromético com análise direta dos gases (método direto) e o teste
ergométrico estimando o VO2máx através do comportamento da Freqüência Cardíaca
(FC), e tempo de exercício (Powers e Howley, 2000).
Foi utilizado o protocolo de
Bruce (1972; apud Marins e Giannichi, 1998) em esteira, para indivíduos jovens ativos,
ou seja, adequado para os que têm bom condicionamento físico e atletas (Powers e
Howley, 2000). Inicia-se por um breve aquecimento e tem como principais
características o tempo constante de cada estágio em 3 minutos, a velocidade de
trabalho que varia de 2,7 a 8,0 km/h e os aumentos constantes na inclinação em 2%
(Marins e Giannichi, 1998). A intensidade do esforço foi controlada até que o indivíduo
atingisse a exaustão ou esgotamento físico não podendo mais continuar o teste,
seguido de um período de recuperação ativa com a finalidade de manter o fluxo
sangüíneo moderado capaz de mover os metabólicos produzidos durante o esforço
(McArdle et al., 1998). Foram respeitados os critérios de interrupção do teste de esforço
físico não diagnostico da ACSM (2000).
As variáveis para este estudo restringem-se ao VO2 max. e FCmáx atingida,
tornando possível verificar as diferenças significativas entre os métodos direto e indireto
para estes resultados.
O tratamento estatístico utilizado para análise das variáveis foi o teste T de
Student para amostras independentes, correlação R de Pearson ao nível de
significância p<0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os Valores obtidos durante os testes ergoespirometrico (método direto) e os
testes ergométricos (método indireto) respectivamente da referida amostra são
detalhados a seguir:
Sujeitos
1
2
3
4
Carga
VO2máx VO2máx FCbpm FCbpm
(direto)
ml.kg/min ml.kg/min (direto) (indireto)
(direto) (indireto)
V(kmh) I (%)
22,41
39,56
29,75
34,00
50,08
56,76
42,29
59,78
183
173
166
171
185
157
153
178
6,7
6,7
6,7
8,0
16
16
16
18
Carga
(indireto)
V(kmh) I (%)
8,0
8,8
6,7
8,8
18
20
16
20
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5
6
7
X
DP±
27,08
40,36
25,22
31,0
7,0
62,41
48,32
53,49
53,30
6,99
178
200
190
180
12
176
200
195
178
18
8,8
8,0
6,7
7,4
0,9
20
18
16
17,1
1,5
8,8
8,0
8,0
8,15
0,75
20
18
18
18,17
1,51
Os resultados dos testes nos indicaram para o método direto, média do VO2 máx.
de 31,0 +7,0 ml.kg/min; em relação à FCmáx. média de 180 +12 bpm. Para o método
indireto VO2 máx. de 53,3 +6,99 ml.kg/min; em relação à FCmáx. média de 178 +18
bpm.
O teste t para dados emparelhados indicou diferenças significativas entre o VO2
máx. pelo método direto e VO2 máx. pelo método indireto (p=0,000). Para os dados da
FCmáx. entre ambos os métodos não houve diferenças significativas (p=0,5).
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CONCLUSÃO
Segundo Fleck e Kraemer (1999), o treinamento de força afeta diretamente o
pico de VO2 máx., Elevando-o ou abaixando-o, dependendo do tipo de treinamento
aplicado. Para estes pesquisadores a media do VO2 máx para os fisiculturistas
competitivos varia desde 41 até 55 ml.kg/min.
Portanto, analisando os resultados no que tange ao método ergoespirométrico
(direto) os atletas em estudo necessitam de um programa de aumento da capacidade
aeróbia máxima, porém, com relação ao método indireto o consumo máximo de
oxigênio encontra-se em níveis aceitáveis para estes indivíduos. Ficou constatada à luz
da literatura científica uma superestimação da potencia aeróbia máxima destes atletas
através do método indireto, uma vez que as cargas praticamente não variaram em
ambos os métodos, significando que os avaliados alcançaram níveis de intensidade de
esforço semelhantes.
A partir de então, concluímos que devemos ampliar este estudo no sentido de se
obter, através de uma amostra significativa de atletas ou indivíduos saudáveis,
respostas mais precisas acerca dos referidos métodos para se avaliar a potencia
aeróbia máxima e concomitante freqüência cardíaca máxima atingida durante esforço a
fim de alcançarmos parâmetros fisiológicos mais seguros, para avaliação da aptidão
física e funcional e posterior prescrição do treinamento físico.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ACSM – American College of Sports Medicine. Manual para teste de esforço e
prescrição de exercício. 6 ed. Rio de Janeiro – RJ. Revinter Ltda, 2000.
2. FLECK, J S e KRAEMER, W J. Fundamentos do Treinamento de Força
Muscular. Porto Alegre – RS. Artmed, 1999.
3. FOSS, Merle L. e KETEYIAN, Steven J. Bases Fisiológicas do Exercício e do
Esporte. 6ª ed. Rio de Janeiro – RJ: Guanabara, 2000.
4. GHORAYEB, N e BARROS NETO, T. (Organizadores). O Exercício Preparação
Fisiológica, Avaliação Médica Aspectos Especiais e Preventivos. São Paulo –
SP. Atheneu., 1999.
5. MCARDLE W D et Al. Fisiologia do Exercício Energia Nutrição e Desempenho
Humano. 4 ed. Rio de Janeiro – RJ. Guanabara, 1998.
6. MARINS, J C B e GIANNICHI, R S. Avaliação e Prescrição de Atividade Física –
Guia Prático. 2 ed. Rio de Janeiro. Shape., 1998.
7. POWERS, S K e HOWLEY, E T. Fisiologia do Exercício Teoria e Aplicação ao
Condicionamento e ao Desempenho. 3 ed. São Paulo, Manole, 2000.
8. WILMORE, J.H. e COSTILL, D.L. Fisiologia do esporte e do exercício. 2ª ed. São
Paulo – SP. Manole, 2001.
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