Economia da Comunicação: o poder da publicidade e o papel das mídias na formação de riqueza no País. Uma nova proposta para área1 Dra. Adriana Gomes de Freitas(PUC-SP – Faculdades Integradas Rio Branco-SP e NIELP)2 Dr. Eneus Trindade (UNIMEP-Piracicaba –SP e NIELP/CRP/ECA/USP)3 Resumo A investigação proposta neste artigo busca formas de sistematizar informações e conhecimentos sobre o impacto econômico da comunicação na sociedade brasileira, procurando construir coeficientes que auxiliem na compreensão do papel socioeconômico específico da publicidade, na geração de empregos e de renda, no âmbito macroeconômico. Este estudo propõe também análises específicas da economia da comunicação nos bairros, que ocultam um poder invisível da publicidade, no contexto microeconômico, cujo impacto não encontra registro de sua contribuição para a realidade do consumo cotidiano do contexto urbano brasileiro. Trata-se, portanto, de uma primeira reflexão que visa identificar novos sentidos para o ensino de economia no âmbito dos Cursos de Comunicação SocialPublicidade e Propaganda. Palavras-Chave: propaganda; comunicação; economia; interdisciplinaridade; ensino; Processos mediáticos. 1 Trabalho apresentado no Núcleo de Pesquisa 03 – Publicidade, Propaganda e Marketing, durante o XXVII Congresso de Ciências da Comunicação, organizado pela INTERCOM, realizado na PUC-RS. Porto Alegre. Set.2004. 2 Pós-Doutora em Administração pela Faculdade de Economia e Administração -FEA da USP; Doutora em Engenharia Mecânica pela UNICAMP; Mestre em Políticas Científicas pelo Instituto de Geociências da UNICAMP; Economista graduada pela Universidade Federal de Pernambuco. Docente dos Cursos de Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e das Faculdades Integradas Rio Branco. Membro do NIELP/CRP/ECA/USP. E-mail: [email protected]. 3 Doutor e Mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da USP; Publicitário graduado pela Universidade Federal de Pernambuco; Docente do Curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Metodista de Piracicaba e dos Cursos de Especialização Publicidade & Mercado: poéticas verbais e Marketing Político & Propaganda Eleitoral, ambos na ECA/USP. Membro do NIELP/CRP/ECA/USP e do Grupo de Pesquisa Processos Mediáticos e culturais da UNIMEP. E-mail: [email protected]. Introdução Inserido no bojo das reflexões sobre a comunicação publicitária junto ao Projeto Temático – Propaganda, linguagem e identidade: consumo e cidadania no contexto brasileiro4 , empreendido pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Linguagem Publicitária do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo - CRP- da ECA/USP. Sua finalidade é destacar o papel socioeconômico da comunicação no país, destacando a problemática pouco abordada que trata do crescimento das atividades que estão estreitamente relacionadas às mídias. Paradoxalmente, essas atividades são vistas de modo pouco consistente nas escolas de comunicação do país. Em parte isso se deve, ao processo de ensino de economia nos cursos de comunicação fazerem uma interferência multidisciplinar, mas não se constituído em uma ação interdisciplinar. Esse ensino, não apresenta elementos que permitam perceber a importância das mídias no processo de formação de riqueza da sociedade moderna, restringindo-se à realização de uma leitura dos princípios teóricos clássicos da economia, em uma proposta pedagógica, no nosso entender, anacrônica e, dessa maneira, desconectada de uma possibilidade efetiva de contribuição à formação do discente em Comunicação Social que viabilize a compreensão deste último referente ao papel da economia para a geração de renda e de empregos na sociedade de consumo nos contextos glocalizados5 . A problemática a que se dedica esta pesquisa também observa a ausência de literatura no país que aprofunde e traduza o impacto econômico da comunicação sobre a sociedade, o que transcende ao mero registro dos investimentos das empresas do setor, sem maiores investigações sobre a participação do setor no contexto macro-microeconômico do mercado brasileiro. Desse modo, esta investigação tem como objetivo preencher esta lacuna e contribuir para uma análise consistente sobre a economia da comunicação no país, inaugurando uma pesquisa pioneira e necessária no processo de ampliação e consolidação dos cursos de Comunicação Social do Brasil. 4 Este trabalho insere-se no Projeto Temático coordenado pelo Prof. Dr. Ivan Santo Barbosa do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo, da Escola de Comunicações e Artes da USP, local que sedia o NIELP. 5 Conceito que se refere ao ajuste do global ao nacional, regional ou local. Ver ROBERTESON, 1999. P. 246-268. 2 Ademais, parte do conhecimento existente neste setor, é intrinsecamente tácito. Logo, o presente trabalho tem como objetivo auxiliar as Escolas de Comunicação a codificar o conhecimento da indústria de comunicação do país, visando melhorar a capacitação do corpo discente, fazendo-os perceber a importância econômica dessas atividades no país. Para tal, elege-se a atividade publicitária, pois os registros anuais de investimento no setor, feitos por organizações de interesse desta área, facilitam a empreitada de um primeiro estudo sobre a economia da comunicação de modo mais vertical, no âmbito micro e macroeconômico. Além disso, a publicidade também viabiliza um exame da economia existente nos bairros das grandes cidades como São Paulo, sustentando pequenos jornais e pequenas emissoras de rádio, que geram empregos e rendas e que a dimensão desse mercado é praticamente desconhecida. Sendo a compreensão desta realidade, um desafio desta pesquisa, que procura mensurar em âmbito microeconômico como se dá a vida de alguns exemplos desses tipos de negócios em comunicação. Ou seja, investigar de que modo esses veículos da comunicação contribuem como instrumentos fundamentais à geração de riqueza na sociedade em âmbito micro, a partir dos investimentos feitos pela atividade publicitária. Posto isso, esclarecemos que este artigo se encontra dividido em três partes. A primeira expõe-se o quadro teórico de fundamentação da pesquisa. Na parte seguinte, são apresentados os fundamentos metodológicos. Na terceira parte, destacam-se as considerações preliminares sobre a pesquisa ora apresentada em andamento junto ao NIELP. 3 Importância socioeconômica da propaganda e publicidade na sociedade da Era da informação Nas últimas duas décadas, tornou-se unanimidade dizer que a sociedade vive na Era da Informação. Sem precedentes quanto aos períodos anteriores, este século encontra-se profundamente identificado pelo acelerado progresso tecnológico e a forma pela qual este tem, de modo significativo, ampliado a aplicação dos meios de comunicação, pois dos meios de comunicação receptivos como os veículos impressos, o rádio e a televisão, passase progressivamente para os meios interativos oriundos das tecnologias da informação (TI), particularmente a internet. Com o advento da Era da Informação, o sistema de apoio compreende a Tecnologia da Informação e o amplo complexo de base microeletrônica que promove interfaces, de forma transversal, sobre todos setores da sociedade. Nas palavras de Coutinho, A aplicação (ou criação por meio dela) da microeletrônica de uma base tecnológica comum a uma constelação de produtos e serviços agrupou um conjunto de indústrias, setores e segmentos na forma de um “complexo eletrônico”, densamente intra-articulado pela convergência intrínseca da tecnologia da informação. (COUTINHO,1992:70). Esse denso processo de inovação tecnológica, social e gerencial apontam para várias novas tendências que promovem profundas alterações no processo de trabalho, nos modos de organização da produção, entre outras, no cenário local, regional, nacional e internacional. Se por um lado, a sociedade moderna tornou-se grande consumidora de produtos de informação, por outro lado, a mesma reforçou o consumo dos mass media. Na base da Indústria Cultural que se consolida no Século XX, os mass media apoiados pelo uso crescente da tecnologia constroem um sistema que fornecem produtos diversificados – filmes, programas de rádio, entre outros. (WOLF, 1995:85) De fato, o desenvolvimento dos meios de comunicação fundados no progresso tecnológico contribuiu para que sociedade passasse a organizar complexos sistemas comunicacionais. Esses nova forma/modo de organização vem substituindo o contato 4 pessoal, por formas de comunicação, de interação, coletivas e massificadas, ou orientadas aos segmentos de públicos com perfis específicos. (COSTA, 2002:79) A incorporação das tecnologias de informação, associado ao desenvolvimento dos meios de comunicação faz autores como Costa (2002) proporem a emergência de Eras Midiáticas. A primeira Era Midiática envolveria a consolidação do audiovisual e das mídias analógicas; enquanto a Segunda Era Midiática trata a emergência das mídias digitais. Com desenvolvimento dos meios de comunicação atrela-se às atividades de divulgação comercial de produtos e serviços - a propaganda comercial (a publicidade). E com o advento da sociedade de consumo de massa, esse processo de divulgação tornou-se instrumento fundamental capaz de transformar o padrão de consumo. (Sant’Anna, 1998). Em Sant’Anna (1998), percebe-se que a propaganda comercial utiliza-se de veículos capazes de levar ao conhecimento do consumidor a mensagem publicitária. Dentre os principais tipos de veículos existentes o autor subdividi em quatro grandes grupos, a saber: veículos visuais (jornais, revistas, cartazes, painéis, luminosos, prospectos, folhetos, cartas, catálogos, displays, vitrines e exposições), veículos auditivos (rádio e altos falantes), veículos audiovisuais (televisão, cinema) e veículos funcionais (amostras grátis brindes e concursos), acrescenta-se a esse panorama os veículos multimidiáticos como a comunicação via Internet. A complexidade e importância crescente da utilização dos veículos publicitários no processo de consumo da sociedade reforçou a constituição/consolidação de instrumental que influencie as decisões de consumo, buscando garantir a satisfação dos consumidores. Na opinião de Lage e Milone (1993), a economia e a propaganda relacionam-se intrinsecamente na medida em que esta última proporciona instrumental que facilita o desenvolvimento de hábitos, (re)desenha comportamentos, estimula a elevação das vendas e aumenta a produção, contribuindo para o desenvolvimento da economia de uma cidade, Estado ou Pais. Neste sentido, as atividades relacionadas à publicidade e à propaganda envolvem o desenvolvimento de bens e serviços necessários à divulgação comercial que se utiliza de veículos da propaganda. Os autores citados destacam tais bens e serviços como produtos 5 publicitários e, portanto, parte da “riqueza econômica e social” de um país. (Lage e Milone, 1993:15). Entre os anos de 1999 e 2000, o volume de investimentos publicitários nos principais meios, vem mantendo médias percentuais de participação sobre o volume total investido, exceto na televisão por assinatura, a qual é bastante recente no país. Figura I – Investimento Publicitário por Meio (1999 e 2000) Fonte: Extraído Mídia Dados, 2003. Apesar da relevância do produto publicitário, há poucos trabalhos acadêmicos nesta área no Brasil. A investigação pioneira de Lage e Milone [(1993) e (1996)] apresenta um avanço no enfoque interdisciplinar e introduz elementos fundamentais à reflexão econômica do turismo e da propaganda e publicidade no processo de geração de riqueza. Outra constatação a ser feita é a que trata do domínio eminente tácito existente no setor de propaganda e publicidade, que requer maior sistematização dos dados sobre a importância socioeconômica destas atividades. Nas últimas décadas diversos pesquisadores têm dado maior importância ao papel do conhecimento no progresso econômico das nações. Essas teorias pressupõem que conhecimento é pedra de esquina sobre o qual alicerça o sucesso material dos indivíduos, empresas e países. Essa constatação deu origem à abordagem interdisciplinar da economia baseada no conhecimento (OCDE, 1996). No caso, o conhecimento é entendido como 6 aquele elemento embutido nos seres humanos (capital humano) e na tecnologia (máquinas, acessórios, manuais, etc) e é absolutamente central ao desenvolvimento econômico. As economias dos países (e das empresas) voltam-se cada vez mais para o conhecimento, transformando-se em principal ativo dos agentes econômicos. Neste contexto, as economias são caracterizadas pela necessidade de criação de conhecimento e aprendizado contínuo, tanto de informações sistematizadas (codificadas) quanto de competências para usar estas informações. Nesse sentido, o papel central do aprendizado e do conhecimento exige a elaboração de novos indicadores que compreendam os seguintes aspectos de uma economia voltada para o conhecimento: i)capital humano, ii) estoques e fluxos de conhecimentos, iii) impactos socioeconômicos, iv) taxas de retorno do conhecimento; v) redes de circulação do conhecimento. [Lundvall e Nielsen (1999), Lundvall e Borras (1997), Nonaka e Takeuchi (1997), Lundvall e Johnson (1994), (Foray e Lundvall, 1996), Teece e Pisano (1998), Prahalad e Hamel (1990); Teece (1988), Winter (1987)]. Nesse contexto, insere-se este projeto, como proposta de mapeamento da comuncicação, aprofundadndo-se no setor publicitário nacional com vistas à identificação do estado da arte do produto publicitário nacional e orientar futuras frentes de trabalho que reforcem a capacitação do profissional de Comunicação Social no país. 7 Fundamentação Metodológica Por estarmos tratando de uma pesquisa interdisciplinar que procura explicar o funcionamento da economia da comunicação no contexto brasileiro, sob o foco da atividade publicitária, como aporte de uma investigação maior Publicidade, linguagem e identidade: cidadania e consumo no contexto brasileiro, percebemos que a compreensão do processo econômico da comunicação e em específico da publicidade, remete a alguns esclarecimentos sobre a contribuição da economia para a conjuntura da produção do processo enunciativo dos discursos da comunicação. Nesse sentido, concordamos com Edgar Morin (1990), quando ele trata da complexidade do pensamento interdisciplinar, que envolve uma percepção sofisticada sobre os nexos que o objeto de investigação suscita. No caso desta proposta, consideramos que a compreensão do processo econômico da comunicação e da publicidade envolve a necessidade de se pensar a interface das epistemes da comunicação e da economia num esforço que conjuga procedimentos de investigação apropriados à análise dos aspectos macroeconômicos e microeconômicos em aspectos quantitativos e qualitativos das áreas em questão. Dessa forma, as teorias econômicas que transitam na crítica e nas propriedades das reflexões keynesiana, monetaristas e da teoria do capital humano, embora refratárias entre si e, em muitos casos, contraditórias, ajudam a explicar nuanças dos aspectos macro e micro dos processos econômicos (BLAUG,1993), que em suas especificidades servem de suporte teórico para esta nossa empreitada. Mas longe de discutirmos as abordagens teóricas da economia, preferimos economizar nosso processo de discussão metodológico apoiados no trabalho do Francês Jean-Marie Martin (1992), que nos oferece, nesta linha complexa de pensamento, um estudo modelar sobre a economia mundial da energia que nos parece passível de adaptações aos objetivos do estudo aqui proposto e que nos auxilia na elaboração de etapas e procedimentos metodológicos quantitativos e qualitativos de pesquisa, que aqui acreditamos como pertinentes à nossa proposta. Tal autor viabiliza um estudo sobre a gestão do conhecimento econômico sobre o setor de energia no mundo. Nosso objeto não menos ambicioso, mas delimitado ao contexto 8 brasileiro, procura estruturar um modelo de gestão do conhecimento econômico nacional, aprofundando-se na comunicação publicitária. Assim, de modo semelhante à proposta de Martin sobre a economia mundial da energia, consideramos que a primeira etapa da pesquisa deve partir do levantamento bibliográfico e dados sobre os investimentos de empresas no setor de comunicação e em mídia publicitária. Isso leva a uma reflexão que daria origem a um balanço da economia da mídia no mundo relacionada ao contexto brasileiro, o que por conseqüência leva ao resgate da formação histórica da economia da comunicação no mercado brasileiro e à discussão sobre o crescimento das mídias e seus impactos frente às possibilidades de desenvolvimento do setor no país. No segundo momento caberia uma caracterização taxionômica dos vários produtos de comunicação, suas políticas de preços e estratégias de atuação das empresas exemplares de vários suportes midiáticos (TV, Rádio, Jornal, Outdoor, Revista, Internet e jornais e rádios de bairros), que permitiriam a associação do modo de atuação dessas empresas em função das políticas do Estado brasileiro para o setor. Isso demanda uma pesquisa de campo para o levantamento de entrevistas e acesso a documentos/informações de organizações, pautada em técnicas de entrevistas em profundidade e levantamentos de dados primários junto às empresas. No terceiro momento observaríamos a gestão econômica específicas de agências de publicidade e da atividade publicitária em empresas menores, considerando o papel da publicidade na geração de renda e de empregos frente à perspectiva das necessidades de recursos técnicos, conjunturas do ambiente mercadológico, do ambiente geográfico e sociocultural e de recursos humanos demandados pelo setor que implicam em impactos econômicos. De posse dessas informações, acreditamos na possibilidade de construção teórica aplicada de indicadores econômicos da atividade comunicacional publicitária que se prestariam a uma inovação do pensamento e do conhecimento na interface da comunicação e economia. Caberia, então, pontuarmos alguns procedimentos de pesquisa que procuram dar conta das etapas propostas para esta pesquisa, algumas já mencionadas, mas que agora apresentamos de forma sistematizada, a saber: 9 1- Levantamento bibliográfico, revisão de literatura, sobre a teoria da comunicação e economia, checando suas interfaces quando registradas; 2- Levantamento de informações sobre as mídias no Brasil, sobre o histórico da formação da indústria midiática brasileira e do consumo de produtos midiáticos. Nesse sentido, são valiosas, a princípio, as contribuições de Ortiz (1988), de Branco et alii (1990), Santos e Silveira (2000), as publicações dos Anuários de Mídia do Grupo Meio & Mensagem e dados de instituições de pesquisa como o IBGE, DIEESE, da Legislação brasileira no que se refere às políticas e normas para as empresas de comunicação, além de teses e dissertações que abordem temáticas de interesse deste projeto; 3- Identificação e classificação dos principais produtos de comunicação no contexto brasileiro; 4- Sistematização das informações estatísticas sobre os investimentos econômicos no setor midiático; 5- Pesquisa de campo com entrevistas realizadas com profissionais da área de gestão de negócios deste setor (uma emissora de TV, uma Rádio, um Jornal, um provedora de Internet, um jornal de bairro, uma rádio de bairro e uma Agência de Propaganda, todos situados na cidade de São Paulo, exceto a emissora de TV da Rede Globo, cuja administração tem sede na cidade do Rio de Janeiro), considerando-se a importância econômica desses contextos específicos para a realidade brasileira; 6- Sistematização dos dados da pesquisa de campo, orquestrando triangulações de procedimentos metodológicos de pesquisa qualitativa, a partir dos dados das entrevistas, da análise de documentos levantados e da análise de conteúdo para uma leitura mais completa dos dados coletados que possibilitam identificar categorias que auxiliem na construção de indicadores econômicos no setor de comunicação. De forma genérica, procuramos mostrar como podemos chegar à satisfação dos nossos propósitos, buscando uma coerência com a nossa fundamentação teórica e contemplar nossos objetivos no contexto do projeto temático em que esta pesquisa encontra 10 sua identidade. Esclarecemos ainda que, ao longo da pesquisa haverá um aprofundamento e refinamento referente às questões metodológicas. Considerações Preliminares Este artigo reflete de modo preliminar as atividades desenvolvidas pelo NIELP na tentativa de contribuir ao exame da importância das atividades relacionadas à propaganda e publicidade no processo de geração de emprego e renda do país na interface interdisciplinar entre economia e comunicação. Dessa forma, o trabalho procura apresentar caminhos que possibilitem a caracterização do processo econômico da comunicação, com base em exemplos, de como o produto e a empresa de comunicação podem gerar renda e empregos, buscando identificar coeficientes que avaliem o impacto dessas atividades. Ao mesmo tempo, são pensadas também formas de análise sobre o impacto dos investimentos publicitários nos vários meios de comunicação, buscando compreender a participação dessas atividades na economia nacional. Do ponto de vista do como se vem pensando o processo de ensino da economia nos cursos de comunicação esta proposta, configura, no nosso entender, uma inovação e uma busca efetiva de superação do paradigma multidisciplinar para efetivamente realizar se constituir de forma interdisciplinar a economia da comunicação. Entendemos que o espaço do Congresso da INTERCOM torna-se local privilegiado para discussão justamente por consideramos a pertinência dos conhecimentos do campo da economia à comunicação, contudo a proposta que ora discutimos fundamente-se na perspectiva de promover uma aderência coesa e coerente da economia ressignificada ou (re)interpretada na perspectiva da comunicação, o que não se configura como uma tarefa fácil, exigindo um esforço intelectual que reconheça os aspectos da comunicação, da economia e da educação, pois os esforços deste trabalho visam a ressignificação do ensino da economia em comunicação para uma Economia da Comunicação. 11 Referências Bibliográficas BLAUG, M. Metodologia da Economia. São Paulo. EDUSP. 1993. COSTA, C. Ficção,Comunicação e Mídias. São Paulo. SENAC. 2002. LAGE, B; MILONE, P. Propaganda e economia para todos. São Paulo. Summus. 1994. ___________________. Economia do Turismo. 2ed. São Paulo. Papirus. 1996. 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