FILMOGRAFIA PARA OS ALUNOS NAS AULAS DE FILOSOFIA.
Márcia Eliana Araújo Londero
Os filmes introduzidos nos conteúdos da disciplina de filosofia têm a pretensão de abordar
diferentes temas partindo de questões previamente estabelecidas pela professora, onde
possamos despertar o interesse pelo estudo filosófico, por questões referentes à moral,
liberdade, valores, ética... As cores e imagens poderão levar os alunos ao momento da
história e do enredo do filme para que eles possam refletir sobre diferenças de tempos,
contextos que existem nos filmes. Os filmes serão assistidos e debatidos nas disciplinas de
filosofia. Os alunos terão inicialmente acesso ao título do filme e três questões formuladas
pela professora. Apresentaremos também alguns exemplos de filmes que utilizamos nas
aulas, e obtivemos uma excelente aceitação por parte dos alunos, além de demonstrar como
utilizamos sua linguagem em sala de aula. São alguns dos filmes: O nome da rosa; Céu de
outubro; O sorriso da monalisa, etc. Além de outros que pretendemos assistir Nemo,
Sociedade dos poetas mortos, Os incríveis, O clube do imperador etc.
PALAVRAS-CHAVE: filosofia, filmes, conceitos éticos- cognitivos
FILMOGRAFIA PARA OS ALUNOS NAS AULAS DE FILOSOFIA.
Pensamos em realizar um projeto usando filmes na nossa escola por várias razões:
uma delas é por que, na cidade de Faxinal de Soturno onde está situada a Escola Estadual
de Educação Básica Dom Antonio Reis, não há um cinema. A nossa escola possuí uma sala
de projeção que está em fase de construção. Atualmente utilizamos TV com DVD ou vídeo
cassete.
Sabemos que os meios de comunicação fazem parte do quotidiano dos indivíduos e,
estes sofrem constantes influencia pelos mesmos. O telespectador possui formas diferentes
de pensar em função de gerações, e a mídia acompanha essas mudanças.
Também é fato que as imagens fictícias ou até mesmo as reais fazem com que, em
algum momento, que as pessoas se envolvam. As emoções e necessidades podem se
realizar ficticiamente através das imagens. (por exemplo: o amor verdadeiro dos
personagens, algumas vezes, fazem com que os adolescentes acreditem).
A utilização do vídeo é um dos recursos de boa aceitação pelo corpo discente, às
vezes, pode ser uma forma de “imersão total”, de duração relativamente curta, realizada em
uma sala de aula ou uma sala de vídeo. Os filmes, geralmente podem dar significado a uma
realidade de forma visual.
Os filmes introduzidos nos conteúdos da disciplina de filosofia têm a pretensão de
abordar diferentes temas partindo de questões previamente estabelecidas pela professora, a
partir de uma abordagem intrínseca do conteúdo, onde possamos avaliar questões referentes
à moral, liberdade, valores, ética....
Ao observarmos a sociedade, somos capazes de admitir que um número
considerável de pessoas sente dificuldade para pensar livremente, e, deste modo,
interpretam o mundo da maneira mais extravagante possível. Embora tal dificuldade em
raciocinar criticamente tenha origens diversas, estas promovem igualmente toda uma sorte
de atitudes supersticiosas, preconceituosas e, sobretudo, ignorantes.
Atualmente, a maioria dos alunos do ensino médio, de certa forma, colocam
algumas restrições para a leitura de um livro. Nesse sentido pensamos que a partir de alguns
filmes pudéssemos oferecer um número maior de curiosidades para que os alunos procurem
realizar mais leituras em diferentes obras e autores. Devido ao bombardeio de imagens,
sons e cores, em uma tecnologia apurada, o livro torna-se às vezes, menos interessante.
Entendemos que os livros e os filmes não precisam ser concorrentes e, sim
colaboradores para o conhecimento a uma atitude reflexiva dos alunos. Pois ao assistir e
fazer uma reflexão sobre um filme, o aluno possa perceber questões que poderiam ser
aprofundadas na leitura de um livro. Dessa forma acreditamos que os filmes poderão servir
para refletirmos e analisarmos as várias formas de conhecimentos existentes.
A partir de alguns filmes podemos pensar sobre a história, sobre a sociedade, sobre
valores, sobre a origem do mundo... ou até mesmo pensar sobre a realidade passada,
presente e também a futura. A reconstrução e/ ou construção de uma determinada época
histórica, pode provocar nos alunos interesses quanto ao cenário, local, comportamento dos
personagens, o que o diretor pretendia salientar... As cores e imagens poderão levar os
alunos ao momento da história e do enredo do filme para que eles possam refletir sobre
diferenças de tempos, contextos que existem nos filmes.
Também é possível aproximar a sala de aula do cotidiano, das linguagens de
aprendizagem e comunicação da sociedade urbana, além de introduzir questões no processo
educacional. Os filmes, em alguns casos, no pensamento dos alunos significam descanso e
não "aula", o que provoca uma alteração na postura, nas expectativas em relação ao seu
uso.
Além disso, podemos dizer que os filmes partem do concreto, do visível, do
imediato, próximo, que toca todos os sentidos. Mexe com o corpo, com a pele - nos toca e
"tocamos" os outros, estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close, do som
estéreo envolvente.
No que se refere a importância da linguagem, a fala aproxima o filme do cotidiano,
de como as pessoas se comunicam habitualmente. A partir do filme temos vários estímulos:
sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita. O vídeo nos seduz,
informa, entretém, projeta em outras realidades (no imaginário) em outros tempos e
espaços.
A TV e vídeo encontraram a fórmula de comunicar-se com a maioria das pessoas,
tanto crianças como adultas. A lógica da narrativa não se baseia necessariamente na
causalidade, mas na contigüidade, em colocar um pedaço de imagem ou história ao lado da
outra. As linguagens da TV e do vídeo respondem à sensibilidade dos jovens e da grande
maioria da população, são muito dinâmicas; dirigem-se antes ao sentimento, afetividade do
que à razão propriamente dita.
O filme muitas vezes ajuda a mostrar o que se fala em aula, a compor cenários
desconhecidos dos alunos. Um filme traz para a sala de aula realidades distantes dos alunos,
como por exemplo, a Amazônia ou a África, a Europa. Muitas vezes mostra determinado
assunto, de forma direta ou indireta. Isto facilita o trabalho do professor e dos alunos.
Também observamos que atualmente os filmes considerados como "Infantis", com
histórias infantis estão mostrando questões e problemas que são próprios do século 21.
Alguns exemplos de filmes como: Nemo, Os sem floresta, Sherek I e II, Madagascar, A
fuga das galinhas, etc. fazem com que os telespectadores observem a vida e o cotidiano
com suas diferenças, e principalmente, falam sobre amizade, intolerância, respeito, amor,
etc. trabalham também no sentido de mostrar questões referentes a estética, política, moral,
liberdade e etc.
Em geral, formulamos para os alunos questões sobre determinado filme, como: que
história é contada (reconstrução da história); como é contada essa história; modelo de
sociedade apresentado, etc.
Como resultados, podemos dizer que os alunos são críticos em relação ao que
assistem, as imagens contribuem para a busca do real (visualizam o real) nos filmes. Além
de que, após assistirem o vídeo e debaterem, são convidados a fazerem uma produção
textual sobre o mesmo.
ALGUMAS PROPOSTAS DE FILMES:
1. ASSASSINOS POR NATUREZA
A partir dos filmes podemos fazer várias leituras filosóficas e suas representações,
ligando assim os conceitos filosóficos a história do filme propriamente ditos. Um exemplo
citado por Cabreira é o filme “ASSASSINOS POR NATUREZA”, de Oliver Stone, que
consegue abordar o tema nietzscheano da naturalização dos valores de uma maneira
situacional, muito melhor fundada e mergulhada na coisa mesma do que muitos tratados
sobre Nietzsche. “Se filosofar admite ser concebido como um tipo de captação do real
através de uma linguagem de imagens, sem imposições intelectualistas e sem a obrigação
de ater-se a uma dada tradição (de Tales a Rorty), o cinema e a literatura podem ser
filosóficos”.
2. O SORRISO DA MONALISA
Julia Roberts, vencedora de um Oscar da Academia (Erin Brockovich,2000), em O
Sorriso de Mona Lisa, é uma professora de História de Arte que, em 1953, no pós-guerra,
inicia a carreira em Wellesley College, um conservador colégio feminino de elite.
Katherine (Julia Roberts) defende a emancipação da mulher e tem grandes planos para as
suas brilhantes alunas. Mas com todo o peso do ambiente que as rodeia, conseguirá esta
professora cativar as alunas com as suas ideias liberais? Num mundo que delimitou a estas
raparigas rígidas regras sobre como viver, Katherine vai tentar ensiná-las a pensar por elas
próprias e é através das dificuldades das suas alunas em encontrar o seu caminho, que ela
irá também aprender a descobrir novas alternativas para a sua vida. O Sorriso de Mona Lisa
é um filme divertido e encantador, sobre uma professora com muito para ensinar sobre a
vida e muito para aprender sobre o amor.
3. O NOME DA ROSA (The Name of the Rose, ALE/FRA/ITA 1986)
Este filme é sobre estranhas mortes que começam a ocorrer num mosteiro
beneditino localizado na Itália durante a baixa idade média, onde as vítimas aparecem
sempre com os dedos e a língua roxos. O mosteiro guarda uma imensa biblioteca, onde
poucos monges têm acesso às publicações sacras e profanas.A Baixa Idade Média (século
XI ao XV) é marcada pela desintegração do feudalismo e formação do capitalismo na
Europa Ocidental. Ocorrem assim, nesse período, transformações na esfera econômica
(crescimento do comércio monetário), social (projeção da burguesia e sua aliança com o
rei), política (formação das monarquias nacionais representadas pelos reis absolutistas) e
até religiosas.
Culturalmente, destaca-se o movimento renascentista que surgiu em Florença no
século XIV e se propagou pela Itália e Europa, entre os séculos XV e XVI. O renascimento,
enquanto movimento cultural, resgatou da antiguidade greco-romana os valores
antropocêntricos e racionais, que adaptados ao período, entraram em choque com o
teocentrismo e dogmatismo medievais sustentados pela Igreja. No filme, o monge
franciscano representa o intelectual renascentista, que com uma postura humanista e
racional,
consegue
desvendar
a
verdade
por
trás
doscrimes.
A chegada de um monge franciscano (Sean Conery), incumbido de investigar os
casos, irá mostrar o verdadeiro motivo dos crimes, resultando na instalação do tribunal da
santa inquisição.
4. CÉU DE OUTUBRO
No final dos anos 50, o adolescente Homer Hickam (Jake Gyllenhaal) vive em uma
cidade onde a mineração é a maior empregadora local. Ao saber que os russos colocaram o
satélite Sputnik em órbita, Homer começa a sonhar em também colocar um foguete seu em
órbita. Logo ele convence alguns amigos a participarem do projeto e, com o apoio de uma
professora, dá início ao projeto que irá mudar sua vida para sempre.
5. SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS.
Um filme que ganhou o Oscar de melhor roteiro original, escrito por. Tom
Schullman.O ano em que se passe a historia é 1958. O filme apresenta dilemas e dramas de
alguns estudantes. Entre algumas questões está a de um estudante precisa confrontar um pai
autoritário para conseguir fazer o que deseja.
O filme também mostra leitura de poesias com conteúdo de forte apelo emocional e
crítico, que em alguns momentos os estudantes recitam e parecem assumir com intensidade
uma identidade. O filme sugere que os jovens devem transformar a sua vida.
6. O CLUBE DO IMPERADOR.
O filme retrata a vida de uma escola onde os alunos que freqüentam são a nata da
sociedade americana, filhos de gente muito rica e importante. É nesse ambiente, cujos
alicerces são a tradição, que leciona um professor _ um apaixonado pela história antiga _
que dá aulas onde a emoção e a alegria estão sempre presentes.
Em meio a alguns acontecimentos um aluno começa a “incomodar”, este é filho de
um respeitado senador. Essa batalha de egos e vontades irá durar mais de 25 anos.
7. OS INCRIVEIS
Este filme conta à estória de uma família de ex-super-heróis, que precisam ajustarse à nova realidade. Atualmente, eles vivem como pessoas comuns, possuem uma vida
normal com três filhos. Precisam controlar seus superpoderes para parecerem "Normais”.
No entanto alguns acontecimentos fazem com que essa família volte a usar seus
superpoderes.
Referência Bibliografia
ARANHA, M. E MARTINS, M. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna. 2005.
CABRERA, J. Cinema e Filosofia. (De como o Cinema pode ser filosófico: Pensamento
Logopático). Disponível em <http://www.unb.br/ih/fil/cabrera/portugues/cinema.htm>.
Acesso em set.2006.
O Cinema Pensa. Sinopse. Disponível em:
<http://www.rocco.com.br/shopping/exibirlivro.asp?Livro_ID=85-325-2023-5#inicio>.
Acesso em set.2006.
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