MESTRADO GEOGRAFIA IMPACTOS SOCIOTERRITORIAIS DOS ACAMPAMENTOS DE SEM-TERRA: A QUESTÃO DO TRABALHO. SHIRLEI FERNANDES DE OLIVEIRA MIYASHIRO Este artigo dá ênfase aos impactos socioterritoriais dos acampamentos de sem-terra, bem como sua organização social. Inicialmente, uma compreensão acerca da nova configuração dos movimentos sociais organizados na luta pela terra e do trabalho no campo, explicitando os múltiplos tipos de ações coletivas desses movimentos. A partir desta compreensão, explorar a diversidade identitária dos sujeitos e autores na busca de novas demandas por direitos, as formas de ativismo e de fortalecimento através de articulações em movimentos sociais. Os estudos acerca dos movimentos sociais na luta pela terra são recentes, se pensarmos que a luta por um território em que se possa sustentar a família e produzir, vem desde que o ser humano tomou consciência do trabalho e da produção agrícola. Em uma sociedade que prioriza cada vez mais o lucro e a exploração do trabalho, obtém-se então a acumulação de riquezas e manutenção do poder, que produz em contrapartida o desemprego e a exclusão social. Nestas bases o trabalhador desempregado vê nos movimentos sociais de reforma agrária uma permanência do trabalho. Atualmente, com a baixa oferta de mercado nos centros urbanos, principalmente, áqueles que não usufruem de uma condição tanto financeira quanto de preparo para enfrentar de igual para igual a forte concorrência do mercado de trabalho, certa fatia desses “excluídos” buscam na área rural uma segunda chance; e de certa forma a reforma agrária contribuí em muito para essa busca. Quando o “fugitivo” da vida social urbana chega a um acampamento ou mesmo um assentamento rural, ele de certa forma tenta se adequar ao meio; colocando na maioria das vezes à disposição daqueles que ali estão, a sua capacidade física na execução de tarefas do dia-dia para de alguma maneira contribuir e se inserir no meio. Vencida essa etapa, o trabalhador “urbano-rural” vai adquirindo de forma prática os conhecimentos da lida no campo. A vivência diária com as pessoas que ali vivem, traz para esse trabalhador uma base de conhecimentos que ele não possuía ou possuía só de ouvir falar; que de agora em diante, ele usará de forma cotidiana e rotineira. O sucesso ou o insucesso de trabalhadores advindos do meio urbano ao meio rural é de certa forma, um balizador de futuras incursões de novas levas de mão de obra urbana ao meio rural. A luta pela reforma no campo é ativa desde os anos 80, fortalecida pelos movimentos de Reforma Agrária, que objetivam a geração de ocupação e renda na promoção da cidadania e da justiça social. A questão agrária representa um elemento estrutural no capitalismo, ao passo que os problemas não são totalmente resolvidos, mas minimizados com o desenvolvimento e formulação de políticas públicas de caráter socioeconômico, elaboradas em conjunto com os trabalhadores. Por fim, poderemos verificar com este trabalho as constantes discussões sobre reforma agrária e movimentos sociais, suas inúmeras manifestações e tipos de ações exercidas que colaboram para a efetivação de debates plurais e democráticos. PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO VI MOSTRA DA PÓS-GRADUAÇÃO/2014