D I S C I P L I N A
Introdução à Ciência Geográfica
A geografia de Humboldt e Ritter
Autores
Aldo Dantas
Tásia Hortêncio de Lima Medeiros
aula
08
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Apresentação
N
o período que analisaremos nesta aula, você verá que a Geografia vai deixando de ser
apenas uma obra de erudição a serviço de outras ciências, no papel de auxiliar; que
ela deixa de ser um amontoado de conhecimentos, uma enumeração mais ou menos
ordenada de nomes de rios, montanhas ou cidades; e que deixa também de ser um agregado
de nomes e de números. Você verá ainda que a Geografia se beneficia dos acontecimentos
gerais e do desenvolvimento de outras ciências.
Ligados a essas mudanças, encontraremos os pais da Geografia moderna: Humboldt
e Ritter. São esses dois sábios geógrafos os primeiros a se preocuparem com a Geografia
enquanto ciência e como um saber sistematizado. Viveram na mesma época, caminharam
por vias diversas, mas suas idéias convergiam significativamente para os mesmos princípios.
De modo geral, podemos dizer que o conjunto da obra desses dois alemães respondia ao
desafio da sociedade européia em que viviam: desenvolvimento do Capitalismo, colonização
e a formação específica da Alemanha.
Objetivos
1
Compreender como o panorama de ampliação do
horizonte geográfico contribuiu para o alargamento das
ciências em geral e da Geografia em particular.
2
Identificar as mudanças ocorridas nesse período que
influenciaram, especificamente, o pensamento de
Humboldt e de Ritter.
3
4
Relacionar os processos históricos, sociais, econômicos
e políticos com o desenvolvimento e a sistematização
do conhecimento geográfico elaborado por Humboldt
e Ritter.
Refletir geograficamente, utilizando-se da relação entre
forças locais e gerais na explicação dos fenômenos.
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Panorama geográfico
Séculos XVIII e XIX
O século XVIII foi o século da exploração dos oceanos e da elaboração do material
cartográfico, o que preparou as vias para o desenvolvimento da Geografia moderna.
A navegação à vela aperfeiçoa-se. As caravelas dão lugar a navios mais longos, mais
largos e mais pesados, chamados galeotas. Os navios aumentam a sua capacidade de
tonelagem e de calado (distância vertical entre a superfície da água e a parte mais baixa do
navio naquele ponto). São navios que andam mais rápido e bem armados, e que vão munidos
de aparelhos de bordo que permitem uma navegação mais segura pela determinação exata,
não apenas em termos de latitudes, mas das longitudes.
Com o desenvolvimento de técnicas que tornaram as medições de longitude mais
precisas foi possível fazer medições, cada vez mais rigorosas, das dimensões da Terra que
vão possibilitar a precisão da forma do globo terrestre.
Em 1617, o holandês Snellius criou o método das medições geodésicas. Mas
a primeira medição exata do arco do meridiano foi do francês Picard em 16691670. De 1638 a 1712, por instigação da Academia das Ciências, Cassini e
Lahire determinaram as medidas geométricas da França. Em 1735, Claivaut
e Maupertuis eram enviados à Lapónia para medirem o arco do meridiano,
enquanto Bouguer e La Condamine iam ao Peru a fim de realizarem uma
operação semelhante; achou-se que as dimensões do arco eram maiores no
equador do que perto dos pólos; estas missões forneceram assim prova do
achatamento da terra junto dos pólos (CLOZIER, [1974?], p.73).
Com essas medições, os erros das cartas vão sendo paulatinamente eliminados, dando
uma precisão cada vez maior à cartografia, que culmina com a publicação em 1780 do
Atlas Universal de Bourguignon d’Anville, no qual foram suprimidas indicações errôneas e
as deformações de representação que existiam desde Ptolomeu.
Esse desenvolvimento da cartografia permitiu a exploração dos oceanos. No século XVIII,
são feitas grandes e ousadas missões de reconhecimentos das localizações e descobertas
dos continentes. É graças a essa ousadia que se descobre que o hemisfério Sul é oceânico,
se estabelece a carta do Pacífico em suas grandes linhas e se pode afirmar que os mares
cobrem um espaço duas vezes maior do que as terras.
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Esse período é decisivo para o conhecimento geográfico da Terra. Os continentes se
revelam; as regiões mais hostis, como os desertos e as regiões polares, são exploradas; e
são feitas sondagens sobre o relevo submarino e a alta atmosfera.
Se o século XVIII foi de grande desenvolvimento para as descobertas marítimas, o século
XIX é o século, por excelência, da penetração dos continentes. Por volta de 1800, a África, exceto
algumas regiões, é ainda um continente incógnito; a Austrália é totalmente desconhecida; a
Ásia Central e o interior do continente americano mal começaram a ser conhecidos.
O avanço para o interior dos continentes e a ocupação colonial que daí resultam vão
colocar “frente a frente” povos, costumes, histórias e sociedades diferentes. O europeu
explorador deparar-se-á com novos climas, novas paisagens, novos gêneros de vida.
O desenvolvimento dos meios de transporte intensifica as viagens de mapeamento do
interior dos continentes, pois a mobilidade se torna mais eficaz com o advento da máquina a
vapor e, por terra, o desenvolvimento da rede de estradas de ferro vai se tornando uma realidade
concreta, o que permite um extraordinário progresso na circulação de bens e pessoas.
Com a expansão colonial, o mundo vai se revelando e as relações de apropriação,
exploração e dominação vão sendo tecidas em conjunto com a incorporação territorial e as
grandes vias de circulação demandadas pela expansão industrial.
A Revolução Industrial, que começa a partir do fim do século XVIII, promove também
uma revolução nas técnicas de produção, nas formas de transformação da natureza,
demandando progressivamente matérias-primas e mercado.
Tais revoluções, industrial e técnica, que ocorreram principalmente na França, Bélgica e
Holanda, modificam irreversivelmente o equilíbrio dos continentes e das sociedades. Graças a
essas revoluções, a Europa vai exercer, no século XIX, hegemonia política e econômica sobre
o mundo através dos Estados, das companhias de navegação e das sociedades capitalistas.
Panorama intelectual e científico
Como vimos em aulas passadas, as transformações materiais que se iniciaram com o fim
da Idade Média formam um par inseparável com as transformações no mundo das idéias.
A extraordinária expansão do conhecimento sobre o horizonte geográfico e sobre a
configuração da Terra, a dessacralização da natureza e a quebra de algumas crenças a respeito
da superfície terrestre marcam as transformações das idéias nos tempos modernos.
Algumas descobertas da Física e da Astronomia têm grande repercussão nos
conhecimentos geográficos. Newton descobre a lei da gravitação universal; Copérnico, com
o seu sistema heliocêntrico, joga por água abaixo a crença de que a Terra era o centro do
sistema planetário; Kepler descreve as leis dos movimentos planetários. Das explicações
teológicas de origem divina, passa-se para a sistematização com base na observação
e experimentação.
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As indagações das ciências nascentes vão incidir sobre os fenômenos naturais, daí o
desenvolvimento fantástico que ocorre nos estudos sobre a natureza nos séculos XVII e XVIII.
É desse período a sistematização da Zoologia, da Botânica e da Geologia, que tiveram como
combustível principal as informações oriundas das grandes expedições que se tornaram
também missões científicas.
Movida pelos avanços de outras ciências, a Geografia deixa de ser obra de erudição,
deixa de ser um conjunto de conhecimentos práticos, uma enumeração mais ou menos
ordenada de montanhas, rios ou cidades. Deixa der ser um agregado de nomes e números.
À Geografia cabe não apenas descrever, mas também explicar.
O século XIX, do ponto de vista do desenvolvimento da ciência, é especialmente
importante para a sistematização e institucionalização da Geografia. É no final do século XVIII
e início do XIX que se instala um novo sistema de positividades, apoiado nas observações
dos fatos, sobretudo a partir dos estudos da Física por parte de Newton. Para Newton, o
conhecimento deve resultar da observação, do cálculo e da comparação dos resultados, o
que permitiria a elaboração de leis.
Dois fatos marcam as ciências, em geral, e a Geografia em particular, no século XIX:
o reconhecimento de que a história dos homens, seu passado e seu futuro dependem
dos próprios homens; e, a partir disso, o homem poderá manter uma outra relação com a
natureza. O homem agora depende de si mesmo e da relação que estabelece em sociedade
e com a natureza, abandonando assim os desígnios divinos.
Quatro grandes aportes (teorias de explicação), que já se esboçavam em tempos
anteriores, vão se consolidar no ideário científico do século XIX: 1) a racionalidade que
dava primazia à experiência, a explicação científica concerne sempre à razão pura; 2) a
dessacralização e banalização da natureza, o que possibilitará a intervenção humana na ordem
natural e na valorização da positividade do trabalho; 3) a fé na ciência; 4) a fé no progresso.
Datam também do final do século XVIII e início do XIX os primeiros censos, o que vai
incrementar os dados de outros fenômenos que já vinham sendo levantados. O interesse
em cartografar os fenômenos aumenta e, assim, surgem os primeiros mapas temáticos, em
que são representadas as distribuições de populações, os climas, a vegetação, o relevo, a
hidrografia etc.
Como já vimos, o século XIX é o século das grandes explorações ao interior dos
continentes e, ligadas a estas, surgem as sociedades de Geografia que vão organizar
expedições, conferências, exposições, elaborar mapas, instalar estações meteorológicas
e editar revistas.
As sociedades geográficas são financiadas e apoiadas pelas políticas expansionistas
dos Estados colonialistas e essa ligação com as estruturas de poder levou a uma expansão
do ensino de Geografia nas universidades e ao reconhecimento oficial da Geografia
como ciência.
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Outra marca que decorre do expansionismo e da formação dos Estados Nacionais é a
presença da Geografia no ensino primário e secundário. Para melhor conhecer a pátria, é
preciso saber Geografia.
Humboldt (1769-1859)
Humboldt é considerado, juntamente com Ritter, o pai da Geografia moderna. Nascido
em 1769, pertencia a uma família aristocrática prussiana. Seu pai preocupou-se desde cedo
em dar uma esmerada educação aos filhos através de preceptores. Alexandre de Humboldt
recebeu precocemente uma boa formação em Economia Política, Matemática, Ciências
Naturais, Botânica, Física e Mineralogia.
Viaja para a Venezuela, onde sobe o rio Orenoco até o Cassiquiare que faz parte da
bacia do rio Negro, afluente do Amazonas. A etapa seguinte leva-o através da Colômbia até
o Equador e ao Peru. Esse deslocamento lhe dá a oportunidade de escalar alguns dos picos
mais altos dos Andes e de medir as suas altitudes. Através desse procedimento, observa a
variação do clima com a altitude, tendo introduzido a terminologia de quente, temperado
e frio, ainda hoje utilizada. Segue para o México e depois para Cuba. Volta à Europa após
passar pelos Estados Unidos. Essa viagem durou quatro anos e com ela recolhe uma riqueza
tão grande de dados que sua publicação leva vários anos.
Os trabalhos que decorrem de suas viagens estão voltados para a explicação daquilo
que diferencia as diversas áreas do globo, tentando encontrar as relações que se estabelecem
entre os diversos fenômenos da superfície da Terra, de modo a produzir espaços com
características diferentes. Ou seja, interessou-se pela diferenciação espacial e considerou a
paisagem resultante da interação de vários fenômenos.
Comparou as formações vegetais de regiões diversas entre si, como foi o caso da
América Latina e da Sibéria.
Tentou encontrar semelhanças entre as culturas dos povos asiáticos e dos índios
americanos. Das suas investigações feitas em escalas diferentes (mundial, continental ou
regional) resultou uma sistematização do conhecimento geográfico. Assim, com Humboldt,
a Geografia passa a ser uma ciência sistemática. Os fenômenos poderiam ser estudados
tanto no nível mundial quanto no regional. A utilização de comparações universais foi talvez
a sua contribuição mais importante. Ele comparava sistematicamente as paisagens das áreas
que estudava com outras partes da Terra. O seu método era empírico e indutivo. Partia
dos casos particulares para os gerais, tentando obter uma lei geral, válida também para os
casos não observados.
Humboldt foi essencialmente um grande viajante naturalista de sua época. Ao
contrário de boa parte de seus colegas geógrafos, que permaneceram nos gabinetes, ele
entende que a pesquisa deve se iniciar no campo. Os seus conhecimentos de Mineralogia,
Geologia e Botânica permitem-lhe desvendar muitos traços interessantes nas paisagens e
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relacioná-los. Em lugar de justapor informações, procura compreender como os fenômenos
se condicionam. No caso dos Andes, visto há pouco, a partir da altitude, ele introduz um
escalonamento das formas de vegetação e tipos de agricultura, passando das terras quentes
para as terras temperadas e, em seguida, para as terras frias. Nas pesquisas de biogeografia,
introduz o conceito de meio.
Para melhor compreender a distribuição dos fenômenos geográficos, Humboldt utilizase das observações que faz em diferentes escalas, inaugurando a idéia de que os lugares
não se explicam em si mesmos. Foi ele o primeiro a perceber a influência das correntes
marítimas sobre os climas. Percebe isso especialmente nas costas do Peru, onde empresta
o nome a uma corrente fria que se origina no pólo Sul e ameniza a temperatura nas costas
desse país. Foi ele também o primeiro a perceber os mecanismos que regem tais correntes.
Humboldt igualmente sabe fazer uso dos dados estatísticos, que as administrações
coloniais acumulavam, para tratar das realidades humanas da América hispânica. Em um
de seus livros (Ensaio político sobre o reino de Nova Espanha, 1811), analisa a situação
calamitosa da escravidão em Cuba.
Para Humboldt a explicação dos fenômenos deve partir do meio, mas devemos ter
sempre em mente que este reflete realidades em outras escalas: outra marca de Humboldt.
Ritter (1779-1859)
Ritter nasce dez anos depois de Humboldt e morre no mesmo ano em que este; teve
uma vida pouco movimentada. Enquanto Humboldt foi um grande viajante, Ritter foi um
homem que se dedicou mais à reflexão, ao magistério e ao intuito explícito de sistematização
da Geografia. Sua obra é explicitamente metodológica, vemos isso, por exemplo, no título de
seu livro mais importante: Geografia comparada.
A formação de Ritter em História e Filosofia também difere daquela de Humboldt. Mas,
a idéia de unidade terrestre e da relação entre o lugar, a região e o todo terrestre está presente
nos dois autores. Ritter propõe o método descritivo regional e utiliza comparação para fazer
compreender as especificidades da cada país e as configurações de sua história.
Com Ritter, a Geografia deixa de ser uma modesta descrição da Terra e torna-se
indispensável para quem quer compreender a cena mundial, a dinâmica das civilizações e a
maneira através da qual os povos exploram o seu ambiente.
O problema essencial estudado por Ritter é o das relações, das conexões que
se estabeleciam entre os fatos físicos e humanos. Para ele, a Terra e seus habitantes
desenvolvem mútuas e estreitas relações onde um elemento não pode ser considerado em
sua plenitude sem que se considerem tais relações. Nesse sentido, a História e a Geografia
devem estar sempre juntas.
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Dessa forma, foi um observador atento do devir histórico dos povos que habitavam em
cada uma das regiões que estudava. Entendia o espaço terrestre como o teatro da história e
considerava que quanto maior o desenvolvimento cultural maior harmonia seria estabelecida
entre o homem e a natureza.
Após a morte de Humboldt e de Ritter, a Geografia sofre certo declínio. No entanto,
mantém-se como disciplina com grande dinamismo e se expressa por duas vias: através
das inúmeras sociedades de Geografia e a permanência como disciplina lecionada no
ensino primário e secundário. Do ponto de vista da institucionalização, os impactos de
seus ensinamentos não foram imediatos: as cátedras de Geografia permanecem raras nas
universidades e os estudantes que freqüentam as suas aulas seguem carreiras variadas.
Atividade 1
Leia o texto seguinte e responda à questão proposta.
Ritter é mais importante pela ambição que confere à Geografia do que pelos
resultados que traz: desse ponto de vista, a sua influência é complementar à
de Humboldt. A obra dos grandes pioneiros alemães da Geografia moderna
envelheceu, mas é graças a eles que a disciplina afirma a sua ambição explicativa:
deixa de ser simplesmente a descrição da diversidade terrestre. A partir daí
vai permitir que se compreendam as relações entre a natureza e o progresso
humano. É também graças a Ritter e Humboldt que os geógrafos aprendem,
nas suas explicações, a trabalhar de forma sistemática com a dialética das
escalas, ou seja, passam a inserir os fenômenos que condicionam o espaço em
extensões mais vastas ou menos restritas que o fenômeno específico que está
interpretando. Dessa maneira, conseguem vislumbrar como as forças gerais ou
locais se combinam para explicar a distribuição que analisam (CLAVAL, 1995).
1
Além do fragmento que você acabou de ler, releia o início da aula no
tocante ao panorama geográfico e intelectual; em seguida, relacione
o contexto com o desenvolvimento da ciência geográfica e com o
pensamento de Humboldt e Ritter. Destaque, no pensamento dos
autores, a idéia de dialética das escalas e dê um exemplo atual que sirva
de confirmação para ela, ou seja, dê um exemplo no qual possamos
observar forças locais e gerais se combinando para estruturação de
um determinado fenômeno.
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Leitura complementar
ANDRADE, Manuel Correia. Geografia, ciência da sociedade. Recife: Editora Universitária/
UFPE, 2006.
Livro já citado no qual o autor analisa a evolução do pensamento geográfico desde a
Antigüidade até os dias atuais. É base para entender os fundamentos da Geografia e suas
conexões com as ciências naturais e sociais; além de traçar os contextos nos quais se
desenvolveram cada período de evolução da Geografia. Para esta aula, veja especialmente
os capítulos 04 e 05.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São Paulo:
HUCITEC, 1983.
Leitura obrigatória para quem estuda Geografia. É uma síntese dos fundamentos e
da história do pensamento geográfico moderno. Para esta aula, veja especialmente os
capítulos 03 e 04.
MORAES, Antonio Carlos Robert. A gênese da geografia moderna. São Paulo: ANNABLUME/
HUCITEC, 2002.
Leitura para quem deseja aprofundar os estudos sobre o período de desenvolvimento
e gênese da Geografia moderna. Esta obra trata especificamente do processo de
institucionalização e gênese da Geografia moderna, analisando o contexto histórico específico
da Alemanha e a sistematização dessa ciência, que ocorre por meio das elaborações de
Alexandre von Humboldt e Karl Ritter.
Resumo
Esta aula mostra a partir de que elementos Humboldt e Ritter partem para se
tornar os primeiros sistematizadores da Geografia moderna. Mostra também
que existe uma íntima relação entre o desenvolvimento da ciência geográfica
e a expansão colonial de desenvolvimento do Capitalismo, assim como o
desenvolvimento da vida material e aquele das idéias.
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Auto-avaliação
Retome as leituras dos textos das atividades 1 desta aula e da aula 7. Destaque
nesses textos trechos que se refiram especificamente à relação entre o contexto
geral de desenvolvimento histórico e o desenvolvimento da Geografia. Em
seguida, retome o texto que você elaborou como resposta à atividade 1 desta
aula e verifique se nele você conseguiu desenvolver a idéia de dialética das
escalas, ou seja, a idéia de que os fenômenos estão imbricados em escalas
diversas. Verifique, por exemplo, se na localidade onde você mora, ou em
algum lugar que você conhece, existe alguma atividade local que tenha estreita
relação com lugares distantes. Feito isso, elabore um pequeno texto mostrando
as imbricações em escalas diversas.
Referências
ANDRADE, Manuel Correia. Geografia, ciência da sociedade. Recife: Editora Universitária/
UFPE, 2006.
CLAVAL, Paul. Histoire de la gèogaphie. Paris: PUF, 1995.
CLOZIER, René. História da geografia. Lisboa: Publicação Geral da América, [1974?].
MORAES, Antonio Carlos Robert. A gênese da geografia moderna. São
Paulo: ANNABLUME/HUCITEC, 2002.
______. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: HUCITEC, 1983.
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Anotações
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Anotações
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Anotações
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Introdução à Ciência Geográfica – GEOGRAFIA
Ementa
A construção do conhecimento geográfico. A institucionalização da geografia como ciência. As escolas do
pensamento geográfico. A relação sociedade/natureza na ciência geográfica. O pensamento geográfico e seu
reflexo no ensino. A geografia brasileira. Atividades práticas voltadas para a aplicação no ensino.
Autores
n Aldo Dantas
n Tásia Hortêncio de Lima Medeiros
Aulas
01 O saber geográfico
02 A ação humana
03 A Geografia na Antiguidade
04 A Geografia na Idade Média
05 Os tempos modernos
06 Espaço e modernidade
07 A institucionalização da Geografia
09 A Geografia ratzeliana e seu contexto
10 A Geografia vidaliana e o seu contexto
11 A abordagem regional vidaliana
12 Os movimentos de renovação
Impresso por: Texform Gráfica
08 A Geografia de Humboldt e Ritter
14 O nascimento da Geografia científica no Brasil
15 Milton Santos: o filósofo da técnica
1º Semestre de 2008
13 A institucionalização da Geografia no Brasil
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