DOUTORADO ECONOMIA POLÍTICA E POLÍTICAS PÚBLICAS Docente: Prof. Paulo Roberto de Almeida EMENTA: Abordagem histórica e analítica das grandes correntes do pensamento econômico contemporâneo, com estudo dos principais economistas e sua influência na definição de políticas econômicas aplicadas pelos governos nas democracias de mercado (regimes socialistas não serão objeto de estudo específico, além de algumas referências pontuais). Serão abordados os temas principais relativos aos modelos de Estado e suas políticas econômicas, com destaque para a dicotomia sempre presente entre escolas ditas liberais e as de corte mais intervencionista, pertencentes ao universo keynesiano. OBJETIVOS: Não apenas no Brasil, mas especialmente no Brasil, o debate – que é central em democracias de mercado – em torno das melhores formas de organizar, dirigir e de manter uma economia moderna se apresenta, mas também se divide, em duas vertentes principais: de um lado a tendência liberal, pró-mercados livres, basicamente privatista; de outro, os setores identificados com o pensamento intervencionista, regulador e, em muitos exemplos, estatizante. No Brasil, o grupo liberal é reduzido, já que a maioria dos atores relevantes na luta pelo poder defende ideias relativamente similares no âmbito da tendência socialdemocrática, com praticamente nenhum representante da escola liberal (reduzida a poucos economistas). O curso pretende examinar as duas grandes escolas do pensamento econômico contemporâneo, que são alinhadas às ideias de Hayek e de Von Mises, na vertente liberal, e às de Keynes, na tendência social-democrática. No caso da América Latina, as contribuições de Raul Prebisch e de Celso Furtado aparecem como fundamentais. Serão examinadas não apenas as escolas de pensamento e as doutrinas econômicas, pelo lado teórico e acadêmico, mas também as grandes linhas das políticas econômicas adotadas no Brasil, desde a emergência desse debate, ao final da Segunda Guerra Mundial. O debate é atual e relevante, ainda que muito pouco presente no ambiente acadêmico, dominado por variantes diversas do keynesianismo aplicado. QUESTÕES A SEREM ABORDADAS NO DESENVOLVIMENTO DA DISCIPLINA: 1. Doutrinas Econômicas e sua absorção no Brasil 1.1. Evolução do pensamento econômico desde Adam Smith: escolas principais 1.2. A economia neo-clássica e as crises recorrentes do capitalismo 1.3. As crises de 1929 e 1931-32 e seu impacto na América Latina e no Brasil 1.4. Contestação intelectual à economia neo-clássica: a revolução keynesiana 1.5. A síntese neo-clássica e keynesiana: a main-stream economics 1.6. A marginalidade do pensamento liberal clássico na era keynesiana 1.7. Estagflação e crise da síntese keynesiana: renascimento do liberalismo clássico 1.8. Alternância e combinação das escolas keynesiana e liberal nos países avançados 1.9. Dominância do desenvolvimentismo cepalianista no caso latino-americano 1.10. O debate econômico na era das crises financeiras: tentativa de síntese 2. Políticas Econômicas aplicadas e seu impacto no Brasil 2.1. A economia do café e a abertura econômica no Brasil agro-exportador 2.2. Crise e fechamento da economia nos anos 1930: o Estado empreendedor 2.3. O debate econômico no imediato pós-guerra: Simonsen vs. Gudin 2.4. O desenvolvimentismo e o planejamento econômico no Brasil: o Ipea 2.5. Crise e esgotamento do modelo substitutivos e nacionalista: revisão de conceitos 2.6. Dos planos de desenvolvimento aos planos de estabilização: estado do debate 2.7. Quase consenso sobre a estabilidade, sem consenso sobre o modelo de crescimento 2.8. Retorno ao desenvolvimentismo e ao planejamento da era militar: o PT no governo 2.9. Debate sobre políticas econômicas no Brasil: inexistente ou enviesado 2.10. O Brasil e a economia mundial numa era de transição: que políticas econômicas? LEITURAS RECOMENDADAS: Abreu, Marcelo de Paiva (org.). A Ordem do Progresso. Rio de Janeiro: Campus, 2002. Baer, Werner. A Economia Brasileira. São Paulo: Nobel, 2003 Baumann, Renato (org). O Brasil e a Economia Global. Rio de Janeiro: Campus, 2004. Biderman, Ciro e Arvate, Paulo. Economia do Setor Público no Brasil. São Paulo: Campus, 2005 Bielschowsky, Ricardo. Pensamento Econômico Brasileiro 1930-1964: o Ciclo Ideológico do Desenvolvimentismo. 3ª ed.; Rio de Janeiro: Contraponto, 1996 Brue, Stanley L. História do Pensamento Econômico. São Paulo: Thompson, 2005 Campos, Roberto. A Lanterna na Popa: memórias. Rio de Janeiro: Toopbooks, 1994 Castelar, Armando e Giambiagi, Fábio: Rompendo o marasmo: a retomada do desenvolvimento. São Paulo: Elsevier, 2006 Chang, Ha-Joon. Chutando a escada: a estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica. São Paulo: Editora Unesp, 2003 Costa, Frederico Lustosa. Reforma do Estado e Contexto Brasileiro. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010 Furtado, Celso. Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Cia Ed. Nacional, 1979 Giambiagi, Fábio e et al. Economia Brasileira Contemporânea (1945-2004). Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 Gilpin, Robert. A Economia Política das Relações Internacionais. Brasília: UnB, 2002 Gremaud, Patrick et al. Economia Brasileira Contemporânea. São Paulo: Atlas, 2004 Landes, David L. A riqueza e a pobreza das nações: por que algumas são tão ricas e outras são tão pobres? Rio de Janeiro: Campus, 1998 McMillian, John. A Reinvenção do Bazar: uma história dos mercados. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2004 Polanyi, Karl. A Grande Transformação: origens da nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 2000 Simonsen, Roberto; Gudin, Eugenio. A Controvérsia do Planejamento na Economia Brasileira. 3ª ed.; Brasília: Ipea, 2010 Skidelsky, Lord Robert. The Road From Serfdom: the economic and political consequences of the end of communism. New York: Penguin Press, 1996 Smith, Adam. A riqueza das nações. São Paulo: Martins Fontes, 2003 Teixeira, Aloísio, Gilberto Maringoni, Denise Lobato Gentil. Desenvolvimento: o debate pioneiro de 1944-1945, ensaios e comentários. Brasília: Ipea, 2010 Venâncio Filho, Alberto. A Intervenção do Estado no Domínio Econômico: o direito público econômico no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1966