Título do Painel: Estudos Organizacionais e a história do pensamento administrativo Proponente: Ariston Azevedo (PPGA/EA/UFRGS) Painelistas: Maria Ceci Araújo Misoczky (PPGA/EA/UFRGS) Fábio Vizeu (UNIGRANRIO; PMDA/UP) Queila Regina Souza Matitz (PMDA/UP) Francis Kanashiro Meneghetti (UTFPR) Finalidade do painel O objetivo deste painel foi o de promover um exercício acadêmico coletivo de prática de uma história da história. Visou, assim, colocar no centro do debate não somente a história, mas as próprias práticas historiográficas que, implícita ou explicitamente, consciente ou inconscientemente, predominam em nosso campo disciplinar e, por conseguinte, povoam nossas produções acadêmicas, nossas salas de aula e, o que é de se supor, a própria prática da administração (e/ou gestão). Para tanto, questionou-se não apenas os fundamentos e pressupostos da “história do pensamento administrativo” ou “história da administração” que vêm sendo narradas, contadas e ensinadas – história esta que, ou se configura como disciplina curricular nos cursos de graduação e pósgraduação (lato e stricto sensu), ou é parte constitutiva e fundamental de disciplinas como, por exemplo, Introdução ao Pensamento Administrativo, Teoria Geral da Administração, Evolução do Pensamento Administrativo, Teorias da Administração e Teorias das Organizações –, mas também as escolhas, as perspectivas analíticas, os objetos, as categorias, as delimitações contextuais, os fatos e a totalidade deles, etc., todos esses, elementos de grande efeito na narração histórica. Assim, questões norteadoras do debate foram: Qual a história da disputa sobre a história oficial em nossa área? Como tal disputa se apresenta atualmente? Quem tem narrado a história oficial? Como a tem narrado? Quais os fatos ou acontecimentos escolhidos para serem narrados e, assim, entrarem para a história? Quais interesses estão sendo preservados e transmitidos nessa história? Quais interesses foram e estão sendo desconsiderados? Quais os reflexos dessa história oficial nas teorias, nas práticas, nos currículos, na educação de administradores, na compreensão em geral de nossa área disciplinar, etc.? O que motivou a propositura de tal debate foi não são somente o desejo e a vontade de conhecer melhor o passado, mas, principalmente, o desejo e a vontade de compreender o presente e lançar luzes sobre os futuros possíveis. A crítica que se levou a efeito neste painel teve, portanto, como fonte geradora, aquela necessária “retificação da arrumação oficial e pragmática” que qualquer geração de membros de uma determinada comunidade científica procede com “relação ao passado” de seu objeto e de sua ciência (Ricouer, 1964, p. 24).1 No caso, tal retificação fez-se motivada, e também condicionada, (i) pela própria inserção social dos painelistas em seus estratos da vida social, (ii) pelas novas descobertas de fontes documentais do passado, (iii) pelas novas perspectivas que sobre autores do passado os interpretes presentes apresentam, (iv) pelas recentes teorizações no campo dos Estudos Organizacionais e, por fim, (v) pelos recentes avanços teórico-metodológicos no campo da historiografia. Neste painel, essa história e historiografia foram vistas não por historiadores, in stricto sensu falando, mas por estudiosos dos estudos críticos em organizações, os quais privilegiaram em suas análises pontos de vistas que englobam tópicos como nacionalismo, colonialismo, desenvolvimento, intelectuais de países periféricos, clássicos, entre outro. Em suma, temáticas que afetam sobremaneira a constituição da história de um campo disciplinar e, consequentemente, sua ciência, seu ensino acadêmico e sua prática. Os painelistas que integraram o referido painel possuem trajetórias acadêmicas distintas em termos de campos disciplinares – embora todos tenham formação de pós-graduação em administração, seja doutorado, mestrado ou ambos – e de tempo de atuação na área acadêmica, tanto na graduação quanto na pósgraduação. Juntos representam um total de 09 (nove) grupos de pesquisa distintos (p.ex.: “Economia Política do Poder em Estudos Organizacionais”, “História, Conhecimento e Organizações”, “Organização e Práxis Libertadora” e “Núcleo de Estudos do Pensamento Político”) e totalizam um conjunto de textos em que se sobressaem preocupações trazidas à tona nesse painel. 1 Aqui estamos operando uma proposital redução de nível referencial ao que se refere Ricouer em seu livro História e verdade (1964).