GOVERNO DE SERGIPE SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO REFLEXÕES SOBRE AVALIAÇÃO (Referencial Curricular da Rede Estadual) A Avaliação é um dos mais importantes momentos da ação educativa, capaz de apontar os pontos fracos e fortes do processo ensino aprendizagem, definir e redefinir caminhos. Todavia, historicamente, não é dessa forma que a avaliação vem sendo concebida. Por diversas razões, a avaliação passou a ser utilizada como instrumento de punição e disciplinamento. Na pior das hipóteses, como meio de humilhar os alunos, e impor os valores de quem avalia. A proposta curricular aqui apresentada não concebe a avaliação como um instrumento de poder. No âmbito da Escola, a avaliação da aprendizagem deve ser balizadora, diagnóstica, e contínua. Deve ainda contemplar todas as dimensões da formação humana, desde o conhecimento científico desenvolvido, sobretudo na escola, até os valores, atitudes e comportamentos pré-existentes – todos esses aspectos devem estar contemplados no processo de avaliação. O sucesso ou fracasso deve ter como parâmetro os objetivos e metas estabelecidos, e não devem ser resumidos em uma única atividade. Ao aluno deve ser dada a oportunidade de mostrar o que aprendeu e o que deixou de aprender, através de múltiplas atividades de avaliação. O objetivo é estabelecer um diagnóstico do processo educativo, e levar o aluno e a Escola a refletirem sobre o êxito ou fracasso em relação aos objetivos e metas propostos. A avaliação deve ser considerada sob a perspectiva processual e nesta, deve-se enfatizar as seguintes dimensões: a verificação, a qualificação e a apreciação qualitativa. Segundo Libâneo a verificação consiste na “coleta de dados sobre o aproveitamento dos alunos, através de provas, exercícios e tarefas ou de meios auxiliares, como observação de desempenho, entrevista etc.” A qualificação se refere à “comprovação dos resultados alcançados em relação aos objetivos e, conforme o caso, atribuição de notas ou conceitos.” O terceiro objetivo diz respeito à “avaliação propriamente dita dos resultados, referindo-os a padrões de desempenho esperados.” Além desse aspecto, Libâneo evidencia três funções para a avaliação, as quais atuam de forma interdependente. São elas: a pedagógico-didática, a de diagnóstico e a de controle. 1. Função pedagógico-didática: Está ligada ao cumprimento dos objetivos gerais e específicos do processo educacional, qual seja o atendimento às finalidades 1 sociais do ensino, de preparação dos alunos para enfrentarem as exigências da sociedade, bem como de sua inserção no processo global de transformação e de propiciar a participação ativa nos diversos âmbitos da vida social. 2. Função de diagnóstico: Possibilita a identificação dos progressos e dificuldades e a atuação do professor. Esta função está atrelada às outras duas na medida em que cria as condições para o cumprimento da função didático-pedagógica e dá sentido pedagógico à função de controle. 3. Função de Controle: Diz respeito aos meios e à freqüência das verificações e de qualificação dos resultados escolares que dão suporte ao diagnóstico das situações didáticas vivenciadas no cotidiano do processo de ensino. Ao tratar de currículo e avaliação, o MEC apresenta dois tipos de avaliação – a somativa (que ocorre no final do processo, com o objetivo de mensurar o resultado deste) e a formativa (que ocorre durante todo o processo, com o objetivo de reorientá-lo, quando necessário). Neste último caso, a característica processual da avaliação se mostra necessária na medida em que o foco é o fornecimento de informações acerca do desenvolvimento da aprendizagem. Seguindo esse raciocínio, a avaliação formativa parte do pressuposto que todas as pessoas são capazes de aprender e que as ações educativas, as estratégias de ensino, os conteúdos das disciplinas devem ser pensados a partir das ilimitadas possibilidades de aprender que os alunos possuem. Essa maneira de avaliar leva a professores e alunos a oportunidade de compreender de forma mais organizada o processo de ensinoaprendizagem, permitindo ajustamentos sucessivos no desenvolvimento e experimentação do currículo. Esse percurso exige o uso de uma série de instrumentos/instrumentos que podem ser trabalhos extra classe ou de campo, provas e testes, relatórios, seminários, questionários, ações comunitárias e culturais, atividades em laboratórios, entre tantos outros. Pactuar com os alunos a aplicação do instrumento e o processo avaliativo, permite criar mais uma oportunidade de aquisição de competências. O registro da avaliação formativa pode ser feito de várias formas. Cabe ao professor encontrar uma maneira de documentar os dados que for coletando ao longo do processo. São exemplos de registros que podem ser empregados concomitantemente: planilhas de notas, relatórios de desempenho dos alunos, anotações diárias das aulas, memorial, diários do professor,etcPor outro lado, vale destacar alguns aspectos inerentes ao processo de avaliação. São eles: Incluir tarefas contextualizadas; 2 Abordar problemas complexos; Problematizar; Exigir a utilização funcional de conhecimentos disciplinares; Possibilitar o conhecimento prévio das tarefas e exigências antes das situações de avaliação; Discutir os erros levando em consideração a perspectiva da construção das competências. Os erros devem ser avaliados como importantes levando-se em consideração a perspectiva da construção das competências; Promover a auto avaliação, discutindo com os alunos os avanços na aquisição dos conhecimentos e das competências; Considerar as aptidões dos estudantes, seus conhecimentos anteriores, seu grau atual de domínio das competências visadas; Exigir para todos os alunos os mesmos procedimentos e oferecer reforço necessário para os que têm dificuldade Os instrumentos de avaliação devem ser elaborados a partir dos Programas de Ensino, e com o propósito de atingir objetivos específicos presentes nos referidos Programas. Devem estar coerentes com as finalidades do ensino e explorar a capacidade de leitura e escrita, assim como a de raciocínio. Portanto, a avaliação é parte integrante dos procedimentos metodológicos das disciplinas. Sua coerente utilização possibilita ao professor redimensionar sistematicamente o processo ensino-aprendizagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BÁSICA BITTAR, Mariluce; OLIVEIRA, João Ferreira de (org.). Gestão e Políticas da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2004, 175p. BRASIL. Lei 9394 – LDB – Lei das Diretrizes e Bases da Educação, de 20 de dezembro de 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 8ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. 165p FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. 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