UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL Ana Márcia Crovetto Bakalian CARACTERIZAÇÃO E TRATAMENTO DO EFLUENTE DE SOLUÇÃO SULFOCRÔMICA UTILIZADA EM ANÁLISE DE SOLOS Santa Cruz do Sul 2012 CARACTERIZAÇÃO E TRATAMENTO DO EFLUENTE DE SOLUÇÃO SULFOCRÔMICA UTILIZADA EM ANÁLISE DE SOLOS Ana Márcia Crovetto Bakalian Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental – Mestrado, Área de Concentração em Gestão e Tecnologia Ambiental, Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Tecnologia Ambiental. Orientadora: Profa. Dra. Lourdes Teresinha Kist Co-orientador: Prof. Ênio Leandro Machado Santa Cruz do Sul, julho de 2012. 2 CARACTERIZAÇÃO E TRATAMENTO DO EFLUENTE DE SOLUÇÃO SULFOCRÔMICA UTILIZADA EM ANÁLISE DE SOLOS Ana Márcia Crovetto Bakalian Esta Dissertação foi submetida ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental – Mestrado, Área de Concentração Gestão e Tecnologia Ambiental, Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Tecnologia Ambiental. Dr. Celso Camilo Moro Universidade Federla do Rio Grande do Sul - UFRGS Dr. Wolmar Alípio Severo Filho Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC Dra. Rosana de Cássia de Souza Schneider Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC Dra. Lourdes Teresinha Kist Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC Orientadora 3 Aos meus pais, Susana e Hugo, por todo carinho e apoio nos momentos de dificuldade e por estarem sempre ao meu lado torcendo por mim. Ao meu irmão Pablo pela amizade e companheirismo em todos os momentos. 4 AGRADECIMENTOS À minha querida orientadora Profa. Lourdes Teresinha Kist, por sua dedicação e empenho sem limites em todas as etapas de realização deste trabalho. Agradeço o apoio e a confiança em mim depositada desde o início. Aos amigos do LATAE, principalmente ao Rômulo, pelo auxílio nos momentos difíceis. Aos meus amigos Anderson, Helenise e Telma pela amizade e apoio. Aos funcionários da Central Analítica da UNISC pelas análises realizadas e todo o suporte necessário para a execução deste trabalho. Ao prof. Valderi Dressler do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Maria pela oportunidade de realizar as análises no ICP-OES. 5 RESUMO Laboratórios de pesquisa e análises de rotina geram quantidades consideráveis de efluentes, resultantes de experimentos e de subprodutos de reações químicas. Os laboratórios de análises de solos realizam diversas atividades, incluindo a extração de matéria orgânica do solo que utiliza solução sulfocrômica para oxidar a matéria orgânica. Esta solução contém dicromato de sódio e ácido sulfúrico, reagentes que promovem a oxidação das frações orgânicas do solo e que também contribuem para a presença de cromo nos efluentes laboratoriais que serão dispensados no meio ambiente. Em busca de soluções para problemas ambientais, nesta dissertação teve-se como objetivo fazer o diagnóstico ambiental quantitativo e qualitativo de efluentes de cromo originários da análise de solos. E assim, propor métodos de gerenciamento visando a recuperação do cromo na forma de Cr3+ através de precipitação. A partir da caracterização da amostra através de parâmetros como DBO, DQO, nitrogênio, fósforo e utilizando ICP-OES para a análise de metais e obteve-se resultados de presença de 16,76 g L-1 de cromo total e 4,19 g L-1 de Cr6+. Aplicou-se como processo a ozonização onde, após separação de fases, encontrou-se 11,4 g L-1 de cromo no sobrenadante e assim, pode-se afirmar que houve recuperação de 68 % do cromo presente no efluente. O restante, 32 %, permanecem com os demais metais presentes na fase sólida (lodo) desta amostra e pode ser incorporado na produção de produtos cerâmicos. Ainda com a amostra líquida foi realizada reação com bissulfito de sódio, obtendo-se cristais verdes característicos de sulfato de cromo. Este cromo recuperado pode ser utilizado em banho de curtimento, bem como em banho eletrolítico galvânico. Palavras-chave: Cromo, poluente inorgânico, ozonização. 6 ABSTRACT Laboratories of research and routine analysis generate considerable amounts of wastes, resulting from experiments and byproducts of chemical reactions. The soil analysis laboratories perform various activities, including the extraction of soil organic matter using sulfochromic solution to oxidize the organic matter. This solution contains sodium dichromate and sulfuric acid, reagents which promote the oxidation of organic soil fractions and also contribute to the presence of chromium in laboratories effluents which will be deposited in the environment. In seeking solutions to environmental problems in this dissertation is intended the quantitative and qualitative environmental diagnose of chromium effluent originating from solis analysis. And thus, propose methods for managing looking for the recovery of chromium as Cr3+ by precipitation. From the characterization of the sample by parameters such as BOD, COD, nitrogen, phosphorus and ICP-OES for metal analysis was obtained results of the presence of 16,76 g L-1 of total chromium and 4,19 g L-1 of Cr6+. Applied the ozonation as a process in which, after separation of phases, was found 11,4 g L-1 of chromium in the supernatant and, therefore can be stated that recovery was 68% of chromium present in the residue. The remaining 32% remains with the other metals present in the solid phase (sludge) of this sample and may be incorporated in the production of ceramic products. Still with the liquid sample was carried out reaction with sodium bisulfite and obtained green criatis characteristic of chromium sulphate. This recovered chromium can be used in tanning bath and electrolytic plating bath. Keywords: Chromium, inorganic pollutant, ozonation. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Figura 2. Representação esquemática das etapas da análise de solos para determinação da matéria orgânica ...................................................... 20 Mecanismos de reação direta e indireta do ozônio com a matéria 28 orgânica em meio aquoso (MO= matéria orgânica; MOox= matéria orgânica oxidada) ................................................................................ Figura 3. Hierarquia para o gerenciamento de resíduos sólidos industriais ....... 38 Figura 4. Unidade de bancada utilizada para o processo de ozonização ............ 42 Figura 5. Unidade de bancada utilizada para recuperação através de métodos de redução e produção de sulfato ........................................................ Figura 6. Espectro de absorção UV-Vis da amostra bruta 43 do efluente de solução sulfocrômica .......................................................................... 49 Figura 7. Amostra bruta do efluente de solução sulfocrômica .......................... 49 Figura 8. Espectro de absorção UV-Vis da amostra bruta (vermelho) e a ozonização do tempo zero a 60 minutos ............................................. Figura 9. Amostra de efluente de solução sulfocrômica ozonizada após adição NaOH concentrado............................................................................... Figura 10. 51 Filtrado do efluente de solução sulfocrômica após precipitação com NaOH .................................................................................................. Figura 11. 50 51 Precipitado resultante da reação da amostra líquida do efluente de solução sulfocrômica após precipitação com NaOH com o bissulfito de sódio ............................................................................................... 52 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Solubilidade de compostos de cromo ......................................................... 22 Tabela 2 Padrões de qualidade de água doce - classe 3 ............................................. 31 Tabela 3 Padrões de qualidade de água salobra - classe 1 ......................................... 32 Tabela 4 Padrões de lançamentos de efluentes .......................................................... 33 Tabela 5 Padrões de lançamentos de efluentes conforme legislação estadual ........... 31 Tabela 6 Métodos analíticos para caracterização ....................................................... 40 Tabela 7 Índices de impactos ambientais do efluente bruto de solução sulfocrômica 45 Tabela 8 Índices de impactos ambientais contabilizando a presença do metal 46 cromo na forma de cromo total e cromo hexavalente no efluente bruto .... Tabela 9 Resultados da caracterização da amostra do efluente resultante da análise 47 de solos ........................................................................................................ Tabela 10 Resultados em ICP-OES referentes amostra sólida do efluente após ozonização ................................................................................................... Tabela 11 52 Resultados em ICP-OES referentes à amostra líquida do efluente após ozonização ................................................................................................... 52 9 LISTA DE ABREVIATURAS ANA Agência Nacional das Águas CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CONSEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio DQO Demanda Química de Oxigênio DQOd Demanda Química de Oxigênio Dissolvido DQOt Demanda Química de Oxigênio Total ICP-OES Inductively coupled plasma optical emission spectrometry FH Fotocatálise Heterogênea GA Glutaraldeído OMS Organização Mundial de Saúde POAs Processos Oxidativos Avançados UV Ultravioleta 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.............. .....................................................................................................13 2 OBJETIVO ..........................................................................................................................15 2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................................15 2.2 Objetivos Específicos .........................................................................................................15 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................16 3.1 Impactos Ambientais ..........................................................................................................16 3.2 Sustentabilidade do Processo .............................................................................................18 3.3 Análise de solos ..................................................................................................................19 3.4 Toxicologia do cromo.........................................................................................................21 3.5 Processos de tratamento de efluentes contendo metais.......................................................23 3.5.1 Incineração..............................................................................................................24 3.5.2 Precipitação.............................................................................................................25 3.5.2.1 Precipitação do cromo..........................................................................................26 3.5.3 Aplicação de ozônio................................................................................................26 3.6 Legislação ambiental...........................................................................................................29 3.7 Avaliação do desempenho ambiental..................................................................................34 3.7.1 Índice de eutrofização – IE.....................................................................................34 3.7.2 Índice de destruição do oxigênio dissolvido – IDOD.............................................35 3.7.3 Índice de toxicidade – IT........................................................................................36 3.7.4 Índice de pressão ambiental – IPA..........................................................................36 3.7.5 Software SAAP - Sistema de Avaliação Ambiental de Processos..........................37 3.8 Gerenciamento de resíduos.................................................................................................37 4 METODOLOGIA ...............................................................................................................39 4.1 Identificação do Local de Estudo e Delineamento da Pesquisa..........................................39 4.2 Metodologia analítica .........................................................................................................39 4.3 Configuração do Ozonizador..............................................................................................40 4.4 Ensaios de Tratamento........................................................................................................41 4.4.1 Ozonização ............................................................................................................ 41 11 4.4.2 Precipitação/Redução............................................................................................. 42 4.5 Índices de Impacto Ambiental............................................................................................43 5 DISCUSSÃO E RESULTADOS.........................................................................................45 5.1 Identificação quantitativa dos impactos ambientais............................................................45 5.2 Caracterização do Efluente.................................................................................................46 5.3 Processo de Tratamento......................................................................................................49 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................54 7 REFERÊNCIAS .................................................................................................................55 12 1 INTRODUÇÃO As principais fontes de poluição são as atividades humanas, em destaque as atividades que necessitam utilizar produtos químicos. Tem-se verificado em âmbito mundial, uma preocupação de diversos países em relação ao controle da poluição, principalmente com questões que envolvam o estudo e a preservação do meio ambiente. A geração de efluentes em grande quantidade tem sido o maior problema não só das indústrias como também de laboratórios de análises químicas, uma vez que nem sempre sua disposição final é um procedimento fácil e que não cause danos ao meio ambiente. Os efluentes em geral têm três caminhos de destinação, o lançamento em corpos hídricos, o lançamento na atmosfera e o depósito em aterros ou áreas previamente selecionadas. Mesmo dependendo da legislação ambiental o que acontece muitas vezes é a disposição inadequada ou o aumento gradativo de armazenamento, um impasse que envolve um grande número de indústrias e laboratórios. Laboratórios de pesquisa e análises de rotina, também geram quantidades consideráveis de efluentes, resultantes de experimentos e de subprodutos de reações químicas. Os laboratórios de análises de solos realizam diversas atividades, incluindo a extração de matéria orgânica do solo que utiliza solução sulfocrômica para oxidar a matéria orgânica. Esta solução contém dicromato de sódio e ácido sulfúrico, reagentes que promovem a oxidação das frações orgânicas do solo e que também contribuem para a presença de cromo nos efluentes laboratoriais. Geralmente, não se considera o cromo metálico e os compostos de cromo III um risco para a saúde. Trata-se de um elemento essencial, porém em altas concentrações é tóxico. Já os compostos de cromo VI são tóxicos quando ingeridos, e a maioria irrita os olhos, a pele e as mucosas. A exposição crônica a compostos de cromo VI pode provocar danos permanentes a saúde. O Laboratório de Solos da Central Analítica na Universidade de Santa Cruz do Sul realiza diariamente análises utilizando solução sulfocrômica. Conforme informações fornecidas pelo coordenador do laboratório, no ano de 2011 no laboratório de solos foram realizadas aproximadamente 26.000 análises de macro e micronutrientes. A análise de matéria orgânica usa a oxidação a quente da amostra com adição de solução sulfocrômica (concentração de 15% de Na2Cr2O7). Para cada amostra analisada são utilizados 15 mL da solução sulfocrômica e mais uma diluição na mesma ordem para realizar a análise em espectrofotômetro. Então, no ano de 2011, a quantidade aproximadamente de geração de 13 efluentes na ordem de 300 L. As concentrações finais de cromo total encontradas neste efluente bruto variaram de 10 a 35 g L-1. Estas concentrações podem variar conforme as diluições que foram realizadas. E, os efluentes gerados não sofrem nenhum tratamento posterior e, atualmente, apenas são armazenados e a destinação final é a incineração, processo este realizado por empresa terceirizada. A incineração é capaz de atingir altas taxas de destruição e remoção dos efluentes e existem equipamentos que podem ser utilizados para o tratamento de seus efluentes (sólidos, líquidos e gasosos). Porém, apesar das vantagens da incineração em relação a outros métodos, a emissão de traços de dioxinas, furanos e metais pesados tem sido comprovada em incineradores municipais e industriais considerados perigosos. Neste trabalho, propõe-se a oxidação do cromo presente no efluente de solução sulfocrômica em cromo VI aplicando ozonização e, após separação do cromo dos demais metais existentes na solução, redução deste com bissulfito de sódio para cromo III, o qual é menos tóxico e pode ser utilizado em outras reações. 14 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Fazer o diagnóstico ambiental quantitativo e qualitativo do efluente originário da análise de solos. A partir disto, propor métodos de gerenciamento visando alternativa de disposição sustentável dos metais presentes. 2.2 Objetivos específicios Caracterizar os efluentes sobrenadantes oriundos da análise de matéria orgânica em solos realizados na Central Analítica da UNISC; Tratamento do efluente proporcionando recuperação do cromo; Criar perspectivas para o reuso do composto de cromo recuperado. 15 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Impactos ambientais Segundo a definição trazida pela Resolução n.º 001/86 do CONAMA, artigo 1º, o impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais. A poluição ambiental não é um problema atual, há mais de 100 anos as indústrias já emitiam grandes quantidades de produtos tóxicos. No entanto, o número de indústrias tem aumentado consideravelmente, assim como o número de substâncias poluentes (ZBONTAR, 2000). Os mecanismos de poluição das águas são desenvolvidos a partir do momento em que os resíduos industriais e domésticos (sólidos e, principalmente líquidos) são lançados in natura nos corpos d’água, como forma de destino final. Tal comportamento pode ocasionar uma série de perturbações físicas que alteram as condições iniciais do meio. Em geral, as perturbações físicas e químicas, resultantes desse processo, são verificadas na forma de aumento da turbidez, na formação de bancos de lodo ou de sedimentos inertes, nas variações do gradiente de temperatura, alterações no pH, aumento da DBO e das concentrações de nutrientes no corpo d`água receptor desses resíduos (BRAGA, 2002). Os reservatórios naturais vêm sendo depositários de uma variedade de subprodutos, provenientes da atividade antrópica. A presença de elementos potencialmente tóxicos, como os metais pesados, por exemplo, é responsável por efeitos adversos sobre o ambiente, com repercussão na economia e na saúde pública. A introdução de metais nos sistemas aquáticos ocorre naturalmente através de processos geoquímicos, no intemperismo e, a contribuição atribuída à atividade humana é um reflexo de sua ampla utilização pela indústria (YABE, 1998). A distribuição dos numerosos metais pesados no meio aquoso depende sobretudo dos mecanismos de absorção; depende da maior ou menor quantidade de substâncias orgânicas dissolvidas no meio e/ou das partículas finas (silte/argila), dotadas de uma cobertura formada por microrganismos, facilitando assim, a absorção destes contaminantes pelos componentes da biota aquática. Estes poluentes, por sua ação tóxica sobre microrganismos responsáveis 16 pela decomposição dos materiais orgânicos, reduzem a capacidade autodepurativa das águas. Consequentemente, a uma redução drástica da demanda bioquímica de oxigênio (DBO), com um grau de eutrofização igual. Condições de elevadas concentrações de oxigênio na água não significam, necessariamente, que as condições aeróbicas sejam saudáveis, podem, ao contrário, indicar um comprometimento por metais pesados (CUNHA, 2006). As atividades humanas vêm aumentando os níveis de íons metálicos em muitos dos nossos ecossistemas aquáticos naturais, por exemplo, a mineração, efluentes domésticos e industriais como as de galvanoplastia (SAMANIDOU, 1990). Como referência, sedimentos não contaminados devem conter menos de 0,5 mg/kg de mercúrio e cádmio; menos de 50 mg/kg de chumbo, cromo, cobre, cobalto e níquel; menos de 100 mg/kg de zinco e menos de 1000 mg/kg de manganês (STEPHENSON, 1998). Esses metais podem ser absorvidos por sedimentos minerais, podem combinar-se quimicamente com diferentes minerais como, por exemplo, na forma de sulfetos, carbonatos e sulfatos, ou ainda, precipitar na presença de hidróxido de ferro ou manganês que se formam na decomposição das rochas e, ainda, podem combinar-se com sedimentos orgânicos. A princípio, esta capacidade de combinar-se com diferentes sedimentos significa uma descontaminação da água. Porém, esta vantagem é momentânea, podendo trazer perigos adicionais, uma vez que, sob determinadas condições, esses sedimentos podem liberar enormes quantidades de tóxicos acumulados (BAIRD, 2011). Há também o fenômeno da biomagnificação que consiste no acúmulo de um contaminante que se transfere através da cadeia alimentar. Outra forma de contaminação humana por via aquática é a ingestão de água contaminada (CUNHA, 2006). Indústrias metalúrgicas, de tintas, de cloro e de plástico PVC, entre outras, utilizam mercúrio e diversos metais em suas linhas de produção e acabam lançando partes deles nos cursos de água. Outra fonte importante de contaminação do ambiente por metais pesados são os incineradores de lixo urbano e industrial, que provocam a sua volatilização e formam cinzas ricas em metais. Os metais pesados não podem ser destruídos e são altamente reativos, sob o ponto de vista químico, o que explica a dificuldade de encontrá-los em estado puro na natureza (GREENPEACE, 2012). Os processos industriais que utilizam grandes volumes de água contribuem fortemente na dificuldade de se tratar grandes quantidades de efluentes (PEREIRA, 2005). Além disso, a variedade de compostos oriundos de processos industriais que podem comprometer a qualidade das águas é enorme, abrangendo desde compostos inorgânicos (como os metais pesados) até classes de compostos orgânicos (aromáticos, nitrogenados, halogenados, etc), o 17 que praticamente inviabiliza o desenvolvimento de sistemas de tratamento de efluentes que sejam universais, ou seja, capazes de serem empregados na degradação de qualquer tipo de resíduo (FREIRE, 2000). Na implantação e operação de indústrias, é importante considerar que a utilização das potencialidades advindas dos recursos hídricos (energia, transporte, matéria-prima, etc) é um benefício inquestionável e único, mas precisa ser acompanhado do uso racional da água, sendo por isso fundamental a redução e o controle do lançamento de efluentes industriais no meio ambiente, como uma das formas de cooperação e participação no desenvolvimento sustentável. Cabe ao setor industrial a responsabilidade de minimizar ou evitar que os processos acarretem impactos ambientais (FREITAS, 2000). Assim, muitos estudos têm sido realizados buscando minimizar a toxicidade dos despejos contaminados ou até mesmo evitar que eles ocorram, procurando novas alternativas onde possam ser utilizados como matérias primas em outros ramos de atividades. Dentro desse contexto, os laboratórios de análises de solos recebem destaque devido ao grande volume de efluentes gerado, e quando não são tratados corretamente podem causar sérios problemas de contaminação ambiental. Nesses laboratórios, a análise do teor de matéria orgânica do solo é a responsável pela geração de um efluente altamente tóxico contendo grande quantidade de cromo. 3.2 Sustentabilidade do Processo O processo competitivo e econômico está cada vez mais fundamentado no emprego de medidas que permitam minimizar o consumo de matérias-primas e insumos. Assim, as indústrias estão buscando caminhos para diminuir o volume de resíduos gerados com a implantação de estratégias de recuperação e reuso, bem como a recuperação de substâncias químicas. Há inúmeras vantagens diretas e indiretas com a implantação de estratégias de recuperação (EPA, 2012). Atualmente se considera indissociável dos conceitos de produtividade a minimização de efluentes e a racionalização do consumo de matérias-primas. São diversos os benefícios advindos da implantação de programas de reuso e reaproveitamento: redução dos custos de implantação e operação de estações de tratamento; possibilidade de aumentar a produção sem ampliar as instalações para tratamento de efluentes; aumento de produtividade e redução de perdas decorrentes da otimização do processo, da conscientização e do envolvimento dos funcionários. 18 Dentro desta visão, as estratégias de reuso e reciclagem em indústrias de alto impacto ambiental permitem conciliar o desenvolvimento da atividade produtiva dentro dos princípios de sustentabilidade (Franz et al, 2006). O objetivo final é evitar o esgotamento dos estoques naturais, minimizar a geração de rejeitos pelas empresas e assim, responder às necessidades de sustentabilidade do desenvolvimento. O círculo virtuoso de responder prontamente a essas necessidades, sintetizado na composição alerta-ação-resposta-correção, deve ser contínuo, uma vez que as metas desta sustentabilidade estão décadas à frente (CUNHA, 2006). 3.3 Análise de solos O interesse maior na análise de solos está na avaliação de seus parâmetros químicos (concentração de metais e nutrientes, pH, etc), físicos (compactação, umidade, etc) e biológicos (microrganismos, etc), os quais são um indicador de sua qualidade. Dentre os constituintes do solo o mais estudado é a matéria orgânica (MO). Esta controla muitas de suas propriedades e é um fator central na manutenção de sistemas agrícolas sustentáveis (SENA, 2000). Na avaliação da fertilidade do solo são portanto utilizados métodos de extração do solo que apresentam alta correlação com a absorção de nutrientes pelas plantas. A intensidade da extração pode variar desde a fração solúvel em água até o teor total. Para os nutrientes minerais (P, K, Ca, Mg, Cu, Zn, S, etc) são em geral utilizados extratores de intensidade média como sais diluídos, ácidos fortes diluídos, resinas trocadoras, etc (TEDESCO, 1995). O laboratório de solos da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), segue as seguintes etapas de análise de matéria orgânica do solo, conforme fluxograma apresentado na Figura 1. 19 Figura 1. Representação esquemática das etapas da análise de solos para determinação da matéria orgânica. Fonte: adaptada de Colletta et al (2007). A composição da matéria orgânica do solo é controlada pelo tipo de população microbiana e seu metabolismo e pela natureza e magnitude dos processos de decomposição, que por sua vez são regulados pelas condições ambientais como temperatura do solo, umidade, pH, potencial redox e disponibilidade de nutrientes, e pela proteção oferecida pelos constituintes minerais do solo (BALCOCK, 1992). O teor de matéria orgânica é um parâmetro de grande utilidade na avaliação da fertilidade do solo, sendo considerado na estimativa da disponibilidade de nitrogênio do solo e na conseqüente recomendação de adubo nitrogenado. A oxidação dos compostos orgânicos por dicromato em meio ácido é um método mais simples e rápido, mas é incompleto (70 a 90%) se não for suprido calor externo fervendo-se a amostra na solução sulfocrômica 20 (TEDESCO, 1995). A atuação principal do dicromato de potássio na oxidação da matéria orgânica pode ser descrita quimicamente pela reação da equação 1: 2 K2Cr2O7 + 8 H2SO4 + 3 C 2 K2SO4 + 2 Cr2(SO4)3 + 8 H2O + 3 CO2 (1) Segundo Baldock (2000), a estabilização da matéria orgânica é dependente de sua composição, pois a mesma pode apresentar compostos orgânicos de fácil oxidação e/ou apresentar compostos menos suscetíveis à decomposição. Baldock afirma ainda que onde os mecanismos de proteção física da matéria orgânica são pouco eficientes, sua estabilidade biológica é totalmente dependente da resistência oferecida pela estrutura química da mesma. A solução sulfocrômica (Na2Cr2O7 15% em H2SO4 5,0 mol L-1) é a base para a análise de matéria orgânica e é preparada a partir de 745 g de dicromato de sódio, 1390 mL de ácido sulfúrico (H2SO4) totalizando 5000 mL de solução com água destilada, perfazendo um total de 59,14 g de Cr por litro de solução. Segundo o procedimento, as amostras de solo são diluídas e oxidadas com solução sulfocrômica e aquecidas durante 15 a 18 horas, o que proporciona a mineralização da matéria orgânica, gerando Cr2O3, CO2 e H2O (óxido de cromo III, dióxido de carbono e água) e argilominerais (TEDESCO, 1995). Uma alíquota da solução sobrenadante é diluída e é determinada a absorbância da solução em 645 nm. O método de oxidação da matéria orgânica do solo por solução sulfocrômica com calor externo e determinação espectrofotométrica de Cr3+ gera efluentes que não podem ser descartados no meio ambiente, pois apesar de apresentar uma boa exatidão e precisão o uso dessa solução contribui para a presença de cromo nos efluentes laboratoriais (TEDESCO, 1995). 3.4 Toxicologia do cromo O cromo é um metal pesado que ocorre naturalmente e pode ser encontrado em rochas, animais, plantas, solo e gases. Pode formar também uma variedade grande de compostos de alta toxicidade. O nível tóxico do cromo pode variar com seu estado de oxidação (PAULINO, 1993). Os estados de oxidação do cromo variam de -2 à +6, sendo que os estados mais comumente encontrados no meio ambiente são os estados trivalente (+3) e hexavalente (+6). A forma trivalente e hexavalente do cromo são consideradas de maior importância biológica, sendo que a forma hexavalente é a predominantemente solúvel no ambiente aquático. As duas formas de cromo acumulam-se em muitas espécies aquáticas, especialmente peixes que se alimentam no fundo (COTTON, 1988). 21 As diferenças de solubilidade exercem influência na taxa de absorção pelo organismo a partir de um contato com o metal. As propriedades de oxidação do cromo VI com relação a compostos orgânicos, acompanhada da redução a cromo III formando compostos mais estáveis, são importantes para o entendimento das interações bioquímicas e manifestações tóxicas desses compostos (GAD, 1989). A Tabela 1 apresenta a solubilidade de alguns compostos de cromo em água: Tabela 1- Solubilidade de compostos de cromo Composto Solubilidade em água (g/100mL) Cromo III cloreto de cromo insolúvel sulfato de cromo insolúvel óxido de cromo insolúvel cloreto de cromo hexahidratado 58,5 à 25°C sulfato de cromo, hidratado (18H2O) 120 à 20°C Cromo VI dicromato de amônio 30,8 à 15°C óxido de cromo 67,5 à 100°C cromato de chumbo 5,8.10-5 à 25°C cromato de potássio 62,9 à 20°C dicromato de potássio 4,9 à 0°C/ 102 à 100°C cromato de sódio 87,3 à 30°C cromato de cálcio 16,3 à 20°C Fonte: GAD, 1989. Os compostos de cromo VI são corrosivos e reações alérgicas ocorrem logo após o contato, independente da dose. O cromo VI é tóxico principalmente devido ao seu comportamento oxidante, tendo alta solubilidade e mobilidade em água (KIMBROUGH, 1999). A exposição ocupacional a compostos de cromo hexavalente conduzem a uma variedade de problemas clínicos. Inalação e retenção de substâncias contendo cromo VI podem causar perfuração do septo nasal, asma, bronquite, pneumonia, inflamação da laringe e fígado (LEE et al., 1989). Seu impacto toxicológico se origina da capacidade de transforma-se em um agente oxidante, bem como da formação de radicais livres durante a redução de Cr 22 (VI) a Cr (III) ocorrendo dentro da célula. O cromo III formado na célula em uma concentração significante pode causar mais adiante efeitos adversos devido a sua alta capacidade de coordenar vários compostos orgânicos resultando na inibição de alguns sistemas metalo-enzimáticos (KOTÁS, 1999). O primeiro dano quando compostos de cromo são inalados é no trato respiratório como consequência de sua acidez e natureza oxidativa. Os compostos solúveis podem ser absorvidos pelo sistema circulatório e transportados até o sistema gastrointestinal, causando danos severos; os insolúveis, podem permanecer no pulmão ou no intestino onde a absorção é mínima (<5%). Além da solubilidade e do estado de oxidação, outros fatores podem influenciar na absorção desses compostos pelo organismo após a inalação, como o tamanho das partículas inaladas, a atividade dos macrófagos alveolares e a interação do cromo com biomoléculas no pulmão (EPA, 2012). A forma hexavalente é rapidamente reduzida a cromo trivalente sob condições aeróbias. Os principais compostos que têm interesse por sua prevalência no ambiente e possuem um determinado risco para a saúde são os trivalentes: mineral de cromita e cromita cálcica, óxido de cromo, sulfato básico de cromo e ligas de cromo metal, e os hexavalentes: cromato sódico, cromato cálcico, óxido de cromo (FELCMAN, 1988). O mais estável e importante estado de oxidação do cromo é o cromo III e é o mais estável de todos os cátions trivalentes dos metais de transição em água (MACKAY, 1996). Porém, enquanto o cromo III é um elemento essencial em nível de traço em animais, o cromo VI é não essencial e tóxico em baixas concentrações. Em função dos processos de oxidação-redução e vice versa, considera-se as atividades antropogênicas que liberam cromo III ou VI como indesejáveis (MACEDO, 2006). A poluição de corpos d’água com estes compostos provoca além da poluição visual, alterações em ciclos biológicos afetando principalmente processos de fotossíntese. Devido a estas implicações ambientais, frequentemente buscam-se novas alternativas de remoção de cromo em efluentes industriais e laboratoriais (YABE, 1998). 3.5. Processos de tratamento de efluentes contendo metais Existem inúmeros processos que podem ser aplicados no tratamento de efluentes gerados que contenham metais pesados, dentre os quais podem ser citada a incineração e a ozonização. 23 3.5.1 Incineração Esta técnica consiste na queima de materiais em alta temperatura (geralmente acima de 900°C), em mistura com uma pequena quantidade apropriada de ar e durante um tempo prédeterminado. É aconselhável o uso de resíduos de maior poder calorífico como plásticos, papéis, etc. Outros tipos de resíduos como soluções ácidas/ cáusticas e produtos químicos também podem ser tratados utilizando incineração. Entre as vantagens deste uso pode-se citar uso direto da energia térmica para geração de vapor e/ou energia elétrica, redução significativa do volume dos resíduos, de 80 a 95% dos resíduos tratados, etc (SCHNEIDER, 2001; CETESB, 2006). Trata-se de um sistema útil na eliminação de resíduos combustíveis, não tendo vantagens para outros materiais como vidros e metais. Assim, entre as desvantagens tem-se a inviabilidade com resíduos de menor poder calorífico que prejudicam a combustão, metais tóxicos podem ficar concentrados nas cinzas, etc (OLIVEIRA, 2000). Os equipamentos envolvidos na incineração garantem fornecimento de oxigênio, turbulência, tempo de residência e temperatura adequados e devem ser equipados com mecanismos de controle de poluição para a remoção dos produtos da combustão incompleta e das emissões de particulados, de SOx e NOx (CETESB, 2006). O tempo de residência é fundamental para que ocorram as reações de destoxificação. A turbulência é importante para garantir a mistura com o oxigênio, a fim de que ocorra a queima. A temperatura fornece o calor necessário para sustentar o processo (TOCCHETTO, 2005). Com relação às emissões, os gases resultantes do processo bem conduzido são gás carbônico, óxidos de enxofre e nitrogênio, ácido clorídrico, gás inerte e oxigênio proveniente do ar em excesso, ainda água, cinzas e escória resultante de metais ferrosos. Os particulados são constituídos principalmente por óxidos minerais e sais constituintes do resíduo, além de resíduos de combustíveis provenientes da queima incompleta. Para o controle de emissões são utilizados diversos equipamentos como: lavadores de gases, scrubbers e precipitadores. Metais como arsênico, mercúrio, cromo e chumbo não são destruídos durante a combustão permanecendo nas cinzas. A remoção de metais das emissões é conseguida através de precipitadores eletrostáticos ou filtros industriais. Os precipitadores eletrostáticos são menos eficientes na remoção das partículas muito finas, cuja relevância ambiental é significativa. A destinação dessas cinzas deve ser em aterro para resíduo perigoso (TOCCHETTO, 2005). Segundo Godolphim (2000), atualmente os projetos de sistemas de incineração devem levar em conta a questão ambiental prevendo subsistemas para tratamento de águas, para 24 controle de emissões em níveis regulamentados e para o destino adequado das cinzas geradas no processo. 3.5.2 Precipitação A precipitação é geralmente realizada para remoção de metais pesados em efluentes industriais. Trata-se de um processo para tratar águas residuais que depende da solubilidade em água dos vários compostos formados durante o tratamento. Os cátions de metais pesado que estão presentes nas águas residuais podem reagir com produtos químicos de tratamento de certa forma como hidróxidos de metal, sulfetos, carbonatos ou todos que tenham solubilidade em água relativamente baixa (EPA, 2012). A precipitação é um método operacionalmente bastante simples e economicamente viável, mas seu principal problema é a quantidade de lodo gerada. Além disso, o efluente pode apresentar concentrações residuais dos metais acima das normas previstas por lei, sendo necessária a aplicação de um processo complementar para o polimento final do efluente. Diversas variáveis afetam diretamente as características do precipitado, tais como: pH, concentração dos reagentes, tempo de reação e possíveis efeitos dinâmicos no recipiente onde se processa a precipitação. Podem ser citados, ainda, outros fatores, como o tamanho e o estado de agregação das partículas, por exemplo. A natureza do precipitado depende essencialmente das etapas básicas de cristalização: supersaturação, nucleação, crescimento dos cristais e agregação (LEME, 2008; NUNES, 2008). A forma dos precipitados pode ser alterada durante a precipitação devido a condições operacionais. Altas taxas de aquecimento e resfriamento, por exemplo, conduzem a altas taxas de supersaturação e de nucleação, promovendo elevadas densidades populacionais e, conseqüentemente, o aumento da taxa de agregação. Condições de supersaturação muito elevadas podem promover o crescimento de partículas amorfas, enquanto baixas condições de supersaturação implicam no crescimento de partículas micro-cristalinas. Portanto, o controle das etapas de cristalização é muito importante, tendo em vista que pode acarretar a formação de precipitados mais facilmente removíveis da solução onde foram inicialmente gerados (LEME, 2008; NUNES, 2008). O processo de precipitação pode ocorrer de dois modos: contínuo ou em batelada. Na precipitação contínua, as condições no precipitador não variam com o tempo, o que permite melhor controle sobre o nível de supersaturação através do ajuste das taxas de fluxo, tempo de residência e taxa de agitação. Já na precipitação em batelada, a taxa de cada uma das etapas de 25 cristalização varia com o tempo e, portanto, fenômenos diferentes podem dominar em tempos distintos (LEME, 2008; NUNES, 2008). 3.5.3.1 Precipitação do cromo As reações de precipitação do Cr3+ começam com a hidratação do cátion, seguida de reações secundárias até a formação do hidróxido de cromo [Cr(OH)3] (equações 1, 2 e 3). Em condições extremas de pH, ocorre a formação do íon cromito, solúvel (equação 4) (FRANCO, 2008). Cr 3+(aq) + 2H2O(l) CrOH2+ (aq) + 2H2O(l) Cr(OH)2+(aq) + 2H2O(l) Cr(OH)3(s) + 2H2O(l) CrOH2+(aq) + H3O+(aq) Cr(OH)2+(aq) + H3O +(aq) Cr(OH)3(s) + H3O +(aq) - + Cr(OH)4 (aq) + H3O (aq) (1) (2) (3) (4) Analisando as equações 1 a 4, observa-se a influência do pH. O Cr(OH)3 é predominantemente sólido para valores de pH que variam da região ácida, adentrando na faixa alcalina, até o ponto onde a espécie Cr(OH)4- aumenta a solubilidade do Cr3+. É possível observar também que, para a faixa de pH de 6,0 a 11,0, o Cr(OH)3 possui comportamento anfótero e a concentração de Cr3+ livre mantêm-se em torno de 10-7 mol L-1 (aproximadamente 5,2 µg L-1), devido a sua baixa solubilidade em água. Seu produto de solubilidade é Kps (Cr(OH)3) =6.3x10-31, portanto, a baixíssima solubilidade desse tipo de composto seria responsável pelo controle da concentração de Cr(III) livre nas águas subterrâneas. 3.5.3 Aplicação de ozônio O ozônio é um gás incolor de odor pungente e com alto poder oxidante (E0 = 2,08 V). Possui forma triatômica do oxigênio e, em fase aquosa, ele se decompõe rapidamente a oxigênio e espécies radicalares. O ozônio também tem sido estudado há muitos anos e a sua utilização tem sido citada em um número cada vez maior de trabalhos, pois é eficiente na degradação de uma grande variedade de poluentes em fase líquida, bem como na remoção de odores em fase gasosa (MAHMOUD; FREIRE, 2007). 26 O ozônio é parcialmente solúvel em água, instável e evapora a temperatura de -12°C, à pressão atmosférica. Possui cheiro penetrante e é facilmente detectável em concentrações muito baixas (0,01 a 0,05 mg L-1). Pode ser produzido a partir de descargas elétricas em meio gasoso. É o segundo oxidante mais poderoso, excedido em seu potencial de oxidação somente pelo flúor. É altamente eficaz contra germes e vírus, bactérias, protozoários e outros parasitas, bem como na oxidação de matéria orgânica. Sua aplicação de tratamento de esgotos é melhor empregada em tratamentos com depuração biológica utilizando oxigênio puro, pelo fato de reutilizar o oxigênio excedente da câmara de ozonização no reator biológico. Age nos constituintes da membrana citoplasmática, nos sistemas enzimáticos e nos ácidos nucléicos dos microrganismos. No vírus, o ozônio ataca tanto as proteínas das células como os ácidos nucléicos (GONÇALVES, 2003; ALONSO et al. 2002). Outros oxidantes normalmente empregados, tais como: KMnO4 (E°=1,55V) e Cl2 (E°=1,36V), costumam levar à formação de subprodutos como íons de metais pesados e compostos organoclorados, respectivamente, que podem ser mais tóxicos que os compostos poluentes originais (ATKINS, 2002) . Por ser termodinamicamente instável, sua decomposição é catalisada por vários materiais. Em meio aquoso, o principal desencadeador da decomposição do ozônio é o ânion hidroxila (OH-), sendo que a reação entre O3 e OH- induz uma série de reações radicalares que levam à formação de radicais hidroxila. De uma maneira simplificada, o mecanismo pode ser dividido em três partes, conforme apresentado na Figura 2. 27 Figura 2. Mecanismos de reação direta e indireta do ozônio com a matéria orgânica em meio aquoso (MO= matéria orgânica; MOox= matéria orgânica oxidada). Fonte: Mahmoud e Freire (2007). Segundo Jardim e Teixeira (2004) existem dois tipos de reações envolvendo ozônio: direta, onde a molécula de ozônio reage diretamente com outras moléculas orgânicas ou inorgânicas, via adição eletrofílica, e indireta, através de reações radicalares (principalmente . OH). Além disso, existem diversas formas do ozônio gerar radicais hidroxila, dependendo dos coadjuvantes presentes no sistema reacional. Em se tratando de desinfecção de efluentes, o ozônio é apresentado como excelente neste tipo de processo devido à sua rapidez de ação, ao seu elevado potencial de oxidaçãoredução, à sua eficiência na inativação de microorganismos e devido à baixa toxicidade encontrada nos efluentes tratados. Além de desinfetar, a ozonização de efluentes secundários reduz a concentração de sólidos suspensos totais pela flotação e pela solubilização. A ação 28 oxidante do ozônio atua sobre as moléculas orgânicas que causam cor. Assim, o efluente desinfetado normalmente tem menor intensidade de cor que o não desinfetado. Por conseqüência, ocorre redução de DBO5, DQO, e absorbância em comprimento de onda 254 nm (CHERNICHARO, 2001). Segundo Von Gurten (2003), dependendo da qualidade do meio em que se encontra, o tempo de meia vida do ozônio varia de alguns segundos até horas. A estabilidade do ozônio no meio depende de diversos fatores, dentre eles, o pH merece especial atenção, uma vez que os íons hidroxilas iniciam o processo de decomposição do ozônio, como é mostrado na equações 1 e 2: . O3 + OH- → HO2 + O2 . .- (1) . O3 + HO2 - → OH + O2- + O2 (2) De acordo com as equações 1 e 2, a decomposição do ozônio pode ser acelerada pelo aumento do pH ou pela adição de peróxido de hidrogênio. Desta maneira, a oxidação de compostos orgânicos e inorgânicos pode ocorrer via ozônio molecular (reação direta predominante em meio ácido) ou radical hidroxila ( reação indireta – predominante em meio alcalino), embora na prática haja contribuição dos dois mecanismos. A reação direta (ataque eletrofílico por ozônio molecular) é atribuída a compostos que tem ligação do tipo C=C, grupos funcionais especificos (OH, CH3, OCH3) e átomo que apresentam densidades de cargas negativas (N, P, O e S) (ALMEIDA et al. 2004). Além da ozonização via O3 molecular ou via hidroxila outra possibilidades de aplicação de ozônio na remediação de efluentes estão disponíveis na literatura conforme Freire et al. 2002. Ozônio combinado com radiação ultravioleta, com peróxido de hidrogênio, ou uma combinação destes (O3/UV/H2O2), além de O3/TiO2, apresentam resultados efetivos na remediação de alguns efluentes industriais (WERT et al. 2009; ROSENFELDT et al. 2008; ROSAL et al, 2009). 3.6 Legislação ambiental A Resolução do CONAMA n°357 de 2005, no capítulo II da Classificação dos Corpos de Água, art 1°, dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento de corpos de água superficiais, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de 29 efluentes. No art. 3°, classifica as águas doces, salobras e salinas do Território Nacional, segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em treze classes de qualidade. As Tabelas 2 e 3 mostram os padrões de qualidade de água, segundo classificação do CONAMA, para águas doces classe 3 e águas salobras classe 1 que só podem ser destinadas ao consumo humano após tratamento convencional ou avançado, ou seja, a água não apresenta condições físico-químicas para potabilização. Tabela 2 - Padrões de qualidade de água doce - classe 3. Parâmetros Valor máximo (mg L-1) Alumínio dissolvido 0,2 Arsênio total 0,033 Bário total 1,0 Berílio total 0,1 Boro total 0,75 Cádmio total 0,01 Chumbo total 0,033 Cobalto total 0,2 Cobre dissolvido 0,013 Cromo total 0,05 Ferro dissolvido 5,0 Lítio total 2,5 Manganês total 0,5 Mercúrio total 0,002 Níquel total 0,025 Prata total 0,05 Selênio total 0,05 Urânio total 0,02 Vanádio total 0,1 Zinco total 5 Fonte: CONAMA, resolução n°357/2005 30 Tabela 3 - Padrões de qualidade de água salobra - classe 1. Parâmetros Valor máximo (mg L-1) Alumínio dissolvido 0,1 Arsênio total 0,01 Bario total - Berilio total 5,3 Boro total 0,5 Cadmio total 0,005 Chumbo total 0,01 Cobalto total - Cobre dissolvido 0,005 Cromo total 0,05 Ferro dissolvido 0,3 Lítio total - Manganês total 0,1 Mercúrio total 0,0002 Níquel total 0,025 Prata total 0,005 Selênio total 0,01 Urânio total - Vanádio total - Zinco total 0,09 Fonte: CONAMA, resolução n°357/2005 A resolução do CONAMA n°357/2005 ainda afirma que tendo em vista os usos fixados para as classes, os órgãos competentes enquadrarão as águas e estabelecerão programas de controle de poluição para a efetivação dos respectivos enquadramentos e que os efluentes somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos d’água desde que obedeçam as seguintes condições apresentadas na Tabela 4. 31 Tabela 4 - Padrões de lançamentos de efluentes. Parâmetros Valor máximo (mg L-1) Arsênio total 0,5 Bario 5,0 Boro total 5,0 Cadmio total 0,2 Chumbo total 0,5 Cobre 1,0 Cromo hexavalente 0,1 Cromo trivalente 1,0 Estanho 4,0 Ferro solúvel 15 Manganês solúvel 1,0 Mercúrio 0,01 Níquel 2,0 Prata 0,1 Selênio 0,05 Zinco 5,0 Fonte: CONAMA, resolução n°357/2005 Para cromo hexavalente e cromo trivalente, os valores estão estabelecidos conforme nova redação e são dados pela resolução n° 397/08. A resolução CONSEMA n° 128 de 2006 dispõe sobre a fixação de padrões de emissão de efluentes líquidos para fontes de emissão que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul. Para efluentes líquidos de fontes poluidoras, estabelece os seguintes padrões de emissão apresentados na Tabela 5. 32 Tabela 5 - Padrões de lançamentos de efluentes conforme legislação do estado do Rio Grande do Sul. Parâmetros Valor máximo (mg L-1) Alumínio total 10 Arsênio total 0,1 Bario 5,0 Boro total 5,0 Cadmio total 0,1 Cobalto total 0,5 Cobre total 0,5 Cromo hexavalente 0,1 Cromo total 0,5 Chumbo total 0,2 Estanho total 4,0 Ferro total 10 Lítio total 10 Manganês total 1,0 Mercúrio total 0,01 Molibidênio total 0,5 Níquel total 1,0 Prata total 0,1 Selênio total 0,05 Vanádio total 1,0 Zinco total 2,0 Fonte: CONSEMA, resolução n° 128/2006. Esta resolução diz ainda que o órgão ambiental competente poderá estabelecer critérios mais restritivos para fixação dos padrões de emissão em função dos seguintes aspectos do corpo hídrico receptor: características físicas, químicas e biológicas, características hidrológicas, usos da água e enquadramento legal. Assim, considera-se a necessidade de preservar os recursos naturais, a qualidade ambiental e a saúde pública, haja vista o contínuo desenvolvimento tecnológico e industrial que introduz, frequentemente, novas substâncias tóxicas. 33 3.7 Avaliação do desempenho ambiental Uma metodologia desenvolvida para avaliação do desempenho de processos industriais foi baseada nas recomendações descritas pela norma ISO 14.004:2005. Esta metodologia envolve todas as fases de uma Análise do Ciclo de Vida (ACV). A ACV é, basicamente, uma tentativa de inventariar todos os possíveis danos ambientais causados por um produto e sua cadeia produtiva, desde a obtenção da matériaprima necessária, passando pela produção em si, pela utilização do produto e, finalmente, os impactos da necessidade de um destino final. Análises prévias do impacto ambiental, de caráter abrangente como uma ACV, objetivam exatamente minimizar os danos ambientais que possam ser previstos, minimizando assim o custo social das diversas atividades econômicas necessárias ao desenvolvimento da sociedade (CUNHA, 2006). Com o objetivo de avaliar o desempenho ambiental de um processo foram desenvolvidos índices ambientais, que utilizam no seu cálculo o atendimento à legislação ambiental e a disponibilidade de recursos naturais e energia. Os índices encontram-se listados a seguir, enquanto o índice de eutrofização, o índice de destruição de oxigênio dissolvido e o índice de toxicidade são descritos mais detalhadamente, pois possuem relação direta com o consumo de água e geração de efluentes conforme Santos (2006): • Índice de aquecimento global; • Índice de destruição da camada de ozônio; • Índice de acidificação; • Índice de formação de oxidantes químicos; • Índice de toxicidade; • Índice de consumo de recursos naturais; • Índice de consumo de energia; • Índice de distúrbio local por material particulado. 3.7.1 Índice de eutrofização - IE A eutrofização pode ou não ser benéfica, aumentando a produtividade primária, tornando o sistema ideal para a presença dos consumidores (zooplâncton, moluscos, crustáceos e peixes), ou causando sérios desequilíbrios (PADUA, 2000). 34 Pode ser definida pelo crescimento excessivo das plantas aquáticas a níveis tão altos que podem ser causadores de interferências com os usos desejáveis do corpo d´água (SANTOS, 2006). Quando se introduzem elevadas concentrações de nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênio, há um grande crescimento da população de algas, que obtêm sua fonte de energia pelo processo de fotossíntese. Em períodos de grande insolação, a superpopulação de algas impede a passagem de raios solares nas camadas inferiores do corpo d´água, provocando a morte de algas dessa região, causando anaerobiose. Há então, um aumento da concentração de bactérias heterotróficas, que se alimentam da matéria orgânica das algas e de outros microorganismos mortos. Essas bactérias consomem o oxigênio dissolvido na água causando mortandade de peixes e dissolução de compostos tóxicos (SANTOS, 2006). Como resultado, compostos contendo enxofre são convertidos em espécies fétidas, como ácido sulfídrico e metanodiol; além disso, compostos nitrogenados são reduzidos a NH3 e aminas, que também têm mau cheiro (OSÓRIO, 2001). Potenciais de eutrofização têm sido desenvolvidos para comparar as emissões de diferentes compostos. O potencial de eutrofização é a relação entre o número de moles de nitrogênio atômico liberado de uma molécula da substância em questão no meio ambiente dividido pela massa molecular da mesma, multiplicado pela massa molecular do íon nitrato (NO3-), que é 62 g mol-1 e dividido por 1, que é o número de moles de nitrogênio atômico liberados pelo íon nitrato (NO3-). Pode também ser considerado o íon fosfato (PO4-3) e o gás oxigênio (O2) (SANTOS, 2006). O índice de eutrofização é calculado dividindo as emissões totais do processo, medidas em íon nitrato (NO3-) equivalente, pela emissão máxima permitida. Quando não há valor para emissão máxima, utiliza-se o valor de 3358 mg L-1, que é o valor máximo permitido pela Environmental Protection Agency (EPA) dos Estados Unidos para indústrias de fertilizantes (SANTOS, 2006). 3.7.2 Índice de destruição do oxigênio dissolvido - IDOD A presença de oxigênio é essencial para vários organismos aquáticos nos processos metabólicos de bactérias aeróbicas e outros microrganismos responsáveis pela degradação de poluentes nos sistemas aquáticos, os quais utilizam oxigênio como aceptor de elétrons. Ele entra na água via difusão na superfície, bem como via processos fotossintéticos, os quais ocorrem devido às algas e plantas submersas (OSÓRIO, 2001). 35 A matéria orgânica da água é necessária aos seres heterótrofos, para sua nutrição e aos autótrofos como fonte de nutrientes e gás carbônico. Porém, em grandes quantidades, pode provocar redução do teor de oxigênio dissolvido, pois bactérias fazem uso do oxigênio dissolvido em seus processos respiratórios (SANTOS, 2006). O cálculo do índice de destruição de oxigênio dissolvido é feito pelo somatório da divisão das emissões de DQO do processo pela emissão máxima permitida de cada efluente. Deve-se ter, também, dados de vazão de cada efluente (SANTOS, 2006). 3.7.3 Índice de toxicidade – IT Os metais pesados são assimilados pelo corpo humano e sua principal característica é a bioacumulação podendo afetar o sistema nervoso em nível central e em níveis periféricos. Para os metais pesados, os fatores de conversão são calculados para o chumbo, adotado como substância referência (SANTOS, 2006). Para aprimoramento das informações referentes à toxicidade das águas, podem ser realizados testes de toxicidade em organismos aquáticos que consistem na determinação do potencial tóxico de um agente químico ou de uma mistura complexa, sendo os efeitos desses poluentes medidos pela resposta dos organismos vivos. Para descrição de efeitos deletérios de amostras sobre os organismos aquáticos, utilizam-se os termos efeito agudo e efeito crônico. A detecção desses efeitos evidencia que os corpos d’água testados não apresentam condições para a manutenção da vida aquática (ROCHA, 2004). O potencial de toxicidade (PT) apresenta fatores de emissões para o ar e água. O potencial de toxicidade é calculado pela relação entre o consumo per capita de ar ou água multiplicado pela população mundial, divido pelo volume mundial de ar ou água e pela ingestão diária máxima aceitável de substância tóxica (SANTOS, 2006). 3.7.4 Índice de pressão ambiental - IPA O índice de pressão ambiental é resultado da agregação de todos os outros índices criados para medir o desempenho ambiental de um processo. Ele é calculado pelo somatório do produto de cada índice por seu respectivo peso. O peso dos índices para a composição do resultado final do índice de pressão ambiental é calculado em função da pressão ambiental relativa de cada índice, baseada nos níveis de emissão permitidos pela legislação ambiental (SANTOS, 2006). 36 O índice de pressão ambiental é um número adimensional, que representa a performance ambiental de um processo com relação à legislação ambiental. O ideal é que o valor do índice varie de 0 a 1, sendo o valor unitário a pressão máxima permitida pela legislação ambiental (SANTOS, 2006). 3.7.5 Software SAAP - Sistema de Avaliação Ambiental de Processos O programa computacional SAAP foi desenvolvido visando padronizar e facilitar a utilização de uma metodologia para avaliar a desempenho ambiental de processos industriais, baseadas na ACV e na norma ISO 14.031 (SANTOS, 2006). O SAAP permite calcular os índices ambientais de cada categoria de impacto ambiental e o índice de pressão ambiental final (IPA), a partir de um inventário ambiental. Também é considerada a emissão máxima permitida de cada categoria de impacto ambiental e a disponibilidade de energia e recursos naturais para as categorias de consumo de energia e consumo de recursos naturais respectivamente (SANTOS, 2006). 3.8 Gerenciamento de resíduos Segundo Tocchetto (2005), a hierarquização para implantar programas de gerenciamento deve obedecer a uma seqüência lógica e natural, expressa pelas seguintes providências: - Redução na fonte consiste na prevenção da geração de resíduos, através do uso de matérias primas menos tóxicas e/ou mudanças de processo; - Minimização da geração de resíduos através de modificações no processo produtivo, ou pela adoção de tecnologias limpas, mais modernas que permitem, em alguns casos, eliminar completamente a geração de materiais tóxicos; - Reprocessamento dos resíduos gerados transformando-os novamente em matérias primas ou utilizando para gerar energia; - Reutilização dos resíduos gerados por uma indústria como matéria-prima para outra indústria; - Separação de substâncias tóxicas das não tóxicas, reduzindo o volume total de resíduo que deva ser tratado ou disposto de forma controlada; - Processamento físico, químico ou biológico do resíduo, de forma a torná-lo menos perigoso ou até inerte, possibilitando sua utilização como material reciclável; 37 - Incineração, com o correspondente tratamento dos gases gerados e a disposição adequada das cinzas resultantes; - Disposição dos resíduos em locais apropriados, projetados e monitorados de forma a assegurar que não venham, no futuro, a contaminar o meio ambiente. A prioridade no gerenciamento de resíduos sólidos industriais deve obedecer a seguinte hierarquia, conforme apresentado na Figura 3. Figura 3. Hierarquia para o gerenciamento de resíduos sólidos industriais. Fonte: Tocchetto (2005). Segundo a Resolução CONAMA n°5 de 1993, são considerados resíduos sólidos, conforme a NBR n°10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT "Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível." Os efluentes de solução sulfocrômica, devido às suas características altamente tóxicas, enquadram-se no grupo B da classificação de resíduos sólidos e, segundo o artigo 12 desta mesma resolução, os resíduos sólidos pertencentes ao grupo “B” deverão ser submetidos a tratamento e disposição final específica, de acordo com as características de toxicidade, inflamabilidade, corrosividade e reatividade, segundo exigências do órgão ambiental competente. Portanto, pode-se colocar que essas soluções, na seqüência em que estão apresentadas, decrescem em eficácia, pois partem de um conceito de eliminação do problema (o de evitar a 38 geração do resíduo) e terminaram na disposição controlada deste resíduo gerado (isto é, em um aterro ou uma lagoa). 4 METODOLOGIA 4.1 Identificação do Local de Estudo e Delineamento da Pesquisa A metodologia empregada envolveu o acompanhamento do processo de análise de solos da Central Analítica da Universidade de Santa Cruz do Sul bem como os principais procedimentos utilizados para armazenar os efluentes oriundos destas análises. Observou-se o processo de análise de solos e realizou-se a coleta de amostras de efluentes de solução sulfocrômica nos meses de novembro de 2011 a fevereiro de 2012. Com a intenção de se obter informações a respeito da análise de solos e disposição do efluente buscou-se questionamentos com funcionários e supervisor do laboratório de solos, as quais foram imprescindíveis para obtenção de dados quantitativos para posterior avaliação e processamento. Os procedimentos de precipitação e ozonização foram realizados no Laboratório de Tratamento de Água e Efluentes da Universidade. 4.2 Metodologia Analítica As coletas, preservação e análises das amostras foram desenvolvidas seguindo a metodologia do APHA/AWWA/WEF-Standard methods for the examination of water and wastewater (2005). Foram realizadas análises de DBO5, DQO, fósforo total, fosfato, nitrato, nitrogênio amoniacal, nitrogênio total Kjeldahl, turbidez e pH, na Central Analítica da Universidade de Santa Cruz do Sul. As análises dos metais como cromo, alumínio, cobre, cádmio, ferro, manganês, chumbo e zinco, após tratamento, foram realizadas nos laboratórios do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Maria utilizando ICP-OES (Inductively coupled plasma optical emission spectrometry), n=3. A metodologia utilizada é apresentada na Tabela 6. 39 Tabela 6. Métodos analíticos para caracterização. Parâmetro Método DQO Método Dicromatométrico DBO5 Incubação a 20 ºC por 5 dias Nitrogênio total Kjeldahl Método de Kjeldahl Nitrato Espectrometria UV-Visível Nitrogênio amoniacal Método de Nessler Oxigênio dissolvido Método de Winkler Fósforo total Espectrometria Visível Fosfato Espectrometria Visível pH Método Potenciométrico Turbidez Turbidimetria Cromo total Cromo hexavalente Absorção Atômica ICP-OES Espectrometria Visível Alumínio ICP-OES Cobre ICP-OES Cádmio ICP-OES Manganês ICP-OES Chumbo ICP-OES Zinco ICP-OES 4.3 Configuração do Ozonizador O ozonizador consiste em uma fonte de ozônio a ser utilizada durante o tratamento das amostras. Ele possui configurações que determinam a quantidade de O3, utilizado principalmente durante os testes de otimização do melhor método de tratamento, variando suas quantidades em 20, 40, 60, 80 e 100%. Neste trabalho foi usado 100% da geração de ozônio com valores de 1335,8 mg O3 h-1. O gerador de ozônio empregado (RADAST 2C) funciona com descarga elétrica, possuindo capacidade de geração de até 2000 mg O3 h-1, alimentado com corrente de ar 40 previamente seco com trap’s de CaCl2 e sílica gel. A compressão de ar foi feita com uso de bomba de vácuo modelo Tecnal. 4.4 Ensaios de Tratamento As amostras utilizadas na realização das análises foram coletadas no laboratório de solos da Central Analítica, todas na mesma época do ano. A coleta foi feita em bombonas de polietilieno, sem a necessidade de conservação das amostras. O pH foi medido logo após a chegada ao laboratório, utilizando-se um pHmetro Quimis. Para os ensaios de tratamento foram realizadas a ozonização e, posteriormente, a precipitação das amostras com hidróxido de sódio. Para a redução de cromo VI para cromo III, foi utilizado bissulfito de sódio. Os reagentes utilizados eram de alto grau de pureza e foram utilizados sem tratamento prévio. O valor de pH das amostras, antes do tratamento, foi bastante baixo, em torno de 1,0 o que caracteriza a amostra como extremamente ácida. Sem alterar as características físicoquímicas da amostra, deu-se seguimento ao processo de ozonização e, logo após, a precipitação. 4.4.1 Ozonização No reator de capacidade de 1000mL, no qual ocorre a reação com O3, foram colocadas 500 mL do efluente de solução sulfocrômica bruta e, com o auxílio de um agitador magnético, manteve-se a amostra homogeneizada durante todo o tempo de reação. A entrada do gás foi feita pela parte superior do reator passando por um microfilme e, para melhorar a transferência de massa do ozônio da fase gasosa para a fase líquida, utilizou-se uma pedra porosa colocada diretamente na solução. Foram testados diferentes tempos de reação. Os primeiros ensaios foram realizados em triplicata com 60 minutos de ozonização. Tempos menores também foram testados. Assim, a ozonização realizou-se em 40, 20 e 10 minutos, nas mesmas condições de reação. Aplicou-se a técnica de ozonização com o objetivo de oxidar todo o cromo presente na amostra, de cromo III para cromo VI, já que o ozônio é um excelente agente oxidante (GONÇALVES, 2003). Durante todo o processo de ozonização, o pH manteve-se baixo, não ultrapassando valores maiores que 2,5. Os ensaios de ozonização foram realizados conforme o sistema ilustrado na Figura 4. 41 Ozonizador (3) (1) (2) Figura 4. Unidade de bancada utilizada para o processo de ozonização. (1) Ozonizador com 100% de geração de ozônio; (2) Agitador magnético e (3) Béquer de 1000 mL com o efluente bruto in natura. 4.4.2 Precipitação/Redução Transcorridos os tempos de ozonização, o pH das amostras foi elevado a 8,0 utilizando hidróxido de sódio p.a. com o objetivo de precipitar todos os metais presentes na solução, com exceção do cromo hexavalente, pois este é solúvel em pH alcalino. O precipitado foi filtrado à vácuo em funil de Büchner com papel filtro, retendo todos os metais presentes na solução exceto o cromo hexavalente, presente na solução sobrenadante. Segundo Giordano (2009), a reação de redução dá-se em meio ácido, abaixo de pH 3, pela ação do dióxido de enxofre ou compostos derivados (bissulfitos). A velocidade de reação diminui rapidamente se o pH for superior a 3,5, estando as reações apresentadas nas equações 1 e 2: 2 CrO42- (aq) + 3 HSO3-(aq) + 7 H+(aq) → 2 Cr3+(aq) + 3 SO42-(aq) + 5 H2O(l) (1) Cr2O72-(aq) (2) +3 HSO3-(aq) + +7H (aq) 3+ → 2 Cr (aq) + 3 SO4 2- (aq) + 5 H2O(l) Para acidificar a solução, utilizou-se ácido clorídrico concentrado até pH 2,0. Os ensaios para adição de bissulfito foram realizados conforme o sistema ilustrado na Figura 5. 42 (+)/(-) HCl Na2SO3 (pH =2) (1) (2) Figura 5. Unidade de bancada utilizada para recuperação através de métodos de redução e produção de sulfato. (1) pHmetro; (2) Agitador magnético e béquer de 1000 mL. Com a adição de bissulfito, formou-se uma solução coloidal verde, a qual cristalizou após 48 horas. 4.5 Índices de Impacto Ambiental Para as avaliações de indicadores de impacto ambiental foi utilizado a metodologia e software do Sistema de Avaliação Ambiental de Processos Industriais-SAAP (SANTOS, 2006). Foram determinados os índices de eutrofização (IE), índice de destruição do oxigênio dissolvido (IDOD), índice de toxicidade (IT) e índice de pressão ambiental (IPA). As referências de limites de legislação seguiram a Portaria N. 128/2006-SSMA/RS e as recomendações de Santos (2006). O IE foi calculado dividindo as emissões totais medidas em íon nitrato (NO3-), nitrogênio total Kjeldahl, nitrogênio amoniacal, fósforo total e fosfatos equivalentes, pela emissão máxima permitida, e comparados à legislação brasileira a Portaria N. 128/2006SSMA/RS. Para o IDOD utilizaram-se os valores de emissão de DQO de caracterização e o limite máximo de emissão da resolução conforme Portaria N. 128/2006-SSMA/RS. Para o IT utilizaram-se os valores da caracterização com fator de conversão potencial de toxicidade (PT) para emissões na água de metais (cromo total) e compostos carcinogênicos (cromo hexavalente) e o limite máximo de emissão da resolução conforme Portaria N. 128/2006-SSMA/RS. 43 Já o IPA envolveu o estabelecimento dos pesos dos dois ou três índices de impactos ambientais determinados (IE, IT e IDOD), onde também foi aplicado o software SAAP. O programa executou automaticamente a compilação dos índices e o estabelecimento dos pesos (SANTOS, 2006). 44 5 DISCUSSÃO E RESULTADOS 5.1 Identificação quantitativa dos impactos ambientais Calcular o índice de impacto ambiental causado pelo efluente proveniente da análise de solos é de grande valia para projetarmos a necessidade de tratamento e/ou descarte adequado pois há presença de metais pesados em grande quantidade. Nesse contexto e devido a esse fato, o presente estudo procurou avaliar os índices de eutrofização (IE), índice de destruição de oxigênio dissolvido (IDOD), índice de toxicidade (IT) e o índice de pressão ambiental (IPA), utilizando o software SAAP. Para o índice de pressão ambiental-IPA conforme os valores apresentados na Tabela 7, os resultados obtidos estão no limite aceitável, até 1,0, estabelecido como valor final máximo. O maior peso de impacto para a gestão do uso das águas é o IE, com peso de 75% de carga poluente, enquanto que o IDOD corresponde a 25% da carga poluente. Tabela 7. Índices de impactos ambientais do efluente bruto de solução sulfocrômica. Índice IDOD IE IPA Efluente Bruto 0,0050 1,2614 0,9473 Na Tabela 8 são apresentados os resultados contabilizando a presença do metal cromo na forma de cromo total e cromo hexavalente como carcinogênico no cálculo do índice de toxicidade (IT). Observa-se neste caso um aumento exorbitante no IPA, assim mostrando que o IT possui grande contribuição neste efluente para o impacto ambiental. Neste caso, o maior peso de impacto para a gestão do uso das águas é o IT, com peso de 55,5% de carga poluente, enquanto que o IE corresponde a 33,3% e o IDOD corresponde a 11,1% da carga poluente. Um dos grandes impactos ambientais causados pelo efluente descartado é a presença de metais, que geram o índice de toxicidade e este índice quando calculado gera valores acima do permitido para o IPA que deve ter valor máximo de 1. 45 Tabela 8. Índices de impactos ambientais contabilizando a presença do metal cromo na forma de cromo total e cromo hexavalente no efluente bruto. Índice IDOD IE IT IPA Efluente Bruto 0,0050 1,2614 4.725,00 2.625,63 São necessárias medidas urgentes para adequação dos parâmetros de carga eutrofizante e toxicidade. Conhecendo as características como pH na condição ácida, concentração de diversos metais entre outros íons inorgânicos das amostras estudadas, os resultados apontam este efluente como altamente tóxico. Assim, a necessidade de polimento final seria uma indicação, associando-se a possibilidade de métodos de degradação oxidativa avançada, segregação e separação dos metais. Ainda, quanto à toxicidade é importante salientar que é um parâmetro de extrema importância, pois nos processos de degradação como o caso do uso de ozônio, muitas vezes podem ser formados produtos mais tóxicos que o composto inicial. Para medir a toxicidade não existe um procedimento único ou um organismo único, mas pode-se utilizar alguns organismos como Daphnia similis, Daphnia magna ou ainda Vibrio fischeri (Sistema Microtox®). 5.2 Caracterização do Efluente Quando se pretende implantar um sistema de melhoria de efluentes que vai chegar ao esgoto urbano ou então recuperar alguma substância deste efluente, torna-se importante conhecer as suas características, tanto em termos de parâmetros físico-químicos convencionais de monitoramento (pH, DQO, DBO5, turbidez, pH, entre outros), como também, e principalmente, em relação aos parâmetros que estão diretamente relacionados com este tipo de efluente como neste caso os metais presentes. A caracterização do efluente em estudo é apresentada na Tabela 9 e foi realizada através de amostras coletadas junto ao Laboratório de Solos da Central Analítica da Universidade de Santa Cruz do Sul. 46 Tabela 9. Resultados da caracterização da amostra do efluente resultante da análise de solos. Parâmetros de caracterização Valores Valores de obtidos Referência CONSEMA No. 128/2006 DQO (mg L-1 O2) <2 400* DBO5 (mg L-1 O2) <2 180* Turbidez (NTU) 52 Não conferir cor ao meio receptor Fosfato (mg L-1) < 0,02 Fósforo Total (mg L-1) 3,00 Nitrato (mg L-1) 81,3 Nitrogênio amoniacal (mg L-1) 28,7 20 Nitrogênio total Kjeldahl (mg L-1) 38,3 20 Cromo hexavalente (mg L-1)** 4.190,00 0,1 Cromo total (mg L-1)*** 16.760,00 0,5 pH 1,0 Entre 6,0 e 9,0 4 *Q<20 m3/dia; **Espectrofotometria de absorção na região do visível; ***Absorção Atômica Os valores apresentados na Tabela 9 referem-se somente ao sobrenadante resultante da análise de solos, pois a porção sólida resultante não é armazenada. Para a DQO e DBO5 estão abaixo de referência estabelecidos pela Resolução do CONSEMA No. 128/2006. Para as medidas referentes ao parâmetro turbidez, apresentadas na Tabela 9, é importante realizar um processo de tratamento para reduzir a cor marrom escuro observada. A redução da turbidez e cor são importantes para que o efluente não confira mudança de coloração ao corpo receptor no ponto de lançamento. O tratamento deixará o efluente mais límpido, não mostrando nenhum problema quanto à Resolução do CONSEMA No. 128/2006. A descarga de nutrientes como nitrogênio e fósforo em cursos de águas causa a diminuição dos níveis de oxigênio e o aumento da biomassa originada no corpo receptor, decorrente do processo de eutrofização o que gerou o IE apresentado na Tabela 7. Como 47 visto, o nitrogênio pode ser encontrado nas águas nas formas de nitrogênio orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato. As duas primeiras são formas reduzidas e as duas últimas, oxidadas. Na Tabela 7, observam-se maiores quantidades para os nitratos, que são tóxicos, causando uma doença onde o nitrato reduz-se a nitrito na corrente sanguínea, competindo com o oxigênio livre. A presença do metal pesado cromo é muito alta por informações do próprio laboratório, as concentrações de cromo total variam de 10 a 35 g L-1. O cromo hexavalente (Cr VI) é tóxico e carcinogênico, enquanto o cromo trivalente (Cr III) é menos tóxico e ainda age como um nutriente traço (EPA, 2012). As quantidades apresentadas para este metal na Tabela 9 são de 16,76 g L-1 para cromo total e 4,19 g L-1 para cromo hexavalente, o que mostra índices maiores que o permitido pela Resolução do CONSEMA No. 128/2006. Assim sendo, o efluente não pode ser descartado sem um tratamento adequado. A Figura 6 apresenta o espectro de absorção UV-Vis para a amostra bruta com diluição de 1000 vezes a pH 2. Observa-se na curva espectrofotométrica um par bem definido de bandas em valores de λ 256 nm e 350 nm. Conforme Costa et al (2010) que realizou uma avaliação espectrofotométrica das formas de cromo presentes em diferentes pH, pode-se concluir que a pH<5 predomina a espécie Cr2O7-2, característico íon dicromato, confirmando o que era esperado neste efluente. Figura 6. Espectro de absorção UV-Vis da amostra bruta do efluente de solução sulfocrômica. 48 5.3 Processo de Tratamento As amostras de efluente recém coletado de solução sulfocrômica de coloração marrom escura, conforme apresentado na Figura 7, foram submetidas à ozonização durante 60 minutos. Foram comparados os diferentes tempos de tratamento utilizando as mesmas condições iniciais (por exemplo: pH, temperatura). Figura 7. Amostra bruta do efluente de solução sulfocrômica. A ozonização não exerceu grande influência sobre o pH das amostras, uma vez que este permaneceu num valor inferior a 3,0. Uma análise da amostra bruta e das amostras ozonizadas com diluição de 1000 vezes a pH 3,0, foi realizada em espectrômetro UV-Visível, conforme apresentado na Figura 8. Pela análise do espectro obtido, é possível observar que após a ozonização há duas bandas salientes na curva espectrofotométrica, onde há um par bem definido de bandas em valores de comprimento de onda 273 nm e 371 nm. Conforme Costa et al (2010) que realizou uma avaliação espectrofotométrica das diferentes formas cromo como o cromato e dicromato em diferentes pH, pode-se concluir que após a ozonização predomina a espécie CrO4-2, íon cromato. Com o menor tempo de reação, foi possível obter o mesmo resultado nas amostras. Desta maneira, manteve-se a eficiência do processo de ozonização num tempo mínimo de duração de 10 minutos. 49 Figura 8. Espectro de absorção UV-Vis da amostra bruta (vermelho) e a ozonização do tempo zero a 60 minutos. A próxima etapa do processo foi a alcalinização da amostra, utilizando hidróxido de sódio p.a., precipitou os metais presentes na solução, conforme mostra a Figura 9, exceto o cromo VI. Apresentada na Figura 10 está a solução sobrenadante de cor amarela, característica da presença de cromo VI. Figura 9. Amostra de efluente de solução sulfocrômica ozonizada após adição NaOH concentrado. Mesmo com os menores tempos de ozonização (10 minutos), ocorreu a formação de precipitado como hidróxido metálico em pH 8,0. As amostras foram deixadas em repouso por 50 um período de 24 horas para a separação de fases e, após, foram filtradas em funil de Büchner. Figura 10. Filtrado do efluente de solução sulfocrômica após precipitação com NaOH. Segundo Pasqualini (2004), os metais podem ser precipitados na forma de hidróxidos, sulfetos ou complexos orgânicos, onde o pH é ajustado para uma faixa de valor, normalmente de 8,0 a 9,0, em que as concentrações de metais em solução atendam ao padrão de emissão. A fim de quantificar e identificar os metais presentes no precipitado e no sobrenadante foram realizadas análises no ICP-OES. Quanto a presença de precipitados obteve-se os resultados apresentados na Tabela 10. Tabela 10. Resultados em ICP-OES referentes à amostra sólida do efluente após ozonização. Metais Alumínio Concentração 10,48x106 µg kg-1 Cádmio 840 Cobre Manganês 6 91,89x10 4,4x105 Chumbo < 1000 Zinco 1,97x104 A Tabela 11 apresenta os resultados para o sobrenadante da solução. Estes resultados demonstram que a amostra sobrenadante (Figura 10) apresenta quantidades muito pequenas quanto à presença dos metais Al, Cd, Cu, Mn, Pb e Zn. Enquanto que para o cromo foi obtido 11,4 g L-1 e isso comparado aos dados referentes à caracterização (Tabela 9) onde consta 16,76 g L-1, alcançou-se 68% de recuperação do cromo presente no efluente. 51 Tabela 11. Resultados em ICP-OES referentes à amostra líquida após ozonização. Metais Alumínio Concentração <40 -1 µg L Cádmio <20 Cromo 11,4x106 Cobre <5 Manganês <5 Chumbo < 20 Zinco <5 Por considerar que há variações muito significativas quanto a quantidade de cromo no efluente, que pode variar de 10 a 35 g L-1, conforme dados da Central Analítica, consideramos a mesma amostra para todo o processo. Seguindo o processo de recuperação do cromo, o cromo VI sofreu redução para cromo III, e foi adicionado HCl concentrado até atingir pH 2,0. Na amostra acidificada, foram adicionados 66 gramas de bissulfito de sódio, obedecendo a proporção 3:1, ou seja, 3 mols de bissulfito para 1 mol de cromato. Como resultado da redução com bissulfito, formou-se uma solução coloidal verde, e após 48 horas a formação de cristais. A partir da reação com bissulfito, obtem-se cristais de sulfato de cromo III – Cr2(SO4)3. Uma amostra dos cristais é apresentada na Figura 11. Figura 11. Precipitado resultante da reação da amostra líquida do efluente de solução sulfocrômica após precipitação com NaOH com o bissulfito de sódio. A maioria das literaturas pesquisadas trata da recuperação de cromo através de métodos clássicos de redução e precipitação, transformando o cromo em sulfatos e ácidos para posterior uso em formulações de banhos eletrolíticos. A recuperação deste metal solúvel em soluções contaminadas diretamente por métodos eletrolíticos visa eliminar a etapa de preparação do reagente e conseqüentemente o uso de mais insumos e a geração de mais efluentes, como lodos que precisam ser encaminhados para aterros controlados. Estudos prévios do grupo de pesquisa na nossa universidade relataram a utilização de cromo proveniente de efluentes sulfocrômicos depois de tratados por neutralização e precipitação. Supõe-se que um dos maiores agravantes quanto à utilização destas espécies de 52 efluentes para fins galvânicos seja a grande quantidade de espécies contaminantes provenientes dos mais variados solos analisados, principalmente o ferro e outros metais componentes dos solos da região sul do país podem estar presentes nestes efluentes, os contaminantes orgânicos também podem influenciar negativamente o processo eletrolítico e o excesso de sulfatos provenientes do ácido sulfúrico acrescentado na digestão das amostras. Os contaminantes mais comuns no banho de cromo hexavalente são: Cr(III), Ni(II), Fe(III), Cu(II) e Al(III). Esses contaminantes têm efeitos indesejáveis no processo de cromagem, influenciando na voltagem, tempo de eletrodeposição e na qualidade do revestimento. Assim, um banho não esgotado deixa de ser eficiente devido às contaminações. Os experimentos realizados neste trabalho demonstram conforme apresentado nas Tabelas 10 que é possível separar os demais metais do cromo e assim conseguir recuperar 68 % do cromo do efluente e utilizar a solução com mais sucesso no banho no processo de banhos eletrolíticos galvânicos. O lodo resultante da ozonização do efluente de solução sulfocrômica contém todos os demais metais que estavam presentes na solução e pode ser incorporado em diversos processos produtivos, como na produção de corpos cerâmicos. Este efluente sólido não pode ser descartado no meio ambiente, pois, devido a sua composição variada e tóxica, quando colocado em contato com a natureza sem nenhum tratamento pode causar poluição ambiental. Dentre as várias formas de tratamento e disposição dos resíduos sólidos também está a solidificação/estabilização. A solidificação consiste em encapsular resíduos perigosos dentro de uma matriz sólida de grande integridade estrutural e a estabilização consiste em estabilizar os resíduos perigosos e transformá-los em materiais menos poluentes (HEREK, 2005; COLOMBO, 2003). A argila vem sendo muito utilizada como uma matriz sólida devido principalmente as suas características tais como: boa resistência mecânica, capacidade de suportar altas temperaturas e boa estabilidade. Os principais fatores, que levam a fabricação desses corpos de prova (tijolos) são a minimização do problema ambiental causado por este resíduo e a fabricação de novos materiais que podem ser utilizados na construção civil minimizando desta forma os custos gerados (HEREK, 2005). 53 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O reuso ou tratamento de efluente sulfocrômico é um campo de estudo muito abrangente. Estudos anteriores investigaram a remoção do cromo do efluente de solução sulfocrômica por meio de coagulação/precipitação/purificação e posterior aplicação em formulações de banhos de cromo. Durante a execução deste trabalho, as etapas de desenvolvimento do sistema de ozonização foram de grande importância, pois proporcionaram uma melhor compreensão sobre o processo e as etapas subsequentes envolvidas na recuperação do cromo. Um estudo espectrométrico permitiu conhecer o tempo mínimo de contato do ozônio com as amostras analisadas, para que ocorresse a máxima oxidação do cromo presente. Posteriormente, como alternativa à redução de cromo hexavalente a cromo trivalente em meio ácido, a qual é bem conhecida na literatura, utilizou-se bissulfito de sódio que tem eficácia comprovada, além da reação ser rápida e apresentar baixo custo ao tratamento. O objetivo deste trabalho foi alcançado, pois houve a recuperação de 68 % do cromo existente no efluente e separação dos demais metais da solução problema, o que representa um grande ganho ambiental, além de econômico. O trabalho possibilita também o reaproveitamento, e/ou o tratamento, do efluente químico. Sugere-se que esta pesquisa seja ampliada e revisada para obter trabalhos futuros principalmente no que tange a utilização do cromo recuperado para banhos eletrolíticos galvânicos e como banho de curtimento e recurtimento de couro. 54 7 REFERÊNCIAS ALMEIDA, E.; ASSALIN, M. R.; ROSA, M. A.; DURÁN, N. Tratamento de efluentes industriais por processso oxidativos na presença de ozônio. Química Nova, v. 27, n. 5, p. 818-824, 2004. ALONSO, M. D. H. et al. Ozone enhanced activity of aqueous titanium dioxide suspension for photocatalytic oxidation of free cyanide ions. Apllied Catalysis B: Environmental 39. p. 257-267, 2002. 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