UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A UTILIZAÇÃO DO MODAL RODOVIÁRIO PARA O TRASPORTE DE CARGAS Por: Reuber Luis Castro dos Santos Orientador Prof. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2009 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A utilização do modal rodoviário para o transporte de cargas Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção especialista em Logistica Empresarial Por: . Reuber Luis Castro dos Santos do grau de 3 AGRADECIMENTOS A minha esposa, pela compreensão e paciência pelas minhas longas horas de estudo A minha mãe por ter me educado de forma que eu cultivasse os valores da ética, moral e caráter Aos professores pela sábia condução de meus passos em direção ao conhecimento Aos meus companheiros do curso de pos graduação, pelo apoio e incentivo durante as aulas ministradas 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha esposa, que me inspirou, deu forças e incentivou para que eu chegasse até o final do curso 5 RESUMO No Brasil, o transporte rodoviário de cargas é um dos modais mais importantes, responsável por pelo menos 60 % do movimento das cargas. O presente trabalho procura analisar o nível de qualidade oferecido pelas empresas de transporte rodoviário. Constata-se ainda que há um desequilíbrio de utilização entre os modais, em virtude de uma forte concentração no modal rodoviário. As empresas estão de olho principalmente no custo e na qualidade das empresas ou profissionais autônomos que oferecem este tipo de serviço, visto que o transporte representa um patamar de 20 % do custo total das empresas. Observa-se que cada vez mais as empresas estão de olho nesta fatia do mercado, pois o modal de transporte rodoviário movimenta 2/3 da carga total do País. Embora ratificada a importância do modal rodoviário, nos últimos anos vem acontecendo uma degradação gradativa, no que tange a qualidade do nível de serviço disponível. Os Órgão intervenientes, que participam do processo, apresentam um desempenho ineficiente, tais como: falta de uma política adequada por parte do setor público, maior parceria entre o Governo e empresas privadas e baixo nível de formação escolar relativo aos profissionais do setor. A baixa formação escolar dos profissionais, ausência de parceria entre os transportadores, falta de regulamentação da atividade, entre outros itens, contribuem decisivamente para a elevação do custo “Brasil”, neste modal de transporte. Com a finalidade de sobreviver no mercado e também devido a uma falta de uma política e regulamentação do setor, conforme citado anteriormente, as empresas e profissionais autônomos do setor, vem adotando praticas inadequadas, tais como, cobrança abaixo do preço de mercado, 6 sonegação de impostos, falta de controle no rastreamento das cargas, fatos que contribuem de maneira contundente para comprometer a qualidade do nível de serviço oferecido aos clientes. O mercado na realidade está saturado, constata-se que 85% das cargas esteja terceirizada, sendo que não existe barreira legal ou econômica para suprimir a entrada de novos empresas. Como os serviços de transporte passam atualmente por um processo de “comodização, isto é, não existe atualmente uma variedade de opções, como diferencial acerca do nível de servço a ser prestado, muitas empresas não sobreviveram diante dos novos desafios impostos pelo mercado. O trabalho procurou propor algumas alternativas para efetivamente melhorar o padrão e qualidade do nível de serviço disponível para satisfação do cliente, logicamente sem comprometer o lucro da empresa ou aumentar o custo sem uma prévia analise da situação, isto é, deverá sempre haver um equilíbrio entre o nível de serviço, o custo e o lucro. A adequação de vários fatores necessários para a elaboração de novos níveis de serviço, tais como prazo de execução, tempo de processamento das tarefas, disppnibilidade de pessoal, gerenciamento das tarefas, entre outros, foram analisados, como alternativa para elevar a qualidade dos serviços. Foi enfatizado também a participação do Governo, através de uma política que possa eleborar estrategicamente normas reguladoras para o mercado, a parceria com as empresas privadas, no que tange conservação das estradas, bem como formas para melhorar o nível de formação profissional do pessoal que trabalha no setor. 7 METODOLOGIA Os metodologia utilizada para a realização do referido trabalho foi a leitura de vários livros, alguns artigos constantes nos jornais, revistas especializadas, estudos e trabalhos realizados disponíveis na Internet. O trabalho foi iniciado com uma introdução aos modais de transporte de carga, onde é contemplado a definição, bem como assinalada a diferença entre os modais. Em seguida são comentados, os parâmetros para diferenciar os diversos níveis de serviço, a situação atual do Brasil, no que tange ao modal rodoviário. Logo após são analisadas as ferramentas para o melhoramento do nível de serviço oferecido pelas empresas de transporte rodoviário e a conclusão acerca das analises realizadas. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I - MODAIS DE TRANSPORTE DE CARGAS 13 CAPÍTULO II - O NIVEL DE SERVIÇOS 27 CAPÍTULO III – FERRAMENTAS 52 CONCLUSÃO 68 BIBLIOGRAFIA 70 INDICE 71 FOLHA DE AVALIAÇÃO 72 9 INTRODUÇÃO O transporte rodoviário é o transporte feito por estradas, rodovias, ruas e outras vias pavimentadas ou não com a intenção movimentar materiais, pessoas ou animais de um determinado ponto a outro. Representa a maior parte do transporte terrestre. Mais utilizado na país, 96% do movimento de passageiros e 60% do transporte rodoviário O transporte rodoviário em sua maioria é realizado por veículos automotores, como carros, ônibus e caminhão. Segundo a ANTT, existem cerca de 130 mil empresas de transporte de cargas no Brasil com mais 1.6 milhões de veículos que oferece trabalho, diretamente, a pelo menos 5 milhões de pessoas. Segundo a COPPEAD, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o transporte corresponde a 6% do PIB nacional. Na logística o transporte rodoviário é uma das áreas mais importantes. Segundo a COPPEAD, os custos com transporte chegam a 60% dos custos logísticos e a redução de custos nessa área é muito importante, pois corresponde em média 20% do custo total das empresas. Cada vez mais as empresas estão de olho nessa fatia do mercado, pois o transporte no Brasil chama a atenção por faturar mais de R$ 40 bilhões e movimentar 2/3 do total de carga do país. Constata-se que há uma dependência muito grande, no Brasil, em relação ao modal roviário em detrimento de outros modais de transporte, ou seja há um desequilibrio entre os modais, em virtude de uma forte politica voltada apenas para o modal rodoviário. A importância do modal é realmente um fato a considerar, porém nos últimos anos vem acontecendo uma degradação gradativa deste tipo de transporte, devido a um mal desempenho de todos os Ógãos intervenientes desta atividade logistica, tais como : falta de 10 planejamento do setor público e privado em geral, estradas mal conservadas, o baixo nivel de formação escolar dos profissionais do setor No Brasil, a ênfase da análise do transporte rodoviário vem se destacando desde a década de 50, paralelo à implantação da indústria automobilística no país e às necessidades de interiorização e integração do território nacional. Em se tratando do transporte de cargas, o modo rodoviário é responsável por mais de 60% do total de carga transportada no país. Esta preferência acarretou o desequilíbrio da matriz de transportes no Brasil, e originando diversos entraves de ordem logística e econômica no país. A escassez de investimentos e o desenvolvimento desigual das diversas regiões brasileiras fizeram com que o desenvolvimento do transporte rodoviário de cargas no Brasil não ocorresse de forma homogênea. Desta forma, o desenvolvimento econômico e social foi determinado pela demanda derivada pelo transporte, originada nas regiões produtivas e nas regiões que demandam estes produtos. O Estado tenta suprir a demanda investindo em infra-estrutura, embora o planejamento não acompanhe o aumento neste setor, originado pela evolução da economia. Os ciclos da economia brasileira tiveram forte influência nesta relação contribuindo para o desenvolvimento econômico e social de determinadas regiões além de determinar as prioridades das políticas públicas para o setor de transportes. Os aspectos relacionados à baixa formação escolar dos profissionais do setor, falta de parceria ou união entre os transportadores, informalidades nos negócios entre outros, contribuem significativamente para elevar o “custo Brasil”, neste modal de transporte. Com o objetivo de sobreviver no mercado, as empresas do setor vem praticando procedimentos inadequados , tais como sonegação de impostos, cobrança de frete abaixo do mercado, falta de controle no gerenciamento das cargas, os quais comprometem decisivamente a qualidade dos serviços oferecidos aos clientes. 11 Os profissionais que estão ligados ao transporte rodoviário de cargas são sabedores de que este setor vive e sempre viveu uma situação de alta dispersão de atores. Pela contagem realizada pela ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), são aproximadamente 30.000 empresas no país. Nenhuma delas possui uma participação significativa de mercado que a caracterize um maior peso em relação à outras empresas. A concorrência é acirrada em qualquer mercado, seja de carga fracionada, carga completa, itinerante, etc., e pelo que sei existe apenas um mercado que é protegido (trata-se do mercado de distribuição de automóveis). A concorrência acirrada faz com que as empresas atuem de forma extremamente agressiva em relação ao mercado, notadamente através da prática de tarifas. Os tomadores de serviço de transporte rodoviário de cargas (embarcadores), por sua vez, estão acostumados a esta prática e promove verdadeiros leilões tarifários, quando se trata de embarcar os seus produtos para os mercados. Por conta disso, o mercado do transporte rodoviário de cargas é tido como um mercado de concorrência perfeita e isto não é novidade, tanto que já foi assunto mencionado de passagem em outros editoriais, mas vale lembrar novamente como é e como funciona este tipo de mercado. A concorrência perfeita se caracteriza pelo fato de todos os ofertadores do produto ou serviço atuarem nos menores níveis tarifários, pois o mercado toma os serviços sem a diferenciação expressa de forma influente na estrutura de decisão do embarcador. Tanto é verdade, que passamos por uma situação bizarra de falta de capacidade de transporte (faltam caminhões), e os embarcadores não estão concedendo os reajustes nos patamares adequados para a reposição dos custos. Para uma maior compreensão do trabalho, vamos abordar o mecanismo da formação de preços, no que tange ao modal rodoviário, no Brasil, que se baseiam em três componentes básicos: o frete-peso, o frete-valor e as taxas complementares. 12 Frete-Peso Parcela da tarifa que visa a remunerar as despesas pelo transporte do bem entre os pontos de origem e destino, no frete-peso estão incluídos os valores referentes aos custos operacionais diretos e indiretos. Na formação do frete-peso entram as despesas com o veículo, custos administrativos e operacionais. No entanto, ainda que as distâncias sejam pequenas, como entre Santos e São Paulo, deverão ser considerados, para sua composição, o tempo de carregamento e o volume de trabalho do terminal receptor da carga. Em contrapartida, serviços prestados com freqüência,que não englobem aparato administrativo-operacional complexo e com pequena exigência de documentação terão tarifas de frete-peso muito mais acessíveis. Frete-Valor O segundo importante componente do frete rodoviário é o frete-valor ou ad-valorem. Funcionando como equalizador entre os bens de pequeno valor agregado e os mais valiosos, é de se ressaltar que o frete-valor insere um componente social importante, proporcionando redução de preço das mercadorias mais baratas em relação às mais caras. Não se pode, entretanto, confundir o ad-valorem com o seguro: este deve ser contratado pelo dono da mercadoria para cobri-la em todas as etapas e durante os diferentes meios de transporte que a mercadoria - principalmente a importada ou exportada - utiliza. O frete-valor será calculado para a provisão de riscos que, mesmo inerentes ao transporte, não são cobertos pelo seguro, ou seja, será necessário arcar com os custos adicionais de seguro com cobertura ampliada para poder cobrir esses riscos. 13 CAPÍTULO I MODAIS DE TRANSPORTE DE CARGAS Os serviços de logística de transporte ganharam importância substancial neste final de século. Podemos, então, traçar um perfil da demanda por serviços de transporte. Este perfil inclui: Aumento nas distâncias percorridas em cada transporte, passando a um padrão mais continental e nacional que regional. Embarques menores — evidencia-se a necessidade de se utilizar transportes com carga fracionada (várias cargas em um só veículo). Maior necessidade de se ter confiabilidade nos transportes. Neles recai uma responsabilidade cada vez maior, já que contém de fato os estoques (em trânsito) das empresas. Uma linha de produção parada por falta de material significa prejuízos muito maiores que o valor da carga transportada em si. Maior freqüência das consignações. A redução em peso e volume das consignações tem uma conseqüência imediata: o aumento na freqüência destas. 14 E as mudanças não ficam apenas no nível operacional. Olhando sob um prisma gerencial, as decisões quanto à logística de transportes tornaram-se mais complexas e integradas à logística de produção. Isso faz com que seja fundamental a presença de um sistema de informações logísticas capaz de planejar e acompanhar as consignações. As tecnologias em evidência, hoje, dizem respeito a sistemas de acompanhamento global da carga (via satélite), identificação de equipamentos e cargas, EDI (Eletronic Data Interchange — padrões de comunicação eletrônica que agilizam o processamento de pedidos, faturamento, etc.), sistemas integrados de planejamento da produção e sistemas de apoio à decisão. 1.1 Carências e Oportunidades do Setor As considerações feitas nos itens anteriores indicam as tendências para o setor de transportes de carga — o qual possui importância cada vez maior. Ao que tudo indica, as empresas do setor ainda não se aperceberam de sua responsabilidade, visto que poucas modificações nos níveis de serviço foram introduzidas nas últimas décadas. Existe, então, um enorme potencial para melhorias nos serviços de transporte e funções agregadas, já que os benefícios de tais melhorias são ostensivos e alteram sensivelmente a competitividade das empresas contratantes Para que se obtenha o alto padrão de serviços de transportes desejado (e necessário), três fatores têm importância fundamental : Flexibilidade. A logística de transportes deve adaptar-se às variações na demanda dos clientes e a circunstâncias inesperadas. Além disso, dada a redução do tamanho das consignações, os prestadores de serviço se vêm obrigados a trabalhar com um número de clientes crescente, tendo de 15 apresentar portanto elevada flexibilidade para lidar com uma demanda de grandes flutuações. Velocidade. Uma maior velocidade de entrega reduz o tempo em trânsito de produtos e matérias primas reduzindo o capital retido. Além disso, melhora a qualidade da programação da produção, tornando as empresas contratantes mais ágeis para responder a oscilações na demanda de seus produtos. Confiabilidade. Um aumento na confiabilidade da entrega reduz os riscos de falha no fornecimento de materiais ou na distribuição de produtos — o ganho em redução dos estoques é imediato. Este item, entretanto, não é causa da redução nos níveis de estoque — é conseqüência desta, sendo portanto uma exigência atual do mercado. Podemos citar ainda um quarto fator de grande importância: o Custo. Com o aumento das distâncias percorridas e nas freqüências dos transportes, o fator custo do transporte ganhou ainda mais importância, e é um elemento fundamental na obtenção de vantagens competitivas por parte das empresas. Para satisfazer a estes requisitos, várias soluções podem ser vislumbradas, e aqui nos limitaremos a destacar algumas das mais significativas.A primeira medida para racionalizar e assim otimizar os serviços de transporte é a adoção de economias na densidade de tráfego. A idéia central é utilizar a infra-estrutura de transporte da melhor forma possível, expandindo os serviços prestados na operação em uma mesma malha. Tal expansão tem por conseqüência imediata a distribuição dos custos entre um número maior de usuários (ou clientes), e maior aproveitamento dos sistemas de transportes disponíveis (navios, vagões, caminhões, etc.) e da infra-estrutura viária existente, aumentando a eficiência de todo o sistema. 16 Tais economias não são, entretanto, simples de serem conseguidas. É necessário que haja coordenação entre os diversos modais (veja Tipos de Transporte) para combinação dos serviços e operações visando a solução logística ótima; verticalização de serviços complementares; desenvolvimento dos terminais alfandegários, portos e aeroportos; e principalmente a criação de centros de concentração de cargas, onde informações sobre a existência de cargas e transportes disponíveis são reunidas. Além do inevitável avanço tecnológico dos veículos destinados a transporte de cargas, algumas modificações foram introduzidas com relação à segurança da carga (monitoramento por satélite, por exemplo). Mas pouco ou nada se fez com relação a mudanças organizacionais dos prestadores de serviços de transporte. Exemplos típicos da utilização de maior densidade de carga são operações com vagões de dois andares, navios porta-containers maiores ou o fracionamento de cargas em caminhões, aproveitando-se toda sua capacidade útil. Tais economias resultam em maior rentabilidade na utilização do capital (público e privado) e levam invariavelmente a várias formas de integração horizontal dos serviços, como acordos de cooperação, consórcios, sociedades, etc. .. Outra medida fundamental para a obtenção de um padrão de serviços de transporte diferenciado (e compatível com as exigências atuais do mercado, ainda não plenamente atendidas) é a diminuição do nível de incerteza nas transações. Tal diminuição só pode ser atingida com o uso intensivo e eficaz da tecnologia de informação, permitindo que todos os participantes da cadeia de suprimentos tenham acesso às informações à respeito da carga, de seu transporte, armazenagem e manuseio. 17 Se as informações corretas fluírem de maneira adequada, pode-se garantir: diminuição drástica da probabilidade de não cumprimento de contratos de entrega (ou coleta), a entrega dos produtos em número, tipo de embalagem, acondicionamento, etc. corretos, maior precisão e velocidade dos transportes, estabilidade nos fretes, enfim, melhor qualidade dos serviços prestados e maior confiabilidade dos transportes e serviços auxiliares. Mais uma vez é importante ressaltar que a obtenção de um fluxo de informações eficiente não é tarefa fácil. As tecnologias hoje existentes vão desde a utilização de equipamentos de movimentação e transporte especiais (com sensoriamento, comunicação remota, etc.), uso de transferência eletrônica de dados (EDI), e até a Internet, com um grande potencial de crescimento e oportunidades ainda inexploradas. Todas estas tecnologias exigem, entretanto, investimentos consideráveis de capital para serem implementadas, e, mais importante que o capital necessário, demandam um bom planejamento e integração com os processos de negócios envolvidos, para serem efetivamente úteis. 1.2 Algumas Definições e Considerações Importantes Abordaremos, a seguir, uma série de conceitos e definições importantes à compreensão da conjuntura atual do setor de transportes de carga no Brasil. Conjuntamente com as definições, mostraremos qual a situação brasileira pertinente . Tipos de Transporte Um tipo de transporte — também conhecido como modal ou via de transporte — consiste num conjunto de equipamentos, infra-estruturas, 18 benfeitorias, direitos de uso e transportadores que oferecem serviços de transporte, armazenagem e manuseio de mercadorias. Os chamados modais básicos de transporte são: Rodoviário, Ferroviário, Aquaviário, Aéreo, e Dutoviário. Um transporte que se utiliza de dois ou mais tipos em uma mesma viagem é chamado de Intermodal. As principais características de cada modal são descritas a seguir. Modal Rodoviário Tem como característica primordial a enorme flexibilidade proporcionada, visto que pode trafegar sobre qualquer estrada, e realizar transportes “de porta a porta”. Em termos comparativos, é um modal de baixo custo fixo, pois os investimentos em terminais rodoviários, armazéns, etc. são baixos, e a manutenção da infra-estrutura é feita pelo poder público ou, após as recentes privatizações, por concessionários. O custo variável, entretanto, é relativamente alto: há que se ter uma unidade de tração (cavalo) e um motorista para cada reboque, e gastos com combustíveis, pneumáticos e outros componentes de manutenção periódica são consideráveis, além do aumento substancial dos pedágios verificado após o processo de privatizações das rodovias de maior intensidade de tráfego. Normalmente, este modal é recomendado para pequenas e médias distâncias, além de ser imbatível na distribuição de varejo, dada sua elevada flexibilidade. Naturalmente, não é um modal indicado para o comércio internacional, a menos em se tratando de países muito próximos, como (talvez) na Europa Ocidental. Modal Ferroviário O grande apelo deste modal é sua capacidade de transportar elevado volume de carga a grandes distâncias com eficiência (de forma regular e com 19 baixo custo relativo). Apresenta um alto custo fixo, devido ao significativo custo dos equipamentos e da infra-estrutura viária, além dos direitos de uso. Porém seus custos variáveis não são tão altos, e têm permanecido estáveis nas últimas décadas. Há, ainda, grande potencial para reduções nos custos e aumento de qualidade com a adoção de novas tecnologias, como a eletrificação das linhas e utilização de locomotivas mais velozes. Diz-se que a “vocação” deste modal é o transporte de materiais de alta densidade de carga, como minérios, carvão etc.; do ponto de extração até um ponto de distribuição ou exportação. Este perfil, entretanto, vem se modificando, e hoje as companhias operadoras de transporte ferroviário vêm modernizando-se e adaptando-se para atuar com eficiência no transporte de médias e longas distâncias de qualquer tipo de produto, estando aptas, inclusive, ao transporte internacional de produtos. Modal Aquaviário Trata-se característica do mais marcante a antigo modal capacidade de transporte, de transportar tendo como quantidades extremamente grandes de materiais em um único frete. Subdivide-se em navegação de cabotagem — realizada ao longo da costa, e sujeita a regulamentações específicas para cada país — e navegação interior — realizada através de rios, lagos e canais navegáveis. São utilizados, normalmente, dois tipos de embarcações: os de grande deslocamento, adequados para transportes oceânicos, mas limitados a portos de calado profundo, e as balsas tracionadas por rebocadores, indicadas para rios e canais de menor profundidade, apresentando portanto menor capacidade de transporte mas maior flexibilidade. 20 Este modal apresenta algumas deficiências intrínsecas: baixa velocidade e conectividade fraca, exigindo sempre uma operação intermodal para a realização do transporte. É adequado, portanto, para o transporte de grandes volumes de mercadorias a um baixo custo, onde o tempo de trânsito seja um fator secundário. Devido ao seu grande custo fixo — normalmente, um navio de cabotagem ou oceânico necessita ter pelo menos 65 a 70% de sua capacidade de carga ocupada para tornar-se economicamente viável — e elevado investimento inicial, é de se esperar que sejam poucas as empresas de transportes que disponibilizam tais serviços, o que de fato acontece. Esta pequena oferta no número de operadoras faz com que forme-se uma espécie de oligopólio, capaz de transformar-se em verdadeiros cartéis em alguns países. Como exemplos, podemos citar o movimento conhecido como TransPacific Stabilization Agreement, que busca elevar os preços (em queda) nos transportes vindos da Ásia com destino aos E.U.A. e, no Brasil, os preços abusivos cobrados na cabotagem — o transporte de um container de Santos a Recife custa mais caro, e, muitas vezes, com tempo em trânsito maior, que se for mandado para a Europa . Modal Dutoviário A importância deste modal está relacionada, principalmente com o transporte de produtos que são matéria-prima ou fonte de energia para outros processos, como óleo cru, petróleo, gás natural, etc. Produtos químicos e petroquímicos, além da água e esgoto domésticos e industriais são outros produtos que se utilizam largamente deste modal. Apesar de ser o modal com maior custo fixo — é necessário alto investimento na instalação das linhas, dispositivos de controle e direitos de uso — possui custo variável extremamente baixo — opera com pouca ou nenhuma 21 manutenção, 24 horas por dia. E graças a acordos de cooperação técnica, muitas vezes, operam cruzando fronteiras, atuando, portanto, internacionalmente. Modal Aéreo Este modal ainda representa muito mais um grande potencial do que uma realidade, principalmente devido a seu alto custo. Sua maior vantagem é proporcionar alta velocidade no transporte de médias e grandes distâncias. Embora seu custo fixo não seja dos mais elevados — os aeroportos são normalmente construídos e mantidos pelo governo — seu custo variável é extremamente elevado, em função dos gastos com combustíveis, manutenção das aeronaves e mão-de-obra altamente especializada — o que inviabiliza o uso deste modal em transportes onde o fator tempo não seja primordial a ponto de justificar seu alto custo. Sua maior aplicação, além naturalmente das cargas urgentes, são as cargas com alto valor agregado, e relativamente baixa densidade — cargas com alta relação valor por volume — como chips semicondutores e equipamentos de informática em geral. Tanto que estima-se que mais de 20% do valor das cargas internacionais são, atualmente, transportados via modal aéreo, mesmo sabendo que representam apenas cercade 2% do volume total comercializado. Podemos perceber que destacam-se os modais Ferroviário e principalmente Rodoviário, o que pode ser um indicativo do motivo pelo qual estes modais são os mais usados no Mundo todo. 22 1.3 A Situação do Brasil O impacto e responsabilidade de cada modal são avaliados de acordo com as receitas geradas, os volumes transportados e as distâncias envolvidas. A unidade de medida mais utilizada para tais avaliações é o TKU, que considera a massa transportada (T) e a distância percorrida (Km), obtida através da multiplicação destas duas variáveis. Historicamente, no Brasil, o modal mais utilizado é o Rodoviário, sendo que o total de carga transportada no Brasil é proporcional à economia do país, sendo, em milhões de TKU, cerca de nove vezes menor que o verificado nos Estados Unidos, condizente com o PIB dos dois países, de aproximadamente (em milhões) US$ 749.000 e US$ 6.952.000, respectivamente em 2005. Não é novidade para ninguém que no Brasil o modal rodoviário prevalece sobre os demais modais de transporte. Faltam estatísticas recentes, mas estima-se que atualmente o transporte rodoviário responda por 65% do total de cargas Na década de 50 o modal rodoviário respondia por cerca de 40% do total transportado no Brasil e a sua participação na matriz de transporte se elevou consideravelmente a partir da década de 60, estimulado pela vinda das indústrias automobilísticas e pelo subsídio no preço dos combustíveis. Também colaboraram para isso o histórico de serviço e a capacidade insuficiente dos outros modais e a falta de regulamentação do setor de transportes. O Estado de São Paulo, responsável por 33,4% do PIB brasileiro apresenta uma matriz de transporte ainda mais distorcida, com 93,3 % de sua riqueza econômica sendo transportada pelas rodovias, 5,5% pelas ferrovias e 1,2 % pelos outros modais. Em São Paulo são 200 mil quilômetros de rodovias 23 contra apenas 5,1 mil quilômetros de ferrovias e 2,4 mil quilômetros de hidrovias. Países de dimensões continentais como a do Brasil, como Estados Unidos, Austrália, Canadá e Rússia possuem matrizes mais equilibradas, estimulando o uso dos modais alternativos e a prática da intermodalidade. Para que se tenha idéia da disparidade, os EUA contam com 228.464 km de ferrovias, a Rússia com 87.157 km, o Canadá com 48.909 km, contra apenas 29.798 km do Brasil, número inferior ao do nosso vizinho, a Argentina, que possui uma malha ferroviária de 34.091 km. No Brasil o modal rodoviário enfrenta diversos problemas estruturais, dos quais destacamos: · excessivo número de empresas no setor, o que provoca acirramento da competição e perda no poder de barganha junto aos Clientes · “comoditização” do produto transporte · má conservação das estradas · roubo de cargas · idade da frota dos caminhões · pesada carga tributária · pouca carga de retorno · altos tempos de espera para carga e descarga A última pesquisa realizada pelo IBGE em 2001 apontava a existência de 47.579 empresas de transportes, número 37% superior ao apurado na pesquisa realizada em 1999, que contabilizava a existência de 34.586 empresas. Esta mesma pesquisa apurou que em 1992 eram 12.568 empresas, portanto, houve um aumento de 279 % no número de empresas em menos de 10 anos. 24 O mercado está saturado; estima-se que 85% das cargas existentes esteja terceirizada. E como não há barreiras legais ou econômicas para a entrada de novos competidores, a situação tende a piorar. Muitas empresas do setor sucumbirão diante dos desafios, mas outras novas empresas surgirão numa velocidade muito maior, sendo que os serviços de transporte passam por um processo de “comoditização”, ou seja, praticamente não existem diferenças significativas entre as opções existentes e as decisões da grande maioria dos Clientes baseiam-se única e exclusivamente no custo. A degradação da malha rodoviária acarreta aumentos de custos operacionais de até 40%, gastos adicionais com combustíveis de até 60% e tempos de viagem maiores em até 100 %. A pesquisa CNT 2004 realizada em aproximadamente 75.000 km de rodovias em todo o Brasil apontou que 74,7% da extensão avaliada apresentava algum tipo de imperfeição. Nos EUA, numa malha de 6.406.296 km, este mesmo índice não chega a 5%! No Brasil, de uma malha rodoviária de 1.744.433 quilômetros, apenas 9,4% encontra-se pavimentada. O Brasil que já investiu cerca de 2,0% do PIB em infra-estrutura de transportes, gastou míseros 0,1% em 2004. Em 1992 o prejuízo com o roubo de cargas era de R$ 25 milhões e atualmente vem alcançando cifras ao redor de R$ 1 bilhão. Em 2003, segundo a CNT (Confederação Nacional dos Transportes), foram 11mil roubos a caminhões, significando prejuízos em torno de R$ 700 milhões. O item gerenciamento de risco passou de 5% para 15% da receita bruta das empresas de transportes, envolvendo algo em torno de R$ 1,5 bilhão / ano. E apesar de todo aparato criado para prevenir o roubo de cargas, as quadrilhas inovam a cada dia, impondo novos desafios às autoridades e às empresas de transporte. 76% da frota de caminhões no Brasil tem mais de 10 anos; especialistas americanos recomendam a utilização máxima de 8 anos. A idade média da nossa frota é de 18,8 anos e nas pesquisas realizadas foram constatados veículos com mais de 40 anos de uso. São mais de 800.000 caminhões com mais de 20 anos de uso, quase a metade da frota brasileira de caminhões, estimada em 1.850.000 veículos. A média americana não ultrapassa os 7 anos! 25 A questão tributária é outro ponto relevante. Diretamente, ela consome cerca de 30% do faturamento das empresas de transporte, fato extremamente injusto, se consideramos que instituições financeiras têm uma carga equivalente a 55% disso. Além dos 61 tributos existentes no Brasil, as empresas ainda gastam algo equivalente a 1% de seu faturamento para garantir o cumprimento das 93 obrigações fiscais acessórias. Com 57,1% do PIB brasileiro concentrado nos Estados da Região Sudeste e outros 17,8% nos Estados da Região Sul, torna-se praticamente impossível equilibrar o fluxo de carga nas viagens de ida e volta, comprimindo ainda mais a já pequena margem da empresa de transporte de cargas. A rentabilidade sobre a receita das grandes empresas de transporte de carga varia de 2% a 4%, conforme apresentado no ranking das maiores empresas do setor publicado pela Revista Transporte Moderno em Novembro/2004. O cenário atual é preocupante e o futuro assustador. Há uma dependência muito grande das autoridades públicas para que os principais problemas sejam resolvidos, porém, na prática, há poucas evidências de que na realidade sejam tomadas.Enquanto isso, as empresas de transporte terão que apertar ainda mais os seus cintos e torcer para que alguma alma iluminada possa valorizar devidamente um setor importante e estratégico da nossa economia! A ANTC – Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística, entidade que congrega em seu quadro associativo, aproximadamente, 3.500 empresas, realizou, por meio do seu Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Econômicas (DECOPE) e da Câmara Técnica das Empresas de Transporte de Carga Lotação (CTL), reunião no dia 27 de maio de 2008, na sua sede em São Paulo – SP, onde examinou criteriosamente a situação tarifária do setor de transporte rodoviário de cargas lotação. 26 Pesquisa do DECOPE, com empresas transportadoras, constatou que a defasagem média entre os fretes praticados na carga lotação e os custos efetivamente apurados, por meio de uma planilha realista, situa-se, na média, em 17,6%. Além das altas acumuladas dos insumos nos últimos 12 meses, contribuíram significativamente para este resultado, não apenas resíduos não repassados de reajustes anteriores, como também, o aumento médio de 10% do diesel que ocorreu em 30 de abril, bem como os acordos coletivos da categoria que geraram aumento médio de 7,5% nos pisos salariais. Outros fatores contribuem para esta defasagem. Um bom exemplo são as condições das rodovias, que estão gerando, não apenas maiores custos por quilômetro rodado, como também, redução sensível na produtividade dos veículos. A estas dificuldades, vieram se somar a elevação do custo com gerenciamento de riscos, o agravamento dos custos administrativos com a enorme burocracia gerada pela “guerra fiscal” entre os Estados e a própria necessidade de melhorar o nível do serviço prestado aos clientes, num mercado cada vez mais exigente. O Transporte Rodoviário de Cargas que, por injunções de mercado, vem suportando, há muitos anos, notória defasagem nos fretes praticados, vêse agora numa situação-limite, que exige pronta recomposição de suas receitas e margens. Só assim poderá realizar os investimentos necessários à modernização e ampliação da frota e de toda a sua infra-estrutura tecnológica e operacional. Caso contrário, poderá vir a se constituir em gargalo à retomada do crescimento econômico do país. 27 CAPITULO II O nível de serviços das empresas de transporte rodoviário de cargas O transporte de carga tradicional tratava de deslocar produtos e insumos entre diversos pontos, considerando a escala do tempo de forma secundária. Assim o transportador tradicional se incumbia de levar determinada carga de um ponto X para um ponto Y, mais geralmente, não assumia o compromisso de entregá-la dentro de um prazo estabelecido. Com a evolução do mercado e com a preocupação das empresas em relação ao nível de serviço oferecido aos seus clientes, procurou-se identificar e quantificar os fatores necessários para a elaboração de novos níveis de serviço, tais como: prazo de execução e respectivo nível de confiabilidade, tempo de processamento de tarefas, disponibilidade de pessoal e dos equipamentos solicitados, facilidade em sanear erros e falhas, agilidade e precisão no rastreamento de cargas em processamento ou em trânsito. Antigamente, as organizações tratavam o serviço logístico como algo fixo. Era consultado o pessoal de vendas (que tem maior contato com os clientes) para determinar qual nível de serviço a ser oferecido aos clientes. O pessoal da logística tinha como tarefa atender metas de agregação de valor de tempo e espaço ao mínimo custo total. Atualmente, a escolha do serviço pelos clientes é influenciada pelos níveis de serviços oferecidos. O objetivo da empresa de transportes é prover serviços que satisfaçam os clientes com maior efetividade e eficiência que seus concorrentes. 28 Portanto, o nível de serviço pode ser um instrumento promocional da mesma forma como os descontos de preço, a propaganda, as vendas personalizadas ou os termos de vendas favoráveis. Transporte especial, processamento mais rápido, tempo de entrega reduzido, embalagem padronizada, entre outros, afetam diretamente a venda do serviço, tornando a empresa mais competitiva, pois está agregando valor ao serviço oferecido. Antes visto como centro de custos, a logística hoje atua com foco no cliente permitindo avançar, além das formas tradicionais de movimentação de materiais, em direção a uma ferramenta poderosa na agregação de valor aos serviços oferecidos e, também, conquistando vantagens competitivas perante a concorrência. O nível de serviço a ser oferecido pela empresa aos seus clientes ainda é um fator altamente complexo. Os gestores encontram enormes dificuldades para adaptá-lo a sua estrutura de distribuição de forma que atenda satisfatoriamente as necessidades de seus clientes e também dos acionistas. O fator de maior dificuldade é determinar quais os serviços que os clientes realmente desejam e necessitam. Desta forma, o nível de serviço pode ser medido pelo tempo de entrega, ou seja, o tempo de transporte a partir do depósito até o endereço do cliente ou como porcentagem das ordens entregues dentro de certo prazo após o recebimento do pedido. Outra forma de avaliação é através de um questionário que, respondido pelos clientes, trará informações úteis para analisar o desempenho logístico da empresa. Ballou (2001) defende que a definição do nível de serviço para oferecer aos clientes é essencial para alcançar os objetivos de lucro da empresa. Um serviço ao cliente bem formulado é uma variável importante que pode garantir, além de uma demanda, a retenção de clientes potenciais. Neste aspecto, tem-se o ponto-chave na determinação do nível de serviço, pois 29 dificilmente se conseguirá obter um serviço diferenciado para cada um dos clientes da empresa, até porque muitos são clientes esporádicos e altamente voláteis que não são fiéis à empresa. Clientes potenciais devem ser o foco, pois um serviço altamente diferenciado gera altos custos e, onseqüentemente, preços mais elevados o que tende a limitar o número de clientes em condições de adquirir o mesmo. Dessa forma, deve ser analisada a necessidade do cliente quanto aos níveis de serviço. Vale ressaltar que, as expectativas dos clientes nem sempre são homogêneas, torna-se necessário agrupar os clientes em segmentos baseados em suas necessidades e exigências de distribuição. Segundo Otto e Kotzab (2003), o ideal é proporcionar um ótimo nível de serviço a segmentos específicos de clientes. Depois que os segmentos estiverem identificados, será possível desenhar no papel um sistema de distribuição capaz de atender às exigências de cada um dos grupos de clientes. Depois de mensurado os segmentos de clientes atendidos pela empresa, podem-se delimitar parâmetros mais específicos para os mesmos. Conforme o relatório do Institute of Management Accounting (1999a), pode ser identificado clientes de alto potencial dentro de um segmento específico, que podem compor uma lista específica, onde serviços exclusivos e de alto valor agregado podem ser oferecidos de forma que atendam as suas exigências ímpares, com o respaldo de que estes clientes podem absorver os custos proporcionados por políticas de atendimento diferenciadas. É necessário administrar o nível de serviço e estabelecer patamares de atividades logísticas de forma que proporcionem o nível de serviço logístico planejado, sendo importante identificar os elementos-chave que determinam o mesmo. É preciso determinar as necessidades dos clientes e como elas podem ser medidas para, após, fixar os padrões de nível de serviço e planejar serviços extraordinários. Lambert (1998) descreve que, muitas vezes, as 30 empresas confundem o nível de serviço ao cliente com a concepção de satisfação de cliente, vale lembrar que, embora um serviço possa ser de altíssimo nível, não atendendo as necessidades básicas do cliente, não satisfará suas expectativas. Nem todo cliente precisa ou deve ser tratado da mesma forma. Como pouco se sabe a respeito das verdadeiras necessidades de serviços exigidos pelos clientes, muitas empresas simplesmente mantêm um elevado nível de serviço, resultando em custos de distribuição maiores do que o necessário, isto por sua vez ocasionando um maior preço final. Apesar da possibilidade de ajuste do nível de serviço para clientes ou grupos individuais, é importante manter a generalidade na medida do possível. As empresas não podem administrar efetivamente níveis de serviços separados para milhares de clientes, porém, muitas vezes, é mais econômico oferecer nível de serviço diferenciado para um número limitado de grupos de clientes. 1.1 Requisitos para diferenciar os níveis de serviço Para um número crescente de empresas, o transporte de cargas vem deixando de ser uma questão de importância secundária e puramente operacional para entrar de forma definitiva no centro das discussões e decisões estratégicas. Custos e nível de serviço, duas variáveis significativas para o sucesso (ou fracasso) de qualquer empresa, sofrem influência direta e decisiva da gestão do transporte de cargas. Encontrar o ponto de equilíbrio entre estas duas variáveis é o desafio para os profissionais do setor. Neste sentido, o benchmarking de tarifas e práticas de transporte, se realizado com critérios de segmentação bem definidos, pode ser uma importante ferramenta de apoio para tomada de decisões, contribuindo com informações relevantes sobre os valores dos fretes pagos no mercado 31 conforme as características da operação e dos diferentes serviços oferecidos pelos transportadores. O benchmarking pode auxiliar nesta relação e servir de subsídio para uma conversa franca entre as partes, com a intenção de que, conjuntamente, possam ser adotadas medidas voltadas para a redução de custos e melhoria da utilização de ativos. Dentre essas medidas, podem ser citadas: redução dos tempos de carga/descarga, identificação de carga retorno, renovação de frota, adequação do melhor perfil dos veículos, adoção de frota dedicada, mudanças nas políticas de contratação, adoção de sistemas de informação e tecnologias de gerenciamento de risco. Além disso, é importante que as empresas estejam preparadas para superar as dificuldades encontradas e as incertezas futuras. O benchmarking possibilita o registro das informações ao longo do tempo e a análise do comportamento das tarifas de transporte conforme as variações da demanda, dos preços de combustíveis e de outros itens de custos, e dos investimentos na infra-estrutura nacional, dentre outros. Métodos de Benchmarking O benchmarking consiste na comparação dos processos de uma empresa/unidade com os de outras, de setores correlatos ou não, possibilitando o aprendizado contínuo e melhoria do sistema organizacional. É uma das formas mais utilizadas e indicadas para estabelecer metas e padrões de referência . Segundo BOWERSOX e CLOSS (2001), existem três métodos de benchmarking: O primeiro utiliza dados logísticos publicados por consultores, periódicos e pesquisas universitárias. Apesar da facilidade de obtenção das informações, este método dificilmente fornece uma vantagem competitiva, uma 32 vez que as informações são de domínio público. Além disso, as poucas informações existentes muitas vezes não estão segmentadas conforme a necessidade de informação da empresa. O segundo método é o benchmarking particular com empresas que não são concorrentes diretas (do próprio setor ou de um setor correlato). Neste caso, cada organização examina as medidas, as práticas e os processos das demais para desenvolver idéias que irão aperfeiçoar o desempenho. Embora o método bilateral propicie ganho de conhecimento mais aprofundado e reservado, ele não oferece uma perspectiva particularmente ampla, com a análise ficando limitada a um pequeno número de empresas. O terceiro método consiste numa aliança de organizações que compartilham sistematicamente dados de benchmarking em bases regulares. Estas alianças exigem um maior esforço para sua manutenção, mas normalmente fornecem informações substancialmente mais adequadas que os métodos anteriores. Adicionalmente, este método permite uma análise mais apurada, segmentada conforme interesse dos participantes, e por isso mesmo é a metodologia recomendada para um processo de benchmarking aprofundado no setor de transportes. Atividades críticas para o Processo de Benchmarking de Tarifas de Transporte A seguir, serão detalhadas algumas atividades críticas para a realização de um processo de comparação de tarifas de transporte: a uniformização dos fretes e a segmentação dos dados. Uniformização e Padronização dos Fretes Em um processo de Benchmarking é fundamental que as informações utilizadas sejam padronizadas. Assim, ao comparar os fretes, é importante 33 analisar os componentes das tarifas (Fig. 2) e definir quais variáveis devem ser levadas em consideração e quais devem ser deixadas de lado em nome da uniformização da análise. Fig. 2 – Componentes dos Fretes Ao realizar o benchmarking das tarifas entre diferentes setores, é importante: Destacar as parcelas referentes ao gris e ao ad-valorem para eliminar distorções referentes ao valor da carga transportada. Estes custos tendem a ser muito maiores para eletro-eletrônicos do que para commodities, por exemplo. Analisar, à parte, os elementos que não estiverem incluídos na tarifa para verificar se não há algum tipo de subsídio cruzado que possa estar distorcendo as comparações. Exemplificando, a transportadora pode adotar um valor significativamente menor para a parcela referente ao frete-peso e compensar no ad-valorem. 34 Segmentação dos Dados A atividade de segmentação dos dados é um dos pontos mais críticos do processo de benchmarking de tarifas de transporte. Esta etapa deve ser bem planejada para que as comparações sejam realizadas entre empresas com perfis de transporte similares. Este cuidado é extremamente importante para dar credibilidade aos resultados obtidos. Por outro lado, não é aconselhável que a classificação das empresas com mesmo perfil seja excessivamente restritiva a ponto de reduzir desnecessariamente o tamanho do grupo de comparação. Nestes casos, pode-se perder a representatividade da amostra e limitar as comparações realizadas. Este trade-off é apresentado na Fig. 3. Fig. 3 - Ponto de Equilíbrio para Comparações das Tarifas de Transporte Rodoviário São muitas as variáveis que podem impactar no valor do frete. O processo de segmentação consiste na determinação dos fatores mais críticos para serem utilizados na formação dos grupos comparáveis. Estes fatores podem ser definidos pelas próprias empresas participantes de um processo de benchmarking, conforme expertise dos profissionais de transporte, porém, ainda assim, devem ser validados com uma análise mais criteriosa, como técnicas estatísticas e análises de sensibilidades. 35 Análises dos Dados A seguir, serão apresentados alguns exemplos de informações relevantes para o processo de gestão de transporte que podem ser obtidas por meio do benchmarking. As análises aqui apresentadas estão segmentadas por carga, grau de fracionamento e tipo de veículo, tendo como base, cargas secas, fechadas em carretas de 26 ton. ANÁLISE 1: Valores dos fretes médios pagos pelas empresas no mercado nacional, conforme as distâncias percorridas (Fig. Além dos fretes, também podem ser informados os valores médios pagos com seguro/ad valorem e gerenciamento de risco. Fig. 4 – Valores de fretes médios pagos pelas empresas no Brasil, conforme distância percorrida 36 O benchmarking contínuo permite às empresas analisarem o comportamento dos preços pagos aos prestadores de serviços de transporte rodoviário no Brasil ao longo do tempo e as tendências do mercado. ANÁLISE 2: Variação dos fretes nacionais (valores mínimos, máximos e percentis) conforme as faixas de distâncias Para compreender melhor os motivos das variações apresentadas, podem ser detalhadas as características referentes às tarifas mínimas e máximas. Na Fig. 5, por exemplo, no intervalo de 800 – 1000 km o frete mínimo de R$38,20/(1.000*ton*km) refere-se ao transporte de cargas de baixo valor agregado, enquanto o frete máximo de R$168,06/(1.000*ton*km), referese ao transporte de cargas de alto valor. Fig. 5 – Variações dos fretes pagos pelas empresas no Brasil, conforme distância percorrida Adicionalmente, podem ser realizadas análises mais aprofundadas para compreender o motivo destas variações (e não apenas dos valores máximos e mínimos), identificando quais fatores têm maior impacto no valor do frete e de quanto é este impacto. Na Tab. 1 seguem alguns exemplos de 37 questões relacionadas à gestão do transporte que podem ser correlacionadas com as tarifas de transporte. Tab. 2 – Decisões de gestão do transporte que podem ser relacionadas com os valores dos fretes no mercado O benchmarking também pode auxiliar no entendimento das correlações entre as variáveis. Por exemplo: empresas que apresentam alto percentual de spot tendem a transportar cargas de baixo valor agregado, possuem baixo índice de sazonalidade no mês, fazem menor exigência de idade da frota e, normalmente, contratam os transportadores de forma descentralizada. ANÁLISE 3: Impacto das diferenças regionais no valor do frete e identificação das rotas com maior incidência de carga retorno. Na Fig. 6 são apresentadas as curvas de fretes referentes aos fluxos SP–RJ e RJ–SP. Nota-se que as tarifas das rotas com origem em SP normalmente são maiores que as das rotas com origem no RJ. Para uma distância de 500 km, por exemplo, as tarifas do trecho SP–RJ são, em média, 44% maiores do que as do trecho RJ–SP. 38 Fig. 6 - Diferenças nas tarifas de fretes entre as rotas RJ-SP e SP-RJ ANÁLISE 4: Comparação das tarifas de transporte (R$/ton) pagas pelas diferentes empresas, numa mesma rota e mesma distância percorrida. A Fig. 7 mostra comparações entre os valores de fretes pagos por uma determinada Empresa X em rotas que têm como origem o estado do Rio de Janeiro e como destino qualquer ponto da região Sudeste. Neste exemplo ilustrativo, os quadrados vermelhos mostram a posição da Empresa X em relação ao valor máximo, ao valor mínimo e ao valor médio pagos pelas empresas participantes do benchmarking em cada uma das distâncias percorridas. Através deste gráfico é possível verificar, por exemplo, que para distâncias que variam de 20 a 115 quilômetros a Empresa X é a que paga mais caro pelo frete. O quadro “Informações complementares” enriquece a análise ao informar quantas empresas participaram da comparação, quantas vezes a Empresa X pagou os menores valores de frete e quantas vezes pagou os maiores valores de frete. O quadro mostra ainda quais as características das 39 empresas que pagam as menores tarifas, permitindo uma análise do grau de exigência das empresas que têm os custos de frete mais reduzidos. Fig. 7 – Análises Personalizadas por Empresa ANÁLISE 5: Comparações das curvas de valores de frete pagos por empresas de diferentes setores. A Fig. 11 confronta os valores de frete pagos por uma determinada Empresa X com os valores pagos pelas demais empresas participantes do benchmarking. Quanto mais inclinada a curva, mais caro é o frete pago pela empresa. Este gráfico permite que as empresas verifiquem se pagam pelo frete valores similares a outras empresas do mesmo setor e de setores distintos. 40 Fig. 8 – Comparações das Curvas de Fretes das Empresas Participantes Utilização de Informações Obtidas pelo Benchmarking As análises construídas ao longo do processo de benchmarking podem ser úteis como insumos para a tomada de decisões em assuntos relacionados à área de transportes. Informações sobre as tarifas entre as diferentes rotas e regiões e o impacto das distâncias nos custos dos fretes auxiliam as empresas na: - Identificação de rotas com maior oportunidade de redução de custos e a definição de prioridades, - Identificação de regiões com maior/menor carga retorno; - Realocação de fluxos; - Definição de políticas de distribuição de volumes e rotas às transportadoras; - Redesenho da malha logística da empresa e definição do posicionamento de estoque; 41 Adicionalmente, informações das diferenças dos valores de fretes conforme as capacidades dos veículos podem servir de subsídio para melhor adequação dos tipos de veículos a serem utilizados. Comparações das tarifas entre os diversos graus de fracionamento podem auxiliar na definição de lotes mínimos e incentivar promoções para a compra de determinadas quantidades. Da mesma forma, o benchmarking pode ser útil para a definição das exigências requeridas e dos serviços oferecidos. Tendo em vista o que foi exposto, fica claro que um processo de benchmarking de tarifas de transporte é um procedimento de relativa complexidade que, quando executado de forma criteriosa e rigorosa, pode ajudar na relação embarcador/transportador e contribuir para a construção de vantagem competitiva . De forma sucinta, o benchmarking permite: Conhecer a real situação da empresa no que tange os gastos com transportadores para a eventual tomada de ações gerenciais; Utilizar os resultados obtidos por meio do processo comparativo para comunicar resultados às partes interessadas; Avaliar o quão distante se está das metas de desempenho pré-fixadas; Gerar subsídios para a determinação de prioridades e ações a serem implementadas. Desde o início de 2004 o CEL/COPPEAD vem desenvolvendo um trabalho de benchmarking de preços de frete com importantes empresas embarcadoras brasileiras, denominado Painel de Fretes. O trabalho tem permitido às empresas participantes um acompanhamento e adequação dos valores pagos pelos fretes rodoviários no país, sendo uma importante ferramenta para melhoria na gestão dos transportes. 42 1.2 Analise dos níveis de serviço As empresas desenvolvem suas atividades dentro de um ambiente que as circunda, o qual condiciona de forma considerável seu funcionamento. Em grande parte, o maior ou menor êxito das empresas dependerá de seu sucesso no relacionamento com este ambiente, devendo por isso, procurar um equilíbrio dinâmico e permanente com o mesmo. Para tanto, a situação do ambiente condicionará a validade das estratégias e políticas empresariais nas diferentes áreas funcionais: marketing, logística, produção, etc. O ambiente não permanece fixo em um determinado estado; ele muda com o passar do tempo e, o ritmo das mudanças, varia de uma época para outra.De acordo com estudos, verifica-se que nos anos 70 aconteceu uma inversão nas leis de mercado, ou seja, as capacidades instaladas tornaram-se superiores à demanda, passando esta a ser o fator determinante do mercado. Com isto, a característica da produção em grandes séries e a baixos custos cede lugar ao fator flexibilidade, que é a capacidade de adaptar-se rápida e economicamente às exigências variáveis dos mercados, tanto em quantidade como em qualidade. A flexibilidade produtiva torna-se um fator importante, inclusive para os países subdesenvolvidos, A partir desta inversão das leis de mercado, é necessário a adaptação do lay-out das fábricas no sentido de flexibilização das linhas de produção, as quais devem ser capazes de produzir diferentes produtos, a partir dos mesmos equipamentos e com diminuição dos tempos de adaptação, set-up. Paralelamente a estas mudanças no setor produtivo, alterações também aconteceram nas áreas administrativas e de negócios. Estratégias como o downsizing, com sua proposta de redução do tamanho das estruturas 43 administrativas, bem como o movimento pela qualidade dos produtos e serviços oferecidos ao cliente, são atitudes que foram tomadas. Todas estas “ondas” podem ser consideradas dentro de uma análise um pouco mais detalhada do mercado, ou melhor, das estratégias competitivas para as empresas, de todos os portes, dentro dos diversos tipos de indústrias inseridas no meio ambiente empresarial. Dentro de qualquer estratégia que venha a ser desenvolvida, a questão do nível de serviço (NS) oferecido ao cliente é fundamental. Conceitualmente, o NS “refere-se essencialmente à cadeia de atividades que atendem as vendas, geralmente iniciando-se na recepção do pedido e terminando na entrega do produto ao cliente e, em alguns casos, continuando com serviços ou manutenção do equipamento ou outros tipos de apoio técnico”. Dessa forma é importante observar que, à medida que o Nível de Serviço aumenta, os Custos Logísticos também têm o mesmo comportamento, mas o NS promove também a geração de receita através da atração do cliente para aquilo que está sendo oferecido. Existe, portanto, a necessidade de se estabelecer o equilíbrio destes dois fatores (de acordo com a estratégia da empresa – monitoramento das diferentes necessidades e tipos de clientes Então, administrar o Nível de Serviço é questão de estabelecer patamares de atividades logísticas que proporcionem o Nível de Serviço logístico planejado. Entretanto, antes de se iniciar estas medidas, é importante identificar os elementos chaves que determinam o serviço, ou seja: CLIENTES, CONCORRÊNCIA Finalmente é fundamental para a organização estar atenta ao seguinte detalhe: os clientes são diferentes. Nem todo cliente precisa ou deve ser tratado da mesma forma que outros clientes ou categorias de clientes. O desconhecimento do tipo de cliente pode levar à manutenção de um Nível de Serviço elevado e não percebido pelo cliente. Este NS gera custos que 44 certamente deverão ser repassados aos preços do produto ou serviço que está sendo oferecido e isto é ruim para ambas as partes. No passado recente, exercer a atividade de prestação de serviços de transporte rodoviário de cargas requeria reunir numa mesma empresa uma série de competências e para ser bem sucedido era necessário que o empreendedor administrasse tudo e, bem de perto, com base no princípio de que é “o olho do dono que engorda o boi”. Será que isso ainda é verdade? Tudo indica que não. Com a completa desregulamentação do setor, aumento da competição e aparecimento de novas e modernas tecnologias, principalmente na área de comunicações e gestão empresarial, a competência, ou seja, a quantidade de saber e conhecimento necessários para se tocar o negócio multiplicou-se de tal maneira que tornou inviável o desenvolvimento e gestão de tudo por uma única pessoa/empresa. Nas empresas de transporte rodoviário de cargas, uma das áreas mais afetadas pelo aparecimento e desenvolvimento de novas tecnologias e ferramentas de gestão foi justamente a de gestão da frota de veículos, entendendo-se como tal "a tarefa de reger, administrar ou gerenciar o conjunto de veículos pertencentes a uma empresa, envolvendo diferentes serviços, como dimensionamento, especificação de equipamentos, roteirização, custos, manutenção e renovação de veículos entre outras". O que é melhor: oficina própria ou terceirizada; gestão do abastecimento interna ou terceirizada; abastecimento na garagem ou por terceiros. Essas e outras questões passaram a fazer parte do dia-a-dia dos gestores e, ao mesmo tempo, a contar com alternativas gerenciais variadas, cada vez mais profissionais e estruturadas forçando as empresas a rever a maioria das suas decisões gerenciais. 45 No Brasil, o transporte rodoviário de carga fatura mais de R$ 40 bilhões anualmente e movimenta 62% do total de carga do país. Por outro lado, destaca-se pelo alto grau de pulverização, pois opera com mais de 350 mil transportadores autônomos, 12 mil empresas transportadoras e 50 mil transportadores de carga própria. A principal razão é a facilidade de entrada de competidores no setor, em virtude da baixa regulamentação. Isso acaba repercutindo no aumento da oferta de serviços, reduzindo-se os custos do frete. Todavia, a forma mais racional de se reduzir este custo é elevar o grau de utilização da frota, sem comprometer o nível de serviço. A gestão do transporte de carga sempre foi caracterizada por uma diversidade de esferas de responsabilidade, sem uma visão institucionalizada e de integração sistêmica, dada a flexibilidade do predominante transporte rodoviário. Um novo paradigma é a expectativa em relação aos avanços tecnológicos que deverão ocorrer neste setor. Em médio prazo, a malha rodoviária continuará sendo essencial para o escoamento de madeira e seus derivados e, no curto prazo, ocorrerá um aumento da produtividade dos veículos rodoviários e uma melhoria dos processos de carga e descarga. No mercado globalizado, a logística de movimentação tem exercido um papel preponderante no processo de expansão e transnacionalização das empresas florestais, promovendo a expansão física e geográfica destas e melhorando as competências básicas destas organizações, na agilização de suas cadeias logísticas, oferecendo uma melhor visibilidade de coordenação, além de desenvolver estratégias de terceirizações. Um fator de real significado, que influi no resultado final do empreendimento florestal, é a sua localização em relação às fontes consumidoras, por causa do custo do frete. O transporte é o elemento mais importante do custo logístico para a grande maioria das empresas transportadoras, por absorver até 60% do gastotico. 46 A frota de caminhões no país é superior a um milhão de veículos, com idade média elevada. A malha rodoviária, que se encontra em péssimo estado de conservação, soma mais de 1,8 milhão de quilômetros, sendo que menos de 10% são pavimentadas. Além disso, a madeira é um produto de valor específico relativamente baixo, ou seja, o volume transportado é muito elevado e o valor da carga é baixo A gestão do abastecimento de madeira tem sido equacionada e estudada de diferentes maneiras. A tendência é que as indústrias procurem se localizar próximas dos seus consu-midores, caso os custos de transporte do produto final sejam maiores que os custos de transporte da matéria-prima madeira. O ideal é que, na definição da localização geográfica de uma indústria do setor de base florestal, o somatório dos custos de transporte da madeira e do produto final sejam minimizados. Em termos volumétricos, o processamento da madeira pode gerar desperdícios de até 80% do volume inicial. Em termos de massa, a matériaprima que entra no processo tem um teor de umidade que chega a 150% do peso seco, enquanto os produtos processados saem com umidade de até 20%. A observação acima, quanto às diferenças em volume, massa e forma, entre a matéria-prima madeira e seus derivados, no acondicionamento da carga, juntamente com a característica predominante de baixo valor unitário da madeira, explicam a elevada participação dos custos do transporte no custo do produto. As imensas vantagens que oferece o transporte rodoviário, sobre os demais modais, são a possibilidade do deslocamento de produtos “pátio a pátio”, o menor investimento inicial, a flexibilidade e a possibilidade de escolha de rotas e as diferentes capacidades de carga oferecidas. 47 1.3 A gestão do transporte rodoviário A gestão do transporte rodoviário é de relevância na execução eficaz e eficiente das operações de transporte. A logística preocupa-se com os vários aspectos que envolvem o produto, desde a armazenagem e manuseio das mercadorias, até o transporte seguro da carga. O gestor dessas operações deve conhecer todo o sistema de distribuição, interrelacionando essas atividades com as demais informações de outros setores importantes da empresa. A distribuição física de produtos envolve diversos componentes físicos e informacionais, que são: instalações físicas, estoque de produtos. A gestão do estoque dos produtos deve ser de tal forma que os custos de estocagem não onerem excessivamente a empresa, já que, nos últimos tempos, pela variedade de produtos e opções, houve um acréscimo dos níveis de estoque, e muitos produtos permanecem estocados nas fábricas, centros de distribuição atacadista, distribuidores e varejistas, representando um encargo elevado para as empresas. Atualmente, busca-se a redução de estoques para que a empresa possa ser mais competitiva no mercado. A gestão dos veículos de transporte também requer atenção especial. Como os produtos são comercializados em pontos diferentes do local de fabricação, a distribuição requer o uso de veículos, geralmente caminhões, para fazer a transferência dos produtos da fábrica até o depósito do atacadista, ao centro de distribuição do varejista e às lojas. A decisão acerca do tamanho e capacidade dos veículos é função do gestor de operações logísticas, podendo ser a lotação completa para veículos maiores e, em caso de abastecimento de lojas ou freqüência maior nas entregas, opta-se por veículos menores. 48 Outro elemento necessário para que a empresa seja competitiva e operacional e que deve ser constantemente avaliado pelo gerente logístico é o custo de deslocamento do produto. A transferência de produtos de um local para outro provoca um custo de transporte que é medido, geralmente, pela distância e pela quantidade de carga deslocada. Portanto, faz parte de uma gestão eficaz do setor logístico e do sistema de distribuição a “disponibilidade de uma estrutura de custos adequada e constantemente atualizada. O pessoal também é considerado como um componente de grande importância para o bom andamento do processo, no transporte rodoviário de cargas. O sistema de distribuição de uma empresa requer pessoal devidamente treinado e capacitado para que ela funcione a contento. Não basta apenas contar com equipamentos sofisticados e informações nas atividades logísticas; é necessária a reciclagem do elemento humano. O motorista e seu ajudante, ao fazerem uma entrega, têm contato direto com o cliente e, se mal orientados ou mal treinados, podem transmitir imagem negativa sobre a empresa para a qual trabalham. Da mesma forma, os empregados que trabalham no centro de distribuição e noutras atividades correlatas precisam estar a par dos conceitos básicos de Logística, de forma a desempenhar suas tarefas em sintonia com os objetivos estratégicos da empresa. Uma gestão que não considere todos os componentes da logística, em especial o elemento humano, pode levar a empresa à falência. É o caso de uma empresa transportadora que, por não considerar a integração dos componentes logísticos e da informação dos demais setores abrir falência. Nesse caso, descrito por Bartholomeu (2005), um único aspecto que deixou de ser considerado, significou o fim da empresa. O empresário atentou para o gerenciamento dos diversos aspectos da empresa; sempre atento ao desenvolvimento do mercado do transporte, optou pela diversificação, 49 informatizou a empresa, contratou consultores (operadores externos), buscou soluções em gestão. Porém, no que diz respeito ao pessoal, deixou uma brecha, por meio da confiança extrema nos motoristas dos veículos. De acordo com Cruz (2005, p. 12), “em tempos de desonestidade institucionalizada, a saída é investir em treinamento, tecnologia de ponta e ações sociais para minimizar a gatunagem”. Em uma das empresas citadas pela autora, a estratégia usada para contratar pessoal com qualidade é o estudo detalhado do perfil profissional. A integração de informações, com a adoção de roteirização, uso de celulares, rádio, internet, para bloqueio do veículo em caso de irregularidades, também tem sido estratégias adotadas pelas empresas que adotam uma gestão logística eficiente. Algumas empresas brasileiras já fazem uso do gerenciamento de riscos para coibir o desvio de combustível e de pneus, adotando um redesenho de rotas e sistemas de monitoramento e rastreamento, além de buscar novos fornecedores de serviços. Os pneus, por exemplo, são numerados e identificados com o nome da empresa, sendo realizadas inspeções na partida e na chegada. Os postos de abastecimento, os locais de parada, os serviços de borracharia, além de outros fatores, tudo tem sido controlado e gerenciado de modo a evitar a cabritagem e o aumento de custos com o transporte. Um dos fatores que mais necessitam de uma gestão eficaz é o custo do transporte. Isso porque, segundo Fleury, Wanke e Figueiredo (2008), o transporte é o responsável pela maior parte dos custos logísticos em uma empresa. A preocupação com a redução dos custos do transporte deve ser constante. De acordo com Bowersox e Closs (2001), para poder tomar decisões eficazes é preciso conhecer os aspectos econômicos que envolvem a atividade de transporte. Alguns dos fatores mais importantes a serem considerados são: distância: que afeta diretamente os custos variáveis, como combustível, manutenção, mão-de-obra, e outros; volume: com o aumento do volume de 50 carga, os custos por unidade transportada diminuem, pela diluição dos custos fixos de coleta e entrega e dos custos administrativos; densidade: relação entre o peso e espaço da carga, pela qual é cotado o custo do produto; facilidade de acondicionamento: a quantidade de unidades de carga influi, pois grandes quantidades podem ser melhor acomodadas em uma unidade da mesma carga; facilidades de manuseio: o acondicionamento do produto influi na carga e descarga, no uso de equipamentos especiais, alterando os custos; responsabilidade: o transportador pode necessitar de seguro ou responsabilizar-se por danos. Melhorar a embalagem e a proteção individual reduz o custo; mercado: influi diretamente nos custos do transporte, devido aos desequilíbrios entre produção e demanda nas diferentes localidades. Conforme Arnold (1999), os custos fixos são os que não variam conforme o volume de produtos transportados, como, por exemplo, o custo de compra de um caminhão. Entretanto, os custos variáveis representam a maior expressão no transporte rodoviário, sendo eles, o combustível, despesas de manutenção do veículo, salário do motorista, entre outros. De acordo com Lima (1998), a classificação dos custos é realizada considerando parâmetros. No setor de transportes, a classificação de custos é feita em relação à distância percorrida, considerando-se a unidade variável a quilometragem; dessa forma, todos os custos que independem do deslocamento do caminhão são considerados custos fixos. Este é apenas um exemplo de uma técnica que pode auxiliar na gestão do transporte rodoviário, considerando que é essencial, para a empresa, manter seus custos o mais baixo possível, e, para isso, é necessário conhecer todos os itens que oneram o transporte para, com o auxílio dessas e das demais informações inerentes a esse setor, se possa tomar decisões.. 51 O gestor de transportes, portanto, deve estar apto a enfrentar quaisquer dificuldades que a movimentação da carga e os cuidados peculiares com a operação apresentem, para poder tomar as decisões corretas no momento certo. Para o gerenciamento das operações logísticas, a empresa pode optar por um gestor interno ou um gestor contratado. O gestor contratado é chamado por Fleury, Wanke e Figueiredo (2008, p. 134), de “operador logístico” que, segundo os autores, é “um fornecedor de serviços logísticos integrados, capaz de atender a todas ou quase todas necessidades logísticas de seus clientes, de forma personalizada”. Esses operadores podem ser especialistas em ativos ou em informação e gestão. Segundo os autores, a complexidade das operações logísticas gera mais custos e a necessidade de investir em tecnologias mais sofisticadas requer uma estratégia mais eficaz para haver maior agregação de valor e maior diferenciação competitiva. Entre os aspectos que exigem maior cuidado no gerenciamento da logística estão: o desenvolvimento tecnológico e o conceito de diferenciação, que requer o lançamento contínuo de novos produtos; a globalização; a política de segmentação de mercados que exige canais de distribuição variados e diferentes padrões de serviço; diminuição do ciclo de vida dos produtos; exigência por melhores serviços por parte dos clientes e consumidores. “Objetivando gerenciar eficazmente essa crescente complexidade, as organizações logísticas têm buscado maior sofisticação tecnológica. O processo de tomada de decisões requer que a informação sobre o processo operacional do transporte e do setor logístico seja integrada, para não sofrer distorções. A integração da informação e dos componentes da Logística oferece respaldo à gestão eficiente do transporte 52 CAPITULO 3 FERRAMENTAS PARA MELHORAR O NIVEL DE SERVIÇO Objetivando a melhoria do nível de serviços nas empresas, os gestores buscam meios eficientes para avaliação do desempenho de suas atividades. Uma eficiente medição de desempenho permite: controlar as atividades operacionais da empresa; alimentar os sistemas de incentivo dos funcionários; controlar o planejamento; criar, implantar e conduzir estratégias competitivas; identificar problemas que necessitem intervenção dos gestores; verificar se a missão da empresa está sendo atingida. Para Steinthaler (2001), o conceito de logística no Brasil é recente. Começou a surgir dez anos atrás, quando se iniciou o processo de abertura econômica, seguida pela estabilização que reativou: os parâmetros comparativos de preços, a expansão das nossas importações e o aumento da competitividade. Esse autor argumenta que a administração das empresas nem sempre se preocupou em focalizar e controlar a coordenação de todas as atividades logísticas, pois somente nos últimos anos é que ganhos substanciais nos custos foram conseguidos graças à coordenação cuidadosa dessas atividades, transformando a logística numa área de importância vital. O transporte é o principal componente do sistema logístico. Sua importância pode ser medida através de pelo menos três indicadores financeiros: custos, faturamento, e lucro. O transporte representa, em média, 60% dos custos logísticos, 3,5% do faturamento, e em alguns casos, mais que o dobro do lucro. Além disso, o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviços logísticos, pois impacta diretamente o tempo de entrega, a confiabilidade e a segurança dos produtos (Fleury, 1999). 53 Um dos parâmetros que devem ser considerados mais importantes para avaliação é o fluxo de informações, que pode ser considerado um dos itens mais relevantes para melhorar o desempenho do sistema logístico. Bowersox, Smykay e La Londe (1970) afirmam que a "qualidade e a velocidade da informação no sistema logístico facilita a integração de todos os centros de atividades de distribuição física da empresa". Ao justificar sua afirmação, os autores citam três razões básicas que evidenciam a importante função da informação para melhorar o desempenho do sistema logístico: As informações sobre o status do pedido, a disponibilidade do produto, a programação de entrega e o faturamento são essenciais na prestação de serviço ao cliente; A informação pode ser um instrumento eficaz na redução de estoque e da necessidade de recursos humanos; e A informação aumenta a flexibilidade para decidir como, quando e onde os recursos podem ser utilizados para que se obtenha vantagem competitiva. Para Miranda (2002), uma eficiente medição de desempenho permite: controlar as atividades operacionais da empresa; alimentar os sistemas de incentivo dos funcionários; controlar o planejamento; criar, implantar e conduzir estratégias competitivas; identificar problemas que necessitem intervenção dos gestores; verificar se a missão da empresa está sendo atingida. De acordo com Fleury (1999), administrar o transporte significa tomar decisões sobre um amplo conjunto de aspectos. Estas decisões podem ser classificadas em dois grandes grupos: decisões estratégicas, e decisões operacionais. As decisões estratégicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo, e se referem basicamente a aspectos estruturais. As decisões 54 operacionais são geralmente de curto prazo e se referem às tarefas do dia a dia dos responsáveis pelo transporte. No entanto, para que os gestores tomem decisões acertadas, é imprescindível que as prestadoras de serviços de transportes possuam sistemas de informações gerenciais fundamentados em pesquisas, que reduzam as incertezas ao mensurar custos e resultados, tornando mais fácil controlar os custos e realizar a medição de desempenho de suas atividades, com suporte de informações relevantes para as tomadas de decisão. Os sistemas tradicionais de contabilidade de custos e controle gerencial já não fornecem sinais precisos da eficiência e rentabilidade das transações das empresas. Em conseqüência, os administradores não estão obtendo informações que os auxiliem na tomada de decisões. De uma forma geral, as empresas continuam utilizando os mesmos sistemas de trinta ou quarenta anos atrás, agora instalados em computadores, mas com poucas diferenças na sua concepção. Pode-se dizer que a informática automatizou, com poucas mudanças, os sistemas manuais. Se as empresas querem continuar tendo sucesso no futuro, terão de examinar se seus sistemas de contabilidade gerencial conseguem fornecer sinais relevantes de sua posição competitiva no mercado. Estes sistemas, por si só, não levarão as organizações ao fracasso; tampouco sistemas excelentes irão assegurar seu sucesso. Mas eles podem, certamente, contribuir para o declínio ou sobrevivência das organizações. As conseqüências de custos inexatos e sistemas contábeis deficientes no controle de processos e na avaliação do desempenho não foram tão graves no passado, já que a demanda era elevada. Custos mais altos e, ocasionalmente, serviços de qualidade imperfeita conseguiam ser repassados aos clientes. Entretanto, o ambiente mais competitivo teve profundas implicações sobre os sistemas de gestão de custos. O conhecimento exato dos custos dos produtos e serviços, o perfeito controle dos custos dos processos e 55 a coerente medição do desempenho se tornaram mais importantes do que no passado. 1.1 A utilização de custos no processo para melhoria do padrão de desempenho das empresas Existem várias tabelas e planilhas para formação de custos de transporte, mas não num formato considerado ao mesmo tempo correto, simples e prático. Estas tabelas normalmente se apoiam em índices determinados em publicações sobre padrões de gastos para cada item de custo. Decisões quanto ao uso de frota própria ou de terceiros, política de preços e de descontos sobre o frete cobrado (frete x custo), resultados que cada frota e cada rota proporcionam, estão cada vez mais no dia a dia do mercado de transporte. A falta de informações confiáveis acerca de resultados (lucro) de cargas, clientes, rotas, que no seu somatório apontam o resultado das empresas está prejudicando a tomada de decisão e o próprio gerenciamento da operação das mesmas. A partir da visualização dos problemas enfrentados pelas empresas nesta questão de custos, pode-se propor a concepção de um sistema genérico de custeio, definido-se os parâmetros relevantes e necessários para se chegar ao custo de uma determinada rota, contemplando os diversos portes e peculiaridades das empresas de transporte rodoviário de cargas. Começando pela estrutura organizacional, as empresas, na questão de custeio, precisariam se estruturar em centros de custos para localizar onde são consumidos os recursos. Particularmente deve haver um centro específico para a Frota, que representa um grande volume de gastos. Para uma análise 56 da eficiência destes gastos, impõe-se que se isole os mesmos num centro separado. Ou seja, o nível de agregação das informações de custo pode ser melhorado, visualizando-se os diversos centros existentes, identificando-se seus principais processos e possibilitando uma melhor análise de eficiência destes. Em função de tudo isto, recomenda-se um detalhamento do sistema de centros de custo das empresas e o levantamento dos custos diretos de frota. Mas só isso não é suficiente. É preciso detalhar a operação geral da empresa em seus processos e atividades principais. A complexidade da operação de transporte vem aumentando, fazendo com que a estrutura das empresas tenha que crescer para manter e melhorar o nível de serviço prestado. Uma operação completa de transporte pode ser resumida em comercial, operacional e financeira, ou seja, a empresa vende o frete, executa o serviço e cobra o cliente. Na parte operacional, tem-se a conjunção de coleta na origem, operações de terminal de cargas, transferências / viagens e entrega da mercadoria no destino. O custeio deve seguir este processo, ou seja, o sistema de custeio deveria ser capaz de identificar os custos dos recursos associados a cada uma destas etapas. A informação dos custos dos centros de custos da empresa e o conhecimento do custo de cada tipo de frota são dados necessários para se chegar ao custo de prestar determinado serviço numa determinada rota. Tem-se diversos tipos de serviço, desde a operação simples, carga completa da origem ao destino, sem uso de terminais, seguindo, até a questão mais complexa, carga fracionada, com coleta na origem, operações de terminal, transferências entre terminais e entrega no destino. 57 A estrutura atual dos centros de custos conta com nenhum ou poucos centros de custo. Desta forma, é difícil uma análise de onde estão sendo gastos os recursos da empresa. Quando há uma separação entre Matriz e Filiais, naquela estão colocados todos os gastos de forma agregada, inclusive os gastos de toda a Frota da empresa. A pergunta que fica é: Como chegar ao custo de cada frota da empresa se todos os seus gastos estão dispersos junto aos gastos da Matriz? Através do Organograma, pode-se verificar uma estrutura apropriada para os centros de custo, analisando a representatividade de cada unidade organizacional e a conseqüente necessidade de detalhamento. A analise no que tange ao “custeio de frotas” detém-se principalmente na frota de viagem, visto que, em algumas empresas, não existe, no sistema de patrimônio, controle de onde estão os veículos de coleta/entrega. As unidades trocam de veículos e não comunicam. No que se refere especificamente ao sistema de frota, não existe uma integração entre o sistema de Frota e o sistema da Contabilidade, dificultando uma análise com dados completos dos veículos. Gastos com veículos estão informatizados; existe controles por ordem de serviço (OS), controle pela placa, porém sem chegar detalhado na contabilidade. O sistema da frota armazena os dados históricos de manutenção, consumo de materiais de operação, horas e peças de manutenção. Muitas vezes, não é possível fazer uma análise completa de um determinado veículo, pois os dados não são consolidados num único sistema. Nos relatórios de viagem, são analisados os gastos variáveis frente ao frete carreteiro. Ainda, gastos fixos não são contemplados, como depreciação, impostos, licenciamento, custo de capital, etc. Um dos grandes desafios dos profissionais da área de transporte consiste na estruturação de um modelo adequado de remuneração de seus 58 terceiros. O modelo deve incentivar a eficiência, sem burocratizar a gestão ou desviá-la dos princípios de cooperação e credibilidade entre as partes. Os critérios para a remuneração dos transportadores e para os reajustes das tarifas praticadas devem ser estabelecidos de forma a atender às necessidades dos contratantes e dos contratados. A adoção de gatilho, por exemplo, visa o repasse automático do aumento dos custos que compõem as tarifas de transporte para as empresas contratantes do serviço. Em geral, é utilizado para garantir a margem de lucro dos transportadores. Como este procedimento reduz o risco das empresas que realizam o transporte, as tarifas de frete tendem a ser inicialmente mais baixas, mas com possibilidade de reajustes constantes. A grande maioria dos gatilhos está vinculada ao aumento do preço do diesel, item de maior impacto nos custos de transporte. O percentual de contratantes que adotam esta ferramenta para reajustes dos fretes é relativamente baixo, apenas 18% das entrevistadas. Outro aspecto importante na negociação com os transportadores diz respeito à forma de reajuste dos preços pagos a eles. Os reajustes podem ser baseados em três critérios, descritos a seguir: Reajustes com base em variações de itens de custos: 50% das empresas têm seus fretes reajustados com base no aumento dos preços dos itens que compõem os custos de transporte, como combustíveis, salários e encargos, pneus e recapagens, entre outros. Neste caso, são realizadas estimativas do impacto do aumento de cada item na tarifa cobrada. Nesta forma de reajuste, as margens de lucro dos transportadores não são conhecidas pelas empresas contratantes. A vantagem deste método é o ajuste minucioso dos preços e a desvantagem é a necessidade de um acompanhamento sistemático do aumento dos preços dos itens de custos. 59 Reajustes com base em índices econômicos: 30% das empresas contratantes têm os fretes reajustados com base em índices econômicos, como o IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado) – FGV, o INCTL (Índice Nacional do Custo do Transporte de Lotações) – FIPE e o INPC (Índice Nacional de Preço ao Consumidor) – IBGE. O emprego desses índices para o reajuste das tarifas pode facilitar o processo, evitando desgaste nas negociações. Sua desvantagem é que muitos dos índices adotados não estão diretamente relacionados com as especificidades da operação de transporte e, portanto, podem não refletir as alterações dos preços que efetivamente ocorreram nos serviços. Reajustes com planilha de custos abertas: 27% das empresas embarcadoras conhecem as planilhas de custos das transportadoras parceiras. Neste caso, as informações são tratadas abertamente e as variações do preço do frete leva em consideração tais valores. Neste método de planilha aberta, as vantagens e desvantagens são muito similares às do reajuste baseado nos itens de custos. Entretanto, esta forma pode propiciar maior desgaste nas negociações e na definição da margem do transportador. Os modelos de remuneração dos transportadores também podem considerar aspectos referentes ao nível de serviço, penalizando ou beneficiando as empresas que cumprirem ou não as metas estabelecidas. Como forma de melhorar a qualidade dos serviços prestados, grande parte das contratantes (45%) aplica penalizações aos prestadores de serviços pelo não cumprimento de parâmetros de desempenho estabelecidos. Em contrapartida, são poucas as premiações e iniciativas de compartilhamento de ganhos entre transportador transportadores quando estes e embarcadores. Apenas 12% premiam atingem as metas e 6% realizam compartilhamento de ganhos. Assim, conclui-se que as políticas adotadas pelas empresas embarcadoras para garantir a qualidade de serviço de seus transportadores 60 estão baseadas em sanções,com pouquíssimos benefícios para os transportadores que obtêm bons desempenhos. Esta falta de incentivos pode ser um fator inibidor do desenvolvimento de soluções para a melhoria de processos e sistemas. É importante ressaltar que parcerias logísticas significam o estabelecimento de ações colaborativas. Assim, empresas que desejam manter relacionamentos duradouros e produtivos devem adotar modelos de remuneração que garantam o atendimento das expectativas e a estabilidade da relação para ambas as partes envolvidas. 1.2 Tecnologia de Informação aplicada às Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas Com o surgimento do mercado global, ocorreu uma profunda mudança nos sistemas de produção e distribuição de mercadorias. Anteriormente, as vantagens comparativas eram proporcionadas por fatores de natureza estática, tal como a proximidade da mão-de-obra barata e de fontes de recursos naturais. Com a intensificação da concorrência, estas vantagens assumem características dinâmicas, baseando-se em fatores como a qualidade dos serviços oferecidos, os prazos de entrega, a introdução de inovações tecnológicas nos produtos e processos e a gestão dos custos logísticos e de transportes (CASTRO, 1995). A difusão intersetorial de inovações, aliada às novas demandas das grandes empresas, que visam otimizar suas cadeias produtivas, causaram forte impacto no setor de transporte de cargas. Este setor vem sofrendo grande modificação na natureza de suas operações e passou a fazer uso intenso da Tecnologia da Informação (TI) para melhorar o desempenho dos serviços de transporte de cargas dentro da cadeia logística. A aplicação mundial da TI no setor transportes tem proporcionado economia de tempo e de 61 custos, aumentado a qualidade do serviço prestado aos usuários (OECD, 2000). Dado o grande impacto que a aplicação da TI tem no desempenho do setor de transporte de cargas, é relevante conhecer o grau de inserção e utilização destas tecnologias no Brasil. Visando oferecer uma contribuição este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada em empresas do setor de transporte rodoviário de cargas da região metropolitana de Campinas e São Paulo. Na parte 2 do trabalho é explicada brevemente a racionalidade estratégica das empresas em relação à incorporação de inovações. Na parte 3 são apresentadas informações sobre o desenvolvimento de aplicações da TI para enfrentar problemas logísticos nos países da OECD. Na parte 4 são apresentados e analisados os dados da pesquisa de campo. O setor de transportes encontra, por meio da aplicação das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC), caminhos para procurar a diferenciação nos processos e no atendimento aos clientes. Estas tecnologias permitem a otimização da distribuição de produtos As empresas brasileiras já possuem em suas frotas alguns veículos contendo itens de Tecnologia de Informação e Comunicação, como por exemplo, computador de bordo, sensores, co-piloto automático, sistema de diagnose eletrônica, etc. Porém, observa-se que a taxa de inserção de TIC nos veículos da frota nacional ainda é muito baixa, comparado com o que já existe ou está sendo desenvolvido em outros países Constatou-se que todas as empresas utilizam algum tipo de sistema de gerenciamento de armazéns, porém muitos equipamentos existentes nesta área não são implantados, pois a amostra trata de transportadoras de cargas e não de empresas de logística. Em quatro empresas há a utilização de software na área de gestão de materiais em armazéns (WMS – Warehouse Management System). Em cinco empresas há a utilização de software na área 62 de gestão de estoques e em quatro empresas há a utilização de leitor de código de barras. Observa-se que a preocupação com a inovação tecnológica é generalizada. Todas as empresas entrevistadas acreditam que o seu desempenho competitivo melhoraria com a aplicação de Tecnologia da Informação e todas elas estariam dispostas a participarem de um esforço conjunto para a inovação tecnológica. Percebe-se também que muitas vezes, a dificuldade em implementar a inovação tecnológica pode ser atribuída a falta de infraestrutura e planejamento de longo prazo por parte das autoridades de tráfego nacionais. Como exemplo cita-se que o desenvolvimento de mapas digitalizados fica comprometido pela falta de planejamento, as constantes obras e mudanças de fluxos de trânsito das cidades. Com base no resultado deste trabalho inicial constatou-se a existência de inúmeras oportunidades para o desenvolvimento de projetos que venham a suprir as carências observadas. Uma questão adicional refere-se a velocidade de difusão das tecnologias de TI em empresas de menor porte. Considerando que as empresas avaliadas são de grande porte e são localizadas numa região desenvolvida, pode-se prever que as empresas de pequeno e médio porte tenham maior dificuldade para a implantação de equipamentos de TI. Hoje em dia, o cliente já não aceita que a empresa que transporte uma encomenda urgente não ofereça uma maneira de rastreá-la, desde a origem até o destino final, através da Internet, ou que a carga de remédios seja transportada via rodoviária, através de uma empresa transportadora que não possua instalado em seus caminhões dispositivos de rastreamento. Se observarmos o custo logístico relacionado com o processo de distribuição, poderemos constatar que é o responsável por uma das parcelas mais representativas no Custo Logístico Total. Essa característica financeira, 63 aliada ao fato do processo de distribuição estar intimamente relacionado com a qualidade do atendimento ao cliente, faz com que o mesmo tenha que ser adequadamente gerenciado. Nesse contexto, a tecnologia da informação não poderia deixar de dar sua contribuição, visto que a mesma pode colaborar significativamente na redução dos custos de distribuição, bem como na melhoria do nível de serviço aos clientes. Com a possibilidade das empresas monitorarem em tempo real o seu produto, em todo o ciclo de distribuição, até os mesmos chegarem às mãos de seus clientes, inúmeras possibilidades de serviços adicionais são sugeridas por conta do cenário atual, o que poderá ser traduzido em vantagens competitivas se as empresas souberem explorar adequadamente estas soluções. FUNCIONALIDADES Os TMS são constituídos basicamente por módulos relacionados às atividades de Planejamento, Acompanhamento e Controle. Podemos citar como módulos específicos de um TMS, soluções como: Gestão de frotas; Gestão de fretes; Roteirizadores; Programação de cargas; Controle de tráfego/rastreamento; Atendimento ao cliente, entre outros. Módulo de Controle é a função responsável pela Gestão de Transportes, permitindo ao usuário visualizar e controlar todas as operações e custos de forma integrada. Possui duas finalidades distintas: 1. Gestão de frotas: direcionado para controles de cadastro, documentação, manutenção, consumo de combustíveis, lubrificantes, pneus e câmaras dos veículos; controle de funcionários, agregados e autônomos; estoques, 2. Gestão de fretes: permite o cadastro de transportadoras e tabelas; facilita o cálculo dos fretes e oferece os valores provisionados para 64 conferência, emite relatórios de desempenho das transportadoras, viabiliza simulações e disponibiliza informações para divulgação via Internet. ROTEIRIZADORES A atividade de planejamento é caracterizada pela utilização do módulo roteirizador, que utiliza mapas digitalizados que permitem a identificação de restrições e alternativas de trajetos. Tem por objetivo a otimização de recursos como a ocupação (da capacidade) e aproveitamento (do tempo) dos veículos, redução da distância total percorrida e melhor precisão nos prazos de entrega. O resultado é a redução de custos e um melhor nível de serviço a clientes, além de servir como referência para verificação de desvio pelo rastreador. A tecnologia permite a troca instantânea de mensagens entre os veículos e suas bases de operação, possibilitando uma comunicação eficiente e sigilosa entre as partes e a automação das atividades de campo; Etiquetas de radiofrequência/transponders: a partir da identificação de uma carga (ou de um veículo) com essa tecnologia, a mesma, quando chega ao seu ponto de destino, é identificada automaticamente pelo sistema, visto que a transmissão de dados é baseada em um sistema automático de identificação por sinal de rádio. Isso possibilita um direcionamento automático do veículo para a carga ou descarga, tornando mais ágil a operação. Investir em tecnologia da informação permite que se tenha uma maior eficácia no processo de distribuição, pode ser mais fácil de se viabilizar economicamente, pois é nesta atividade do processo logístico onde estão mais intensamente localizadas as "variáveis de serviço"* que podem decretar o sucesso de um produto: tempo de atendimento e custo. * Variáveis de Serviço: As variáveis de serviço são tudo aquilo que se agrega a um produto ou serviço de tal forma que o valor percebido pelo cliente seja alterado. 65 1.3 Deficiências inerentes ao modal de transporte rodoviário de cargas Os motoristas de veículos de carga atualmente apresentam um baixo nível de formação profissional e principalmente escolar. A Associação Nacional de Transportes Terrestres é o Órgão regulador do setor, no Brasil. Trona-se necessário que estes motoristas apresentem a capacitação necessária para o exercício da profissão, visto que o baixo nível de formação dos motoristas pode ocasionar o risco de acidentes para as pessoas e cargas transportadas, sendo de muita importância que os motoristas se tornem mais capacitado, criando-se a exigência de treinamentos básicos. Além dos treinamentos básicos, vale a pena ressaltar a necessidade de treinamentos específicos, ligado ao manuseio de cargas perigosas, cargas restritas, bem como cargas que suscitam uma técnica mais apurada para transporte e de alto valor agregado, tais como equipamentos eletrônicos, trasnporte de gêneros alimentícios e cargas que necessitam de refrigeração, principalmente controle periódico de temperatura. Importante ressaltar que no Brasil, já existe o SEST/SENAT, criado com o intuito de prover uma melhor qualidade de vida e aferfeiçoamento da formação profissional dos profissionais envolvidos nesta atividade logística. Atualmente conta com 40 postos assistenciais, 40 postos de atendimento nas estradas e disponibilizam cerca de 80 cursos presenciais e 50 à distância.Entretanto é necessário que se promova as condições necessárias para que a maioria dos motoriastas possam ter acesso a esta informação (saber que existe o Órgão)e que possam estar constantemente se reciclando, para aumentar o nível da qualidade de serviços oferecidos por estes profissionais para a sociedade. 66 Colocar em pratica para todos os motoristas que sejam cadastrados no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas. Esta necessidade se traduz da seguinte maneira: existe atualmente um grande número de profissionais que se utilizam de praticas inadequadas para conseguir determinado tipo de frete, tais como a cobrança do frete bem abaixo do exigido no mercado, veículos que estão mal conservados e documentação irregular para o trafego nas rodovias. Atualmente, estão com mais de 30 anos de idade 270 mil caminhões, que correspondem a 20% da frota de 1,4 milhão de caminhões. Um percentual muito elevado de veículos velhos. Apesar de existir um programa federal para o financiamento da compra de caminhões, o Procaminhoneiro, a situação não melhorou muito, principalmente devido à dificuldade de os caminhoneiros autônomos atenderem às exigências de garantias pedidas para o financiamento. Uma delas foi a criação do Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), que tem como objetivo minimizar obstáculos ao financiamento a autônomos, pequenos empresários e microempreendedores individuais, reduzindo riscos das operações de crédito bancário. De maneira complementar, também foram favoravelmente modificadas as condições de financiamento do Procaminhoneiro. A taxa de juros passou de 13,5% para 4,5% ao ano, ampliou-se o prazo de financiamento de 84 para 96 meses e permitiu-se o financiamento de veículos usados com até 15 anos de idade. No entanto, passado mais de um mês da divulgação das medidas, elas infelizmente ainda não estão efetivas. Na prática, o transportador ainda não tem disponível o financiamento pelo programa Procaminhoneiro à nova taxa de juros e com o aval que viria do Fundo Garantidor de Investimentos. Esta situação é extremamente preocupante, pois as condições mais favoráveis anunciadas para este programa são válidas somente até o dia 31 de dezembro de 2009. Assim, não 67 se efetiva a meta de facilitar a compra de novos caminhões no País. Desta maneira, diminuem-se os gastos do governo com a Saúde e a Previdência e o número de acidentes e de mortes no trânsito, além de permitir uma menor dependência da importação de petróleo. Sem dúvida, trata-se de benefícios mais que suficientes para justificar uma rápida e especial atenção do governo à questão da renovação da frota de caminhões do Brasil. O transporte rodoviário de cargas vivencia uma tensão cujas consequências estão provocando o fechamento de empresas " com a devida redução proporcional dos postos de trabalho " e a desesperança daqueles que optaram pela atividade autônoma. Especialistas neste setor apontam diversas razões para estes problemas, como os efeitos provocados pela crise econômica mundial, maior competitividade no setor, redução da necessidade de estoques alimentares etc. que, somadas, reduzem o valor e a demanda por fretes. Esta situação tem obrigado as empresas a promover reformulações a partir da adoção de métodos logísticos específicos para garantir a continuidade dos negócios. Além disso, há outro fator preocupante que contribui de maneira negativa para a redução de oferta ao transporte rodoviário de cargas: a prática do roubo nas estradas vicinais e rodovias estaduais de São Paulo. Em relação ao prejuízo, os números apontam que a maioria dos R$ 232,9 milhões roubados está concentrada nas ocorrências com valores entre R$ 3 mil e R$ 30 mil. Os roubos com valores abaixo de R$ 3 mil correspondem a 20,9% do total. 68 CONCLUSÃO O nivel de serviço apresentado pelas empresas de transporte rodoviário, no Brasil, está deficiente, pois as empresas do setor se utilizam de praticas práticas inadequadas para atuar neste tipo de atividade logistica, tais como, a cobrança de tarifas abaixo do preço de mercado, falsificação de notas fiscais, carretas e caminhões mal conservados. Falta também por parte do Governo, através da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), a adoção de medidas baseadas em leis e regulamentos que melhor definam a atuação das empresas e profissionais intervenientes do setor. Outros fatores que concorrem para esta deficiência são os seguintes: falta de parceria ou união entre os transportadores, sonegação de impostos, falta de controle no gerenciamento de cargas, baixo nivel de formação escolar dos profissionais, desconhecimento da legislação, os quais contribuem decisivamente para aumentar o chamado “Custo Brasil”. O transporte rodoviário de cargas, devido às exigências do mercado, vem acumulando há várias décadas, uma grande defasagem em relação aos fretes praticados, torna-se ainda mais necessário um estudo por parte das autoridades governamentais, em parceira com as empresas privadas, de um estudo para o reajuste destas tarifas, pois se não houver um ação neste sentido, o País corre o risco de sofrer um gargalo em relação ao seu desenvolvimento econômico. A escolha do serviço pelos clientes, atualmente, é bastante influenciada pela qualidade do nível de serviços oferecidos. Portanto o objetivo maior de uma empresa de transportes é prover serviços que satisfaçam aos clientes com maior efetividade e eficácia que seus concorrentes. A qualidade dos serviço constitui o fator diferencial, pois podese constatar que no Brasil, o transporte rodoviário é quase um mercado de concorrência perfeita, isto é, não há muita diferença entre os fretes oferecidos pelas empresas. 69 Uma das alternativas apontadas para melhorar o nível de padrão dos serviços oferecidos pelas empresas, foi a gestão dos custos envolvidos com a atividade, através da utilização das informações obtidas através do método de benchmarking, que seria uma comparação das curvas de frete das empresas, informações estas, que serviriam como insumos para a tomada de decisões estratégicas em relação ao custo do transporte. Enfim, para que haja uma melhoria efetiva deste modal de transporte , no Brasil, que atualmente responsável pelo transporte de mais de 60 % das cargas no País, torna-se necessário a conscientização e participação efetiva de todos os elos intervenientes desta cadeia, os agentes governamentais, as empresas e prfissionais que trabalham no setor e os clientes, além de uma maior integração entre os modais, pois somente desta forma haverá a redução do chamado “Custo Brasil” e possibilidade do Brasil alavancar o seu desenvolvimento econômico. 70 BIBLIOGRAFIA BALLOU, Ronald H. – Logistica Empresarial – Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Fisica, São Paulo, Atlas, 1993 BARAT, Josef - A evolução dos Transportes no Brasil – Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica, 1978 CAIXETO FILHO, José Vicente e MARTINS, Ricardo Silveira, Gestão Logistica de Cargas, 1ª Ed, Atlas 2002 LAMBERT, Douglas – Administração Estratégica da Logistica – São Paulo, Vantine Consultoria, 1998 LIMA, Mauricio Pimenta - O custeio do transporte rodoviário de cargas Revista Tecnologistica, 2001 MOURA, Reinaldo Aparecido – Manual de Logistica, armazenagem e distribuição física, São Paulo, IMAN, 1998 RIBEIRO, Flavia Martinez – Logistica Empresarial – Apostila de Pós Graduação em MBA da Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 1999 TABOADA, Carlos e GRANEMANN, Sérgio – Logistica Aplicada nas Empresas de Transporte, Santa Catarina, IDAQ, 1996 VALENTE, Almir Mattar – Qualidade e produtividade nos transportes – Editora Cengage, Rio de Janeiro, 2008 71 INDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 7 SUMÁRIO 8 INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I MODAIS DE TRANSPORTE DE CARGAS 11 1.1 – CARÊNCIAS E OPORTUNIDADES NO SETOR 14 1.2 – DEFINIÇÕES 17 1.3 - A SITUAÇÃO NO BRASIL 22 CAPÍTULO II O NIVEL DE SERVIÇOS 27 1.1 - REQUISITOS 30 1.2- ANALISE DOS NIVEIS DE SERVIÇO 42 1.3 - A GESTÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO 47 CAPÍTULO III FERRAMENTAS PARA APERFEIÇOAMENTO 52 1.1- CUSTOS 55 1.2 - TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO 63 1.3 - DEFICIÊNCIAS 65 CONCLUSÃO 68 BIBLIOGRAFIA 70 ÍNDICE 71 Folha de Avaliação 72 72 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Projeto A vez do Mestre Pós-Graduação “Lato Sensu” Titulo da Monografia : A utilização do Modal Rodoviario para o transporte de cargas Autor: Reuber Luis Castro dos Santos Data de Entrega: 23/09/09 Avaliado por: Conceito: