A pós- graduação no Brasil: evolução do número de doutores
titulados no período de 2000 a 2011
C. A. de Pian (1,2) ([email protected]); J. Santa-Cruz (1) ([email protected]);
(1)
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, Brasil
(2)
Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Informática em Saúde.
Resumo
A pós-graduação (doutorado) no Brasil tem passado por profundas mudanças nos últimos
anos. Em 2011, o Brasil titulou mais de 12 mil doutores nas diversas áreas do
conhecimento, 130% mais titulações em relação a 2000. Para o mesmo período, o número
de instituições brasileiras de ensino superior e pesquisa - IES teve um crescimento
semelhante, 125%, passando de 133 para 299 instituições. O objetivo do presente estudo
foi analisar a evolução da pós-graduação (doutorado) nas principais IES brasileiras, no
período de 2000 a 2011. A partir dos dados fornecidos pela CAPES - Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, sobre o número de doutores titulados por
instituição e do número de professores doutores para as 15 instituições de ensino superior
que mais titularam doutores no país, foi possível constatar a expansão e, principalmente, a
descentralização do sistema pós-graduação (doutorado) no Brasil.
Abstract
Graduate education in Brazil: Evolution of the number of doctorates awarded from
2000 to 2011
The doctoral education system in Brazil has been undergoing deep changes in the last few
years. In 2011, the number of doctorates awarded rose beyond 12 thousand in all
knowledge areas, a 130% increase in the number of all doctorates awarded in 2000. Over
the same period, the number of accredited institutions enjoyed similar growth (125%
increase) from 133 to 299 institutions. The present study aimed to analyze the evolution of
the doctoral education system from 2000 to 2011. Data provided by CAPES (the Brazilian
Federal Agency for Support and Evaluation of Graduate Education), concerning the top 15
national institutions ranked by number of doctorate awards in 2011, highlight the
expansion and more importantly, a decentralization of the aforementioned education
system.
1) Introdução e Objetivos
Nas últimas cinco décadas a pós-graduação no Brasil apresentou mudanças substanciais
em sua estrutura. Embora o Estatuto das Universidades Brasileiras tenha sido promulgado
em 1931, sua implantação formal ocorreu somente após a realização da reforma do ensino
superior em 1965, com o Parecer 977 do Conselho Federal de Educação, do relator Newton
Sucupira. Seguindo, sobretudo o modelo norte-americano, o Governo Federal tinha por
objetivo formar recursos humanos qualificados necessários para o desenvolvimento
científico e tecnológico do país, e formar professores em quantidade suficiente para
atender às instituições de ensino superior que estavam sendo criadas em todo o país
(Santos, 2002).
Passados quase 50 anos desde a implantação formal dos cursos de pós-graduação, e devido
aos investimentos massivos e sistemáticos do Governo Federal no ensino superior, o
sistema de pós-graduação brasileiro é considerado bastante expressivo no cenário mundial
quantitativamente e qualitativamente. Os resultados das políticas públicas de investimento
na pós-graduação ficam evidentes quando analisamos ao longo das últimas décadas o
número de alunos egressos dos cursos de doutorado. De acordo com a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, em 1976, foram titulados 188
doutores pelo conjunto de instituições brasileiras de ensino superior e pesquisa – IES,
apenas 1,54% dos títulos de doutor emitidos no Brasil em 2011, 12.217 doutores (Ferreira
& Moreira, 2001; CAPES, 2012).
Analisando a evolução do total de alunos egressos dos cursos de doutorado no Brasil
durante o período de 2000 a 2011, observamos nesses 12 anos um crescimento médio
anual de 8% no número de doutores formado pelo conjunto das IES brasileiras. O número
total de doutores titulados em 2011 (12.217) representa um aumento de 8% em relação ao
ano anterior (2010), quando foram titulados 11.314 doutores. Quando tomamos como base
os anos de 2000 e 2005 os aumentos foram de 130% e 36%, respectivamente (Figura 1).
Figura 1. Evolução do total de doutores titulados no Brasil, por ano, entre 2000 e 2011.
14.000
12.000
12.217
10.000
8.000
8.094
9.366
9.915
11.368
11.314
6.894
6.000
4.000
8.093
8.989
10.711
5.318
6.040
Nº Dr Titulados/Ano
2.000
0
2000
Fonte: CAPES
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Para o mesmo período (2000 a 2011) foi observado um crescimento igualmente
significativo do número de instituições de ensino superior e pesquisa – IES (estaduais,
federais, municipais e privadas). O crescimento significativo das IES a partir dos anos 90
pode ser atribuído ao aumento da demanda pelo ensino superior tanto devido ao
crescimento populacional como devido à demanda do mercado de trabalho, pelo seu
potencial na área de investimentos, e também devido aos incentivos do governo com a
redução de impostos e disponibilização de empréstimos a juros baixos (MacCowan, 2005).
Em 2000, o Brasil contava com 133 IES, passando para 231 em 2005 e chegando a 299
IES em 2011. O crescimento do número de instituições de ensino superior e pesquisa
credenciadas pelo Ministério da Educação - MEC para formação de pós-graduandos no
país foi de 125% durante o período de 2000 a 2011. O número de instituições públicas
cresceu 82% no período e o número de instituições privadas cresceu 182%. Em 2011,
apesar das IES privadas representarem 54% das IES brasileiras, elas são responsáveis por
apenas 10,11% dos doutores formados no Brasil.
O presente trabalho tem como objetivo analisar a evolução da pós-graduação (doutorado)
nas principais instituições de ensino superior e pesquisa – IES do país, entre 2000 e 2011.
As questões levantadas tratam da evolução do número de doutores titulados; da
concentração da pós-graduação (doutorado) em poucas instituições; do crescimento no
número de professores doutores nas instituições de ensino superior e de sua produtividade
na formação de novos doutores.
2) Metodologia
Os dados utilizados neste trabalho foram extraídos do portal da CAPES - Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, por meio da ferramenta de dados
georreferencial - GeoCapes. Foram utilizados os dados de distribuição de discentes de pósgraduação e de docentes nas instituições de ensino superior e pesquisa, no período de 2000
a 2011, para o Brasil e para o Estado de São Paulo. Foram aplicados os filtros: unidades da
federação e instituições de ensino superior.
Em 2011, a CAPES identificou 324 instituições de ensino superior e pesquisa no Brasil.
Neste levantamento da CAPES, os diferentes Campi de uma mesma instituição foram
considerados como IES independentes. Por outro lado, para o presente estudo, os
diferentes Campi de uma mesma IES não foram considerados como instituições
independentes. Desta forma, identificamos em 2011, 299 instituições de ensino superior e
pesquisa. Das 299 IES identificadas no presente estudo, 166 não formaram nenhum doutor
no período, o que representa 55,5% do grupo analisado. As outras 133 instituições
titularam ao menos um doutor no ano. O mesmo procedimento foi adotado para os demais
anos.
Para uma análise mais aprofundada, foram utilizados os dados das 15 primeiras instituições
brasileiras com maior número de títulos de doutorado emitidos em 2011, por representarem
2/3 de todos os doutores titulados no país naquele ano. Do total de instituições brasileiras
que formaram ao menos um doutor em 2011 (133), a amostra representa 11% dessas
instituições.
Os dados das instituições norte-americanas foram obtidos por meio do portal da National
Science Foundation – NSF, agência federal de fomento à pesquisa criada pelo governo
americano em 1950.
3) Resultados e discussão
3.1 Doutores titulados
Utilizando como base os números referentes às 133 instituições que formaram doutores em
2011, pudemos observar que 62,4% das instituições titularam entre 1 (um) e 30 (trinta)
doutores, enquanto 21% das instituições titularam acima de 100 (cem) doutores no ano. Os
números acima indicam uma concentração de doutoramentos em poucas IES brasileiras, o
que fica mais evidente quando observamos que apenas 15 instituições são responsáveis por
67% dos títulos de doutorado emitidos no país, em 2011 (Tabela 1).
Tabela 1. Número total de doutores titulados entre 2000 e 2011, para as instituições da
amostra.
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
USP
1590
1693
2058
2180
2093
2272
2202
2248
2278
2248
2335
2122
UNESP
388
521
540
668
551
685
671
698
759
805
755
830
UNICAMP
561
733
709
747
785
882
820
803
761
868
799
807
UFRJ
512
575
627
643
639
666
751
717
785
718
723
719
UFRGS
219
247
326
415
373
480
429
510
563
633
538
624
UFMG
201
194
233
296
305
373
363
448
483
480
491
525
UFSC
147
127
141
210
196
202
253
285
314
377
372
398
PUC/SP
198
246
265
313
330
345
343
318
354
325
297
321
UNB
111
111
132
177
193
200
235
235
301
302
260
309
UFPE
64
95
106
152
180
173
208
221
255
294
265
305
UNIFESP
211
195
198
245
200
254
279
236
235
290
244
283
UFV
84
159
131
158
135
156
162
172
194
221
201
248
UERJ
29
32
67
73
97
139
159
176
183
206
237
246
UFBA
41
68
54
99
117
123
132
176
152
226
171
228
106
111
135
152
186
162
159
174
186
174
204
226
UFSCAR
Fonte: CAPES
Na Tabela 1, as instituições foram listadas em ordem decrescente pelo número de doutores
titulados em 2011. As 15 instituições listadas, estão assim distribuídas: seis em São Paulo:
Universidade de São Paulo - USP (1º lugar); Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” - UNESP (2º), Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (3º),
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP (8º), Universidade Federal de São
Paulo - UNIFESP (11º), Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR (15º); duas no Rio
de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (4º), e Universidade do Estado
do Rio de Janeiro - UERJ (13º); e sete outras universidades federais completam a lista,
sendo duas em Minas Gerais: Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (6º) e
Universidade Federal de Viçosa - UFV (12º); duas na região sul do país: Universidade
Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (5º) e Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (7º), uma no centro-oeste: Universidade de Brasília - UNB (9º) e duas no nordeste:
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (10º) e Universidade Federal da Bahia UFBA (14º).
Levando em consideração as instituições da amostra, quando comparamos o número total
dos doutores titulados entre 2000 e 2011, verificamos um crescimento de 82%.
Em números absolutos, ainda considerando o ano de 2011, a Universidade de São Paulo USP lidera o ranking com ampla vantagem, tendo formado 2.122 doutores, representando
17% de todos os doutorados concedidos no país. Em segundo e terceiro lugares, estão a
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP e a Universidade
Estadual de Campinas - UNICAMP, com 830 e 807 títulos de doutor concedidos, o que
representa aproximadamente 7% dos doutores formados em 2011 em cada uma das
instituições. Em quarto lugar temos a Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, com
719 títulos de doutor concedidos, que por sua vez equivalem a aproximadamente 6% dos
doutores formados naquele ano.
Em relação à participação dos estados na formação de doutores, verificamos uma
concentração no estado de São Paulo em relação aos outros estados (Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Bahia e Pernambuco), com
tendência de descentralização. Em 2000, os doutores titulados no estado de São Paulo
representavam 68% dos doutores titulados da amostra. Em 2011, a representatividade do
Estado foi de 56% (Figura 2).
Diferenças regionais nos programas de pós-graduação no Brasil também são observadas
por Martins (2003), Balbachevsky (2005), Fonseca-Silva (2008), Moraes e Giroldo (2012)
e Cirani et. al. (2012). Segundo Fonseca-Silva op.cit, a criação e consolidação de
programas de pós-graduação Stricto sensu são de fundamental importância para o
desenvolvimento regional, pois permitem a formação e o estabelecimento de uma massa
crítica apta a atuar ativamente nas políticas públicas regionais.
Cabe destacar, neste universo, a existência de uma única instituição de ensino e pesquisa
privada/filantrópica, a PUC-SP, sendo as outras 14 instituições públicas, estaduais ou
federais.
Figura 2. Participação Percentual de São Paulo x outros estados na titulação de doutores
(amostra) e da amostra em relação ao total de doutores titulados no Brasil (2000 - 2011).
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
Outros Estados
São Paulo
Amostra
20%
10%
0%
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Fonte: CAPES
No grupo de 15 universidades da amostra, quando comparamos a série de números
fornecida pela CAPES referente aos doutores titulados no país entre 2000 e 2011, podemos
destacar que os maiores índices de crescimento acumulado ocorreram fora do estado de
São Paulo: UERJ (Rio de Janeiro), UFBA (Bahia) e UFPE (Pernambuco), com aumento de
748%, 456% e 377%, respectivamente. Esse aumento significativo, no período, pode ser
entendido quando observamos o reduzido número de doutores titulados em 2000. A UERJ,
por exemplo, passou de 29 doutores em 2000 para 139 em 2005, e para 246 em 2011. Já a
Universidade de São Paulo - USP, que apresentou o maior crescimento em números
absolutos no período, titulando 1.590 e 2.122 doutores em 2000 e 2011, respectivamente,
ficou em último lugar em crescimento acumulado (33%).
Destacam-se também os desempenhos da Universidade Federal de Viçosa - UFV (Minas
Gerais) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (Rio Grande do Sul),
que apresentaram um aumento significativo do número de doutores titulados no período de
2000 a 2011 de 195% e 185%, respectivamente. A instituição mineira passou de 84 para
248, enquanto a UFRGS foi de 219 para 624.
3.2 Concentração Institucional
Comparações internacionais sobre os egressos do sistema de pós-graduação são frequentes
e importantes para o estabelecimento de um referencial comparativo entre programas de
pós-graduação já estabelecidos e aqueles que buscam se estabelecer. Neste sentido,
optamos por uma comparação internacional entre o Brasil e os Estados Unidos, analisando
os dados da CAPES e da National Science Foundation (NSF) relativos a 2011.
Em 2011, a National Science Foundation identificou que 412 instituições norte-americanas
titularam 49.010 doutores, o que seria o equivalente a 118 titulações por cada instituição.
Em comparação, os dados da CAPES apontam que as 299 instituições brasileiras de ensino
superior e pesquisa titularam 12.217 doutores em 2011, uma média 40 títulos emitidos por
instituição.
Em relação à concentração do sistema de pós-graduação, observamos que em 2011 as 15
instituições da amostra foram responsáveis por 67% de todos os títulos concedidos no
Brasil. Em comparação, as 15 instituições norte-americanas que mais titularam doutores
nos EUA em 2011 responderam por 21,5% do total de doutores titulados nos EUA, o que
indica uma pós-graduação (doutorado) muito menos concentrada do que a brasileira.
Comparando as instituições que mais titularam doutores em 2011 em ambos os países, a
Universidade de São Paulo - USP respondeu por 17,4% dos doutores titulados no Brasil;
enquanto a Universidade da Califórnia – Berkeley titulou 1,8% dos doutores dos Estados
Unidos naquele ano.
Embora a pós-graduação (doutorado) brasileira ainda seja caracterizada como centralizada,
observa-se uma tendência de descentralização do sistema ao longo dos últimos anos.
Considerando as instituições da amostra, nota-se que em 2000 elas representavam 84% do
total dos doutores titulados no país. Em 2005, a amostra passou a representar 79% do total,
reduzindo sua representatividade para 67%, em 2011 (Figura 3).
Figura 3: Número total de doutores titulados no Brasil e nas 15 instituições da amostra e
percentual de representação da amostra em relação ao Brasil (2000 – 2011).
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
84%
85%
83%
81%
79%
79%
2000
2001
2002
2003
2004
2005
77%
75%
73%
72%
70%
67%
2006
2007
2008
2009
2010
2011
0
Total DR Titulados 15 (amostra)
Total DR Titulados demais instituições
Fonte: CAPES
Em um ranking composto pelas dez instituições que mais titularam doutores em 2011 nos
Estados Unidos e no Brasil, identificamos quatro instituições brasileiras e seis americanas.
Das quatro instituições brasileiras, três são instituições estaduais paulistas e estão
classificadas entre as 5 instituições que mais titularam doutores em 2011. A quarta
instituição brasileira identificada no ranking foi a Universidade Federal do Rio de Janeiro –
UFRJ, classificada em 9º lugar (Tabela 2).
Quando analisamos a taxa média de crescimento anual dos EUA e do Brasil no período de
2000 a 2011, verificamos que o crescimento médio anual dos EUA foi de 1,5% enquanto
do Brasil foi de 8%. De acordo com Marchelli (2005), o crescimento moderado dos EUA
pode estar relacionado a um equilíbrio da formação de doutores com a demanda do
mercado de trabalho, de forma a evitar a sua saturação. Para o Brasil, a maior taxa de
crescimento anual pode estar associada a um sistema de pós-graduação em expansão,
devido ao crescimento populacional e à crescente demanda do mercado de trabalho.
Tabela 2. Ranking das dez instituições de ensino superior (brasileiras e americanas) que
mais titularam doutores em 2011.
Ranking
1
Instituições
Nº Doutores
titulados
2
USP
University of California, Berkeley
2.122
878
3
UNESP
820
4
5
UNICAMP
University of Miami
807
767
6
University of Florida
762
7
University of Illinois at Urbana-Champaign
750
8
University of Wisconsin-Madison
738
9
10
UFRJ
Ohio State University, The
719
716
Fonte: Capes. GeoCapes; e NSF > NSF/NIH/USED/USDA/NEH/NASA,
Survey of Earned Doctorates.
3.3 Professores Doutores
Para termos uma ideia melhor da evolução da pós-graduação no Brasil, especificamente o
doutorado, consideramos importante analisar os dados relativos ao número de professores
doutores em cada instituição de ensino superior que, por sua vez, estariam credenciados a
formar novos doutores. Utilizando ainda o levantamento da CAPES e comparando os
dados de 2000 com os dados de 2011 (tabela 3), vemos um crescimento de 123% no total
de professores trabalhando em instituições de ensino superior e pesquisa – IES (contando
com professores permanentes, colaboradores e visitantes). Entre as 15 instituições que
titularam o maior número de doutores no ano de 2011, o crescimento de professores
doutores no período de 2000 a 2011 foi de 51%.
Dentre as instituições da amostra, quando analisamos o grupo das universidades federais e
das estaduais, observamos que o crescimento médio das universidades estaduais foi
semelhante ao da amostra total (56,5%); já o crescimento médio das universidades federais
superou em quase 100% o crescimento médio total, atingindo 90,7%. Destacam-se a
Universidade Federal da Bahia - UFBA, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
e a Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR que cresceram, respectivamente, 170%,
153% e 140%. A concentração de professores doutores nas universidades estaduais
paulistas expandiu em um ritmo bastante inferior à média da amostra: USP (20%),
UNICAMP (27%) e UNESP (26%).
Tabela 3. Número de professores doutores (permanentes, colaboradores e visitantes) entre
2000 e 2011, por universidade (amostra)
INSTITUIÇÃO
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010 2011
USP
5771
5465
5564
5611
6230
6320
6328
6443
6560
5765
4827 6924
UNESP
2156
2076
2056
2025
2242
2326
2364
2395
2477
2138
2597 2711
UFRJ
1773
1745
1818
1850
1989
2062
2127
2191
2.232
2.019
2510 2638
UNICAMP
1845
1876
1841
1824
2085
2109
2198
2141
2190
1893
2147 2338
UFRGS
1321
1368
1424
1486
1652
1741
1825
1906
1960
1551
2046 2090
UFMG
1163
1152
1200
1287
1441
1503
1567
1625
1626
1446
1797 1887
UNB
834
796
825
906
1057
1150
1288
1265
1350
1146
1454 1674
UFBA
588
575
656
724
837
923
1056
1202
1216
995
1447 1586
UFSC
1017
845
950
1006
1143
1160
1207
1259
1320
1111
1449 1544
UFPE
711
790
822
869
1015
1064
1182
1179
1228
962
1406 1508
UERJ
447
477
513
586
706
774
937
989
1047
887
1117 1129
UNIFESP
542
514
569
602
672
696
720
743
768
681
807
987
UFSCAR
391
388
414
416
433
453
481
524
677
612
837
938
UFV
398
401
415
425
458
483
565
560
585
486
647
720
PUC/SP
397
391
414
424
459
457
452
482
491
414
496
515
Total Amostra
19354 18859 19481 20041 22419 23221 24297 24904 25727 22106 25584 29189
Total Brasil
29388 30245 32710 35216 40510 43323 47354 50330 53454 47.531 59735 65457
Fonte: CAPES
A partir dos dados acima, verificamos que as instituições que apresentaram maior
crescimento de professores doutores contratados foram as mesmas que apresentaram um
crescimento significativo no número de doutores titulados. O aumento percentual
significativo no número de doutores titulados e de professores doutores dessas instituições
sugere que os cursos de pós-graduação (doutorado) encontram-se em fase de expansão. Já
nas universidades com a pós-graduação mais estabelecida, por terem um número mais
significativo de professores doutores e doutores titulados por ano, apresentam um
crescimento inferior às pós-graduações emergentes.
3.4 Professores-doutores x Doutores titulados
A produtividade de pesquisadores é comumente medida pelo índice de publicações, mas
também pode ser avaliada por sua capacidade de formação de doutores. Baseando-se nos
dados da CAPES, dividimos o número de doutores titulados pelo número de professores
doutores de cada instituição, por ano, obtendo uma medida da produtividade de formação
de novos doutores por professores doutores (índice de produtividade).
Em 2000, a produtividade dos professores doutores das instituições do Estado de São Paulo
na formação de doutores variou de 0,18 (Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” – UNESP) a 0,50 (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC),
com uma média de 0,28. Já nos outros estados a produtividade dos professores doutores na
formação de doutores variou de 0,06 (Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ) a
0,29 (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), com uma média de 0,18. A
evolução da produtividade média dos professores doutores em relação ao número de
doutores titulados pode ser observada na Figura 4.
Figura 4. Produtividade média para o período de 2000 a 2011, para as instituições da
amostra (São Paulo, outros estados e total).
0,45
0,40
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
Outros estados
São Paulo
Total
0,10
0,05
0,00
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Fonte: CAPES
O crescimento da produtividade das universidades paulistas no período de 2000 a 2011 foi
menor em relação ao grupo de instituições dos outros estados (16% contra 38%), mas
partem do ano-base (2000) com uma produtividade significativamente maior que as
instituições de outros estados.
Merece destaque a Universidade Federal de Viçosa - UFV, que partindo de um número
base (2000) bastante alto (0,21) e próximo aos das instituições com melhor produtividade
neste quesito, apresentou também alto índice de crescimento (63%), mais próximos das
universidades “emergentes” (que cresceram muito a partir de números base relativamente
baixos). A UFV aumentou de forma significativa o número de doutores titulados sem um
aumento proporcional no número de professores doutores: passou de 84 doutores titulados
em 2000 para 248 em 2011, um aumento de 195%; já o número de professores doutores
passou de 398 para 720, um aumento de 81%. Consequentemente, a produtividade
(doutores titulados/professor doutor), da UFV aumentou de 0,21 para 0,34 representando
um aumento de 63% na produtividade.
4) Considerações Finais
Retomando os objetivos propostos neste trabalho, pudemos verificar que houve um
crescimento significativo da pós-graduação brasileira (doutorado) no período de 2000 a
2011. O número total de doutores titulados no país cresceu 130%. Neste mesmo período
houve um crescimento igualmente significativo do número de instituições de ensino
superior e pesquisa credenciadas pelo Ministério da Educação - MEC para formação de
pós-graduandos no país (125%).
Entre as instituições que mais titularam doutores no país, podemos destacar três
instituições paulistas: USP, UNESP e UNICAMP, que juntas titularam 30,8% de todos os
doutores titulados no Brasil em 2011, evidenciando a centralização da pós-graduação no
Brasil.
Em relação ao número de professores doutores nas IES brasileiras, o crescimento foi de
123%. Porém, como o crescimento do número de doutores titulados no país foi muito
próximo pode-se dizer que não houve um aumento da produtividade dos professores
doutores como formadores de recursos humanos.
Em relação à participação das 15 instituições da amostra no total de doutores titulados no
país, verificamos uma concentração do sistema de pós-graduação (doutorado) em poucas
instituições, com tendência de descentralização. A mesma tendência foi observada em
relação à participação do estado de São Paulo (estado mais representativo) na formação de
doutores no Brasil. Em 2000 o número total de doutores titulados em São Paulo
representava 68% dos doutores titulados no país, passando para 56% em 2011.
Apesar da tendência de descentralização da pós-graduação (doutorado), o Brasil ainda está
longe de atender às demandas regionais de formação de novos profissionais e de absorção
desses novos doutores.
Por último, quando analisamos a produtividade dos professores doutores, medida pela sua
capacidade de titular novos doutores, observamos que o grande crescimento percentual
neste índice ocorreu em atividades fora do Estado de São Paulo, segundo a amostra.
Entretanto, as instituições paulistas apresentaram índice de produtividade bastante superior
ao grupo de outros Estados. Isso demostra que, apesar dos índices de crescimento no
número de doutores titulados e de professores doutores ser inferior em relação às
instituições de outros Estados, as universidades paulistas são mais produtivas na formação
de recursos humanos (doutores).
5) Agradecimentos
Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa – FAPESP pelo incentivo ao
desenvolvimento do presente estudo e pelo apoio financeiro e à pesquisadora Alexandra
Ozorio de Almeida pela valiosa contribuição na idealização e elaboração da presente
pesquisa.
6) Referências
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