09 sábado 26 Setembro 2015 19h00 — Banco de Portugal Solistas do Festival Cantabile Solistas da Orquestra Gulbenkian Fundação Calouste Gulbenkian musica.gulbenkian.pt banco de portugal - museu do dinheiro © josé manuel rodrigues 26 26 09 sábado 26 Setembro 2015 19:00h — Banco de Portugal Solistas do Festival Cantabile Diemut Poppen viola e direção Sebastian Manz clarinete Barnabás Kelemen violino László Fenyö violoncelo Solistas da Orquestra Gulbenkian Jordi Rodríguez Cayuelas violino Ana Beatriz Manzanilla violino Francisco Lima Santos violino Lu Zheng viola Varoujan Bartikian violoncelo António Pinho Vargas Antiques, seis pequenas peças para viola e violoncelo Wolfgang Amadeus Mozart Quinteto com Clarinete, em Lá maior, K. 581 Allegro Larghetto Menuetto Allegretto con variazioni intervalo António Pinho Vargas Dois violinos para Carlos Paredes Duração total prevista: c. 1h 50 min. Intervalo de 20 min. Franz Schubert 5 Minuetes e 6 Trios, D. 89 Minuet 1 – Trio 1 – Trio 2 Minuet 2 Minuet 3 – Trio 1 – Trio 2 Minuet 4 Minuet 5 – Trio 1 – Trio 2 António Pinho Vargas Três fragmentos, para clarinete solo Dmitri Chostakovitch Duas peças para octeto de cordas, op. 11 Prélude: Adagio Scherzo: Allegro molto As três obras de António Pinho Vargas (n. 1951) que hoje ouviremos datam de períodos bem diferenciados da sua produção. Os Três fragmentos (1985-87) são da sua fase inicial enquanto compositor de filiação erudita. Foram dedicados a António Saiote, que os estreou (em Lisboa) e gravou, sendo essa uma das três gravações já existentes desta obra. O 1.º Fragmento vive da oposição entre uma figuração repetida sobre pulsação regular e uma série de intervalos disjuntos sem pulsação percetível; o 2.º tem por contraste fundador um desenho melódico ascendente e uma nota tenuta. Por fim, o 3.º apresenta uma conformação ao nível dos recursos da linguagem que nos transporta para um universo afim do de Olivier Messiaen. A obra Dois violinos para Carlos Paredes, de 2003, foi escrita para integrar o duplo álbum Movimentos Perpétuos – Música para Carlos Paredes, editado nesse ano. Foi estreada por Aníbal Lima e Pedro Pacheco, ambos instrumentistas da Orquestra Gulbenkian nessa altura. A obra apresenta duas unidades temáticas: uma construída por intervalos progressivamente menores, seguida de outra de caráter recolhido e algo funéreo. Estas unidades vão-se intercalando e são enriquecidas por recursos de articulação e alteração tímbrica que remetem para a técnica associada à guitarra portuguesa. Por fim, a obra Antiques é uma adição recente ao catálogo de Pinho Vargas: data de 2010-12 e foi estreada a 20 de maio de 2013 na Escola Superior de Música de Lisboa, por Clélia Vital e Alexandra Mendes, ambas instrumentistas da Orquestra Gulbenkian. O nome do clarinetista Anton Stadler (17531812) está diretamente ligado às três grandes obras com clarinete de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): o Trio Kegelstatt K. 498 (1786), o conhecido Concerto K. 622 (1791) e o presente Quinteto K. 581 que data do final do verão de 1789, altura em que Mozart estava a escrever a ópera Così fan tutte. No Quinteto tudo respira serenidade, calor e doce nostalgia, parecendo que Mozart fez tudo para que a nobreza e beleza do timbre do clarinete fossem valorizados o mais possível. Sendo também a primeira obra na história a associar o instrumento a um quarteto de cordas, tanto mais notável é o grau de integração e equilíbrio logrado por Mozart ao longo de toda a composição. O Quinteto foi ouvido pela primeira vez a 22 de dezembro de 1789, em Viena, num concerto de beneficência. Apresenta quatro andamentos: o 1.º é uma forma-sonata da qual jorram positivamente sucessivas ideias melódicas; o Larghetto é o cume expressivo e emocional da obra, sendo de notar que as cordas tocam integralmente com surdina. O Menuetto apresenta dois trios, o primeiro dos quais, em lá menor, sendo a única “visita” desta obra a territórios mais sombrios. A concluir, temos um Allegretto con variazioni: o tema é de uma simplicidade e felicidade quase pueris e, de entre as cinco variações, singularizemos, pelo contraste que oferecem, a n.º 4, pelo seu brilho, e a n.º 5, pela sua poesia. A coda vem confirmar o clima feliz e luminoso que habita esta obra. Franz Schubert (1797-1828) iniciou-se no género do quarteto para cordas aos quinze anos e até aos dezoito escreveria dez, a maioria dos quais destinados à execução pelo quarteto que integrava com familiares. A obra 5 Minuetes e 6 Trios D. 89, data de novembro de 1813, sendo contemporânea do Quarteto D. 87 e da Sinfonia n.º 1, D. 82. O título da obra deve-se ao facto de ser um conjunto de minuetes, sendo os de número ímpar dotados, cada um, de dois trios. São pequenas obras despretensiosas que indiciam o labor de Schubert na escrita para quarteto de cordas dentro dos moldes do minuete tradicional, tendo por característica comum um ornamento inicial. Atente-se, no Minuete n.º 1, ao sabor austríaco da 2.ª parte do Trio n.º 1 e ao ritmo de dança, dir-se-ia ibérica, do Trio n.º 2; no Minuete n.º 2, ao ar rústico-pastoral do tema; no Minuete n.º 3, à forma como o “fúnebre” Ré menor impregna logo a cor e o perfil do tema inicial, enquanto o Trio n.º 1 lembra um Ländler. O Minuete n.º 4 é, entre todos, aquele que mais “olha para trás” e, no Minuete n.º 5, avulta o Trio n.º 2, cuja técnica de escrita lhe confere um ar muito misterioso. A capacidade criativa de Dmitri Chostakovitch (1906-1975) manifestou-se quando era ainda aluno no Conservatório de Leninegrado, onde apresentou para avaliação final, em 1925, a sua Sinfonia n.º 1, op. 10. As duas peças reunidas sob o op. 11 são um Prelúdio (em Ré menor) e um Scherzo (em Sol menor). A primeira foi suficientemente urgente para interromper a redação da 1.ª Sinfonia em dezembro de 1924. Na verdade, trata-se de um tombeau (epitáfio) à memória de um seu amigo poeta, Volodya Kurchavov, vitimado pela febre tifoide. O conteúdo fúnebre é acentuado por uma gravidade de voluntária filiação bachiana. Apresenta-se numa forma ABA, sendo a secção B mais animada e de escrita mais individualizada. Note-se que o manuscrito contém esboços para uma outra peça: uma Fuga – o plano original previa portanto, um Prelúdio e uma Fuga. O Scherzo data do verão de 1925 e tem um caráter muito modernista, propulsivo e dissonante, não sem fazer lembrar Béla Bartók. A secção central, com um longo solo do violoncelo, é mais distintamente pessoal. Em suma, se a face criadora de Chostakovitch não nos aparece inteira nestas obras, ela desponta, contudo, em aspetos do contraponto, do uso do cromatismo, no perfil das melodias e na ambiguidade emotiva. A estreia das peças deu-se em fevereiro de 1926, em Leninegrado, com o compositor a executar uma redução para piano, sendo que a estreia do formato original aconteceu em Moscovo, em janeiro de 1927, pela junção dos quartetos Glière e Stradivari. bernardo mariano diemut poppen © dr Diemut Poppen A violetista Diemut Poppen é também fundadora e diretora artística do Festival Cantabile. Como solista ou integrada em grupos de música de câmara, desenvolve intensa atividade um pouco por todo o mundo. É convidada regular de festivais internacionais de renome, como os de Salzburgo e de Lucerna, e recebeu o Prémio Europeu da Música. É professora de viola e de música de câmara na Hochschule für Musik de Detmold, na Escuela Superior de Música Reina Sofía, em Madrid, e na Haute École de Musique, em Sion. Foi a impulsionadora e mantém a direção artística dos festivais Dias da Música de Rigi, Dias da Música de Câmara de Osnabruck e Academia de Verão da Turíngia. O seu vasto repertorio inclui numerosas apresentações de novas obras, incluindo concertos para viola que lhe foram dedicados. sebastian manz © marco borggreve Sebastian Manz barnabás kelemen © laszlo emmer Barnabás Kelemen lászló fenyö © dr László Fenyö Sebastian Manz nasceu em 1986 em Hanôver. Neto do lendário violinista russo Boris Goldstein e filho de pianistas, recebeu as influências alemã e russa dos seus ascendentes familiares. Sabine Meyer e Rainer Wehle contam-se entre os seus mais importantes professores. O momento de viragem na sua carreira teve lugar em 2008, com o sucesso que experimentou no Concurso Internacional de Música da ARD, realizado em Munique: ganhou o primeiro prémio na categoria de clarinete (que não era atribuído há 40 anos) e obteve ainda o ambicionado prémio do público, além de outras distinções. Em 2011 e 2012 recebeu o prestigiado prémio ECHO Klassik. Barnabás Kelemen nasceu em Budapeste em 1978. Aos onze anos começou a estudar violino na Academia Franz Liszt. Ao longo da sua carreira, trabalhou com maestros de renome internacional como L. Bringuier, P. Eötvös, I. Fischer, V. Jurowski, Z. Kocsis ou M. Suzuki. Mais recentemente, foi solista convidado do Bach Collegium de Munique, da Sinfónica de Innsbruck, da Filarmónica de Londres, da Orquestra de Câmara Franz Liszt, da Filarmónica de Budapeste e da Filarmónica Nacional da Hungria. Domina um repertório diversificado que se estende do período clássico até à música contemporânea. Em 2013, a gravação de um disco da série Bartók, para a etiqueta Hungaroton, com Zoltán Kocsis, foi distinguida com um prémio Gramophone, na categoria de música de câmara. László Fenyö estudou em Budapeste e em Lübeck e em 2004 venceu o Concurso Internacional Pablo Casals, realizado em Kronberg. Tem-se apresentado em importantes salas como o Concertgebouw de Amesterdão, o Wigmore Hall de Londres ou o Gasteig de Munique, realizando com frequência digressões com as principais orquestras da Europa e da Ásia. Alcançou lugares de destaque em concursos de música como o Concurso de Genebra, o Concurso Rostropovich de Paris, o Adam Cello Contest (Christchurch, Nova Zelândia) e o Concurso da Rádio Húngara, em Budapeste. Foi solista na Hessischer Rudfunk Sinfonieorchester. jordi rodríguez © dr Jordi Rodríguez Cayuelas ana beatriz manzanilla © dr Ana Beatriz Manzanilla francisco lima santos © dr Francisco Lima Santos Jordi Rodríguez Cayuelas concluiu o Cuso Superior de Violino no Conservatório de Música de Múrcia. Estudou posteriormente na Escuela Superior de Música Reina Sofia, em Madrid, na Universität für Musik und darstellende Kunst, em Graz, e na Robert Schumann Hochschule de Düsseldorf. Recebeu primeiros prémios no Concurso de Violino do Festival Internacional de Orquestras Juvenis de Múrcia, no Concurso Nacional de Jovens Intérpretes de Xàtiva (Valência), no Concurso de Interpretação Musical “Villa de Cox” (Alicante) e no Concurso de Música de Câmara “Schmolz-Bickenbach”, em Düsseldorf. É 1.º Concertino Auxiliar da Orquestra Gulbenkian. Ana Beatriz Manzanilla apresentou-se como solista em vários países da América Latina e da Europa. Nasceu em Barquisimeto, na Venezuela, e formou-se no “El Sistema” da Orquestra Juvenil da Venezuela com José Francisco del Castillo. Estudou também com Rony Rogoff e frequentou a European Mozart Academy, em Cracóvia, na Polónia. Integrou a Orquestra Sinfónica de Lara (Venezuela) como concertino adjunto. É violinista da Orquestra Gulbenkian. Obteve o título de Especialista em Música pelo Instituto Politécnico de Lisboa. É professora de violino na Escola Superior de Música de Lisboa. Francisco Lima Santos estudou na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, na Escola Superior de Música de Lisboa e no Koninklijk Conservatorium, em Bruxelas. Foi premiado no Concurso Internacional Cidade do Fundão, no Prémio José Augusto Alegria (Évora) e no Prémio Jovens Músicos. Foi membro e bolseiro da Orquestra Sinfónica Juvenil, tendo sido concertino da mesma. Integra o projeto Orquestra XXI e é membro da Orquestra de Jovens da União Europeia. Estuda atualmente com Ana Chumachenko na Escuela Superior de Música Reina Sofia, em Madrid. lu zheng © dr Lu Zheng varoujan bartikian © dr Varoujan Bartikian Lu Zheng nasceu em Tian Jin, na China, e começou a estudar violino e viola aos seis anos. Frequentou o Conservatório Central de Música, em Pequim, onde realizou estudos complementares e superiores de viola. Em 1998 foi um dos membros fundadores do Chinese Quartet, tendo-se apresentado com este grupo nos Festivais de Música de Évora e do Algarve, a convite da Fundação Oriente. Aperfeiçoou-se em música de câmara com Max Rabinovitsj e em viola com Barbara Friedhoff e Bruno Pasquier. É professor de viola e música de câmara e apresenta-se regularmente em recitais a solo e de música de câmara. Ingressou na Orquestra Gulbenkian em 2005. Varoujan Bartikian nasceu na Arménia. Estudou na Escola Especializada de Música Tchaikovsky e no Conservatório Superior de Música Komitas, em Yerevan. Em 1977 venceu o Concurso Transcaucasiano de Violoncelo, em Tbilissi. Obteve o grau de Mestre em Violoncelo e em Ciências Musicais. Foi professor de violoncelo no Conservatório Komitas até 1989. Nesse ano ingressou na Orquestra Gulbenkian, desempenhando atualmente as funções de 1.º Violoncelo Solista. É também violoncelista do Quarteto Capela desde 2001. Em 2013 fundou o Trio Aeternus com o violinista Alexander Stewart e o pianista Lucjan Luc. Leciona violoncelo e música de câmara no Instituto Piaget. produção colaboração apoios patrocínio coprodução