LITERATURA INFANTIL: INSTRUMENTO EDUCACIONAL Ana Paula Cantarelli1 Evandra Oliveira Cardoso2 Ronan Simioni3 Resumo O presente trabalho teve como objetivo realizar pesquisa de campo sobre a importância da literatura no desenvolvimento infantil. Buscou-se aprofundar os conhecimentos sobre a importância da literatura na aprendizagem e no emocional da criança, tendo em vista a sua alta empregabilidade no meio escolar. Utilizou-se como método o descritivo exploratório através do conhecimento direto da realidade, onde os professores sujeitos da pesquisa forneceram as informações através de entrevistas semi-estruturadas. A análise dos dados foi feita por categorização, onde foram extraídos das falas dos professores os pensamentos principais e que mais se repetiram durante as entrevistas. A partir daí, foi discutido com os autores que escrevem sobre a temática. Concluiu-se com a prática da pesquisa e segundo alguns autores citados ao longo do trabalho, que os professores consideram que a literatura infantil contribui na facilitação da aprendizagem escolar além de ser uma forma de trabalhar com crianças a realidade através do simbolismo, onde a criança se identifica com as estórias por sentir a própria personificação de seus problemas infantis nos personagens das estórias. A criança inconscientemente supera seus medos expressando seus conflitos emocionais mais facilmente. Palavras-Chave: Literatura Infantil, Aprendizagem, Emocional, Escola, Professores. Este trabalho é um estudo sobre a literatura infantil, tendo em vista que as pesquisas sobre o tema apontam para um aumento considerável do seu desenvolvimento no meio escolar, e também na área da Psicologia Escolar. Sabe-se que toda criança precisa ser estimulada, e é, nesse contexto, que se torna relevante para o desenvolvimento global da criança um ambiente o menos restritivo possível, onde haja uma série de estímulos que facilitem a apropriação do conhecimento. A criança, devido aos seus aspectos comportamentais afetivos e cognitivos, está predisposta à realização de atividades relacionadas à imaginação, pois precisa de fatores externos como modelos para construir e organizar seu pensamento. O livro infantil, sendo adequadamente escolhido, favorecerá a aprendizagem, a organização do pensamento e estimulará o imaginário e a fantasia que fazem parte do universo da criança, assim como de qualquer ser humano. 1 UFSM UCB 3 UNIFRA 2 2 Desse modo, acredita-se que, a partir do entusiasmo que a criança alimenta pela literatura, surgirá o seu interesse para aprender o código escrito, o qual passará a possuir significado para ela, desenvolvendo suas potencialidades para criar e expor suas idéias. Para Bettelheim (1980), todos os problemas e ansiedades infantis, como a necessidade do amor, do medo e do desamparo, da rejeição e da morte, são colocados nos contos em lugares fora do tempo e do espaço, mas muito reais para crianças. A solução, geralmente encontrada na história, quase sempre leva a um final feliz, indica a forma de se construir um relacionamento satisfatório com as pessoas com as quais convive. Segundo esse autor, a atividade lúdica é para a criança um dos meios principais de expressão. Possibilita-lhe a investigação e a aprendizagem sobre as pessoas e as coisas do mundo, ao favorecer-lhe o desenvolvimento dos aspectos cognitivos, assim como a simbolização do mundo interior de pensamentos e afetos, pois, por meio da imaginação, a criança pode dar vazão a seus desejos, conflitos e vivências mais íntimas. Com esta pesquisa, objetivou-se identificar qual a percepção que os professores têm a respeito da utilização da literatura infantil na facilitação do processo de aprendizagem, assim como nas dificuldades da leitura e escrita, além de observar como a literatura infantil é trabalhada em um contexto de interdisciplinaridade entre as matérias escolares, e quais as técnicas e critérios utilizados pelos professores na escolha do livro infantil a ser trabalhado com os alunos. Assim, procurou-se, com este estudo, contribuir com os educadores a respeito do significado da literatura infantil para a formação do educando, principalmente no que tange a facilitação da sua aprendizagem. A literatura infantil tem por tarefa, na sociedade em transformação, servir como agente de formação, seja no espontâneo convívio do leitor com o livro, seja no diálogo ou nas atividades literárias pela escola. A literatura infantil, nesta medida, é levada a realizar sua função formadora, que não se confunde com uma missão pedagógica. Com efeito, ela dá conta de uma tarefa a que está voltada toda a cultura - a de conhecimento do mundo e do ser (ZILBERMAN & LAJOLO, 1985, p.25). A escola é de suma importância para a literatura infantil, porque é o agente ideal para a formação cultural do indivíduo. Ela é o espaço privilegiado onde deverão ser lançados desafios que abrirão caminhos na mente humana rumo à aprendizagem. O estudo literário transmitido na escola é, de maneira geral, e em comparação com qualquer outro, o 3 mais completo no estímulo do exercício da mente, na percepção do real, na consciência do mundo, no próprio estudo e conhecimento da língua e expressão verbal. O professor que trabalha com literatura infantil deve ter em mente o seu papel de estimulador, orientador e mediador entre o aluno (que é um ser em formação) e a literatura que será o meio de acesso para o conhecimento e o mundo da cultura, que caracteriza a sociedade em que vive. O educador deve estar consciente de que a criança é um aprendiz e busca, na sua interação com o mundo, internalizar sua cultura, ora por repetição da tradição familiar, ora pelos valores e ideais impostos pela sociedade. É neste contexto que se firma o lugar que a escola representa na concepção de literatura. A justificativa que legitima o uso do livro na escola nasce, pois, de um lado, da relação que estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante sua circunstância: e, de outro, do papel transformador que pode exercer dentro do ensino, trazendo-o para a realidade do estudante (ZILBERMAN & LAJOLO, 1985, p.25). A literatura nunca pode ser reduzida apenas ao fenômeno de linguagem, pois este não se encontra isolado. É resultante de uma experiência social e cultural. A formação escolar do leitor passa pelo crivo da cultura em que esta se enquadra. Se a escola não efetua o vínculo entre a cultura grupal ou de classe e o texto a ser lido, o aluno não se reconhece na obra, porque a realidade representada não lhe diz respeito (AGUIAR, 1989, p. 16). Dentro de um contexto educacional, a literatura infantil deve ser colocada a partir da experiência socioeconômica e cultural de cada indivíduo, levando em consideração sua condição de ser humano, a qual já, por natureza, é muito rica. Para que a literatura infantil consiga de fato trazer benefícios para o desenvolvimento cognitivo e à aprendizagem do aluno, é necessário, entre outros fatores, que o professor faça a correta adequação do livro às necessidades e interesses da criança, de acordo com a etapa do desenvolvimento em que se encontra. O indivíduo compreende o texto, a literatura de um livro, de acordo com o seu contexto social, quer dizer, as influências que recebeu do seu ambiente sociocultural e de acordo com o seu nível de desenvolvimento cognitivo. Entretanto, conforme prova a psicologia experimental, a natureza e a seqüência de cada estágio de desenvolvimento são iguais para todos. O que pode variar é o ritmo, o 4 tempo que determinado indivíduo precisa para superar uma fase. Assim, a inclusão da criança em determinada categoria literária depende, não apenas de sua faixa etária, mas principalmente da sua inter-relação sociocultural, do seu nível de amadurecimento biopsíquico - afetivo e intelectual. Por isso, é de suma importância o conhecimento do professor a respeito do desenvolvimento infantil, do material didático-literário e da metodologia de trabalho que melhor se destina às necessidades de cada criança, sendo ela portadora de deficiência mental ou não. De que adianta um professor adquirir vários meios didáticos, como métodos e técnicas, e não aplicá-los ou não ter competência suficiente para adequá-los ao nível de seus alunos? Os meios didáticos são muito importantes, desde que o professor saiba usá-los da melhor forma possível, atingindo as necessidades, interesses e dificuldades dos alunos. O professor deve estar em constante sintonia com as transformações do momento e atualizar seus conhecimentos, sua consciência de mundo, como de literatura. Deve ser um leitor atento à realidade social e saber o seu lugar dentro desse processo de transformação por que vem passando a educação. Contudo, pode-se dizer que a escola tem como objetivo principal contribuir para a formação de indivíduos conscientes, em busca da sua auto-realização durante sua existência. O primeiro contato com a história infantil é um caminho aberto para novas descobertas e o início da aprendizagem tanto para a criança, como para o educador / terapeuta que o acompanha. O ato de ouvir histórias possibilita à criança um contato direto com o mundo da fantasia, com o imaginário, através do qual ela poderá extravasar emoções importantes como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade e tantas outras que a narrativa promover por intermédio dos personagens e sua vivência, sua personificação pelo ouvinte. Este irá se colocar no lugar do personagem com que melhor se identificar. Os personagens, geralmente, possuem características reais e ou idealistas, que, com facilidade, levam a criança a pensar no universo do texto. Para contar uma história, é necessário estar preparado, familiarizado com as palavras, com a sonoridade das frases, dos nomes, com o acerto das rimas, enfim com todo o jogo de palavras que o texto apresenta. Não se faz isto de qualquer jeito, escolhendo o primeiro livro que aparecer pela frente, iniciando uma leitura descontínua, com pausas mal colocadas, e pior ainda,: sem nem ao menos saber o conteúdo da história, as relações entre os personagens, o que ela tenta passar ao leitor. Essa é uma conduta lastimável. Denota 5 desrespeito para com a criança que, certamente, perderá o interesse pela história. Dessa maneira, ao invés de estar contribuindo para o seu desenvolvimento cognitivo-afetivo e criativo, estará desestimulando o pequeno ouvinte. É fundamental para o bom êxito de uma narrativa que o narrador tenha conhecimento do seu papel para transmitir a emoção verdadeira do livro, aquela que já foi vivida por ele próprio no seu primeiro contato com a história, e que, por isso, chega ao ouvinte. O narrador tem que inspirar confiança, motivar a atenção, despertar admiração e, sobretudo, conhecer o público a que se destina a história. E, para que isso ocorra, deve haver um clima de envolvimento, de encantamento por parte do leitor. Um clima socioafetivo tranqüilo e encorajador, livre de tensões e imposições, é fundamental para que o aluno possa interagir de forma confiante com o meio, saciando sua curiosidade, descobrindo coisas inventando, construindo, enfim, seu conhecimento (FERREIRA, 1993, p.80). O professor ou adulto que se destina a contar uma história precisa saber dar as pausas no tempo exato, respeitando o imaginário de cada criança na construção do seu cenário interior. Outro fator importante para a fantasia da criança são os espaços abertos no texto, que provocam, no ouvinte, os episódios e tomada de uma posição. O livro da criança que ainda não lê é a história contada. E ela é (ou pode ser) ampliadora de referenciais, postura colocada, inquietude provocada, emoções deflagradas, suspense a ser resolvido, torcida desenfreada, saudades sentidas, lembranças ressuscitadas [...] as mil maravilhas mais que uma boa história provoca [...] (desde que seja boa) (ABRAMOVICH, 1993, p. 24). A conversa com a turma, antes de iniciar a contar uma história, é fundamental e pode evitar futuras interrupções mediante a identificação do ouvinte com determinado personagem que possua algo em comum como ouvinte. A clareza e a boa dicção são essenciais para a assimilação do ouvinte, aos termos da linguagem. O domínio e conhecimento da literatura infantil, junto com as noções básicas da psicologia evolutiva da criança, são fundamentais para a total integração do texto com o ouvinte. Outro fator relevante para o êxito da narrativa é conhecer o público e o local onde será contada a história, pois o público infantil disputa o melhor lugar e o que ficar mais próximo do narrador. No entanto, é importante salientar novamente que, para evitar transtornos durante a narrativa, é necessária uma boa arrumação, de preferência em semicírculos, de forma descontraída, proporcionando um amplo campo visual aos alunos. O cuidado com o local e disposição adequada das crianças irá facilitar a concentração e, conseqüentemente, a sua assimilação da história. 6 Quanto à duração da narrativa, isto depende da faixa etária dos ouvintes. Coelho (1986) aconselha cinco a dez minutos para os pequeninos, de quinze a trinta minutos para os maiores. No entanto, isso varia de acordo com a criança e seu interesse, ficando sob decisão do narrador, baseado no conhecimento da estrutura do texto. Geralmente, quando as crianças ouvem uma história e gostam dela ficam à vontade de ouvi-la novamente e, dependendo das circunstâncias, esse prazer pode ser renovado. Repetir a mesma história em alguns dias permite às crianças apreciarem melhor o seu enredo e vivenciarem mais intensamente a trama. As interrupções variam, podendo resultar de algo despertado pelo enredo ou simplesmente uma forma de chamar a atenção. Segundo Coelho (1986), em nenhum momento o narrador deve interromper a história se for algo condizente com a narrativa, confirma-se com algum gesto ou sorriso. Porém, se for apenas um modo de aparecer, a melhor solução é, segundo ela, olhar fixamente na direção do aluno que interrompeu. Após concluir a narração, é importante dar oportunidade para que eles perguntem o que desejam saber. A atitude do professor nessas situações vai depender do seu conhecimento, calma e tranqüilidade, pois as crianças que interrompem, as inquietas e consideradas com problemas de conduta, são as que mais necessitam ouvir histórias. A conversa, após a narrativa, é indubitavelmente muito importante, tanto para o aluno quanto para o professor. Durante a história, a criança teve tempo de vivenciar com os personagens todas as emoções, os conflitos e as fantasias que a trama provocou. Tudo isto é assimilado aos seus esquemas mentais, à sua própria vida, podendo servir de auxílio na resolução de problemas interiores relacionados à sua realidade. Portanto, podemos dizer que a história não termina quando acaba de ser contada. Ela deixa, na mente de seus ouvintes, uma nova história que precisa prosseguir, pois é o resultado da sua visão sobre a narrativa, de suas reflexões, confusões, suas necessidades de expressar os sentimentos, opinar e, até mesmo, perceber fatos novos que lhes passaram despercebidos. Sabemos que a literatura infantil é bem mais do que mero entretenimento ou diversão. Ela está intimamente ligada aos valores sociais e culturais da época. Por isso, vários profissionais de diferentes vertentes do conhecimento humano tentam, através da sua análise, encontrar subsídios para os fenômenos de maturação por que vem passando o mundo. Porém, é importante ressaltar que esses profissionais não estão interessados na literatura em si, como um fenômeno literário, mas como um veículo de idéias, muitas vezes utilizado dentro do contexto escolar no repasse de ideologias. 7 O aparelho escolar, ao desempenhar sua função de inculcação da ideologia dominante, submete a clientela tanto da classe dominante, como, também, e principalmente, da classe dominada, a uma visão de mundo em que a estruturação da sociedade em classes e a exploração de uma pela outra se tornam naturais (DEIRO, 1978, p. 26). Portanto, é necessário saber distinguir esta análise da literatura feita por profissionais de outras áreas, com a verdadeira crítica literária que se almeja, mas que ainda não surgiu. A crítica à leitura existente chama a atenção de autores de livros infantis pela linguagem ríspida e de acusação da imprensa que, ao invés de servir de orientação aos trabalhos literários, vai desestimulando as novas produções. Contudo, permanece a necessidade de saber se os livros que estão aparecendo são bons ou ruins. Se as obras atuais estão representando valores literários ou de violência simbólica que, segundo Maria de Lourdes Deiró: [...] reside no fato de ser veicular, por meio do aparelho escolar e principalmente, na rede de ensino de primeiro grau oficial, onde a maioria da clientela pertence à classe proletariado, uma visão de mundo de classe dominante, como sendo a única verdadeira. Sugerindo, ainda que outras visões de mundo são inferiores, anticulturais (DEIRO,1978, p. 27). O crítico literário certamente não é uma pessoa que sabe tudo, mas sua tarefa deve ser a da reflexão e, baseado na sua experiência e conhecimento literário, questione o que lhe parece certo ou errado, dentro de evidentes critérios de análise. Ao analisar um texto, o crítico literário deve procurar todas as possíveis relações entre a escrita e o universo em torno dela. Também são relevantes as relações entre a obra e o seu momento e as necessidades socioculturais da época, se irão inovar e enriquecer a literatura. O valor literário será dado pela harmonia entre a consciência-de-mundo, transmitida pela obra, e a natureza do discurso literário, isto é, a linguagem que dá vida e criatividade ao texto. O valor de uso estará nos valores por ela evocados e manifestos que permite a identificação da criança e o fornecimento de dados necessários ao conhecimento de sua vida pessoal. O presente estudo abordou uma pesquisa descritiva e exploratória. Para Minayo (2000, p.52), esta pesquisa “busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo, como de grupos e comunidades mais complexas”.Esta pesquisa não apenas apresenta informações, mas fornece sugestões que podem originar novas pesquisas. De acordo com Gil (2002), a principal vantagem da pesquisa descritiva e exploratória é o conhecimento direto da realidade, pois a própria pessoa fornece as 8 informações. Assim, o número de participantes da amostra dependerá do momento em que os achados da pesquisa estiverem saturados, ou seja, quando as respostas se tornarem bastante repetitivas e não surgirem novas idéias para discussão. A determinação do número de entrevistas não pode ser feita a priori. O procedimento mais adequado para esse fim consiste no adicionamento progressivo de novas entrevistas, até o momento em que se alcance a “saturação teórica”, isto é, quando o surgimento de novas observações não conduz a um aumento significativo de informações. Portanto, segue-se o critério de saturação, quando os dados coletados não são mais recentes (GIL, 2002; MARCONI E LAKATOS, 2003). A análise dos dados foi feita por categorização. Foram extraídos das falas os pensamentos principais e que mais se repetiram durante as entrevistas. A partir daí, foi feito o levantamento teórico sobre a temática. Fizeram parte da amostra seis professores adultos de ambos os sexos e que estão trabalhando em escolas localizadas na cidade de Santa Maria-RS. O instrumento de coleta de dados constou de uma entrevista semi-estruturada, contendo seis questões. Na entrevista semi-estruturada, é possível coletar grande quantidade de informações verbais ou não verbais, pois podem ser evidenciados por esta técnica de entrevista a disponibilidade, fidedignidade e interesse do participante em contribuir com a pesquisa (MARCONI E LAKATOS, 2003). Percebeu-se, através dos relatos dos educadores sobre suas experiências com os alunos, que, ao contarem as histórias, também aprendem, criam, sonham, imaginam por meio de suas leituras e recordações junto com os alunos. Constatou-se que os participantes desta pesquisa utilizam-se da literatura infantil em sala de aula e a vêem como contribuição para melhor elaboração de conflitos emocionais da criança, desenvolvimento da criatividade e imaginação, salientando a importância do caráter lúdico da literatura infantil para aprendizagem e desenvolvimento da criança. As conclusões permitiram discutir quatro categorias: Categoria da Elaboração de Conflito Emocional,. Categoria da Aprendizagem e utilização dos Contos de Fada em Sala de Aula, Categoria do Lúdico, Categoria da Criatividade e Imaginação. Sobre a categoria elaboração dos conflitos emocionais, constatou-se que a criança, através da literatura infantil, pode expressar seus sentimentos e angústias se identificando com os personagens das histórias, como também organizar suas vivências nos mais diferentes níveis. É um momento no qual a criança se permite ser ela mesma, isto é importante, pois 9 assim ela mesma pode orientar o seu mundo e sentir-se segura para expressar o que passa consigo, em seu mundo interior. Sobre a categoria aprendizagem e utilização dos contos de fada em sala de aula, observou-se que a fantasia dos contos de fada ajuda a formar a personalidade, sendo, portanto, indispensável ao aprendizado.O aluno aumenta seu repertório de conhecimento sobre o mundo e transfere para os personagens seus principais dramas, facilitando seu bem-estar psíquico, além de desenvolver o gosto pela leitura e, conseqüentemente, da aprendizagem. Sobre a categoria lúdica, criatividade e imaginação, verificou-se que a criança utiliza a brincadeira como forma de linguagem para expressar sentimentos que não saberia demonstrar em algumas ocasiões somente por meio da fala. A brincadeira é bem mais importante do que os adultos acreditam, além de ser essencial para o desenvolvimento físico, mental e social, permite que ela experimente seu mundo, descobrindo mais sobre ele. Como refere Coelho (2000), a literatura infantil possibilita que as crianças consigam redigir melhor, desenvolvendo sua criatividade, pois o ato de ler e o ato de escrever estão intimamente ligados. Nesse sentido, “a literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização...” Todos esses aspectos permitem afirmar a importância do trabalho com literatura infantil principalmente na prática escolar. Verificou-se que é preciso oferecer às crianças oportunidades de leitura de forma convidativa e prazerosa. E é, nesse sentido, que a literatura infantil desempenha um importante papel: o de conduzir os educandos não só à aprendizagem, contribuindo para uma sistematizada escrita, (como é o caso das fábulas), mas também permitindo que se realize a leitura com fruição, isto é, que se sinta prazer ao estar lendo. E isso é ótimo, pois é fundamental que as crianças sintam o gosto pela leitura. Dessa forma, espera-se que as considerações aqui mencionadas permitam discutir o quanto a literatura infantil é importante, contribuindo de forma valiosa e enriquecedora para a construção do conhecimento. Isso possibilita à criança o seu desenvolvimento e aprendizagem, assim como, leva à reflexão do quanto o professor precisa estar consciente dessas questões e trabalhar para que a relação literatura e escola aconteça de forma harmônica. Um dos passos que precisa ser bem construído refere-se à escolha dos textos de literatura infantil para trabalhar em sala de aula e a sua adequação ao leitor, mas isso é outra história. 10 Referência Bibliográfica ABRAMOVICH, F. Literatura Infantil. Gostosuras e Bobices. São Paulo: Scipione, 1993 AGUIAR, Vera Teixeira de. Era Uma Vez (Contos de Grimm – Edição para Crianças). Porto Alegre: Kuarup, 1989. BETTELLHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. CADERMATORI, Ligia. O que é literatura infantil? 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986. [Coleção Primeiros Passos 163] COELHO, N. N. Literatura Infantil. São Paulo: Quirón Ltda, 1986. DEIRÓ, Nosella Maria de Lourdes Chagas. As Belas mentiras: a ideologia subjacente aos textos didáticos. São Paulo: Cortez & Moraes, 1978. FERREIRA, ROSSETTI, Maria Clotilde. Processos de adaptação na creche, São Paulo, 1993. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. MARCONI, M. de A. e LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2003. MINAYO, M. C.de S. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. Rio de Janeiro: Hucitec - Abrasco, 2000. SOZA, J. A literatura infantil: autoritarismo e emancipação. São Paulo: Ática, 1982. ZILBERMAN Regina & LAJOLO Marisa. A formação da leitura no. Brasil (Editora Ática, 1985).