AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAÇÃODO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO O PAPEL DOS CONTOS DE FADAS NA ALFABETIZAÇÃO VERA NICE CORVETA VOLPE ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO COLIDER/2013 AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAÇÃODO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO O PAPEL DOS CONTOS DE FADAS NA ALFABETIZAÇÃO VERA NICE CORVETA VOLPE ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO “Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Pós Graduação lato Sensu em Educação Infantil e Alfabetização.”. COLIDER/2013 DEDICATÓRIA In Memorian: Aos meus pais, Vidal Corveta e Cândida de Campos Corveta, que em todos os momentos difíceis de minha vida, tem intercedido junto a DEUS, pelo meu sucesso e felicidade. As pessoas mais especiais deste mundo, meu marido Luiz Fernando C. Volpe e meus filhos, Luiz Fernando, Marcelo e Ricardo, as noras, Luana e Daniela e ao meu neto Pedro Henrique, motivo de orgulho e de continuidade de nossas vidas, dedico-lhe essa conquista com gratidão e amor. AGRADECIMENTO Agradeço inicialmente a Deus, a quem devo tudo o que sou. Ao meu orientador, Professor Ilso Fernandes do Carmo pela paciência, pelas sugestões, por ter acreditado na realização desta pesquisa e confiado em meus ideais. A coordenação do curso de Pós-graduação e compreensiva as nossas dificuldades, as amigas, colegas e a todos os integrantes do curso, que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão deste trabalho. “Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter meninos sem escola, mas mais triste é vê-los enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação humana". Carlos Drummond de Andrade RESUMO O presente trabalho discorre sobre as contribuições do conto de fada na alfabetização, o mesmo tem como objetivo principal fazer uma reflexão sobre a origem dos contos de fadas, apresentando assim as diversas versões das histórias contadas até hoje, focando sua análise na questão da importância de se trabalhar os contos de fadas, explorando a fantasia despertando assim o hábito de ler, embarcando-se no mundo imaginário da alfabetização. Levando o leitor a fazer uma viagem maravilhosa pelos caminhos da imaginação, e o faz de conta considerando assim a importância que o conto de fada pode proporcionar, satisfatoriamente na formação pré-escolar e na fase de aquisição da leitura e da escrita. O trabalho está baseado em pesquisa bibliográfica, e fundamentado em vários autores como: ABRAMOVICH, BETTELHEIM, COELHO, VYGOTSKY entre outros que deram grandes contribuições para a concretização do mesmo. O trabalho focara nas origens dos contos de fadas, no saber popular, suas historias e repercussão na literatura infantil. Revelando situações que ocorrem fora do nosso entendimento presente nos contos de fada, suas principais lições, utilizações e simbologia. Palavras chave: Conto de fada, imaginação, alfabetização, faz de conta. SUMARIO INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------------07 CAPITULO 1 – RESGATANDO A IMPORTANCIA DO CONTO DE FADA NA ALFABETIZAÇÃO------------------------------------------------------------------------------------09 1.1 As Origens dos Contos de Fadas---------------------------------------------------------15 1-2 - O Papel do conto de fada na construção da personalidade e das crianças. ------------------------------------------------------------------------------------------------18 CAPITULO 2 - HISTÓRIA DE NOSSA HISTÓRIA: UMA LITERATURA DE SABER POPULAR-----------------------------------------------------------------------------------------------22 2.1 - Contos de fadas, mitos, lendas e fábulas: filhos da mesma mãe.------------25 2.2 - A Simbologia no conto de fada-----------------------------------------------------------32 CONSIDERAÇÕES FINAIS------------------------------------------------------------------------36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS-------------------------------------------------------------38 INTRODUÇÃO O presente trabalho pretende fazer um estudo, a respeito da importância dos contos de fadas na alfabetização, aguçando o imaginário das crianças, além de despertar o gosto, pela apreciação da leitura desse tipo de texto. Levando assim a criança a fazer uma viagem maravilhosa pelo caminho do imaginário, considerando a importância que tal recurso proporciona satisfatoriamente na formação pré-escolar e na fase de aquisição da leitura e da escrita. Tendo assim como objetivo geral: Fazer uma reflexão sobre a origem dos contos de fadas, apresentando assim as diversas versões das histórias contadas até hoje, focando sua análise na questão da importância de se trabalhar os contos de fadas, explorando a fantasia despertando assim o hábito de ler, embarcando-se no mundo imaginário da alfabetização. E como Objetivos Específicos: Despertar a curiosidade dos alunos sobre o conto de fada e consequentemente o gosto pela leitura, a escrita, a criatividade e a imaginação através das leituras; Incentivando a produção de texto espontânea, a comunicar-se e expressar-se através de situações de intercâmbio social utilizando a Língua Portuguesa com relação à ortografia; Valorizando a leitura através do conhecimento de contos, histórias, lendas e fábulas, diversificando seu universo criativo; Habilitando os alunos a conhecer e compreender as diversas versões de um mesmo conto, despertando assim o hábito de ler, embarcando no mundo da fantasia e da imaginação. Sendo que os contos também conseguem deixar fluir o imaginário e levar a criança a ter curiosidade, que logo é respondida no decorrer dos contos. É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivem e atravessam, de um jeito ou de outro, através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelos personagens de cada história. Focando a importância dos contos de fada na alfabetização. Levando-se em consideração, que trabalhar com os contos de fadas na alfabetização é muito importante, pois através das narrativas temos a oportunidade de resgatar o mundo da leitura e da fantasia, tornando a aprendizagem significativa, estimulando a imaginação e a criatividade dos alunos. Além disso, as mensagens 08 contidas nos contos de fadas, tais como: bondade, docilidade, coragem, altruísmo e afeto, são pontes que podem ser construídas no interior das crianças, pois envolvem questões de não-violência. Tendo em vista outro aspecto muito importante a ser considerado, é que os contos de fadas por si só, já carregam importantes enfoques pedagógicos como às questões humanas, necessárias para que as crianças enfrentem medos, angústias, disputas, ciúmes, morte, etc. Sendo que à medida que as histórias são contadas, várias vezes e de diversas maneiras, as crianças vão elaborando suas próprias ideias, resolvendo conflitos e construindo referenciais entre o bem e o mal. Considerando que através dos contos de fadas temos a possibilidade de resgatar diversos valores, estimular o diálogo, o espírito crítico, o prazer da ludicidade, ensinamentos e verdades que compõem o mundo da criança, sem distanciá-la do mundo real. Para tanto o trabalho esta dividido da seguinte forma cap.1– Resgatando a importância do Conto e Fada na Alfabetização, cap. 2 – A História de nossa História: Uma Literatura de Saber Popular, o mesmo está baseado em pesquisa bibliográfica, e fundamentada em vários autores como: ABRAMOVICH, BETTELHEIM, MEIRELES, VIGOTSKY entre outros que deram grandes contribuições para a concretização do mesmo. Sendo uma vez que, o ato de ler é algo que está ficando cada vez mais difícil, pelo tempo que se afunila devido nosso dia-a-dia corrido. Porém não podemos esquecer que nossas vidas pertencem a um mundo muito inconstante, muitas vezes é como se vivêssemos em outra dimensão, trabalho, estudo, casa, amigos; tudo requer tempo e disponibilidade para desenvolvermos simples atividades, por esse motivo às histórias de contos de fadas, aventuras, romances entre outros vão perdendo espaço para as revistas, jornais, internet, rádio e televisão que são meios que oferecem as informações mais resumidas e mais rápidas. Porém apesar do mundo que vivemos, não podemos esquecer que nosso mundo foi inteiramente sonhado antes de ter existido, muitas de nossas tecnologias surgiram de sonhos que se transformaram em ideias e finalmente se tornaram realidade, portanto contar uma história é resgatar o próprio destino. CAPITULO 1 – RESGATANDO A IMPORTANCIA DO CONTO DE FADA NA ALFABETIZAÇÃO Para tal, gostaríamos de convidar o leitor para “Ouvir” nossa história, portanto: Abram os seus olhos, abram os seus ouvidos, que a história vai chegar. Abra o coração e dê uma assopradinha, que é aí que a história vai morar. Então, vamos todos chamar: história, história, história... que ela já vai começar!. (MARÇAL & MARRA, 2004). Uma reflexão sobre histórias contadas ou ouvidas, sobre suas influências no homem ou mesmo sobre suas denominações, requer antes uma sucinta retrospectiva sobre a Tradição Oral. Nesta perspectiva BUSATTO (2005 15), enfatiza que as raízes, culturas e conhecimentos dos povos ditos primitivos ou povos do período da pré-escrita encontram-se arraigadas em experiências e ‘saberes’ que eram transmitidos de geração em geração, através da palavra, através das rodas de histórias em torno das fogueiras. Após a aquisição e utilização da escrita como código de registro, as histórias narradas restringiram-se principalmente a camadas populares iletradas e ligadas ao campo, até quase cair no esquecimento. Para ABRAMOVICH (1993, p. 120), os contos de fadas têm linguagem simbólica que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das crianças. Os contos de fadas mantêm uma estrutura fixa. Partem de um problema vinculado à realidade (como estado de penúria, carência afetiva, conflito entre mãe e filho), que desequilibra a tranquilidade inicial. O desenvolvimento é uma busca de soluções, no plano da fantasia, com a introdução de elementos mágicos (fadas, bruxas, anões, duendes, gigantes etc.). A restauração da ordem acontece no desfecho da narrativa, quando há uma volta ao real. Valendo-se desta estrutura, os autores, de um lado, demonstram que aceitam o potencial imaginativo infantil e, de outro, transmitem à criança a ideia de que ela não pode viver indefinidamente no mundo da fantasia, sendo necessário assumir o real, no momento certo. Segundo AGUIAR (1990), apud ABRAMOVICH (1994, p. 120), os contos de fadas mantêm uma estrutura fixa. Partem de um problema vinculado à realidade (como estado de penúria, carência afetiva, conflito entre mãe e filho), que desequilibra a tranquilidade inicial. O desenvolvimento é uma busca de soluções, no 10 plano da fantasia, com a introdução de elementos mágicos (fadas, bruxas, anões, duendes, gigantes etc.). A restauração da ordem acontece no desfecho da narrativa, quando há uma volta ao real. Valendo-se desta estrutura, os autores, de um lado, demonstram que aceitam o potencial imaginativo infantil e, de outro, transmitem à criança a ideia de que ela não pode viver indefinidamente no mundo da fantasia, sendo necessário assumir o real, no momento certo. BETTELHEIM (2004, p. 20), afirma que os contos, referem-se aos problemas interiores, promovem o desenvolvimento de recursos internos e criam soluções para tais dificuldades a serem enfrentadas no decorrer do seu crescimento. Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança. Sendo logo, a área do maravilhoso conto de fadas tem linguagem metafórica que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das crianças. Aponta o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998 , p. 126), que a construção da linguagem oral não é linear e ocorre em um processo de aproximações sucessivas com a fala do outro, seja ela do pai, da mãe, do professor, dos amigos ou aquelas ouvidas na televisão, no rádio etc. Nas inúmeras interações com a linguagem oral, as crianças vão tentando descobrir as regularidades que a constitui, usando todos os recursos de que dispõem: histórias que conhecem, vocabulário familiar etc. Assim, acabam criando formas verbais, expressões e palavras, na tentativa de apropriar-se das convenções da linguagem. Ainda de acordo com o RCNEI – Vol. 3, a ampliação da capacidade de comunicação oral das crianças, ocorre gradativamente, por meio de um processo de idas e vindas que abrangem tanto a participação dos pequenos nas conversas cotidianas, em ocasiões de escuta e canto de músicas, em brincadeiras etc., como a participação em situações mais formais de uso da linguagem, como aquelas que envolvem a leitura de textos diversos. A ampliação do universo discursivo da criança também se dá por meio do conhecimento da variedade de textos e manifestações culturais que expressam modos e formas próprias de ver o mundo, de viver, de pensar [...] músicas, poemas e histórias são um rico material para isso. (BRASIL,, 1998, p. 139). 11 Para ABRAMOVICH (1995, p.17). como a literatura infantil prescinde do imaginário das crianças, sua importância se dá a partir do momento em que elas tomam contato oralmente com as histórias, e não somente quando se tornam leitores. Desde muito cedo, então, a literatura torna-se uma ponte entre histórias e imaginação, já que é ouvindo histórias que se pode sentir, e enxergar com os olhos do imaginário, abrir as portas à compreensão do mundo. Segundo MEIRELES (1984, p. 13-14), coloca que os problemas na literatura infantil, e o conto, sob qualquer das suas formas, é material de teor excelente para as criações da criança, que por meio delas, se constrói a si mesma. Do material depende, em larga escala, a qualidade construção, ou seja, a espécie de conto, que a criança ouve ou lê, determina, em grande parte, a espécie de construção que fará e na qual a sua pessoa mistura, se compromete e se completa. Nesse sentido para BETTELHEIM (1980, p.152), os contos de fadas são essenciais para o desenvolvimento da criança, essas histórias onde a fantasia e a realidade se encontram levam a constatação de que o bom e o mau, o feio e o bonito convivem lado a lado. E que nossas fantasias são os recursos naturais que fornecem e moldam esta matéria-prima, tornando-a útil para as tarefas de construção da personalidade que cabem ao ego. “Se somos privados desta fonte natural, a vida fica limitada; sem fantasias para nos dar esperanças, não temos forças para enfrentar as adversidades da vida”. A infância é a época que estas fantasias precisam ser nutridas. Corroborando o pensamento de BETTELHEIM, AGUIAR (2001), afirma que: O uso da fantasia na literatura infantil é mais um recurso de adequação do texto ao leitor (...) já que a criança compreende a vida pelo viés do imaginário. A partir da transfiguração da realidade pela imaginação, o livro infantil põe a criança em contato com o mundo e com todos os seus desdobramentos. (p.83). Segundo BETTELHEIM (1980, p. 152-153), as dimensões da fantasia e da imaginação fazem parte do desejo da criança em modificar a realidade que não lhe convém. A infância é a fase ideal para aprender a entender como viver e como funciona a vida em sociedade, a melhor forma de transmitir valores culturais para uma criança é através da literatura que canaliza melhor este tipo de informação. Apoiando-se nos seus próprios recursos, tudo o que a criança pode imaginar são elaborações de onde está no momento, dado eu não sabe pra onde 12 precisa ir, nem como fazer pra chegar lá. É aí que os contos de fadas fornecem o que a criança mais precisa: começam exatamente onde a criança está emocionalmente, mostram-lhe para onde ir e como fazê-lo. Segundo REGO (1995, p. 69), o estímulo à leitura pode começar pelos livros contendo textos curtos cujas histórias já são conhecidas pelas crianças. Contextualizando as leituras iniciais, oferecendo assim um suporte para que ela consiga descobrir novas correspondências som-grafia. Ao dominarem os mecanismos da leitura, as próprias crianças buscam na leitura, novas aventuras em novos livros. Neste momento da aprendizagem, com foco nestas aquisições linguísticas, quando a estória não será contada com fim primordial de fruição, as adaptações dos contos podem ser um recurso, pois os textos originais são longos, podendo ser cansativos às crianças, quando estas ainda não possuem o desenvolvimento de leitura consolidado. Porém elas mesmas notarão que nem todos os acontecimentos estão ali e farão suas críticas, isto é, se os textos em suas formas completas foram devidamente difundidos, e conforme forem consolidando suas habilidades. Para MACHADO (2002, p.81), os textos contemporâneos, advindos da intertextualidade do conto de fadas, são interessantes, até mesmo como uma abordagem crítica e pessoal de novos autores. A criança também deve ter acesso a essa diversidade literária, porém, como reforça, “é como uma brincadeira. Não dá para brincar de “pequeno construtor” com quem nunca viu uma casa”, por isso a necessidade primeira é conhecer os clássicos em seu modo tradicional. Ainda de acordo com BETTELHEIM, (1980, p.161-162), é a partir dos cinco anos de idade que os contos de fadas tornam-se verdadeiramente significativos. É na infância que estas começam a construir pontes sobre a imensa lacuna entre a experiência interna e o mundo real. Afirma ainda que o conto de fadas usa símbolos universais que permitem à criança escolher, selecionar, negligenciar e interpretar o conto de forma mais congruente ao seu estado de desenvolvimento intelectual e psicológico. Qualquer que seja este estado, o conto de fadas determina a forma como a criança pode transcendê-lo, e o que pode estar envolvido na conquista do próximo estágio no seu progresso para a integração madura. AGUIAR (2001), destaca que a etapa da infância é a que mais desenvolve a fantasia, pois, a criança vive mais nesse mundo que no da realidade, o que faz 13 aumentar seu interesse por contos e narrativas fantásticas. Os contos de fadas oferecem figuras nas quais a criança pode internalizar o que se passa na sua mente, de modo controlável. Os contos de fadas mostram à criança de que modo ela pode personificar seus desejos destrutivos numa figura, obter satisfações desejadas de outra, identificar-se com uma terceira, ter ligações ideais com uma quarta, e daí para diante, como requeiram suas necessidades momentâneas. BETTELHEIM (1980, p.159), enfatiza que por meio destes a criança começa a perceber que há grandes diferenças entre as pessoas. À medida que a estória se desenrola, o herói é frequentemente é forçado a depender de amigos que o ajuda. Quando o conto termina, o herói dominou todas as provas e apesar delas, ele permaneceu fiel a si próprio, ou, ao passar por elas exitosa mente, adquiriu sua heroicidade verdadeira. Tornou-se autocrata no melhor sentido da palavra – com autogoverno, uma pessoa verdadeiramente autônoma e não uma pessoa que nos manda outros. BETTELHEIM (1980, p.21), coloca ainda que tais contos também ajudam a criança a conhecer a história, muitas vezes oculta, da constituição das relações sociais do mundo tal como o conhecemos hoje, assim como as diferentes maneiras pelas quais a humanidade age neste mundo na eterna luta pela sobrevivência, construindo sociedades e as destruindo, estabelecendo sistemas de governo e estilos de vida. E que a criança extrairá significados diferentes do mesmo conto de fadas, dependendo de seus interesses e necessidades do momento. Tendo a oportunidade, voltará ao mesmo conto quando estiver pronta a ampliar os velhos significados ou substituí-los por novos. Para BETTELHEIM, (1980, p.19), os conflitos internos profundos originados em nossos impulsos primitivos e emoções violentas são todos negados em grande parte da literatura infantil moderna, e assim a criança não é ajudada a lidar com eles. Mas a criança está sujeita a sentimentos desesperados de solidão e isolamento, e com frequência experimenta uma ansiedade mortal. O conto de fadas, em contraste, toma estas ansiedades existenciais e dilemas com muita seriedade e dirige-se diretamente a eles: a necessidade de ser amado e o medo de uma pessoa de não ter valor; o amor pela vida e o medo da morte. Ademais, o conto de fadas oferece soluções sob formas que a criança pode apreender no seu nível de compreensão. Afirma ainda MEIRELES que: 14 [...] a literatura oral ou escrita é um caminho de comunicação humana desde a infância que, vencendo o tempo e as distâncias, nos permite uma identidade de formação. Por essa comunhão de histórias que é uma comunhão de ensinamentos, de estilos de pensar, moralizar e viver, o mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma sociabilidade que tanto se discute. (MEIRELES, 1984, p. 77) . BETTELHEIM (1980, p.189), coloca ainda que contar um conto de fadas com uma finalidade específica que não seja a de enriquecer a experiência da criança transforma-o num conto admonitório, numa fábula ou em uma experiência didática que, na melhor das hipóteses, fala à mente consciente da criança, ao passo que um dos grandes méritos desta literatura é atingir diretamente o inconsciente da criança. MEIRELES (1984 p. 49), afirma que não há quem não possua, entre suas aquisições da infância, a riqueza das tradições, recebidas por via oral. O livro vem para substituir esta ausência. Tudo que se aprendia por ouvir contar, hoje se aprende pela leitura. Afirma a autora que: O gosto de contar é idêntico ao de escrever – e os primeiros narradores são os antepassados anônimos de todos os escritores. O gosto de ouvir é como o gosto de ler. Assim, as bibliotecas, antes de serem infinitas estantes, com as vozes presas dentro dos livros, foram vivas e humanas, rumorosas, com gestos, canções, danças entremeadas às narrativas. (MEIRELES, 1984, p. 49) Destaca BETTELHEIM (1980, p.149), que a personalidade humana é indivisível. Qualquer que seja a experiência, sempre afeta todos os aspectos da personalidade ao mesmo tempo. E a personalidade total, de forma a poder lidar com as tarefas da vida, necessita fundamentar-se numa fantasia rica combinada a uma consciência firme e uma apreensão clara da realidade. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, entre suas várias orientações, sugere que: [...] os professores deverão organizar a sua prática de forma a promover em seus alunos: o interesse pela leitura de histórias; a familiaridade com a escrita por meio da participação em situações de contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Isto se fará possível trabalhando conteúdos que privilegiem a participação dos alunos em situações de leitura de diferentes gêneros feita pelos adultos, como contos, poemas, parlendas, trava-línguas, etc. propiciar momentos de reconto de histórias conhecidas com aproximação às características da história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do professor". (BRASIL,1998, p. 117-159). MEIRELES (1984, p. 83), diz que é a literatura tradicional a primeira a instalar-se na memória da criança. Ela representa o seu primeiro livro, antes mesmo 15 da alfabetização, é o único, nos grupos sociais carecidos de letras. Por esse caminho, recebe a infância a visão do mundo sentido, antes de explicado; do mundo ainda em estado mágico. Ainda mal acordada para a realidade da vida, é por essa ponte de sonho que a criança caminha tonta do nascimento, na paisagem do seu próprio mistério. Essa pedagogia secular explica-lhe, em forma poética, fluida, com as incertezas tão sugestivas do empirismo, o ambiente que a rodeia – seus habitantes, seu comportamento, sua auréola. 1.1 AS ORIGENS DOS CONTOS DE FADAS Segundo CASCUDO (1984 p. 167), não há como calcular a antiguidade dos contos tradicionais, mas o autor acredita ter desaparecido muita história preciosa. Para ele, o segredo dos contos que resistiram ao tempo é um mistério. E ainda que muitos estudiosos tenham explicado a durabilidade de determinadas histórias, o fato é que, para o pesquisador, a “explicação anoitece ainda mais o mistério”. Segundo COELHO, (2003. p. 24), o acervo da Literatura Infantil Clássica seria completado no século XIX, no início do romantismo, com os contos do dinamarquês Hans Christian Andersen, a ponto de afirmar que: "Sintonizado com os ideais românticos de exaltação da sensibilidade, da fé cristã, dos valores populares, dos de fraternidade e da generosidade humana, Andersen se torna a grande voz a falar para as crianças com a linguagem do coração.” Segundo COELHO (2003, p. 22), a literatura infantil se expandiu um século depois, na Alemanha do século XVIII, a partir das pesquisas linguísticas. Realizadas pelos irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm). Na busca das possíveis invariantes linguísticas, nas narrativas antigas, lendas e sagas que permaneciam vivas, transmitidas de geração para geração, os irmãos Grimm foram descobrindo o fantástico acervo das narrativas maravilhosas, que selecionadas entre as centenas registradas pela memória do povo, acabaram por formar a coletânea que é hoje conhecida como Literatura Clássica Infantil. Entende a mesma autora, que os contos dos Grimm tratam da eterna luta pela existência, seja externa, a partir das privações como fome e abandono, ou interna, como as injustiças. Para 16 eles o problema tem uma solução, ou a sua superação, a vitória sobre as adversidades. KUPSTAS (1993, p.8-9), em seu livro, Sete Faces dos Contos de Fadas afirma que há autores que optam por definir como “contos maravilhosos” essas histórias populares, que na verdade compreendem tudo do universo mágico, e não só as fadas. Destaca que os tais contos constituíram, durante toda a Idade Média e Moderna, a literatura popular oral das populações europeias em geral. Por volta do século II A.C. até o século I da era cristã, o povo celta acrescentou, a tantas histórias bem antigas, a presença forte das fadas – mulheres “iluminadas”, capazes de prever (ou prover, sustentar) o futuro de outra pessoa, normalmente alguém especial a quem elas protegiam. E a imaginação popular dotou-as de pequenas asas, varas de condão, diminuiu seu tamanho, mas sempre as vendo como belas e bondosas. Mesmo se tratando de obras de ficção, através dos tempos essa forma literária tornou-se um grande suporte para proporcionar à criança prazer interior, estimulando o imaginário e abrindo caminho para o conhecimento do seu próprio eu e do mundo em que se insere. Para COELHO (2003, p. 33) ainda, no século Renascimento, numerosas obras surgiram neste XVI, período, época e, do foram desenvolvidas com base na atmosfera mágica céltico-bretã. Entre elas estão Sonhos de uma Noite de Verão de Shakespeare, História do Cavaleiro Cifar, que conta a paixão do cavaleiro pela Dama do lago, Viviana, e o Cavaleiro e o Cisne, que fazem parte de best-sellers da novelística da renascença castelhana. COELHO chega a explicar que: Seria longa a lista de obras que, no Renascimento (ou Tempos Modernos), através da Era Clássica, acolheram o maravilhoso feérico, no qual não viviam só as fadas, mas também as banshee irlandesas, as “mouras encantadas”, as xanas asturianas, as “damas verdes” germânicas, nascidas em diferentes climas, simbolizando importantes experiências que a lógica não conseguia explicar.(2003 p. 33 ). Para BETTELHEIM (2007, p.11), a aquisição de habilidades, inclusive a de ler, fica destituída de valor quando o que aprendeu a ler não acrescenta nada de importante a nossa vida. Para que uma história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar a sua curiosidade. Contudo, para enriquecer sua vida, deve-se estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a 17 tornar claras suas emoções; estar em harmonia com suas ansiedades e sugerir soluções para os problemas que a perturbam. Para BETTELHEIM (1980 p.75), no seu livro A psicanálise dos contos de fadas afirma, que quando os contos de fadas estão sendo lidos para as crianças parecem fascinadas. Mas que não é dado às crianças o tempo necessário para assimilar tais contos, pois outra atividade ou estória de um tipo diferente é contada. Afirma BETTELHEIM que: [...] quando o contador dá tempo às crianças de refletir sobre as estórias, para que mergulhem na atmosfera que a audição cria, e quando são encorajadas a falar sobre o assunto, então a conversação posterior revela que a estória tem muito a oferecer emocional e intelectualmente, pelo menos para algumas crianças. (1980, p.75). Apoiando BETTELHEIM, apud MEIRELES (1984, p. 13-14), acrescenta que insistimos neste ponto da permanência do tradicional, na Literatura infantil, tanto oral como escrita, porque vemos um caminho de comunicação humana desde a infância que, vencendo o tempo e as distâncias, nos permite uma identidade de formação. Por essa comunhão de historias, que a comunhão de ensinamentos, de estilos de pensar, moralizar e viver, o mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma sociabilidade que tanto se discute. Segundo BETTELHEIM (2007, p.72), desde a antiguidade, os contos são narrativas populares que perpassaram inicialmente pela tradição oral. São narrativas simples, porém de grande complexidade, pois abordam assuntos de conflitos cotidianos até filosóficos e psicológicos, geralmente abordados através da formação moral e dos polos opostos como, por exemplo, a bondade e a maldade, a beleza e a feiura entre outros. Estas estórias falam ao ego em germinação e encorajam seu desenvolvimento, enquanto ao mesmo tempo aliviam pressões pré- conscientes e inconscientes. Começam onde a criança realmente se encontra no seu ser psicológico e emocional. Falam de suas pressões internas graves de um modo que ela inconscientemente compreende. LAJOLO (2008, p.128), argumenta que a literatura é uma forma de interação íntima, exercício inclusive de cidadania, em que a criança pode: apossar-se da linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo que nunca vá escrever um livro: mas porque precisa ler muito. A literatura seria a porta de entrada para a criatividade e o conhecimento. Ao trazer o conto para dentro 18 da sala de aula, este não pode ser visto como um grande banco de palavras que estarão ali para ser matéria-prima da alfabetização. As premissas da alfabetização estarão sempre posteriores ao aprofundamento intrínseco e depois de esgotadas as abordagens interpretativas a que o texto aspira. A interpretação que elencamos aqui não trata daquela abordagem tradicional, como fichas de leitura, questionários com perguntas óbvias e com respostas restritas aos aspectos descritivos do texto, mas sim de um aprofundamento subjetivo. 1-2 - O PAPEL DO CONTO DE FADA NA CONSTRUÇÃO DA PERSONALIDADE E DAS CRIANÇAS. Segundo SANDRONI & MACHADO (1998, p.12), o contato da criança com o livro pode acontecer muito antes do que os adultos imaginam. Muitos pais acreditam que a criança que não sabe ler não se interessa por livros, portanto não precisa ter contato com eles. O que se percebe é bem ao contrário, a criança percebe desde muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer. As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores, formas e figuras que os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as. De acordo com SANDRONI & MACHADO (1998, p.16) É importante que o livro seja tocado pela criança, folheado, de forma que ela tenha um contato mais íntimo com o objeto do seu interesse. A partir daí, ela começa a gostar dos livros, percebe que eles fazem parte de um mundo fascinante, onde a fantasia apresentase por meio de palavras e desenhos. o amor pelos livros não é coisa que apareça de repente". É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem oferecer. Assim, pais e professores têm um papel fundamental nesta descoberta: serem estimuladores e incentivadores da leitura. Segundo ABRAMOVICH (1997, p.23), é importante contar histórias mesmo para as crianças que já sabem ler, pois "quando a criança sabe ler é diferente sua relação com as histórias, porém, continua sentindo enorme prazer em ouvi-las". Quando as crianças maiores ouvem as histórias, aprimoram a sua capacidade de imaginação, já que ouvi-las pode estimular o pensar, o desenhar, o escrever, o criar, o recriar. Num mundo hoje tão cheio de tecnologias, onde as informações estão tão 19 prontas, a criança que não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário, poderá no futuro, ser um indivíduo sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade para compreender a sua própria realidade. Para COELHO (1995, p.31), a função pedagógica dos contos de fadas, é quase como regra, era afastar os pequenos dos perigos... Além disso, encontra-se em muitos desses contos a defesa de valores como a virtude, o trabalho e a esperteza. NÓBREGA (2009, p.20), demonstra que os contos partem de uma organização simples e dinâmica, “mantém uma estrutura fixa, partem de um problema vinculado à realidade que desequilibra a tranquilidade inicial, buscam soluções no plano da fantasia e necessitam de elementos mágicos para, enfim, trazer de volta a realidade”, possibilitando à criança interação com um modo bem próximo de seu modo de percepção do mundo. MACHADO (2002, p. 74-75), salienta que os contos são narrativas culturais e, portanto, Literatura popular e que inicialmente era oral – mas, de qualquer forma, literatura. Uma manifestação artística por meio das palavras. Uma forma de produção cultural que tem seu próprio sentido, lentamente elaborado pelos diferentes elementos da narrativa, à medida que a história se desenrola e se encaminha para seu final, consolidando seu significado profundo. Sendo assim, um dos modos mais eficazes e completos de efetivar o contato da criança com os contos de fadas é por meio da fruição do texto narrado por um adulto leitor. A simples narrativa é a mais tradicional e antiga forma de narração oral, sem recursos visuais, dependo apenas de suas expressões corporais. Sem recursos visuais, a criança pode construir seu espaço, seus personagens, como demandam seus sentimentos naquele momento. A atenção da mesma deve estar exclusivamente voltada ao narrador e ao enredo da história. É necessária a não substituição de termos ou expressões desconhecidas, mas acrescentar sinônimos durante a narração. Dessa forma, a criança passa também a ser introduzida nos recursos linguísticos utilizados NA língua escrita, aumentando seu vocabulário. Para MACHADO (2002, p. 78), a escolha do livro deve ser realizada pela criança, uma vez que ela intuitivamente consegue perceber qual proposta narrativa lhe faz mais sentido naquele momento. O adulto leitor deve ter empatia pela escolha, devendo apresentar de modo sensível e interativo o enredo. Deve-se 20 ressaltar, porém, que a interpretação, os significados dos textos são subjetivos e seus efeitos psicanalíticos são internos, simbólicos, não devendo nunca os adultos interferirem nos conflitos íntimos da criança. A esse respeito, Machado (2002, p. 78) afirma que: Tudo é possível no encontro do leitor com o texto literário, porque em literatura esse pacto fica muito claro. Autor/contador e leitor ouvinte sabem disso perfeitamente. Naquele espaço que estão compartilhando a situação de leitura, a linguagem é usada de forma bem diferente de seu emprego quotidiano para situações concretas. Situa-se em outra esfera, significa de modo diferente. [...] A linguagem poética é simbólica, colorida, metafórica. (MACHADO, 2002, p. 78). Segundo FERREIRA (1975, p. 918), imaginar é construir ou conceber na imaginação; fantasiar, idear, inventar; é o ilusório; o fantástico; a imaginação; é a faculdade que tem o espírito de representar imagens. Imaginário: é o que só existe na imaginação. Vamos agora supor que o imaginário da criança seja como um rio, quando jogamos uma pedra no rio, ondas circulares se forma ao redor e vão se movimentando e atingindo correntes de águas cada vez mais longe. A pedra ao mergulhar vai assustando peixes, atraindo curiosos, e mudando a rotina do local, mesmo que por pouco tempo. Uma criança ao ouvir contos de fadas, transforma a pedra em cada uma das palavras que lhe são contadas, trazendo lembranças, sonhos, desejos, personagens, dúvidas, medos e associações. Em virtude destes pressupostos BETTELHEIM (2002, p.23), afirma que: Os contos de fadas, à diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação e também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter. Os contos de fadas declaram que uma vida compensadora e boa está ao alcance da pessoa apesar da adversidade, mas apena-se ela não se intimidar com as lutas do destino, sem as quais nunca se adquire verdadeira identidade. Estas estórias prometem à criança que, se ela ousar se engajar nesta busca atemorizante, os poderes benevolentes virão em sua ajuda, e ela o conseguirá. As estórias também advertem que os muito temerosos e de mente medíocre, que não se arrisca, mas e encontrar, devem se estabelecer numa existência monótona-se um destino ainda pior não recair sobre eles. Para SANDRONI & MACHADO (1998, p.15), algum tempo depois, as crianças passam a se interessar por histórias inventadas e pelas histórias dos livros, como: contos de fadas ou contos maravilhosos, poemas, ficção, etc. Tem nesta perspectiva, a possibilidade de envolver o real e o imaginário que afirmam que os livros aumentam muito o prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real. 21 Segundo VIGOTSKI (1992, p.128) garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação, que caminham juntos, a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista. Neste sentido, VYGOTSKY enfoca que: na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade. Esse distanciamento da realidade através de uma história, por exemplo, é essencial para uma penetração mais profunda na própria realidade: "afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece. (1992, p.129). Segundo COELHO (2002, p.34), a técnica da repetição ou reiteração de elementos são favoráveis para manter a atenção e o interesse desse difícil leitor a ser conquistado. O leitor iniciante (a partir dos 6/7 anos) Essa é a fase em que a criança começa a apropriar-se da decodificação dos símbolos gráficos, mas como ainda encontra-se no início do processo, o papel do adulto como "agente estimulador" é fundamental. CAPITULO 2 - HISTÓRIA DE NOSSA HISTÓRIA: UMA LITERATURA DE SABER POPULAR As fábulas, e os contos como as afirmações a seguir sugerem, podem contribuir para o desenvolvimento intelectual e de linguagem das crianças, como afirma DOHME, (2003, p. 99 – 100). as fábulas trabalham com a parte racional das crianças, [...] irão trazer a elas exemplos de fatos, características de personalidades e tipos de relacionamentos que vão levar a consequências. Estes exemplos farão com que ela exercite o seu raciocínio, sua inteligência, convidando-a a relacionar estas experiências com as suas, [...] de forma a dar elementos para a formação de [...] um repertório de ação em situações concretas. Segundo MATHIAS (1983, p 7), várias lendas nos falam de um escravo grego chamado Esopo, que viveu aproximadamente em 620 a 560 a.C., dizem que foi comprado e vendido muitas vezes, muito provavelmente devido à sua estranha aparência. Imagina-se que ele era corcunda, tinha o nariz chato, lábios muito grossos e a cabeça deformada; também era anormalmente moreno. As lendas fazem crer que ele sofria de um defeito da fala, o que devia incomodá-lo quando contava histórias, mas não lhe afetava a agilidade mental. As experiências e as viagens de Esopo deram-lhe um conhecimento e uma sabedoria superiores aos de seus companheiros. Talvez por causa de suas deficiências, ou apesar delas, ele possuía uma profunda compreensão da humanidade e de todas as fraquezas, o que se reflete nas suas fábulas. Adaptou para o comportamento dos animais aquilo que percebia, sabendo que dessa maneira seria mais fácil às pessoas aceitarem e entenderem a verdade dos seus julgamentos simples. Foi o fato de Esopo julgar as pessoas, que, dizem as lendas, acarretou sua morte. Ele viajou para a Ilha dos Delfos e declarou que, de longe, ela parecia ‘feita de um material pujante’, mas de perto revelava-se ‘um monte de ervas daninhas e lixo’. Seus comentários irritavam a tal ponto os habitantes da ilha, que estes se enfureceram, agarraram-no, atiraram-no de um alto rochedo, e ele morreu. Se a vida de Esopo tivesse sido mais calma, poderia ter sido mais feliz, mas, para nós, isso talvez significasse a perda da maior coleção de fábulas existentes nos dias de hoje. 23 Segundo MATOS (2005, p.87), essa definição de contador de histórias, como qualquer outro fenômeno social, “não pode ser desvinculada de seu contexto histórico”. Temos ao longo da história da humanidade três períodos distintos e sucessivos: “a sociedade de tradição oral, a sociedade de tradição escrita e a sociedade contemporânea. Em virtude deste pressuposto de MATOS (2005, p.102), os contadores eram tidos como “grandes sábios” da comunidade, os que tinham o Dom da palavra e o poder de transmitir e manifestar “saberes’ e valores”. O verdadeiro contador de histórias busca na memória aquilo que conta: suas lembranças, visão das coisas, das pessoas e acontecimentos, é autor de seu próprio caminho através da história que conta, ele cria caminhos novos e únicos. Seguindo ainda na construção do perfil de contador de histórias, encontramos referência em MATOS (2005), que caracteriza o contador a partir de três formas de narrativa: Uma seria o contador primitivo ou tradicional, aquele que ouve alguma coisa, alguém fala alguma coisa para ele, ele já está recontando, porque ao ouvir ele criou uma estrutura mental, gravou aquilo, e a partir do momento em que começa a contar ele está nada mais que descrevendo o que está registrado na mente dele. Existe também o contador que seria o ator. O ator pega uma história, trabalha aquilo, aí ele fala: eu tenho que ser cênico, e vou mostrar como é que funciona. [...] E existe o narrador oral, [aquele que] decora o texto, pega o texto, como o repórter, e conta a história. [...] (MATOS, apud RAMOS, 2005, p.102). MATOS (2005, p. 90), acrescenta que em linhas gerais, o contador de histórias busca na própria memória aquilo que conta, busca suas vivências e lembranças, sua percepção das coisas, das pessoas, dos acontecimentos e relacionamentos, cria imagens e desenha local, instrumentaliza sua criatividade com diversas leituras e observações e dessa forma constitui-se um canal para transmissão de ideias, conhecimentos e ‘sabedorias’. Desta forma, como vimos, contar histórias não é simplesmente ler ou declamar, encontramos ressonância em ABRAMOVICH (1989), quando a autora refere que, para contar histórias, é: [...] bom saber como se faz. Afinal, nela se descobrem palavras novas, se entra em contato com a música e com a sonoridade das frases, dos nomes... Se capta o ritmo, a cadência do conto, fluindo como uma canção... Ou se brinca com a melodia dos versos, com o acerto das rimas, com o jogo das palavras... Contar histórias é uma arte...e tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido [...]. (1989, p.18). 24 Segundo ABRAMOVICH (1989, p.21), para que isso ocorra, é bom que quem esteja contando crie todo um clima de envolvimento, de encantamento... Que saiba dar as pausas, criar os intervalos, respeitar o tempo para que o imaginário de cada criança possa construir seu cenário (construir sua linguagem e exercitar seu papel de interlocutor). Nesse sentido, pudemos também vivenciar a característica assinalada por ALVES (1991, p.54), quando considera “o pesquisador como principal instrumento de investigação e a necessidade de contato direto e prolongado com o campo.” Para MATOS (2005, p 22), a tradição oral, pode-se dizer, é uma história que carrega em si as transformações do próprio homem, de suas civilizações, cultura, valores, crenças e da própria construção do conhecimento. Através da palavra, os povos se constituíram e adquiriram conceitos, podendo perpetuar sua imagem e registrar na história do mundo a sua existência. As pessoas se reuniam em torno da ‘palavra’ do contador Ainda seguindo o raciocínio de MATOS (2005, p 22), temos que tais histórias da tradição oral constituíram, com o passar do tempo, a Literatura Oral – um conjunto de formas narrativas que foram transmitidas através das gerações pela palavra falada e que puderam ser resgatadas e registradas pela palavra escrita podendo ser ‘eternizada’ e utilizada quando se fizesse necessário. MATOS (2005, p.26, 27), em relação a esse repertório da tradição oral, a autora nos traz citações importantes de Hampâte Bâ, um exímio contador de histórias que reforça essa reflexão quando diz que: os mitos, contos, lendas, histórias orais [...] frequentemente constituem para os sábios dos tempos antigos um meio de transmitir, ao longo dos séculos, de uma maneira mais ou menos velada, pela linguagem de imagens e sons, os conhecimentos que, recebidos desde a infância, ficaram gravados na memória profunda do indivíduo, para ressurgirem talvez, no momento apropriado, e iluminado por um novo sentido [...]. Eles são a mensagem de ontem, destinada ao amanhã, transmitida hoje. (MATOS, 2005, p.26, 27). Para MATOS (2005, p. 27), é realmente espantoso, quando nos deparamos com os estudos que relatam que antigamente, quando não se tinha o hábito da escrita como meio de registro e transmissão de conhecimentos e sabedorias, as pessoas, quaisquer pessoas, tinham a roda de histórias, como um canal 25 oral de transmissão de cultura e conhecimento, que ao mesmo tempo distraía e instruía, favorecendo um melhor contato social, a fim de uma construção de um ‘saber universal’ Segundo COELHO (2003, p.31), nesses tempos primordiais, a comunicação se dava de pessoa para pessoa e os povos que receberam tais narrativas viviam distanciados geograficamente, separados por montanhas, rios, mares, em um tempo em que as viagens eram feitas a pé, ou a cavalo ou em barcos toscos... Isso prova a força da ‘palavra’ como fator de integração entre os homens. BUSATTO (2005, p.17), coloca que desta maneira, fica assinalado que algumas civilizações valorizavam mais as tradições culturais de seus povos, outras nem tanto, mas todas, de alguma forma, encontravam-se mescladas às origens e tradições culturais das demais, porém vale citar que para os povos, o conto de tradição oral, é considerado mais do que um estilo literário a serviço do divertimento. Sabe-se que neles estão contidos o conhecimento e as ideias de um povo, e que através deles seria possível indicar condutas, resgatar valores. Segundo BUSATTO (2005, p. 21 e 28), de certa forma, a relevância dos contos de literatura oral, entre crenças, valores, raças e culturas: [...] que os contos surgiram de uma necessidade intrínseca do homem em explicar a sua origem e a origem das coisas, dotando de significados a sua existência [...]. É uma das mais genuínas expressões culturais da humanidade, sem que com isso possamos lhe atribuir paternidade. Saber de sua provável origem mostra-se apenas uma curiosidade, porque o conto se molda ao contexto onde ele é narrado e, como um camaleão, vai se adaptando às cores e aos tons de cada povo, de cada contador que o narrou. Cada voz imprimiu a sua sonoridade, cada corpo as suas emoções. Ele mudou de nome e de roupa, mas a sua essência continua inalterada. O conto de tradição oral é um retrato da magia e do encantamento, uma fantástica criação da mente humana. (BUSATTO, 2005, p. 21 e 28). 2.1 - CONTOS DE FADAS, MITOS, LENDAS E FÁBULAS: FILHOS DA MESMA MÃE. Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento ”Fada”, etimologicamente a palavra fada vem do latim “Fatum” (destino, fatalidade, oráculo). Afirma assim COELHO, (2009, p.78), que: 26 Comprova-se que as fadas tiveram origem comum em função do próprio termo que as designa: “fada”. Sua primeira menção documentada em textos novelescos foi em língua latina: fata (oráculo, predição), derivada de fatum (destino, fatalidade).Nas línguas modernas: fada (português); fata (italiano); fée (francês); fairy (inglês); feen (alemão) e hada (espanhol). (COELHO, 2009, p.78). COELHO (2009, p.79), afirma ainda que se tornaram conhecidas como os seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, que se apresentavam sob forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes sobrenaturais que interferem na vida dos homens, para auxiliá-los em situações-limite, quando já nenhuma solução natural seria possível. Não há dúvida que, em sua origem, as fadas estavam ligadas a cultos ou ritos religiosos. Em grande número de contos irlandeses (de origem celta), a heroína (sempre um ser sobrenatural) aparece como mensageira de Outro Mundo ou surge sob forma de um pássaro (em geral, cisne), que está ligado ao mistério da morte. (COELHO 2009 p.79). Segundo ABRAMOVICH (2006, p.17), essa formação, que utilizava tais textos aconselhava em suas páginas principalmente o patriotismo, o amor e respeito à família e aos mais velhos, a dedicação aos mestres e à escola, a piedade pelos pobres e fracos. É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula.(ABRAMOVICH ,2006 p.17). Para BETTELHEIM (2002, p.17), a forma simbólica sob a qual são apresentadas as situações permite ao ouvinte, ou ao leitor, sentir-se implicado, não deixando por isso de manter as suas distâncias. Todas as crianças, por muito amadas e queridas que sejam, estão sob o poder dos adultos, vivem situações que consideram injustas, sonham com o dia em que o mundo vai descobrir que são muito mais inteligentes, muito mais bonitas, muito mais interessantes e dignas de ser amadas do que alguém reconheceu alguma vez. É maravilhoso para a criança pressentir que essa descoberta pode acontecer que chegará o dia em que poderá ocupar o lugar que legitimamente sente pertencer-lhe. Daí se poder dizer que os contos de fadas carregam as baterias da autoestima das crianças tendo grande importância na sua formação. Obviamente os contos de fadas não são as únicas histórias que podem ser lidas ou contadas às crianças. Mas são mais facilmente apreensíveis graça à sua estrutura e aos seus temas, à utilização de fórmulas de repetição. A sua linguagem metafórica permite à criança projetar-se em diferentes personagens e situações. 27 Segundo DOHME (2003, p. 21), sem dúvida, pensando no cidadão de amanhã, uma das maiores preocupações dos professores e até mesmo dos pais é de formar um homem e uma mulher que sejam críticos, que tenham capacidade de analisar o que está à sua volta, de avaliar o que está de acordo com seus princípios e o que não está e de tomar decisões de acordo com as suas próprias convicções.” Por exemplo: As crianças pequenas ficarão encantadas quando Cinderela se apaixonar imediatamente pelo príncipe. Mas, as mais velhas poderão ser questionadas se somente o fato de ser bonito, rico e poderoso é suficiente para alguém se apaixonar. Segundo DOHME (2003, p. 22), esse último é abastecido pela literatura infantil, que atua como suporte de diálogo, recreação e elaboração de ideias. Ela desperta a sensibilidade da criança e aflora seu senso crítico, permitindo sua alfabetização intelectual e estética, além da percepção ética e moral, fartamente encontrada nos contos de fadas. Os contos de fadas pertencem ao mundo dos arquétipos, são míticos, simbólicos, respondem ao universo da criança, e, sendo assim, torna-se possível perceber que não nos dão outro poder, senão o de assumir o real através da cultura do imaginário. Segundo ABRAMOVICH (1995, p.17), contar histórias é a mais antiga das artes. Nos velhos tempos, o povo assentava ao redor do fogo para esquentar, alegrar, conversar, contar casos. Pessoas que vinham de longe de suas Pátrias contava me repetiam histórias para guardar suas tradições e sua língua. As histórias se incorporam à nossa cultura. Ganharam as nossas casas através da doce voz materna, das velhas babás, dos livros coloridos, para encantamento da criançada. E os pedagogos, sempre à procura de técnicas e processos adequados à educação das crianças, descobriram esta “mina de ouro”, as histórias. Para ABRAMOVICH (2006, p.19), o imaginário da criança é uma possibilidade de descobrir o mundo imenso de conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivem e atravessam, de um jeito ou de outro, através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelos personagens de cada história. É através de uma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, 28 antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula. (ABRAMOVICH 2006,p.19). Para BETTELHEIM (1992), ainda que as crianças utilizam os contos para conseguir lidar com problemas reais, enfrentando-os com a coragem de um adulto e com a inocência de uma criança. Enquanto diverte a criança, o conto de fadas esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança. BETTELHEIM (1992 p.20) Segundo ABRAMOVICH (2006, p. 120), isso ocorre porque os contos de fadas estão envolvidos no maravilhoso, um universo que denota a fantasia, partindo sempre duma situação real, concreta, lidando com emoções que qualquer criança já viveu. Desta forma, seria interessante, os contos estarem presentes na vida da criança desde a educação infantil, auxiliando-a na elaboração dos seus conflitos, auxiliando-os a estruturar uma resposta positiva, um final feliz a seus problemas, pois os contos de fadas, ao se iniciarem com seu clássico “Era uma vez um reino distante...” são atemporais. O reino do qual o conto fala pode ser qualquer um, em qualquer lugar e seus personagens têm determinadas características que despertam assim a identificação imediata da criança com o conto. PASSERINI (1998, p. 68), o que há de comum a todos os contos de fadas é o resto de uma fé originária dos mais antigos tempos e que exprime, em conceitos imaginativos, fatos suprassensíveis. O significado dessas imagens perdeu-se há muito tempo, mas ainda é sentido e confere ao conto o seu conteúdo, ao mesmo tempo em que satisfaz o gosto natural pelo maravilhoso. Os contos de fadas jamais são um jogo cromático de uma fantasia sem teor. FRANZ (1990, p. 33), temos ainda uma afirmação de que mito é uma “produção cultural, apresentado como forma solene, litúrgica e poética, conjunto de expressões culturais conscientes, com ideias expressas de maneira mais explícita, e que são subdivididos em mitos e mitos religiosos” Para PASSERINI (1998, p. 78), ao contrário dos contos de fadas, os mitos são narrativas de personagens que, em geral, têm poderes divinos, e normalmente realizam proezas distantes da vida cotidiana e da realidade. Revelam, portanto, um significado simbólico, “se desenvolvem no plano sagrado ou sobrenatural, seus personagens são deuses e sua finalidade expressaria a dependência do homem e 29 do mundo em relação a um plano divino. As ideias dos mitos encontram-se escondidas, dissimuladas ou fragmentadas, muito provavelmente pelas distorções ocorridas nas transmissões orais realizadas ao longo do tempo BAYARD 1957, apud PASSERINI (1998, p. 75), a lenda, mais verdadeira do que a história, é um precioso documento: ela revela a vida do povo, comunica-lhe um ardor de sentimentos que nos comove mais do que a rigidez cronológica de fatos consignados. As lendas como outra modalidade são tidas como relatos de fatos reais, transformados e ampliados pela imaginação do homem. São narrativas populares que envolvem acontecimentos fantásticos, são histórias fabulosas que devem ser lidas. Sob este enfoque, sua origem revela-se pela necessidade do espírito humano melhor esclarecer o mundo que o circunda e os aspectos que ainda lhe são incompreensíveis. Refere-se a uma narração na qual os fatos transcorrem dentro de um tempo apresenta-se definido, histórico ou o heroico; comportamento dos normalmente são seus personagens histórias que têm localização geográfica definida e relação estreita com o folclore . BETTELHEIM (1998, p.20), diz que os contos de fadas são impares, não são como uma literatura, mas como uma obra de arte integrante compreensível para a criança como nenhuma forma de arte o é. Desta forma, o conto de fada trará um significado diferente para cada pessoa e diferente para a mesma pessoa, em vários momentos de sua vida. A contação de história na educação infantil é muito importante, pois é através da voz do adulto que a criança faz sua primeira leitura, é através da prática de ouvir e contar histórias que surge a sua relação com a leitura e os livros. Em relação a importância de ouvir histórias ABRAMOVICH (1989, p.17), diz que é ouvindo histórias que se pode sentir emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em que as ouve- com toda amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez ( ou não) brotar. Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos imaginários. De acordo com FERREIRA (1975), fábula é narrativa curta, simples que contém uma lição de moral, historieta de ficção, de cunho popular ou artístico, de caráter alegórico, destinada a ilustrar um preceito. Os gregos costumavam chamar a 30 fábula de apólogo, sendo que esta palavra também costumava ser usada por eles, para designar uma pequena narrativa que encerra uma lição de moral. Etimologicamente, fábula se relaciona com a palavra latina fabulares significa assunto de conversa, boato, rumor, história, conversar, narrar; o que mostra que a fábula tem sua origem na tradição oral, aliás, é da palavra latina fábula que vem o substantivo português fala e o verbo falar. DOHME (2003, p. 99 – 100), as fábulas, como a afirmação a seguir sugere, podem contribuir para o desenvolvimento intelectual e de linguagem das crianças, as fábulas trabalham com a parte racional das crianças, irão trazer a elas exemplos de fatos, características de personalidades e tipos de relacionamentos que vão levar a consequências. Estes exemplos farão com que ela exercite o seu raciocínio, sua inteligência, convidando-a a relacionar estas experiências com as suas, de forma a dar elementos para a formação de um repertório de ação em situações concretas. Segundo MATHIAS (1983, p.7) várias lendas nos falam de um escravo grego chamado Esopo, que viveu aproximadamente em 620 a 560 A.C., dizem que foi comprado e vendido muitas vezes, muito provavelmente devido à sua estranha aparência: Imagina-se que ele era corcunda, tinha o nariz chato, lábios muito grossos e a cabeça deformada; também era anormalmente moreno. As lendas fazem crer que ele sofria de um defeito da fala, o que devia incomodá-lo quando contava histórias, mas não lhe afetava a agilidade mental. As experiências e as viagens de Esopo deram-lhe um conhecimento e uma sabedoria superiores aos de seus companheiros. Talvez por causa de suas deficiências, ou apesar delas, ele possuía uma profunda compreensão da humanidade e de todas as fraquezas, o que se reflete nas suas fábulas. Adaptou para o comportamento dos animais aquilo que percebia, sabendo que dessa maneira seria mais fácil às pessoas aceitarem e entenderem a verdade dos seus julgamentos simples. Foi o fato de Esopo julgar as pessoas, que, dizem as lendas, acarretou sua morte. Ele viajou para a Ilha dos Delfos e declarou que, de longe, ela parecia ‘feita de um material pujante’, mas de perto revelava-se ‘um monte de ervas daninhas e lixo’. Seus comentários irritavam a tal ponto os habitantes da ilha, que estes se enfureceram, agarraram-no, atiraram-no de um alto rochedo, e ele morreu. Se a vida de Esopo tivesse sido mais calma, poderia ter sido mais feliz, mas, para nós, isso talvez significasse a perda da maior coleção de fábulas existentes nos dias de hoje. FRANZ (1990, p.35), afirma que o estudo dos contos é essencial para que se delineie a base humana universal, seus estudos aprofundam-se nos contos e nas suas interpretações, pois, para ela, apresentam uma linguagem que todos entendem. Ainda para a autora, os contos de fadas têm como verdadeira base a arquetípica: 31 [...] é a expressão da estrutura mais geral, e ao mesmo tempo mais básica do ser humano [...] isso se deve ao fato de [...] estar além das diferenças culturais e raciais, podendo assim imigrar facilmente de um país para outro qualquer. (FRANZ, 1990, p.35). Para DOHME ( 2003, p. 30), a narrativa dos contos de fadas, é uma ficção que usa a fantasia, dons sobrenaturais, personagens e objetos enfeitiçados, fatos que conduzem ou dão solução à história são simples, inesperados e, justificados pela magia. PASSERINI (1998, p. 77), os mitos antigos foram concebidos para harmonizar a mente e o corpo. A mente pode navegar por caminhos estranhos, querendo coisas que o corpo não quer. Os mitos e os ritos eram meios de colocar a mente em acordo com o corpo, e o rumo da vida em acordo com o rumo apontado pela natureza. Para GRANDESSO (2000, p.53), a realidade construída de cada um é um conjunto de histórias apresentadas como narrativas, que dão valor e sentido ao existir, as histórias criam uma realidade própria na vida, as histórias representam assim, o resultado de empenhos para dar um sentido à vida, organizando a experiência em sequências temporais, configuradas em relatos coerentes sobre nós mesmos e nosso mundo” GRANDESSO (2000, p. 201), coloca ainda que as histórias se constroem em uma sequência linear no tempo, por meio da memória e prospecção, brindando a pessoa com um sentido de continuidade da existência ‘como’ um referencial para interpretar sua cotidianidade e construir seus futuros possíveis. E que as pessoas organizam-se em um sistema de significados, surgidos, mantidos e modificados na convivência e diálogo com os outros. Os significados apresentam-se por meio da linguagem como narrativas. As narrativas têm então, função organizadora da experiência de cada um. As histórias são compreendidas como se “estivessem no tempo gerúndio”, sempre em movimento e abertas à modificação; Para COELHO (2000, p. 27), a literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e ávida prática, o imaginário e o real, os ideais e a sua possível / impossível realização. Os contos funcionam como um canal de comunicação com o mundo psíquico da criança, que tira das histórias 32 importantes ensinamentos para desenvolvimento do seu mundo interior. Eles elaboram de forma simbólica os conflitos entre a criança e o mundo. Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, p.143), a leitura de histórias é um momento em que a criança pode conhecer a forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares que não o seu. A partir daí ela pode estabelecer relações com a sua forma de pensar, e o modo de ser do grupo social ao qual pertence. As instituições de educação infantil podem resgatar o repertório de histórias que as crianças ouvem em casa e nos ambientes em que frequentam, uma vez que essas histórias se constituem em rica fonte. ABRAMOVICH (1989, p.17), coloca que suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões como as personagens. É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos – dum jeito ou de outro – através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada história (cada uma a seu modo)... É a cada vez ir se identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde aquele que está sendo vivido pela criança)...e, assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho para resolução delas 2.2 - A SIMBOLOGIA NO CONTO DE FADA Segundo COELHO (2002, p.40), o leitor crítico (a partir dos 12/13 anos) nesta fase é total o domínio da leitura e da linguagem escrita. Sua capacidade de reflexão aumenta, permitindo-lhe a Inter textualização. Desenvolve gradativamente o pensamento reflexivo e a consciência crítica em relação ao mundo. Sentimentos como saber, fazer e poder são elementos que permeiam o adolescente. O convívio do leitor crítico com o texto literário deve extrapolar a mera fruição de prazer ou emoção e deve provocá-lo para penetrar no mecanismo da leitura. Para CHALITA (2005, p. 138), para criarmos cidadãos sem preconceitos, é preciso começar a educá-los ainda quando crianças, fazendo com que desenvolvam 33 o respeito ao diferente por meio de máximas morais, contos e narrativas que instiguem avaliações e conclusões de que todas as pessoas merecem respeito, amor fraterno e tratamento digno. De acordo com SANDRONI & MACHADO (1998, p.23), professores que oferecem pequenas doses diárias de leitura agradável, sem forçar, mas com naturalidade, desenvolverá na criança um hábito que poderá acompanhá-la pela vida afora. Para desenvolver um programa de leitura equilibrado, que integre os conteúdos relacionados ao currículo escolar e ofereça certa variedade de livros de literatura como contos, fábulas e poesias, é preciso que o professor observe a idade cronológica da criança e principalmente o estágio de desenvolvimento de leitura em que ela se encontra. o equilíbrio de um programa de leitura depende muito mais do bom senso e da habilidade do professor que de uma hipotética e inexistente classe homogênea. COELHO (2004, p.17), é por meio dessa perspectiva que os contos de fadas, as lendas e os mitos etc. também deixaram de ser vistos como “entretenimento infantil” e vêm sendo redescobertos como autênticas fontes de conhecimento do homem e de seu lugar no mundo. BETTELHEIM (1980, P. 18), os contos de fadas, apesar de apresentarem fatos do cotidiano às vezes de forma bem realista, não se referem claramente ao mundo exterior, e seu conteúdo poucas vezes se assemelha com a vida de seus ouvintes. Sua natureza realista fala aos processos interiores do indivíduo Outro aspecto bastante relevante no processo de desenvolvimento das habilidades da criança é a relação social que ela mantém fora da escola, principalmente em casa, onde os pais devem criar o habito de contar historia de fazer com que a criança se interesse linguagem orla e escrita, tornando esse momento prazeroso e não algo obrigatório. Segundo BETTELHEIM (1980, p. 32), os contos de fadas são versões amesquinhadas e simplificadas, que amortecem os significados e roubam-nos de todo o significado mais profundo, onde os contos de fadas são transformados em diversão vazia. É uma história repleta de simbologias sobre as opções que a vida nos concede ao longo de nossa trajetória por diversos caminhos bifurcados, assim como ocorre na narrativa de A Escolha de Hércules, quando somos jovens nos é dada a oportunidade de selecionar as trilhas que vão culminar num futuro construído 34 sobre os pilares do sucesso ou do fracasso, dependendo do percurso que escolhemos seguir. Para CHALITA (2005, p. 94), o trabalho nos torna seres sociais na medida em que, no exercício de nossa profissão, entramos em contato com outros indivíduos e pouco a pouco, aprendemos a estabelecer relações com pessoas diferentes, com ideias e opiniões muitas vezes divergentes das nossas. Pessoas de origens diversas, com costumes e histórias variadas que nos enriquecem social e culturalmente. Essa aproximação com o outro é fundamental para o nosso crescimento intelectual, bem como para a solidificação ao nosso caráter. Em outras palavras, o trabalho nos ensina e fortalece em nos valores indispensáveis como, ética, justiça e respeito às diferenças. Segundo BETTELHEIM (1980, p. 26 - 27), é exatamente tão importante para o bem-estar da criança, sentir que seus pais compartilham suas emoções, divertindo-se com o mesmo conto de fadas, quanto seu sentimento de que seus pensamentos interiores não são conhecidos por eles até que ela decida revelá-los. Se o pai indica que já os conhece, a criança fica impedida de fazer o presente mais precioso a seu pai, o de compartilhar com ele o que até então era secreto e privado para ela A presença dos pais nesse processo de desenvolvimento da aprendizagem se faz necessária para que a criança possa adquirir mais confiança e assim desenvolver de uma forma mais harmoniosa suas habilidades. São através de atitudes simples que os pais podem proporcionar momentos de lazer e de desenvolvimento, assim as crianças, aprendem desde cedo a se sobressair na escola e na vida. Os contos de fadas, sempre presentes no desenvolvimento infantil, podem ser vistos como pequenas obras de arte, capazes que são de envolver as crianças com seu enredo, de instigar a mente e comover com a sorte de seus personagens. Divididos entre o bem e o mal – representados por príncipes, fadas e também por monstros, lobos e bruxas apavorantes, os contos de fadas encantam as crianças e os adultos desde a sua criação. Segundo AROEIRA (1996, p 141), contar histórias é uma experiência de grande significado para quem conta e para quem ouve. Por meio dos contos as crianças resolvem suas dúvidas interiores e a solucionarem problemas que aparentemente para eles não havia solução. O conto de fada demonstra que para 35 todo problema existe uma solução alcançável, talvez não da forma esperada, mas da forma que propicie o desdobramento do martírio. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como a análise e reflexão sobre dados evidenciam, foi atingido o objetivo central desta pesquisa que é o de verificar a possibilidade de utilizar a contação de histórias como estratégia de estimulação de linguagem da crianças na alfabetização Embora a nossa sociedade seja diferente daquela da época em que foram criados, a mensagem que estes contos encenam são intemporais. As crianças envolvem-se facilmente nos enredos porque sentem que o tipo de problemas das personagens é semelhante aos que as atormentam. Não é, portanto, de se estranhar que estas histórias se mantenham vivas no nosso inconsciente coletivo e que sejam transmitidas ao longo das gerações. Essas histórias carregam uma força profunda, que não se deve apenas a mera função de distrair ou embalar o sono das crianças. A vida não passa de um conjunto de escolhas simples, práticas, emocionais e intelectuais, todas organizadas sistematicamente para nossa grandiosidade ou desespero da mesmice, essas escolhas são feitas invariavelmente no nosso dia a dia a cada minuto. Não podemos esquecer que não são apenas nossas grandes escolhas que moldam nossa realidade e vida cotidiana. As pequenas escolhas também nos levam em direção ao nosso destino, em direção a evolução, crescimento e aprendizado. Por isso, podemos afirmar que, ao escolhermos trabalhar com essas crianças, garantimos em nosso destino a possibilidade de surpresas, conquistas, renúncias, superações e igualdade. O grande poder dos contos está na magia que apresentam e na fantasia que despertam. E foi essa magia que tivemos o prazer de observar nesta pesquisa. As histórias infantis fazem parte do imaginário da criança, e devem fazer parte de seu cotidiano escolar. A atividade lúdica que esta oferece desenvolve na criança uma atitude positiva para com a aprendizagem, com a sala de aula, com a escola, pois ler, contar, recontar e cantar é estimulante, apaixonante, envolvente e mobilizador. Esperamos que este estudo possa sensibilizar outros profissionais da nossa área para esta caminhada em direção ao aprender, pelas experiências vividas e refletidas. Nosso desejo é que esta dissertação seja um instrumento para estimular, 37 desafiar e motivar a caminhada daqueles que buscam saber mais a cada dia, pensando em beneficiar de alguma forma o outro. Por acreditarmos ser a contação de histórias uma arte de acesso irrestrito, esperamos que possa inspirar sua utilização no trabalho com pessoas com deficiência, principalmente ao se pensar em estimulação da linguagem. Afinal, não se ensina ou não se aprende simplesmente a ler e a escrever. Aprende-se uma forma de linguagem, uma forma de interação, uma atividade, um trabalho simbólico, que só é conseguido através da utilização dos contos de fadas a partir da alfabetização. Sendo assim, o enfoque deste trabalho foi mostrar a importância da utilização dos contos e seus benefícios às crianças, já que, são relacionados ao mundo imaginário pintando a realidade do mundo, atualizando ou reinterpretando, em suas variantes questões universais, como o conflito do poder e a formação dos valores, misturando realidade e fantasia, no clima do “Era uma vez”, permitindo “um final feliz”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVICH, F. Por uma arte de contar histórias. In: Literatura infantil. São Paulo: Scipione. 1989. ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione 1993. ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5. ed. São Paulo: Scipione, 1995. ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1997. 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