AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAÇÃODO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO
O PAPEL DOS CONTOS DE FADAS NA ALFABETIZAÇÃO
VERA NICE CORVETA VOLPE
ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO
COLIDER/2013
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAÇÃODO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO
O PAPEL DOS CONTOS DE FADAS NA ALFABETIZAÇÃO
VERA NICE CORVETA VOLPE
ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO
“Trabalho apresentado como exigência
parcial para a obtenção do título de Pós
Graduação lato Sensu em Educação
Infantil e Alfabetização.”.
COLIDER/2013
DEDICATÓRIA
In Memorian: Aos meus pais, Vidal Corveta e Cândida de Campos Corveta,
que em todos os momentos difíceis de minha vida, tem intercedido junto a DEUS,
pelo meu sucesso e felicidade. As pessoas mais especiais deste mundo, meu
marido Luiz Fernando C. Volpe e meus filhos, Luiz Fernando, Marcelo e Ricardo, as
noras, Luana e Daniela e ao meu neto Pedro Henrique, motivo de orgulho e de
continuidade de nossas vidas, dedico-lhe essa conquista com gratidão e amor.
AGRADECIMENTO
Agradeço inicialmente a Deus, a quem devo tudo o que sou. Ao meu
orientador, Professor Ilso Fernandes do Carmo pela paciência, pelas sugestões, por
ter acreditado na realização desta pesquisa e confiado em meus ideais. A
coordenação do curso de Pós-graduação e compreensiva as nossas dificuldades, as
amigas, colegas e a todos os integrantes do curso, que direta ou indiretamente
contribuíram para a conclusão deste trabalho.
“Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter
meninos sem escola, mas mais triste é vê-los enfileirados
em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para
a formação humana".
Carlos Drummond de Andrade
RESUMO
O presente trabalho discorre sobre as contribuições do conto de fada na
alfabetização, o mesmo tem como objetivo principal fazer uma reflexão sobre a
origem dos contos de fadas, apresentando assim as diversas versões das histórias
contadas até hoje, focando sua análise na questão da importância de se trabalhar os
contos de fadas, explorando a fantasia despertando assim o hábito de ler,
embarcando-se no mundo imaginário da alfabetização. Levando o leitor a fazer uma
viagem maravilhosa pelos caminhos da imaginação, e o faz de conta considerando
assim a importância que o conto de fada pode proporcionar, satisfatoriamente na
formação pré-escolar e na fase de aquisição da leitura e da escrita. O trabalho está
baseado em pesquisa bibliográfica, e fundamentado em vários autores como:
ABRAMOVICH, BETTELHEIM, COELHO, VYGOTSKY entre outros que deram
grandes contribuições para a concretização do mesmo. O trabalho focara nas
origens dos contos de fadas, no saber popular, suas historias e repercussão na
literatura infantil. Revelando situações que ocorrem fora do nosso entendimento
presente nos contos de fada, suas principais lições, utilizações e simbologia.
Palavras chave: Conto de fada, imaginação, alfabetização, faz de conta.
SUMARIO
INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------------07
CAPITULO 1 – RESGATANDO A IMPORTANCIA DO CONTO DE FADA NA
ALFABETIZAÇÃO------------------------------------------------------------------------------------09
1.1 As Origens dos Contos de Fadas---------------------------------------------------------15
1-2 - O Papel do conto de fada na construção da personalidade e das
crianças. ------------------------------------------------------------------------------------------------18
CAPITULO 2 - HISTÓRIA DE NOSSA HISTÓRIA: UMA LITERATURA DE SABER
POPULAR-----------------------------------------------------------------------------------------------22
2.1 - Contos de fadas, mitos, lendas e fábulas: filhos da mesma mãe.------------25
2.2 - A Simbologia no conto de fada-----------------------------------------------------------32
CONSIDERAÇÕES FINAIS------------------------------------------------------------------------36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS-------------------------------------------------------------38
INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende fazer um estudo, a respeito da importância dos
contos de fadas na alfabetização, aguçando o imaginário das crianças, além de
despertar o gosto, pela apreciação da leitura desse tipo de texto. Levando assim a
criança a fazer uma viagem maravilhosa pelo caminho do imaginário, considerando
a importância que tal recurso proporciona satisfatoriamente na formação pré-escolar
e na fase de aquisição da leitura e da escrita.
Tendo assim como objetivo geral: Fazer uma reflexão sobre a origem dos
contos de fadas, apresentando assim as diversas versões das histórias contadas até
hoje, focando sua análise na questão da importância de se trabalhar os contos de
fadas, explorando a fantasia despertando assim o hábito de ler, embarcando-se no
mundo imaginário da alfabetização. E como Objetivos Específicos: Despertar a
curiosidade dos alunos sobre o conto de fada e consequentemente o gosto pela
leitura, a escrita, a criatividade e a imaginação através das leituras; Incentivando a
produção de texto espontânea, a comunicar-se e expressar-se através de situações
de intercâmbio social utilizando a Língua Portuguesa com relação à ortografia;
Valorizando a leitura através do conhecimento de contos, histórias, lendas e fábulas,
diversificando seu universo criativo; Habilitando os alunos a conhecer e
compreender as diversas versões de um mesmo conto, despertando assim o hábito
de ler, embarcando no mundo da fantasia e da imaginação.
Sendo que os contos também conseguem deixar fluir o imaginário e levar a
criança a ter curiosidade, que logo é respondida no decorrer dos contos. É uma
possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das
soluções que todos vivem e atravessam, de um jeito ou de outro, através dos
problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não)
pelos personagens de cada história. Focando a importância dos contos de fada na
alfabetização.
Levando-se em consideração, que trabalhar com os contos de fadas na
alfabetização é muito importante, pois através das narrativas temos a oportunidade
de resgatar o mundo da leitura e da fantasia, tornando a aprendizagem significativa,
estimulando a imaginação e a criatividade dos alunos. Além disso, as mensagens
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contidas nos contos de fadas, tais como: bondade, docilidade, coragem, altruísmo e
afeto, são pontes que podem ser construídas no interior das crianças, pois envolvem
questões de não-violência.
Tendo em vista outro aspecto muito importante a ser considerado, é que os
contos de fadas por si só, já carregam importantes enfoques pedagógicos como às
questões humanas, necessárias para que as crianças enfrentem medos, angústias,
disputas, ciúmes, morte, etc. Sendo que à medida que as histórias são contadas,
várias vezes e de diversas maneiras, as crianças vão elaborando suas próprias
ideias, resolvendo conflitos e construindo referenciais entre o bem e o mal.
Considerando que através dos contos de fadas temos a possibilidade de
resgatar diversos valores, estimular o diálogo, o espírito crítico, o prazer da
ludicidade, ensinamentos e verdades que compõem o mundo da criança, sem
distanciá-la do mundo real. Para tanto o trabalho esta dividido da seguinte forma
cap.1– Resgatando a importância do Conto e Fada na Alfabetização, cap. 2 – A
História de nossa História: Uma Literatura
de Saber Popular, o mesmo está
baseado em pesquisa bibliográfica, e fundamentada em vários autores como:
ABRAMOVICH, BETTELHEIM, MEIRELES, VIGOTSKY entre outros que deram
grandes contribuições para a concretização do mesmo. Sendo uma vez que, o ato
de ler é algo que está ficando cada vez mais difícil, pelo tempo que se afunila devido
nosso dia-a-dia corrido. Porém não podemos esquecer que nossas vidas pertencem
a um mundo muito inconstante, muitas vezes é como se vivêssemos em outra
dimensão, trabalho, estudo, casa, amigos; tudo requer tempo e disponibilidade para
desenvolvermos simples atividades, por esse motivo às histórias de contos de fadas,
aventuras, romances entre outros vão perdendo espaço para as revistas, jornais,
internet, rádio e televisão que são meios que oferecem as informações mais
resumidas e mais rápidas. Porém apesar do mundo que vivemos, não podemos
esquecer que nosso mundo foi inteiramente sonhado antes de ter existido, muitas de
nossas tecnologias surgiram de sonhos que se transformaram em ideias e
finalmente se tornaram realidade, portanto contar uma história é resgatar o próprio
destino.
CAPITULO 1 – RESGATANDO A IMPORTANCIA DO CONTO DE FADA NA
ALFABETIZAÇÃO
Para tal, gostaríamos de convidar o leitor para “Ouvir” nossa história,
portanto:
Abram os seus olhos, abram os seus ouvidos, que a história vai chegar.
Abra o coração e dê uma assopradinha, que é aí que a história vai morar.
Então, vamos todos chamar: história, história, história... que ela já vai
começar!. (MARÇAL & MARRA, 2004).
Uma reflexão sobre histórias contadas ou ouvidas, sobre suas influências no
homem ou mesmo sobre suas denominações, requer antes uma sucinta
retrospectiva sobre a Tradição Oral.
Nesta perspectiva BUSATTO (2005 15), enfatiza que as raízes, culturas e
conhecimentos dos povos ditos primitivos ou povos do período da pré-escrita
encontram-se arraigadas em experiências e ‘saberes’ que eram transmitidos de
geração em geração, através da palavra, através das rodas de histórias em torno
das fogueiras. Após a aquisição e utilização da escrita como código de registro, as
histórias narradas restringiram-se principalmente a camadas populares iletradas e
ligadas ao campo, até quase cair no esquecimento.
Para ABRAMOVICH (1993, p. 120), os contos de fadas têm linguagem
simbólica que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das
crianças. Os contos de fadas mantêm uma estrutura fixa. Partem de um problema
vinculado à realidade (como estado de penúria, carência afetiva, conflito entre mãe e
filho), que desequilibra a tranquilidade inicial. O desenvolvimento é uma busca de
soluções, no plano da fantasia, com a introdução de elementos mágicos (fadas,
bruxas, anões, duendes, gigantes etc.). A restauração da ordem acontece no
desfecho da narrativa, quando há uma volta ao real. Valendo-se desta estrutura, os
autores, de um lado, demonstram que aceitam o potencial imaginativo infantil e, de
outro, transmitem à criança a ideia de que ela não pode viver indefinidamente no
mundo da fantasia, sendo necessário assumir o real, no momento certo.
Segundo AGUIAR (1990), apud ABRAMOVICH (1994, p. 120), os contos de
fadas mantêm uma estrutura fixa. Partem de um problema vinculado à realidade
(como estado de penúria, carência afetiva, conflito entre mãe e filho), que
desequilibra a tranquilidade inicial. O desenvolvimento é uma busca de soluções, no
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plano da fantasia, com a introdução de elementos mágicos (fadas, bruxas, anões,
duendes, gigantes etc.). A restauração da ordem acontece no desfecho da narrativa,
quando há uma volta ao real. Valendo-se desta estrutura, os autores, de um lado,
demonstram que aceitam o potencial imaginativo infantil e, de outro, transmitem à
criança a ideia de que ela não pode viver indefinidamente no mundo da fantasia,
sendo necessário assumir o real, no momento certo.
BETTELHEIM (2004, p. 20), afirma que os contos, referem-se aos
problemas interiores, promovem o desenvolvimento de recursos internos e criam
soluções para tais dificuldades a serem enfrentadas no decorrer do seu crescimento.
Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e
favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos
níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum
livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos
dão à vida da criança. Sendo logo, a área do maravilhoso conto de fadas tem
linguagem metafórica que se comunica facilmente com o pensamento mágico,
natural das crianças.
Aponta o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,
1998 , p. 126), que a construção da linguagem oral não é linear e ocorre em
um processo de aproximações sucessivas com a fala do outro, seja ela do pai, da
mãe, do professor, dos amigos ou aquelas ouvidas na televisão, no rádio etc.
Nas inúmeras interações com a linguagem oral, as crianças vão tentando
descobrir as regularidades que a constitui, usando todos os recursos de que
dispõem: histórias que conhecem, vocabulário familiar etc. Assim, acabam
criando formas verbais, expressões e palavras, na tentativa de apropriar-se
das convenções da linguagem. Ainda de acordo com o RCNEI – Vol. 3, a ampliação
da capacidade de comunicação oral das crianças, ocorre gradativamente, por meio
de um processo de idas e vindas que abrangem tanto a participação dos
pequenos nas conversas cotidianas, em ocasiões de escuta e canto de
músicas, em brincadeiras etc., como a participação em situações mais formais
de uso da linguagem, como aquelas que envolvem a leitura de textos diversos.
A ampliação do universo discursivo da criança também se dá por meio do
conhecimento da variedade de textos e manifestações culturais que
expressam modos e formas próprias de ver o mundo, de viver, de pensar
[...] músicas, poemas e histórias são um rico material para isso. (BRASIL,,
1998, p. 139).
11
Para ABRAMOVICH (1995, p.17). como a literatura infantil prescinde do
imaginário das crianças, sua importância se dá a partir do momento em que elas
tomam contato oralmente com as histórias, e não somente quando se tornam
leitores. Desde muito cedo, então, a literatura torna-se uma ponte entre histórias e
imaginação, já que é ouvindo histórias que se pode sentir, e enxergar com os
olhos do imaginário, abrir as portas à compreensão do mundo.
Segundo MEIRELES (1984, p. 13-14), coloca que os problemas na literatura
infantil, e o conto, sob qualquer das suas formas, é material de teor excelente para
as criações da criança, que por meio delas, se constrói a si mesma. Do material
depende, em larga escala, a qualidade construção, ou seja, a espécie de conto, que
a criança ouve ou lê, determina, em grande parte, a espécie de construção que fará
e na qual a sua pessoa mistura, se compromete e se completa.
Nesse sentido para BETTELHEIM (1980, p.152), os contos de fadas são
essenciais para o desenvolvimento da criança, essas histórias onde a fantasia e a
realidade se encontram levam a constatação de que o bom e o mau, o feio e o
bonito convivem lado a lado. E que nossas fantasias são os recursos naturais que
fornecem e moldam esta matéria-prima, tornando-a útil para as tarefas de
construção da personalidade que cabem ao ego. “Se somos privados desta fonte
natural, a vida fica limitada; sem fantasias para nos dar esperanças, não temos
forças para enfrentar as adversidades da vida”. A infância é a época que estas
fantasias precisam ser nutridas.
Corroborando o pensamento de BETTELHEIM, AGUIAR (2001), afirma que:
O uso da fantasia na literatura infantil é mais um recurso de adequação do
texto ao leitor (...) já que a criança compreende a vida pelo viés do
imaginário. A partir da transfiguração da realidade pela imaginação, o livro
infantil põe a criança em contato com o mundo e com todos os seus
desdobramentos. (p.83).
Segundo BETTELHEIM (1980, p. 152-153), as dimensões da fantasia e da
imaginação fazem parte do desejo da criança em modificar a realidade que não lhe
convém. A infância é a fase ideal para aprender a entender como viver e como
funciona a vida em sociedade, a melhor forma de transmitir valores culturais para
uma criança é através da literatura que canaliza melhor este tipo de
informação. Apoiando-se nos seus próprios recursos, tudo o que a criança pode
imaginar são elaborações de onde está no momento, dado eu não sabe pra onde
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precisa ir, nem como fazer pra chegar lá. É aí que os contos de fadas fornecem o
que a criança mais precisa: começam exatamente onde a criança está
emocionalmente, mostram-lhe para onde ir e como fazê-lo.
Segundo REGO (1995, p. 69), o estímulo à leitura pode começar pelos livros
contendo textos curtos cujas histórias já são conhecidas pelas crianças.
Contextualizando as leituras iniciais, oferecendo assim um suporte para que ela
consiga
descobrir
novas
correspondências
som-grafia.
Ao
dominarem
os
mecanismos da leitura, as próprias crianças buscam na leitura, novas aventuras em
novos livros. Neste momento da aprendizagem, com foco nestas aquisições
linguísticas, quando a estória não será contada com fim primordial de fruição, as
adaptações dos contos podem ser um recurso, pois os textos originais são longos,
podendo ser cansativos às crianças, quando estas ainda não possuem o
desenvolvimento de leitura consolidado. Porém elas mesmas notarão que nem todos
os acontecimentos estão ali e farão suas críticas, isto é, se os textos em suas formas
completas foram devidamente difundidos, e conforme forem consolidando suas
habilidades.
Para MACHADO (2002, p.81), os textos contemporâneos, advindos da
intertextualidade do conto de fadas, são interessantes, até mesmo como uma
abordagem crítica e pessoal de novos autores. A criança também deve ter acesso a
essa diversidade literária, porém, como reforça, “é como uma brincadeira. Não dá
para brincar de “pequeno construtor” com quem nunca viu uma casa”, por isso a
necessidade primeira é conhecer os clássicos em seu modo tradicional.
Ainda de acordo com BETTELHEIM, (1980, p.161-162), é a partir dos cinco
anos de idade que os contos de fadas tornam-se verdadeiramente significativos. É
na infância que estas começam a construir pontes sobre a imensa lacuna entre a
experiência interna e o mundo real. Afirma ainda que o conto de fadas usa símbolos
universais que permitem à criança escolher, selecionar, negligenciar e interpretar o
conto de forma mais congruente ao seu estado de desenvolvimento intelectual e
psicológico. Qualquer que seja este estado, o conto de fadas determina a forma
como a criança pode transcendê-lo, e o que pode estar envolvido na conquista do
próximo estágio no seu progresso para a integração madura.
AGUIAR (2001), destaca que a etapa da infância é a que mais desenvolve a
fantasia, pois, a criança vive mais nesse mundo que no da realidade, o que faz
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aumentar seu interesse por contos e narrativas fantásticas. Os contos de fadas
oferecem figuras nas quais a criança pode internalizar o que se passa na sua mente,
de modo controlável. Os contos de fadas mostram à criança de que modo ela pode
personificar seus desejos destrutivos numa figura, obter satisfações desejadas de
outra, identificar-se com uma terceira, ter ligações ideais com uma quarta, e daí para
diante, como requeiram suas necessidades momentâneas.
BETTELHEIM (1980, p.159), enfatiza que por meio destes a criança começa
a perceber que há grandes diferenças entre as pessoas. À medida que a estória se
desenrola, o herói é frequentemente é forçado a depender de amigos que o ajuda.
Quando o conto termina, o herói dominou todas as provas e apesar delas, ele
permaneceu fiel a si próprio, ou, ao passar por elas exitosa mente, adquiriu sua
heroicidade verdadeira. Tornou-se autocrata no melhor sentido da palavra – com
autogoverno, uma pessoa verdadeiramente autônoma e não uma pessoa que nos
manda outros.
BETTELHEIM (1980, p.21), coloca ainda que tais contos também ajudam a
criança a conhecer a história, muitas vezes oculta, da constituição das relações
sociais do mundo tal como o conhecemos hoje, assim como as diferentes maneiras
pelas quais a humanidade age neste mundo na eterna luta pela sobrevivência,
construindo sociedades e as destruindo, estabelecendo sistemas de governo e
estilos de vida. E que a criança extrairá significados diferentes do mesmo conto de
fadas, dependendo de seus interesses e necessidades do momento. Tendo a
oportunidade, voltará ao mesmo conto quando estiver pronta a ampliar os velhos
significados ou substituí-los por novos.
Para BETTELHEIM, (1980, p.19), os conflitos internos profundos originados
em nossos impulsos primitivos e emoções violentas são todos negados em grande
parte da literatura infantil moderna, e assim a criança não é ajudada a lidar com eles.
Mas a criança está sujeita a sentimentos desesperados de solidão e isolamento, e
com frequência experimenta uma ansiedade mortal. O conto de fadas, em contraste,
toma estas ansiedades existenciais e dilemas com muita seriedade e dirige-se
diretamente a eles: a necessidade de ser amado e o medo de uma pessoa de não
ter valor; o amor pela vida e o medo da morte. Ademais, o conto de fadas oferece
soluções sob formas que a criança pode apreender no seu nível de compreensão.
Afirma ainda MEIRELES que:
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[...] a literatura oral ou escrita é um caminho de comunicação humana desde
a infância que, vencendo o tempo e as distâncias, nos permite uma
identidade de formação. Por essa comunhão de histórias que é uma
comunhão de ensinamentos, de estilos de pensar, moralizar e viver, o
mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma sociabilidade que tanto se
discute. (MEIRELES, 1984, p. 77) .
BETTELHEIM (1980, p.189), coloca ainda que contar um conto de fadas
com uma finalidade específica que não seja a de enriquecer a experiência da
criança transforma-o num conto admonitório, numa fábula ou em uma experiência
didática que, na melhor das hipóteses, fala à mente consciente da criança, ao passo
que um dos grandes méritos desta literatura é atingir diretamente o inconsciente da
criança.
MEIRELES (1984 p. 49), afirma que não há quem não possua, entre suas
aquisições da infância, a riqueza das tradições, recebidas por via oral. O livro vem
para substituir esta ausência. Tudo que se aprendia por ouvir contar, hoje se
aprende pela leitura. Afirma a autora que:
O gosto de contar é idêntico ao de escrever – e os primeiros narradores são
os antepassados anônimos de todos os escritores. O gosto de ouvir é como
o gosto de ler. Assim, as bibliotecas, antes de serem infinitas estantes, com
as vozes presas dentro dos livros, foram vivas e humanas, rumorosas, com
gestos, canções, danças entremeadas às narrativas. (MEIRELES, 1984, p.
49)
Destaca BETTELHEIM (1980, p.149), que a personalidade humana é
indivisível. Qualquer que seja a experiência, sempre afeta todos os aspectos da
personalidade ao mesmo tempo. E a personalidade total, de forma a poder lidar
com as tarefas da vida, necessita fundamentar-se numa fantasia rica combinada a
uma consciência firme e uma apreensão clara da realidade.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, entre suas várias
orientações, sugere que:
[...] os professores deverão organizar a sua prática de forma a promover em
seus alunos: o interesse pela leitura de histórias; a familiaridade com a
escrita por meio da participação em situações de contato cotidiano com
livros, revistas, histórias em quadrinhos; escutar textos lidos, apreciando a
leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Isto se fará
possível trabalhando conteúdos que privilegiem a participação dos alunos
em situações de leitura de diferentes gêneros feita pelos adultos, como
contos, poemas, parlendas, trava-línguas, etc. propiciar momentos de
reconto de histórias conhecidas com aproximação às características da
história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e
objetos, com ou sem a ajuda do professor". (BRASIL,1998, p. 117-159).
MEIRELES (1984, p. 83), diz que é a literatura tradicional a primeira a
instalar-se na memória da criança. Ela representa o seu primeiro livro, antes mesmo
15
da alfabetização, é o único, nos grupos sociais carecidos de letras. Por esse
caminho, recebe a infância a visão do mundo sentido, antes de explicado; do mundo
ainda em estado mágico. Ainda mal acordada para a realidade da vida, é por essa
ponte de sonho que a criança caminha tonta do nascimento, na paisagem do seu
próprio mistério. Essa pedagogia secular explica-lhe, em forma poética, fluida, com
as incertezas tão sugestivas do empirismo, o ambiente que a rodeia – seus
habitantes, seu comportamento, sua auréola.
1.1 AS ORIGENS DOS CONTOS DE FADAS
Segundo CASCUDO (1984 p. 167), não há como calcular a antiguidade dos
contos tradicionais, mas o autor acredita ter desaparecido muita história preciosa.
Para ele, o segredo dos contos que resistiram ao tempo é um mistério. E ainda que
muitos estudiosos tenham explicado a durabilidade de determinadas histórias, o fato
é que, para o pesquisador, a “explicação anoitece ainda mais o mistério”.
Segundo COELHO, (2003. p. 24), o acervo da Literatura Infantil Clássica
seria completado no século XIX, no início do romantismo, com os contos do
dinamarquês Hans Christian Andersen, a ponto de afirmar que: "Sintonizado com os
ideais românticos de exaltação da sensibilidade, da fé cristã, dos valores populares,
dos de fraternidade e da generosidade humana, Andersen se torna a grande voz a
falar para as crianças com a linguagem do coração.”
Segundo COELHO (2003, p. 22), a literatura infantil se expandiu um século
depois, na Alemanha do século XVIII, a partir das pesquisas linguísticas. Realizadas
pelos irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm). Na busca das possíveis invariantes
linguísticas, nas narrativas antigas, lendas e sagas que permaneciam vivas,
transmitidas de geração para geração, os irmãos Grimm foram descobrindo o
fantástico acervo das narrativas maravilhosas, que selecionadas entre as centenas
registradas pela memória do povo, acabaram por formar a coletânea que é hoje
conhecida como Literatura Clássica Infantil. Entende a mesma autora, que os
contos dos Grimm tratam da eterna luta pela existência, seja externa, a partir
das privações como fome e abandono, ou interna, como as injustiças. Para
16
eles
o
problema
tem
uma solução, ou a sua superação, a vitória sobre as
adversidades.
KUPSTAS (1993, p.8-9), em seu livro, Sete Faces dos Contos de Fadas
afirma que há autores que optam por definir como “contos maravilhosos” essas
histórias populares, que na verdade compreendem tudo do universo mágico, e não
só as fadas. Destaca que os tais contos constituíram, durante toda a Idade Média e
Moderna, a literatura popular oral das populações europeias em geral. Por volta do
século II A.C. até o século I da era cristã, o povo celta acrescentou, a tantas histórias
bem antigas, a presença forte das fadas – mulheres “iluminadas”, capazes de prever
(ou prover, sustentar) o futuro de outra pessoa, normalmente alguém especial a
quem elas protegiam. E a imaginação popular dotou-as de pequenas asas, varas de
condão, diminuiu seu tamanho, mas sempre as vendo como belas e bondosas.
Mesmo se tratando de obras de ficção, através dos tempos essa forma literária
tornou-se um grande suporte para proporcionar à criança prazer interior,
estimulando o imaginário e abrindo caminho para o conhecimento do seu próprio eu
e do mundo em que se insere.
Para COELHO (2003, p. 33) ainda, no século
Renascimento,
numerosas
obras
surgiram
neste
XVI,
período,
época
e,
do
foram
desenvolvidas com base na atmosfera mágica céltico-bretã. Entre elas estão
Sonhos de uma Noite de Verão de Shakespeare, História do Cavaleiro Cifar, que
conta a paixão do cavaleiro pela Dama do lago, Viviana, e o Cavaleiro e o Cisne,
que fazem parte de best-sellers da novelística da renascença castelhana. COELHO
chega a explicar que:
Seria longa a lista de obras que, no Renascimento (ou Tempos
Modernos), através da Era Clássica, acolheram o maravilhoso feérico,
no qual não viviam só as fadas, mas também as banshee irlandesas,
as “mouras encantadas”, as xanas asturianas, as “damas verdes”
germânicas, nascidas em diferentes climas, simbolizando importantes
experiências que a lógica não conseguia explicar.(2003 p. 33 ).
Para BETTELHEIM (2007, p.11), a aquisição de habilidades, inclusive a de
ler, fica destituída de valor quando o que aprendeu a ler não acrescenta nada de
importante a nossa vida. Para que uma história realmente prenda a atenção da
criança, deve entretê-la e despertar a sua curiosidade. Contudo, para enriquecer sua
vida, deve-se estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a
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tornar claras suas emoções; estar em harmonia com suas ansiedades e sugerir
soluções para os problemas que a perturbam.
Para BETTELHEIM (1980 p.75), no seu livro A psicanálise dos contos de
fadas afirma, que quando os contos de fadas estão sendo lidos para as crianças
parecem fascinadas. Mas que não é dado às crianças o tempo necessário para
assimilar tais contos, pois outra atividade ou estória de um tipo diferente é
contada. Afirma BETTELHEIM que:
[...] quando o contador dá tempo às crianças de refletir sobre as estórias,
para que mergulhem na atmosfera que a audição cria, e quando são
encorajadas a falar sobre o assunto, então a conversação posterior revela
que a estória tem muito a oferecer emocional e intelectualmente, pelo
menos para algumas crianças. (1980, p.75).
Apoiando BETTELHEIM, apud MEIRELES (1984, p. 13-14), acrescenta que
insistimos neste ponto da permanência do tradicional, na Literatura infantil, tanto oral
como escrita, porque vemos um caminho de comunicação humana desde a infância
que, vencendo o tempo e as distâncias, nos permite uma identidade de formação.
Por essa comunhão de historias, que a comunhão de ensinamentos, de estilos de
pensar, moralizar e viver, o mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma
sociabilidade que tanto se discute.
Segundo BETTELHEIM (2007, p.72), desde a antiguidade, os contos são
narrativas populares que perpassaram inicialmente pela tradição oral. São narrativas
simples, porém de grande complexidade, pois abordam assuntos de conflitos
cotidianos até filosóficos e psicológicos, geralmente abordados através da formação
moral e dos polos opostos como, por exemplo, a bondade e a maldade, a beleza e a
feiura entre outros. Estas estórias falam ao ego em germinação e encorajam seu
desenvolvimento, enquanto ao mesmo tempo aliviam pressões pré- conscientes e
inconscientes. Começam onde a criança realmente se encontra no seu ser
psicológico e emocional. Falam de suas pressões internas graves de um modo que
ela inconscientemente compreende.
LAJOLO (2008, p.128), argumenta que a literatura é uma forma de interação
íntima, exercício inclusive de cidadania, em que a criança pode: apossar-se da
linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo
que nunca vá escrever um livro: mas porque precisa ler muito. A literatura seria a
porta de entrada para a criatividade e o conhecimento. Ao trazer o conto para dentro
18
da sala de aula, este não pode ser visto como um grande banco de palavras que
estarão ali para ser matéria-prima da alfabetização. As premissas da alfabetização
estarão sempre posteriores ao aprofundamento intrínseco e depois de esgotadas as
abordagens interpretativas a que o texto aspira. A interpretação que elencamos aqui
não trata daquela abordagem tradicional, como fichas de leitura, questionários com
perguntas óbvias e com respostas restritas aos aspectos descritivos do texto, mas
sim de um aprofundamento subjetivo.
1-2 - O PAPEL DO CONTO DE FADA NA CONSTRUÇÃO DA PERSONALIDADE
E DAS CRIANÇAS.
Segundo SANDRONI & MACHADO (1998, p.12), o contato da criança com o
livro pode acontecer muito antes do que os adultos imaginam. Muitos pais acreditam
que a criança que não sabe ler não se interessa por livros, portanto não precisa ter
contato com eles. O que se percebe é bem ao contrário, a criança percebe desde
muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer. As crianças bem pequenas
interessam-se pelas cores, formas e figuras que os livros possuem e que mais tarde,
darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as.
De acordo com SANDRONI & MACHADO (1998, p.16) É importante que o
livro seja tocado pela criança, folheado, de forma que ela tenha um contato mais
íntimo com o objeto do seu interesse. A partir daí, ela começa a gostar dos livros,
percebe que eles fazem parte de um mundo fascinante, onde a fantasia apresentase por meio de palavras e desenhos. o amor pelos livros não é coisa que apareça de
repente". É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem oferecer. Assim,
pais e professores têm um papel fundamental nesta descoberta: serem
estimuladores e incentivadores da leitura.
Segundo ABRAMOVICH (1997, p.23), é importante contar histórias mesmo
para as crianças que já sabem ler, pois "quando a criança sabe ler é diferente sua
relação com as histórias, porém, continua sentindo enorme prazer em ouvi-las".
Quando as crianças maiores ouvem as histórias, aprimoram a sua capacidade de
imaginação, já que ouvi-las pode estimular o pensar, o desenhar, o escrever, o criar,
o recriar. Num mundo hoje tão cheio de tecnologias, onde as informações estão tão
19
prontas, a criança que não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário, poderá
no futuro, ser um indivíduo sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade para
compreender a sua própria realidade.
Para COELHO (1995, p.31), a função pedagógica dos contos de fadas, é
quase como regra, era afastar os pequenos dos perigos... Além disso, encontra-se
em muitos desses contos a defesa de valores como a virtude, o trabalho e a
esperteza.
NÓBREGA (2009, p.20), demonstra que os contos partem de uma
organização simples e dinâmica, “mantém uma estrutura fixa, partem de um
problema vinculado à realidade que desequilibra a tranquilidade inicial, buscam
soluções no plano da fantasia e necessitam de elementos mágicos para, enfim,
trazer de volta a realidade”, possibilitando à criança interação com um modo bem
próximo de seu modo de percepção do mundo.
MACHADO (2002, p. 74-75), salienta que os contos são narrativas culturais
e, portanto, Literatura popular e que inicialmente era oral – mas, de qualquer forma,
literatura. Uma manifestação artística por meio das palavras. Uma forma de
produção cultural que tem seu próprio sentido, lentamente elaborado pelos
diferentes elementos da narrativa, à medida que a história se desenrola e se
encaminha para seu final, consolidando seu significado profundo. Sendo assim, um
dos modos mais eficazes e completos de efetivar o contato da criança com os
contos de fadas é por meio da fruição do texto narrado por um adulto leitor. A
simples narrativa é a mais tradicional e antiga forma de narração oral, sem recursos
visuais, dependo apenas de suas expressões corporais. Sem recursos visuais, a
criança pode construir seu espaço, seus personagens, como demandam seus
sentimentos naquele momento. A atenção da mesma deve estar exclusivamente
voltada ao narrador e ao enredo da história. É necessária a não substituição de
termos ou expressões desconhecidas, mas acrescentar sinônimos durante a
narração. Dessa forma, a criança passa também a ser introduzida nos recursos
linguísticos utilizados NA língua escrita, aumentando seu vocabulário.
Para MACHADO (2002, p. 78), a escolha do livro deve ser realizada pela
criança, uma vez que ela intuitivamente consegue perceber qual proposta narrativa
lhe faz mais sentido naquele momento. O adulto leitor deve ter empatia pela
escolha, devendo apresentar de modo sensível e interativo o enredo. Deve-se
20
ressaltar, porém, que a interpretação, os significados dos textos são subjetivos e
seus efeitos psicanalíticos são internos, simbólicos, não devendo nunca os adultos
interferirem nos conflitos íntimos da criança. A esse respeito, Machado (2002, p. 78)
afirma que:
Tudo é possível no encontro do leitor com o texto literário, porque em
literatura esse pacto fica muito claro. Autor/contador e leitor ouvinte sabem
disso perfeitamente. Naquele espaço que estão compartilhando a situação
de leitura, a linguagem é usada de forma bem diferente de seu emprego
quotidiano para situações concretas. Situa-se em outra esfera, significa de
modo diferente. [...] A linguagem poética é simbólica, colorida, metafórica.
(MACHADO, 2002, p. 78).
Segundo FERREIRA (1975, p. 918), imaginar é construir ou conceber na
imaginação; fantasiar, idear, inventar; é o ilusório; o fantástico; a imaginação; é a
faculdade que tem o espírito de representar imagens. Imaginário: é o que só existe
na imaginação. Vamos agora supor que o imaginário da criança seja como um rio,
quando jogamos uma pedra no rio, ondas circulares se forma ao redor e vão se
movimentando e atingindo correntes de águas cada vez mais longe. A pedra ao
mergulhar vai assustando peixes, atraindo curiosos, e mudando a rotina do local,
mesmo que por pouco tempo. Uma criança ao ouvir contos de fadas, transforma a
pedra em cada uma das palavras que lhe são contadas, trazendo lembranças,
sonhos, desejos, personagens, dúvidas, medos e associações.
Em virtude destes pressupostos BETTELHEIM (2002, p.23), afirma que:
Os contos de fadas, à diferença de qualquer outra forma de literatura,
dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação e
também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver
ainda mais o seu caráter. Os contos de fadas declaram que uma vida
compensadora e boa está ao alcance da pessoa apesar da adversidade,
mas apena-se ela não se intimidar com as lutas do destino, sem as quais
nunca se adquire verdadeira identidade. Estas estórias prometem à criança
que, se ela ousar se engajar nesta busca atemorizante, os poderes
benevolentes virão em sua ajuda, e ela o conseguirá. As estórias também
advertem que os muito temerosos e de mente medíocre, que não se arrisca,
mas e encontrar, devem se estabelecer numa existência monótona-se um
destino ainda pior não recair sobre eles.
Para SANDRONI & MACHADO (1998, p.15), algum tempo depois, as
crianças passam a se interessar por histórias inventadas e pelas histórias dos livros,
como: contos de fadas ou contos maravilhosos, poemas, ficção, etc. Tem nesta
perspectiva, a possibilidade de envolver o real e o imaginário que afirmam que os
livros aumentam muito o prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a
criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real.
21
Segundo VIGOTSKI (1992, p.128) garantir a riqueza da vivência narrativa
desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu
pensamento lógico e também de sua imaginação, que caminham juntos, a
imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento
realista.
Neste sentido, VYGOTSKY enfoca que:
na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade.
Esse distanciamento da realidade através de uma história, por exemplo, é
essencial para uma penetração mais profunda na própria realidade:
"afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente
na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com
a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece.
(1992, p.129).
Segundo COELHO (2002, p.34), a técnica da repetição ou reiteração de
elementos são favoráveis para manter a atenção e o interesse desse difícil leitor a
ser conquistado. O leitor iniciante (a partir dos 6/7 anos) Essa é a fase em que a
criança começa a apropriar-se da decodificação dos símbolos gráficos, mas como
ainda encontra-se no início do processo, o papel do adulto como "agente
estimulador" é fundamental.
CAPITULO 2 - HISTÓRIA DE NOSSA HISTÓRIA: UMA LITERATURA DE SABER
POPULAR
As fábulas, e os contos como as afirmações a seguir sugerem, podem
contribuir para o desenvolvimento intelectual e de linguagem das crianças, como
afirma DOHME, (2003, p. 99 – 100).
as fábulas trabalham com a parte racional das crianças, [...] irão trazer a
elas exemplos de fatos, características de personalidades e tipos de
relacionamentos que vão levar a consequências. Estes exemplos farão com
que ela exercite o seu raciocínio, sua inteligência, convidando-a a relacionar
estas experiências com as suas, [...] de forma a dar elementos para a
formação de [...] um repertório de ação em situações concretas.
Segundo MATHIAS (1983, p 7), várias lendas nos falam de um escravo
grego chamado Esopo, que viveu aproximadamente em 620 a 560 a.C., dizem que
foi comprado e vendido muitas vezes, muito provavelmente devido à sua
estranha aparência. Imagina-se que ele era corcunda, tinha o nariz chato, lábios
muito grossos e a cabeça deformada; também era anormalmente moreno. As lendas
fazem crer que ele sofria de um defeito da fala, o que devia incomodá-lo quando
contava histórias, mas não lhe afetava a agilidade mental. As experiências e as
viagens de Esopo deram-lhe um conhecimento e uma sabedoria superiores
aos de seus companheiros. Talvez por causa de suas deficiências, ou apesar
delas, ele possuía uma profunda compreensão da humanidade e de todas as
fraquezas, o que se reflete nas suas fábulas. Adaptou para o comportamento dos
animais aquilo que percebia, sabendo que dessa maneira seria mais fácil às
pessoas aceitarem e entenderem a verdade dos seus julgamentos simples. Foi
o fato de Esopo julgar as pessoas, que, dizem as lendas, acarretou sua morte. Ele
viajou para a Ilha dos Delfos e declarou que, de longe, ela parecia ‘feita de um
material pujante’, mas de perto revelava-se ‘um monte de ervas daninhas e
lixo’. Seus comentários irritavam a tal ponto os habitantes da ilha, que estes se
enfureceram, agarraram-no, atiraram-no de um alto rochedo, e ele morreu. Se a
vida de Esopo tivesse sido mais calma, poderia ter sido mais feliz, mas, para nós,
isso talvez significasse a perda da maior coleção de fábulas existentes nos dias de
hoje.
23
Segundo MATOS (2005, p.87), essa definição de contador de histórias,
como qualquer outro fenômeno social, “não pode ser desvinculada de seu contexto
histórico”. Temos ao longo da história da humanidade três períodos distintos
e sucessivos: “a sociedade de tradição oral, a sociedade de tradição escrita e
a sociedade contemporânea.
Em virtude deste pressuposto de MATOS (2005, p.102), os contadores eram
tidos como “grandes sábios” da comunidade, os que tinham o Dom da palavra e o
poder de transmitir e manifestar “saberes’ e valores”. O verdadeiro contador de
histórias busca na memória aquilo que conta: suas lembranças, visão das coisas,
das pessoas e acontecimentos, é autor de seu próprio caminho através da
história que conta, ele cria caminhos novos e únicos.
Seguindo ainda na construção do perfil de contador de histórias,
encontramos referência em MATOS (2005), que caracteriza o contador a partir de
três formas de narrativa:
Uma seria o contador primitivo ou tradicional, aquele que ouve alguma
coisa, alguém fala alguma coisa para ele, ele já está recontando, porque ao
ouvir ele criou uma estrutura mental, gravou aquilo, e a partir do momento
em que começa a contar ele está nada mais que descrevendo o que está
registrado na mente dele. Existe também o contador que seria o ator. O ator
pega uma história, trabalha aquilo, aí ele fala: eu tenho que ser cênico, e
vou mostrar como é que funciona. [...] E existe o narrador oral, [aquele que]
decora o texto, pega o texto, como o repórter, e conta a história. [...]
(MATOS, apud RAMOS, 2005, p.102).
MATOS (2005, p. 90), acrescenta que em linhas gerais, o contador de
histórias busca na própria memória aquilo que conta, busca suas vivências e
lembranças, sua percepção das coisas, das pessoas, dos acontecimentos e
relacionamentos, cria imagens e desenha local, instrumentaliza sua criatividade com
diversas leituras e observações e dessa forma constitui-se um canal para
transmissão de ideias, conhecimentos e ‘sabedorias’.
Desta forma, como vimos, contar histórias não é simplesmente ler ou
declamar,
encontramos
ressonância
em ABRAMOVICH (1989),
quando
a
autora refere que, para contar histórias, é:
[...] bom saber como se faz. Afinal, nela se descobrem palavras novas, se
entra em contato com a música e com a sonoridade das frases, dos
nomes... Se capta o ritmo, a cadência do conto, fluindo como uma
canção... Ou se brinca com a melodia dos versos, com o acerto das rimas,
com o jogo das palavras... Contar histórias é uma arte...e tão linda!!! É
ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido [...]. (1989, p.18).
24
Segundo ABRAMOVICH (1989, p.21), para que isso ocorra, é bom que
quem esteja contando crie todo um clima de envolvimento, de encantamento... Que
saiba dar as pausas, criar os intervalos, respeitar o tempo para que o imaginário de
cada criança possa construir seu cenário (construir sua linguagem e exercitar seu
papel de interlocutor).
Nesse sentido, pudemos também vivenciar a característica assinalada
por ALVES (1991, p.54), quando considera “o pesquisador como principal
instrumento de investigação e a necessidade de contato direto e prolongado
com o campo.”
Para MATOS (2005, p 22), a tradição oral, pode-se dizer, é uma história que
carrega em si as transformações do próprio homem, de suas civilizações, cultura,
valores, crenças e da própria construção do conhecimento. Através da palavra,
os povos se constituíram e adquiriram conceitos, podendo perpetuar sua imagem e
registrar na história do mundo a sua existência. As pessoas se reuniam em torno
da ‘palavra’ do contador
Ainda seguindo o raciocínio de MATOS (2005, p 22), temos que tais
histórias da tradição oral constituíram, com o passar do tempo, a Literatura Oral –
um conjunto de formas narrativas que foram transmitidas através das gerações
pela palavra falada e que puderam ser resgatadas e registradas pela palavra
escrita podendo ser ‘eternizada’ e utilizada quando se fizesse necessário.
MATOS (2005, p.26, 27), em relação a esse repertório da tradição oral, a
autora nos traz citações importantes de Hampâte Bâ, um exímio contador de
histórias que reforça essa reflexão quando diz que:
os mitos, contos, lendas, histórias orais [...] frequentemente constituem para
os sábios dos tempos antigos um meio de transmitir, ao longo dos séculos,
de uma maneira mais ou menos velada, pela linguagem de imagens e sons,
os conhecimentos que, recebidos desde a infância, ficaram gravados na
memória profunda do indivíduo, para ressurgirem talvez, no momento
apropriado, e iluminado por um novo sentido [...]. Eles são a mensagem
de ontem, destinada ao amanhã, transmitida hoje. (MATOS, 2005, p.26,
27).
Para MATOS (2005, p. 27), é realmente espantoso, quando nos deparamos
com os estudos que relatam que antigamente, quando não se tinha o hábito da
escrita como meio de registro e transmissão de conhecimentos e sabedorias,
as pessoas, quaisquer pessoas, tinham a roda de histórias, como um canal
25
oral de transmissão de cultura e conhecimento, que ao mesmo tempo distraía e
instruía, favorecendo um melhor contato social, a fim de uma construção de
um ‘saber universal’
Segundo COELHO (2003, p.31), nesses tempos primordiais, a comunicação
se dava de pessoa para pessoa e os povos que receberam tais narrativas viviam
distanciados geograficamente, separados por montanhas, rios, mares, em um tempo
em que as viagens eram feitas a pé, ou a cavalo ou em barcos toscos... Isso prova a
força da ‘palavra’ como fator de integração entre os homens.
BUSATTO (2005, p.17), coloca que desta maneira, fica assinalado que
algumas civilizações valorizavam mais as tradições culturais de seus povos, outras
nem tanto, mas todas, de alguma forma, encontravam-se mescladas às origens e
tradições culturais das demais, porém vale citar que para os povos, o conto de
tradição oral, é considerado mais do que um estilo literário a serviço do divertimento.
Sabe-se que neles estão contidos o conhecimento e as ideias de um povo, e que
através deles seria possível indicar condutas, resgatar valores.
Segundo BUSATTO (2005, p. 21 e 28), de certa forma, a relevância dos
contos de literatura oral, entre crenças, valores, raças e culturas:
[...] que os contos surgiram de uma necessidade intrínseca do homem em
explicar a sua origem e a origem das coisas, dotando de significados a sua
existência [...]. É uma das mais genuínas expressões culturais da
humanidade, sem que com isso possamos lhe atribuir paternidade.
Saber de sua provável origem mostra-se apenas uma curiosidade,
porque o conto se molda ao contexto onde ele é narrado e, como um
camaleão, vai se adaptando às cores e aos tons de cada povo, de
cada contador que o narrou. Cada voz imprimiu a sua sonoridade,
cada corpo as suas emoções. Ele mudou de nome e de roupa, mas a
sua essência continua inalterada. O conto de tradição oral é um retrato
da magia e do encantamento, uma fantástica criação da mente humana.
(BUSATTO, 2005, p. 21 e 28).
2.1 - CONTOS DE FADAS, MITOS, LENDAS E FÁBULAS: FILHOS DA MESMA
MÃE.
Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento ”Fada”,
etimologicamente a palavra fada vem do latim “Fatum” (destino, fatalidade, oráculo).
Afirma assim COELHO, (2009, p.78), que:
26
Comprova-se que as fadas tiveram origem comum em função do próprio
termo que as designa: “fada”. Sua primeira menção documentada em textos
novelescos foi em língua latina: fata (oráculo, predição), derivada de fatum
(destino, fatalidade).Nas línguas modernas: fada (português); fata
(italiano); fée (francês); fairy (inglês); feen (alemão) e hada (espanhol).
(COELHO, 2009, p.78).
COELHO (2009, p.79), afirma ainda que se tornaram conhecidas como os
seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, que se apresentavam sob
forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes sobrenaturais que interferem na
vida dos homens, para auxiliá-los em situações-limite, quando já nenhuma solução
natural seria possível.
Não há dúvida que, em sua origem, as fadas estavam ligadas a cultos ou
ritos religiosos. Em grande número de contos irlandeses (de origem celta),
a heroína (sempre um ser sobrenatural) aparece como mensageira de
Outro Mundo ou surge sob forma de um pássaro (em geral, cisne), que
está ligado ao mistério da morte. (COELHO 2009 p.79).
Segundo ABRAMOVICH (2006, p.17), essa formação, que utilizava tais
textos aconselhava em suas páginas principalmente o patriotismo, o amor e respeito
à família e aos mais velhos, a dedicação aos mestres e à escola, a piedade pelos
pobres e fracos.
É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros
tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra
ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia,
antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos
achar que tem cara de aula.(ABRAMOVICH ,2006 p.17).
Para BETTELHEIM (2002, p.17), a forma simbólica sob a qual são
apresentadas as situações permite ao ouvinte, ou ao leitor, sentir-se implicado, não
deixando por isso de manter as suas distâncias. Todas as crianças, por muito
amadas e queridas que sejam, estão sob o poder dos adultos, vivem situações que
consideram injustas, sonham com o dia em que o mundo vai descobrir que são
muito mais inteligentes, muito mais bonitas, muito mais interessantes e dignas de ser
amadas do que alguém reconheceu alguma vez. É maravilhoso para a criança
pressentir que essa descoberta pode acontecer que chegará o dia em que
poderá ocupar o lugar que legitimamente sente pertencer-lhe. Daí se poder dizer
que os contos de fadas carregam as baterias da autoestima das crianças tendo
grande importância na sua formação. Obviamente os contos de fadas não são as
únicas histórias que podem ser lidas ou contadas às crianças. Mas são mais
facilmente apreensíveis graça à sua estrutura e aos seus temas, à utilização de
fórmulas de repetição. A sua linguagem metafórica permite à criança projetar-se em
diferentes personagens e situações.
27
Segundo DOHME (2003, p. 21), sem dúvida, pensando no cidadão de
amanhã, uma das maiores preocupações dos professores e até mesmo dos pais é
de
formar
um
homem
e
uma mulher
que
sejam
críticos,
que
tenham
capacidade de analisar o que está à sua volta, de avaliar o que está de
acordo com seus princípios e o que não está e de tomar decisões de acordo
com as suas próprias convicções.” Por exemplo: As crianças pequenas ficarão
encantadas quando Cinderela se apaixonar imediatamente pelo príncipe. Mas,
as mais velhas poderão ser questionadas se somente o fato de ser bonito,
rico e poderoso é suficiente para alguém se apaixonar.
Segundo DOHME (2003, p. 22), esse último é abastecido pela literatura
infantil, que atua como suporte de diálogo, recreação e elaboração de ideias. Ela
desperta a sensibilidade da criança e aflora seu senso crítico, permitindo sua
alfabetização intelectual e estética, além da percepção ética e moral, fartamente
encontrada nos contos de fadas. Os contos de fadas pertencem ao mundo dos
arquétipos, são míticos, simbólicos, respondem ao universo da criança, e, sendo
assim, torna-se possível perceber que não nos dão outro poder, senão o de assumir
o real através da cultura do imaginário.
Segundo ABRAMOVICH (1995, p.17), contar histórias é a mais antiga das
artes. Nos velhos tempos, o povo assentava ao redor do fogo para esquentar,
alegrar, conversar, contar casos. Pessoas que vinham de longe de suas Pátrias
contava me repetiam histórias para guardar suas tradições e sua língua. As histórias
se incorporam à nossa cultura. Ganharam as nossas casas através da doce voz
materna, das velhas babás, dos livros coloridos, para encantamento da criançada. E
os pedagogos, sempre à procura de técnicas e processos adequados à educação
das crianças, descobriram esta “mina de ouro”, as histórias.
Para ABRAMOVICH (2006, p.19), o imaginário da criança é uma
possibilidade de descobrir o mundo imenso de conflitos, dos impasses, das soluções
que todos vivem e atravessam, de um jeito ou de outro, através dos problemas que
vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelos
personagens de cada história.
É através de uma história que se podem descobrir outros lugares, outros
tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra
ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia,
28
antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos
achar que tem cara de aula. (ABRAMOVICH 2006,p.19).
Para BETTELHEIM (1992), ainda que as crianças utilizam os contos para
conseguir lidar com problemas reais, enfrentando-os com a coragem de um adulto e
com a inocência de uma criança.
Enquanto diverte a criança, o conto de fadas esclarece sobre si mesma, e
favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em
tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos
modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de
contribuições que esses contos dão à vida da criança. BETTELHEIM (1992
p.20)
Segundo ABRAMOVICH (2006, p. 120), isso ocorre porque os contos de
fadas estão envolvidos no maravilhoso, um universo que denota a fantasia, partindo
sempre duma situação real, concreta, lidando com emoções que qualquer criança já
viveu. Desta forma, seria interessante, os contos estarem presentes na vida da
criança desde a educação infantil, auxiliando-a na elaboração dos seus conflitos,
auxiliando-os a estruturar uma resposta positiva, um final feliz a seus problemas,
pois os contos de fadas, ao se iniciarem com seu clássico “Era uma vez um
reino distante...” são atemporais. O reino do qual o conto fala pode ser qualquer
um, em qualquer lugar e seus personagens têm determinadas características que
despertam assim a identificação imediata da criança com o conto.
PASSERINI (1998, p. 68), o que há de comum a todos os contos de fadas é
o resto de uma fé originária dos mais antigos tempos e que exprime, em conceitos
imaginativos, fatos suprassensíveis. O significado dessas imagens perdeu-se há
muito tempo, mas ainda é sentido e confere ao conto o seu conteúdo, ao mesmo
tempo em que satisfaz o gosto natural pelo maravilhoso. Os contos de fadas jamais
são um jogo cromático de uma fantasia sem teor.
FRANZ (1990, p. 33), temos ainda uma afirmação de que mito é uma
“produção cultural, apresentado como forma solene, litúrgica e poética, conjunto de
expressões culturais conscientes, com ideias expressas de maneira mais explícita, e
que são subdivididos em mitos e mitos religiosos”
Para PASSERINI (1998, p. 78), ao contrário dos contos de fadas, os mitos
são narrativas de personagens que, em geral, têm poderes divinos, e normalmente
realizam proezas distantes da vida cotidiana e da realidade. Revelam, portanto,
um significado simbólico, “se desenvolvem no plano sagrado ou sobrenatural, seus
personagens são deuses e sua finalidade expressaria a dependência do homem e
29
do mundo em relação a um plano divino. As ideias dos mitos encontram-se
escondidas, dissimuladas
ou fragmentadas,
muito
provavelmente
pelas
distorções ocorridas nas transmissões orais realizadas ao longo do tempo
BAYARD 1957, apud PASSERINI (1998, p. 75), a lenda, mais verdadeira do
que a história, é um precioso documento: ela revela a vida do povo, comunica-lhe
um ardor de sentimentos que nos comove mais do que a rigidez cronológica de fatos
consignados. As lendas como outra modalidade são tidas como relatos de fatos
reais, transformados e ampliados pela imaginação do homem. São narrativas
populares que envolvem acontecimentos fantásticos, são histórias fabulosas que
devem ser lidas. Sob este enfoque, sua origem revela-se pela necessidade do
espírito humano melhor esclarecer o mundo que o circunda e os aspectos que ainda
lhe são incompreensíveis. Refere-se a uma narração na qual os fatos transcorrem
dentro de um tempo
apresenta-se
definido,
histórico
ou
o
heroico;
comportamento
dos
normalmente
são
seus personagens
histórias
que têm
localização geográfica definida e relação estreita com o folclore .
BETTELHEIM (1998, p.20), diz que os contos de fadas são impares, não são
como uma literatura, mas como uma obra de arte integrante compreensível para a
criança como nenhuma forma de arte o é. Desta forma, o conto de fada trará um
significado diferente para cada pessoa e diferente para a mesma pessoa, em vários
momentos de sua vida.
A contação de história na educação infantil é muito importante, pois é
através da voz do adulto que a criança faz sua primeira leitura, é através da prática
de ouvir e contar histórias que surge a sua relação com a leitura e os livros. Em
relação a importância de ouvir
histórias ABRAMOVICH (1989, p.17), diz que é
ouvindo histórias que se pode sentir emoções importantes, como a tristeza, a
raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a
tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as
narrativas provocam em que as ouve- com toda amplitude, significância e
verdade que cada uma delas fez ( ou não) brotar. Pois é ouvir, sentir e enxergar
com os olhos imaginários.
De acordo com FERREIRA (1975), fábula é narrativa curta, simples que
contém uma lição de moral, historieta de ficção, de cunho popular ou artístico, de
caráter alegórico, destinada a ilustrar um preceito. Os gregos costumavam chamar a
30
fábula de apólogo, sendo que esta palavra também costumava ser usada por eles,
para designar uma pequena narrativa que encerra uma lição de moral.
Etimologicamente, fábula se relaciona com a palavra latina fabulares significa
assunto de conversa, boato, rumor, história, conversar, narrar; o que mostra que a
fábula tem sua origem na tradição oral, aliás, é da palavra latina fábula que vem o
substantivo português fala e o verbo falar.
DOHME (2003, p. 99 – 100), as fábulas, como a afirmação a seguir sugere,
podem contribuir para o desenvolvimento intelectual e de linguagem das crianças, as
fábulas trabalham com a parte racional das crianças, irão trazer a elas exemplos de
fatos, características de personalidades e tipos de relacionamentos que vão levar a
consequências. Estes exemplos farão com que ela exercite o seu raciocínio, sua
inteligência, convidando-a a relacionar estas experiências com as suas, de forma a
dar elementos para a formação de um repertório de ação em situações concretas.
Segundo MATHIAS (1983, p.7) várias lendas nos falam de um escravo
grego chamado Esopo, que viveu aproximadamente em 620 a 560 A.C., dizem que
foi comprado e vendido muitas vezes, muito provavelmente devido à sua
estranha aparência:
Imagina-se que ele era corcunda, tinha o nariz chato, lábios muito grossos e
a cabeça deformada; também era anormalmente moreno. As lendas fazem
crer que ele sofria de um defeito da fala, o que devia incomodá-lo quando
contava histórias, mas não lhe afetava a agilidade mental. As experiências e
as viagens de Esopo deram-lhe um conhecimento e uma sabedoria
superiores aos de seus companheiros. Talvez por causa de suas
deficiências, ou apesar delas, ele possuía uma profunda compreensão
da humanidade e de todas as fraquezas, o que se reflete nas suas fábulas.
Adaptou para o comportamento dos animais aquilo que percebia,
sabendo que dessa maneira seria mais fácil às pessoas aceitarem e
entenderem a verdade dos seus julgamentos simples. Foi o fato de
Esopo julgar as pessoas, que, dizem as lendas, acarretou sua morte. Ele
viajou para a Ilha dos Delfos e declarou que, de longe, ela parecia ‘feita de
um material pujante’, mas de perto revelava-se ‘um monte de ervas
daninhas e lixo’. Seus comentários irritavam a tal ponto os habitantes da
ilha, que estes se enfureceram, agarraram-no, atiraram-no de um alto
rochedo, e ele morreu. Se a vida de Esopo tivesse sido mais calma, poderia
ter sido mais feliz, mas, para nós, isso talvez significasse a perda da
maior coleção de fábulas existentes nos dias de hoje.
FRANZ (1990, p.35), afirma que o estudo dos contos é essencial para que
se delineie a base humana universal, seus estudos aprofundam-se nos contos e nas
suas interpretações, pois, para ela, apresentam uma linguagem que todos
entendem. Ainda para a autora, os contos de fadas têm como verdadeira base a
arquetípica:
31
[...] é a expressão da estrutura mais geral, e ao mesmo tempo mais básica
do ser humano [...] isso se deve ao fato de [...] estar além das diferenças
culturais e raciais, podendo assim imigrar facilmente de um país para outro
qualquer. (FRANZ, 1990, p.35).
Para DOHME ( 2003, p. 30), a narrativa dos contos de fadas, é uma ficção
que usa a fantasia, dons sobrenaturais, personagens e objetos enfeitiçados, fatos
que conduzem ou dão solução à história são simples, inesperados e, justificados
pela magia.
PASSERINI (1998, p. 77), os mitos antigos foram concebidos para
harmonizar a mente e o corpo. A mente pode navegar por caminhos estranhos,
querendo coisas que o corpo não quer. Os mitos e os ritos eram meios de colocar a
mente em acordo com o corpo, e o rumo da vida em acordo com o rumo apontado
pela natureza.
Para GRANDESSO (2000, p.53), a realidade construída de cada um é um
conjunto de histórias apresentadas como narrativas, que dão valor e sentido ao
existir, as histórias criam uma realidade própria na vida, as histórias representam
assim, o resultado de empenhos para dar um sentido à vida, organizando a
experiência em sequências temporais, configuradas em relatos coerentes sobre nós
mesmos e nosso mundo”
GRANDESSO (2000, p. 201), coloca ainda que as histórias se constroem
em uma sequência linear no tempo, por meio da memória e prospecção, brindando a
pessoa com um sentido de continuidade da existência ‘como’ um referencial para
interpretar sua cotidianidade e construir seus futuros possíveis. E que as pessoas
organizam-se em um sistema de significados, surgidos, mantidos e modificados
na convivência e diálogo com os outros. Os significados apresentam-se por meio
da linguagem como narrativas. As narrativas têm então, função organizadora da
experiência de cada um. As histórias são compreendidas como se “estivessem
no tempo gerúndio”, sempre em movimento e abertas à modificação;
Para COELHO (2000, p. 27), a literatura infantil é, antes de tudo, literatura;
ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a
vida, através da palavra. Funde os sonhos e ávida prática, o imaginário e o real, os
ideais e a sua possível / impossível realização. Os contos funcionam como um canal
de comunicação com o mundo psíquico da criança, que tira das histórias
32
importantes ensinamentos para desenvolvimento do seu mundo interior.
Eles
elaboram de forma simbólica os conflitos entre a criança e o mundo.
Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, p.143), a leitura de histórias é um
momento em que a criança pode conhecer a forma de viver, pensar, agir e o
universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em
outros tempos e lugares que não o seu. A partir daí ela pode estabelecer relações
com a sua forma de pensar, e o modo de ser do grupo social ao qual pertence. As
instituições de educação infantil podem resgatar o repertório de histórias que as
crianças ouvem em casa e nos ambientes em que frequentam, uma vez que essas
histórias se constituem em rica fonte.
ABRAMOVICH (1989, p.17), coloca que suscitar o imaginário, é ter a
curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias
para solucionar
questões
como
as
personagens.
É uma possibilidade de
descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos
vivemos e atravessamos – dum jeito ou de outro – através dos problemas
que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas
personagens de cada história (cada uma a seu modo)... É a cada vez ir se
identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde
aquele que está sendo vivido pela criança)...e, assim, esclarecer melhor as
próprias dificuldades ou encontrar um caminho para resolução delas
2.2 - A SIMBOLOGIA NO CONTO DE FADA
Segundo COELHO (2002, p.40), o leitor crítico (a partir dos 12/13 anos)
nesta fase é total o domínio da leitura e da linguagem escrita. Sua capacidade de
reflexão aumenta, permitindo-lhe a Inter textualização. Desenvolve gradativamente o
pensamento reflexivo e a consciência crítica em relação ao mundo. Sentimentos
como saber, fazer e poder são elementos que permeiam o adolescente. O convívio
do leitor crítico com o texto literário deve extrapolar a mera fruição de prazer ou
emoção e deve provocá-lo para penetrar no mecanismo da leitura.
Para CHALITA (2005, p. 138), para criarmos cidadãos sem preconceitos, é
preciso começar a educá-los ainda quando crianças, fazendo com que desenvolvam
33
o respeito ao diferente por meio de máximas morais, contos e narrativas que
instiguem avaliações e conclusões de que todas as pessoas merecem respeito,
amor fraterno e tratamento digno.
De acordo com SANDRONI & MACHADO (1998, p.23), professores que
oferecem pequenas doses diárias de leitura agradável, sem forçar, mas com
naturalidade, desenvolverá na criança um hábito que poderá acompanhá-la pela
vida afora. Para desenvolver um programa de leitura equilibrado, que integre os
conteúdos relacionados ao currículo escolar e ofereça certa variedade de livros de
literatura como contos, fábulas e poesias, é preciso que o professor observe a idade
cronológica da criança e principalmente o estágio de desenvolvimento de leitura em
que ela se encontra. o equilíbrio de um programa de leitura depende muito mais do
bom senso e da habilidade do professor que de uma hipotética e inexistente classe
homogênea.
COELHO (2004, p.17), é por meio dessa perspectiva que os contos de
fadas, as lendas e os mitos etc. também deixaram de ser vistos como
“entretenimento infantil” e vêm sendo redescobertos como autênticas fontes de
conhecimento do homem e de seu lugar no mundo.
BETTELHEIM (1980, P. 18), os contos de fadas, apesar de apresentarem
fatos do cotidiano às vezes de forma bem realista, não se referem claramente ao
mundo exterior, e seu conteúdo poucas vezes se assemelha com a vida de seus
ouvintes. Sua natureza realista fala aos processos interiores do indivíduo Outro
aspecto bastante relevante no processo de desenvolvimento das habilidades da
criança é a relação social que ela mantém fora da escola, principalmente em casa,
onde os pais devem criar o habito de contar historia de fazer com que a criança se
interesse linguagem orla e escrita, tornando esse momento prazeroso e não algo
obrigatório.
Segundo BETTELHEIM (1980, p. 32), os contos de fadas são versões
amesquinhadas e simplificadas, que amortecem os significados e roubam-nos de
todo o significado mais profundo, onde os contos de fadas são transformados em
diversão vazia. É uma história repleta de simbologias sobre as opções que a vida
nos concede ao longo de nossa trajetória por diversos caminhos bifurcados, assim
como ocorre na narrativa de A Escolha de Hércules, quando somos jovens nos é
dada a oportunidade de selecionar as trilhas que vão culminar num futuro construído
34
sobre os pilares do sucesso ou do fracasso, dependendo do percurso que
escolhemos seguir.
Para CHALITA (2005, p. 94), o trabalho nos torna seres sociais na medida
em que, no exercício de nossa profissão, entramos em contato com outros
indivíduos e pouco a pouco, aprendemos a estabelecer relações com pessoas
diferentes, com ideias e opiniões muitas vezes divergentes das nossas. Pessoas de
origens diversas, com costumes e histórias variadas que nos enriquecem social e
culturalmente. Essa aproximação com o outro é fundamental para o nosso
crescimento intelectual, bem como para a solidificação ao nosso caráter. Em outras
palavras, o trabalho nos ensina e fortalece em nos valores indispensáveis como,
ética, justiça e respeito às diferenças.
Segundo BETTELHEIM (1980, p. 26 - 27), é exatamente tão importante para
o bem-estar da criança, sentir que seus pais compartilham suas emoções,
divertindo-se com o mesmo conto de fadas, quanto seu sentimento de que seus
pensamentos interiores não são conhecidos por eles até que ela decida revelá-los.
Se o pai indica que já os conhece, a criança fica impedida de fazer o presente mais
precioso a seu pai, o de compartilhar com ele o que até então era secreto e privado
para ela A presença dos pais nesse processo de desenvolvimento da aprendizagem
se faz necessária para que a criança possa adquirir mais confiança e assim
desenvolver de uma forma mais harmoniosa suas habilidades. São através de
atitudes simples que os pais podem proporcionar momentos de lazer e de
desenvolvimento, assim as crianças, aprendem desde cedo a se sobressair na
escola e na vida. Os contos de fadas, sempre presentes no desenvolvimento infantil,
podem ser vistos como pequenas obras de arte, capazes que são de envolver as
crianças com seu enredo, de instigar a mente e comover com a sorte de seus
personagens. Divididos entre o bem e o mal – representados por príncipes, fadas e
também por monstros, lobos e bruxas apavorantes, os contos de fadas encantam as
crianças e os adultos desde a sua criação.
Segundo AROEIRA (1996, p 141), contar histórias é uma experiência de
grande significado para quem conta e para quem ouve. Por meio dos contos as
crianças resolvem suas dúvidas interiores e a solucionarem problemas que
aparentemente para eles não havia solução. O conto de fada demonstra que para
35
todo problema existe uma solução alcançável, talvez não da forma esperada, mas
da forma que propicie o desdobramento do martírio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como a análise e reflexão sobre dados evidenciam, foi atingido o objetivo
central desta pesquisa que é o de verificar a possibilidade de utilizar a contação de
histórias
como
estratégia
de
estimulação
de
linguagem
da
crianças
na
alfabetização
Embora a nossa sociedade seja diferente daquela da época em que foram
criados, a mensagem que estes contos encenam são intemporais. As crianças
envolvem-se facilmente nos enredos porque sentem que o tipo de problemas das
personagens é semelhante aos que as atormentam. Não é, portanto, de se
estranhar que estas histórias se mantenham vivas no nosso inconsciente coletivo e
que sejam transmitidas ao longo das gerações. Essas histórias carregam uma força
profunda, que não se deve apenas a mera função de distrair ou embalar o sono das
crianças.
A vida não passa de um conjunto de escolhas simples, práticas, emocionais
e intelectuais, todas organizadas sistematicamente para nossa grandiosidade ou
desespero da mesmice, essas escolhas são feitas invariavelmente no nosso dia a
dia a cada minuto. Não podemos esquecer que não são apenas nossas grandes
escolhas que moldam nossa realidade e vida cotidiana.
As pequenas escolhas
também nos levam em direção ao nosso destino, em direção a evolução,
crescimento e aprendizado.
Por isso, podemos afirmar que, ao escolhermos
trabalhar com essas crianças, garantimos em nosso destino a possibilidade de
surpresas, conquistas, renúncias, superações e igualdade.
O grande poder dos contos está na magia que apresentam e na fantasia que
despertam. E foi essa magia que tivemos o prazer de observar nesta pesquisa. As
histórias infantis fazem parte do imaginário da criança, e devem fazer parte de seu
cotidiano escolar. A atividade lúdica que esta oferece desenvolve na criança uma
atitude positiva para com a aprendizagem, com a sala de aula, com a escola, pois
ler, contar, recontar e cantar é estimulante, apaixonante, envolvente e mobilizador.
Esperamos que este estudo possa sensibilizar outros profissionais da nossa
área para esta caminhada em direção ao aprender, pelas experiências vividas e
refletidas. Nosso desejo é que esta dissertação seja um instrumento para estimular,
37
desafiar e motivar a caminhada daqueles que buscam saber mais a cada dia,
pensando em beneficiar de alguma forma o outro. Por acreditarmos ser a contação
de histórias uma arte de acesso irrestrito, esperamos que possa inspirar sua
utilização no trabalho com pessoas com deficiência, principalmente ao se pensar em
estimulação da linguagem.
Afinal, não se ensina ou não se aprende simplesmente a ler e a escrever.
Aprende-se uma forma de linguagem, uma forma de interação, uma atividade, um
trabalho simbólico, que só é conseguido através da utilização dos contos de fadas a
partir da alfabetização.
Sendo assim, o enfoque deste trabalho foi mostrar a importância da
utilização dos contos e seus benefícios às crianças, já que, são relacionados ao
mundo imaginário pintando a realidade do mundo, atualizando ou reinterpretando,
em suas variantes questões universais, como o conflito do poder e a formação dos
valores, misturando realidade e fantasia, no clima do “Era uma vez”, permitindo “um
final feliz”.
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