Comunicação Alternativa e Contos de Fadas Como Instrumento de
Abordagem Linguístico ao Deficiente Intelectual em uma Instituição de
Longa Permanência
Autores: BATHAUS, Andrea Maria; CALVITTI, Solange Volvio ; LANA, Daniele
Santos Dalla; MARRA, Silvia Cristina; SANTOS, Carla dos.
Instituição: C.E.N.L. Casas André Luiz
Eixo temático: Aquisição, desenvolvimento e avaliação da linguagem e
comunicação.
Introdução: Comunicação é essencial para integrar o indivíduo na sociedade.
Pessoas com deficiência apresentam dificuldades na linguagem receptiva e
expressiva. Falhas nesse processo levam á incapacidade na expressão dos
sentimentos e prejudicam o desenvolvimento acadêmico e social (PELOSI,
2000 apud FABRI, 2011: 30).
Os sistemas suplementares de comunicação permitem às pessoas com
deficiências desenvolverem habilidades para uma comunicação funcional,
otimizando suas possibilidades de integração social, expressão de afetividade,
aquisição de conhecimentos e melhoria de qualidade de vida. (SELLA, 2007
apud FABRI, 2011: 32).
Um dos sistemas simbólicos mais utilizados em todo o mundo é o PCS Picture Communication Symbols, criado em 1980, possui como características:
desenhos simples e claros, de fácil reconhecimento e adequados para usuários
de qualquer idade (SARTORETTO E BERSCH, 2012).
Sabe-se da importância do uso de diferentes gêneros textuais para propostas
de terapia de linguagem, dentre eles, os contos de fada.
Esses textos são ímpares, não só como uma forma de leitura, mas como obras
de arte integralmente compreensíveis pela criança como nenhuma outra forma
de arte é. Como sucede com toda grande arte, o significado mais profundo do
conto de fadas será diferente para cada pessoa, e diferente para a mesma
pessoa em vários momentos de sua vida. A criança extrairá significados
diferentes do mesmo conto de fadas, dependendo de seus interesses e
necessidades do momento. Além disso, os contos de fada permitem ao ser
humano, aprender a explorar o inconsciente, a ampliar os horizontes fornecidos
pelo imaginário, contribuindo de forma significativa na ampliação do
conhecimento e na formação da personalidade.(BETTELHEIM, 2007).
Objetivo: O objetivo desse estudo é analisar o uso dos contos de fadas
associados aos símbolos da comunicação alternativa (PCS) no processo de
construção do repertório linguístico.
Metodologia: Participaram do estudo quatro pacientes, gênero feminino, 30
anos, diagnosticados com paralisia cerebral e deficiência intelectual, atendidos
pelo setor de fonoaudiologia do Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz.
Foram submetidos à avaliação de linguagem
nos aspectos vocabulário e
pragmática a partir do ABFW – Teste de Linguagem Infantil. As avaliações
ocorreram antes da apresentação dos contos de fadas e após 12 sessões de
terapia. No quesito vocabulário foi analisada a nomeação de figuras; na
pragmática foram avaliados o número de atos, meios e funções comunicativas.
Foram também avaliados aspectos relacionados à motivação do paciente no
uso dos símbolos de comunicação alternativa. Posteriormente a avaliação, os
contos foram selecionados pelos pacientes em conjunto com os terapeutas
(Branca de Neve, Cinderela e Chapeuzinho Vermelho). Os pacientes assistiam
ao vídeo ou ouviam a história, discutiam sobre seu contexto, e sobre o papel da
cada personagem dentro do conto. Após, os pacientes foram convidados a
recontar o conto utilizando os símbolos de comunicação alternativa do sistema
PCS. Esse procedimento ocorreu por três meses, uma vez por semana, com
sessões de 30 minutos, totalizando 12 sessões. Por fim, os pacientes foram
avaliados utilizando-se os mesmos critérios da avaliação inicial.
Resultados: Na avaliação inicial observou-se déficits nas habilidades avaliadas,
principalmente
nos aspectos relacionados à pragmática envolvendo as
funcões comunicativas: pedido de rotina social, pedido de consentimento,
pedido de informação, protesto, reconhecimento do outro, comentário,
exclamativo e narrativa. Na avaliação final observou-se melhora nas
habilidades avaliadas previamente, principalmente os aspectos relacionados à
funçoes comunicativas de reconhecimento do outro, comentário, exclamativo e
narrativa. Observou-se também melhora significativa em relação à motivação.
Os
pacientes
ficaram
mais
motivados
e
participativos
aceitando,
compreendendo e utilizando melhor os recursos de comunicação alternativa.
Conclusão: A utilização dos contos de fada como recurso terapêutico associado
à comunicação suplementar alternativa favoreceu a ampliação do repertório
comunicativo, que envolve as habilidades de expressão e compreensão.
Percebeu-se que os contos de fadas podem ser utilizados como uma
ferramenta importante no processo terapêutico dos pacientes que apresentam
um repertório lingüístico ainda limitado, podendo ser utilizado de diversas
maneiras associados à comunicação suplementar alternativa. Constatou-se o
aumento da atitude comunicativa do usuário e o desejo de estabelecer a
comunicação interativa e o aumento do nível de aceitação e do uso do sistema
de comunicação.
Referências:
BETTELHEIM, B. A psicanálise dos Contos de Fadas. São Paulo: Paz e
Terra, 2007.
FABRI, M.H. A Comunicação Alternativa do Adulto com Paralisia Cerebral: Uma
reflexão sobre as questões da autonomia. In: NUNES, L. R. O. P. et al.
Compartilhando Experiências: Ampliando a Comunicação Alternativa. 1 ed São
Paulo: ABPEE, 2011 cap. 3 p. 29-41.
SARTORETTO, M. L. BERSCH, R. O que é PCS [internet]. São Paulo.
Disponível em http://www.assistiva.com.br/ca.html Acesso em 29. Maio.2012.
Às 10:00.
SOUZA, V.V. O brincar e a Comunicação Alternativa e Ampliada. In: NUNES, L.
R. O. P. et al. Compartilhando Experiências: Ampliando a Comunicação
Alternativa. 1 ed São Paulo: ABPEE, 2011 cap.8 p. 113-124.
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