A BIBLIOTECA DE BENJAMIN VICUÑA MACKENNA
A Biblioteca de Benjamín Vicuña Mackenna é o único vestígio original da Casa Quinta, que superava
os limites do atual Museu. Victoria Subercaseaux, sua esposa, tentou manter a casa, mas a família
não teve recursos para a restauração e o campo foi vendido, restando hoje em dia apenas parte do
Museu e o seu escritório.
Este foi o lugar de trabalho de Benjamín Vicuña Mackenna. A biblioteca foi construída em 1872 pelo
arquiteto que fez a pequena igreja do Morro Santa Luzia, Andrés Staimbuck, tendo sido declarada
monumento nacional em 1992. Em seus muros, pintados de cor roxa, há balas da Guerra do Chile
contra a Espanha e duas pedras redondas: uma pedra indígena e uma wuaca, pedra inca usada
durante os rituais para agricultura. A piscina em frente à biblioteca foi construída juntamente com a
piscina que está na colina Santa Luzia.
O mobiliário do hall de entrada é a continuação do mobiliário francês do quarto dois, dando
seguimento à historia de Juana de Arco com um porco-espinho no centro em referência ao rei Luis XII
da França.
O escritório de Benjamín Vicuña Mackenna foi decorado com móveis e pinturas que pertenciam à
sua família, por isso não se encontraram fotografias ou testemunhos sobre o lugar. Foi o refúgio de
Benjamín Vicuña Mackenna, que o utilizada quando ele queria escrever, sobretudo quando sua
família tinha visitas ou conversas. É possível encontrar pinturas e uma parte da sua biblioteca pessoal
com livros escritos em francês, inglês e espanhol.
No segundo andar é possível apreciar o dormitório de Vicuña Mackenna, onde descansava depois do
trabalho. É possível apreciar a cama que Benjamín ocupava durante sua infância e juventude, além de
diferentes móveis e pinturas da época.
Neste quarto há outro escritório, com fotografias da namorada de Benjamín Vicuña Mackenna e de
suas filhas, bem como duas jaquetas usadas pelos guerreiros da Guerra do Pacífico.
Objetos em exposição:
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Mobiliário de nogueira em estilo francês, continuação do mobiliário do quarto dois, com a
vida de Juana de Arco e um porco-espinho representando o rei Luis XII da França, com a
inscrição em latim “cominus et eminus”, que significa “de mãos dadas e distantes”.
Escrivaninha de Benjamín Vicuña Mackenna.
Sofá de estilo francês.
Pinturas de Benjamín Vicuña Mackenna quando ele tinha 21 e 42 anos de idade.
Cópia do retrato de Luis Eugenio Lemoine.
Pintura de Herminia Arrate Ramirez representando a Casa Quinta original.
Pintura de Martín Hidalgo representando a Praça Benjamín Vicuña Mackenna, que fica ao
lado da colina Santa Luzia.
Pintura “Ermita Sepulcro del cerro Santa Lucía” de Manuel Nuñez.
Pintura “Parque del Chalet de Vicuña Mackenna”, de Enrique Swimburn.
Pintura de Dolores Vicuña, irmã de Benjamin Vicuña Mackenna, representando uma
paisagem noturna.
Livros da biblioteca pessoal de Benjamín Vicuña Mackenna.
Cama de Benjamín durante sua infância e juventude.
Mobiliário da sua época: cômodas, armário para a roupa, cadeira de couro, todos trazidos da
França.
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Braseiro.
Fotografias das três filhas de Vicuña Mackenna e sua esposa com sua filha Eugenia.
Duas jaquetas usadas pelos guerreiros da Guerra do Pacífico, doados a Benjamín Vicuña
Mackenna.
QUARTO 1 – PREFEITO DE SANTIAGO (1872 – 1875)
Benjamín Vicuña Mackenna foi nomeado prefeito de Santiago pelo Presidente do Chile Federico
Errázuriz Zañartu, e governou de 1872 até 1875. Sua ambição era transformar Santiago na Paris da
América, idéia amadurecida durante suas viagens de juventude. O prefeito queria mudar
urbanisticamente a cidade; para isso, propôs vinte medidas, incluindo a canalização do rio Mapocho,
a criação de praças, a construção de escolas, a pavimentação das ruas e a organização de uma nova
polícia.
A obra mais destacada de sua administração foi a urbanização e embelezamento do Cerro Santa
Lucía, com o fim de transformá-lo “numa praça pública mais ampla, mais higiênica y mais bonita”. O
morro, local de fundação da cidade, ficava no centro e tinha uma superfície rochosa, servindo como
refúgio para ladrões e cemitério clandestino.
A remodelação começou em junho de 1872. Em cerca de dois anos, o trabalho de diversos
profissionais e presos recrutados para o empreendimento transformou o morro num passeio com
jardins, fontes e monumentos, entre os quais se destacam a fortaleza de Hidalgo, o jardim circular e
uma pequena igreja, onde estão os restos mortais de Benjamín Vicuña Mackenna, sua esposa e três
de seus filhos. Alguns dos ornamentos de mármore que estavam no morro encontram-se hoje no
Museu. A obra teve um custo de 200.000 pesos da época, obtidos por doações e dinheiro do próprio
Prefeito.
Outro grande projeto realizado por Benjamín Vicuña Mackenna foi a criação do “Camino de Cintura“
ou “Via Circular”, gerando um limite urbano para separar a cidade do mundo rural e manter
epidemias controladas, evitando a expansão urbana sem planejamento. O Prefeito também
combateu os locais ilegais de entretenimento, tabernas em mau estado onde as pessoas bebiam e
dançavam, substituindo-os por “casas de diversões públicas”. Também realizou uma expedição ao
“Cajón del Maipo”, para encontrar novas fontes de abastecimento de água para a cidade.
Outras realizações incluíram a ampliação de ferrovias, iluminação pública a gás, a criação de novas
praças e a restauração do Teatro Municipal. Tudo isso e muito mais o convertem numa referencia
obrigatória para os estudos sobre o desenvolvimento urbanístico de Santiago.
Objetos em exposição:
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Ferramenta usada por Benjamín Vicuña Mackenna para inaugurar obras durante o seu
mandato.
Pedaço de pano do prefeito, azul e vermelho.
Menu em Francês, impresso em seda, de um banquete em homenagem a Benjamín Vicuña
Mackenna.
Óleo do francês Luis Eugenio Lemoine, representando a Benjamín Vicuña Mackenna quando
era prefeito aos 42 anos de idade. Ao fundo é possível observar o Cerro Santa Lucía.
Modelo do Cerro Santa Lucía, em 1874.
Pintura da vista de Santiago da época, desde o Cerro Santa Lucía.
Textos de Benjamín Vicuña Mackenna quando foi prefeito de Santiago.
Tinteiro de metal.
Álbum titulado “Exploración de las Lagunas Negra y del Encañado en las Cordilleras de San
José y del Valle del Yeso”.
Fragmento do barco da expedição.
QUARTO DOIS – VIAGENS E VIDA FAMILIAR
Benjamín Vicuña Mackenna nasceu no dia 25 de agosto de 1831. Foi o último dos dezessete filhos do
casal Félix Vicuña Aguirre e Carmen Mackenna Vicuña. Descendia de importantes membros da elite
chilena, como seu avô materno Juan Mackenna O`Reilly, herói da independência do Chile, e seu avô
paterno Francisco Ramón Vicuña Larraín, ex-Presidente da Republica.
Sua posição social permitiu–lhe ocupar um lugar na elite daquela época. Casou–se com Victoria
Subercaseaux Vicuña, com quem teve oito filhos. Dos seis mulheres e dois homens, apenas quatro
sobreviveram à juventude: Blanca, Benjamín (Tatín), Maria Magdalena e Eugenia. A vida da família
decorreu em suas duas casas: a propriedade de Santa Rosa de Colmo, perto de Con-Cón (região de
Valparaíso), e a Casa Quinta em Santiago, que originalmente era maior que o museu que a sucedeu.
Da casa de Benjamín Vicuña Mackenna apenas conserva–se seu escritório, hoje chamado “Biblioteca
Histórica”, que pode ser visitado.
Este quarto contém parte do mobiliário de Benjamín Vicuña Mackenna e sua família. Os objetos,
feitos na Europa, têm estilos diferentes. O armário, por exemplo, em estilo gótico, foi adquirido na
França e suas esculturas representam a vida de Joana D’Arc e a coroação do rei francês Charles VII.
Benjamín Vicuña Mackenna fez numerosas viagens; durante a juventude conheceu a América do
Norte, a América do Sul e a Europa. O contato com variadas culturas, pessoas e visões de mundo,
assim como diferentes cidades, o ajudou a consolidar suas idéias sobre a cidade de Santiago. Em
1870 Vicuña Mackenna esteve em París, onde pôde observar de perto a remodelação conduzida pelo
Barão Haussmann, fonte de inspiração para sua posterior atuação como Prefeito de Santiago.
Objetos em exposição:
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Modelo das casas de Benjamín Vicuña Mackenna: à esquerda, sua propriedade de Santa Rosa
de Colmo e à direita a biblioteca da Casa Quinta.
Jogo dourado dos avós de Benjamín Vicuña Mackenna.
Óleo de Lattanzi mostrando Victoria Subercaseaux de luto.
Fotografia da Casa Quinta.
Fotografia de Benjamín Vicuña Mackenna aos 21 anos, com sua namorada.
Fotografia de Victoria Subercaseaux, de José Santos Dumont, no dia 19 de março de 1916.
Fotografia de Benjamín Vicuña Mackenna, ao lado do general Baquedano e um menino, em
sua propriedade de Santa Rosa de Colmo.
Armário de nogueira.
Mobiliário espanhol de madeira e tapeçaria, com o escudo da familia Vicuña Subercaseaux
Vitrine para cerâmica de estilo francês.
Cadeirão de madeira de mogno, estofado em veludo cor de vinho, pés em forma de pata de
leão.
Óleo de W. H. Walton, de 1886, mostando Benjamín Vicuña Mackenna.
Fotografias dos pais de Benjamín Vicuña Mackenna.
Óleo mostrando Victoria Subercaseaux, obra de Dora Alcalde.
Óleo de Ricardo Rischon-Brunon, de 1902, mostrando Benjamín Vicuña Subercaseaux (Tatín),
filho de Vicuña Mackenna.
Jaqueta diplomática e chapéu de Benjamín Vicuña Subercaseaux (Tatín).
Óleo de Raymond Monvoisin, representando a morte do pai de Benjamín, com seu falecido
irmão Ignácio.
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Bastões: um bastão de madeira de México, motivos astecas; um bastão de marfim; um
bastão de madeira de ébano com punho de ouro; um bastão de bambu chinês.
Rosário de marfim que pertenceu à avó de Benjamín Vicuña Mackenna.
Cafeteira de bronze e louça branca.
Objeto de marfim com que Benjamín Vicuña Mackenna presenteou sua esposa, em agosto de
1873.
Leque de encaixe preto, que tem o escudo da família Vicuña Subercaseaux e um desenho do
Cerro Santa Lucía.
Bolsa de couro preto para viagens e uma carteira para caminhar, objetos de Victoria
Subercaseaux.
Leque de papel com um desenho da vida da época.
Óculos de Benjamín Vicuña Mackenna.
Medalha representando a Benjamín Vicuña M.
Retrato da sua sogra.
QUARTO 3 – BENJAMÍN VICUÑA MACKENNA: POLÍTICO, HISTORIADOR E AMERICANISTA
Benjamín Vicuña Mackenna, juntamente com outros liberais, lutou durante sua juventude contra os
conservadores, que estiveram no poder desde 1831 até 1861.
Foi secretário da Sociedade da Igualdade, criada em 1850 para integrar as pessoas mais necessitadas
à política. Em seu governo, o Presidente Manuel Bulnes dissolveu a Sociedade da Igualdade e
declarou estado de sítio, razão pela qual, em 1851, os liberais começaram uma guerra civil contra os
conservadores. Durante o “Motim de Urriola”, Vicuña Mackenna foi preso e condenado à morte, mas
conseguiu escapar e sair do país. Retornou ao Chile em 1855 em virtude de uma lei de anistia e
continuou na luta política, participando de diversas manifestações até ser preso e exilado à Inglaterra
um ano depois.
O futuro prefeito também foi historiador, escrevendo durante seus 54 anos mais de cem livros sobre
diferentes temas, como as guerras civis que vivenciou no Chile, a confederação americana, a história
urbana, a Guerra do Pacífico, a conquista do Chile, vários personagens históricos, entre outros.
Fez parte de diferentes instituições da capital do Chile. Foi voluntário na Terceira Companhia de
Bombeiros, criada em Santiago depois do incêndio da Igreja da Companhia em 1863 que causou a
morte de 1800 pessoas, tendo sido nomeado diretor até 1879. Fundou também a Sociedade
Protetora de Animais em 1876 por conta dos maus-tratos e descuidos dos cavalos.
Foi muito elogiado após a sua morte por conta das suas ações. No entanto, enquanto esteve vivo, foi
objeto de numerosas sátiras e críticas. Uma delas foi a do jornal El Charivari, escrita após a sua
permanência nos Estados Unidos em 1865: o governo do Chile enviou-lhe para aquele país para
conseguir o apoio contra a intervenção espanhola na América, porém teve que retornar depois de
dez meses, com alguns navios mas sem a ajuda dos Estados Unidos. Criou, porém, o jornal “A Voz da
América”, por meio do qual tentou convencer as pessoas acerca das suas idéias de amizade e
companheirismo americano. Junto com ilustres personagens chilenos, decidiu formar uma
Confederação Americana, ideia desenvolvida desde 1862, com vistas a estabelecer uma união entre
os povos sulamericanos em defesa da sua independência para o enfrentamento do inimigo
colonialista.
Como deputado, em 1868 Benjamín Vicuña Mackenna expressou sua opinião sobre os territórios
mapuche na Araucanía, pretendendo reduzi-los através de uma forte presença militar.
Benjamín Vicuña Mackenna também foi jornalista e escreveu mais de mil artigos em vários jornais,
especialmente durante os períodos políticos mais agitados. Durante 33 anos, escreveu para o jornal
“El Mercurio del Valparaíso”, fundado por seu pai, no qual publicou um artigo muito à frente do seu
tempo sobre os direitos das mulheres, tendo sustentado que se uma mulher trabalhava em sua casa,
poderia conduzir o país.
Depois de ser prefeito de Santiago, demitiu-se para ser candidato dissidente à presidência pelo
Partido Liberal Democrático. O seu programa foi apresentado num Manifesto e a sua turnê eleitoral
iniciou-se com visitas às províncias do sul, ficando conhecida como a “Campanha dos Povos”. A sua
campanha causou muita emoção nas aldeias mas não agradou o Presidente da Republica, que o
obrigou a deixar a candidatura.
Benjamín Vicuña Mackenna passou seus últimos anos de vida em sua propriedade de Santa Rosa de
Colmo, onde morreu no dia 25 de janeiro de 1886.
Objetos em exposição:
Busto cinza de Marta Colvin, destacada artista chilena, representando Benjamín Vicuña
Mackenna.
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Modelo do dia 20 de abril de 1851, o “Motim de Urriola”.
Livros escritos por Benjamín Vicuña Mackenna sobre a conjuntura política nos anos de 18501851.
Medalhão de bronze representando Benjamín Vicuña Mackenna, obra de José Miguel Blanco.
Retrato de lápis de Benjamín Vicuña Mackenna em sua juventude, obra de Francisco Huneeus
Salas.
Obras de Francisco Bilbao, companheiro de Benjamín Vicuña Mackenna na “Sociedade da
Igualdade” (1850).
Pintura de Luis Eugenio Lemoine (1886) representando Benjamín Vicuña Mackenna como
prefeito.
Homenagem póstuma a Benjamín como historiador, no jornal “El Padre Badilla”, em 1886.
Reprodução do diploma de membro da Academia Imperial de Historia e Geografia do Japão
outorgado a Benjamín Vicuña Mackenna.
Selo metálico de couro com o monograma de Benjamín Vicuña Mackenna.
Tinteiro de cristal com tampa metálica dourada de Benjamín.
Caricatura sobre a missão nos Estados Unidos de Benjamín Vicuña Mackenna no ano de 1865,
em O Charivari.
Escrivaninha de Juan Mackenna O`Reilly, óleo que o representa e sua cadeira.
Óleo do pintor chileno Marcel Plaza Ferrand (1909), representando Benjamín.
Óleo de Francisco Ramón Vicuña y Larraín feito por Aristodemo Lattanzi Borghini.
Busto de bronze de Andrés Bello, fundador da Universidade do Chile e professor de Direito de
Benjamín Vicuña Mackenna, e busto de mármore de Juanario Ovalle Vicuña, primo de
Benjamín Vicuña.
Livros da biblioteca pessoal de Benjamín Vicuña Mackenna, em espanhol, inglês e francês.
Maleta de madeira de mogno envernizado de Benjamín Vicuña Mackenna.
Selo de bronze da Biblioteca Americana de Benjamín Vicuña Mackenna.
Medalha baixo relevo de Benjamín Vicuña Mackenna, esculpida por Miguel Blanco Gavilán.
Pintura de Benjamín Vicuña Mackenna durante a “Guerra do Pacífico”, autor desconhecido.
Projeto de “La Maquete” de Rodin para o monumento de Benjamín Vicuña Mackenna.
Diploma de sócio honorário dado pela Sociedade de Sapateiros em 1908.
Pergaminho assinado pelos veteranos da “Guerra do Pacífico” em razão da Victoria
Subercaseaux em 1929.
Modelo do discurso de Benjamín Vicuña Mackenna, em Concepción, no ano de 1876, durante
a “Campanha dos Povos”.
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