UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO RITA FRANCISCA GOMES BEZERRA CASSEB O PROEJA NA VISÃO DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO/INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO – CEFET- MT/IFMT CUIABÁ-MT Julho / 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO RITA FRANCISCA GOMES BEZERRA CASSEB O PROEJA NA VISÃO DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO/INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO – CEFET- MT/IFMT CUIABÁ-MT Julho / 2009 RITA FRANCISCA GOMES BEZERRA CASSEB O PROEJA NA VISÃO DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO/INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIËNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO – CEFET- MT/IFMT Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Educação, na Área de concentração: Teorias e Práticas Pedagógicas da Educação Escolar, Linha de Pesquisa: Formação de Professores e Organização Escolar. Orientadora: Profª. Drª. Filomena Maria de Arruda Monteiro Cuiabá-MT 2009 C334p Casseb, Rita Francisca Gomes Bezerra. O Proeja na visão dos professores da educação profissional do Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – CEFET – MT/ IFMT / Rita Francisca Gomes Bezerra Casseb – Cuiabá (MT): A Autora, 2009. 151 p.; 30 cm. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Orientador: Profª. Drª. Filomena Maria de Arruda Monteiro. Inclui bibliografia. 1. Formação de Professores. 2. Educação Profissional. 3. Proeja. I. Título. CDU: 371.13 DEDICATÓRIA Dedicar é homenagear. Homenageio, dedicando este trabalho: À Memória dos meus pais - Salomão Gomes Bezerra e Maria Marques Bezerra (Dona Sinhazinha) - pela vida e pelo mais precioso dos ensinamentos que os pais podem deixar para os filhos – a educação. Eles foram incansáveis na superação de barreiras para que os seus 10 (dez) filhos estudassem. Aos meus irmãos - professoras Nilce e Nilda - exemplares docentes; Servidores públicos, estadual e federal - Sebastião, Humberto, Nivaldo, Maria da Glória, Salomão Francisco, Hervécio e Helena Maria – exemplos de bem servir, no cargo público. Às minhas sobrinhas - Eveline, Gladys, Isabelle, Jane, Josanil, Mirella, Natália, Niele, Nelissa, Rosângela, Uilaci, Viviane e, também, minhas afilhadas: Karyna, Silvia e Uilani - mulheres de sabedoria e de decisão. Aos meus sobrinhos – Humberto (Betinho), Josafat (Júnior), Lúcio, Marcello, Nilson, Roberto, Salomão (Salú) e Wellington – homens de bem. Aos meus filhos - Raquel Francisca e João Francisco – marco em minha vida, na indescritível e única emoção de ser mãe. Os dois são presentes preciosos que a vida me deu. Ao Meu marido - João Francisco Freitas Casseb – um permanente aprendizado de convivência. Enfim, dedico este trabalho a todas as pessoas que, de alguma forma, participam neste tempo ou participaram em tempo passado, da minha vida. Assim terminava esta dedicatória e para continuar, recorri a..... Oração de São Francisco de Assis Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; Onde houver discórdia, que eu leve a união; Onde houver dúvida, que eu leve a fé; Onde houver erro, que eu leve a verdade; Onde houver desespero, que eu leve a esperança; Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, Fazei que eu procure mais Consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois, é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna. Que é a Oração da Paz, por dias perdida, depois de 06 de janeiro de 2009. Depois do falecimento do meu Marido João Francisco Freitas Casseb. Somos uma família de Franciscos eu, Rita Francisca casada com João Francisco e pais de Raquel Francisca e de João Francisco, encontramos a energia para continuar, depois dessa perda de um dos Francisco, reafirmando ... ... e é morrendo que se vive para a vida eterna, apesar da saudade, que é o AMOR que fica. AGRADECIMENTO Agradecer é reconhecer. Reconheço e tem meu sincero agradecimento: Ivo da Silva, Luiz Carlos de Figueiredo, Miriam Ross Milani e Nelson Ito Suzuki, colegas do CEFET-MT/IFMT foram os responsáveis pela minha participação no ano de 2007, mais uma vez, na seleção do mestrado. Aos meus colegas servidores do CEFET-MT/IFMT: ❷ Professores e em especial: aos sujeitos Pedi-1, Pele-1 e Pref-1 pela espontaneidade e comprometimento com que responderam aos questionamentos e, também, a minha colega por duas vezes, da Instituição CEFET-MT/IFMT e do mestrado Rose Montanucci, pela permanente colaboração. ❷ Técnicos administrativos, na pessoa de Edur, pela dedicação à nossa Instituição CEFET-MT/IFMT e, em especial pela forma carinhosa e com que coordenou no ano de 2008, as turmas do PROEJA. Aos alunos do CEFET-MT/IFMT e, em especial, das turmas do 3º semestre do PROEJA dos cursos de Eletrotécnica e Refrigeração e Ar Condicionado, pela confiança e permissão para que eu pudesse ter o olhar, que resultou nesta dissertação. Nominando as duas únicas mulheres dessas turmas – Ana e Jacy agradeço a todos os meus alunos. Aos meus colegas de trabalho da FUNDETEC – jovens, que mais me ensinaram do que ensinei, resultando, no convívio diário, uma relação de respeito e amizade, são eles: Alexandre, Carlos, Celso, Cleber, Kleberson, Lilian, Luiz Fernando e Leosan. Ao meu primeiro grupo de pesquisa: “Educação, Jovens e Democracia” – pelo grande aprendizado com os colegas, com os bolsistas e com a professora orientadora. Ao Grupo de pesquisa: “Formação de Professores”, pela forma generosa com que fui recebida pela professora orientadora e pelos colegas mestrandos do ano de entrada de 2007. À Banca Examinadora, Professor Dr. Joaquim de Oliveira Barbosa, Professora Dra. Jorcelina Elizabeth Fernandes e Professora Dra. Judith Guimarães Cardoso pela contribuição ao trabalho. Aos meus colegas do mestrado do ano de entrada de 2008, pelo compartilhamento do aprendizado. Aos Professores do curso de mestrado, pelos ensinamentos e partilha dos conhecimentos. À Professora orientadora, Dra. Filomena Maria de Arruda Monteiro do grupo de pesquisa “Formação de Professores”, por aceitar a minha transferência do outro grupo de pesquisa e, de forma generosa, permitir minha participação no grupo sob sua orientação para continuar a minha formação. Agradeço aos meus filhos, pela “tolerada” ausência, para dedicar a este trabalho, às vezes, mesmo estando presente em casa. Agradeço, in memoriam, ao meu marido João Francisco, também, pela “tolerada” ausência e pela não-resposta à pergunta que me fazia todas as noites, enquanto eu estava no computador: “Quando você vai terminar”? RESUMO Estudo desenvolvido no Mestrado do PPGE/UFMT, no lócus do CEFET-MT/IFMT, com o objetivo de analisar o PROEJA sob a visão dos professores da Educação Profissional. A escolha investigativa desta pesquisa se justifica pela escassa informação existente e, por ser, o PROEJA, um Programa de recente aplicação. Tomou-se como questão central de pesquisa: o que os professores sabem e pensam do e sobre o Programa. Utilizando-se da pesquisa qualitativa foi aplicado um questionário, dividido em quatro partes, sendo que as duas primeiras serviram para caracterização e escolha dos três sujeitos, as duas últimas partes para as narrativas escritas e, posteriormente, fez-se a coleta das narrativas orais. Os sujeitos escolhidos foram os professores do semestre letivo de 2007/2, da disciplina principal dos cursos de Edificações, Eletrotécnica e Refrigeração e Ar Condicionado do PROEJA do CEFET-MT/IFMT, Os fundamentos teórico-metodológicos que permitiram a interlocução com os dados tiveram como referências, autores como SCHÖN (1992), GARCIA (1992; 1999), NÓVOA (1991), TARDIF (2002), TARDIF & LESSARD (1999) e FREIRE (1997), ANDRÉ (2000) e OLIVEIRA (2000) e outros. As análises revelaram que o Programa PROEJA executado no CEFET/IFMT necessita buscar uma metodologia específica para ministrar aulas e avaliar os alunos do PROEJA, devendo-se fazer uma reflexão de como se deve ensinar um adulto e, também, (re)avaliar e/ou talvez, (re)fazer o Projeto Pedagógico, com a participação coletiva dos envolvidos/interessados: alunos, professores e gestores e, também, a comunidade empresarial. Palavras-chave: Formação de Professores. Educação Profissional. PROEJA. ABSTRACT This study was developed in the Master degree course of PPGE / UFMT, it took place at CEFET-MT, with the aim of analyzing the PROEJA through the Professional education teachers point of view. The choice of investigative research is justified by the limited information available, and also because the PROEJA is a recently applied program. The study’s main issue is: What do the PROEJA teachers know and think about the PROEJA Program? It used a qualitative approach where the research tools used for data collection were the written and oral narratives of three subjects from the courses of Buildings, Electrotechnics and Refrigeration and Air Conditioning of the PROEJA CEFET-MT/IFMT. The theoretical and methodological basis that allowed the interaction with the data had references, authors as SCHÖN (1992) MARCELO GARCIA (1992, 1999), NÓVOA (1991), TARDIF (2002), TARDIF & LESSARD (1999) and FREIRE (1997), ANDRÉ (2000), OLIVEIRA (2000) and others. The analysis revealed that the program currently adopted by PROEJA CEFET/ IFMT needs to search for a specific methodology to give lessons and evaluate the PROEJA students. It’s necessary to think about how to teach an adult, and also (re) evaluate and/ or perhaps (re) design the Pedagogical Project with students, teachers, directors and business community’s help. Keywords: Teacher Training. Professional Education. PROEJA. LISTA DE QUADROS Quadro 1.1 – Cursos do PROEJA ofertados em 2008/2009 na Rede Federal de Educação Profissional................................................................................................36 Quadro 2.1 – Modalidades e Cursos do CEFET-MT – Nível Médio..........................45 Quadro 2.2 – Carga horária dos cursos Integrados..................................................46 Quadro 2.3 – Carga horária dos cursos Nível Técnico Seqüencial...........................47 Quadro 2.4 – Carga horária dos cursos do PROEJA................................................52 Quadro 2.5 – Oferta dos cursos do PROEJA do CEFET-MT/IF-MT.........................53 Quadro 2.6 – Disciplinas do Núcleo Comum dos cursos do PROEJA......................53 Quadro 2.7 – Disciplinas Profissionalizantes do 1º Semestre dos cursos do PROEJA.....................................................................................................................54 Quadro 2.8 – Turmas dos cursos do PROEJA do 1º Semestre letivo de 2009.........55 Quadro 2.9 - Turmas e matrículas da Especialização PROEJA realizadas pelo CEFET-MT/IF-MT.......................................................................................................62 Quadro 3.1 – Teorias de Aprendizagens do adulto...................................................77 Quadro 4.1 – Disciplinas Profissionalizantes dos cursos do PROEJA......................90 Quadro 4.2 – Caracterização dos professores para escolha dos sujeitos................91 Quadro 4.3 – Características dos sujeitos escolhidos...............................................92 Quadro 5.1 – Objetivos pretendidos pelas narrativas...............................................98 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APF – Associação Paulista de Fundações C.P.D – Centro de Processamento de Dados CEFET-MT – Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso CEUB – Centro de Ensino Unificado de Brasília CONFIES – Conselho de Fundações de Instituições de Ensino Superior CTP – Conselho Técnico Pedagógico DE – Diretoria de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio ETF-MT – Escola Técnica Federal de Mato Grosso FIC – Formação Inicial Continuada FUNDETEC – Fundação de Apoio ao Ensino e ao Desenvolvimento Tecnológico de Mato Grosso LDB – Lei de Diretrizes e Bases LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBN – Lei de Diretrizes e Bases Nacional MCP – Movimento de Cultura Popular MEC – Ministério da Educação e Cultura MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização 9º BEC – 9º Batalhão de Engenharia de Construções SENAC – Serviço Nacional do Comércio SENAI – Serviço Nacional da Indústria OCB-MT – Organização de Cooperativas do Brasil, Secção do Estado de Mato Grosso PROEJA – Programa de Educação de Jovens e Adultos UFLA – Universidade Federal de Lavras UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso UNE – União Nacional dos Estudantes SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................................17 CAPÍTULO I ..............................................................................................................26 O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO TÉCNICA NO BRASIL .........................................26 1.1 A educação técnica brasileira .........................................................................27 1.2 A evolução do ensino técnico: da escola de artífices ao CEFET-MT/IFMT ....31 1.3 A especialização PROEJA dentro do programa nacional de integração da educação profissional com a educação básica na modalidade educação de jovens e adultos - PROEJA...............................................................................................33 1.4 O programa PROEJA .....................................................................................34 CAPÍTULO II ............................................................................................................40 O CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇAO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO/INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇAO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO EM ANÁLISE ................................................................................40 2.1 A formação profissional no ensino técnico......................................................40 2.2 Os cursos do CEFET- MT/IFMT .....................................................................44 2.2.1 Os cursos de nível médio do CEFET-MT/IFMT ...........................................45 2.2.2 Os cursos das modalidades ensino médio integrado e técnico seqüencial ..47 2.2.2.1 Construções prediais ................................................................................47 2.2.2.2 Eletrotécnica .............................................................................................48 2.2.2.3 Eletrônica..................................................................................................48 2.2.2.4 Gestão habilitação em secretariado..........................................................48 2.2.2.5 Guia de turismo regional...........................................................................48 2.2.2.6 Sistemas de informação ...........................................................................49 2.2.2.7 Telecomunicações ....................................................................................49 2.2.2.8 Topografia e geoprocessamento ..............................................................49 2.3 A educação de jovens e adultos EJA/PROEJA como modalidade de ensino..50 2.3.1 Os cursos do PROEJA .................................................................................52 2.4 Os cursos de graduação.................................................................................55 2.4.1 Curso superior de tecnologia em automação industrial ...............................56 2.4.2 Curso superior de tecnologia em controle de obras ....................................56 2.4.3 Curso superior de tecnologia em desenvolvimento de sistemas para internet...........................................................................................................56 2.4.4 Curso superior de tecnologia em redes de computadores...........................57 2.5 Os cursos de educação a distância - EAD......................................................57 2.5.1 Licenciatura em química ..............................................................................57 2.5.2 Tecnologia em sistemas para internet .........................................................58 2.6 Os cursos de Pós-Graduação.........................................................................59 2.6.1 Curso de especialização em educação e profissional integrada à educação básica na modalidade de jovens e adultos – PROEJA..........................................59 2.6.2 Curso de especialização à distância. Educação Tecnológica Inclusiva TECNEP ................................................................................................................63 2.6.3 Curso de especialização em redes de computadores distribuída................63 16 2.7 As perspectivas das modalidades de ensino do instituto para o campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva ..........................................................................64 CAPÍTULO III ............................................................................................................67 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL ..........................................67 3.1 Conceituando a educação de jovens e adultos, segundo Paulo Freire ...........69 3.2 A aprendizagem do adulto ..............................................................................71 3.3 Formação de professores – contribuições teóricas ........................................78 CAPÍTULO IV............................................................................................................84 METODOLOGIA DA PESQUISA..............................................................................84 4.1 Definição e percurso da pesquisa...................................................................85 4.2 A caracterização dos sujeitos .........................................................................90 4.3 Os sujeitos escolhidos ....................................................................................92 4.4 As narrativas escritas e orais..........................................................................93 CAPÍTULO V............................................................................................................97 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ..............................................97 5.1 Análise das narrativas....................................................................................101 5.2 Análise dos eixos temáticos...........................................................................102 5.2.1 O primeiro eixo temático – Eixo-1: percurso formativo e fazer docente....102 5.2.2 – O segundo eixo temático - Eixo-2: conhecimento sobre o PROEJA .......108 O sub-eixo-2.1: conhecimento da base legal do Programa PROEJA. ................108 5.2.3 – O terceiro eixo temático - Eixo-3: modalidades de ensino do PROEJA: educação básica e educação profissional ...........................................................114 5.2.4 O quarto eixo temático - Eixo-4: Os cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT .................................................................................................118 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................127 REFERËNCIAS.......................................................................................................133 ANEXO I..................................................................................................................139 Questionário de Pesquisa ....................................................................................139 ANEXO II.................................................................................................................145 Roteiro da entrevista.............................................................................................145 ANEXO III.................................................................................................................147 Grade Curricular da primeira Turma da Especialização PROEJA do CEFETMT/IFMT.................................................................................................................147 17 INTRODUÇÃO O meu segredo é simples: só se vê com o coração; o essencial é invisível aos olhos. (Saint-Exupéry, escritor francês – 1900-1944). Gosto de ser Professora. Apesar de tudo! Apesar de todos! Foi a profissão que escolhi e que tenho orgulho em exercer. Tenho orgulho em ser professora. Gosto de ensinar e aprender. Gosto de ser professora, simplesmente! Rita Francisca Ser Professora foi um desafio à vontade pessoal e à motivação por parte da minha família e dos meus colegas. Escolhi ser professora e tenho orgulho dessa profissão. Foi também a atividade escolhida pelas minhas duas irmãs mais velhas, inspiradoras da minha escolha e modelos para minha atuação profissional. Gosto de ensinar e muito mais de aprender, com cada turma e cada aluno que tenho encontrado em mais de trinta anos de trabalho e igual número de anos letivos nas escolas em que lecionei. Toda a minha formação foi em Escola Pública. Estudei até a primeira série numa Escola, não-oficial, na casa dos meus pais, na zona rural, na localidade da Mata Grande. Em 1963, vim estudar em Cuiabá, onde tive que começar da primeira série, apesar de já saber ler e escrever. Matriculada na Escola Estadual de lº Grau “José Magno”, estudei da primeira até a quarta série. Da Escola “José Magno” tenho 18 as boas lembranças das peças de teatro, das festas comemorativas da Páscoa, do dia dos pais e das mães, dos desfiles de sete de setembro e dos textos e poesias das aulas de português e ainda, o sentimento de ser comparada ao meu irmão mais velho que, com muita simpatia, conquistara os professores. Fiz o exame de admissão e ingressei na primeira série (atual quinto ano) no Colégio Estadual de Mato Grosso, hoje, Liceu Cuiabano onde estudei até a terceira série (atual oitavo ano) no período diurno e a partir da quarta série (atual nono ano) até o curso Científico (Ensino Médio), passei para o período noturno. Dessa escola e época, mantenho inúmeros amigos e as boas lembranças das visitas de estudo, ao pantanal, ao Rio da Casca e dos torneios esportivos, como jogadora de vôlei e como torcedora do time masculino e ainda, das festas juninas, das brincadeiras dançantes aos sábados embaladas por “rock” e “bossa nova” e dos ”líteros musicais”. Estes, existentes apenas na época que eu era estudante do Ensino Médio, é o equivalente a um festival de música, declamação de poesias, desfile de beleza, etc. Oficialmente, comecei a trabalhar quando estudava na quarta série ginasial, atual nono ano, inicialmente na Biblioteca Municipal da Academia Mato-grossense de Letras - Casa Barão de Melgaço, contratada pela Prefeitura Municipal de Cuiabá, onde permaneci por um ano. Em seguida, fui para o 9º Batalhão de Engenharia de Construções - 9º BEC onde fiquei até o término do curso científico. Aprovada no vestibular da Universidade Federal de Mato Grosso para o Curso de Licenciatura em Ciências do Primeiro Grau em 1974, passei a ministrar aulas particulares e como professora substituta, no período de Licença Saúde do professor titular da cadeira de Ciências da Escola Ulisses Cuiabano. No segundo semestre de 1976, substituí na então Escola Técnica Federal de Mato Grosso, uma Professora de Matemática do curso Técnico em Edificações, indicada pelo então Diretor de Ensino, que tinha como referência profissional, minha irmã Nilda, professora de Matemática desta Instituição e da Universidade Federal de Mato Grosso. Passei então a ministrar aulas nesta Instituição Federal e na Escola Estadual Ulisses Cuiabano, contratada pelo Estado de Mato Grosso como professora interina. Em 28 de fevereiro de 1977, fui contratada pela Escola Técnica Federal de Mato Grosso, tendo minha Carteira de Trabalho assinada nessa data. Desde então, passei a ministrar aulas de Matemática para os cursos Técnicos de Estradas, Agrimensura, Eletrotécnica, Edificações, Turismo, Eletrônica, Telecomunicações e 19 Secretariado, em diferentes anos letivos. Neste mesmo ano, fui aprovada em quarto lugar, no concurso para professor da rede Estadual de Mato Grosso, para a disciplina de Ciências, passando a ministrar aulas na Escola Estadual de 1º e 2º Graus “Emílio Garrastazu Médici”. Posteriormente, continuei o curso de Licenciatura em Ciências com habilitação em Matemática e em paralelo aos meus estudos, passei a ministrar aulas de Matemática ou Ciências nas Escolas Estaduais do Estado de Mato Grosso “José Magno”, “José Machado Neves”, “Leovegildo de Melo” e “Presidente Médici”, em anos letivos seqüentes, além das aulas que ministrava na ETF-MT. Fui aprovada no vestibular da Universidade Federal de Mato Grosso, para o Curso de Bacharel em Engenharia Civil no ano de 1981 e colei Grau em 28 de julho de 1984. Conclui o curso de Especialização Lato sensu em Metodologia do Ensino Superior em setembro de 1984, pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília – CEUB. Participei de um curso de extensão em Estatística Aplicada, na USP, São Paulo, em 1985, onde convivi com mestrandos e doutorandos de diferentes Estados do Brasil e de outros países como a Argentina, Peru e Espanha. Nessa época, poderia ter feito o mestrado em “Estatística Aplicada”, o que não foi possível por problemas financeiros, pois na então EFT-MT o meu contrato era pela Consolidação das Leis Trabalhista - C.L.T. e, se fosse para São Paulo, perderia o meu contrato e a remuneração, de onde contribuía com significativa parcela para o sustento da minha família. Paralelamente, às atividades de professora, representei o Estado de Mato Grosso no XI Congresso de Professores, realizado em 1985, em Maceió, Estado de Alagoas. Participei como professora orientadora, em três anos consecutivos, da Feira de Ciências das Escolas Estaduais do Estado de Mato Grosso e, também, como jurada por dois anos. Orientei uma Oficina de Ciências, no município de Alto Garças - MT. Participei ainda, de cursos de Didática de Ensino, e de Avaliação, nas Escolas Estaduais que trabalhei e na Escola Técnica Federal de Mato Grosso, do Congresso de Cooperativas em Brasília e em Cuiabá da Organização de Cooperativas do Brasil – OCB, do Encontro de Fundações em Goiânia, no ano de 2005 e em Ouro Preto, no ano de 2006 do Conselho de Fundações de Instituições de Ensino Superior - CONFIES e do encontro da Associação Paulista de Fundações - APF, no ano de 2006, em São Paulo-SP. 20 Como professora de matemática da Instituição que é o lócus desta pesquisa, vivenciei as suas inúmeras transformações desde 1976, ano que comecei a ministrar aulas nesta Escola. Neste período, fui testemunha das transformações ocorridas, de Escola Técnica Federal de Mato Grosso – ETF-MT para o Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso – CEFET-MT até este ano, 2009 que passou a ser Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, campus Cuiabá, Octayde Jorge da Silva. Acompanhei as transformações e mudanças das modalidades de ensino desta Instituição Pública responsável pelo ensino técnico, como é o caso, a partir de 2007, do Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA, conforme as diretrizes estabelecidas no Decreto nº 5.154/2005, inspiração desta pesquisa. Portanto, mais de 30 anos da minha trajetória de vida profissional está ligada à Educação no atual IF-MT campus Cuiabá, como professora dos cursos de Edificações, Eletrotécnica e Refrigeração e Ar Condicionado, do PROEJA, percebi o desafio da Instituição e, principalmente, dos professores, em fazer com que esses alunos, adquiram a formação que fora interrompida por motivos diversos e ainda, tenham acesso ao mundo do trabalho. Acompanhei as transformações de modalidade de ensino ocorridas na Escola Técnica Federal de Mato Grosso: curso integrado (Ensino Médio/Ensino Técnico), três e quatro anos de duração dos cursos Técnicos, Ensino Médio e Ensino Técnico (pós-Ensino Médio), Ensino superior (Tecnólogo), Cursos de extensão (informática, línguas estrangeiras) e Cursos de Pós-Graduação Lato sensu. Também a transformação da Escola Técnica Federal de Mato Grosso em Centro Federal de Educação Tecnológica do Estado de Mato Grosso, em 2001. Na Escola Técnica Federal de Mato Grosso ministrei aulas de Matemática, Estatística Aplicada, Matemática Comercial e Matemática Financeira para os diversos Cursos Técnicos, do Ensino Médio e Preparatório para o Exame de Seleção (Pré-Técnico). Também exerci função administrativa, no Departamento de Registro Escolar, responsável pela Estatística de alunos. Ainda, exerci a função de Coordenadora de Ensino, lotada na Diretoria de Ensino, respondendo pela confecção dos horários de aulas, confecção dos diários, entrega e recebimento dos canhotos de notas, entre outros. Fui eleita e exerci a função de Coordenadora de Área, da área de Matemática, por três mandados consecutivos e um mandato posterior, de dois anos cada. Também, propus a criação e participei da elaboração 21 do Projeto do Curso de Turismo, que deveria ser no município de Chapada dos Guimarães que, devido ao Plano Collor, em 1992, não ocorreu. O Curso de Turismo foi implantado em Cuiabá em 1993. Participei de grupos de estudo para modificação de projeto de cursos, implantação de novos cursos, elaboração de prova para concurso de Professor do Curso de Turismo e Professor de Matemática. Também participei do Conselho Pedagógico do Ensino Médio, do Conselho de avaliação de docentes, de Comissão de Sindicância, de Comissão de elaboração de provas do Exame de Seleção do Ensino Médio e do Ensino Técnico por 18 anos. Exerci a função de Gerente Educacional da área de Tecnologia II, onde estavam lotados os Cursos de Gestão em Secretariado, Turismo, Designe de Móveis e Informática, durante dois anos e meio. Participei de bancas de avaliação de trabalho de conclusão de cursos dos alunos do Curso Técnico em Turismo, do Curso Técnico em Gestão em secretariado e do Curso Técnico em Informática. Nestes Cursos, participei da banca de avaliação dos trabalhos: “Uso adequado do Parque Okamura”, “Proposta de reforma do prédio do Palácio da Instrução”, “Forma de atender nos consultórios Médicos”, “Programa de Informática para um pequeno Mercado”, “Controle Administrativo de uma Empresa de Seleção de Pessoal”, “A Secretária da Secretaria de uma Escola”, “Programa Administrativo Escolar”, etc. Paralelamente às atividades exercidas na Escola Técnica/Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso, participei da criação da Associação dos Servidores da Escola Técnica, sendo que, por dois mandados consecutivos, fui eleita e exerci a função de Secretária. Participei da criação da Cooperativa Educacional dos Servidores da Escola Técnica – mantenedora da Escola Cooperar, desta fui responsável pela elaboração do Estatuto. Ainda, fui eleita e exerci o cargo de conselheira do Conselho de Administração da Cooperativa Educacional por dois mandatos, sendo o segundo como presidente. Neste segundo mandato regularizei a Educação Infantil, aprovando o projeto na Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso. Além de que, propiciei a criação do Ensino Médio e a modificação/atualização do Estatuto da Cooperativa. Propiciei a construção de duas salas de aulas no pavimento superior de um pátio coberto, para a Escola Cooperar. Aprovei em Assembléia Geral um Plano de Cargos e Salários para os Professores, privilegiando a formação (graduação na área, especialização, mestrado). Fui eleita e exerci o cargo de Conselheira e 22 representante do segmento Educação na OCB-MT - Organização de Cooperativas do Brasil, Secção do Estado de Mato Grosso. Nesse cargo fui substituta do tesoureiro. Posteriormente, fui Conselheira Fiscal da Cooperativa Educacional e atualmente exerço a função de Conselheira do Conselho de Administração da Cooperativa. Da Cooperativa de Crédito dos Servidores da Escola Técnica Federal de Mato Grosso e da Escola Agrotécnica Federal de Mato Grosso sou sócia fundadora como também, da Cooperativa de Consumo. Participo, ativamente, das duas Cooperativas, até a presente data. Participei da criação da Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico de Mato Grosso. Fui da Comissão que organizou o Estatuto e a reunião de Instituição da FUNDETEC. Atuei no Conselho Fiscal e, atualmente, exerço o segundo mandato de Diretora Executiva. O primeiro mandato foi após um período de intervenção, com problemas graves de ordem administrativa e financeira, hoje completamente sanados. Acompanhei as transformações de modalidade de ensino ocorridas na Escola Técnica Federal de Mato Grosso: curso integrado (Ensino Médio/Ensino Técnico), três e quatro anos de duração dos cursos Técnicos, Ensino Médio e Ensino Técnico (pós-Ensino Médio), Ensino superior (Tecnólogo), Cursos de extensão (informática, línguas estrangeiras) e Cursos de Pós-Graduação Lato sensu. Também a transformação da Escola Técnica Federal de Mato Grosso em Centro Federal de Educação de Mato Grosso e este, em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso. E ministrar aulas para as turmas do PROEJA tem sido uma reflexão da minha trajetória pessoal e profissional, pois como muitos dos alunos, nasci e estudei na zona rural e hoje tenho o privilégio de ser professora da centenária Instituição Federal que é o IFMT. Essa reflexão foi o despertar do meu interesse para pesquisar o ensino técnico e a prática docente dos professores da Educação Profissional dos cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT. Lecionei a disciplina matemática para as turmas do PROEJA, do primeiro semestre que iniciaram em outubro de 2007, continuei lecionando para os alunos que passaram para o segundo semestre em 2008 e estou com as mesmas turmas, em 2009, no terceiro semestre, cursos de Eletrotécnica e Refrigeração e Ar Condicionado. 23 Reflexão é um conceito amplamente utilizado por pesquisadores e formadores para se referir às novas tendências na formação de professores, incluindo, dentre outros SCHÖN (1992), que considera que, quando os professores têm a chance e liberdade para refletir durante e após a sua prática, procuram dar sentido ao seu próprio trabalho. Sentido que, na minha trajetória profissional, significou a escolha e desenvolvimento da pesquisa deste mestrado com o tema Educação de Jovens e Adultos. Para GARCIA (1992): Aprender a ser Professor é um processo, que no meu caso começou desde a primeira série ginasial, atual sexto ano do Ensino Fundamental, quando trabalhava ajudando crianças, com dificuldades, a fazerem suas tarefas escolares. A minha atuação profissional é na educação. No decorrer do meu tempo de serviço, na maioria, na Escola Técnica Federal de Mato Grosso, hoje Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, tenho procurado aperfeiçoar-me, fazendo cursos, participando de oficinas, seminários e congressos na área da Educação. É natural, portanto, que tenha almejado o próximo degrau de formação: o “Mestrado” e na área da minha atuação profissional, a área da Educação. Participei de quatro provas de seleção de Mestrado da UFMT, fui aprovada, porém as minhas propostas de pesquisa, não foram. Por problemas de saúde em minha família deixei o tempo passar, mas não a vontade de fazer parte de um grupo que pesquisa que reflete sobre a Educação. Pode ser essa a minha contribuição para uma Educação melhor, aliar a minha experiência de sala de aula com a pesquisa. Acredito que por meio da Educação, cada município e Estado do nosso Brasil e de qualquer país do mundo será melhor, sob quaisquer aspectos. Apesar do meu tempo de serviço, tenho ainda muito a aprender e a fazer, principalmente, pela Educação. Sempre atuei no Ensino Médio e Técnico, onde a maioria dos alunos é jovem, com a expectativa de futuro, de serem melhores que os seus genitores, de terem formação para terem emprego e renda e consequentemente, qualidade de vida. A minha atuação como professora tem sido um constante aprender, com cada aluno, das diferentes turmas, dos diferentes anos letivos e das diferentes escolas, em mais de três décadas de serviços prestados. Por esse relato, senti-me incentivada a continuar, para melhorar a minha prática de ensino, os meus relacionamentos, bem como atualizar os meus conhecimentos, por meio deste Mestrado em Educação. Neste sentido me senti 24 impelida a contribuir, principalmente, com o programa de Educação de Jovens e Adultos, que não é novo, mas é de grande importância social e de desafio para os educadores. O objeto deste estudo é o PROEJA e o percurso investigativo, dentro dos pressupostos da pesquisa qualitativa, tem como questão central a indagação: o que os professores sabem e pensam do e sobre o Programa PROEJA? Problematização esta que inspirou os questionamentos: Esses professores participaram de alguma formação continuada específica para ministrar aulas no PROEJA? Qual foi a formação? Eles conhecem o Projeto Pedagógico do PROEJA? Acreditam no Programa? Concordam com o modelo e cursos propostos pelo CEFET-MT/IF-MT? E as questões referentes a pontos favoráveis; pontos desfavoráveis; expectativas; concepção; integração EJA-PROEJA; identidade do PROEJA; diferenças entre PROEJA e outro curso técnico, relação professor-aluno do PROEJA complementam a questão foco e que permitiram traçar o objetivo: compreender o curso do PROEJA na visão dos professores da Educação Profissional. O referencial teórico deste estudo tem aporte em BOGDAN e BIKLEN (1994), na definição de pesquisa qualitativa, contribuições de FREIRE (1996), que tem o foco da sua produção na Educação de Jovens e Adultos, como educação popular; GADOTTI (1981), que afirma que as classes populares no Brasil sempre estiveram à margem do poder; FRIGOTTO (2005), que produz sobre educação e trabalho; OLIVEIRA (2000) que desenvolve projeto de pesquisa sobre formação de professores para o ensino técnico, GARCIA (1992), que entende que a Formação do Professor é um processo de aprender a ser professor. Para NÓVOA (1991), o professor passa por três tipos de desenvolvimento: pessoal, profissional e organizacional; SCHÖN (1992) considera que os professores refletem durante e após a sua prática dando sentido ao seu trabalho e TARDIF & LESSARD (1999), entendem que os professores modificam sua prática e enriquecem seu saber docente. Este trabalho está estruturado em Capítulos de I a V, sendo que: O primeiro Capítulo visa conhecer O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO TÉCNICA NO BRASIL, pela síntese da Educação Técnica Brasileira, da evolução do Ensino Técnico: da Escola de Artífices ao CEFET-MT/IFMT, da formação do professor para o PROEJA e do Programa PROEJA proposto pelo governo Federal. 25 No segundo Capítulo, O CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO/INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇAO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO EM ANÁLISE, são abordadas a Formação Profissional no Ensino Técnico, os Cursos do CEFET-MT/IFMT, da modalidade de ensino técnico a pós-graduação, a Educação de Jovens e Adultos EJA/PROEJA como modalidade de Ensino e as modalidades de Ensino do Instituto, campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva, traz todos os cursos que, atualmente, estão sendo ministrados. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL é o título do terceiro capítulo que traz o conceito da Educação de Jovens e Adultos, segundo Paulo Freire, a aprendizagem do adulto e as contribuições teóricas da Formação de Professores. No quarto Capítulo, METODOLOGIA DA PESQUISA tem-se a definição e percurso da pesquisa, a caracterização e escolha dos sujeitos e as narrativas escritas e orais. No quinto Capítulo, APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS são apresentadas e analisadas as narrativas dos sujeitos e os quatro eixos temáticos deste estudo. E, finalizando, são apresentadas as considerações finais deste estudo. 26 CAPÍTULO I O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO TÉCNICA NO BRASIL [...] se a educação sozinha não transforma a sociedade sem ela, tampouco, a sociedade muda (Paulo Freire). Este capítulo tem como destaque o ensino técnico brasileiro. Neste sentido, abordamos a Educação Profissional como instrução para o trabalho por estar voltada para os que necessitam acessar o mercado de trabalho, tanto estudantes que buscam qualificação, quanto profissionais que pretendem ampliar suas qualificações. Essa formação profissional, hoje, é proposta em três níveis, sendo: 1. Nível básico, voltado para pessoas de qualquer nível de instrução e que pode ser realizado por qualquer instituição de ensino. 2. Nível técnico, voltado para os estudantes de Ensino Médio ou pessoas que já possuam este nível de instrução. Pode ser realizado por qualquer instituição de ensino com autorização prévia das secretarias estaduais de educação. Há a opção de se fazer esses cursos integrados com o ensino médio ou separados, a partir do término do 2º ano do Ensino Médio. 3. Nível Tecnológico, realizado apenas por instituição de ensino superior, faculdades ou universidades, como graduação ou pós-graduação. 27 1.1 A educação técnica brasileira O ensino no Brasil, ao longo da história da educação, tem sido constituído de lutas e desafios, uma vez que por anos, apenas uma pequena parcela da população teve acesso à educação. Educação essa que se refere à prática educativa e ao processo ensino-aprendizagem que leva o aluno a aprender a aprender, a saber, pensar, criar, inovar, construir conhecimentos, participar ativamente de seu próprio crescimento. A Educação, de forma geral, engloba os processos de ensinar e aprender e de reconstrução e (re)elaboração de quem ensina e de quem aprende. É um fenômeno visto em qualquer sociedade e nos seus grupos constitutivos. A Educação é responsável pela manutenção e pela perpetuação destes grupos, a partir da transposição, às gerações que se seguem, dos seus modos culturais. Em síntese, a Educação é a ação ou o processo de transformar conhecimentos gerais, de modo que o aprendiz desenvolva o poder de raciocínio e julgamento e, geralmente, preparar para o exercício de uma profissão. A educação brasileira, antes do século XIX, tinha como finalidade formar a elite, sem nenhum comprometimento com a preparação para o trabalho. Posteriormente, para tirar crianças das ruas foram criadas, em 10 províncias brasileiras, as Casas de Educandos e Artífices, para dar a essas crianças, então, consideradas desocupadas, um ofício. Essas Casas de Educandos e Artífices foram construídas em meados do século XIX nas capitais das províncias, sendo a primeira delas em Belém do Pará, para atender, prioritariamente, aos menores abandonados, para a diminuição da criminalidade e da vagabundagem, conforme justificativa da criação dessas Instituições. Em 1809, o Príncipe Regente do Brasil, futuro D. João VI, decretou a criação do “Colégio das Fábricas” para a formação de mão-de-obra. Posteriormente, em 1816, foi criada a “Escola de Belas Artes”, para articular o ensino das ciências e do desenho para os ofícios mecânicos. Em 1861, foi organizado o “Instituto Comercial do Rio de Janeiro”, por Decreto Real, cujos diplomados tinham preferência no preenchimento de cargos públicos. O Decreto Imperial de 1854 criou os estabelecimentos especiais para menores abandonados, denominados “Asilos da Infância dos Meninos Desvalidos”, 28 onde esses “meninos” aprendiam as primeiras letras e, também, eram encaminhados às oficinas públicas e particulares, mediante contratos fiscalizados pelo Juizado de Órfãos. O ensino profissional continuou mantendo o traço assistencial, isto é, o de um ensino voltado para os menos favorecidos socialmente, até o final do século XIX, quando teve seu foco mudado para preparar operários para o exercício profissional, ao invés de, apenas, atender aos menores abandonados. Em 1906, o ensino profissional passou a ser atribuição do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, numa política de incentivo ao desenvolvimento do ensino industrial, comercial e agrícola. Em São Paulo, foram instaladas escolas comerciais, como a “Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado”, e escolas comerciais públicas no Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, entre outras. As “Escolas de Aprendizes Artífices” destinadas “aos pobres e humildes”, criadas por Nilo Peçanha, eram similares aos Liceus de Artes e Ofícios; voltadas, basicamente, para o ensino industrial, mas custeadas pelo próprio Estado, foram distribuídas nas Unidades da Federação. Nessa mesma época, foi reorganizado o ensino agrícola no País, objetivando formar “chefes de cultura, administradores e capatazes”. A Rede Federal de Ensino Técnico do Brasil foi criada em 1909, constituída, inicialmente, pelas escolas denominadas Escola de Aprendizes e Artífices, transformadas em Escola Industrial, depois em Escola Técnica Federal e, após a reforma do Ensino de 1º e 2º Graus, no ano de 2001, em Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET. A lei 5692/71 reformou o ensino primário e médio, foi sancionada pelo Presidente da República Emílio Garrastazu Médici, em 11 de agosto de 1971. O termo ensino primário (1ª a 4ª série) e médio (5ª a 8ª série ginasial e o colegial) é utilizado pela lei 4.024/61. Sendo que a lei 5692/71 uniu o primário e o ginásio formando o 1º grau e o colegial fica como o 2º grau. As três primeiras Escolas Técnicas transformadas em Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET foram as Escolas dos Estados de Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro esta, denominada Escola Celso Suckow. Foram transformadas em Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET, por meio da Lei N.º 6.545 de 30 de junho de 1978, no governo militar de Ernesto Geisel, ficando, 29 então, autorizadas a ofertar cursos de Formação de Professor. Conforme o artigo 2º da referida Lei: Art. 2º - Os Centros Federais de Educação Tecnológica de que trata o artigo anterior têm os seguintes objetivos: I - ministrar ensino em grau superior: a) de graduação e pós-graduação, visando à formação de profissionais em engenharia industrial e tecnólogos; b) de licenciatura plena e curta, com vistas à formação de professores especializados no ensino de 2º grau e dos cursos de formação de tecnólogos; II – promover cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização, objetivando a atualização profissional na área técnica industrial; III – realizar cursos na área técnica industrial, estimulando atividades criadoras e estendendo seus benefícios à comunidade mediante cursos e serviços. As transformações das Instituições da Rede Federal de Ensino Técnico trouxeram a preocupação de formar professores habilitados para executarem o modelo didático proposto para a nova Instituição. GARCIA (1992) entende que a Formação do Professor é um processo de aprender a ser professor, incluindo, dentre outros, a existência de um professor modelo, inspirador da sua postura pedagógica. A Formação do Professor crítico e reflexivo para NÓVOA (1991) passa por três dimensões de desenvolvimento: pessoal, profissional e organizacional. Em suma, a Formação do Professor é um processo de crescimento pessoal e aperfeiçoamento profissional e também implica uma crescente transformação da cultura escolar, como novas práticas pedagógicas, participativas e democráticas. Contribui, também, às transformações das Instituições, como é o caso das Instituições de Ensino que compõem a Rede Federal de Ensino Técnico. Para FRIGOTTO (1991) houve uma demanda para as escolas técnicas e o perfil dos alunos não são mais os clássicos do passado. Para este autor, os filhos das elites e de intelectuais é que estão buscando a formação nessas escolas. Os que são aprovados nos exames de seleção e ingressam, com raras exceções, não são aqueles que vêm de escolas públicas e periféricas das cidades. 30 A transformação das Escolas Técnicas Federais – ETF´s em Centros Federais de Educação Tecnológica – CEFET´s causou, também, grande impacto sobre a estrutura educacional do País, tanto no que se refere à educação básica como na educação superior, pois enquanto os trabalhadores lutavam para não dissociar a formação profissional da educação básica, universal, laica e gratuita, a classe política estende a dualidade ao ensino superior. A estrutura e o propósito dos CEFET´s são distintos da estrutura e do propósito das universidades. Estas são denominadas academias e têm como objetivos a graduação com bacharelado ou licenciatura e também a formação latu senso e strictum senso e os CEFET´s objetivam, principalmente, a formação de mão-de-obra, a formação técnica. Os CEFET´s1 foram criados, com a finalidade de dar respostas à demanda pela educação superior e a diversificação do sistema universitário, bem como quanto às novas condições e requisitos de transição do ensino de elite para o ensino de massa, no contexto das grandes transformações tecnológicas verificadas nas últimas décadas de nosso país. O Sistema Nacional de Educação Tecnológica, instituído pela Lei n! 8.948, de 8 de dezembro de 1994, alterada pela Lei n! 9.649 de 27 de maio de 1998 visa o fortalecimento da Rede de Ensino Técnico constituída pelas Instituições de Ensino de âmbito federal, assim como a inclusão, mesmo que condicionada à consulta, das Instituições de âmbito privado, como o sistema “S” os serviços nacionais de aprendizagem, SENAI, no setor industrial; SENAC, no comercial; SENAR, no agrícola; e SENAT, no de transporte. A transformação das ETF´s em CEFET´s surge dentro desse sistema como condição estrutural, justificando-se pela necessidade de construir-se num processo educacional especial e paralelo ao tradicional e, como forma de ampliar as modalidades de ensino e proporcionar a formação tecnológica. Essa transformação, de ETF-MT para CEFET-MT trouxe para Cuiabá e consequentemente para Mato Grosso e região, um aumento da oferta de ensino superior gratuito. 1 A lei federal de nº 8.948, de 8 de dezembro de 1994, transformava automaticamente todas as Escolas Técnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET), condicionando o ato à publicação de decreto presidencial específico para cada novo centro. 31 1.2 A evolução do ensino técnico: da escola de artífices ao CEFET-MT/IFMT A Escola de Aprendizes Artífices de Mato Grosso foi fundada por meio do decreto n.º 7.566, de 23 de setembro de 1909, de autoria do, então, Presidente da República Nilo Peçanha que decretou a criação para todas as capitais dos Estados da República, com o objetivo de proporcionar ao aluno uma atividade que o habilitasse a exercer uma profissão e a se manter como artífice. Na década de 50, o Brasil adotou uma política enfocada na industrialização, denominada progressista. Isso teve profundos reflexos na política educacional do País e em 1959, as Escolas de Aprendizes foram transformadas em Escolas Industriais. A Escola de Aprendizes Artífices de Mato Grosso passou a denominarse "Escola Industrial de Cuiabá" - Lei n.º 3.552 de 16/02/1959 com personalidade jurídica própria e autonomia administrativa e técnica. Em 1965, transformou-se em "Escola Industrial Federal de Mato Grosso", em função da Lei n.º 4.759 de 20/08/1965 que dispõe sobre a denominação e qualificação das Universidades e Escolas Técnicas Federais. Em 1968, a Portaria Ministerial n.º 331 de 17/06/1968, modificou a Lei anterior e a Escola passou a denominar-se "Escola Técnica Federal de Mato Grosso". Com a reforma do ensino de 1º e 2º graus introduzida pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB n.º 5.692/71 acaba-se de vez com o ensino de 1º grau (antigo curso ginasial), passando a funcionar nesta escola apenas o ensino de 2º grau. Em 20/12/1996, a nova Lei de Diretrizes e Bases – LDB n.º 9.394 separa o ensino Propedêutico da Educação Profissional e, em 1998, implanta-se esta reforma e a ETF-MT passa a oferecer: Ensino Médio (Educação Propedêutica) e Educação Profissional: Nível Técnico e Nível Básico. Pelo Decreto Presidencial de 16/08/2002, publicado no Diário Oficial da União de 19/08/2002 a Escola Técnica Federal de Mato Grosso – ETF-MT, transforma-se em Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso - CEFET-MT, nos termos da Lei N.º 8948/94. Os CEFET´s nasceram em 1978, formulados segundo a proposta da educação que se caracteriza por formar profissionais em todos os níveis de ensino e para todos os setores da economia, aptos ao ingresso imediato do mercado de trabalho. Nesse contexto, FRIGOTTO (2000) busca saber quais são os desafios da formação e profissionalização do educador, numa perspectiva de construir relações 32 democráticas que permitam que essa formação seja de dimensões éticas-políticas, teóricas e político-organizativas. E o Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso – CEFET-MT terminou o ano de 2008 transformado em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – IFE-MT, pela Lei 11.892 de 29 de dezembro de 2008. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - IFMT iniciou suas atividades com 10 (dez) campi e atuação no ensino médio integrado ao técnico, 50% (cinqüenta por cento) das vagas. Além de serem oferecidos cursos de licenciaturas, 20% (vinte por cento) e cursos superiores de tecnologia ou de bacharelado tecnológico 30% (trinta por cento). Como, também, cursos de especialização, mestrado e doutorado profissionais. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso é composto pelos Campi de Cuiabá, Bela Vista, São Vicente, Cáceres, Barra do Garças, Campo Novo do Parecis, Confresa, Juína, Pontes e Lacerda e Rondonópolis. O IF-MT reuniu as três autarquias Federais que existiam em Mato Grosso, CEFET-MT, CEFET-Cuiabá esta, situado na Serra de São Vicente e a Escola Agrotécnica de Cáceres – EAC-MT e mais sete unidades, Bela Vista, Pontes e Lacerda, Rondonópolis, Campo Novo dos Parecis, Barra do Garças, Juína e Confresa. Essas instituições, algumas transformadas outras criadas, em dezembro de 2008 fazem parte da expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica iniciada em abril de 2005. “O governo está investindo na revitalização e criação de novos campi”, afirmou o Ministro Fernando Haddad, no seu discurso de inauguração do novo prédio do campus Bela Vista em novembro de 2008. O ministro Haddad destacou, ainda, que o objetivo dos Institutos é promover o desenvolvimento dos Estados. “O desafio é fazer com que os cursos oferecidos estejam em sintonia com os arranjos produtivos locais. Sendo que cada escola tem que mapear o potencial econômico da região onde está instalada e oferecer cursos compatíveis”, afirmou o Ministro. A expansão da Rede abrange todo o Brasil. Com exceção do Amapá, Acre e de Mato Grosso do Sul, todos os outros estados e o Distrito Federal já têm escolas em funcionamento. Até 2010, o governo tem como proposta abrir 500 mil vagas de ensino técnico e entregar, até em 2014, novos campi, para todo o Território Nacional. No total, serão 38 institutos e 354 campi. Segundo Haddad, essas 33 instituições além de promover o Ensino Técnico e Tecnológico, também vão funcionar como uma rede de apoio às escolas estaduais. O desafio dos Institutos é revitalizar o ensino médio do País, promover essa transferência de tecnologia para que as redes estaduais incorporem uma nova filosofia de trabalho. A iniciativa de incluir licenciatura em Física, Química, Biologia e Matemática é uma forma de suprir a falta de professores. A formação de professores é a grande deficiência que as redes estaduais têm hoje e que a Rede Federal pode contribuir para a melhoria, completou o Ministro Hadad. 1.3 A especialização PROEJA dentro do programa nacional de integração da educação profissional com a educação básica na modalidade educação de jovens e adultos - PROEJA A SETEC/MEC, com o fim de estimular as ações de implementação do PROEJA, constituiu um grupo de trabalho que elaborou um documento, denominado Documento Base MEC/2006, contendo as Propostas Gerais para Elaboração de Projetos Pedagógicos de Curso de Especialização voltado para a formação de profissionais do ensino público. A oferta desses cursos de Especialização, a partir do ano de 2006, antecedeu à oferta dos cursos do PROEJA. O objetivo desses cursos de Especialização é propiciar formação continuada aos professores, para atuarem na modalidade de ensino EJA/PROEJA. Com essa iniciativa foram formandos mais de 2.000 profissionais docentes, inicialmente, em 15 pólos distribuídos pelo Brasil, dos quais 12 em CEFET´s, sendo: 1°. Pólo - Santa Catarina; 2°. Pólo - Espírito Santo; 3°. Pólo - São Paulo; 4°. Pólo - Minas Gerais; 5°. Pólo - Mato Grosso; 6°. Pólo - Consórcio Rio de Janeiro - CEFET-RJ/Campos e 7°. Pólo - Química/RJ; 8°. Pólo - Bahia, 34 9°. Pólo - Pernambuco, 10°. Pólo - Rio Grande do Norte, 11°. Pólo - Ceará, 12°. Pólo - Maranhão e Amazonas; Dois pólos são nas universidades federais: 13°. Pólo - Universidade Federal da Paraíba (campus de Bananeiras) e 14°. Pólo - Universidade Tecnológica Federal do Paraná (antigo CEFET-PR). 15°. Pólo - O último é outro consórcio entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o CEFET-RS/Pelotas. A formação proposta para todos os pólos tem a finalidade de cumprir o que consta do Documento Base do Ministério da Educação (MEC BRASIL): Formar profissionais com capacidades para atuar na elaboração de estratégias, no estabelecimento de formas criativas das atividades de ensino-aprendizagem e de prever pró-ativamente as condições necessárias e as alternativas possíveis para o desenvolvimento adequado da educação profissional técnica de nível, integrada ao ensino médio na modalidade Educação de Jovens e Adultos, considerando as peculiaridades, as circunstâncias particulares e as situações contextuais concretas em que programas e projetos deste campo são implementados. (MEC, 2006, p. 8) 1.4 O programa PROEJA O Programa PROEJA surgiu em cumprimento ao que determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB Nº. 9.394/96 que traz em seu art. 37: “[...] a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. O Programa do PROEJA tem como base legal o Decreto nº. 5.840 de 13 de julho de 2006 e os atos normativos que o fundamentam: Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996; Decreto nº. 5.154, de 23 de julho de 2004; os Pareceres CNE/CEB nº. 16/99, nº. 11/2000 e nº. 39/2004 e as Resoluções CNE/CEB nº. 04/99 e nº. 01/20 deve promover a formação de técnicos, acompanhada de elevação do nível de escolaridade, favorecendo inserção ampla e integrada do público de jovens e adultos, com naturalidade, nos diferentes mercados. 35 Segundo o Documento Base da SETEC/MEC (BRASIL, MEC, 2006), o PROEJA revela a decisão governamental de atingir Jovens e Adultos pela oferta Integrada de Educação Profissional Técnica de Nível Médio com Ensino Médio. O PROEJA é o modo pelo qual os alunos, com trajetórias escolares interrompidas ou descontinuadas, possam concluir o Ensino Médio, nas formas integrada, concomitante ou subsequente com o Ensino Profissional. A forma integrada resgata a chance de eles saírem dessa fase do ensino já com qualificação profissional suficiente para disputar uma vaga no mercado. O Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico, sob uma base unitária de formação geral, é uma condição necessária para se fazer a “travessia” para uma nova realidade FRIGOTTO, (2005, p.43). Na forma concomitante, os alunos podem cursar o Ensino Médio em uma escola, em um turno e o técnico, em outro turno ou, ainda, fazer cada curso em uma instituição diferente. Na articulação subsequente, o aluno inicia a preparação para o mundo do trabalho só após a conclusão do Ensino Médio. A experiência na formação técnica foi a razão pela qual o MEC estabeleceu que o PROEJA deve ser implementado, utilizando-se, principalmente, da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica como forma de atender à demanda de jovens e adultos que não puderam, à época certa, por razões diversas, completar a formação. O PROEJA é um desafio para as Instituições federais e para seus professores, o que nos leva a buscar na afirmação de TARDIF (2002): “um professor não é somente alguém que aplica conhecimentos”, argumentação para colocar como sendo necessária formar professores, especialmente, para atuarem nessa modalidade de ensino. O Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA abrange cursos que, como o próprio nome diz, proporcionam formação profissional com escolarização para jovens e adultos. Os cursos oferecidos são: 1 - Educação profissional técnica de nível médio com ensino médio, destinado a quem já concluiu o ensino fundamental e ainda não possui o ensino médio e pretende adquirir o título de técnico. 36 2 - Formação inicial e continuada com o ensino médio, destinado a quem já concluiu o ensino fundamental e ainda não possui o ensino médio e pretende adquirir uma formação profissional mais rápida. 3 - Formação inicial e continuada com ensino fundamental (5ª a 8ª série ou 6º a 9º ano), para aqueles que já concluíram a primeira fase do ensino fundamental. Dependendo da necessidade regional de formação profissional, são, também, admitidos cursos de formação inicial e continuada com o ensino médio. Os cursos podem ser oferecidos de forma integrada ou concomitante. A forma integrada é aquela em que o estudante tem matrícula única e o curso possui currículo único, ou seja, a formação profissional e a formação geral são unificadas. Na forma concomitante, o curso é oferecido em instituições distintas, isto é, em uma escola o estudante terá aulas dos componentes da educação profissional e em outra do ensino médio ou do ensino fundamental, conforme o caso. As instituições que optarem pela forma concomitante devem celebrar convênios de intercomplementaridade, visando o planejamento e o desenvolvimento de projetos pedagógicos unificados. No CEFET-MT/IF-MT, os cursos oferecidos do PROEJA são do tipo Educação profissional Técnica de nível médio integrada com Ensino Médio. A rede Federal de Ensino Técnico do Brasil, constituída pelos recém criados Institutos e alguns CEFET´s que ainda não se integraram a estes, são os responsáveis pela Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Em todo o Brasil essa Rede de Ensino Federal, ofertou nas suas diversas unidades, entre os anos de 2008/2009, os seguintes cursos para o PROEJA: Quadro 1.1 – Cursos do PROEJA ofertados em 2008/2009 na Rede Federal de Educação Profissional Estado Instituição atual Cursos AL 1. Instituto Federal de Alagoas Artesanato, Hotelaria, Eletrotécnica e Informática Básica. AM 2. Instituto Federal do Amazonas Edificações, Mecânica, Eletrônica, Agroecologia, Desenvolvimento Sustentável, Contabilidade. BA 3. Instituto Federal da Bahia e 4. Instituto Federal Baiano Eletromecânica, Contabilidade, Agente comunitário em Saúde, Cooperativismo, Turismo, Aquacultura, Informática, Infra-estrutura urbana, Agropecuária, Processamento de carnes, leite, vegetais. 37 CE 5. Instituto Federal do Ceará Refrigeração, Telecomunicação, Informática, Agroindústria, Desenvolvimento Local, Eletrotécnica, Mecânica Industrial. ES 6. Instituto Federal do Espírito Santo Metalurgia e Materiais, Segurança do Trabalho, Informática, Agroindústria. GO 7. Instituto Federal de Goiás e 8. Instituto Federal Goiano Manutenção e Suporte de Informática, Serviços de Alimentação, Edificações, Agroindústria, Informática, Administração. MA 9. Instituto Federal do Maranhão Alimentos, Construção e obras civis, Agroindústria, Secretário de Escola, Gerenciamento de Unidade de Alimentação, Infra-estrutura escolar, Edificações, Artesanato, Eventos, Alimentação Escolar. MG 10. Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, 11. Instituto Federal de Minas Gerais, 12. Instituto Federal Sul de Minas Gerais, 13. Instituto Federal do Triângulo Mineiro, 14.Centro Federal de Educação Tecnológica de MG, 15. Centro de Formação em Saúde – UFTM e 16. Centro de Ensino Desenvolvimento Agrário – UFV Agropecuária, Cuidador de Idosos, Agente comunitário em Saúde, Joalheria e Gemalogia, Manutenção de Computadores, Mecânica Automotiva, Gestão Comercial, Gestão Administrativa, Farmácia, Informática, Alimentos, Edificações, Mecânica, Agroindústria. MT 17. Instituto Federal de Mato Grosso Agropecuária, Eletrotécnica, Refrigeração, Edificações, Sistema de Informações, Agroindústria. PA 18. Instituto Federal do Pará e 19. Escola de Música – UFPA Edificações, Mecânica, Eletrotécnica, informática, Agropecuária, Aqüicultura. PB 20. Instituto Federal da Paraíba, 21. Escola Técnica de Saúde – UFPB, 22. Escola Técnica de Saúde de Cajazeiras UFCG, 23. Colégio Agrícola Vidal de Negreiros Agroindústria, Informática, Instalação e Manutenção de equipamentos de informática e redes, Enfermagem, Agropecuária. PE 24. Instituto Federal de Pernambuco, 25. Instituto Federal do Mecânica, Informática, Refrigeração, Eletrotécnica, Beneficiamento Artesanal de Produtos Vegetais, Agroindústria, Agricultura Familiar, Edificações. 38 Sertão Pernambucano PI 26. Instituto Federal do Piauí, 27. Colégio Agrícola de Floriano, 28. Colégio Agrícola de Teresina Edificações, Cozinha, Eletromecânica, Vigilância sanitária, Informática, Operações Administrativas. PR 29. Universidade Tecnológica do Paraná Agroecologia, Segurança do Trabalho, Edificações, Eletrotécnica, Controle Ambiental, Construção Civil. RJ 30. Instituto Federal do Rio de Janeiro, 31.Instituto Federal Fluminense, 32. Centro Federal de Educação Tecnológica do RJ Instalação e Manutenção de computadores, Agricultura Familiar, Meio Ambiente, Eletrônica, Caldeiraria, Hotelaria, Eletromecânica, Agropecuária, Manutenção Automotiva. RN 33. Instituto Federal do Rio Grande do Norte, 34. Escola Agrícola de Jundiaí - UFRN, 35.Escola de Enfermagem – UFRN, 36.Escola de Música – UFRN Informática, Alimentos, Agroecologia, Edificações Manutenção de Computadores, Enfermagem, Violão Popular, Canto Coral. RS 37. Instituto Federal do Rio Grande do Sul, 38. Instituto Federal Farroupilha, 39.Instituto Federal Sul Riograndense, 40.Colégio Técnico Frederico Weatphalen – UFSM, 41. Colégio de Santa Maria – UFSM, 42. Colégio Técnico Industrial de Santa Maria – UFSM, 43. Colégio Técnico Visconde da Graça – UFPEL. Comércio, Informática, Refrigeração e Ar condicionado, Processos administrativos, Montagem e Manutenção de Computadores, Agroecologia, Agropecuária, Administração, Geomática, Jardinagem, Instalação e Manutenção Industrial, Agroindústria, Vestiário. RR 44. Instituto Federal de Roraima e 45. Escola Agrotécnica – UFRR Eletrotécnica, Agropecuária, Enfermagem, Informática, Laboratório, Secretariado. RO 46. Instituto Federal de Rondônia Agropecuária. SC 47. Instituto Federal de Santa Catarina e Habilidades Básicas em Eletromecânica, Eletrônica, Panificação, Eletrotécnica, 39 48. Instituto Federal Catarinense Saneamento, Automobilística, Geomensura, Edificações, Meio Ambiente, Mecânica, Refrigeração e Ar condicionado, Informática Básica, Agropecuária, Informática, Agroindústria, Turismo e Hospitalidade, Pesca. SP 49. Instituto Federal de São Paulo. Qualidade, Desenvolvedor de Páginas de Internet, Informática básica, Gestão Empresarial, Mecânica, Automação industrial, Pesca e Agricultura Familiar. SE 50. Instituto Federal de Sergipe Serviços Hoteleiros, Instalações elétricas, Mecânica, Desenho em Construção Civil, Informática, Instalações elétricas. TO 51. Instituto Federal de Tocantins Informática Leitura, Agricultura Familiar. Manutenção, Atendimento, Fonte: página do MEC: www.mec.gov.br, acessado em 05 de junho de 2009. Nesse quadro observa-se que a quantidade de cursos do PROEJA, varia de Estado para Estado sendo que, das 27 unidades federativas, apenas Amapá, Mato Grosso do Sul, Acre e o Distrito Federal não executaram o Programa PROEJA nos anos 2007/2008. De cada uma das unidades, o Estado do Rio Grande do Norte é o único que oferta cursos voltados para música e Minas Gerais é o único Estado que oferta os cursos de Cuidador de idosos, Joalheria e Gemalogia. 40 CAPÍTULO II O CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇAO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO/INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇAO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO EM ANÁLISE Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina (Cora Coralina). 2.1 A formação profissional no ensino técnico A formação profissional no Brasil tem início em 1809 com o Decreto do Príncipe Regente, futuro D João VI, que criou o Colégio das Fábricas. Na década de 40 do Século XIX, foram construídas dez Casas de Educandos e Artífices nas capitais e províncias e, na segunda metade desse século foram criados os Liceus de Artes e Ofícios, sociedade civil para amparo de crianças órfãs e abandonadas. São momentos iniciais distintos, que diferem pelo objetivo que cada um propôs. O primeiro momento é o ensino técnico como preparação para o trabalho, que tinha o objetivo de formar a elite, portanto, a minoria, que tinha preferência na ocupação de cargos. O foco desse primeiro momento, após a instituição da República, foi atender aos filhos dos que tinham posse financeira e precisavam ser preparados para, no futuro, assumirem os postos dos pais ou de algum familiar nas atividades privadas ou nos cargos públicos. No segundo momento, a formação profissional objetivou formar como meio de dar assistência aos que estavam desamparados e necessitavam de uma ocupação e ofício. O foco desse momento era resolver o problema social dos que não tinham o 41 que fazer. É o momento histórico considerado como início da Educação profissional no Brasil, como meio de assistir e de amparar os órfãos e “desvalidos da sorte”. No início do Século XX ainda continuou o foco assistencialista, advindo do período anterior que, gradativamente, foi sendo substituído pela preparação de mãode-obra, para formar o necessário contingente de operários para o trabalho nas indústrias dos novos e diversos produtos que começavam a serem produzidos no Brasil. Em consequência dessa necessidade, a partir do ano de 1906 o ensino técnico passou a ser não só para os “desvalidos” e a responsabilidade de ministrá-lo é transferida para o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio e não mais dos Órgãos Assistenciais do Governo, sendo essa, uma mudança significativa, para melhoria do então, setor produtivo. Nesse período várias escolas públicas e privadas foram criadas para o desenvolvimento comercial, industrial e agrícola do País. Também, foram criados os Liceus de Artes e Ofícios para o atendimento da Indústria e as Escolas Agrícolas para a formação de “chefes de cultura, administradores e capatazes”. Nessa mesma época, foram criadas várias Escolas de Oficinas para a formação de profissionais para trabalharem na construção e manutenção das ferrovias. Essas mudanças foram cada vez mais ficando relevantes, culminando na criação da Rede Federal de Ensino Técnico, constituída pelas Escolas de Aprendizes e Artífices e, cujo foco passou a ser, em definitivo, o de preparar para o trabalho, capacitar mão-de-obra para atuação na Indústria e no setor produtivo. As Escolas de Aprendizes e Artífices passaram a funcionar em 1910, com o objetivo principal de atender a necessidade da produção industrial, mas, deu início, também, à dualidade entre o ensino Secundário e o ensino Técnico. Os que cursavam o ensino Secundário tinham o direito de continuar era, então, destinado à formação de intelectuais por permitir o acesso a Graduação do Ensino Superior e aos que cursavam o ensino técnico, tinham, apenas, a preparação para o trabalho, sem direito a continuidade. E em 1942, a Reforma Capanema oficializou essa dualidade quando criou os Ramos de Ensino: Secundário, Agrícola e Industrial e, como anteriormente, sem acesso ao Ensino Superior. Posteriormente, foi criado, também, o Ramo Normal, para formação de professor para as séries iniciais. Também, a Reforma Capanema, criou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC, órgãos administrados pelo setor Industrial e do Comércio, respectivamente, mas que recebiam e ainda 42 recebem, dinheiro do Governo Federal, por meio do Fundo de Apoio ao Trabalhador – FAT. A dualidade do ensino, Secundário e Técnico, foi sendo desmontada, a partir das Leis, denominadas “leis de equivalência” nº 1076/50 e nº 1.821/53 e, completamente, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1961, sendo que, para o acesso ao Ensino Superior, os concluintes do ensino técnico deveriam passar por provas de complementação das disciplinas não cursadas. A LDB de 1961 estabeleceu, para o ensino propedêutico, equivalência nos ciclos do Ensino Médio. A partir dos anos 40, a formação profissional passou a ser na maioria, para produção seriada e, a qualificação não-formal, ocorria no próprio local de trabalho. Conforme (PARDAL, 2005, p. 46): Apenas uma pequena minoria de trabalhadores carecia desenvolver competências profissionais em níveis de maior complexidade. Em virtude da rígida separação entre o planejamento, supervisão e controle de qualidade, de um lado, e execução de tarefas previamente definidas e bem delimitadas, de outro, quase não havia margem de autonomia ao trabalhador engajado na linha de produção. Assim, o monopólio do conhecimento técnico e organizacional quase sempre cabia aos trabalhadores de nível gerencial. Nesse contexto, a baixa escolaridade da massa trabalhadora sequer era considerada grave obstáculo para o desenvolvimento econômico da nação. A Lei nº 5692/71 da Reforma do Ensino de 1º e 2º Graus, fundiu o ensino primário ao 1º ciclo do ensino médio, ficando com oito anos de duração e obrigatório para todos. E, as quatro últimas séries seriam profissionalizantes, sendo que, seu currículo teria como finalidade a sondagem vocacional e a iniciação para o trabalho. Ficando a aprendizagem profissional, industrial e comercial, como anteriormente, sob controle patronal, para os alunos que concluíssem o 1º grau e, também, para os que desistissem, compondo a terminalidade real. Essa lei trouxe, também, à fusão dos ramos profissionais do 2º ciclo do ensino médio com o ramo secundário, constituindo um novo ensino de 2º grau, universal e compulsoriamente profissional, onde todos os alunos obtivessem habilitação como técnico ou auxiliar técnico. A LDB nº 9394/96, desvinculou a Educação Profissional do Sistema de Educação Nacional, possibilitando a articulação entre os ciclos de ensino e não mais a integração, conforme anteriormente ocorria. E, o no ano seguinte à promulgação da LDB, o Decreto 2208 determinou a extinção da integração entre educação geral e 43 profissional, a priorização para atender às necessidades do mercado, o afastamento do Estado do custeio da educação é o fim da equivalência entre educação profissional e ensino médio. Foi uma mudança significativa, essa Reforma da Educação Profissional. Para os então CEFET´s, transformados desde 1978 das ETF´s foi determinado, pela Portaria 646/97, a expansão crescente da matrícula no Ensino Profissional e a redução do número de matrículas, no Ensino Médio. No atual Governo do Partido dos Trabalhadores tem havido significativa, expansão da educação profissional, principalmente, nos CEFET´s. A Portaria n! 3621/2003 criou o Fórum Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, vinculado ao Ministério da Educação com o objetivo de estabelecer uma interlocução entre sociedade civil e o Estado. No ano de 2004, a Secretaria de Educação Profissional Tecnológica lançou o documento Proposta de Política Pública para a Educação Profissional e Tecnológica, objetivando contextualizar a Educação Profissional e Tecnológica, para: ❷ Adequá-la ao desenvolvimento do País. ❷ Articulá-la com o ensino médio. ❷ Integrá-la ao mundo do trabalho. ❷ Articulá-la à Educação de Jovens e Adultos. O Decreto n! 5154/2004, que substituiu o Decreto n! 2208/97, possibilitou a volta à integração entre os ensinos médio e profissional, extinguiu o nível básico e substituiu ensino por módulos, pelo ensino por etapas. No ano de 2007 o Decreto 6095/2007, cria os Institutos Federais de Educação, Ciências e Tecnologias – IFET´s, ampliando a oferta de modalidades de ensino. Sendo que, quando o Governo Federal propôs a transformação dos Centros Federais de Educação Tecnológica em Institutos de Educação os, então, gestores posicionaram-se favoravelmente, por meio do Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educação Tecnológica – CONDITEC, pelas justificativas que se seguem: ❷ Maior abrangência da formação profissional e tecnológica; ❷ Contribuição para o desenvolvimento regional; ❷ Acolhimento de novos públicos; 44 ❷ Educação de Jovens e Adultos integrada à Educação Profissional; ❷ Educação de Portadores de Deficiência; ❷ Formação Continuada de Técnicos, Tecnólogos, Bacharéis e ❷ Licenciados; ❷ Educação para a Diversidade Cultural. As Escolas de Aprendizes e Artífices são consideradas como originárias dos atuais Institutos Federais - IF´s que, atualmente, respondem pelo papel de Instituições responsáveis pela formação profissional técnica e tecnológica para uso adequado das tecnologias e busca de novas, que para Oliveira (1997), tecnologia não se refere somente a produtos, por exemplo, equipamentos automatizados, computadores, mas também a processos. Além disso, [...] as tecnologias são produtos da ação humana, historicamente construídos, expressando relações sociais das quais dependem, mas que também são influenciadas por eles. Assim, os produtos e processos tecnológicos são artefatos sociais e culturais, que carregam consigo relações de poder, intenções e interesses diversos. (OLIVEIRA, 1997, p.19) Assim, conforme ARRUDA (2000), a qualificação profissional2 emerge no cenário contemporâneo como um elemento fundamental na composição dos fatores que regem a competitividade dos países, das organizações e dos indivíduos. E, neste ano de 2009, a Rede Federal de Ensino Técnico do Brasil, completa 100 (cem) anos e, conseqüentemente, também o Ensino Técnico/Tecnológico. 2.2 Os cursos do CEFET- MT/IFMT O Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET-MT, até o final do ano letivo de 2008, possuía as seguintes modalidades de ensino: 03 (três) modalidade de Nível Médio e 03 (três) e de Nível Superior, permanecendo até o primeiro 2 Educação Profissional é um conceito de ensino abordado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996), complementada pelo Decreto 2208, de 17 de abril de 1997 e reformado pelo Decreto 5154, de 23 de julho de 2004. 45 semestre de 2009, já como Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – IF-MT, campus Octayde Jorge da Silva. 2.2.1 Os cursos de nível médio do CEFET-MT/IFMT A modalidade de formação do Nível Médio: Técnico Seqüencial, Ensino Médio Integrado e PROEJA têm a finalidade de formar técnicos para atuação nas atividades previstas no perfil profissional do Curso escolhido, nas diversas áreas da indústria e de serviços. A diferença dessas modalidades de ensino está na proposta de cada uma e, em conseqüência diferem no pré-requisito para o ingresso. Os cursos das três modalidades do Ensino Médio são: Quadro 2.1 – Modalidades e Cursos do CEFET-MT – Nível Médio Modalidade Cursos 1. Nível Técnico Seqüencial e (Pós Ensino Médio) 1. Construções Prediais; 2. Eletrotécnica; 3. Eletrônica; 4. Gestão Habilitação em Secretariado; 5. Guia de Turismo Regional; 6. Sistemas de Informação; 7. Telecomunicações; 8. Topografia e Geoprocessamento; 2. Ensino Médio Integrado (Forma integrada Ensino Médio e Ensino Técnico) 3. PROEJA (Ofertados na forma integrada Ensino Médio e Ensino Técnico) 1. Edificações, 2. Eletrotécnica e 3. Refrigeração e Ar Condicionado, Fonte: DE!IF-MT, campus Cuiabá em fevereiro/2009. Os cursos do Ensino Médio Integrado têm a formação do Ensino Médio concomitante com formação técnica, e, esta é específica para cada curso. A condição de Ingresso é ter concluído o Ensino Fundamental e ser aprovado no Exame de Seleção, composto de provas de Português, Redação e Matemática com conteúdos do Ensino Fundamental. A Metodologia - Aulas teóricas e atividades práticas orientadas pelos professores, elaboração de projetos, pesquisas, atividades 46 nas empresas, trabalho de campo e outros que se fizerem necessários para a formação de técnicos. Nos cursos Integrados o aluno, normalmente, está na faixa etária, considerada “certa” é adolescente ou jovem adulto que recém concluiu o Ensino Fundamental na forma regular. Não há restrição de idade para o ingresso que é feito por meio de Exame de Seleção com provas de Língua Portuguesa e de Matemática e as aulas são no período diurno e toda a Carga Horária referente ao Ensino Médio é presencial. As cargas horárias dos cursos do Ensino Médio Integrado do CEFETMT/IF-MT são: Quadro 2.2 – Carga horária dos cursos integrados Cursos Carga Horária 1. Construções Prediais 2. Eletrotécnica 3. Eletrônica 4. Gestão Habilitação em Secretariado 5. Guia de Turismo Regional 6. Sistemas de Informação 7. Telecomunicações. 8. Topografia e Geoprocessamento 3700 horas 3720 horas 3700 horas 3080 horas 3500 horas 3120 horas 3715 horas 3720 horas Fonte: DE!IF-MT, campus Cuiabá em fevereiro/2009. O Ensino Técnico Seqüencial é ofertado para quem já concluiu, em qualquer Instituição de Ensino Médio ou está concluindo o Ensino Médio no próprio CEFETMT/IF-MT e, as disciplinas são, exclusivamente, para a formação técnica. O aluno do Ensino Médio Integrado cursa as disciplinas técnicas, concomitantemente, com as do Ensino Médio e, a carga horária total é a soma das duas. O ingresso para os Cursos Técnicos Seqüenciais é feito por meio de Exame de Seleção, convênio ou transferência, para alunos que concluíram ou são concluintes do Ensino Médio. As provas seletivas de Português, Matemática, Biologia, Física, Química, História e Geografia são compostas com conteúdos do Ensino Médio. A Organização Curricular é Regime Modular por Competência para as turmas que ingressaram até 2008. A partir de 2009, a Organização Curricular passou a ser semestral. A metodologia, para a formação, está dividida em aulas teóricas e atividades práticas. E, sob orientação dos professores, os alunos 47 elaboram projetos, pesquisam, exercem atividades em empresas do ramo, fazem trabalho de campo e outros que se fizerem necessários para a formação. As cargas horárias dos cursos do Ensino Técnico Seqüencial do CEFET-MT/IF-MT são: Quadro 2.3 – Carga horária dos cursos nível técnico sequencial Cursos Carga Horária 1. Construções Prediais 2. Eletrotécnica 3. Eletrônica 4. Gestão Habilitação em Secretariado 5. Guia de Turismo Regional 6. Sistemas de Informação 7. Telecomunicações. 8. Topografia e Geoprocessamento 1200 horas 1220 horas 1200 horas 800 horas 1230 horas 1015 horas 1215 horas 1220 horas Fonte: DE!IF-MT, campus Cuiabá em fevereiro/2009. 2.2.2 Os cursos das modalidades ensino médio integrado e técnico sequencial O perfil profissional de cada curso das modalidades Ensino Médio Integrado e Técnico Seqüencial, extraído do Projeto Pedagógico do Curso, está disponibilizado na página do IFMT. 2.2.2.1 Construções prediais Técnico de nível médio com perfil profissional para exercer as seguintes atividades: previsão de custo e quantidade de materiais de construção, elaboração de plano de obras, croquis, análises de qualidade de materiais, levantamento topográfico de terrenos, análises de solo, desenho de projetos, planejamento e supervisão de obras, supervisão de segurança, análise de impactos ambientais, execução de projetos até o limite determinado pelo Conselho Regional de Engenharia. Esse profissional atua sob a orientação e/ou supervisão de engenheiros e arquitetos. 48 2.2.2.2 Eletrotécnica O técnico em Eletrotécnica é habilitado para atuar na coordenação, execução, manutenção e elaboração de projetos de instalações elétricas residenciais, prediais, comerciais e industriais. Esse profissional pode atuar tanto em empresas de produção de energia elétrica, como também em todos os ramos da atividade produtiva, industrial ou ainda como profissional liberal. 2.2.2.3 Eletrônica Esse profissional estará apto a atuar em empresas do ramo de alimentação, bebidas, oficina de manutenção de equipamentos eletrônicos, edição e impressão, mineração, madeireira, e geração e distribuição de energia elétrica. 2.2.2.4 gestão habilitação em secretariado Esse profissional está apto a trabalhar na assessoria do planejamento organizacional das empresas, podendo atuar em instituições públicas e privadas, de pequeno, médio ou grande porte ou ainda como profissional liberal. Os contratos de trabalho desses profissionais trazem títulos variados, como por exemplo: secretário adjunto, secretário administrativo, secretário assistente e secretário auxiliar. 2.2.2.5 Guia de turismo regional O Técnico Profissional - Guia de Turismo Regional estará apto a exercer atividades relacionadas acompanhamentos, aos procedimentos entretenimentos, controle de da recepção, programação translado, e roteiros, 49 coordenação e liderança de grupos, bem como desempenhar a assistência ao turista com foco em planejamento - atividades voltadas para concepção e articulação do guiamento e gestão - atividades voltadas para o gerenciamento do processo de trabalho. Este profissional poderá desempenhar suas funções nos segmentos de centrais de informação turística, agências de viagem e turismo emissivas e receptivas, transportadoras turísticas, organismos oficiais de turismo, organizações turísticas não-governamentais e centros de lazer. 2.2.2.6 Sistemas de informação Esse profissional poderá atuar na elaboração e execução de projetos de sistemas de informação, na avaliação da necessidade de treinamento e de atualização tecnológica, no suporte técnico a computadores e na elaboração e implementação de sistemas (softwares) comerciais. 2.2.2.7 Telecomunicações Esse profissional estará apto à execução de trabalhos e serviços técnicos, operação e manutenção de equipamentos, aplicação de normas técnicas concernentes aos respectivos processos de trabalho e levantamento de dados da natureza técnica do trabalho executado, participação junto à equipe de instalação, montagem, operação, reparo e manutenção no campo de telecomunicações, execução de manutenção de instalações e equipamentos, assistência técnica na compra e venda de equipamentos e materiais. 2.2.2.8 Topografia e geoprocessamento Esse profissional atua na área de geomática desempenhando atividades de planejamento, obtenção e tratamento de dados topográficos, geodésicos, 50 hidrológicos e de solos, além da execução de cadastro técnico multifinalitário e elaboração de mapas a partir de dados georreferrenciados. 2.3 A educação de jovens e adultos EJA/PROEJA como modalidade de ensino A Constituição de outubro de 1988 conferiu o direito à Educação Fundamental para Jovens e Adultos, que não tiveram acesso aos estudos quando crianças ou adolescentes. Direito esse que foi atribuído ao poder público para cumprimento, no prazo de 10 (dez) anos, para a universalização do Ensino Fundamental e a erradicação do analfabetismo. Período em que Municípios, Estados e Federação tinham a obrigação de investir 50% (cinqüenta por cento) dos recursos destinados à Educação para o cumprimento dessa previsão. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº 9.394, aprovada no final de 1996, no seu Art. 4o reiterou os direitos constitucionais da população Jovem e Adulta ao Ensino Fundamental. No Art. 208 da Constituição Federal de 1988 constavam: Art. 208 - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio. Porém a Emenda 14, aprovada quase na mesma data, alterou a redação desse artigo para: Art. 208 - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: 3 I - ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada , inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria; 4 II - progressiva universalização , do ensino médio gratuito. Essa mudança constitucional, ainda que, aparentemente sem intenção, deu margem à interpretações que descaracterizaram o direito público subjetivo, desobrigando os Jovens e Adultos da freqüência escolar e dos poderes públicos da 3 4 Grifo desta pesquisadora. Grifos desta pesquisadora. 51 oferta universal de Ensino Fundamental gratuito para os que não tiveram a oportunidade de freqüentar a Escola a época considerada “certa”. Ainda, a Emenda 14 alterou o prazo disposto na Constituição, substituindo o compromisso decenal com a erradicação do analfabetismo e a universalização do Ensino Fundamental por um mecanismo de operacionalização do regime de cooperação entre as esferas de governo: o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério - FUNDEF. A modalidade5 de Ensino de Jovens e Adultos é, portanto, da responsabilidade da rede pública escolar para o atendimento daqueles que não completaram a escolaridade em idade apropriada, regulamentada pelo artigo 37 da LDB Nº 9 394/1996. É um dos segmentos da Educação Básica que recebem repasse de verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, criado pela Emenda Constitucional n.º 53/06, que tem por objetivo proporcionar a elevação escolar e uma nova distribuição dos investimentos em educação. Esse Fundo tem vigência de 14 (quatorze) anos a partir da Emenda Constitucional que o criou e substituiu o FUNDEF que permaneceu até o final do ano de 2006. Enquanto o FUNDEF tinha o alcance apenas no Ensino Fundamental nas modalidades regular e especial, o FUNDEB objetiva a garantia da Educação Básica para todos os brasileiros, da creche ao final do Ensino Médio, inclusive àqueles que não tiveram acesso à educação na idade considerada certa. A modalidade PROEJA, proposta no ano de 2005 para ser executada, principalmente, pela Rede de Ensino Técnico, é também Integrado Ensino Médio/Ensino Técnico. Os cursos do PROEJA do CEFET-MT/IF-MT, diferem dos cursos Integrados, teoricamente, apenas pela faixa etária, pois, a idade mínima para o ingresso é de 18 anos. O aluno do PROEJA é adulto e há muito está fora da Escola, sendo que a maioria concluiu o Ensino Fundamental pela EJA. Os cursos são ofertados no período noturno sendo a carga horária do Ensino Médio semipresencial, ou seja, 50% (cinqüenta por cento) em sala de aula e 50% (cinqüenta por cento) em atividades não presenciais. 5 Modalidade, como consta no Documento Base do Mec/2006, segundo o Conselheiro Jamil Cury, no Parecer CNE nº. 11/2000, implica um modo próprio de fazer a educação, indicando que as características dos sujeitos jovens e adultos, seus saberes e experiências do estar no mundo, são guias para a formulação de propostas curriculares político-pedagógicas de atendimento. 52 Quadro 2.4 – Carga horária dos cursos do PROEJA Cursos Carga Horária 1. Edificações 2. Eletrotécnica 3. Refrigeração e Ar Condicionado 2400 2400 2400 Fonte: DE!IF-MT, campus Cuiabá em fevereiro/2009. 2.3.1 Os cursos do PROEJA O PROEJA, de acordo com as metas estabelecidas, busca resgatar e reinserir, no sistema escolar regular brasileiro, jovens e adultos que se encontram afastados do mesmo, devido aos problemas internos e externos à escola, através do acesso à educação geral e, mais especificamente, ao ensino profissional na perspectiva de uma formação integral. (BRASIL, Documento Base - PROEJA, 2007). Nos cursos do PROEJA o aluno possui faixa etária superior a 18 anos e normalmente, parou de estudar sem concluir o Ensino Fundamental e a conclusão desse nível se deu recente e, na maioria das vezes, por Estudos de Suplência. Em 2007, o CEFET-MT ofertou os cursos do PROEJA, na forma integrada, para cumprir determinação do Decreto de criação do Programa. O PROEJA no CEFET-MT/IF-MT é ofertado na modalidade Ensino Médio Integrado a Educação Profissional e conforme Orientação Normativa de outubro/2007, aprovada pela Deliberação nº. 02/2007 do Conselho Técnico Pedagógico as aulas tiveram início no 2º semestre de 2007. O ingresso para os cursos tem como pré-requisito a aprovação no Exame de Seleção, constituído de provas de conhecimentos do Ensino Fundamental de matemática e português e as condições do quadro: 53 Quadro 2.5 – Oferta dos cursos do PROEJA do CEFET-MT/IF-MT Cursos ofertados Modalidade de Ensino Regime semestral Edificações, Eletrotécnica e Refrigeração Condicionado. Integrado (Ensino Médio + Ensino Técnico) Seis semestres. Aulas Presenciais e semipresenciais – 50% para o E.M. Período Noturno para as aulas presenciais Número de vagas 180 (30 alunos para cada Turma) Número de Turmas 06 (02 Turmas para cada Curso) Condições Ter Ensino Fundamental e ser maior de 18 anos Critério de entrada Exame de seleção e ar Fonte: DE!IF-MT, campus Cuiabá em fevereiro/2009. Cada um dos cursos tem no 1º Semestre da Grade Curricular, 07 (sete) disciplinas do Núcleo Comum que compõem a Formação Geral, abrangendo as três áreas do conhecimento do Ensino Médio: Linguagens, Códigos e suas tecnologias; Ciências Humanas e suas tecnologias e Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias, fundamentadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. A carga horária total, exigida, de cada curso é de 2400 horas, das quais 1267 horas são do Núcleo Comum, equivalente a 1520 aulas de 50 minutos, sendo 1040 aulas presenciais e 480 semipresenciais. Carga Horária referente ao Ensino Médio é semi-presencial, parte em sala de aula e parte em atividades extra-classe. A idade mínima para acessar os cursos do PROEJA é de 18 anos na data da matrícula e não há limite máximo. Quadro 2.6 – Disciplinas do Núcleo Comum dos cursos do PROEJA Disciplinas 1. Língua Portuguesa 2. Educação Física 3. Sociologia 4. Matemática 5. Física 6. Biologia 7. Informática Básica Fonte: Grade Curricular dos cursos. C.H. presencial 50 17 33 50 33 33 33 54 As disciplinas profissionalizantes, de Formação Profissional, são voltadas para a área determinada de cada curso. O número de disciplinas profissionalizantes e a carga horária variam no semestre e em cada curso. Quadro 2.7 – Disciplinas profissionalizantes do 1º semestre dos cursos do PROEJA Cursos Disciplinas C.H. Edificações 1.Topografia 2. Desenho Técnico 03 83 Eletrotécnica 1. Medidas Elétricas 2. Desenho Técnico 3. Circuitos Elétricos 66 33 33 1. Termodinâmica 2. Empreendedorismo 3. Segurança no Trabalho 4. Física Aplicada 5. Matemática Aplicada 33 33 17 17 33 Refrigeração Condicionado e ar Fonte: Grade Curricular dos cursos. As primeiras turmas dos cursos do PROEJA do CEFET-MT iniciaram suas aulas em outubro de 2007, sendo que o semestre foi interrompido em dezembro, devido às férias coletivas dos professores, retornando em fevereiro de 2008. Dessas turmas passaram para o segundo semestre, apenas 35 alunos do curso de Eletrotécnica 26 alunos do curso Refrigeração e Ar Condicionado e 37 alunos de Edificações. E, de duas turmas do primeiro semestre dos cursos de Edificações e Refrigeração e Ar Condicionado no segundo semestre foram transformadas em uma turma de cada curso. A partir do segundo semestre de 2008, o aluno do PROEJA passou a receber, do Governo Federal, uma bolsa no valor de R$ 100,00 (cem reais) por mês, como forma de incentivo para continuar no curso. 55 Nos semestres seguintes do segundo semestre letivo de 2007, foram ofertadas novas turmas, sendo que, para o semestre letivo de 2009!1, foram ofertadas 01 (uma) turma para o primeiro semestre de cada curso. Neste primeiro semestre letivo de 2009 existem as seguintes turmas do PROEJA: Quadro 2.8 – Turmas dos cursos do PROEJA do 1º semestre letivo de 2009 Curso Semestre Edificações Eletrotécnica Refrigeração e Ar Condicionado 1° Semestre 01 turma 01 turma 01 turma 2° Semestre 01 turma 01 turma 01 turma 3° Semestre 01 turma 01 turma 01 turma Total 03 turmas 03 turmas 03 turmas Fonte: DE!IF-MT, campus Cuiabá em março/2009 No 1º semestre letivo de 2009, cada um dos cursos do PROEJA tem e 01 (uma) turma do primeiro semestre, ma do segundo semestre e 01 (uma) do terceiro semestre. 2.4 Os cursos de graduação Para os Cursos de Graduação, o ingresso se faz por meio de Vestibular, convocado, publicamente, ou ainda, por outros meios de ingresso vigentes na instituição. O candidato deverá ter concluído o Ensino Médio. Os cursos de Graduação têm como Metodologia aulas com suporte de laboratórios, trabalhos práticos, seminários e pesquisa bibliográfica, vivências para realização de projetos que asseguram a aquisição das competências profissionais. A Organização Curricular desses cursos é Ensino Modular por Competência, para as turmas que entraram até o ano letivo de 2008. E, para turmas que entraram a partir do ano letivo de 2009, a Organização Curricular é Semestral, com atribuição de notas bimestrais. 56 2.4.1 Curso superior de tecnologia em automação industrial Este profissional atua na integração da eletrônica - interface de aquisição de dados, controle, sistemas, microprocessador - interface homem/máquina, controladores lógicos programáveis, com a informática (hardware, software e rede), eletrônica industrial (sistemas de potência, chaveadores, softstarter, inversores de freqüência, chaves estáticas) e eletrotécnica (máquinas elétricas, circuitos elétricos, atuadores). A Carga horária é de 2600 horas. 2.4.2 Curso superior de tecnologia em controle de obras Este profissional atua no planejamento de instalação de Controle Tecnológico de Obras na construção civil, na definição de serviços, no controle de qualidade de obras, na obtenção de parâmetros de projetos e manutenção de equipamentos de laboratórios. O Curso é organizado em módulos independentes. Tem 2410 horas de Carga Horária. 2.4.3 Curso superior de tecnologia em desenvolvimento de sistemas para internet Esse profissional de nível superior na área tecnológica, com ênfase na teoria geral e na concepção, projeto, implantação, suporte e administração de aplicativos para Internet e Intranet, atuam como um solucionador de problemas em tecnologia para WEB. A Carga Horária do curso é de 2340 horas. 57 2.4.4 Curso superior de tecnologia em redes de computadores Esse profissional de nível superior na área tecnológica atua na administração de ambientes computacionais, definindo parâmetros de utilização de sistemas, implantando e documentando rotinas e projetos e controlando os níveis de serviço de sistemas operacionais de redes; suporte técnico no uso de equipamentos e programas computacionais e no desenvolvimento de ferramentas e aplicativos de apoio para usuários; configuração e instalação de recursos e sistemas computacionais; gerenciamento de segurança de ambientes computacionais; implanta e gerencia redes envolvendo equipamentos, componentes e meios de transmissão de dados. A Carga Horária do curso é de 2000 horas. 2.5 Os cursos de educação a distância - EAD O CEFET-MT/IFMT possui experiência na educação a distância, ofertando cursos de extensão, e desde o ano de 2006 trabalhando os 20% dos cursos reconhecidos na modalidade a distância. O CEFET-MT/IFMT sedia o mestrado interinstitucional a distância “Política Cientifica e Tecnológica” em parceria com a UNICAMP além de dois cursos de pós-graduação a distância e um de graduação iniciados no segundo semestre de 2006. 2.5.1 Licenciatura em Química Baseando-se nas propostas de diretrizes curriculares para licenciaturas em Química, propõe-se que o profissional desta licenciatura deverá apresentar um forte conhecimento dos conteúdos de Química, além de um perfil que o capacite a ter visão: de seu papel social de educador e capacidade de se inserir em diversas realidades com sensibilidade para interpretar as ações dos educandos; da 58 contribuição que a aprendizagem da Química pode oferecer a formação dos indivíduos para o exercício de sua cidadania; de que o conhecimento de química pode e deve ser acessível a todos, e consciência de seu papel na superação dos preconceitos, traduzidos pela angústia, inércia ou rejeição, que muitas vezes ainda estão presentes no ensino-aprendizagem da disciplina. Esta proposta foi norteada pelas competências e habilidades inerentes a um professor na área de Química. Assim, espera-se que esta proposta pedagógica ora implantada pelo CEFET-MT/IFMT enfatize a formação de profissionais que: 2.5.2 Tecnologia em sistemas para internet O curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet tem o objetivo de formar profissionais de nível superior na área tecnológica, com ênfase na teoria geral e na concepção, projeto, implantação, suporte e administração de aplicativos para Internet (Extranet e Intranet), atuando como um solucionador de problemas em tecnologia para Web. Construir com o educando o raciocínio lógico, desenvolver o senso crítico, o respeito ao próximo e à vida em sociedade. Despertar e valorizar o espírito empreendedor dos educandos provocá-los para sonhar, discutir e realizar seus trabalhos. Cabe a este profissional a responsabilidade de focar as características de uma empresa e reproduzi-las em uma ambiente Internet. Para tanto, requer absorver conhecimentos teóricos e práticos para produzir a solução em um ambiente atual de comercialização de produtos e serviços ou informações institucionais e governamentais. As unidades curriculares proporcionam desenvolver todo o suporte criativo do aluno na construção de sistemas de informação com completos fundamentos de gerenciamento de banco de dados. Este profissional poderá trabalhar como consultor atendendo desde pequenos comércios até grandes corporações. Poderá estar agregado a provedores de Internet/extranet para agregar serviços de provimento de serviços de comércio eletrônico e lojas virtuais. Ainda, este Curso tem como proposta, formar profissionais com conhecimentos e capacidade de manter-se atualizado no sistemas de informação e 59 desenvolvimento tecnológico aprendendo, permanentemente, tendo raciocínio lógico na compreensão e resolução de problemas propostos e demonstrando consciência do trabalho em equipe, da mesma forma que deverá ser capaz de mobilizar e articular, com pertinência, conhecimentos, habilidades e valores em níveis crescentes de complexidade na sua específica área de atuação. 2.6 Os cursos de pós-graduação 2.6.1 Curso de especialização em educação e profissional integrada à educação básica na modalidade de jovens e adultos – PROEJA A Especialização em Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio na Modalidade Educação de Jovens e Adultos é uma proposta do Programa do PROEJA. A formação docente é fundamental para minimizar as questões que compõem a realidade dos alunos do PROEJA, investigar seus modos de aprender de forma geral, tendo em vista compreender e favorecer os processos da aprendizagem é um dos objetivos da Especialização. Essa formação, proposta pelo Governo Federal dentro do Programa de Educação de Jovens e Adultos, na modalidade de Especialização, é uma política específica para a formação dos professores para atuarem no PROEJA, uma vez que há carência de formação continuada nessa área. A área de Conhecimento da Especialização proposta é a Educação, e a oferta é na forma presencial. O curso de Especialização se justifica por ser o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA, um campo peculiar de conhecimento que exige formação específica de professores para nele atuar. Nesse contexto, FRIGOTTO (2000) afirma que a formação e qualificação, tanto em sentido geral quanto especificamente, do educador, não pode ser tratado adequadamente sem referi-lo à trama das relações sociais e embates que se travam no plano estrutural e conjuntural da sociedade. 60 A formação do professor para o PROEJA está dentro de uma política pública focada na Educação de Jovens e Adultos, a qual deve contemplar a elevação da escolaridade com profissionalização no sentido de contribuir para a integração sociolaboral de um grande contingente de cidadãos, cerceados no seu direito de concluir a educação básica e de ter acesso a uma formação profissional de qualidade. Consta do Projeto Pedagógico do Curso de Especialização em Educação Profissional Integrada com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos do CEFET-MT/IF-MT (p. 09 e 10): O objetivo geral do Curso de Especialização em Educação Profissional Integrada com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos consiste em promover a formação de professores da Educação de Nível Médio e da Educação Profissional sob a ótica da educação inclusiva, de forma a torná-los agentes de mudanças no cenário atual das escolas públicas em que estão inseridos propiciando aos participantes um referencial teórico-prático na perspectiva da transversalidade dos saberes que fundamentem suas ações profissionais na implantação e implementação de programas e projetos voltados para a educação de jovens e adultos a partir do intercâmbio dos saberes experiências dos participantes, da valorização das culturas e das identidades regionais. Esse curso de Especialização tem como objetivos específicos: 1. Qualificar professores para a atuação na educação profissional técnica de nível médio integrada ao ensino médio na modalidade de educação de jovens e adultos. 2. Propiciar vivências de situações de aprendizagem que possibilitem aos participantes atuar em equipes multidisciplinares. 3. Oportunizar o diálogo criativo com as incertezas da contemporaneidade relacionadas principalmente à Educação, Ciência, Tecnologia e Trabalho a partir de uma apreciação crítica do contexto social. 4. Fomentar tanto o princípio educativo de pesquisa - enquanto metodologia de aprendizagem - quanto o princípio científico enquanto produção de conhecimentos direcionados à interação da educação de jovens e adultos, ensino médio e educação profissional, na perspectiva da educação inclusiva. 61 5. Oportunizar aos participantes a reflexão acerca de saberes essenciais ao exercício profissional quer como gestor quer como docentes que lhes possibilitem compreender e acompanhar o debate, as metodologias, as definições e as tendências das políticas sociais, em especial das políticas de educação inclusiva, de educação de jovens e adultos integrada à educação profissional técnica de nível médio considerando as peculiaridades, as circunstâncias particulares e as situações contextuais concretas em que programas e projetos deste campo são implementados. A Especialização para atuação nos cursos do PROEJA foi de fundamental importância para a implantação desse Programa, com a qualidade que a modalidade de ensino proposta requer, uma vez que ao se tratar de uma nova forma de atuar na educação profissional e na EJA não existe formação sistemática de profissionais para esse campo. O programa fundamenta-se nos seguintes pressupostos: 1. Necessidade da formação de um novo profissional que possa atuar na educação profissional técnica de nível médio integrada ao ensino médio na modalidade EJA como docente-pesquisador; gestor educacional de programas e projetos; e formulador e executor de políticas públicas; 2. Integração entre trabalho, ciência, técnica, tecnologia, humanismo e cultura geral, a qual contribui para o enriquecimento científico, cultural, político e profissional dos sujeitos que atuam nessa esfera educativa, sustentando-se nos princípios da interdisciplinaridade, contextualização e flexibilidade como exigência historicamente construída pela sociedade; 3. Espaço para que os cursistas possam compreender e aprender uns com os outros, em fértil atividade cognitiva, afetiva, emocional, contribuindo para a problematização e produção do ato educativo com uma perspectiva sensível, com a qual a formação continuada de professores nesse campo precisa lidar. 62 O público-alvo são os profissionais com curso superior que trabalhem preferencialmente na Rede Federal de Ensino, nas Redes Públicas de Ensino e atuem na Educação Profissional Técnica de Nível Médio e/ou na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, ou que venham atuar nos projetos pedagógicos que integrem esses cursos. Carga Horária - O curso está organizado com 360 horas presenciais Período e periodicidade - O curso ocorrerá em (06) seis meses. Os encontros presenciais são de 15 horas semanais, sendo a execução dessas horas nas sextas-feiras pela manhã e tarde e sábados, pela manhã, conforme a organização de calendário. O conteúdo programático foi sendo adequado para cada turma, sendo o da primeira, constando em anexo. Corpo docente - Professores mestres e doutores selecionados pelo Centro Federal de Educação de Mato Grosso!Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso. Critério de seleção dos alunos - Experiência de atuação no PROEJA, na EJA, na Educação Profissional e/ou no Ensino Médio. Interesse de atuação no PROEJA, envolvimento com gestão na EJA, na Educação Profissional e no Ensino Médio. Análise de currículo e da Carta de Justificativa. Caso seja necessário é facultada a realização de entrevista com o candidato. Deve ser dada preferência na seleção, aos candidatos que possuam apenas graduação. Caso existam vagas serão aceitos candidatos que possuam especialização, mestrado e doutorado, nessa ordem. Quadro 2.9 - Turmas e matrículas da Especialização PROEJA realizadas pelo CEFET-MT/IF-MT Ano Turmas Matriculados Docentes Técnicos Administrativos 2006/2 01 34 17 06 2007/1 01 36 06 05 2007/2 03 151 06 06 2008/2 04 188 18 11 Total 09 409 47 28 Fonte: sistema acadêmico Q- Acadêmico acesso em 08!03!2009. 63 As duas últimas colunas do quadro referem-se a Professores e Técnicos Administrativos do CEFETMT/IFMT. 2.6.2 Curso de especialização à distância. Educação Tecnológica Inclusiva TECNEP Esta Especialização está dentro de um Programa do MEC/SETEC, iniciado desde 2000, denominado TECNEP – Educação, Tecnologia e Profissionalização para Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais. Objetiva promover a formação e capacitação de profissionais para atuar no atendimento de alunos com necessidades educacionais especiais, no estabelecimento de formas criativas das atividades de ensino-aprendizagem e de prever pró-ativamente as condições necessárias e as alternativas possíveis para o desenvolvimento adequado da educação inclusiva, considerando as peculiaridades, às circunstâncias particulares e as situações contextuais concretas em que programas e projetos deste campo são implementados. Essa Especialização é uma forma de potencializar as ações desenvolvidas pelo Programa do TECNEP. 2.6.3 Curso de Especialização em Redes de Computadores Distribuída Tem como objetivo possibilitar o treinamento continuado para graduados nas técnicas atuais da Área de Redes e Computação Distribuída, tanto para promover uma melhoria de desempenho das empresas, como para motivar a busca por estudos mais avançados. O enfoque do curso é o estado da arte, aliado a prática profissional, abordando tecnologias atuais e futuras, com ênfase nas técnicas de análise e projeto em ciências da computação. E, assim, formar recursos humanos 64 capacitados a adaptar-se às empresas e tecnologia da informação, permitindo, assim, ganho na qualidade do produto e competitividade no mercado globalizado. 2.7 As perspectivas das modalidades de ensino do instituto para o campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, assim como eram definidos no Decreto de criação dos CEFET´s, instituições de ensino superior pluricurriculares, especializados na oferta de educação tecnológica nos diferentes níveis e modalidades de ensino, caracterizando-se pela atuação prioritária na área tecnológica. Neste contexto, a versão do Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI dos campi que integram o IFMT, disponível na sua página eletrônica6, para análise da comunidade e apresenta a expectativa de matrículas até o ano de 2014 que, para campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva tem a previsão: ❷ Ano 2009 – 2984 matrículas ❷ Ano 2010 – 3835 matrículas ❷ Ano 2011 – 4257 matrículas ❷ Ano 2012 – 4781 matrículas ❷ Ano 2013 – 5197 matrículas ❷ Ano 2014 – 5397matrículas Essa oferta de vagas é para cursos presenciais regulares, sendo que poderá ainda ofertar vagas em Núcleos Avançados ou Pólos de Redes, em convênio com municípios, bem como participar de programas especiais do Ministério da Educação. A Organização de cursos e programas no âmbito da Educação Profissional e Tecnológica – EPT, previstos no PDI do Instituto, atende as modalidades: FIC – A Formação Inicial e Continuada é uma modalidade de ensino que se destina a oferecer oportunidade de estudos para trabalhadores, visando o 6 www.ifmt.gov.br 65 desenvolvimento de aptidões para a vida social. Nessa perspectiva, o IFMT está oferecendo cursos objetivando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais, em todos os níveis de escolaridade, nas áreas da educação profissional e tecnológica. E, neste ano de 2009 o IFMT, campus Cuiabá, está ofertando uma turma pioneira do FIC, com 30 alunos, na Área de Construção Civil. Ensino Técnico - é uma modalidade de ensino articulada, Educação Profissional Técnica com o Ensino Médio proposta para diferentes áreas do conhecimento. Ensino Técnico Integrado - é uma modalidade de ensino que deve assegurar a oferta de uma formação geral de qualidade associada a uma qualificação profissional sólida, por meio de uma composição curricular idêntica à do Ensino Médio, acrescida dos componentes da formação profissional articulados pedagogicamente. Ensino Técnico Concomitante - é uma modalidade de ensino oferecido somente a quem já tenha concluído o Ensino Fundamental ou esteja cursando o Ensino Médio. Ensino Técnico Subseqüente - é uma modalidade de ensino oferecido somente a quem já tenha concluído o ensino médio, podendo receber certificados de qualificação profissional antes do término, dependendo da estrutura curricular de cada curso e a obtenção das competências exigidas. PROEJA - é uma modalidade de ensino que se destina a oferecer oportunidade de estudos para aquelas pessoas que não tiveram acesso ao ensino fundamental ou médio na idade regular, considerando as condições de vida e de trabalho do aluno. É um Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos e a oferta de cursos de educação profissional técnica de nível médio integrada ao ensino médio são programas diferentes do Ministério da Educação. Enquanto esta permite a articulação entre o ensino médio e a formação para o trabalho, o PROEJA, que também prevê essa articulação, é voltado exclusivamente para trabalhadores jovens e adultos. Isso não quer dizer que ele seja pior ou que aprenda menos do que o Técnico do Ensino Médio Integrado. São profissionais iguais com os mesmos direitos e deveres de Técnico, tão necessário para o desenvolvimento do nosso país. 66 Graduação - os cursos de graduação propostos pelo IFMT estão organizados nas áreas de tecnologias, licenciaturas e bacharelados, sendo que os cursos das duas ultimas áreas estão prevista para iniciar-se a partir do ano de 2010. As áreas são: a) cursos superiores de tecnologia que visam à formação de profissionais para os diferentes setores da economia; A metodologia utilizada visa buscar o conhecimento a partir da prática reflexiva de forma aprofundada e especifica em um determinado campo de atuação; têm duração média de 4 a 6 semestres, o que permite um ingresso mais rápido no mundo do trabalho; b) cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas na formação de professores para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências da natureza e matemática, e para a educação profissional; c) cursos de bacharelado e engenharia, visando à formação de profissionais para os diferentes setores da economia e áreas profissionais. Pós-Graduação – Lato Sensu e Stricto Sensu para a formação dos discentes na área do ensino e da pesquisa, deverá seguir a demanda social, concentrando-se em suas áreas de atuação, nas modalidades presencial e a distância. Educação a Distância – é uma modalidade de ensino que permite a descentralização possibilitando a qualificação, aperfeiçoamento profissional voltado ao mundo do trabalho numa dimensão que possibilita a formação de um número maior de interessados em fazer parte da sociedade do conhecimento. Neste Capítulo registramos as modalidades de ensino, os cursos e suas características até CEFET-MT e encerramos com a proposta do IFMT para o campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva, constante da proposta do PDI. 67 CAPÍTULO III A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo (Paulo Freire). No desenvolvimento deste Capítulo estão as interlocuções dos autores que versam sobre a educação de Adultos, a formação técnica e a formação de professores, dentro da expectativa da formação profissional. Pois, apesar das várias experiências ocorridas de formação profissional, desde a chegada dos padres jesuítas ao Brasil no período colonial, a Educação de Jovens e adultos começou oficialmente, a partir do ano de 1945, com a aprovação do Decreto nº 19.513. E, em continuidade foram lançados projetos e campanhas com a finalidade de alfabetizar os jovens e adultos que não tiveram acesso à educação em período regular. Foram criados, para atender às necessidades de qualificação da mão-de-obra para o setor industrial: • a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA e • a Educação de Base – MEB. E, para atender às populações das regiões menos desenvolvidas, do interior brasileiro, propiciando a integração pela alfabetização, utilizando o Método Paulo Freire, foram criados: • o sistema rádio educativo criado na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil com o apoio do Governo Federal; • os Centros Populares de Cultura – CPC, • o Movimento de Cultura Popular – MCP e • a Campanha Pé no Chão Também se Aprende a Ler – CPCTAL. 68 No período do regime militar, a partir do ano de 1967, foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, em substituição a todos os projetos e campanhas até então existentes, excluídos pelo governo e os seus representantes perseguidos que foram politicamente. A partir de 1985, o MOBRAL se transforma em Fundação Educar, tendo como principal objetivo a erradicação do analfabetismo e preparação da mão-de-obra necessária ao momento econômico e político brasileiro. A promulgação da Lei de Diretrizes e Bases do ano de 1971 excluiu as modalidades existentes de Educação de Jovens e Adultos e propôs a modalidade de ensino por suplência para a EJA, praticamente, com os mesmos objetivos do MOBRAL, ou seja, a profissionalização para o mercado de trabalho e a visão da leitura e da escrita apenas como decodificação de signos. A Lei de Diretrizes e Bases promulgada no ano de 1996 passou a contemplar diferentes modalidades de Educação de Jovens e Adultos, para atender as necessidades sociais e do mercado, como consta no seu artigo 38: Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos; II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos. § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames. A redução da idade para 15 e 18 anos para o Ensino Fundamental e Ensino Médio, respectivamente, foi uma das mudanças significativas e importantes que também propôs o uso de didática apropriada e aplicação de projetos especiais de inclusão, para a Educação de Jovens e Adultos. 69 3.1 Conceituando a educação de jovens e adultos, segundo Paulo Freire A Educação de Jovens e Adultos, sob o olhar de Paulo Freire, é vista como um ato de transformação social, a partir da vivência, da realidade da comunidade de onde o aluno está inserido. É uma educação participativa, de comprometimento com o coletivo, baseada nos conhecimentos comuns da comunidade, que incentiva o diálogo para uma formação cidadã e onde os participantes conhecem os seus direitos. É uma educação não informal que tem como proposta de ensino a utilização do saber da comunidade, denominada por Paulo Freire (1987), Educação Popular. É a aprendizagem a partir do conhecimento do aluno e o ensinamento, a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele. Assim, a Educação Popular é uma teoria de conhecimento referenciada na realidade, com metodologias que incentivam à participação e ao empoderamento7 das pessoas participantes, por meio de uma base política que estimula as transformações sociais e direciona para o usufruto da liberdade, justiça, igualdade e felicidade. Para Paulo Freire, o conhecimento tradicional leva à marginalização dos oprimidos, das classes subalternas da sociedade desigual. Ao contrário, o conhecimento popular, leva a transformação e ao despertar político participativo, na busca de direitos, diferentemente da Educação dita formal. Paulo Freire entendia “popular” como sinônimo de oprimido, aquele que vive sem as condições elementares para o exercício de sua cidadania e que está fora da posse e uso dos bens materiais produzidos socialmente. Pensar em Educação Popular é pensar em Educação de Jovens e Adultos, é pensar no PROEJA, pois o professor dessa modalidade deve ser um educador que pode ser visto como: • Ponte – que permite passar e que apóia. É um facilitador de aprendizagens, mas que centra a educação no educando, assumindo, apenas, o papel de motivador. Paulo Freire (1986, p. 25), avalia: [...] minha posição não é de negar o papel diretivo e necessário do educador. Mas não sou o tipo de educador que se considera dono dos 7 Empoderamento, para Paulo Freire tem o significado de conquista, avanço e superação, por parte do sujeito ativo do processo, daquele que se empodera. Não tem o significado do termo inglês empowerment: dar poder, doar ou transferir por bondade. 70 objetos que estudo com os alunos. Estou extremamente interessado nos objetos de estudo – eles estimulam minha curiosidade e trago esse entusiasmo para os alunos. Então podemos juntos iluminar o objeto! • Mediador – que media, dentro dos diferentes significados, quando se indaga: mediador de que? Mediador de quem? Encontrar essas respostas tem sido o grande desafio dos educadores que, dentre outras respostas, pode ser: mediador de conflitos, mediador de cultura e de saberes e mediador do diálogo. Dentre estas respostas, a mais próxima da Educação Popular é a que afirma ser o educador um mediador do processo dialógico, mediadora da construção de novos conhecimentos, que transformam educador e educandos. O educador, necessariamente, não precisa ser militante do grupo social dos educandos, mas deve ter algumas características, peculiares da função de educador popular ou de Jovens e Adultos como: • Conhecer quem são esses educandos Jovens e Adultos. • Conhecer o lócus social da comunidade desses educandos. • Compreender os valores e cultura da comunidade. Educando e educadores formam-se mutuamente, ao longo do processo educativo, afirma Freire, (1987, p. 130): “já não se pode afirmar que alguém liberta alguém, ou que alguém se liberta sozinho, mas os homens se libertam em comunhão”. O educador deve possuir saberes específicos, ou seja, distintos dos saberes dos alunos, sem que isso signifique atribuir aos saberes dos educadores maior ou menor valor, mas, sim aceitar que são saberes próprios da experiência do educador. Freire (1986, p.117) ressalta: A experiência de estar por baixo leva os alunos a pensarem que se você é um professor dialógico, nega definitivamente as diferenças entre eles e você. De uma vez por todas, somos todos iguais! Mas isto não é possível. Temos que ser claros com eles. Não. A relação dialógica não tem o poder de criar uma igualdade impossível como essa. O educador continua sendo diferente dos alunos, mas – e esta é, para mim, a questão central - a diferença entre eles, se o professor é democrático, se o seu sonho político é de libertação, é que ele não pode permitir que a diferença necessária entre o professor e os alunos se torne antagônica. A diferença continua a existir! Sou diferente dos alunos! Mas se sou democrático não posso permitir que esta diferença seja antagônica. Se eles se tornam antagonistas, é porque me tornei autoritário. O educador popular não se constitui em um transmissor de informações, descontextualizadas da realidade dos sujeitos com quem atua, ele também não se 71 restringe a ser um facilitador de aprendizagens. Nesses dois lados, devemos ter a compreensão de que o educador é um sujeito indispensável ao diálogo, pois se assim não fosse, a palavra dos educandos seria colocada sem visão crítica, sem a reflexão que, articulando-se à ação, torna-se práxis. O educador Paulo Freire (FREIRE, 1987, p. 79) define o diálogo como sendo o próprio processo de libertação, pois: “A conquista implícita no diálogo é a do mundo pelos sujeitos dialógicos, não a de um pelo outro. Conquista do mundo para a libertação dos homens”. Para TORRES (2000) a criadora e dirigente do Instituto Fronesis8, foi a partir de Paulo Freire que, para muitos educadores, a educação surgiu como espaço vital, como uma alternativa de atividade política. Para Paulo Freire, cada escola que é constituída por pessoas, tem uma história e o que for feito pela vontade política desta é mais consistente do que o que se faz por imposição, então o caminho é o diálogo, a negociação sempre. A questão é definir o que, como e para quem ensinar. Nessa premissa, a Educação de Jovens e Adultos deve ser construída na Escola, pelos participantes desta. 3.2 A aprendizagem do adulto O processo de aprendizagem, em geral, pode ser definido de forma sintética como o modo como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Contudo, a complexidade desse processo dificilmente pode ser explicada apenas através de recortes do todo. Por outro lado, qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de pressupostos político-ideológicos, relacionados com a visão de homem, sociedade e saber. Nesse contexto a Escola, no Brasil, foi criada para atender crianças e jovens e, para atender adultos tem que preparar-se, reformular-se para permitir o acesso e, principalmente, a permanência. É preciso repensar essa Escola, onde transitam, muitas vezes, em períodos diferentes, crianças, jovens e adultos. 8 Rosa Maria Torres, Educadora, pesquisadora e especialista em educação de jovens e adultos. É assessora do Centro de Cooperação Regional para a Educação de Adultos na América Latina e Caribe (Crefal). Criou e dirige o Instituto Fronesis. http://www.fronesis.org 72 A Escola precisa preparar-se para as aprendizagens de adultos, reestruturarse dentro de uma orientação curricular adequada para esse público. Educador e educando devem buscar, de maneira harmoniosa e dialógica esse aprender que consta do Documento Base do MEC (p. 28): Na concepção de uma política, cujo objetivo da formação está fundamentado na integração de trabalho, ciência, técnica, tecnologia, humanismo e cultura geral, pode contribuir para o enriquecimento científico, cultural, político e profissional das populações, pela indissociabilidade dessas dimensões no mundo real. Ademais, essas dimensões estão estreitamente vinculadas às condições necessárias ao efetivo exercício da cidadania. É necessário então, que se proponha a prática pedagógica numa perspectiva que provoque um ensinar e aprender associados, situando o indivíduo no contexto em que vive fornecendo-lhes o conhecimento e as habilidades necessárias para a sobrevivência e crescimento no mundo moderno. GADOTTI (1981), afirma: “As classes populares, no Brasil, sempre estiveram à margem do poder. Em conseqüência, as aspirações populares em matéria de educação, não encontram ressonância: a educação é eminentemente elitista e antipopular”. Para FRIGOTTO, (1991) houve uma crescente demanda para as escolas técnicas e o perfil dos alunos não é mais os clássicos do passado. Os filhos das elites e de intelectuais é que estão buscando a formação nessas escolas. Os que são aprovados nos exames de seleção e ingressam, com raras exceções, não são aqueles que vêm de escolas públicas e periféricas das cidades. No seu artigo: Um cenário possível para o Brasil, GADOTTI (2000) coloca que a escola atual não foi pensada como “Escola de EJA. Por isso, precisa preparar-se para facilitar o acesso e a permanência do adulto. Essa preparação supõe uma estrutura adequada, um projeto político-pedagógica que inclua a EJA; uma concepção de EJA que estabeleça a sua especificidade não como uma carência, “suplência”, de algo, mas como uma “modalidade de educação básica”. O que é preciso para a reorientação curricular da escola atual para que atenda à educação de jovens e adultos? Não há dúvida de que uma reorientação curricular, para que seja bem sucedida necessita de: referenciais, teoria; propostas concretas, práticas e estratégias. O melhor referencial e a melhor proposta, não tem qualquer significado se não forem assumidos, coletivamente, pela escola como um todo. As estratégias 73 são essenciais. Elas podem levar a perder as melhores propostas. Por isso é necessário: 1) comunicação eficaz; 2) adesão voluntária; 3) ambiente favorável; 4) credibilidade técnica e política e 5) tempo próprio. Para que as escolas possam aderir a esse novo desafio, voluntariamente, com autonomia, precisam ser respeitadas. Democracia é respeito, é levar em conta as pessoas e o que elas fizeram e fazem. E respeitar o que já existe, a experiência de cada um, de cada uma. Na verdade, todas as escola públicas querem enfrentar as inúmeras dificuldades e barreiras que existem para construir essa nova “escola pública de adultos”, mas querem que sejam respeitados os diferentes contextos e propostas. A Educação de Jovens e Adultos é, portanto, uma caminhada longa, que deve começar por um pequeno passo e esse primeiro passo é, sem dúvida, acreditar na educação de jovens e adultos. A educação do adulto deve ser formal e permanente sem, desconsiderar educação informal e ocasional que o aluno possui fruto da sua vigência em uma sociedade multicultural, na qual as Instituições de Ensino devem propor os enfoques teóricos baseados na prática, respeitando-se as peculiaridades do grupo aprendiz e, se possível, individual, do aluno. GARCIA (1999, p. 50) cita a classificação de Korthagen dos estilos de aprendizagens das pessoas adultas, que são: • Orientação interna, sujeitos que preferem aprender por si mesmos, sem diretrizes externas e • Orientação externa, sujeitos que preferem aprender com orientação externa: supervisor, livro, assessor, etc. E, referenciando Huber e Roth, GARCIA (1999, p. 50), cita as duas outras possíveis orientações de aprendizagens em dois pólos opostos: • Incerteza é a orientação de algumas pessoas para situações com resultados incertos, assim como a tendência para tomar em consideração os pontos 74 de vista dos outros. Esses sujeitos preferem situações de cooperação que permitam a inclusão e até a integração de diferentes pontos de vista. • Certeza, os sujeitos procuram a clareza e a segurança, tentam seguir a opinião da maioria. Preferem situações individuais ou de competição, nas quais podem conservar suas próprias idéias. Os adultos, segundo GARCIA, aprendem em situações diversas, em contextos mais ou menos organizados, em situações formais, organizadas, planificadas e que se desenrolam em instituições formativas. Essas situações formais são estabelecidas conforme o nível de responsabilidade e de autonomia dos adultos. GARCIA (1999, p. 56) refere-se também a Teoria de Jarvis, sobre a experiência adulta. Esse autor, segundo GARCIA, afirma que existem nove possibilidades de resultados para uma determinada experiência. As três primeiras levam a respostas de não aprendizagens e são: • Presunção - O sujeito pensa que já sabe. • Não consideração - Não se tem em conta a possibilidade de resposta. • Recusa – A oportunidade de aprender. Nas três próximas possibilidades, a pessoa adulta aprende, mas trata-se de uma aprendizagem por memorização e são: • Pré-consciente - A pessoa interioriza algo inconscientemente. • Prática - Pode praticar uma nova modalidade sem aprender. • Memorização - Aquisição e armazenamento de informação. E, estas últimas possibilidades geram aprendizagens significativas e são as seguintes: • Contemplação - Pensar no que se está a aprender, sem que se exija um resultado visível de conduta. • Prática Reflexiva - Tem a ver com a resolução de problemas. • Aprendizagem experimental - Aprendizagem de uma pessoa ao realizar experiências no ambiente. Para GARCIA (1999) existem diferentes teorias de aprendizagens de adultos, professores e alunos que se encontram nesse estágio da vida, e, reportando a Knowles, cita a de maior freqüência - Andragogia, que define como “a arte e a ciência de ajudar os adultos a aprender”. Ainda, explica a diferença entre 75 Andragogia e Pedagogia. A primeira é a ciência da educação dos adultos e a segunda é também a ciência da educação, só que das crianças. O método de ensino andragógico significa ensino para adultos, sendo que o vocábulo andragogia vem do grego: andros - adulto e gogos – educar. Ferreia & Oliveira apud OLIVEIRA (1999) historizam o termo andragogia, no artigo: Andragogia ou Pedagogia na Educação de Adultos? Pois, segundo esses autores: O termo andragogia foi utilizado pela primeira vez por um professor alemão Alexander Kapp, em 1833, para descrever a teoria educativa de Platão. Mas, com o tempo, caiu no esquecimento. Anos mais tarde, no princípio do século XX, se volta a mencionar este conceito por Eugen Rosenback, referindo-se ao conjunto de elementos curriculares próprios para educação de adultos como: os professores, métodos e filosofia. A partir da década de 70, a Europa e América do Norte, começam a se referir a este termo com mais freqüência, como sendo especificamente os métodos, técnicas, fins e todo currículo destinado à educação integral da população adulta. Nos últimos tempos, se tem dado uma grande importância aos estudos sobre a Andragogia, ao ponto, de existirem cursos para professores em Andragogia como na Universidade de Rafael Urdaneta, que propõe como objetivo, formação de profissionais para identificação, evolução e solução dos problemas, que são encontrados na educação de Adultos, no contexto de um desenvolvimento integral, que visualize o adulto na situação de aprendiz, como indivíduo capaz de contribuir na realização profissional de crescimento pessoal e intervenção comunitária e social. Andragogia é, portanto, a arte e ciência na aprendizagem do adulto, sendo estas, arte9 e ciência,10 imprescindíveis ao professor do PROEJA, como conhecimentos e ações, como um modelo próprio e apropriado de ensino de adultos. Por sua vez, o modelo andragógico, segundo CHOTGUIS (apud OLIVEIRA, 1999) é baseado em vários pressupostos, sendo: 1. A Necessidade de Saber: Os adultos têm necessidade de saber por que eles precisam aprender algo, antes de se disporem a aprender. Quando os adultos comprometem-se a aprender algo por conta própria, eles investem considerável energia investigando os benefícios que ganharão pela aprendizagem e as consequências negativas de não aprender. 9 Grifo desta pesquisadora. Grifo desta pesquisadora. 10 76 2. Auto-Conceito do Aprendiz: Os adultos tendem ao auto-conceito de serem responsáveis por suas decisões, por suas próprias vidas. Uma vez que assumem esse conceito de si próprio eles desenvolvem uma profunda necessidade psicológica de serem vistos e tratados pelos outros como sendo capazes de auto-direcionar-se, de escolher seu próprio caminho. Eles se ressentem e resistem a situações nas quais sentem que outros estão impondo seus desejos a eles. 3. O Papel das Experiências dos Aprendizes: Os adultos se envolvem em uma atividade educacional com grande número de experiências, mas diferentes em qualidade daquelas da juventude. Por ter vivido mais tempo, ele acumula mais experiência do que na juventude. Mas também acumulou diferentes tipos de experiências. Essa diferença em quantidade e qualidade da experiência tem várias consequências na educação do adulto. 4. Prontos para Aprender: Os adultos estão prontos para aprender aquelas coisas que precisam saber e capacitar-se para fazer, com o objetivo de resolver efetivamente as situações da vida real. 5. Orientação para Aprendizagem: Em contraste com a orientação centrada no conteúdo própria da aprendizagem das crianças e jovens (pelo menos na escola), os adultos são centrados na vida, nos problemas, nas tarefas, na sua orientação para aprendizagem. 6. Motivação: Enquanto os adultos atendem alguns motivadores externos (melhor emprego, promoção, maior salário, etc.), o motivador mais potente são pressões internas (o desejo de crescente satisfação no trabalho, auto-estima, qualidade de vida, etc.). Pesquisas de comportamento mostram que todos adultos normais são motivados a continuar crescendo e se desenvolvendo. 77 O método andragógico favorece e estimula o adulto a aprender e, este precisa saber o que está estudando, para que está estudando e se irá favorecer-lhe futuramente. Por isso, o professor precisa estar atento ao fato de que o adulto já tem uma bagagem de vida. Sendo que, ele precisa apenas estar reforçando seus conhecimentos sendo, então, necessário, alguém que tenha um conhecimento a mais que ele. GARCIA (1999) traz as principais teorias de aprendizagens de adultos com objetivos educacionais, incluindo entre estas, a andragogia e que são: ❷ Condutista – Provocar uma mudança comportamental na direção desejada; ❷ Cognitivista – Desenvolver a capacidade e competência para aprender melhor; ❷ Humanista (Andragogia) - Conseguir ser autônomo, independente; ❷ Aprendizagem Social - Aprender novos papéis e condutas. Quadro 3.1 – Teorias de Aprendizagens do adulto Aspectos Condutista Cognitivista Humanista Teóricos da aprendizagem Thorndike, Pavlov, Watson, Guthrie, Hull, Tolman e Skinner Modificação na conduta Maslow, Rogers Conseguir ser autônomo, independente. Origens da aprendizagem Estímulos em ambientes externos Koffka, Kohler, Lewin, Piaget, Ausubel, Bruner, Gagne Processos mentais internos (processamento de informação, memória, percepção) Estruturação cognitiva interna Objetivo Educação da Papel formador do Provocar uma mudança comportamental na direção desejada Dispor o ambiente para que se produza a resposta desejada. Desenvolver a capacidade e competência para aprender melhor Estruturar o conteúdo da atividade de aprendizagem •Objetivos comportamentais; •Formação baseada em competências •Desenvolvimento e treino de competências. •Desenvolvimento cognitivo; •Inteligência, aprendizagem e memória como função da idade; •Aprender a aprender. Concepções do processo de aprendizagem Manifestações na aprendizagem do adulto Um ato pessoal para desenvolver as potencialidades Necessidades afetivas e cognitivas Facilitar o desenvolvimento da pessoa como um todo •Andragogia •Aprendizagem autodirigida. Fonte: QUADRO 4 – Garcia (1999, p. 54) apud Merriam e Caffarella (1991). Aprendizagem Social Bandura, Rotter A interação e a observação de outros em contextos sociais Interação de pessoas condutas e ambiente Aprender novos papéis e condutas Servir como modelos e guias de novos papéis e condutas •Socialização •Papéis sociais •Mentores •Local de controle 78 3.3 Formação de professores – contribuições teóricas A Formação Pedagógica do Professor da Educação Profissional tem sido desde o início de sua implantação, objeto de preocupação por parte dos responsáveis por Políticas Públicas Educacionais e de estudo, por pesquisadores da área da Educação. Decorre da necessidade, a partir da atuação dos professores da educação profissional, nessa modalidade de ensino. GARCIA (1992) entende que a Formação do Professor é um processo contínuo de aprender a ser professor, incluindo, dentre outros fatores, a existência de um professor modelo, inspirador da sua postura pedagógica. Esse autor coloca as semelhanças entre as estruturas da racionalidade, relativas à escola, currículo, inovação e ensino no campo de conhecimento e a formação de professor. E afirma: As concepções sobre o professor variam em função das diferentes abordagens, paradigmas ou orientações. Assim podemos observar numerosas, e por vezes contraditórias, imagens do professor: eficaz, competente, técnico, pessoa, profissional, sujeito que toma decisões, investigador, sujeito que reflete, etc. (GARCIA, 1999 p. 30) Ainda ZEICHNER (apud GARCIA 1999, p. 30,31), refere-se a uma matriz de crenças e pressupostos acerca da natureza e propósitos da escola, do ensino e dos professores e da sua formação, que dão características específicas à formação de professores. Para Garcia, esse autor utilizou o conceito de paradigma de formação de professores, numa evolução na designação das diferentes estruturas de racionalidade, como também os autores: 1. Feiman-Nemser utiliza o conceito menos ambicioso de orientações conceptuais: [...] uma orientação refere-se a um conjunto de idéias acerca das Metas de Formação de Professores e dos meios para as alcançar. Idealmente, uma orientação conceptual incluiu uma concepção de ensino e da aprendizagem e uma teoria acerca do aprender a ensinar. Essas concepções deveriam orientar as actividades práticas da Formação de Professores, tais como a planificação do programa, o desenvolvimento dos cursos, o ensino, supervisão e avaliação... As orientações conceptuais não se excluem 79 mutuamente. Devido ao desenho, ou por insuficiência, podem, e realmente acontece coexistirem no mesmo programa. 2. Perez Gomes utiliza o conceito perspectiva na formação de professores, enquanto Liston e Zeichner referem-se a tradições de formação. GARCIA (1999, p. 31), busca em Lanier as três concepções de professor trazidas por esse autor e que são: • Pessoa real, onde as características pessoais e humanas do professor desempenham importante papel na sua formação e numa investigação. • Sujeito com destrezas, referindo-se aos programas de formação que enfatizam o treino de habilidades, condutas e competências. • Profissional que toma decisões não enfatiza as condutas ou os aspectos pessoais dos professores, mas sim os elementos cognitivos da sua atividade profissional. GARCIA (1999, p. 31) traz, também, dos autores Joyce e Perlberg os modelos propostos de formação de professores e que foram, também, desenvolvidos por Zeichner: • Tradicional - separa a teoria da prática, com um currículo normativo voltado para as disciplinas. • Movimento de Orientação Social - que é uma oposição ao modelo Tradicional e tem visão construtivista do conhecimento, voltado para a resolução de problemas. • Movimento de Orientação Acadêmica - concebe o professor como sujeito com domínio sobre os conteúdos e com a tarefa de praticar as disciplinas acadêmicas na classe. • Movimento de Reforma Personalista - concebe que a formação de professores deve ser um processo de libertação e que deve enfatizar os aspectos afetivos e de personalidade do professor para desenvolver uma relação de ajuda aos alunos. • Movimento de Competências - consiste no treinamento do professor em habilidades, destrezas e competências específicas. ZEICHNER, segundo GARCIA (1999, p. 31), classifica os paradigmas alternativos de formação de professores, como sendo: tradicional-artesanal, personalista, condutista e orientado para a indagação. E a classificação desses paradigmas pode ser agrupada em duas dimensões: 80 • Primeira: Certo versus Problemático, nessa dimensão a formação de professores está dentro de um contexto de certo ou errado, problemáticos ou discutíveis. • Segunda: Apriorístico versus Reflexivo, nessa dimensão o currículo é transformável, podendo ou não, ser estabelecido inicialmente. GARCIA (1999, p. 32) acrescenta ainda que nenhuma das concepções explica, na totalidade e complexidade, a formação de professor, destinando-se estas, apenas, a formação inicial. A formação permanente ou o desenvolvimento profissional continuam da formação, teórica, dos docentes, não ocorre. Dentre as 05 (cinco) concepções de orientação para a formação de professor, colocados por GARCIA, as duas primeiras, compõem a formação do professor do CEFET-MT/IFMT, sendo: 1. Orientação Acadêmica - tem como principal objetivo o domínio de conteúdo. GARCIA (1999, p.33) coloca que: [...] a formação de professores consiste, portanto, no processo de transmissão de conhecimentos científicos e culturais de modo a dotar os professores de uma formação especializada, centrada principalmente no domínio dos conceitos e estrutura disciplinar da matéria em que é especialista. O que diferencia nesta orientação são as abordagens: a primeira – abordagem enciclopédica, enfatiza o conhecimento do conteúdo devendo ser essencial para o professor e a segunda - abordagem do conhecimento substantivo, que além dos conceitos e princípios, enfatiza o conhecimento dos modelos teóricos e, portanto completa a anterior. 2. Orientação Tecnológica – orientação que tem como foco o conhecimento e a destreza para ensinar. Essa orientação tem a Formação de Professores Centrada nas Competências, como um dos programas mais representativos da orientação tecnológica na formação de professores, originada no controle da qualidade, clareza de objetivos e avaliação de resultados, sendo a competência docente, essencial. Para GARCIA, a definição de competência é: ”conjunto de conhecimentos, saber-fazer e atitudes a desenvolver no professor em situação de ensino”. Essa orientação tecnológica tem sido ampliada para a tomada de decisões, que além do conhecimento e destrezas, o professor seja intelectualmente capaz, 81 para solucionar um problema, decidir qual competência é a mais adequada. A Formação do Professor crítico e reflexivo para NOVOA (1991) envolve três tipos de desenvolvimento: pessoal, profissional e organizacional. Em suma, a Formação do Professor passa por um processo de crescimento pessoal e aperfeiçoamento profissional e também pela transformação da cultura escolar, como novas práticas pedagógicas, participativas e democráticas. A formação continuada de professores envolve, também, a articulação entre os saberes técnicos e culturais que como afirma Schön (1997): [...] deve-se identificar nos bons profissionais uma combinação de ciência, técnica e arte. A Formação de Professores, segundo GARCIA (1999, p. 55), citando Knowles é constituída de princípios que norteiam a Andragogia e que são: • Primeiro princípio – Os adultos, incluindo os professores, evoluem de uma condição de dependência para outra de autonomia. • Segundo princípio – A experiência quotidiana e imediata dos professores. Sabe-se que os professores geram conhecimento a partir da sua reflexão sobre a experiência. • Terceiro princípio – A aprendizagem dos professores deve partir de ou ter em conta problemas e necessidades percebidas pelos próprios professores. Esse princípio vem confirmar que os adultos aprendem, (significativamente), unicamente em função de impulsos internos, como gosto por aprender, intenção de conseguir resultados, etc. e não por recompensas externas, como por exemplo, a recompensa financeira que o professor possa ter. A formação do professor formador como aprendizagem de adulto é uma abordagem que MONTEIRO (2007) buscou na pesquisa por narrativas a compreensão de como esses professores constroem seus conhecimentos e as aprendizagens e coloca, reportando-se a um grupo pesquisado: “[...] às necessidades formativas desse grupo, constatou-se que estas estão relacionadas aos conhecimentos pedagógicos, aos conhecimentos de como o adulto aprende e aos conhecimentos de contexto, que ora são expressos nas limitações didáticometodológicas encontradas pelos professores-formadores na interação formativa com seus pares e que se tornavam entraves nos avanços da qualidade educativa”. A autora coloca ainda sobre o grupo pesquisado e a formação de professor formador: 82 Ao mesmo tempo também todo grupo de pesquisadores sentia os efeitos formativo daquela experiência, uma vez que tais momentos permitiram reflexões mais amplas sobre os modos como os professores-formadores e nós nos víamos como professores e formadores que somos. Além disso, esse diálogo também se revelou como um momento possível de indagação sobre as implicações e contribuições (ou não?) de nossas posturas frente a proposta de investigação , e em relação à formação da equipe do CEFAPRO, o que provocou mudanças na forma de pensar a proposta investigativa /formativa. (MONTEIRO, 2007, p. 114-115) Ainda, na perspectiva de formação do professor, buscamos em FERNANDES (2007, p. 139): [...] “Os aspectos enfocados tratam das “questões de continuidade/descontinuidade, da importância da formação inicial e continuada dos agentes escolares e das concepções de currículo que embasam as políticas e práticas de currículo”, na nossa realidade educacional.” Na reflexão que faz essa autora sobre discussões que fez com professores, coordenadores pedagógicos e diretores da Rede municipal de Ensino de Cuiabá-MT, percebe-se que, a continuidade e foco na formação se fazem necessários para professores e gestores. BARBOSA (2005, p. 3) objetivando identificar os “gaps”11 que existem entre o perfil profissional exigido pelo mercado de trabalho e o egresso, coloca: [...] as competências/habilidades dos currículos de formação profissional, ao mesmo tempo, apontando a necessidade de que a titulação acadêmica seja baseada nos perfis e níveis de competências requeridos pelo posto de trabalho, pondo fim à eterna divisão tradicional entre titulação acadêmica e titulação profissional. Há, portanto, a necessidade de aproximar a educação escolar da dinâmica do setor produtivo/mundo do trabalho, ou seja, o sistema educacional necessita urgente redimensionar e modernizar seus projetos de formação e capacitação profissional, principalmente aqueles nos remetem à seguinte pergunta: a educação profissionalizante está desenvolvendo no indivíduo as competências gerais, as profissionais e as específicas, necessárias ao desempenho de uma ocupação profissional? Esse problema foi foco de estudo desse autor que finalizou reafirmando ser necessário o diálogo entre os responsáveis pela educação e pelo mercado, atendendo “a interdependência entre educação, mercado de trabalho, sociedade e suas relações (políticas, econômicas, culturais, ideológicas, etc.)”. Fechando, a interlocução com os autores que permitiram trilhar os caminhos da educação de adultos e da educação técnica, ocorrida historicamente no Brasil, 11 defasagens/lacunas existentes entre a qualificação profissional oferecida pelo sistema educacional, especificamente no Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso – CEFET/MT – e o perfil profissional demandado pelo mercado de trabalho em um posto específico, assim denominados pelo pesquisador Professor Doutor em Educação e Ciências Joaquim de Oliveira Barbosa no artigo: O “GAP” ENTRE O PERFIL PROFISSIONAL DOS ESTUDANTES FORMADOS PELO SISTEMA EDUCACIONAL E AS DEMANDAS DO MERCADO DE TRABALHO. 83 como também da formação de professores, buscamos em MIZUKAMI a informação de que o local de trabalho do professor quando transformado em local de pesquisa gera conhecimento, pois: Quando os professores transformam as salas de aula e as escolas em locais de pesquisa, eles geram conhecimento local sobre o ensino, aprendizagem e escolarização. Em geral, esse trabalho possibilita e é ao mesmo tempo fruto de colaboração e de participação em comunidades de aprendizagem. Os professores aprendem a partir da inquirição de sua vida profissional e dentro de contextos bastante variados entre si. (MIZUKAMI, 2002, p. 152) Conhecimento é aquilo que se conhece de algo ou de alguém, num conceito menos específico. Contudo, para falar em conhecimento é indispensável abordar dados, que é um emaranhado de códigos decifráveis ou não e que, a partir do momento que são decifrados passam a ter significado próprio, primeiro para quem os levantou e decifrou e, posteriormente, estabelecido um processo comunicativo, obtém-se uma informação. Ainda, pode-se afirmar que dado não é somente códigos agrupados, mas também uma base ou uma fonte de absorção de informações. E, informação é o que se tem através da decodificação de dados, não podendo existir sem um processo de comunicação. Ainda, o conhecimento difere da mera informação por estar associado a uma intencionalidade, apesar de ambas serem declarações verdadeiras. Considera-se que o conhecimento é uma informação com objetivo de utilidade. 84 CAPÍTULO IV METODOLOGIA DA PESQUISA Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, Intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. Paulo Freire (1998) Neste Capítulo discorremos sobre os procedimentos metodológicos com opção pela pesquisa qualitativa tendo como objetivo de estudo o PROEJA, cursos de Edificações, Eletrotécnica e Refrigeração e Ar Condicionado do CEFETMT/IFMT. A pesquisa desenvolveu-se em quatro fases, a partir da análise dos documentos oficiais relativos ao Programa PROEJA e a aplicação do instrumento questionário, constituído de quatro partes, sendo que as duas primeiras serviram para a caracterização e definição dos sujeitos, na segunda fase desta pesquisa. Encerrada essa fase, passou-se para a terceira fase que foi o registro e análise dos dados oriundos das duas últimas partes do questionário, constituídas de questões semi-estruturadas constantes deste instrumento. Na quarta fase, após compilação dos dados foram coletadas as narrativas orais realizadas, a partir de um roteiro previamente elaborado, de questões relativas ao tema PROEJA. Do ponto inicial desta pesquisa aos dados coletados e analisados foram sobre a perspectiva da qualidade em detrimento da quantidade, pois, conforme colocam BOGDAN & BIKLEN, apud LUDKE e ANDRÈ (1986, p.11): A pesquisa qualitativa tem um ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento; envolve a obtenção 85 de dados descritivos, obtidos no contato direto com do pesquisador com a situação estudada; enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar as perspectivas dos participantes. Para esses os autores, a pesquisa qualitativa busca entender o percurso investigativo sendo, mais participativa, pelo envolvimento apesar de menos controlável. E, também, numa pesquisa qualitativa são observadas cinco características, segundo André e Ludke (1986) e que são: ❷ 1ª.) ambiente natural como fonte dos dados; ❷ 2ª.) dados coletados eminentemente descritivos; ❷ 3ª.) preocupação com o processo maior do que com o produto; ❷ 4ª.) pesquisador (es) como principal elemento de coleta de dados e, ❷ 5ª.) o significado que as pessoas dão às coisas como principal elemento de construção de saber para o(s) pesquisadores. Estas características foram perpassadas durante esta pesquisa, pois, os três instrumentos, questionário exploratório, narrativas escritas e orais, foram aplicados, no lócus da atuação dos sujeitos, no ambiente natural, portanto, os dados obtidos, das narrativas escritas e das entrevistas foram na forma de descrição; durante o percurso pautou-se pelo processo da pesquisa em detrimento do produto final, ou seja, a importância dada durante o percurso investigativo foi tão ou mais importante que a finalização; a única pessoa que coletou os dados fui eu, principal interessada e a construção desta, deu-se buscando dos informantes o principal significado. 4.1 Definição e percurso da pesquisa Ficou definido como objeto desta pesquisa: O PROEJA na visão dos professores da Educação Profissional do CEFET-MT/IF-MT. No início de 2008, no segundo ano do mestrado, depois da mudança do grupo, para o qual fui aprovada, inicialmente, depois que a orientadora do grupo da área de concentração Educação, Cultura e Sociedade, Linha Movimentos Sociais, Política e Educação Popular adoeceu e, em conseqüência, cada um dos seis 86 mestrandos do grupo foi transferido para outro. Eu fui para o grupo da área de concentração Teorias e Práticas Pedagógicas da Educação Escolar, Linha de Pesquisa Formação de Professores e Organização Escolar, sob a orientação da Professora Doutora Filomena Maria de Arruda Monteiro. Nesse primeiro grupo de pesquisa, o meu objeto de estudo era: “como e em que condições as alunas do curso de Gestão em Secretariado do CEFET-MT obtêm o primeiro emprego”, na Linha de Movimentos Sociais, Política e Educação Popular. A pesquisa estava sendo desenvolvida, ainda no momento inicial de levantamento da documentação relativa ao tema, quando em conversa com a minha orientadora a respeito das atividades que estava desenvolvendo como professora de matemática do CEFET-MT, a informei que até o primeiro semestre de 2007 tinha sido responsável pela disciplina Matemática Aplicada do curso seqüencial Técnico em Eletrotécnica. E, naquele momento estava ministrando aulas para as turmas do PROEJA, pois, no segundo semestre deste ano nenhuma turma dos cursos técnicos seqüenciais de Edificações, Eletrotécnica e Refrigeração e Ar Condicionado, foi ofertada para, em substituição, serem ofertadas as turmas do PROEJA, isso para atender ao que recomendava o Governo Federal. E, sem atribuição de aulas, pela não oferta de turmas do curso seqüencial de Eletrotécnica foi-me atribuídas as aulas dos cursos de Eletrotécnica e Refrigeração e Ar Condicionado do PROEJA, que tiveram início no mês de outubro de 2007. Sem nenhum conhecimento do Programa PROEJA, mas com o desejo de saber sobre a desafiadora proposta da Educação de Jovens e Adultos, fui à busca de informações deparando-me com o Decreto do Governo Federal nº 5.840/2006 e o Documento Base do MEC que reconhecem a dívida social de significativa parcela da população brasileira, que ficou sem escolarização na idade, considerada, certa e a necessidade de preencher, em menor tempo possível, essa lacuna educacional. E, como nomeia FRIGOTTO (2005): “políticas de inserção são as ações imediatas, que não podem esperar, devido à dívida histórica do estado brasileiro com a sociedade”. Esse diálogo, com a minha orientadora, ocorreu em março de 2008, que além da informação da minha atuação profissional, completei também, que o PROEJA teria sido um tema de pesquisa desafiador, pois tinha a minha afetividade nas lembranças da minha trajetória, que como muitos dos alunos, nasci e estudei na zona rural e, hoje tenho o privilégio de ser professora do quase centenário, CEFET-MT/IF-MT. Ainda, ter o PROEJA como tema de estudo poderia responder as 87 indagações que me angustiavam, como professora dessa “nova”, para mim, modalidade de ensino. Ao que minha orientadora respondeu que ainda era possível mudar, se realmente quisesse, dependia da minha vontade. Mudei, então, o tema da minha pesquisa tendo a percepção do desafio do CEFET-MT/IF-MT, principalmente, dos professores, de fazer com que os alunos do PROEJA, adquiram na modalidade integrada Ensino Médio com o Ensino Técnico, a formação geral, que fora interrompida por motivos diversos, e a formação técnica e, ainda, tenham acesso ao mundo do trabalho, como coloca Kasper & Silva apud FRIGOTTO (1996): “[...] busca pensar quais são os desafios na formação e profissionalização do educador, hoje, numa perspectiva de construção de relações sociais alternativas - democráticas solidárias ou socialistas - e o papel da educação nesta construção. Enfatiza que, para responder a esses desafios, a formação e profissionalização do educador implicará dimensões éticas-políticas, teóricas e político-organizativas”. Mudei, então, tendo a clareza de que o meu estudo, que resultou nesta dissertação, pode contribuir para a melhoria do Programa de Educação de Jovens e Adultos e que, este, seja a propulsão de inclusão social, almejado pela sociedade brasileira e ainda, que não haja nenhum adulto sem, pelo menos, a formação básica pois, como afirma (SPELLER, 2004, p. 69): “O educador deve lidar com o saber de tal maneira que ajude o aluno a desejar aprender. Isso nem sempre é fácil, sendo necessário que o professor, bem como a instituição onde trabalha, seja escutado em suas angústias, dificuldades e sofreres”. Esse foi o despertar do meu interesse para pesquisar o PROEJA e que definiu o objeto desta pesquisa. Foi o que aflorou em mim, a vontade de buscar as informações sobre o Programa e formação para integrar, como professora, a equipe de execução do PROEJA. E, ainda, buscar junto aos demais professores o que pensam e sabem do e sobre o PROEJA. Indagar qual a visão que os professores tem do Programa PROEJA, as suas necessidades para a execução dessa nova proposta de resgate educacional e, conseqüentemente, social. É preciso formação específica? Qual? Como? Os instrumentos questionário e entrevista foram utilizados nas fases da pesquisa, pós a etapa do levantamento dos documentos relativos ao Programa PROEJA, a partir da proposta governamental até a proposta de execução dos cursos pelo CEFETMT!IFMT, seguindo-se para a etapa da pesquisa que é entendida 88 como exploratória, pois objetivou a caracterização do grupo para a escolha dos sujeitos. Assim sendo, passei a buscar informações sobre o PROEJA, incluindo os documentos do Ministério da Educação e do CEFETMT, compilando todos os dados e, em paralelo elaborei o questionário - como instrumento exploratório que foi aplicado aos professores da formação técnica, no segundo momento, após o levantamento documental. Estes questionários foram respondidos por meio eletrônico (e-mail), por solicitação dos próprios professores, quando do contato para que respondessem, apenas um deles e que foi escolhido como sujeito, preferiu responder, preenchendo manualmente. Como enfatiza Torres (2006, p. 62): “O ato de investigar e tentar explicar a realidade se dá mediante uma atividade de aproximações sucessivas dessa realidade, processo, portanto, que nunca se esgota cuja relação objeto/método é construída também ao caminhar da pesquisa”. Portanto, este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, tendo como propósito, compreender por meio da visão dos professores da Educação Profissional o curso do PROEJA do CEFET-MT/IF-MT, conforme os aspectos propostos por Bogdan & Biklen (1994) e que são: ❷ 1) Contato direto com os sujeitos. Esse primeiro aspecto possibilitou captar o significado da comunicação, seja na forma escrita, verbal, gestual ou comportamental dos sujeitos, pois, como professora do CEFETMT/IFMT e das turmas do PROEJA, conheço cada um dos professores dessas turmas e, pessoalmente apliquei o instrumento exploratório de pesquisa – o questionário (primeira e segunda partes) para a caracterização dos sujeitos. Na fase posterior, foram aplicadas, para as narrativas escritas, a terceira e quarta partes desse instrumento e, por última etapa, as entrevistas para narrativas orais, tendo, portanto a oportunidade de observar antes, durante e após a aplicação desses instrumentos. ❷ 2) Descrição dos dados da investigação. ❷ 3) Desenvolvimento da pesquisa. O segundo e terceiro aspectos, foram percorridos em paralelo, pois, o primeiro, deve levar a visualização dos resultados de forma clara e objetiva e, o segundo é a própria pesquisa, a partir dos dados e, que representa mais que os 89 resultados finais. E, como sou parte do contexto CEFETMT/IFMT, os dados, tanto na forma escrita como na forma de entrevista, foram obtidos pelos instrumentos aplicados por esta pesquisadora, integrante do grupo de docentes dos cursos do PROEJA que tem particular interesse em desvendar e obter/acrescentar conhecimento, na busca de metodologias de ensino que melhor se apliquem a essas turmas e, dentro de permanente diálogo entre os interessados, a Instituição, os professores e os alunos, como forma de proporcionar a inclusão educacional. ❷ 4) Análise metodológica. Nesse quarto aspecto, os dados vão sendo recortados e como afirmam Bogdan & Biklen (1994, p. 50) - “... o processo de análise dos dados é como um funil: as coisas estão abertas de início (ou no topo) e vão se tornando mais fechadas e específicas no extremo”. Do levantamento de todos os professores do PROEJA, da Educação Básica e da Educação Profissional, ficaram os professores da Educação Profissional e, destes os professores da disciplina eixo, aquela que e a principal disciplina do primeiro semestre de cada um dos cursos. Estes foram, por esse motivo, escolhidos como os sujeitos respondentes desta pesquisa. Foi, portanto um natural afunilamento no decorrer dessa trilha. ❷ 5) Processo de condução de investigação qualitativa. O quinto aspecto deve ser o reflexo do diálogo entre o pesquisador e os sujeitos. Portanto, como colega dos sujeitos desta pesquisa, pude manter e intermediar o necessário diálogo com e entre os mesmos, assim como entre os alunos das turmas do PROEJA, em cada uma das etapas desta pesquisa. Ainda, BOGDAN, R. & BIKLEN (1994) Afirmam que a investigação cientifica implica um escrutínio empírico e sistemático que se baseia em dados e a investigação qualitativa preenche estes requisitos, respondendo, assim, a indagação: será que a abordagem qualitativa é verdadeiramente científica? A resposta a essa indagação é a validade da pesquisa, após as análises dos dados coletados, por meio dos instrumentos de pesquisa utilizados, neste estudo – narrativas escritas e orais. 90 4.2 A caracterização dos sujeitos Com a aplicação do questionário como documento exploratório construído, em duas partes, sendo a primeira – Dados Pessoais e a segunda – Dados de Formação; foram levantados os dados de caracterização dos professores que atuam na Educação Profissional, do primeiro semestre, dos 03 (três) cursos do PROEJA, Edificações. Eletrotécnica e Refrigeração e Ar Condicionado. Esses professores respondentes eram em número de 10 (dez), pois correspondiam à quantidade de disciplinas da formação profissional da Grade Curricular do primeiro semestre desses cursos do PROEJA. Desse número, porém, apenas 08 (oito) responderam ao questionário. O quadro a seguir, mostra as disciplinas profissionalizantes das grades dos cursos: Quadro 4.1 – Disciplinas Profissionalizantes dos cursos do PROEJA CURSO PROFESSOR DISCIPLINA 1. Edificações Pedi-1 Pedi-2. 1. Topografia 2. Desenho Técnico 2. Eletrotécnica Pele-1 Pele-2. Pele-3. 1. Medidas Elétricas 2. Desenho Técnico 3. Circuitos Elétricos em Cc e Ca I 3. Refrigeração e ar Condicionado Pref-1 Pref-2 Pref-3 Pref-4 Pref-5. 1. Termodinâmica 2. Empreendedorismo Qualidade Total e Meio Ambiente 3. Segurança no Trabalho 4. Física Aplicada 5. Matemática Aplicada Pedi (P - professor + edi – edificações) são acompanhados dos números 1 e 2 correspondentes aos professores das disciplinas técnicas do curso de Edificações; Pele (P - professor + ele – eletrotécnica) acompanhados dos números 1, 2 e 3 correspondentes aos professores das disciplinas técnicas do curso de Eletrotécnica e Pref (P - professor + ref – Refrigeração) acompanhados de 1, 2, 3, 4 e 5 correspondentes aos professores das disciplinas técnicas do curso de Refrigeração e ar Condicionado., todos, do 1º. Semestre. Este foi o critério de denominação de 91 cada um dos professores que responderam o questionário de cunho exploratório desta pesquisa. O quadro abaixo mostra os dados coletados dos respondentes, professores do 1º. Semestre dos cursos do PROEJA e que serviram para definir os sujeitos: Quadro 4.2 – Caracterização dos professores para escolha dos sujeitos 1ª Parte – Dados Pessoais 1. Sexo: 1. Masculino: 07 2. Feminino: 01 2. Faixa etária Até 45 anos: 05 Acima de 45 anos: 03 3. Estado Civil Companheiro: 01, Casado: 07 4. Natural De Mato Grosso: 05 De outro Estado: 03 5. Tempo de Serviço no CEFET-MT Até 20 anos: 04, Mais de 20 anos: 04 6. Forma de entrada no CEFETMT Concurso: 07, Transferência: 01 7. Exerceu outra atividade Sim: 08, Não: 00 2ª Parte – Dados de Formação 1. Graduação em Instituição Pública: 08 Privada: 00 2. Tem Especialização PROEJA – Sim: 00 Outra – Sim: 08 3.Pretende PROEJA fazer Especialização Sim: 00 Não: 08 4. Tem Mestrado Sim: 02 Não: 06 5. Tem Doutorado Sim: 00 Não: 08 6. Fez Esquema I Sim: 05 Não: 03 7 Fez Esquema II Sim: 01 Não: 07 Não: 08 Não: 00 92 4.3 Os sujeitos escolhidos Dos informantes que tiveram os dados colhidos, foram definidos três como os sujeitos, Pedi-1, Pele-1 e Pref-1, tendo como critério de escolha o fato de lecionarem, cada um, a disciplina principal do primeiro semestre de cada um dos cursos técnicos de Edificações, Eletrotécnica e Refrigeração e Ar Condicionado, destacados, em negrito, no quadro 4.1. As disciplinas correspondentes aos sujeitos escolhidos denominamos de disciplina eixo, pois, cada uma delas é pré-requisito para as disciplinas subsequentes, dos próximos semestres, seguindo como base em cada um dos três cursos e que são: ❷ Curso de Edificações – Topografia. ❷ Curso de Eletrotécnica – Medidas Elétricas. ❷ Curso de Refrigeração e ar Condicionado – Termodinâmica. Os professores, dessas disciplinas, escolhidos como sujeitos, têm as características coletadas da primeira parte do questionário: Quadro 4.3 – Características dos sujeitos escolhidos Sujeitos Características Pedi -1 Feminino, 40 anos, Engenheira Agrônoma, doutoranda, 02 anos no CEFET-MT. Pele-1 Masculino, 47 anos, Engenheiro Eletricista, mestrando, 23 anos no CEFET-MT. Pref-1 Masculino, 62 anos, Engenheiro Mecânico, mestre, 10 anos no CEFET-MT. As características desses sujeitos são heterogêneas quanto a idade e o tempo como Professor no CEFET-MT e, homogêneas, quanto a formação na Graduação e Pós-Graduação. Quanto ao gênero, prevaleceu a indicação da formação para os cursos de Engenharia, onde a maioria é do sexo masculino, sendo então, os sujeitos, constituídos por uma mulher e dois homens. 93 4.4 As narrativas escritas e orais O universo da pesquisa constituiu na análise das narrativas escritas e orais que SUÁREZ (2008 p. 103) assim define: Os textos e narrações produzidos visam a desenvolver e a pör a prova novas formas de nomear e considerar, em termos pedagógicos, o que acontece nos mundos escolares e o que acontece aos atores educativos quando os fazem e nele transitam. O objetivo de contribuir para a formação democrática da escola, do saber pedagógico e das práticas docentes fundamenta-se, justamente, no projeto de elaborar uma linguagem para a pedagogia e novas interpretações críticas sobre a escola, seus atores e suas relações pedagógicas. Para fazer isso, leva-se em conta e procura-se recriar o saber e as palavras que utilizam os educadores para dar sentido as suas práticas de ensino. A modalidade de pesquisa por narrativas, colocadas por esse autor, tem como princípio, publicitar e interpretar as produções dos docentes, incluindo, leitura, textos e conversas com os colegas sobre as suas práticas educativas. Também, como afirmam Bogdan & Biklen (1994, p. 48): “A abordagem da investigação qualitativa exige que o mundo seja examinado com a idéia de que nada é trivial, que tudo tem potencial para construir uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto de estudo”. No processo natural de uma pesquisa, a coleta das narrativas escritas, teve um processo longo e desgastante diante das situações apresentadas em cada momento, desde a viagem de um dos sujeitos, como a situação pessoal desta esta pesquisadora, no acompanhamento de doença de pessoa da família. Durante esse processo e após a superação, foi solicitado aos sujeitos que narrassem, por escrito, as questões semi-estruturadas de um instrumento construído em duas partes, sendo a primeira - Dados das atividades de docência e a segunda – Conhecimento sobre o PROEJA, o que ocorreu entre junho e setembro de 2008. Essas narrativas escritas, das atividades de docência e do conhecimento do PROEJA, constituem os primeiros dados para análise deste estudo. As narrativas orais foram colhidas dos três sujeitos Pedi-1, Pele-1 e Pref-1, entre os meses de setembro de 2008 a fevereiro de 2009, em encontros individuais com cada um dos sujeitos. O longo período entre a gravação de uma e outra entrevista deveu-se ao período de férias dos professores e pelo agravamento da 94 saúde do meu marido no mês de dezembro. As informações obtidas dessas narrativas preencheram algumas lacunas deixadas quando os mesmos responderam as indagações formuladas na etapa das narrativas escritas desta pesquisa. As narrativas orais foram organizadas em blocos sendo, Apresentação, por ter o registro do objetivo da pesquisa, explicação de como seriam feitas as perguntas e que estas, estariam sendo gravada; Dados do entrevistado, contém as informações pessoais de identificação do sujeito e perguntas que já haviam sido respondidas no primeiro momento desta pesquisa, no instrumento das narrativas escritas o que, pela diferença de tempo entre a aplicação de um instrumento e outro, teve mudanças em algumas respostas, como a idade de dois dos sujeitos e a formação de um que, de mestrando passou para doutorando. Ainda, dos sujeitos, apenas Pref-1, continuou a ministrar aulas para turmas do PROEJA, curso de Refrigeração e Ar Condicionado, nos semestres letivos seguintes, ou seja, 2007/2, 2008/1, 2008/2 e 2009/1. Pedi-1 e Pele-1 ministraram aulas para o PROEJA, turmas dos cursos de Edificações e Eletrotécnica, respectivamente, no primeiro semestre letivo de 2007/2. No bloco, O PROEJA, constituído de 10 (dez) questões específicas, em forma de perguntas sobre o PROEJA, como também, algumas intervenções complementares desta entrevistadora, com intuito de que a resposta deixasse clara a posição do respondente. E, o bloco Encerramento serviu para que esta entrevistadora agradecesse a disponibilidade de cada um dos respondentes e, para perguntar se tinham alguma questão relevante que quisessem registrar e, principalmente, como se sentiram narrando sobre as questões propostas. E, ainda, para Informar que a transcrição desta entrevista seria repassada para cada um deles, via e-mail e, para, antecipadamente, convidar para assistir a finalização deste trabalho no dia da defesa desta dissertação. Cada uma dessas narrativas resultou em média em 40 minutos de gravação, sendo que duas delas, do sujeito Pele-1 e Pref-1 foram feitas em dois momentos distintos, o primeiro devido a problemas técnicos do equipamento de gravação e o segundo devido ao tempo disponível desse respondente. Deste modo, os resultados da pesquisa sobre o PROEJA na visão dos professores da Educação Profissional foram analisados a partir do percurso e da definição dos eixos temáticos que são: 95 1) - Percurso formativo e Fazer Docente: 1.1) formação e escolha de ser professor; 1.2) Especialização PROEJA e 1.3) atuação em sala de aula e a forma de avaliação dos alunos. 2) - Conhecimento sobre o PROEJA: 2.1) conhecimento da base legal do Programa PROEJA; 2.2) Programa PROEJA: aspectos favoráveis e desfavoráveis e 2.3) expectativa e concepção sobre os cursos do PROEJA do CEFETMT/IFMT. 3) - Modalidades de ensino do PROEJA: Educação Básica e Educação Profissional: 3.1) integração Educação Básica/Educação Profissional do Programa PROEJA e 3.2) necessidades e diferenças dos cursos do PROEJA. 4) - Os cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT: 4.1) facilidades, dificuldades e diferenças do ensino técnico; 4.2) o Decreto de criação e o Documento Base do MEC: competências, habilidades e atitudes necessárias para atenderem o PROEJA; 4.3) ensino-aprendizagem no PROEJA. Nesses eixos, o primeiro tem por finalidade verificar o fazer docente presentes nas narrativas sobre a formação e escolha de ser professor, se fez ou não fez a Especialização PROEJA e se quer ou não fazer e a atuação em sala de aula e a forma de avaliar os alunos. No segundo eixo Conhecimento sobre o PROEJA são analisados quais são os conhecimentos da base legal, quais são aspectos favoráveis e desfavoráveis e qual é a expectativa e a concepção sobre os cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT. O terceiro eixo Modalidades de ensino do PROEJA: Educação Básica e Educação Profissional analisou as narrativas sobre a integração da Educação Básica/Educação Profissional e as necessidades e diferenças dos cursos do PROEJA. E no último eixo Os cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT e a participação neste estudo, são analisadas, a partir das narrativas orais, as 96 facilidades e dificuldades de ministrar aulas, as diferenças entre o Ensino Técnico seqüencial, as competências, habilidades e atitudes necessárias para o PROEJA, o ensino-aprendizagem e o que falta para o PROEJA e se o Decreto de criação e o Documento Base do MEC atendem o PROEJA. Estas análises estão detalhadas no próximo Capítulo. 97 CAPÍTULO V APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Não há saber mais ou saber menos. Há saberes diferentes. (Paulo Freire). Neste capítulo estão apresentados e analisados, os dados advindos das narrativas escritas e das narrativas orais, utilizadas como instrumento de coleta de dados durante o processo de investigação desta pesquisa. Cada um desses instrumentos serviu inicialmente, para análise da principal questão desta pesquisa que é o que os professores da Educação profissional sabem e pensam do e sobre o Programa PROEJA. Sendo que, dos dados obtidos das narrativas escritas, foram revelados os três primeiros eixos temáticos sendo: Eixo-1: Percurso Formativo e Fazer Docente, que está subdividido em: ❷ 1.1) formação e escolha de ser professor; ❷ 1.2) Especialização PROEJA e ❷ 1.3) atuação em sala de aula e a forma de avaliação dos alunos Eixo-2: Conhecimento sobre o PROEJA, subdividido em: ❷ 2.1) conhecimento da base legal do Programa PROEJA; ❷ 2.2) Programa PROEJA: aspectos favoráveis e desfavoráveis e ❷ 2.3) expectativa e concepção sobre os cursos do PROEJA do CEFETMT/IFMT. Eixo-3: Modalidades de ensino do PROEJA: Educação Básica e Educação Profissional: também, subdividido em: 98 ❷ 3.1) integração Educação Básica/Educação Profissional do Programa PROEJA; ❷ 3.2) necessidades e diferenças dos cursos do PROEJA. Das narrativas orais, tem-se o Eixo-4: - Os cursos do PROEJA do CEFETMT/IFMT e os sub-eixos: ❷ 4.1) facilidades, dificuldades e diferenças do ensino técnico; ❷ 4.2) o Decreto de criação e o Documento Base do MEC: competências, habilidades e atitudes necessárias para atenderem o PROEJA; ❷ 4.3) ensino-aprendizagem no PROEJA. Definidos os eixos e sub-eixos foi possível identificar nos dados obtidos, fatos relevantes, numa clara sinalização da importância desta pesquisa, para o contexto escolar do CEFETMT/IFMT vez que foram repassados pelos três sujeitos respondentes, de forma colaborativa e espontânea. Os dados solicitados, inicialmente, tiveram como objetivo, buscar informações conforme explicita o quadro: Quadro 5.1 – Objetivos pretendidos pelas narrativas PARTES OBJETIVOS 1ª. Parte Descrever o percurso de cada uma das fases da formação. Informar se fez ou quer fazer a Especialização PROEJA; Informar para quais turmas ministra aulas, para qual disciplina e qual é a forma que avalia os alunos; Informar se é importante o uso de recursos didáticos e, se usa quais são; Informar se mudou a forma de avaliar para as turmas do PROEJA; Informar se a formação adquirida após sua entrada no CEFET mudou a forma de ministrar aulas. 2ª. Parte Descrever o conhecimento da base legal do Programa PROEJA; Informar os aspectos favoráveis e desfavoráveis da Especialização PROEJA. Explicitar a expectativa e a concepção que tem sobre os cursos do PROEJA do CEFETMT/IFMT. 3ª. Parte Informar como está previsto a Integração Ensino Médio/ Ensino Técnico no Projeto Pedagógico do PROEJA; Informar as necessidades dos cursos; Descrever as diferenças dos cursos do PROEJA e 99 4ª. Parte Citar as dificuldades e facilidades para ministrar aulas nas turmas do PROEJA; Citar as diferenças entre o Ensino Técnico seqüencial; Informar as competências, habilidades e atitudes necessárias para o PROEJA; Informar se o Decreto e o Documento Base do MEC atendem o PROEJA. As fases das narrativas escrita e oral da pesquisa foram analisadas, conforme os objetivos iniciais propostos, constantes do quadro anterior, após o levantamento da documentação relativa ao Programa PROEJA. Nas últimas duas fases desta pesquisa, a análise das narrativas escrita e oral pretendeu-se dar significado as “falas” dos professores sujeitos, em relação ao que sabem e pensam do e sobre o Programa PROEJA executado no CEFETMT/IFMT. Os professores do PROEJA como os professores em geral, apreendem coletiva e continuamente na sua atuação como docente, na sua experiência e reflexão, como diz NÓVOA (2000, p. 23): “O aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente”. As experiências narradas dos sujeitos pesquisados, dentro do contexto lócus Escolar possibilitaram a identificação dos dois pilares citados por NÓVOA – o Professor e a Escola que, juntos, poderão programar as melhorias necessárias para melhor aplicação do Programa PROEJA. E, os problemas e conflitos iniciais detectados e enfrentados pelos gestores, professores e alunos do PROEJA do CEFETMT/IFMT, poderão, depois de colocados de forma transparente para a comunidade envolvida, serem minimizados e/ou até serem solucionados, pois para NÓVOA (1997, p. 27): “As situações conflitantes a que os professores são obrigados a enfrentar (e resolver) apresentam características únicas, exigindo, portanto características únicas: o profissional competente possui capacidades de autodesenvolvimento reflexivo (...). A lógica da racionalidade técnica opõe-se sempre ao desenvolvimento de uma práxis reflexiva”. Dessa forma, SCHÖN (1992) coloca que os bons profissionais resultam de uma combinação de ciência, técnica e arte, necessárias para um professor que está a reiniciar suas atividades numa nova proposta, num programa proposto de cima para baixo, mas que pode ser validado pelos pilares, o professor e o próprio CEFETMT/IF-MT, devido, principalmente, ser este Programa uma proposta de resgate e 100 inclusão social que é parte destacada do Programa PROEJA. SCHÖN (1992, p. 87) nos diz que: [...] Nessa perspectiva o desenvolvimento de uma prática reflexiva eficaz tem que integrar o contexto institucional. O professor tem de se tornar um navegador atendo à burocracia. E os responsáveis escolares que queiram encorajar os professores a tornarem-se profissionais reflexivos devem criar espaços de liberdade tranqüila onde a reflexão seja possível. Estes são os dois lados da questão – aprender a ouvir os alunos e aprender a fazer da escola um lugar no qual seja possível ouvir os alunos – devem ser olhados como inseparáveis. Para esse autor a prática reflexiva do professor que, atento, ouve seus alunos e consegue compor junto com a Escola um conjunto inseparável para conhecer dos problemas, avaliar e elaborar propostas de solução. É nesse aspecto que foram analisados as narrativas escritas de cada parte do questionário e de cada um dos sujeitos. As narrativas escritas e orais aqui colocadas, como instrumentos de coletas de dados revelam, explicita ou implicitamente, a visão que os sujeitos pesquisados têm do e sobre o Programa PROEJA no CEFET/IFMT, numa perspectiva inerente ao próprio significado de narrativa que é dar respostas às perguntas: O quê? Quem? Como? Onde? E por quê? Preliminarmente, colocamos como respostas: ❷ O QUÊ? – O Programa PROEJA executado no CEFETMT/IFMT; ❷ QUEM? - Os Professores da Educação Profissional do Programa; ❷ COMO? - Através das narrativas escritas e orais; ❷ ONDE? - No CEFETMT/IFMT ❷ QUANDO? - No semestre letivo de 2007/2; ❷ POR QUÊ? - É uma modalidade de ensino nova para o CEFET/IFMT que necessita ser avaliada na perspectiva da proposta do Programa, que é de resgate e inclusão social. Pois como coloca SUÁREZ (2008, p.110): [...] a pesquisa narrativa pretende ser um enfoque específico de pesquisa que reclama sua própria validade e legitimidade para construir conhecimento em educação, e que altera algumas certezas dos modos consagrados de pesquisar, fazendo dessa prática algo mais acessível, natural e democrático. Narrar histórias nas quais os atores educativos encontram-se envolvidos na ação, interpretar essas práticas à luz das narrativas, surge como uma perspectiva peculiar de pesquisa que disputa 101 legitimidade com o naturalismo, objetivismo e funcionalismo que definem a ortodoxia epistemológica, teórica e metodológica. 5.1 Análise das narrativas As narrativas dos sujeitos, aqui analisadas, referem-se às turmas do PROEJA do semestre letivo 2007/2, cursos de Edificações, Eletrotécnica e Refrigeração e Ar Condicionado e que são, na segunda fase desta pesquisa, as respostas às indagações do instrumento aplicado, constituído de questões semi-estruturadas, resultando nas narrativas escritas e, na terceira fase foram realizadas as entrevistas, resultando nas narrativas orais. O questionário aplicado na primeira fase, dividido em duas partes, para caracterização e escolha dos sujeitos e as duas outras partes, com questões sem-estruturadas compuseram as narrativas escritas e respondem as indagações, sobre as Atividades de Docência e Conhecimento do PROEJA sob o aspecto geral, das normas que criou o Programa e específico, dos cursos ofertados pelo CEFETMT/IFMT, resultando no percurso trilhado deste trabalho, pois, conforme SUÁREZ (2008, p.115): Quando escrevem e re-escrevem seus relatos de experiências pedagógicas, quando documentam narrativamente os saberes e compreensões que conseguiram produzir em torno delas, os docentes deixaram de ser o que eram, se trans-formam, são outros. Tornam-se leitores, intérpretes e comentaristas de suas próprias vidas profissionais e dos sentidos pedagógicos que elaboraram no seu decorrer. E, justamente, essa leitura, essa interpretação, esses comentários pedagógicos são os que costuram os elementos dispersos e isolados da memória, os que situam em uma trama significativa os registros fragmentados e esquecidos do passado, os que em definitiva “liberam a mudez da experiência, a redimem do seu imediatismo ou do seu esquecimento, e a convertem no comunicável isto é, no comum.” (SARLO, 2005 apud SUÁREZ) Ainda, para JOVCHELOVITCH & BAUER (2008) narrativa é uma técnica que recebe o nome da palavra latina narrare que significa relatar, contar uma história, que reportando a SCHÜTZE (1977) relata a sua proposta de sistematização da técnica de narrativa, e que tem como idéia básica reconstruir os acontecimentos, a partir dos relatos dos informantes, sujeitos da pesquisa. 102 Os sujeitos escolhidos Pedi-1, Pele-1 e Pref-1, desta pesquisa, têm idades e tempo de serviço no CEFETMT/IFMT bem diferenciados e ser professor, para cada um deles, não foi a escolha profissional de início, uma vez que, apenas dois deles tem licenciatura como segunda graduação. Os três são bacharéis em engenharia, sendo, engenharia agronômica, engenharia elétrica e engenharia mecânica, respectivamente. Em comum, têm o fato de exercerem outra atividade além da docência e de serem do quadro permanente de servidores da Instituição CEFETMT/IFMT e lecionarem, no primeiro semestre do curso PROEJA, a disciplina que é pré-requisito para as demais disciplinas do curso dos semestres que se seguem. 5.2 Análise dos eixos temáticos 5.2.1 O primeiro eixo temático – Eixo-1: Percurso formativo e fazer docente Neste eixo temático, no sub-eixo-1.1: formação e escolha de ser professor foram analisadas as informações a partir da identificação pessoal relatada pelos sujeitos até a revelação da trajetória de formação e de como “está” professor, considerando que a primeira graduação de todos é a de bacharel, ao que cada um respondeu: Pedi-1: Identificou-se como casada, do sexo feminino, nascida em CuiabáMT, tem 39 anos de idade e 2 anos como professora do CEFET/IFMT e é do quadro permanente de servidores após ter sido redistribuída de outra Instituição Federal de Ensino. Informou que estudou em escola pública das primeiras séries a pósgraduação – mestrado, que fez na área de zootecnia, na Universidade Federal de Lavras - UFLA, após graduar-se em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT. Participou, no ano de 2008, das disciplinas Solos Tropicais e Sensoriamento Remoto da UFMT, como aluna especial do curso de Doutorado. Escolheu ser professora quando fez concurso para ministrar disciplina técnica dentro da sua formação e afirma que: “como professora consigo atuar tanto na área pedagógica quanto de planejamento e implantação de projetos”. 103 Pele-1: Este sujeito informou ser do sexo masculino, casado, nascido em Cuiabá-MT há 45 anos e tem 23 anos exercendo a atividade de professor no CEFET-MT/IFMT, quando foi o escolhido, após a participação no Processo Seletivo, com prova de desempenho didático, para a disciplina de EME (Eletrotécnica e Medidas Elétrica). Estudou em escola pública, sendo que o Ensino Fundamental concluiu em Cuiabá, o Ensino Médio em Goiânia e a Graduação em Engenharia Elétrica e Licenciatura em Ciências, fez na UFMT. Possui Especialização em Informática Educativa pela UNICAMP-SP e, à época que respondeu a esta questão, estava concluindo o mestrado em Física Ambiental pela UFMT, sendo que, no ano anterior concluiu Gestão de ética Pública, não informando ser ou não, em nível de Especialização e em qual Instituição. Possui Especialização em Informática e Educação, concluída em 1990. Tem ampliado sua área de conhecimento vez que tramita na área de Informática, Gestão e o mestrado é em Física Ambiental, nem tão distantes mas diferentes da graduação que foi em Engenharia Elétrica. Escolheu ser professor, pois ministra aulas desde antes de graduar-se, mas se não fosse, gostaria de atuar, profissionalmente, como engenheiro. Exerceu, por algum tempo, na própria Instituição de Ensino CEFET/IFMT a função de Gerente de C.P.D (Centro de Processamento de Dados) e Tecnologia da Informação e, em outra Instituição a de Administrador de Informática. Pref-1: Casado, do sexo masculino, nasceu a 62 anos em Turiúba-SP e pertence ao quadro de professores do CEFET-MT/IFMT há 10 anos, após ter sido aprovado em concurso público. Como os dois sujeitos anteriores também estudou em escola pública no interior de São Paulo, graduando-se em Engenharia Mecânica pela Escola Politécnica de São Paulo (USP) e licenciou-se em Física pela mesma Instituição. Tornou-se e gosta de ser professor, mas, a sua opção inicial era ser médico. Especializou-se em Administração de Empresa pela FGV e possui mestrado em Geotecnia pela Universidade Federal de Campina Grande–PB. Ultimamente participou do Seminário de erosão e habitação de interesse social, não informando em qual Instituição. O que se pode observar é que essas narrativas escritas trazem o início de um desvelar auto-biográfico dos sujeitos, quando reportam sobre a escolha da formação profissional e, os três afirmaram que, ser professor não foi a primeira escolha, posto que, todos graduaram-se, primeiro em cursos de bacharelado e, dois deles, somente, licenciaram-se posteriormente. 104 No segundo sub-eixo-1.2: A Especialização PROEJA. A Especialização proposta pelo Governo Federal para os professores do PROEJA, facilita no desafio de “recuperar” os alunos jovens e adultos, foi a questão formulada para os três sujeitos, após escolherem uma das alternativas: fez a Especialização PROEJA; não fez a Especialização PROEJA mas quer fazer; não fez e não quer fazer a Especialização PROEJA. Pedi-1: respondeu que não fez e não quer fazer a Especialização PROEJA e coloca: “A Especialização proposta não facilita a “recuperação” de jovens e adultos, mas coloca a discussão em pauta. A partir desse Curso pode-se construir uma estratégia de ação. É um começo”. Para Pele-1: afirma que não participou da Especialização do PROEJA e não tem intenção de participar e diz: O PROEJA é um Curso “Laboratório” onde as partes não sabem no que vai dar. Os alunos entram para não perder a “oportunidade” e os docentes entram sem preparo para enfrentar um contexto que é próprio do PROEJA. A especialização é um caminho para enfrentar uma proposta tão arrojada como essa: “recuperar” os alunos jovens e adultos. Contudo, só saberemos se a especialização facilitou no processo quando tal processo for avaliado diante da efetiva participação dos professores especialistas nos curso do PROEJA. O que, a meu ver, ainda não aconteceu no CEFET. Em relação a Especialização PROEJA, este respondente afirma que é necessário que se faça uma avaliação para ver se está atendendo a proposta inicial de preparar os professores para atuarem nos cursos do PROEJA. Pref-1: respondendo a questão coloca: “Pelo que ouvi, não está acrescentando quase nada. O professor necessita estar compromissado com sua mudança. Saber educar-se”. E, como os anteriores, este sujeito, também não fez e não quer fazer a Especialização PROEJA. Finalizando o primeiro eixo, tem-se o registro do sub-eixo-1.3: a atuação em sala de aula e a forma de avaliação dos alunos: onde foram analisadas a forma de ministrar as aulas e avaliar os alunos, a partir das informações sobre as turmas que cada um dos informantes é responsável. Pedi-1: Topografia é a disciplina que este sujeito ministra para duas turmas do curso de Edificações do PROEJA, tendo, no semestre letivo de 2007/2, em outros cursos do CEFET/IFMT, quatro outras turmas. O número de alunos das turmas do PROEJA, em média é 20, com faixa etária a partir de 18 anos até acima de 50, 105 sendo que a maioria é do sexo masculino, como indicam pesquisas de gênero para a área da engenharia. Ministra suas aulas em sala comum e no laboratório, afirmou ter feito visitas técnicas com interdisciplinaridade com outras disciplinas do curso e em horário diferente das suas aulas, não registrando, porém, com qual ou quais disciplina(s) e de que forma executou. Além das turmas do PROEJA, no semestre letivo de 2007/2, ministrou aulas, também, para quatro turmas do curso de Construções Prediais e, em semestres anteriores, já ministrou aulas para os cursos de Química, Meio Ambiente e Geoprocessamento. Acha importante o uso de recursos didáticos como Multimídia e retroprojetor além do quadro-de-giz, porém não disponibiliza material por meio eletrônico para os alunos e nem adota livro didático e diz: Utilizo mais recursos práticos. Evito teorizar muito, pois não apresentam entendimento em algumas disciplinas que são básicas (matemática, desenho – escala) para a topografia. A avaliação que faço, para esses alunos é por meio de Trabalhos individuais e em grupo. Corrijo todos os exercícios e aceito resoluções de problemas diferentes da que apresentei desde que, esteja certo. Não tenho como informar o percentual de aprovação dessas turmas porque ainda não fechei as notas, pois muitos alunos ainda não entregaram os trabalhos exigidos como avaliação. Nas suas aulas usa apostila elaborada por outro professor da mesma área e que atua como professor há mais tempo. Afirma executar todo o seu planejamento de aulas, pois utiliza mais recursos práticos que teóricos. Afirma: “Evito teorizar muito, pois não apresentam entendimento em algumas disciplinas que são básicas (matemática, desenho – escala) para a topografia”. A avaliação dos alunos é feita com a aplicação de trabalhos individuais e em grupo. Corrige todos os exercícios que passa e aceita a solução de problema, diferente da forma que ensinou. Quanto à avaliação das turmas do PROEJA: [...] “as notas ainda estão abertas, pois muitos alunos não entregaram os trabalhos exigidos como avaliação. Por isso ainda não fechei as notas do 1º. Semestre”. O semestre letivo de 2007/2 começou em outubro e terminou em maio de 2008. A sua forma de avaliar, foi mudada para as turmas do PROEJA, pelas dificuldades apresentadas, pois o conhecimento que esses alunos detêm sobre as disciplinas básicas é deficiente e prejudica o entendimento das disciplinas técnicas. E coloca: “Seria interessante que os alunos do PROEJA tivessem um período somente com as disciplina do núcleo geral (matemática, português, etc...) antes de iniciar as disciplinas técnicas”. 106 Questionado sobre a formação adquirida após sua entrada no CEFETMT/IFMT, afirma que mudou sua forma de ministrar aulas, colocando: “A mudança não veio somente com a entrada na instituição CEFET, mas também pelo público que atendemos hoje. O perfil dos nossos estudantes mudou”. Essa mudança na forma de ministrar aulas desse sujeito ocorreu, por duas situações distintas e importantes: ❷ Formação continuada; ❷ Mudança do perfil dos alunos. A primeira situação – Formação continuada pode advir de cursos formais de capacitação como, Especialização, Mestrado e Doutorado ou com a própria experiência em sala de aula e também, dentro do contexto da Instituição na aprendizagem com colegas e com os próprios alunos, na segunda situação Mudança do perfil dos alunos, atendidos pelo docente. De uma pesquisa com professoras da Escola Estadual “Paulo Freire”, município de Várzea Grande-MT, reporto a DAMASCENO & MONTEIRO (2007 p. 108): “Esses relatos revelam que as professoras pesquisadas vêm num processo de aprendizagem continuum articulado com a formação continuada, ou seja, nos cursos de capacitação, ou com experiências entre os pares, entre outros, contribuições para a prática docente”. Pele-1: ministra a disciplina Circuitos de Corrente Contínua (C.C) e de Corrente Alternada (C.A) para as duas turmas do curso de Eletrotécnica/PROEJA e para uma turma do técnico seqüencial. As turmas do PROEJA tem, cada uma, a média de 30 alunos, sendo a maioria do sexo masculino e a faixa etária está entre 26 a 32 anos. As suas aulas são ministradas no laboratório e não faz visitas técnicas e não respondeu se trabalha com interdisciplinaridade. Além dos cursos atuais já lecionou para os cursos técnicos de Eletrotécnica. Os recursos didáticos que usa são: Quadro de Giz, Material Impresso (Apostila, resumos, Catálogos de materiais elétricos), mostra através de painéis de componentes elétricos e eletrônicos e projetor multimídia. Não adota livro didático e sim apostila de sua autoria e seu plano de aulas para as turmas do PROEJA não foi executado na totalidade devido a supressão de alguns conteúdos, pois os alunos não conseguiram acompanhar a contento. “É provável que o não domínio de conteúdos básicos de matemática e física tenham influenciado negativamente no processo ensino-Aprendizagem”. A avaliação que faz é por meio do desempenho no laboratório e de trabalhos. Dessas turmas do PROEJA 70% (setenta por cento) dos alunos foram aprovados e dos 30% 107 (trinta por cento) restantes a maioria foi de desistentes e não de reprovados. Sua forma de avaliar foi mudada, principalmente, na aplicação de provas escritas, pelas dificuldades apresentadas, mas, no intuito de buscar o conhecimento do aluno, e, completa: “Evitei as questões com respostas discursivas, pois percebi que muitos tinham dificuldade de expressão na forma escrita”. A formação adquirida após sua entrada no CEFET-MT/IFMT mudou a sua forma de ministrar suas aulas, no entanto, não especificou qual foi a mudança. Este sujeito foi sucinto nas colocações, como se ainda tivesse em “aprendizagem/conhecimeto” dessa nova, para ele, modalidade de ensino. Para Pref-1, ser professor não foi sua primeira escolha profissional, pois gostaria de ser médico. Leciona as habilidades12 relativas à refrigeração e, para as duas turmas do curso de Refrigeração e Ar Condicionado do PROEJA foi sua a escolha para ministrar as aulas da disciplina do primeiro semestre Termodinâmica. Cada uma das turmas tem 20 alunos com idade mínima de 18 e acima de 40 anos, sendo a maioria do sexo masculino. E, para os cursos do CEFET-MT/IFMT, ministras aulas para outras duas turmas. Não tem ministrado aulas no laboratório por este não estar pronto, mas deveria. E não disponibiliza material para os alunos por meio eletrônico e as visitas técnicas que faz são durante o horário de aulas, mas, não respondeu se essas visitas são planejadas e executadas com interdisciplinaridade com outras disciplinas. No CEFET-MT/IFM, já ministrou aulas para os cursos Técnico de Refrigeração e Tecnólogo de Automação. Acha os recursos didáticos importantes e afirma: “uso como material didático, transparências e data show, não adoto livro e nem apostila e o plano de aulas, para o PROEJA está executado conforme a compreensão dos alunos”. Os alunos são avaliados por meio de prova escrita, prova oral e trabalho. Corrige todos os exercícios que passa e aceita a solução dada pelos alunos, diferente da forma que ensinou. A avaliação que faz é por meio de provas escritas e trabalho e a média de aprovação dos alunos do PROEJA é menor que 70% (setenta por cento) para a de Pref-1. Não mudou sua forma de avaliar para as turmas do PROEJA e coloca: “Devem saber necessário como qualquer técnico”. Em relação a forma de avaliar, Pedi-1 e Pele-1, diferentemente de Pref-1, colocam que mudaram a forma de avaliar para as turmas 12 Do latim habilitate, é o grau de competência de um sujeito frente a um determinado objetivo. Poder-se-ia assim, por exemplo, falar de "habilidade mecânica" (a capacidade de colocar uma máquina em funcionamento), "habilidade verbal" (a capacidade de fazer uma apresentação discursiva), "habilidade matemática" etc. Associadas ao saber: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida. wikipedia.org/wiki/Habilidade 108 do PROEJA, como meio de melhorar o aproveitamento. As demais informações obtidas nestas narrativas se assemelham para os três sujeitos, quando informam sobre as turmas do PROEJA que ministram aulas no CEFET-MT/IFMT. 5.2.2 – O segundo Eixo Temático - Eixo-2: Conhecimento sobre o PROEJA O sub-eixo-2.1: Conhecimento da base legal do Programa PROEJA. Neste sub-eixo são analisadas as narrativas referentes ao conhecimento do PROEJA, começando pela base legal que antecedeu ao Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006, que criou esse Programa, pelas normativas posteriores e pelo Projeto Pedagógico do CEFET-MT/IFMT. Pedi-1 respondendo se conhece o Documento Base do PROEJA (BRASIL, MEC, 2006), afirmou que não, mas, sabe que o projeto envolve uma nova perspectiva do EJA – PROEJA e Pele-1 diz conhecer parte dessa legislação como a LDB, desconhece, porém, o Documento Base e o Projeto Pedagógico dos cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT. Pref-1 afirmou conhecer toda a base legal do Programa PROEJA, do Decreto de sua criação até o Projeto Pedagógico. Nenhum deles, porém, afirmou como foi a forma desse conhecimento. O CEFET-MT/IFMT, afirma Pedi-1, oferece o PROEJA na modalidade do tipo 1 - Educação profissional técnica de nível médio com ensino médio, destinado a quem já concluiu o ensino fundamental e ainda não possui o ensino médio e pretende adquirir o título de técnico. Para oferecer a modalidade do tipo 2 Formação inicial e continuada com o ensino médio, destinado a quem já concluiu o ensino fundamental e ainda não possui o ensino médio, para adquirir uma formação profissional mais rápida teria que ser estudada uma forma de implantação, uma vez que os cursos do PROEJA ainda estão na fase de adequação, pondera esse sujeito explicando que: “As dificuldades acadêmicas que os alunos e os professores vêm enfrentando é um entrave para concretizar o ensino técnico. A busca por uma metodologia e programas diferenciados seria a prioridade para qualquer Curso destinado a jovens e adultos que não tiveram oportunidades de estudos na idade regular”. 109 Pele-1 acompanha Pedi-1 quanto a informação que, de acordo com o Programa PROEJA, o CEFET-MT/IFMT oferece cursos na modalidade do tipo 1 e pode oferecer também o tipo 2 e, faz a consideração: Os pré-requisitos são os mesmos apenas a duração (Carga Horária) e o tipo de formação técnica são diferentes. No item 1 temos formação técnica para profissão regulamentada (carga horária e conteúdos mínimos requeridos pelos Conselhos Regionais: CREA por exemplo) e no item 2 temos formação profissional mínima e com carga horária adequada para atender a demanda de postos de trabalho requeridos pelo mercado). No caso do CEFET atender os dois itens ele estaria desenvolvendo cursos muito próximos daqueles ministrados pelo SENAI, que inclusive alguns professores atuam ou já atuaram nessa modalidade. É claro que adaptações serão necessárias tanto na infra-estrutura quanto no corpo docente. Ao contrário dos dois sujeitos anteriores Pref-1, não os acompanha quanto a que o CEFET-MT/IFMT possa oferecer a modalidade do tipo 2. Concorda, apenas que ofereça a modalidade do tipo 1, justificando que: “O município deve atuar na formação inicial do estudante para o qual deve estar equipado para educar bem. Escolas com salas, laboratórios, biblioteca, áudio-visual, teatro, quadra para esporte, piscina e professores capacitados com a participação da sociedade local”. Para Pref-1 a responsabilidade do Programa PROEJA deve ser estendida para o município que deve propiciar a esse aluno condições de usufruto de atividades esportivas e culturais, conforme estão previstas no Documento Base do MEC. No sub-eixo-2.2: Programa PROEJA: aspectos favoráveis e desfavoráveis Quanto a esses aspectos do Programa PROEJA, Pedi-1, Pele-1 e Pref-1 destacaram, como favoráveis 3 (três), 2 (dois) e 1 (um) número de itens, respectivamente, acompanhados ou não de justificativa. Para os aspectos desfavoráveis os informantes enumeraram em itens quantitativos e justificaram suas respostas de forma geral. Pedi-1 destacou três pontos favoráveis do Programa PROEJA que são: • Oportunidade de estudo. • Consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos, a preparação básica para o trabalho. • Conquista da cidadania pelo educando. E Pedi-1 completou: “O PROEJA é uma modalidade de ensino oferecida pelo CEFET-MT/IFMT que se destina a oferecer oportunidade de estudos, considerando as condições de vida e de trabalho do aluno. Outro ponto forte deste ensino é a 110 consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos, a preparação básica para o trabalho e a conquista da cidadania pelo educando”. Na abordagem deste respondente: “[...] oportunidade de estudos, considerando as condições de vida e de trabalho13 do aluno” percebe-se que a visualização do Programa PROEJA esta relacionada a “valorização do trabalho” e de estratégia de enfrentamento da pobreza para a melhoria nas condições de vida, desses alunos Jovens e Adultos pois conforme (DEMO, 1996, p.140): “A pobreza não é apenas insuficiência de renda, mas exclusão política, ou seja, problema de desigualdade e de precariedade da cidadania histórica. O problema crucial da pobreza está no aprofundamento relativo crescente da discriminação social”. (DEMO, 1996, p.140). Seja, porém para a valorização do trabalho como aumento da renda familiar, para sair da exclusão política e ter maior participação social, como coloca esse autor, o PROEJA exerce papel social importante para minimizar a situação econômica ou social dos alunos. Os pontos desfavoráveis apontados por Pedi-1 foram: • Adaptação às novas condições de ocupação pelo educando. • Compreensão dos conhecimentos básicos pelos alunos. • Construção de uma nova realidade. E diz: “A implantação do Programa de Ensino referente ao PROEJA no CEFET-MT/IFMT apresentou dificuldades, as quais são: a adaptação às novas condições de ocupação pelo educando; a compreensão dos conhecimentos básicos pelos alunos e o tempo para possibilitar aos estudantes a reflexão e a construção de uma nova realidade”. Adaptação, compreensão e construção, nessa ordem ou em outra, constituem um processo de ação, no caso educacional, que pode levar a reflexão e a construção dessa nova realidade, como coloca o sujeito Pedi-1. Os pontos favoráveis apontados por Pele-1 para os cursos do PROEJA foram: • A estrutura física do CEFET-MT/IFMT – salas de aulas, laboratórios e equipamentos. • Professores experientes. 13 Grifo desta pesquisadora. 111 Pois: “O CEFET-MT é uma Escola centenária com significativo número de técnicos formados e, apesar do avanço tecnológico ocorrer sem sintonia com a academia é inquestionável a importância que essa Instituição tem para o Estado de Mato Grosso, para a região Centro Oeste e para o Brasil. A avaliação dos egressos nestes últimos anos tem sido de pontuação mais positiva que negativa, com alta taxa de empregabilidade”. Os pontos desfavoráveis apontados por Pele-1 foram: • Proposta vinda do governo com obrigatoriedade de execução. • O Curso é visto como sendo de importância inferior, devido a baixa escolaridade e faixa alta etária dos alunos. • Os docentes são vistos pelos pares como de segunda categoria. • Novas turmas, sem avaliação das primeiras. • Alunos sem domínio de conteúdos básicos e sem tempo para estudar. • Alunos que faltam muito para atender a empresa que trabalham para não serem demitidos. O PROEJA é visto pela Instituição, tanto pelos gestores quanto pelos docentes, como mais um projeto governamental, vindo de cima para baixo, com obrigatoriedade de desenvolvimento e abertura de certo número mínimo de vagas, pois segundo Pele-1: O PROEJA é visto como um Curso de menor importância, pois trabalha com alunos de baixa escolaridade e elevada faixa etária. Os docentes que trabalham no PROEJA são vistos por seus pares como professores de segunda categoria; Abertura de novas turmas sem avaliação do que já aconteceu com as primeiras; Os alunos não dominam conteúdos básicos e que deveriam ser pré-requisitos. Os alunos não têm tempo para estudar. Trabalham o dia todo e todos os dias, inclusive aos sábados. Os domingos são reservados ao descanso com a família. Não têm tempo para estudar aqueles conteúdos que não viram em sua vida acadêmica e que estão sendo tão necessários para acompanhar as aulas. Os alunos faltam muito às aulas. Muitos dizem que os empregadores não dão importância aos estudos dos funcionários. Entre o trabalho e o curso, os alunos são obrigados a atenderem os requisitos do emprego senão serão demitidos. Ainda que para atender a uma demanda excluída socialmente, a “obrigatoriedade” de execução segundo esse sujeito é desmotivadora, mas não inválida, é o que se percebe no seu discurso. E, a visão de que o curso é de menor importância e que os professores são vistos pelos pares como sendo de categoria inferior, nos faz recorrer ao questionamento inicial deste estudo e indagar: esta é a 112 visão que os professores da educação profissional têm do PROEJA? Em sendo esta visão, essa percepção pode levar a uma reflexão e a uma ação para mudança desses paradigmas. A falta de conhecimento básico do aluno dos cursos do PROEJA e a necessidade de atender a empresa que trabalha, fonte de renda, talvez única da sua família, são fatos inquestionáveis. Como eliminar isso ou pelo menos minimizar é a questão. O principal aspecto de favorecimento, e único, para Pref-1 do Programa do PROEJA, é a inserção do cidadão como profissional e com mais conhecimentos e, não justificou essa informação. Considerando que, para que haja “inserção profissional do cidadão” ele tem que capacitar-se e ser informado, principalmente, dos seus direitos, pode ser este o ponto de partida da construção do Projeto Pedagógico para os cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT. Ainda que, não explicitamente, os sujeitos apontam como objetivo dos cursos do PROEJA a “formação para o trabalho” como acontece com os alunos egressos dos cursos do CEFET-MT/IFMT, visualizando que deve acontecer o mesmo com os alunos concluintes dessa modalidade de ensino. Pref-1 coloca como pontos desfavoráveis do Programa PROEJA: • tempo curto para ensinar o Ensino Médio e o Técnico; • projeto do curso elaborado apenas por pedagogos; • o enfoque deve ser semelhante ao de alfabetização de criança (maior dedicação, tempo e amor). Ainda, a respeito do desfavorecimento do Programa PROEJA: 1 – O tempo do Curso é muito curto. Ensinar o profissional e o curso médio em três anos e garantir o diploma de técnico é estar enganando o cidadão. Não é possível concordar com os pedagogos de que eles não necessitam saber todo o conteúdo e sim apenas partes do mesmo e finalizando o curso com o mínimo e diplomando-os como técnicos de ensino médio, novamente estamos enganando-os! 2 – No mínimo necessitam de um semestre (ou mais) para construir o conhecimento de português, matemática e Ciências física, química e biologia. Se não o fizer o proeja poderá ser mais uma tentativa fracassada do Estado e recursos não eficaz. 3 – Nesta construção o proeja deve ser enfocado como alfabetizar criança adulta que requer tempo e amor (dedicação). 4 – Indivíduos impacientes, agitados, nervosos, não controle das reações não devem se aventurar com o proeja. São colocações que, inicialmente, causam impactos e, posteriormente, levam a reflexão sobre como se deve ensinar um adulto. É da mesma forma que se ensina 113 uma criança, como informa Pref-1? No Capítulo III desta dissertação, dialogando com GARCIA, este autor coloca as modalidades de aprendizagens e o significado antagônico de Pedagogia e Andragogia, apesar de uma e outra serem definidas como ciência para ajudar no aprendizado, apenas que, da criança e do adulto, respectivamente. A forma de ensino para o PROEJA, não pode ser igual a de crianças, tem que ser uma forma própria, respeitados os conhecimentos desse aluno e as suas condições. No sub-eixo-2.3: expectativa e concepção sobre os cursos do PROEJA do CEFETMT/IFMT : São apresentadas as expectativas e as concepções que os sujeitos têm dos cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT. A expectativa que Pedi-1 tem do Programa PROEJA é que os alunos consigam concorrer ao mercado de trabalho como qualquer outro estudante do CEFET-MT/IFMT, pois esse sujeito deseja: “Que todas ou pelo menos parte das questões anteriores se concretizem de forma positiva. Que ao final do Curso Técnico os alunos do Proeja tenham a compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos de cada área estudada. Que os alunos consigam concorrer no mercado de trabalho como qualquer outro estudante do CEFET-MT/IFMT”. A concepção de formação dos cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT desse sujeito é que: A Nova LDB concebeu o jovem e o adulto trabalhador como agente produtivo, partícipe da vida social e, portanto sujeito de direitos iguais às demais pessoas, estabelecendo assim seu direito de inclusão social. O desenvolvimento industrial brasileiro contribuiu para a valorização da educação de adultos, pois atendia às demandas do desenvolvimento econômico, que exigiam cada vez mais trabalhadores qualificados. Ao mesmo tempo institui uma “política de contenção” de matrículas no ensino superior, canalizando parte dos jovens para o mercado de trabalho. Para Pele-1: Os cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT da forma como foram concebidos e implementados estão fadados ao fracasso e, quanto a concepção de formação, não tem opinião formada ainda. Quanto a expectativa sobre os cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT, Pref1 afirma que necessitam ser reprojetados para que tenham sucesso e, quanto a concepção, acha necessário revisar a atual proposta, a forma como o Programa está sendo desenvolvido para que os objetivos estabelecidos sejam alcançados. Nestas questões os dois últimos sujeitos foram sucintos e radicais, pois, o primeiro tem expectativa e concepção de “esperança” de “crédito” e os outros, ao 114 contrário, acham que é um projeto fracassado, necessitando radical modificação da atual proposta, não esclarecendo, no entanto, sobre a forma. Percebe-se, ainda, que esses sujeitos, vêem os alunos do PROEJA, apenas, para serem preparados para o mercado de trabalho. 5.2.3 – O terceiro Eixo Temático - Eixo-3: Modalidades de ensino do PROEJA: Educação Básica e Educação Profissional O sub-eixo-3.1: Integração Educação Básica/Educação Profissional do Programa PROEJA. Neste sub-eixo são apresentadas e analisadas as informações repassadas pelos respondentes no que se refere a forma de como se deve fazer a “integração” entre o Ensino Médio e o Técnico para as turmas dos cursos do PROEJA. Da indagação - como fazer a integração Educação Profissional – Educação Básica - Educação de Jovens e Adultos Pedi-1 apontou a Especialização na área como uma estratégia positiva para fazer essa integração e proporcionar aos profissionais, competências para executar as novas propostas educacionais dos cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT. E para criar uma identidade do PROEJA dentro do CEFET-MT/IFMT, opina que esta será concretizada no Projeto Político Pedagógico, construído sob uma integração da ciência, cultura e tecnologia de forma proporcional; para que o jovem ou adulto formado no PROEJA possa atuar na sua área, sem perder de vista as implicações políticas e sociais do seu trabalho. Pele-1 não opinou sobre essa questão, respondendo: “Não tenho opinião formada ainda, não sei como pode ser feita essa integração”. Pref-1 respondeu: ”Se for oferecer este caminho, deve ser muito bem planejado e as inter-relações claras e objetivas tanto na vertical como na horizontal, do básico ao superior”. Para este respondente a resposta a este questionamento está numa proposta Planejada de forma clara e objetiva e, de participação coletiva dos segmentos docentes e discentes, porém, como isso deve ser feito, não ficou claro. O como fazer a integração - Educação Profissional – Educação Básica dentro do Programa de Educação de Jovens e Adultos é a grande interrogação, não só de quem vai atuar na área, mas de quem já está atuando, tanto no CEFET- 115 MT/IFMT, como em qualquer outra Instituição que oferece o PROEJA, isso percebido nas colocações dos três sujeitos. E para criar uma identidade do PROEJA dentro do CEFET-MT/IFMT, esse sujeito respondeu: “Preparando o aluno, não fazendo de “conta” que ele deve trazer o conhecimento pronto para a continuidade”; “Treinando (certo) professores para terem técnicas a lidar com estas pessoas”. A Educação Profissional do Programa PROEJA, como está proposto, Ensino Médio/Ensino Técnico é o destaque dessa modalidade de ensino, não apenas recuperação do ensino formal, mas, também e, principalmente, a formação profissional. Portanto, o currículo integrado é uma possibilidade pedagógica na concepção de ensino médio, em resposta aos diferentes sujeitos sociais para os quais se destina, considerando o mundo do trabalho e que leva em conta os mais diversos saberes produzidos em diferentes espaços sociais. Abandona-se a perspectiva estreita de formação para o mercado de trabalho, para assumir a formação integral dos sujeitos, como forma de compreender e se compreender no mundo. Do Eixo-3 o sub-eixo-3.2: Necessidades e diferenças dos cursos do PROEJA, são apresentadas e discutidas as necessidades e as diferenças dos cursos do PROEJA. Pedi-1, coloca: “para o curso do PROEJA, que ministrei aulas falta Projeto Político Pedagógico, material didático e carga horária para as disciplinas básicas que dão suporte às disciplinas técnicas. Um período de aula (Nivelamento??) somente para revisão das disciplinas do núcleo comum”. E ainda afirma que os cursos técnicos do CEFET-MT/IFMT diferem dos cursos do PROEJA porque os alunos atendidos destes cursos apresentam um perfil particular, pelo longo período fora da escola e pela responsabilidade de contribuir na renda familiar, além da idade, dos conhecimentos e da cultura. Em relação a estar preparado para ministrar aulas para os cursos do PROEJA, este respondente coloca que estar preparado depende, também, de outros fatores, como a proposta político-pedagógica, política de atendimento, infra-estrutura, assistência aos alunos, parcerias e material didático que poderiam ser mais eficazes para o aprendizado do aluno. ”Não é somente o professor, existe todo um plano de trabalho que culmina com uma boa aula”, completa. Não se posicionou se quer continuar a ministrar aulas para as turmas do PROEJA, apenas respondeu que não está ministrando aulas no semestre letivo de 2008/1. É um momento de transição e diz: “para o curso do PROEJA, que ministrei 116 aulas tem muitas pessoas (alunos) confiando no CEFET-MT/IFMT e nos seus profissionais para realizar alguns sonhos”. Como estar fazendo o curso do PROEJA seja uma excepcionalidade, uma possibilidade para poucos. Completa: “O diferente dos cursos do PROEJA é a relação entre os professores. E, a preocupação, com essas turmas, sempre foi a dificuldade com os cálculos, prejudicando o entendimento das aulas, muitas vezes não fechando o objetivo da respectiva aula, discussão que existiu durante todo o período”. E esse sujeito continua: O curso do PROEJA foi uma alternativa viável que oportunizou a inclusão sócio-cultural de pessoas para uma formação de conhecimento e habilidade. Somente tem que observar as dificuldades que cada um tem e para facilitar a didática deve-se tentar contextualizar os assuntos trabalhados, mas sem perder o norte das disciplinas. É necessário um modelo pedagógico próprio pela heterogeneidade encontrada. Acredito que todos os envolvidos nos cursos do PROEJA deveriam ser estimulados a participarem do Curso de Especialização para se adequarem a esta nova realidade dentro de CEFET-MT/IFMT. Registrando outras informações que acha necessário, esse sujeito respondeu: “As aulas da Disciplina Topografia foram dadas de forma parcelada; um mês e meio de aula (início do semestre no mês de outubro a dezembro), depois vieram as férias, no retorno, as aulas foram dadas ao professor de informática, pois este estava no final de seu contrato, portanto, os alunos ficaram quase quatro meses sem aula de topografia o que foi uma grande perda para o aprendizado dos mesmos”. As turmas do PROEJA não deveriam ser diferentes de outro curso técnico, mas são pelas condições do aluno PROEJA, coloca o sujeito Pele-1, acrescentando: A formação técnica específica (carga horária e conteúdos) devem ser iguais para o curso técnico seqüencial e do PROEJA visto que para o CREA um Eletrotécnico tem atribuições próprias da profissão e que não dependem do tipo de formação (se Técnico regular ou oriundo do PROEJA). Assim, vejo as seguintes diferenças: 1. O aluno que estamos recebendo no Curso técnico tem ensino médio completo e o do PROEJA não; 2. O aluno do PROEJA perdeu o ritmo para estudar devido a muitos anos fora da sala de aula; 3. O aluno do PROEJA demonstra muita dificuldade em retomar os estudos requerendo atenção redobrada, apoio para estudar e incentivo para continuar. Em relação ao curso do PROEJA Pele-1 coloca: 1. Não conheço a proposta pedagógica do Curso; 2. Não participei de nenhuma fase de sua concepção; 117 3. Não estou preparado para trabalhar com alunos com tantas carências (emocionais, sociais e de conteúdos básicos); Não vê motivo para não continuar a ministrar aulas para o PROEJA e diz: “não vejo motivo para fugir do desafio, contudo preciso me preparar melhor”. É preciso, no entanto, adequar esse curso de tal forma que atenda, não somente os requisitos quantitativos dos programas do Governo, mas que seja proporcionada maior discussão sobre a proposta pedagógica e diz ser necessário: 1. intercâmbio de informações entre as instituições que estão trabalhando com PROEJA em nível nacional; 2. incentivo ao aluno através de apoio financeiro para suprir necessidades básicas de transporte e alimentação; 3. avaliação do processo como um todo antes de se aventurar em oferecer novas turmas e habilitações. Para Pele-1, o PROEJA é um enorme laboratório onde mesmo os procedimentos básicos ainda é objeto de pesquisa. A relação entre os professores, segundo esse sujeito, é cordial, mas superficial. Não há integração no sentido de suprir as deficiências apresentadas pelos alunos. Cada docente trata do seu conteúdo e interdisciplinaridade é coisa abstrata. Pref-1 afirma que os cursos do PROEJA diferem dos outros cursos apenas no início, com objetivo de sanar a falta do conhecimento formal. São alunos como outro qualquer. Para essas turmas o professor necessita de tempo e dedicação para a construção interior de cada um, completa: “boa oportunidade de crescimento pessoal, contribuindo e satisfazendo a expectativa de um ser Humano14 na busca de sua auto estima e valorização, apesar da falta de laboratórios de física, química, biologia e de refrigeração organizado para uso e equipamentos adequados”. Pref-1, encerrando a narrativa escrita, completa: O PROEJA, como executado pela Escola está errado, como escrevi antes, pode ser melhorado dando tempo e dedicação com laboratórios e professores adequados. Não adianta fazer curso de especialização para o proeja se o Ser não domina o Ego. Investimento a “fundo perdido”, o retorno é muito pouco. Há necessidade de saber se os professores da especialização do Proeja estão ensinando o acadêmico, que eles dominam deixando de lado a trincheira que não vivenciaram. Qualquer recurso didático ou manobras fisiopsicosomáticas será bem vinda para atingir o fim desejado em uma turma onde há pintor, pedreiro, eletricista, vendedor e sem nenhuma formação profissional. Ensinar no proeja é muito simples, não 14 Destaque do sujeito. 118 é necessários grandes filosofias. O curso pode ser flexível no tempo para atender a todos na construção deste conhecimento fundamental para aprender determinada técnica e atender bem a sociedade que paga tudo. Se o aluno acreditar na “Escola”, com professores dedicados e preparados, laboratórios prontos a funcionar e o aluno puder fazer para aprender, não desistirá, mesmo que o curso seja mais longo, pois Ele sentirá que cresce a cada dia. A colocação de Pref-1 é um reforço do que vem afirmando: Planejamento por parte dos gestores, responsáveis pelo Programa e treinamento específico para os professores que atuam nos cursos do PROEJA. As questões em comum dos três sujeitos, foram em relação as diferenças entre os cursos técnicos seqüenciais e os do PROEJA, todos concordam que não são iguais, por algumas razões diferentes, apresentadas por cada um e, em comum, a experiência dos alunos. 5.2.4 O quarto eixo temático-Eixo-4: Os cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT No último eixo estão as narrativas orais dos respondentes deste estudo, abordando os cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT sobre os aspectos das aulas e do dos cursos. As narrativas orais permitiram preencher algumas lacunas que ficaram “em aberto” durante as narrativas escritas repassadas pelos respondentes. Pedi-1 foi o primeiro sujeito que repassou as informações destas narrativas num único momento, no mês de dezembro. Pele-1 narrou em dois momentos no mês de dezembro de 2008 e no mês de fevereiro de 2009, pelos motivos pessoais desta pesquisadora já abordados. Pref-1 sempre se colocou como disponível para participar deste estudo, colaborando inclusive, para que os outros também participassem, porém foi o último a participar das narrativas orais que ocorreram em dois momentos, no mês de março em dias seguidos, por motivos técnicos do equipamento. O sub-eixo-4.1: facilidades, dificuldades e diferenças do ensino técnico Os sujeitos colocam quais são as facilidades e quais são as dificuldades em ministrar aulas para as turmas do PROREJA. E, também, são apontadas, as principais diferenças entre os cursos do PROEJA e o Ensino Técnico. 119 Solicitado a Pedi-1 que aponte as facilidades de ministrar aulas nas turmas do PROEJA, este colocou que o interesse em aprender e ter o diploma de técnico do CEFET-MT/IFMT, além do encanto que o aluno tem pela Escola é o lado positivo, é o que facilita. Para Pele-1, a facilidade é, também, o interesse e a sede de aprender dos alunos. O professor quer ensinar e, o aluno quer aprender, apesar das dificuldades dos pré-requisitos necessários, torna-se fácil ministrar aulas para o PROEJA. Pref-1 – diz que para dar aula no PROEJA não é nada fácil, pois é necessário tempo e dedicação. Relata a experiência que está fazendo para minimizar a dificuldade de ministrar aulas para o PROEJA: [...] na década de setenta,... sessenta, surgiu a instrução programada dos americanos, que eles distribuíam nas fábricas. Eu estou fazendo um troço parecido, estou fazendo questões em partes, eu não faço mais questões no texto que eles tem que interpretar, porque eu sei que ele não vai conseguir. Então eu faço questões em partes, por exemplo, a temperatura fica constante no evaporador? Eu não faço mais: desenvolva o ciclo e me conte todos os fenômenos que acontece dentro do evaporador, o que está se passando, né? Não faço mais isso. É outra experiência para ver se fazendo essa instrução passo a passo eles conseguem entender o fenômeno que está se passando dentro de um ciclo de refrigeração. Então não é fácil não. Pref-1 coloca, ainda que é preciso que os alunos melhorem o vocabulário e passem a comunicar-se no linguajar técnico e não no “linguajar peão”, que estão acostumados, pois só assim, eles se desenvolverão. Pref-1 relatou a segunda experiência que está colocando em prática, como forma de melhorar a aprendizagem dos alunos: [...] eu fiz o seguinte também Rita nessa dificuldades, eu não estou mais dando avaliação lá no fim da história. Eu faço o seguinte, falei com eles, eu vou desenvolver um assunto... falei do ciclo de refrigeração. Vou fazer avaliação do ciclo de refrigeração, aí fiz aquilo que falei, fiz questões mais longas, o que não deu certo. Passei a fazer questões mais curtas como não ... não deu muito certo. Eu vou insistir, nesse..., nesse aspecto de desenvolver um assunto, um tema faço avaliação, dou mais um passinho pra frente, volto naquele lá. Quer dizer eu vou ficar indo e vindo para ver se dá resultado. “Essa experiência eu estou fazendo agora, para ver se vai dar resultado, se eles vão, pelo menos, fixar isso daí. Para Pref-1 não existe facilidades para ministrar aulas para o PROEJA, ao contrário, existe dificuldade. Pedi-1, aponta a falta de base, principalmente, de matemática e física, conhecimentos necessários para a disciplina de Topografia, uma grande dificuldade. 120 “Os alunos entendem os conceitos de Topografia, mas não sabem desenvolver os cálculos, colocou esse sujeito”. Para Pele-1, a falta de base é, também, a maior dificuldade para ministrar aulas para o PROEJA, considerando que a maioria dos alunos perdeu contato com a Escola e é um ponto difícil. Como recuperar isso? É a principal pergunta que Pele-1 deixa. Como os dois outros sujeitos Pref-1 colocou que a falta de base é a atual dificuldade do PROEJA, na estrutura curricular que existe, mas que pode ser resolvida, se for colocado um semestre de estudos de Ciências Física e Biológicas, onde se faça a revisão do Ensino Fundamental. E que foi dele a proposta de aumentar para o PROEJA, um semestre, porém o Departamento Pedagógico da Escola não aceitou. Esse sujeito deixa duas interrogações aos responsáveis pelo PROEJA: 1. Quem é esse cidadão que vem para aqui fazer um curso do PROEJA e espera muito de nós? 2. E nós, o que estamos fazendo para atender a esse cidadão? “Temos que mudar para não excluir ainda mais esse cidadão, buscar uma solução”, completou Pref-1. Todos os respondentes têm posição da necessidade de não excluir o aluno do PROEJA sendo, portanto necessário buscar uma forma de melhor atende-los. Sobre as diferenças existentes entre ministrar aulas para turmas de cursos técnicos e turmas do PROEJA, Pedi-1 colocou que a diferença começa com a idade. Nos cursos técnicos os alunos estão na faixa de 16 a 23, 24 anos e no PROEJA começa aos 24 e vai até 60 anos. Outra diferença é o tempo de Escola, os alunos do curso técnico estão dando continuidade, pós Ensino Médio e os do PROEJA terminaram o Ensino Fundamental há muito tempo. Para Pele-1 a principal diferença é que o aluno do curso técnico já vem com conhecimento que o professor pode começar daí, pode dar continuidade, não é preciso ficar retomando os conteúdos, pois ele já concluiu o Ensino Médio, tem menor ou nenhuma dificuldade. Já o aluno do PROEJA perdeu a sequência, a continuidade do processo, seja pelo tempo de afastamento da Escola ou pela idade, existe um vácuo na vida estudantil dele. 121 Pref-1 relata a sua experiência com os alunos do curso técnico seqüencial, numa aula em que introduziu o conceito de eletromagnetismo, que é abstração e, estes disseram não estar entendo nada. Conclui então, que o PROEJA não está distante do curso técnico seqüencial, pois este tem sido a forma de comportar do PROEJA. No sub-eixo-4.2: o Decreto de criação e o Documento Base do MEC: competências, habilidades e atitudes necessárias para atenderem o PROEJA Para esta questão Pedi-1, respondeu que o PROEJA é uma proposta que vai além da formação técnica é a formação de um cidadão. É a execução do plano do Governo, que vem cheio de sonhos e que tem falhas. E diz: O curso de Edificações começou em outubro de 2007 parou no início de dezembro, ficando dois meses de férias. E, quando era pra retornar, o professor de Informática, substituto, com contrato quase vencendo, a Escola tinha que aproveitar o momento dele, por isso as aulas de Topografia foram passadas para o Professor de Informática, para ele poder fechar o conteúdo dele. Dois meses depois entrou, ou seja, o pessoal que estava muito tempo fora de sala de aula pegou uma disciplina técnica, no primeiro semestre, que achou que não deveria ter acontecido, teve dois meses de aula ficou quatro meses sem aula e o semestre foi fechado em dois meses. Foi um caos, um semestre totalmente atípico, nem tinha ainda baixado a euforia deles por voltarem para uma sala de aula. E Pedi-1, completa: “tenho a impressão que o PROEJA, foi meio no susto. Sabe aquela coisa que o Governo lançou e o CEFET teve que correr pra pegar. Nem sei se o Projeto do PROEJA está pronto, eu não tive acesso. Se terminou, ainda tem algumas lacunas que não foram fechadas”. Pedi-1 respondeu que se sentiu feliz porque participou de um Projeto muito maior e por estar contribuindo comigo, nesta entrevista e para melhoria do próprio PROEJA. Enquanto educadora não tem como trabalhar sozinha, tem-se que estar junto dos colegas. A interdisciplinaridade não permite que os professores façam nada sozinhos. A sua disciplina depende de outras, assim como outras dependem da sua. Pele-1- coloca que quando leu o Decreto, achou tudo muito bonito, tudo amarradinho. A proposta pareceu ser excelente, com o detalhe, as coisas estão no papel. E dentre outras coisas, é que haveria um período para trabalhar com os professores, antes de eles assumirem essa nova realidade. Esse período não aconteceu, não existiu isso. Apesar da existência do curso de especialização voltado para o PROEJA, os professores destas turmas, na sua maioria, não foram capacitados, não participaram. 122 Pele-1, o lado positivo, acrescentou foi que, nesse período, teve contato com professores de outras disciplinas, e a angústia destes foram às mesmas suas como ensinar esses alunos? Como fazer para solucionar a barreira do conhecimento necessário para o ensino técnico, do pré-requisito? Pref-1, coloca que o nosso PROEJA pode atender a proposta do Governo Federal. E, o que o MEC propõe é muito bonito, que o cidadão deve ser inserido no mundo do trabalho, ter senso crítico, etc. Agora, o professor tem que agilizar, porque do jeito que está, não vamos alcançar os objetivos, a proposta não será cumprida, mas tem gente que fala que está ótimo. Perguntei para um aluno, quando eu estava ensinando matemática como reforço, conteúdos bem simples do Ensino Fundamental e um aluno me falou que já havia passado de matemática, não precisava estar ali. Esse aluno passou da matemática do Ensino Médio, mas não sabe a matemática básica necessária para o ensino técnico. Se esse aluno souber bem a matemática do Ensino Fundamental, ele nem precisa saber os conteúdos da oitava série. Basta pegar o ensino fundamental, dar uma pincelada em trigonometria, logaritmo, um pouco de matrizes e números complexos para Eletrotécnica, ele faz o curso técnico sem maiores dificuldades. Então, os professores do Departamento, que estão interessados podem repensar nessa proposta do PROEJA, nessas questões que sabemos, podem ser melhoradas. Pref-1 disse que se sentiu bem, por ser um defensor, um entusiasta do PROEJA, como a minha pessoa. Espera que consigamos convencer mais e mais professores para esse curso de importante inserção social e que faz com que a Escola cumpra o seu papel de formação técnica, melhoria das condições desses alunos, promovendo a geração de renda. Pedi-1, colocou como sendo necessário buscar metodologia adequada, pois não é possível dar aulas para PROEJA da mesma forma que para o curso técnico seqüencial. Para o PROEJA esse sujeito introduz o assunto na prática, onde os alunos têm maior produtividade e depois coloca os conceitos, a teoria, ao contrário do que faz com o curso técnico seqüencial. Foi essa a forma que conseguiu dar continuidade a sua proposta de ensino. Pele-1 afirma que as pessoas que têm competência para trabalhar uma disciplina no curso técnico, tem competência para turmas do curso PROEJA. A questão é como trabalhar outros aspectos? Interroga Pele-1. Por exemplo: 123 “o aspecto humano e o aspecto social. Os professores estão preparados para lidar com pessoas que perderam essa seqüência. Os professores sabem respeitar o momento da vida desse aluno, tentam interagir com ele, de forma a dar uma contribuição pra vida dele. Se o professor não tiver essa visão humana para com o aluno, vai ter muita dificuldade. A carência desses alunos não é só financeira, eles querem ascensão profissional, querem participação ativa na sociedade”. Para Pref-1 o professor não tem mudado sua forma de ministrar aulas para o PROEJA, nem mesmo àquele que fez o curso de Especialização, tem mudado sua postura. E esse sujeito completa: “Esse professor não percebeu que mais que a formação continuada é preciso dedicação, tempo, atenção, como a uma criança, mas que é um adulto. A Escola precisa despertar para a seriedade desse Projeto, pois esses alunos esperam muito de nós professores. O professor que não tem muita paciência, comprometimento, não insiste na aprendizagem, não está próximo do cidadão, não tem o perfil para ministrar aulas para o PROEJA”. O sub-eixo-4.3: Ensino-aprendizagem no PROEJA Pedi-1 acha que os professores que vão continuar a dar aulas para o PROEJA devem fazer o curso de Especialização, até para troca de experiência e aprender formas diferentes. Às vezes a gente pensa que não tem nenhuma outra forma de ministrar aulas, mas tem, tem e o que falta é discutir mais pra pontuar os problemas e a partir daí começar a ter soluções. Este estudo de, afirma mestrado, é um ponto positivo para o PROEJA, vai dar uma melhora e, com certeza, serão obtidos resultados interessantes e narrou que teve experiência de ministrar aulas, apenas, para o primeiro semestre do curso de Edificações, porque quis trabalhar outras disciplinas do curso técnico seqüencial. Coloca que o PROEJA é um Projeto de extrema importância por colocar pessoas que estão fora do mercado por falta de formação. Tem, também, a questão salarial para aqueles que trabalham na área, mas não tem o diploma. Para esse sujeito, é de extrema importância tentar fechar as lacunas em relação às perdas que esses alunos tiveram, mas como educadora sabe que é esse o papel do CEFT-MT/IFMT, como uma Instituição de Ensino Público que é. Passa pela Instituição, pelas ações burocráticas, mas na realidade, completa Pedi-1: “[...] mexe com vidas, com as pessoas, principalmente, com os alunos mais velhos do PROEJA”. Em síntese, a primeira coisa que o professor do PROEJA deve 124 fazer é pegar o Projeto, para ser o seu norte. E, cada um deve procurar uma metodologia para melhorar sua aula e alcançar o objetivo proposto. No seu caso, a metodologia que usou foi focar no objetivo que, para a disciplina Topografia, é a locação de uma obra. E, na prática, todos devem ficar sabendo locar uma obra, deixando, de ser conteudista, para alcançar o objetivo, que para a sua disciplina é “fazer a locação de uma edificação”. Pele-1 colocou que a carência dos alunos do PROEJA não é só de conhecimento, não é só financeira, eles querem ascensão profissional, querem participação ativa na sociedade, o que aumenta a responsabilidade da Escola e dos que trabalham nesse Programa e completa: Então no primeiro momento vejo o PROEJA dessa forma é... desarticulado com os professores, certo? Eu já tive oportunidade de ler alguns materiais sobre PROEJA em outros CEFET´s e a gente vê que existem pontos em comum com o CEFET Mato Grosso, mas me parece que em outros lugares, existe uma infra-estrutura maior, um número de pessoas alocadas, exclusivamente, para trabalhar com a implantação do PROEJA, né? E isso eu não vejo aqui, certo? Apesar de ter uma coordenação e tal mas é.. são ações de infra-estrutura muito tímidas, para um Projeto tão tão importante e que é.. implementou, inclusive, na escola, várias turmas e esta tendo seqüência, está vindo novas turmas, abrindo novas turmas e tal. Então, é... a gente observa que falta uma infra-estrutura mais alocada para o PROEJA, coisa específica, com profissionais envolvidos com o Projeto, só com ele, dedicados. É uma grande responsabilidade, que não tem como falar ainda, em aprendizagem, sem passar pelo que esses alunos querem. Pele-1 vê a implantação do PROEJA no CEFET-/IFMT, de forma muito abrupta, como uma política governamental que tivesse que ser implementada de qualquer maneira. E complementa: Como professor, eu ouvi, no começo, frases associadas a necessidade da implementação de matrículas, advindas do PROEJA. E que o CEFET seria obrigado a implementar o PROEJA, por exigência do governo. Então é como se fosse uma política governamental que vem de cima e que nós temos que sair correndo para implementar e fazer acontecer. Então no primeiro momento vejo o PROEJA dessa forma, desarticulado com os professores. Eu tive oportunidade de ler alguns materiais sobre PROEJA de outros CEFET´s e a gente vê que existem pontos em comum com o CEFET Mato Grosso, mais me parece que em outros lugares., parece que existe uma infra-estrutura maior, um número de pessoas alocadas, exclusivamente, para trabalhar com a implantação do PROEJA. E isso eu não vejo aqui, certo? Apesar de ter uma coordenação, são ações de infraestrutura muito tímidas, para um Projeto tão importante. Falta uma infraestrutura mais alocada para o PROEJA, coisa específica, com profissionais envolvidos com o Projeto, só com ele e dedicados. Pele-1: respondeu enfático que o que falta para o PROEJA é integração e interação entre os professores e a coordenação, pois na sua visão cada professor foi 125 para a sala de aula tentar adequar a uma realidade nova. E, coloca, ainda que na Escola tem professor que dá aula para o Ensino Médio, para o PROEJA, para o regular e para o Tecnólogo. É como se o professor apertasse botãozinho e que dissesse assim: agora é o PROEJA. Pref-1 – afirma enxergar o Ensino aprendizagem do PROEJA com uma deficiência gravíssima, que é a falta de laboratório. E, as informações que tem de países da Europa como a Inglaterra e dos Estados Unidos, através do Professor Dr W. C., a relação ideal do número de salas de aulas e o número de laboratório é de uma sala de aula por um laboratório. Não precisa ser uma por um aqui, mas pelo menos a cada seis salas de aula, um laboratório. Pref-1 relata a situação do aluno Carlos do curso de Refrigeração e Ar Condicionado que trabalha instalando e fazendo a manutenção de todos os equipamentos de refrigeração do Modelo e, por isso, tem uma prática muito grande e poderia ser um auxiliar no laboratório, montar os equipamentos mostrando para os colegas. Esse aluno relata Pref-1, falou: [?] eu não quero ter prática com vocês não, eu quero aprender porque eu estou fazendo aquilo lá, entendeu? E, continua esse sujeito: já pensou, Rita o aproveitamento que a gente faria com desse aluno Carlos?. Então esse Ensino aprendizagem, sala de aula, só sala de aula, eu não acredito nele não para o Ensino Técnico. E completa: Eu enxergo o Ensino aprendizagem do PROEJA Rita, com uma deficiência gravíssima... e você sabe qual que é. Ontem, foi feita uma reunião que só que falava... eu não gosto de reunião desse jeito. E... ah porque não temos sala,... temos que aumentar sala ... Ninguém falou que precisa aumentar laboratório. Ninguém esta preocupado com isso, Rita. Eu conversei uma vez com “” C: falei “C” você que já andou aí... por Estados Unidos, Inglaterra e até Europa... foi dar curso, .... qual a relação de sala de aula e laboratório? Falou: [ ?] o ideal é um por um. Se não tiver não precisa ser assim, mas o ideal é um por um. E aqui... A escola está preocupada em botar sala de aula... aluno, porque dá dinheiro ... entra dinheiro. Mas e laboratório? Então... ontem a “E” estava falando que... tava tudo cheio, não tinha sala de aula. Ela devia falar assim, gente nós não podemos aumentar porque não temos laboratório. Como é que eu vou pegar um Carlos da vida, lá do Modelo, que tem uma prática muito grande. Ele faz essa montagem lá .... no Modelo. Ele vem pra cá e eu não mostro nada pra ele. Ele chegou e falou, [ ?] eu não quero ter prática com vocês não, eu quero aprender porque eu estou fazendo aquilo lá, entendeu? Se eu tivesse um laboratório... se nós tivéssemos. Se eu pegasse um menino desse ... Falar, Carlos vem aqui agora, vem montar isso aqui vai mostrar para tudo mundo. Você já pensou, Rita o aproveitamento que a gente faria desse aluno? Para fazer... ele já faz. Então esse Ensino aprendizagem, sala de aula... só sala de aula, Rita eu não acredito nele não. Para Pref-1, o PROEJA é um Programa de inserção importante e, como ressaltou o ex-Diretor do CEFET-MT, na fala que proferiu para os participantes do 126 curso de Especialização PROEJA: é o mais importante Programa do MEC dos últimos anos. De fato, porém, nada fez para viabilizar a implantação do PROEJA. Na seqüência de três, as pessoas que foram designadas para a Coordenação do PROEJA não tinham experiência de sala de aula e nem foram apoiadas pela Direção Geral. Pref-1, fala que dentro das várias deficiências já citadas do PROEJA, resume que o que falta é um laboratório bem equipado, poder ser um laboratório para 30 trinta pessoas. E também colocar professores conscientes da deficiência do aluno do PROEJA e que cuide dele como o bom samaritano dizia: cuide deste sujeito e serás ressarcido de tudo que gastar. O professor deve estar próximo do aluno, cuidando dele para que não desista, não seja mais uma vez excluído, por achar que não é capaz. Volta a falar do aluno Carlos que apesar do conhecimento prático por trabalhar na área, ficou reprovado por falta de duas disciplinas do Ensino Médio. O Departamento está irredutível em deixar o Carlos seguir com a sua turma, apesar do seu conhecimento prático. Eu tenho insistido, coloca Pref-1, para que o Carlos possa continuar, fica de dependência, mas avança com a sua turma, pois tenho receio que ele desista. Se o Carlos desistir, para mim não tem PROEJA, acabou. Nós não estamos fazendo nada, afirma Pref-1. O PROEJA tem que ter flexibilidade, não pode ser terminativo no semestre. O FIC está dando certo porque ficou mais flexível. Percebemos nas narrativas, escritas e orais desses sujeitos que, apesar de tudo o que foi apresentado, da falta de infra-estrutura, da falta de laboratórios, da falta da definição de um Projeto Pedagógico exequível para o gerenciamento do Programa PROEJA do CEFET-MT/IFMT, ainda assim, este Programa vale a pena no sentido de resgatar socialmente, pois esta é uma das metas da educação. O resultado? Ainda é cedo para tirar conclusões. O certo, porém é que se deve (re)fazer o Projeto Pedagógico dessa modalidade de ensino, num forum que tenha a participação dos interessados: gestores, professores e alunos, bem como da classe empresarial, absorvedora desses técnicos. Deve-se, então ampliar a análise do PROEJA buscando a visão dos demais grupos participantes, com possibilidades de outros olhares e de novos estudos. 127 CONSIDERAÇÕES FINAIS A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. (Paulo Freire) Finalizando, volto à questão central do início do estudo que resultou nesta dissertação: o que os professores sabem e pensam do e sobre o Programa PROEJA? E também as questões decorrentes, no intuito de verificar se foram respondidas e quais são essas respostas. Os eixos temáticos oriundos das narrativas escritas e orais permitiram, nesta pesquisa, o trilhar do fazer docente, passando pelo conhecimento, modalidades de ensino e até aos cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT. As análises deste estudo permitiram entre outros aspectos, ressaltar o que pensam os sujeitos numa reflexão, através das narrativas, sobre os cursos do PROEJA e a relação que fazem com a atividade que exercem – a docência, como resultado dessa experiência, que cada um dos sujeitos possui na Instituição CEFETMT/IFMT e/ou outra. Percebemos, no caso desses professores, que apesar da experiência de ministrarem aulas para os cursos técnicos sequencial, eles tiveram que fazer adequações para as aulas que ministraram para as turmas do PROEJA, assim como também para as avaliações feitas, necessárias, para promoção dos alunos para o próximo semestre letivo ou retenção no mesmo semestre para os que não conseguiram a pontuação mínima necessária. Esses professores/sujeitos da educação profissional revelaram uma relação bastante positiva com a atividade “ministrar aulas para o PROEJA”, além da identificação que mostraram ter com os alunos. Isso posto, apesar da narrativa de um dos sujeitos de não desejar continuar ministrando aulas para as turmas do PROEJA e, de todos, colocarem como sendo necessária a capacitação específica e 128 focada, para ministrar aulas para essa turmas, mas não a Especialização PROEJA que, dizem, é uma abordagem teórica e generalista. Fazendo uma análise do que consta do Programa PROEJA percebe-se que os resultados da implantação são, atualmente, assunto de poucos dados, sendo uma lacuna a ser preenchida, a ser explorada em pesquisas teórico-metodológica, que permitam construir um modelo de execução que se aproxime do objetivo proposto alcançando o resgate social, que este país tem, para com o Jovem e Adulto, a quem não foi oportunizado freqüentar a escola. Assim, o Programa PROEJA, pode daqui a alguns anos ter superado os fatores que, hoje, são considerados, negativos pelos sujeitos pesquisados, pois segundo o documento Base do MEC: “O PROEJA visa a implantação de um modelo de Educação Profissional que proporcione a diversificação de oferta e a definição de cursos de forma adequada à realidade social, à realidade do mundo do trabalho e às exigências da moderna tecnologia”. E, também “busca resgatar uma dívida social histórica” para os que, à época considerada certa, não tiveram oportunidade de freqüentarem a Escola e hoje são os jovens e adultos excluídos do conhecimento e da participação econômica social do nosso país. Portanto, o alcance da Proposta do governo de resgate desses alunos dos cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT, que estiveram fora da escola, pode advir da (re)elaboração do Projeto Pedagógico, do (re)planejamento para a execução, do acompanhamento e (re)avaliação sistematizada desse Programa que objetiva a inclusão educacional e, conseqüentemente social, dos alunos que, na maioria, tem baixo poder econômico e pertencem a raça negra. Pois na região Centro Oeste, segundo o IBGE15, a média de anos de estudo da população de 10 anos ou mais de idade é de 6,3 anos, sendo que a raça branca tem 7,2 anos, a raça preta tem 5,2 anos e a raça parda tem 5,6 anos. Média inferior as médias das regiões do Sudeste e Sul que tem, respectivamente, 6,8 e 6,6 anos de estudos. A nossa região supera, apenas, as médias das regiões nordeste que é de 4,7 anos e a do norte que é de 6,1 anos. A média dos anos de estudo da população brasileira com 10 anos ou mais de idade é de 6,1 anos, sendo a maioria, em todas as regiões, da raça branca. 15 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 129 Ainda, este estudo revelou colocado pelos sujeitos, o quão é próximo da proposta do Governo o que desejam os professores que atuam nos cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT, o êxito do Programa PROEJA. O Governo Federal propôs para esse Programa seis princípios norteadores para a execução, constantes no Documento do Ministério da Educação (MEC!SETEC, p. 27, 28), sendo: O primeiro princípio diz respeito ao papel e compromisso que entidades públicas integrantes dos sistemas educacionais têm com a inclusão da população em suas ofertas educacionais. O princípio surge da constatação de que os jovens e adultos que não concluíram a educação básica em sua faixa etária regular têm tido pouco acesso a essas redes. Assim, um princípio dessa política — a inclusão — precisa ser compreendido não apenas pelo acesso dos ausentes do direito à escola, mas questionando também as formas como essa inclusão tem sido feita, muitas vezes promovendo e produzindo exclusões dentro do sistema, quando não assegura a permanência e o sucesso dos alunos nas unidades escolares. O sujeito Pref-1, nas suas colocações, tanto no questionário como na entrevista, afirma ser necessário atender o PROEJA, de forma diferenciada. Que o tempo de permanência do aluno na Escola seja flexível e que os professores tenham dedicação, sejam observadores das necessidades de cada turma e, às vezes, de cada aluno, para que ele não desista, para que, no seu tempo, possa adquirir a formação e, se assim não ocorrer, vamos continuar excluindo esse cidadão anteriormente excluído. E, é o que está proposto nesse primeiro princípio. O segundo princípio, decorrente do primeiro, consiste na inserção orgânica da modalidade EJA integrada à educação profissional nos sistemas educacionais públicos. Assume-se, assim, a perspectiva da educação como direito — assegurada pela atual Constituição no nível de ensino fundamental como dever do Estado. Além disso, alarga-se a projeção desse dever ao se apontar a educação básica iniciando-se na educação infantil e seguindo até a conclusão do ensino médio. Os sujeitos respondentes deste estudo tiveram a percepção deste princípio quando colocaram ser necessário a integração com o Ensino Fundamental, pois a maioria dos alunos é oriundo da EJA. E dentre as várias colocações, o sujeito Pref-1 propõe a reformulação do Projeto Pedagógico do Curso de Refrigeração e Ar Condicionado, incluindo um semestre para o estudo das Ciências, numa revisão dos conteúdos básicos do Ensino Fundamental de Matemática, Física, Química e 130 Biologia e ainda, o aumento da carga horária de Língua Portuguesa, para melhoria da escrita e de interpretação de texto, o que deve beneficiar as disciplinas técnicas. A ampliação do direito à educação básica, pela universalização do ensino médio constitui o terceiro princípio, face à compreensão de que a formação humana não se faz em tempos curtos, exigindo períodos mais alongados, que consolidem saberes, a produção humana, suas linguagens e formas de expressão para viver e transformar o mundo. A expansão do direito, portanto, inclui a universalização do ensino médio, como horizonte próximo, face à quase total universalização do acesso ao ensino fundamental. Esse princípio é continum do anterior e, também foi abordado pelo sujeito Pref-1 quando afirmou: [....]... eles puseram no FIC flexibilidade. Não começa em março. e termina em junho. Termina quando terminar. Lógico que tem a programação. Você também não vai ficar eternamente com o sujeito mas você tem que ter flexibilidade em função do que ele vai conseguindo absorver. Por isso que eles estão falando que esse FIC está dando mais certo porque ficou mais flexível. E quem botou a inflexibilidade e engessou o PROEJA, hoje nós podemos falar, foi a Natália. Ela e o pessoal pedagogo que estava no DE (p.11) O FIC, citado por Pré-1 é um projeto piloto do IFMT - Campus Cuiabá, a sigla significa Formação Inicial Continuada e tem como objetivo a Elevação da Escolaridade, como prevê as normas da EJA em relação a modalidade, além da capacitação profissional para os que atuaram ou já atuam na Construção Civil. É a primeira experiência brasileira nos moldes que está sendo executada, qualificação técnica, paralelamente com a elevação na escolaridade de Ensino Fundamental para Ensino Médio. Esse curso iniciou suas aulas no mês de outubro de 2008, tendo 30 participantes que trabalham ou já trabalharam no setor da construção como, pedreiro, encanador, eletricista, montador, etc.. O quarto princípio compreende o trabalho como princípio educativo. A vinculação da escola média com a perspectiva do trabalho não se pauta pela relação com a ocupação profissional diretamente, mas pelo entendimento de homens e mulheres que produzem sua condição humana pelo trabalho — ação transformadora no mundo, de si, para si e para outrem. O sujeito Pref-1 enfatiza a situação de um aluno do curso PROEJA que já atua no mercado, trabalha numa empresa do ramo de atuação do curso que faz, e por isso tem a experiência, mas não a teoria. O curso pode ser, para esse aluno, a 131 ação de transformação dele, para ele e para a sociedade familiar, social e até educativa, este, no sentido que coloca o sujeito de que ele pode ser um monitor que pode ajudar na formação dos colegas. Para GADOTTI (2001), na educação de jovens e adultos trabalhadores, uma estratégia de ensino é começar a partir da experiência de trabalho dos alunos e de suas relações com o mundo, aproveitando, também, a diversidade cultural. A Escola deve ter a preocupação com a formação global dos alunos e, para tanto deve conhecer para poder intervir, se necessário. O professor deve aproveitar o conhecimento do aluno, aprender com ele, sendo mediador do processo ensino-aprendizagem. Neste O quinto princípio define a pesquisa como fundamento da formação do sujeito contemplado nessa política, por compreendê-la como modo de produzir conhecimentos e fazer avançar a compreensão da realidade, além de contribuir para a construção da autonomia intelectual desses sujeitos/educandos. Paulo Freire condena todo o tipo de discriminação e determinismo que possa vir principalmente por parte do educador. Não aceita a indiferença do professor em relação a seus ensinos e ideologias, pois afirma que o professor deve viver segundo seus ensinamentos e credos. Esse profissional deve levar seus alunos a construírem seu conhecimento, instigá-los a curiosidade os levando a contrastarem os novos conhecimentos com a sua realidade, aplicando ou reformulando estes saberes a seu cotidiano. Outro conceito importante é o da consciência do inacabamento, no sentido que se deve estar em continuum busca do conhecimento. O sexto princípio considera as condições geracionais, de gênero, de relações étnicoraciais como fundantes da formação humana e dos modos como se produzem as identidades sociais. Nesse sentido, outras categorias para além da de “trabalhadores”, devem ser consideradas pelo fato de serem elas constituintes das identidades e não se separarem, nem se dissociarem dos modos de ser e estar no mundo de jovens e adultos. É um princípio relacionado às pessoas em geral e, superar os obstáculos que se apresentam, sejam de gênero para as profissões consideradas de um de outro ou de raças que podem estar aliadas, também, a condição econômica e que passa a ser o desafio dos participantes de uma comunidade escolar, mas que não foram abordadas forma clara, explícita, pelos sujeitos, foram, apenas, percebidas. Esta pesquisa merece um olhar em paralelo, na consulta das mesmas questões e metodologias a serem formuladas aos gestores e aos alunos e, mais 132 adiante, daqui a alguns anos, de novo e em novo percurso investigativo, trabalhar as vivências de todos esses segmentos. Isso devido a política pública de educação, no início de implantação, é de se esperar que ocorram fatores, que não a levem a alcançar os objetivos esperados, como são, nas narrativas dos sujeitos, as turmas dos cursos do PROEJA do CEFET-MT/IFMT. A avaliação, portanto, do que se obteve, no percurso deste estudo, é uma aprendizagem formativa que pode ser o ponto de continuidade do Programa PROEJA do CEFET-MT/IFMT não a finalização do que se pretendeu, inicialmente, estudar: O PROEJA na visão dos professores da Educação Profissional do CEFETMT/IFMT, dentro do que cada sujeito colocou, a partir da experiência que possui da atividade que desenvolve, expressando o que sabe e o que precisa saber e até o que acha que não sabe e que FREIRE (1996) denomina de “consciência hospedeira”. Logo, não foi o início, não é o final, mas um continum olhar de educadores que buscam cumprir o seu papel profissional, contribuindo para a execução de um Programa que foi proposto pelo governo, mas que hoje, é compromisso desses professores que abraçaram essa “causa”. É o primeiro de vários outros passos que podem ser dados e com diferentes olhares. 133 REFERÊNCIAS ANDRÉ, Marli E. D. A; LÜDKE, Menga. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 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Data de preenchimento do questionário: ________/________ /_____________ Você respondeu: ( ) Manual, ( ) Eletrônico(e-mail) 1ª parte – Dados pessoais: 1.1) Sexo: ( )Masculino, ( )Feminino 1.2) Idade: __________________ 1.3) Estado Civil: ( ( ) casado/a, ( )companheiro/a, ( 1.4) Você nasceu: ( ) solteiro/a, ( ) viúvo/a, )separado e/ou divorciado.. ) Em Cuiabá-MT, ( ) Em outro município de MT, 140 ( ) Em outro Estado do Brasil. Qual? Resposta_____________________ 1.5) Há quanto tempo você trabalha no CEFET-MT: _____________________ 1.6) Você entrou no CEFET-MT através de concurso? ( ) Sim, ( )Não. Outra forma: _____________________________________________________ 1.7) Você já exerceu outra atividade que não seja de professor? ( ( ) Sim, ) Não. Qual? _____________________________________________ 1.8) Sua atividade atual está de acordo com o/a cargo/função para o/a qual você entrou no CEFET? ( )Sim, ( )Não. 1.9) Além de suas funções específicas, você desempenhou ou desempenha outras atividades? ( ) Sim, ( ) Não. Qual: _______________________________ 2ª parte – Dados de Formação: 2.1) Você estudou em Escola Publica? ( ) Sim, ( ) Não. 2.2) Em que município e Estado você estudou? - A Educação Infantil: _____________________________________________ - O Ensino Fundamental ___________________________________________ - O Ensino Médio: ________________________________________________ - O Ensino Superior na Instituição: ___________________________________ 2.3) Qual a sua formação, quando entrou no CEFET-MT? Resposta: ____________ 2.4) Você participou do curso Esquema I? ( ) Sim, ( ) Não. Ano que concluiu: _____ Você participou do curso Esquema II? ( )Sim, ( )Não. Ano que concluiu: _____ 2.5) Quanto a Especialização do PROEJA, você fez? ( )Sim, ( )Não. Ano/mês que concluiu:_______________________________________ Quanto a Especialização do PROEJA, você está fazendo? ( ) Sim, ( )Não. Ano/mês que deve concluir ___________________________ 2.6) Quanto a Especialização do PROEJA, você pretende fazer? ( ) Sim ( ) Não Você fez outra Especialização? ( ) Sim, ( ) Não. Ano que concluiu: _______ Em qual Instituição? E em que área? Resposta: ________________________ Você fez Mestrado? ( ) Sim, ( ) Não. Ano que concluiu: _______________ Em qual Instituição? E em que área? Resposta: _________________________ 2.7) Você fez Doutorado? ( ) Sim, ( ) Não. Ano que concluiu: ______________ Em qual Instituição? E em que área? Resposta: _________________________ 141 2.8) Participou de cursos ou treinamentos nos últimos 2 anos? 2.9) ( ) Sim, ( ) Não. Qual/ais? Reposta: ______________________________ 2.10) Todos os cursos que você participou são da área da sua graduação? ( ) Sim, ( )Não. Você participou de curso de formação pedagógica? ( ) Sim, ( ) Não. Qual/ais? Resposta: _____________Ano: ____________ 3ª parte – Dados das atividades de docência: 3.1) Ser professor/a foi a sua primeira escolha profissional? ( ) Sim, ( )Não. ( ) Outra.Qual: ________________________________________________ 3.2) Se não fosse professor/a você gostaria de ter que outra profissão? Resposta: _______________________________________________________ 3.3) Foi sua a escolha de ministrar aulas para o PROEJA? ( ) Sim, ( ) Não. 3.4) Qual/ais as habilidades que você ministra para o PROEJA? Resposta: _________________________________________________ 3.5) Para qual curso do PROEJA você leciona? ( ( ) Eletrotécnica, ( ) Edificações, ) Refrigeração. 3.6) Quantas turmas de alunos você tem do PROEJA? .E de outros cursos: ______ 3.7) Qual o número médio de alunos/as por turma do PROEJA que você tem? _____________ E de outros cursos? _________________________________ 3.8) Qual a faixa etária dos seus alunos do PROEJA? ( ( ) 26 a 32 anos, ( ) 33 a 40 anos, ( ) 18 a 25 anos, ) acima de 40, ( 3.9) Os seus alunos do PROEJA são na maioria, do sexo: ( ( ) acima de 50 anos. ) Masculino ) Feminino. 3.10) Para a(s) turma(s) do PROEJA você ministra sua habilidade em laboratório? ( ) Sim, ( ) Não. Apenas em sala de aula comum? ( ) Sim, ( ) Não. 3.11) Para a(s) turma(s) do PROEJA você faz visita técnica com seus alunos? ( ) Sim, ( ) Não. ( ) No horário das aulas, ( ) Em outro horário. 3.12) As visitas técnicas possuem interdisciplinaridade com outra(s) habilidade(s)? ( ) Sim, ( ) Não. Qual/ais? ________________________________________ 3.13) No CEFET-MT, para qual/ais cursos você já lecionou? Resposta: __________ 3.14) Você acha importante o uso de recursos didáticos nas suas aulas? ( ) Sim, ( ) Não. 142 3.15) Qual/ais os recursos didáticos que você usa? Resposta: ________________ 3.16) Você disponibiliza material, para os seus alunos do PROEJA, por meio eletrônico? ( ) Sim, ( ) Não. 3.17) Para os alunos do PROEJA, Você adota livro didático? ( 3.18) Para os alunos do PROEJA, você adota apostila? ( 3.19) Elaborada por você? ( ) Sim, ( ) Sim, ( ) Sim, ( ) Não. ) Não. ) Não. 3.20) O seu plano de aulas para as turmas do PROEJA esta/será executado na totalidade? ( ) Sim, ( ) Não. Motivo: ___________________________ 3.21) Qual a avaliação que você faz dos seus alunos do PROEJA? ( ) prova escrita, ( ) prova oral ( ) Outra forma. Qual: _________________________ 3.22) Você passa/passou trabalhos para os seus alunos do PROEJA? ( ) Sim, ( ) Não. 3.23) Você corrige todos os exercícios que passa para os seus alunos do PROEJA? ( ) Sim, ( ) Não, ( ) Nem sempre. Por quê? Resposta: ________________ 3.24) Você aceita a solução dada por um aluno, para um problema apresentado e que seja diferente da sua? ( ) Sim, ( ) Não. 3.25) Qual o percentual médio de aprovação nas habilidades que você ministra? ( ) 100%, ( ) 95%, ( ) 90%( ) 85%, ( ) 80%( ) 75%, ( )70%, ( )Menos de 70%. 3.26) Você mudou sua forma de avaliar para a(s) turma(s) do PROEJA? ( ) Sim, ( ) Não. Por quê? Resposta: _____________________________ 3.27) A formação que você adquiriu após sua entrada no CEFET, mudou sua forma de ministrar aulas? ( ) Sim, ( ) Não. 4ª parte – O PROEJA: 4.1) Você conhece base legal do Programa PROEJA: 4.1.1 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB Nº. 9.394/96 diz em seu art. 37 que “a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria” ( ) Sim, ( ) Não. 4.1.2) o Decreto no 5.840, de 13 de julho de 2006 , ( ) Sim, ( ) Não. 4.1.3) a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, ( ) Sim, ( ) Não. 143 4.1.4) o Decreto no 5.154, de 23 de julho de 2004, ( ) Sim, ( ) Não. 4.1.5) os Pareceres CNE/CEB nº 16/99, nº 11/2000 e nº 39/2004 ( ) Sim, ( ) Não. 4.1.6) as Resoluções CNE/CEB nº 04/99 e nº 01/200 ( ) Sim, ( ) Não. 4.1.7) o Documento Base do PROEJA (BRASIL, MEC, 2006) ( ) Sim,( ) Não. 4.1.8) o Projeto Pedagógico dos cursos do PROEJA do CEFET-MT, ( ) Sim, ( )Não. 4.2) O Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA abrange cursos que, como o próprio nome diz, proporcionam formação profissional com escolarização para jovens e adultos. Os cursos oferecidos são: 1- Educação profissional técnica de nível médio com ensino médio, destinado a quem já concluiu o ensino fundamental e ainda não possui o ensino médio e pretende adquirir o título de técnico. 2- Formação inicial e continuada com o ensino médio, destinado a quem já concluiu o ensino fundamental e ainda não possui o ensino médio e pretende adquirir uma formação profissional mais rápida. ............................................................................................................................... Os cursos oferecidos, no CEFETMT, são: ( ) Do item 1, ( ) Do item 2. 4.3) O CEFET-MT, em sua opinião, poderia oferecer cursos dos dois itens? ( ) Sim, ( ) Não. Por quê? Resposta: ______________________________ 4.4) Qual/ais os pontos fortes do PROEJA no CFET-MT? Resposta: _____________ 4.5) Qual/ais os pontos fracos do PROEJA no CFET-MT? Resposta: ____________ 4.6) Qual sua expectativa sobre os cursos do PROEJA do CEFET-MT? Resposta:_______________________________________________________ 4.7) Qual a concepção de formação, em sua opinião, dos cursos do PROEJA do CEFET-MT? Resposta: ____________________________________________ 4.8) A integração Educação Profissional – Educação Básica - Educação de Jovens e Adultos é a grande interrogação, não só de quem vai atuar na área, mas de quem já está atuando, tanto no CEFET-MT, como em qualquer outra Instituição que oferece o PROEJA: como fazer essa integração? Resposta: ___________________________ 4.9) Como criar uma identidade do PROEJA dentro do CEFET-MT? Resposta: _______________________________________________________ 4.10) Os cursos do PROEJA diferem dos cursos técnicos do CEFET-MT? ( ) Sim, ( ) Não. Em que? Resposta: ______________________________ 144 4.11) Você se acha preparado para ministrar aulas para os cursos do PROEJA? ( ) Sim, ( ) Não. Porquê? Resposta: _____________________________ 4.12) A Especialização proposta pelo Governo Federal para os professores do PROEJA, facilita no desafio de “recuperar” os alunos jovens e adultos? ( ) Sim, ( ) Não. Porquê? Resposta: _____________________________ 4.13) Você quer continuar ministrando aulas para os cursos do PROEJA? ( ) Sim, ( ) Não. Porquê? Resposta: ______________________________ 4.14) Em relação aos cursos do PROEJA do CEFET-M, complete: 4.14.1) O curso do PROEJA, que ministro aulas é ___________________________ 4.14.2) O curso do PROEJA, que ministro aulas atende _____________________ 4.14.3) Para o curso do PROEJA, que ministro aulas falta ____________________ 4.14.4) Para o curso do PROEJA, que ministro aulas tem _____________________ 4.14.5) A relação entre os professores do curso do PROEJA, que ministro aulas é ___________________________________________________________________ 4.14.6) A visão que tenho dos cursos do PROEJA que ministro aulas é __________ 4.15) Registro de outras informações que você achar necessário_______________ 145 ANEXO II Roteiro da entrevista Bloco I - Apresentação Eu sou Rita Francisca Gomes Bezerra Casseb, mestranda em Educação, Área de concentração: Teorias e Práticas Pedagógicas da Educação Escolar, Linha de Pesquisa: Formação de Professores e Organização Escolar, sob a orientação da Professora Dra. Filomena Maria de Arruda Monteiro. Esta entrevista é o segundo momento da minha pesquisa: O PROEJA NA VISÃO DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO – CEFET- MT. Peço permissão para gravá-la e informo que não é obrigado(a) a responder o que não quiser e, se desejar pode pular ou deixar de responder alguma pergunta. Outras questões poderão ser discutidas, se achar importante. Bloco II - Dados do entrevistado Nome: Idade: Formação: Para qual curso do Proeja lecionou-leciona: Disciplina: Bloco III - Questões preparadas. Questão 1 - Fale do processo de criação/implantação do PROEJA. 146 Questão 2 - O Projeto Pedagógico do PROEJA contempla, a formação geral (Ensino Médio) e técnica (curso técnico)? Questão 3 - Aponte as facilidades de ministrar aulas nas turmas do PROEJA. Questão 4 - Aponte as dificuldades de ministrar aulas nas turmas do PROEJA. Questão 5 - Aponte as diferenças existentes entre ministrar aulas para turmas de cursos técnicos e turmas do PROEJA. Questão 6 - Que conhecimento, competências, habilidades e atitudes você julga como necessárias para ministra aulas para as turmas do PROEJA? Questão 7 - Qual a sua concepção sobre o PROEJA no CEFET-MT? Questão 8 - Qual a sua concepção sobre o ensino-aprendizagem do PROEJA? Questão 9 - O que falta para o PROEJA? Questão 10 - O PROEJA atende ao que está previsto no Decreto de sua criação e no Documento Base do MEC? Bloco IV – Encerramento Agradeço a sua disponibilidade e pergunto se ainda tem alguma questão relevante que queira registrar e como se sentiu respondendo as perguntas? 147 ANEXO III Grade Curricular da primeira Turma da Especialização PROEJA do CEFETMT/IFMT Módulo I - Matriciamentos da formação docente - 150h/a Trajetórias e saberes docentes: na EJA, na Educação Profissional e no Ensino Médio - 30 h/a Ementa: Matrizes, modelos, referências e espelhamentos da constituição da docência na pessoa. Processos de afirmação e identificação do ser e do saber docente nas trajetórias de vida de professores. Bases curriculares da EJA, da Educação Profissional e do Ensino Médio. História da escolarização no Brasil – ênfase na EJA, na Educação Profissional e no Ensino Médio - 30 h/a Ementa: Estudo analítico sobre a produção e a reprodução da escola no Brasil pela Modernidade, compreensão das principais visões pedagógicas e práticas educativas desenvolvidas no Brasil desde a colonização até a atualidade com ênfase na História da EJA, da Educação Profissional e do Ensino Médio. Psicologia da Adolescência e da Vida Adulta - 30 h/a. Ementa: Desenvolvimento psicológico na adolescência e vida adulta, incluindo a velhice: conceitos, características e processos segundo diferentes abordagens teóricas. Processos de subjetivação e cultura: questões relacionadas com amor, amizade e sexualidade, perdas e lutos, trabalho, consumo e lazer, cognição, ensino e aprendizagem; implicações pedagógicas com ênfase na realidade brasileira atual. 148 Metodologia de Pesquisa - 45 h/a. Ementa: A construção do objeto de pesquisa em Educação: motivações, delimitação do problema de pesquisa, delineamento teórico. A abordagem quantitativa com a utilização e interpretação de dados estatísticos; a abordagem qualitativa com a utilização e interpretação de dados qualitativos. Invenções e intervenções pedagógicas - 15 h/a. Ementa: Reflexões da / sobre a prática pedagógica e educativa a partir das experiências e vivências de cada educador. Saberes necessários à prática educativa. Trabalho do módulo: Memorial de cada aluno – individual Módulo II – Experiências inovadoras na Educação Profissional, na Educação de Jovens e Adultos e no Ensino Médio - 105 h/a Sujeitos da Educação, saberes e mundo do trabalho - 30 h/a Ementa: Mudanças no mundo do trabalho; saberes produzidos no e sobre o trabalho; os sujeitos e suas trajetórias; espaços de articulação entre escola e trabalho e a influência das redes de pertencimento como legitimação e valorização dos sujeitos e seus saberes. Políticas sociais e políticas educacionais - 30 h/a Ementa: A organização das políticas sociais no Brasil diante da atual crise do emprego. Políticas educacionais e suas interfaces na EJA, no Ensino Médio e na Educação Profissional. Sujeitos da Educação: gênero, etnicidade, questões geracionais, éticas religiosas, trabalho e geração de renda - 30 h/a. Ementa: Entendimento do sujeito da educação e sua experiência concreta em alternativas de geração de trabalho e renda, cotejando gênero, etnia, geração, éticas religiosas como constitutivas e constituintes desse sujeito. Orientação do preenchimento do cadastro de experiências alternativas – trabalho final do módulo. 149 Invenções e intervenções pedagógicas - 15 h/a. Ementa: Reflexões da / sobre a prática pedagógica e educativa a partir das experiências e vivências de cada educador. Saberes necessários à prática educativa. Trabalho do módulo: Preenchimento do cadastro de experiências inovadoras elaborado pela coordenação do curso – tarefa executada em grupo Módulo III – Gestão escolar e suas interfaces - 105 h/a Políticas educacionais e a gestão da escola - 30 h/a Ementa: Estudo teórico-prático da organização da escola como mediadora de políticas, de concepções e práticas pedagógicas; modelos organizacionais e de tempo-espaço na escola pública, democrática e de qualidade. Organização curricular da escola: exigências normativas, autonomia, papel dos diferentes atores e suas relações no pensar-fazer do projeto pedagógico – tempos e espaços escolares, componentes curriculares/ avaliação. A gestão democrática da escola: autonomia pedagógica, financeira e administrativa; A escola e suas interfaces. Projetos políticos pedagógicos - 30 h/a Ementa: Processos de construção, elaboração e análise de projetos políticopedagógicos. A dimensão coletiva do projeto político-pedagógico. Autonomia, responsabilidade e identidade da escola e do projeto político-pedagógico enquanto expressão de um projeto de sociedade. O projeto político-pedagógico como instrumento e ferramenta de gestão compartilhada e democrática da escola. A Escola e a Ética do Cuidado - 30 h/a Ementa: Reflexão à luz da teoria de Edgar Morin sobre os desafios que conceitos como movimento, organização, desordem e complexidade trazem para uma disposição ético-estético-afetiva que perceba a educação como processo intercultural de humanização e gestão do Cuidado. 150 Invenções e intervenções pedagógicas - 15 h/a. Ementa: Consolidação de uma política de (auto)formação continuada de professores no âmbito da escola numa perspectiva da valorização dos saberes docentes e de uma epistemologia da prática. A escola como lócus privilegiado da formação docente: uma formação de nós para nós mesmos. Trabalho do módulo: Pesquisa da realidade escolar, viabilizando instrumentos de investigação que envolvam pais, alunos, professores, funcionários e instituições da comunidade escolar – tarefa executada em grupo.