1 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe MORFOLOGIA, SEMÂNTICA E SINTAXE GUIA DE ESTUDO 5 PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 2 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe SUMÁRIO 1 MORFOLOGIA .............................................................................................. 03 1.1 Conceitos e definições ................................................................................ 05 1.2 Estrutura e formação das palavras ............................................................. 08 1.3 Categorias morfológicas ............................................................................. 11 1.4 Classes de palavras.................................................................................... 15 1.5 Análise morfológica..................................................................................... 20 2 SEMÂNTICA ................................................................................................. 21 2.1 Sinonímia .................................................................................................... 22 2.2 Antonímia.................................................................................................... 23 2.3 Homonímia ................................................................................................. 23 2.4 Paronímia ................................................................................................... 23 2.5 Polissemia .................................................................................................. 23 2.6 Denotação e conotação .............................................................................. 24 2.7 Semiótica .................................................................................................... 24 3 SINTAXE ....................................................................................................... 27 3.1 Funções sintáticas ...................................................................................... 29 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .......................................... 31 www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 3 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe 1 MORFOLOGIA Tecendo os fios iniciais de uma teia Dentro da linguística encontramos a Morfologia que tem por objeto de estudo a estrutura, a formação e classificação das palavras. Morfologia deriva da palavra morfema que está definido em Ferreira (2004) como “o elemento que confere o aspecto gramatical ao semantema, relacionando-o na oração e delimitando sua função e seu significado”. Semantema, por sua vez, é o elemento que encerra o significado de uma palavra. Exemplo: agrad-, no caso de agradar, agradável, agradecido, agrado, agradavelmente. É definido também como o “radical” da palavra, a raiz, a parte imutável da palavra (VILARINHO, 2009). Logo, o termo que encerra uma palavra ou sucede o seu radical é o responsável por nos informar a respeito de gênero, número, tempo, modo, pessoa e classe gramatical (VILARINHO, 2009), ou seja, os morfemas são responsáveis por nos informar o gênero, o número, o tempo e modo de um verbo e a classe gramatical de uma palavra. Partindo dessas informações, podemos inferir que Morfologia é a parte da gramática da língua que estuda os morfemas. Como se observa, o interessante da morfologia é que ela estuda cada palavra isoladamente e não dentro de uma frase, por exemplo. A morfologia está agrupada em dez classes, as quais são chamadas classes de palavras ou classes gramaticais. Elas são: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Temos a morfologia derivacional e flexional, sendo a primeira um conjunto de princípios que regem a formação de novas palavras numa língua e a segunda, o conjunto das mudanças na forma das palavras, na dependência de suas funções gramaticais. Enfim, a morfologia derivacional estuda os princípios e a morfologia flexional estuda as variações (FERREIRA, 2004). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 4 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe Em relação a morfologia flexional, alguns autores como Anderson (1992 apud Deus, 2009) acenam que “flexão é precisamente o campo em que os sistemas de regras sintáticas e morfológicas interagem”, constatando, dessa maneira, que a flexão não é um fenômeno estritamente morfológico, mas sim algo ligado à concordância, portanto, à Sintaxe, ou seja, um mecanismo morfossintático e não mais apenas uma característica interna da palavra, como querem as gramáticas tradicionais, evidenciando-se, dessa maneira, a interface existente entre a Morfologia e a Sintaxe. Para Cunha (2008, p.1) o estudo da morfologia derivacional nas gramáticas brasileiras apresenta inúmeros problemas, dentre eles: o peso da tradição dando ênfase à contribuição greco-latina ao idioma. São apresentadas listas de prefixos, radicais e sufixos, com seus significados, sem a preocupação de se saber se o falante nativo reconhece aqueles elementos como formadores de palavras no português atual, ou mesmo se reconhece seus significados nas palavras em que aparecem. Outro problema derivado do primeiro seria a mistura de sincronia e diacronia. Elementos mórficos altamente produtivos na língua atual, assim como outros improdutivos, mas que são reconhecidos pelos falantes, convivem com outros que somente um estudo diacrônico poderia detectar (CUNHA, 2008, p. 2). Nesse sentido, cabe ao professor de Língua Portuguesa conhecer e distinguir regras para mediar o conhecimento do aluno e permitir-lhe criar, não somente reproduzir as regras, ou seja, é fazer o aluno entender que muitas palavras, embora possíveis na língua, a partir de uma regra de formação de palavras, não se formam por um conjunto de restrições e bloqueios. Enfim, dentre as aplicabilidades da morfologia podemos apontar que uma melhor preparação do professor e um maior interesse de sua parte pelo estudo ajudam sobremaneira na melhoria do ensino. Ensino esse que leve o aluno a não ter medo de expor suas ideias e conclusões ao invés de levá-lo a memorizações desnecessárias. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 5 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe 1.1 Conceitos e definições Numa linguagem bem simples pode-se dizer que a Morfologia tem por objeto ou objetivo de estudo, as palavras dentro da nossa Língua, as quais são agrupadas em classes gramaticais ou classes de palavras. Em outras palavras, “é o estudo da estrutura e dos processos de flexão e formação dos vocábulos, bem como a classificação dos mesmos” (ALMEIDA, 1983, p. 80). A palavra morfologia vem do grego Morphê=figura + logias=estudo), que trata das palavras: a) quanto à sua estrutura e formação; b) Quanto às suas flexões; c) Quanto à sua classificação (ALMEIDA, 1983, p. 80). Conhecer os elementos que formam as palavras leva o sujeito a compreender melhor o significado de cada uma delas. E uma vez que grande parte das palavras comporta uma divisão em unidades menores, temos os seguintes elementos mórficos: Raiz, radical, tema: elementos básicos e significativos. Afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: elementos modificadores da significação dos primeiros. Vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou eufônicos. Especificamente dentro de Língua Portuguesa, Morfologia é a parte da gramática que estuda as classes e as formas das palavras, os seus paradigmas de flexão e os processos de formação de novos vocábulos e dentro da linguística é uma disciplina que descreve e analisa a estrutura interna das palavras, bem como os processos de formação e variação de palavras. Ainda dentro da Linguística, no nível de análise morfológica são encontradas duas unidades formais: a palavra e o morfema. Segundo Rosa (2000, p. 15) o termo forma pode ser tomado, num sentido amplo, como sinônimo de plano de expressão, em oposição a plano de conteúdo. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 6 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe Nesse caso, a forma compreende dois níveis de realização: os sons, destituídos de significados, mas que se combinam e formam unidades com significado; e as palavras, as quais, por sua vez, têm regras próprias de combinação para a composição de unidades maiores. Na Língua Portuguesa as palavras são classificadas de acordo com o papel que exercem dentro da frase. São dez as classes de palavras em português, e cada uma delas tem função específica na frase. Qualquer vocábulo em língua portuguesa vai ter de estar inserido em uma dessas dez classes de palavras, que são: substantivo, artigo, adjetivo, verbo, advérbio, pronome, numeral, conjunção, preposição, interjeição. Segundo Ilari e Basso (2006, p. 108) o estudo das classes de palavras nos dá a constatação de que há em toda língua, conjuntos numerosos de palavras que possuem as mesmas propriedades morfológicas e sintáticas e, portanto, podem ser descritas da mesma maneira. Nesse sentido, os gramáticos que tratam das classes de palavras, propõem uma exposição em dois momentos: primeiro, ele caracteriza a classe por sua morfologia (dizendo que os substantivos são simples, compostos, primitivos ou derivados e que variam em gênero, número e grau) depois ele fala de funções sintáticas (dizendo, por exemplo, que a principal função do substantivo é constituir o núcleo do sujeito, do objeto e de outros sintagmas nominais). Com relação à formação de palavras, a morfologia pode ser flexional ou derivacional. Enquanto a primeira diz respeito a flexão de gênero e número a segunda estuda os processos de formação de palavras que se baseiam na aplicação de prefixos e sufixos às raízes previamente disponíveis na língua (ILARI E BASSO, 2006, p. 103). Geralmente os objetivos de aulas de Língua Portuguesa no tocante à gramática passam pelo desenvolvimento de certas competências como: Identificar os processos fonológicos e morfológicos associados à flexão em gênero das formas nominais do Português; Aplicar corretamente as regras ao fazer análise derivacional de formas verbais; Conhecer e distinguir as classes de palavras e suas propriedades; www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 7 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe Realizar de forma correta, a análise da estrutura morfológica das palavras do Português (BRASIL, 1998). Como se observa, tanto o estudo das classes quanto o conhecimento da formação das palavras tem sido útil para compreender melhor a língua falada, entretanto, o que se espera é que hajam relações e não que o estudo aconteça de forma mecânica e decorativa como ainda acontece em muitas escolas de ensino regular. Nesse contexto, o profissional que escolhe o curso de especialização em Língua Portuguesa, muito provavelmente atua na área de educação e tanto por isso precisa conhecer profundamente as divisões da gramática como morfologia, semântica e sintaxe, dentre outras, não para aplicá-la na sala de aula de acordo com a gramática tradicional, mas para ter embasamento ao mediar o conhecimento do seu aluno e ajudá-lo a desenvolver as competências elencadas acima, tornando o processo ensino-aprendizagem além de efetivo, agradável. Falamos inicialmente sobre a morfologia derivacional e flexional. Esse é outro ponto importante dentro da morfologia e diz respeito ao processo de formação da palavra, que pode acontecer por derivação ou composição. Derivação é o processo pelo qual se obtém uma palavra nova, chamada derivada, a partir de outra já existente, chamada primitiva, sendo vários os tipos de derivação. Já a composição é o processo que forma palavras compostas, a partir da junção de dois ou mais radicais. Existem dois tipos: justaposição e aglutinação (SOPORTUGUES, 2009). O conhecimento dos radicais gregos e latinos também é de indiscutível importância para a exata compreensão e fácil memorização de inúmeras palavras. Enquanto de um lado se considera importante conhecer a estrutura das palavras, por outro, segundo Rocha (1999), as gramáticas tradicionais brasileiras sofrem com o peso da tradição, dando ênfase à contribuição greco-latina ao idioma. Essa questão leva a refletir sobre o imobilismo advindo das gramáticas tradicionais, que muitas vezes é observado nos níveis de ensino, fundamental e www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 8 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe médio, quando observa-se claramente que não há esforço da escola e dos professores em atualizar e parar de repetir para o aluno esse “conhecimento”. Nesse ponto é preciso concordar com Basílio (1987) quando este infere que a principal função dos processos de formação de palavra é a função semântica, ou seja, as palavras são criadas para expressar significados que, de outra forma, só poderiam ser expressos por meio de um conjunto de elementos. As explicações anteriores deixam bem claro a importância do estudo da estrutura da palavra visando sua função semântica, e sendo o professor, um mediador em todo processo de construção do conhecimento do aluno, dominando o conteúdo e tendo estímulos para ensinar seus alunos, o sucesso no processo ensino-aprendizagem tende a acontecer de maneira prazerosa. Enfim, um ensino que leve o aluno a não ter medo de expor suas ideias e suas conclusões ao invés de levá-lo a memorizações desnecessárias é o que deve buscar cada professor em sua área de especialização. Assim, acredita-se que compondo a grade de um curso de Língua Portuguesa, esta disciplina é de grande relevância ao profissional que esteja cursando a especialização. 1.2 Estrutura e formação das palavras Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores das palavras. Assim, compreendemos melhor o significado de cada uma delas. As palavras podem ser divididas em unidades menores, a que damos o nome de elementos mórficos ou morfemas. Vamos analisar a palavra “gatinhas”: Nessa palavra observamos facilmente a existência de quatro elementos. São eles: gat - este é o elemento base da palavra, ou seja, aquele que contém o significado. inh - indica que a palavra é um diminutivo www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 9 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe a - indica que a palavra é feminina s - indica que a palavra se encontra no plural Morfemas: unidades mínimas de caráter significativo. Obs.: existem palavras que não comportam divisão em unidades menores, tais como: mar, sol, lua, etc. Vamos voltar ao elementos mórficos: 1. Raiz, radical, tema: elementos básicos e significativos. 2. Afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: elementos modificadores da significação dos primeiros. 3. Vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou eufônicos. A raiz é o elemento originário e irredutível em que se concentra a significação das palavras, consideradas do ângulo histórico. É a raiz que encerra o sentido geral, comum às palavras da mesma família etimológica. Observe o exemplo: Raiz = noc [Latim nocere = prejudicar] tem a significação geral de causar dano, e a ela se prendem, pela origem comum, as palavras nocivo, nocividade, inocente, inocentar, inócuo, etc. Obs.: uma raiz pode sofrer alterações. Veja o exemplo: at-o at-or at-ivo aç-ão ac-ionar O radical é o elemento básico e significativo das palavras, consideradas sob o aspecto gramatical e prático. É encontrado através do despojo dos elementos secundários (quando houver) da palavra. Por Exemplo: www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 10 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe cert-o cert-eza in-cert-eza Os afixos são os elementos secundários (geralmente sem vida autônoma) que se agregam a um radical ou tema para formar palavras derivadas. Sabemos que o acréscimo do morfema “-mente”, por exemplo, cria uma nova palavra a partir de “certo”: certamente, advérbio de modo. De maneira semelhante, o acréscimo dos morfemas “a-“ e “-ar” à forma “cert-” cria o verbo acertar. Observe que a- e -ar são morfemas capazes de operar mudança de classe gramatical na palavra a que são anexados. Quando são colocados antes do radical, como acontece com “a-”, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como “-ar”, surgem depois do radical, os afixos são chamados de sufixos. As desinências são os elementos terminais indicativos das flexões das palavras. Existem dois tipos: Desinências Nominais: indicam as flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes. Exemplos: alun-o aluno-s alun-a aluna-s Observação: só podemos falar em desinências nominais de gêneros e de números em palavras que admitem tais flexões, como nos exemplos acima. Em palavras como mesa, tribo, telefonema, por exemplo, não temos desinência nominal de gênero. Já em pires, lápis, ônibus, não temos desinência nominal de número. Desinências Verbais: indicam as flexões de número e pessoa e de modo e tempo dos verbos. A desinência “-o”, presente em “am-o”, é uma desinência número-pessoal, pois indica que o verbo está na primeira pessoa do singular; “-va”, de “ama-va”, é desinência modo-temporal: caracteriza uma forma verbal do pretérito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 11 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe Vogal Temática é a vogal que se junta ao radical, preparando-o para receber as desinências. Nos verbos, distinguem-se três vogais temáticas: A E I. 1.3 Categorias morfológicas Não é fácil definir categorias morfológicas, dada a heterogeneidade do conjunto tradicionalmente levantado pelos linguistas. O melhor em se tratando dessas categorias é fazer uma definição extensiva. Em português, nos interessam as categorias tratadas por soluções baseadas em flexão. Assim sendo, consideramos as categorias de número, gênero, pessoa, caso, tempo, modo e aspecto. Poderíamos agregar à lista a categoria de definição, ligada ao uso dos artigos, mas em português esta categoria é um caso limítrofe que precisa de abordagem à parte (MANOSSO, 2010). De forma simplificada, consideramos categoria morfológica a solução baseada em flexão, usada na língua para agregar traços específicos ao significado da palavra. Esses traços se distribuem de forma complementar, ou seja, quando um está presente, fica implícita a ausência do outro e todas as ocorrências possuem um dos traços possíveis. Nosso sistema de flexão em número comporta singular e plural. Línguas como o grego apresentam singular, dual e plural. A categoria número tem função semântica, pois indica singularidade ou pluralidade do significado do termo flexionado. Também apresenta função sintática, pois as frases em português seguem regras de concordância em que alguns termos da frase devem concordar entre si em número. Os gêneros são o masculino e o feminino. Não é possível atribuir característica semântica de sexo para alguns substantivos como garfo, colher, prato, mas em português mesmo substantivos assexuados estão associados convencionalmente a um gênero para garantir o funcionamento das regras de concordância sintática (MANOSSO, 2010). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 12 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe Em português, há dois sistemas de flexão de grau: o diminutivo-normalaumentativo, típico dos substantivos e adjetivos e o sistema normal-superlativo, usado com adjetivos (CEGALLA, 2008). A categoria de pessoa é usada para discriminar as pessoas do discurso. Elas são três no português: primeira (quem fala), segunda (a quem se fala) e terceira (de quem se fala) (CEGALLA, 2008). A categoria morfológica de tempo também é típica dos verbos. Em nosso sistema verbal temos basicamente três tempos: futuro, passado e presente (CEGALLA, 2008). A categoria de modo está presente no sistema verbal do português. O verbo pode ser flexionado em três modos diferentes: imperativo, indicativo e subjuntivo. Simplificadamente, o modo indicativo é empregado para indicar ações de consumação certa, o subjuntivo para expressar ações hipotéticas ou o desejo de que determinada ação venha a se consumar e o imperativo é usado para incitar à ação (CEGALLA, 2008). Não existe só uma categoria de aspecto em português, mas três, que agrupamos em uma só por se manifestarem em apenas algumas flexões do sistema verbal. O aspecto de afirmação está presente nas flexões verbais do modo imperativo. Este tempo verbal pode ter aspecto afirmativo, quando se incita positivamente à ação ou negativo, quando se incita à não consumar a ação. O aspecto de consumação ocorre nas flexões verbais do futuro do modo indicativo. Este aspecto pode ser confirmado, caso a ação seja considerada como certa no futuro ou então, cancelado, quando a ação é dada como não passível de consumação futura. O aspecto de duração está presente nos tempos verbais do modo indicativo passado. Temos o aspecto pontual que indica ações consumadas em um momento específico. O aspecto durativo indica ações que se estendem para aquém e além de uma determinada marca temporal no passado. O aspecto imperfeito indica ações continuadas no passado. Por fim, o aspecto anterior indica ação consumada num passado anterior a uma marca temporal do passado (MANOSSO, 2010). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 13 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe No quadro abaixo encontramos de forma resumida, as possibilidade de flexão de cada categoria morfológica do português. Categoria Número Gênero Grau Caso Pessoa Tempo Modo Aspecto de afirmação Aspecto de consumação Aspecto de duração Definição Flexões Plural e singular Feminino e masculino Aumentativo, diminutivo, normal, e superlativo Oblíquo e reto Primeira, segunda e terceira Futuro, passado e presente Imperativo, indicativo e subjuntivo Negativo e positivo Cancelado e confirmado Anterior, durativo e pontual Definido e indefinido 1.4 Classes de palavras Na língua portuguesa, há dez classes de palavras, classificação que acontece de acordo com as funções exercidas nas orações. As seis primeiras são variáveis, ou seja, flexionam-se em gênero, número, etc. e as quatro últimas são invariáveis (CEGALLA, 2008). 1 Substantivo É a palavra variável que denomina qualidades, sentimentos, sensações, ações, estados e seres em geral. Quanto a sua formação, o substantivo pode ser primitivo (jornal) ou derivado (jornalista), simples (alface) ou composto (guardachuva). Já quanto a sua classificação, ele pode ser comum (cidade) ou próprio (Curitiba), concreto (mesa) ou abstrato (felicidade). Os substantivos concretos designam seres de existência real ou que a imaginação apresenta como tal: alma, fada, santo. Já os substantivos abstratos designam qualidade, sentimento, ação e estado dos seres: beleza, cegueira, dor, fuga. Os substantivos próprios são sempre concretos e devem ser grafados com iniciais maiúsculas. Certos substantivos próprios podem tornar-se comuns, pelo processo de derivação imprópria. Os substantivos abstratos têm existência independente e podem ser reais ou não, materiais ou não. Quando esses substantivos abstratos são de qualidade tornam-se concretos no plural (riqueza X riquezas). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 14 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe Muitos substantivos podem ser variavelmente abstratos ou concretos, conforme o sentido em que se empregam (a redação das leis requer clareza / na redação do aluno, assinalei vários erros). Já no tocante ao gênero (masculino X feminino) os substantivos podem ser: biformes: quando apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. (rato, rata ou conde X condessa). uniformes: quando apresentam uma única forma para ambos os gêneros. Nesse caso, eles estão divididos em: -epicenos: usados para animais de ambos os sexos (macho e fêmea) albatroz, badejo, besouro, codorniz; -comum de dois gêneros: aqueles que designam pessoas, fazendo a distinção dos sexos por palavras determinantes - aborígine, camarada, herege, manequim, mártir, médium, silvícola; -sobrecomuns - apresentam um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos - algoz, apóstolo, cônjuge, guia, testemunha, verdugo. 2 Artigo É a palavra variável que restringe a significação do substantivo, indicando qualidades e características deste. Mantém com o substantivo que determina relação de concordância de gênero e número. Temos adjetivos pátrios quando indicam a nacionalidade ou a origem geográfica, normalmente são formados pelo acréscimo de um sufixo ao substantivo de que se originam (Alagoas por alagoano). Podem ser simples ou compostos, referindo-se a duas ou mais nacionalidades ou regiões; nestes últimos casos assumem sua forma reduzida e erudita, com exceção do último elemento (francoítalo-brasileiro). Temos também as locuções adjetivas: expressões formadas por preposição e substantivo e com significado equivalente a adjetivos (anel de prata = anel argênteo / andar de cima = andar superior / estar com fome = estar faminto). 3 Numeral www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 15 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe Quanto à variação dos adjetivos, eles apresentam as seguintes características: -O gênero é uniforme ou biforme (inteligente X honesto[a]). Quanto ao gênero, não se diz que um adjetivo é masculino ou feminino, e sim que tem terminação masculina ou feminina. -No tocante a número, os adjetivos simples formam o plural segundo os mesmos princípios dos substantivos simples, em função de sua terminação (agradável X agradáveis). Já os substantivos utilizados como adjetivos ficam invariáveis (blusas cinza). Quanto ao grau, os adjetivos apresentam duas formas: comparativo e superlativo. -O grau comparativo refere-se a uma mesma qualidade entre dois ou mais seres, duas ou mais qualidades de um mesmo ser. Pode ser de igualdade: tão alto quanto (como / quão); de superioridade: mais alto (do) que (analítico) / maior (do) que (sintético) e de inferioridade: menos alto (do) que. -O grau superlativo exprime qualidade em grau muito elevado ou intenso. O superlativo pode ser classificado como absoluto, quando a qualidade não se refere à de outros elementos. Pode ser analítico (acréscimo de advérbio de intensidade) ou sintético (-íssimo, -érrimo, -ílimo). (muito alto X altíssimo) O superlativo pode ser também relativo, qualidade relacionada, favorável ou desfavoravelmente, à de outros elementos. Pode ser de superioridade analítico (o mais alto de/dentre), de superioridade sintético (o maior de/dentre) ou de inferioridade (o menos alto de/dentre). 4 Pronome É palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha um substantivo, indicando-o como pessoa do discurso. Eles representam os nomes dos seres ou os determinam, indicando a pessoa do discurso (CEGALLA, 2008). A diferença entre pronome substantivo e pronome adjetivo pode ser atribuída a qualquer tipo de pronome, podendo variar em função do contexto frasal. Assim, o pronome substantivo é aquele que substitui um substantivo, representando-o. (Ele www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 16 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe prestou socorro). Já o pronome adjetivo é aquele que acompanha um substantivo, determinando-o. (Aquele rapaz é belo). Os pronomes pessoais são sempre substantivos. Quanto às pessoas do discurso, a língua portuguesa apresenta três pessoas: 1ª pessoa - aquele que fala, emissor; 2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor; 3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, referente. Há seis espécies de pronomes: pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. 5 Verbos É a palavra variável que exprime um acontecimento representado no tempo, seja ação, estado ou fenômeno da natureza. Os verbos apresentam três conjugações. Em função da vogal temática, podem-se criar três paradigmas verbais. De acordo com a relação dos verbos com esses paradigmas, obtém-se a seguinte classificação: regulares: seguem o paradigma verbal de sua conjugação; irregulares: não seguem o paradigma verbal da conjugação a que pertencem. As irregularidades podem aparecer no radical ou nas desinências (ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão); Entre os verbos irregulares, destacam-se os anômalos que apresentam profundas irregularidades. São classificados como anômalos em todas as gramáticas os verbos ser e ir. defectivos: não são conjugados em determinadas pessoas, tempo ou modo (falir - no presente do indicativo só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural). Os defectivos distribuem-se em três grupos: impessoais, unipessoais (vozes ou ruídos de animais, só conjugados nas 3ª pessoas) por eufonia ou possibilidade de confusão com outros verbos; www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 17 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe abundantes - apresentam mais de uma forma para uma mesma flexão. Mais frequente no particípio, devendo-se usar o particípio regular com ter e haver; já o irregular com ser e estar (aceito/aceitado, acendido/aceso - tenho/hei aceitado ≠ é/está aceito); auxiliares: juntam-se ao verbo principal ampliando sua significação. Presentes nos tempos compostos e locuções verbais; certos verbos possuem pronomes pessoais átonos que se tornam partes integrantes deles. Nesses casos, o pronome não tem função sintática (suicidar-se, apiedar-se, queixar-se etc.); Temos também as formas rizotônicas (tonicidade no radical - eu canto) e formas arrizotônicas (tonicidade fora do radical - nós cantaríamos). 6 Artigo Precede o substantivo para determiná-lo, mantendo com ele relação de concordância. Assim, qualquer expressão ou frase fica substantivada se for determinada por artigo (O 'conhece-te a ti mesmo' é conselho sábio). Em certos casos, serve para assinalar gênero e número (o/a colega, o/os ônibus). Os artigos podem ser classificado em: definido - o, a, os, as - um ser claramente determinado entre outros da mesma espécie; indefinido - um, uma, uns, umas - um ser qualquer entre outros de mesma espécie; Podem aparecer combinados com preposições (numa, do, à, entre outros). 7 Numeral Numeral é a palavra que indica quantidade, número de ordem, múltiplo ou fração. Classifica-se como cardinal (1, 2, 3), ordinal (primeiro, segundo, terceiro), multiplicativo (dobro, duplo, triplo), fracionário (meio, metade, terço). Além desses, ainda há os numerais coletivos (dúzia, par). Quanto ao valor, os numerais podem apresentar valor adjetivo ou substantivo. Se estiverem acompanhando e modificando um substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um substantivo e designando seres, terão valor www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 18 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe substantivo. [Ele foi o primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo) / Ele será o primeiro desta vez. (valor substantivo)]. 8 Advérbios É a palavra que modifica o sentido do verbo (maioria), do adjetivo e do próprio advérbio (intensidade para essas duas classes). Denota em si mesma uma circunstância que determina sua classificação: lugar: longe, junto, acima, ali, lá, atrás, alhures; tempo: breve, cedo, já, agora, outrora, imediatamente, ainda; modo: bem, mal, melhor, pior, devagar, a maioria dos adv. com sufixo mente; negação: não, qual nada, tampouco, absolutamente; dúvida: quiçá, talvez, provavelmente, porventura, possivelmente; intensidade: muito, pouco, bastante, mais, meio, quão, demais, tão; afirmação: sim, certamente, deveras, com efeito, realmente, efetivamente. As palavras onde (de lugar), como (de modo), porque (de causa), quanto (classificação variável) e quando (de tempo), usadas em frases interrogativas diretas ou indiretas, são classificadas como advérbios interrogativos (queria saber onde todos dormirão / quando se realizou o concurso). 9 Preposição É a palavra invariável que liga dois termos entre si, estabelecendo relação de subordinação entre o termo regente e o regido. São antepostos aos dependentes (objeto indireto, complemento nominal, adjuntos e orações subordinadas). Divide-se em: essenciais (maioria das vezes são preposições): a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás; acidentais (palavras de outras classes que podem exercer função de preposição): afora, conforme (= de acordo com), consoante, durante, exceto, salvo, segundo, senão, mediante, visto (= devido a, por causa de) etc. (Vestimo-nos conforme a moda e o tempo / Os heróis tiveram como prêmio www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 19 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe aquela taça / Mediante meios escusos, ele conseguiu a vaga / Vovó dormiu durante a viagem). As preposições essenciais regem pronomes oblíquos tônicos; enquanto preposições acidentais regem as formas retas dos pronomes pessoais. (Falei sobre ti/Todos, exceto eu, vieram). As locuções prepositivas, em geral, são formadas de advérbio (ou locução adverbial) + preposição - abaixo de, acerca de, a fim de, além de, defronte a, ao lado de, apesar de, através de, de acordo com, em vez de, junto de, perto de, até a, a par de, devido a. Observa-se que a última palavra da locução prepositiva é sempre uma preposição, enquanto a última palavra de uma locução adverbial nunca é preposição. 10 Interjeição São palavras que expressam estados emocionais do falante, variando de acordo com o contexto emocional. Podem expressar: alegria - ah!, oh!, oba! advertência - cuidado!, atenção afugentamento - fora!, rua!, passa!, xô! alívio - ufa!, arre! animação - coragem!, avante!, eia! aplauso - bravo!, bis!, mais um! chamamento - alô!, olá!, psit! desejo - oxalá!, tomara! / dor - ai!, ui! espanto - puxa!, oh!, chi!, ué! impaciência - hum!, hem! silêncio - silêncio!, psiu!, quieto! São locuções interjetivas: puxa vida!, não diga!, que horror!, graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo! (PCI, 2010). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 20 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe 1.5 Análise morfológica A análise morfológica consiste em dar a classe das palavras, sua classificação, fazer o levantamento dos diversos acidentes gramaticais (gênero, número, grau, pessoa, etc.) e identificar-lhes o processo de formação e os elementos mórficos que as constituem. Em palavras mais simples, é o estudo de cada uma das palavras de uma frase, visando a sua classe, ou seja, independentemente da análise da frase. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 21 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe 2 SEMÂNTICA Para discorrermos sobre a importância e aplicabilidade prática da semântica no curso de especialização em Língua Portuguesa, tomaremos como base os fundamentos da Gramática Gerativa transformacional, que é um tipo particular de gramática ge(ne)rativa. Essa noção de gramática foi introduzida na linguística na década de 1950, por Noam Chomsky, renovando completamente a investigação nessa área do conhecimento. Seu objetivo é exatamente transformar. Segundo Schutz (2003) a teoria linguística gerativo-transformacional revolucionou conceitos e trouxe um elemento novo: o de que a linguagem humana é criativa, e de que a capacidade (competence) de um falante nativo (native speaker) com bom grau de instrução, através da qual ele consegue produzir um número ilimitado de frases, é que determina a “gramaticalidade” ou a “aceitabilidade” da língua. Voltando um pouco no tempo, é preciso definir a gramática tradicional, normativa ou ainda, prescritiva, como uma tentativa de estabelecer um ordenamento lógico em um determinado idioma e definir normas que vão determinar o que é apropriado no uso desse idioma. Daí surge a noção de certo e errado. Aquilo que não estiver de acordo com as normas, com as regras gramaticais, é classificado como errado. Esta teoria predominou desde meados do século XVIII até o início deste século, e ainda hoje é encontrada no currículo de muitas escolas. No quadro da gramática gerativa, semântica é um meio de representação do sentido dos enunciados. A teoria semântica deve explicar as regras gerais que condicionam a interpretação semântica dos enunciados do mesmo modo que a teoria fonológica deve explicar as regras fonológicas universais, das quais as línguas não utilizam senão, um subconjunto (DUBOIS, 1973, p. 528). Simplificadamente, a semântica estuda o sentido e a aplicação das palavras em um determinado contexto. Por exemplo: a palavra manga pode ter vários significados, de uma fruta a uma parte de uma roupa. A semântica estuda as relações entre o signo e a coisa significada, sem qualquer referência aos falantes e a sintaxe, as relações formais entre os signos, www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 22 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe com independência das pessoas que falam e as relações com as coisas significadas (CUNHA, 2008). Os estudos semânticos podem ser descritivos ou sincrônicos, quando se referem à significação das formas linguísticas e às relações significativas que mantêm entre si num determinado espaço de tempo, e históricos ou diacrônicos, quando se referem às significações no decorrer do tempo (ou seja, as transformações de sentido de uma forma ou às mudanças que se verificam entre as relações significativas que mantêm entre si). Para estudar, usar e falar de semântica, o estudioso, no caso o professor, deve dominar alguns conceitos que levam à semântica, como por exemplo: conotação, denotação, homonímia, lexema, metassemia, onomasiologia, dentre outros. É necessário esclarecer que nem sempre o termo semântica tem no mundo científico contemporâneo o mesmo significado. Nas novas investigações lógicas aparece uma ciência chamada de Semiótica, que é a teoria dos signos, e nessa ciência, altamente formalizada, distinguem-se três ramos: 1. Pragmática – Todo estudo que considera os indivíduos como falantes. 2. Semântica – Estuda as relações entre o signo e a coisa significada, sem qualquer referência aos falantes. 3. Sintaxe – Relações formais entre os signos, com independência das pessoas que falam e as relações com as coisas significadas. Adiante falaremos da semiótica. As relações de sentido dentro da semântica lexical nos levam a algumas definições muito importantes: 2.1 Sinonímia Os sinônimos são palavras de sentido igual ou aproximado. 2.2 Antonímia São palavras de significação oposta. 2.3 Homonímia www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 23 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe Os homônimos são palavras que têm a mesma pronúncia, e às vezes a mesma grafia, mas sentido diferente. O mais impressionante nos homônimos, segundo Cegalla (2008) é o seu aspecto gráfico e fonético, por isso serem divididos em: Homógrafos heterofônicos – iguais na escrita e diferentes no timbre ou na intensidade das vogais. Ex: rego (substantivo) e rego (verbo) para (verbo parar) e para (preposição) Homófonos heterográficos – iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Ex: acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir) paço (palácio) e passo (andar) Homófonos homográficos – iguais na escrita e na pronúncia. Ex: somem (verbo somar) e somem (verbo sumir) Cedo (verbo) e cedo (advérbio) 2.4 Parônimia São palavras parecidas na escrita e na pronúncia. Ex: coro e couro; cesta e sesta; osso e ouço; infligir e infrigir 2.5 Polissemia Acontece quando uma palavra pode ter mais de uma significação. A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. 2.6 Denotação e conotação Certas palavras tem o grande poder de evocar uma extraordinária carga semântica, ou seja, são capazes de sugerir muito mais do que o objeto designado. O sentido denotativo quer dizer exatamente aquilo que a palavra é. Ou seja, quando falamos a palavra ouro estamos falando de um metal, precioso, brilhante, de cor amarela. É o seu sentido real, próprio. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 24 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe Quando falamos em sentido conotativo queremos dizer que há várias ideias associadas, evocações que irradiam da palavra. Nesse sentido ouro quer dizer, prazer, conforto, glória, luxo, ostentação (CEGALLA, 2008). 2.7 Semiótica A semiótica provém da raiz grega „semeion‟, que denota signo. Assim, desta mesma fonte, temos „semeiotiké‟, „a arte dos sinais‟. Esta esfera do conhecimento existe há um longo tempo, e revela as formas como o indivíduo dá significado a tudo que o cerca. Ela é, portanto, a ciência que estuda os signos e todas as linguagens e acontecimentos culturais como se fossem fenômenos produtores de significado, neste sentido define a semiose (SANTANA, 2008). A Linguística era um dos campos da Semiologia, hoje em dia, essas ciências trabalham lado a lado. Segundo alguns autores, a semiótica nunca foi considerada parte da linguística. De fato, ela se desenvolveu quase exclusivamente graças ao trabalho de não-linguistas, particularmente na França, onde é frequentemente considerada uma disciplina importante. No mundo de língua inglesa, contudo, não desfruta de praticamente nenhum reconhecimento institucional (SANTANA, 2008). Embora a língua seja considerada o caso paradigmático do sistema de signos, grande parte da pesquisa semiótica se concentrou na análise de domínios tão variados como os mitos, a fotografia, o cinema, a publicidade ou os meios de comunicação. A influência do conceito linguístico central de estruturalismo, que é mais uma contribuição de Saussure, levou os semioticistas a tentar interpretações estruturalistas, num amplo leque de fenômenos. Objetos de estudo, como um filme ou uma estrutura de mitos, são encarados como textos que transmitem significados, sendo esses significados tomados como derivações da interação ordenada de elementos portadores de sentido, os signos, encaixados num sistema estruturado, de maneira parcialmente análoga aos elementos portadores de significado numa língua (SANTANA, 2008). Quando deliberadamente enfatiza a natureza social dos sistemas de signos, a semiótica tende a ser altamente crítica e abstrata. Nos últimos anos, porém, os www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 25 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe semioticistas se voltam cada vez mais para o estudo da cultura popular, sendo hoje em dia comum o tratamento semiótico das novelas de televisão e da música popular. Ela lida com os conceitos, as ideias, estuda como estes mecanismos de significação se processam natural e culturalmente. Ao contrário da linguística, a semiótica não reduz suas pesquisas ao campo verbal, expandindo-o para qualquer sistema de signos – Artes visuais, Música, Fotografia, Cinema, Moda, Gestos, Religião, entre outros. O conhecimento tem um duplo aspecto. Seu ponto de vista semiótico referese ao significante, enquanto o epistemológico está conectado ao sentido dos objetos. A origem da semiótica remonta à Grécia Antiga, assim sendo ela é contemporânea do nascimento da filosofia. Porém, mais recentemente é que se expressaram os mestres conhecidos como pais desta disciplina. Em princípios do século XX vieram à luz as pesquisas de Ferdinand de Saussure e C. S. Peirce, é então que este campo do saber ganha sua independência e se torna uma ciência. O trabalho de Peirce tem uma forte tonalidade filosófica. Saussure aborda mais a Linguística. Um jamais conheceu o trabalho do outro. Nenhum dos dois publicou suas teorias de forma completa em vida. Atualmente existe um grande esforço para formalizar, completar e desenvolver essas teorias (SANTANA, 2008). A Semiótica de Peirce não é considerada um ramo do conhecimento aplicado, mas sim um saber abstrato e formal, generalizado. Segundo este autor, as pessoas exprimem o contexto à sua volta através de uma tríade, qual seja, Primeiridade, Segundidade e Terceiridade, alicerces de sua teoria. Levando em conta tudo que se oferece ao nosso conhecimento, exigindo de nós a constatação de sua existência, e tentando distinguir o pensamento do ato de pensar racional, ele chegou à conclusão de que toda experiência é percebida pela consciência aos poucos, em três etapas. São elas: qualidade, relação – posteriormente substituída por Reação – e representação, trocada depois por Mediação. Peirce preferiu, porém, por critérios científicos, usar os termos acima citados, Primeiridade, Segundidade e Terceiridade. A primeira qualidade percebida pela consciência é uma sensação não visível, tênue. É tudo que imprime graça e um colorido delicado ao nosso consciente, aquilo que é presente, imediato, o www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 26 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe entendimento superficial de algo. O segundo atributo é a percepção dos eventos exteriores, da matéria, da realidade concreta, na qual estamos constantemente em interação. É a compreensão mais profunda dos significados. A terceiridade refere-se ao estrato inteligível da experiência, aos significados dos signos, à esfera da representação e da simbolização. Neste âmbito se realiza a elaboração intelectual, a junção dos dois primeiros aspectos à sua vivência, ou seja, ela confere à estruturação dos dois primeiros elementos em uma oração o contexto pessoal necessário. Peirce também identifica três tipos de signos: o ícone, elo afetivo entre o signo e o objeto em si, como a pintura, a fotografia, etc.; o índice, a representação de um legado cultural ou de uma vivência pessoal obtida ao longo da vida, o que leva imediatamente à compreensão de um sinal, o qual se associa a esta experiência ou conhecimento ancestral – exemplo: onde há fumaça (indício causal), há fogo (conclusão a partir do sinal visualizado) –; e o símbolo, associação arbitrária entre o signo e o objeto representado. Outro autor importante, Ferdinad de Saussure, é conhecido como pai da Semiose. Para ele, a mera realidade sígnica justifica a existência de um ramo do conhecimento que estude os signos na sua relação com o contexto social. Diferentemente de Peirce, ele não confunde o universo da simbolização e o da vida real. Segundo Saussure, os signos, inerentes ao mundo da representação, são constituídos por um significante, sua parte material, e pelo significado, sua esfera conceitual, mental. Já o referente – que Peirce chama de objeto – está inserido na esfera da realidade (SANTANA, 2008). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 27 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe 3 SINTAXE Em relação a sintaxe, por definição temos que ela, um ramo da linguística, é o estudo dos processos de estruturação dos elementos nos sintagmas oracionais e as relações de determinação que entre eles se estabelecem. Numa linguagem mais simples, poder-se-ia dizer que a sintaxe é a forma como uma pessoa transmite certa informação ou ainda como ela organiza e relaciona as palavras em uma oração. Para Ibanõs (2009) a Sintaxe é uma subteoria linguística que investiga as propriedades da sentença em linguagem natural. Ela faz interface interna, em suas relações intradisciplinares, com as outras subteorias linguísticas, a Fonologia (Fonética), a Morfologia, a Lexicologia, a Semântica e a Pragmática. Os tópicos mais investigados são exatamente os relevantes para que a investigação pura e ou aplicada esteja numa relação adequada. Inferências como acarretamento, hiponímia, pressuposição e implicaturas estão no centro dessas relações intradisciplinares. Estudar a sintaxe de uma língua significa identificar e compreender as maneiras como as palavras se associam para formar estruturas maiores como frases, orações, períodos e textos. Assim, analisar sintaticamente os enunciados da língua é explicitar as estruturas sintáticas e as relações e funções dos seus termos constituintes. Os primeiros passos da tradição europeia no estudo da sintaxe foram dados pelos antigos gregos, começando com Aristóteles, que foi o primeiro a dividir a frase em sujeitos e predicados. Um segundo contributo fundamental deve-se a Frege que critica a análise aristotélica, propondo uma divisão da frase em função e argumento. Deste trabalho fundador, deriva toda a lógica formal contemporânea, bem como a sintaxe formal. No século XIX a filologia dedicou-se sobretudo à investigação nas áreas da fonologia e morfologia, não tendo reconhecido o contributo fundamental de Frege, que só em meados do século XX foi verdadeiramente apreciado. Historicamente, a preocupação com o sentido das palavras e sua relação com o mundo remontam a Antiguidade. Os filósofos gregos já manifestavam uma certa curiosidade com relação à motivação do sentido das palavras e travavam longas www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 28 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe discussões nas quais alguns defendiam que a relação entre a palavra e seu significado não era arbitrária, que tinha razão de ser, outros acreditavam que o sentido dado a uma sequência sonora que configurava uma determinada palavra era convencional e arbitrária, portanto. Em se tratando do desenvolvimento de competências quando se vai estudar a linguagem, Chomsky (1971) considera a sintaxe como um módulo nuclear voltada para universalidade enquanto a semântica e a fonologia são periféricas e mais abordadas quando se trata das características particulares de uma ou de outra língua. A semântica enquanto objeto de estudo, não é um tema fechado em si, mas, pelo contrário, participa de estudo que, mesmo não tendo como foco base a semântica, apresenta um componente semântico. É esse o caso dos estudos que têm como fim a construção de gramáticas textuais. Para a construção de um texto com sentido são necessários dentre outros atributos, coerência e coesão. Coerência é dar sentido completo ao texto e sobre o uso da coesão, pode-se dizer que é importante escolher o conectivo adequado para expressar as relações semânticas, pois um mesmo conectivo pode expressar relações semânticas diferentes, sendo necessário, portanto, saber reconhecê-las. As explicações acima levam a inferir que é muito importante conhecer o significado das palavras, não só para o falante bem como para o escritor, pois será capaz de selecionar a palavra certa no momento de construir corretamente o seu texto ou a sua mensagem (OURIVES, 2008). Uma vez que a sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si, ao emitir uma mensagem verbal, o emissor deve procurar transmitir um significado completo e compreensível. Para isso, as palavras são relacionadas e combinadas entre si. A sintaxe é um instrumento essencial para o manuseio satisfatório das múltiplas possibilidades que existem para combinar palavras e orações. Estudar a sintaxe de uma língua significa identificar e compreender as maneiras como as palavras se associam para formar estruturas maiores como frases, orações, períodos e textos. Assim, analisar sintaticamente os enunciados da www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 29 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe língua é explicitar as estruturas sintáticas e as relações e funções dos seus termos constituintes. Segundo Cunha e Pereira (2007) os primeiros passos em direção ao estudo da sintaxe foram dados pelos gregos, começando por Aristóteles que dividiu a frase em sujeitos e predicados. Daí pra cá vieram os complementos nominal e verbal, os adjuntos, os predicativos dentre outras funções, que fazem parte da análise sintática de uma frase ou período de uma oração. Análise sintática serve de ponto de partida para o estudo global de um idioma, devendo ser usada como um meio e não como um fim, enriquecendo os conhecimentos do aluno. Enfim, como percebeu-se ao longo do texto, a importância maior de se conhecer o significado das palavras e de conseguir analisar cada componente em uma frase reside no fato de ajudar o falante ou escritor da língua a ser rico, coeso, coerente em sua fala ou escrita. Para tanto, o professor como mediador do processo de aprendizagem dominando a língua e utilizando de uma boa metodologia terá muitas chances de ajudar seu aluno a enriquecer seu vocabulário para construção textual. 3.1 Funções e análises sintáticas As funções sintáticas podem ser de período simples ou composto, conforme mostra o quadro abaixo: Sintaxe de período simples Sujeito Predicado Verbo de ligação Complemento nominal Verbo intransitivo Verbo transitivo direto Verbo transitivo indireto Verbo transitivo direto e indireto Objeto direto Aposto Objeto indireto Predicativo do sujeito Sintaxe de período composto Orações coordenadas Orações subordinadas www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 30 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe Predicativo do objeto Na análise sintática entram os seguintes conceitos terminológicos: sintagma, frase, oração, período, estrutura de superfície, estrutura profunda, parataxe e hipotaxe. Dentre as utilizações da análise sintática tem-se que ela é capaz de tratar corretamente de situações que implicam em identificação de gênero e número, como no caso do artigo “the” em inglês, que deve ser traduzido de forma diferente em português dependendo da palavra à qual se refere, ou dos pronomes demonstrativos, possessivos, de quantificadores e de partículas introdutórias de interrogações. A análise semântica sempre acompanha a representação sintática, sejam elas feitas paralelamente, de forma simultânea, ou a análise semântica após a sintática (o peso ou a ênfase dada a cada uma delas pode variar, porém a maior parte dos sistemas atualmente em uso baseiam-se fundamentalmente na sintaxe). A análise semântica também pode ser realizada em vários níveis: de forma local, fazendo uso de grupos de palavras ao longo da sentença; englobando toda a sentença; ou experimentando fazer uma análise mais global, às vezes recorrendo a bancos de dados externos ao texto a ser traduzido, que podem ser constituídos de outros textos da área, sentenças prontas, modelos de estruturas, etc. (ALFARO, 1998). Não só o professor de português como qualquer profissional que trabalhe com línguas, cabe conhecer termos conceituais no momento de proceder uma análise de frase, oração ou sentença nas mais diversas áreas. Especificamente sua importância e aplicabilidade prática na área de educação – ensino fundamental e médio, reside no fato de que o professor tendo esse domínio de conceitos, terá maior segurança para ensinar e mostrar aos seus alunos a beleza de analisar e interpretar os detalhes de sua língua. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 31 Instituto Brasileiro de Ensino Ensino de Língua Portuguesa – Morfologia, Semântica e Sintaxe REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da Língua Portuguesa. 32 ed. São Paulo: Saraiva, 1983. ALFARO, Carolina. Descobrindo, Compreendendo e Analisando a Tradução Automática. Rio de Janeiro: PUC, 1998. (Monografia de especialização em Tradução Inglês/Português). Disponível em: <http://www.tecgraf.pucrio.br/~carolina/monografia/apresentacao.html> Acesso em: 13 jun. 2010. BASÍLIO, Margarida. Teoria lexical. São Paulo: Ática, 1987. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. 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