ACADEMIA ENEM 2015 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS AULA 01 | PROFESSOR WALMIR NETO - MORFOSSINTAXE E COMPREENSÃO TEXTUAL O ENEM E O ENSINO DA GRAMÁTICA Hoje, no estudo da gramática, priorizam-se os efeitos de sentido que as estruturas provocam nos textos de diferentes gêneros e tipologias, associados a diferentes contextos. A palavra LINGUAGENS faz referência a um campo bem mais vasto de produção de sentidos, o qual pressupõe possibilidades de expressão verbais e não verbais. O ensino da língua deve considerar a herança de sentidos, advinda da cultura e das práticas sociais em que a linguagem se processa. Daí a necessidade de se trabalhar, por exemplo, a dinâmica de um anúncio publicitário, o viés de um artigo de opinião, a pluralidade das variedades linguísticas e os diferentes níveis da linguagem e os respectivos graus de formalidade em diferentes situações de comunicação. COMPETÊNCIA DA ÁREA 8: Compreender e usar a língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade. H25 - Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro. H26 - Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social. H27 - Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação. Noções de fonética, sintaxe, morfologia e semântica (divisões da gramática). Gramática normativa prescreve as regras, normas gramaticais de uma língua. Admite apenas forma correta única para a realização da língua trata as variações como erros gramaticais. É, atualmente, muito criticada. Tem como base as regras gramaticais tradicionais e o uso da língua por dialetos de prestígio como, por exemplo, obras literárias consagradas, textos científicos, discursos formais. As variedades linguísticas faladas são tratadas como desvio da norma até que sejam dicionarizadas e oficialmente acrescentadas às regras gramaticais da língua. Fonologia ortoépia (estudo da pronúncia correta dos vocábulos) – os erros são chamados de cacoépia. - “adevogado” em vez de advogado; “estrupo” em vez de estupro; “cardeneta” em vez de caderneta; “peneu” em vez de pneu; “abóbra” em vez de abóbora. prosódia - (determinação da sílaba tônica) - rúbrica” em vez de rubrica, “sútil” em vez de sutil, interim em vez de ínterim ortografia (representação correta da língua escrita) Observe o enunciado a seguir: O pedreiro tinha um cachorro e a mãe do pedreiro era também o pai do cachorro. Morfologia estuda a forma dos vocábulos, as 10 classes de palavras ou classes gramaticais. Estrutura e processos de formação. Sintaxe estuda a relação entre as palavras de uma oração ou relação entre as orações de um período a partir de regras pré-determinadas com relação à concordância, à regência e à colocação pronominal. Análise Sintática X Análise Morfológica Os meus dois melhores amigos viajaram ontem cedinho. Semântica estuda o significado. Estilística estuda os processos de manipulação da linguagem e os princípios capazes de explicar as escolhas particulares feitas por indivíduos e grupos sociais no que se refere ao uso da língua. QUESTÕES DE SALA 01. (H27) - Pela formalidade como se apresentam os textos de convites para casamentos e formaturas, a colocação mesoclítica do pronome oblíquo átono é prática recorrente na sociedade brasileira. Exemplifica-se essa colocação pronominal, de acordo com a norma padrão, em a) Franciso e família convidam você e sua família a se fazerem presentes... b)Franciso e Francisca vos convidam a fazerem-vos presente... c)A cerimônia religiosa realizar-se-á às dezoito horas do dia... d)Convidam-vos para a cerimonia que realizar-se-á às dezoito horas... e)Os formandos se confraternizarão no salão nobre da universidade... Resposta (C) - Mesóclise é a colocação do pronome oblíquo átono no meio do verbo. Isso é possível quando o verbo se encontra no futuro do presente ou do pretérito sem nenhuma exigência de próclise (palavra atrativa). H27- Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação. “Primeira mulher: Trabalhar o tempo inteiro e tomar conta da casa está me levando à loucura! Depois do trabalho, cheguei em casa e lavei a roupa e a louça. Amanhã tenho de lavar o chão da cozinha e as janelas da frente. Segunda mulher: Então? E teu marido? Primeira mulher: Ah! Isso eu não faço de maneira alguma! Ele pode muito bem se lavar sozinho! (ILARI, Rodolfo. "Introdução à Semântica". São Paulo: Contexto, 2001) 02. (H27) - Podemos afirmar que, do ponto de vista das funções gramaticais, a piada fundamenta-se num mal-entendido, nascido do fato de a) a primeira mulher ter usado o pronome "isso" para retomar um predicado que ficou implícito na fala da segunda mulher. b) a segunda mulher não ter enunciado uma frase completa com a pergunta "E teu marido?" c) a primeira mulher ter usado, na sua justificativa para a recusa, o verbo "poder", indicando que o marido tinha condições de se lavar sozinho. d) a primeira mulher confundir as funções sintáticas pertinentes, evidenciadas na fala da segunda mulher. e) a segunda mulher não ter esperado que a primeira mulher concluísse o discurso que iniciara. Resposta (B) A segunda mulher poderia ter dito: “E teu marido, não ajuda?” 03. (H27) -Em rigor, ninguém comete erro em uma língua, exceto nos casos de ortografia. O que normalmente se comete são transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do discurso, diz: "Ninguém deixou ele falar", não comete propriamente erro; na verdade, transgride a norma culta. A seguir foram apresentadas frases em que ocorrem transgressões e as respectivas possibilidades de adaptações à norma culta. Numa das adaptações atransgressão persiste; assinale-a. a) Eu não vi ela hoje. Adaptação: Eu não a vi hoje. b) Ninguém deixou ele falar. Adaptação: Ninguém deixou-lhe falar. c) Eu te amo, sim, mas não abuse! Adaptação: Eu te amo, sim, mas não abuses! d) Não assisti o filme nem vou assisti-lo. Adaptação: Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. e) Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. Adaptação: Sou seu pai, por isso vou perdoarlhe. Resposta (B):A adaptação correta para o item B seria: Ninguém o deixou falar. O pronome oblíquo funciona como sujeito do infinitivo e deve estar proclítico, por atração do pronome indefinido “ninguém”. 04.(H27) - Considerando o índice de mortos pela gripe H1N1 – gripe suína – no Brasil, em 2009, o Ministro da Saúde faria um pronunciamento público na TV e no rádio para esclarecer a população e as autoridades locais sobre a necessidade do adiamento do retorno às aulas, em agosto, para que se evitassem a aglomeração de pessoas e a propagação do vírus. Fazendo uso da norma padrão da língua, que se pauta pela correção gramatical, seria correto o Ministro ler, em seu pronunciamento, o seguinte trecho: a) Diante da gravidade da situação e do risco de que nos expomos, há a necessidade de se evitar aglomerações de pessoas, para que se possa conter o avanço da epidemia. b) Diante da gravidade da situação e do risco a que nos expomos, há a necessidade de se evitarem aglomerações de pessoas, para que se possam conter o avanço da epidemia. c) Diante da gravidade da situação e do risco a que nos expomos, há a necessidade de se evitarem aglomerações de pessoas, para que se possa conter o avanço da epidemia. d) Diante da gravidade da situação e do risco os quais nos expomos, há a necessidade de se evitar aglomerações de pessoas, para que se possa conter o avanço da epidemia. e) Diante da gravidade da situação e do risco com que nos expomos, tem a necessidade de se evitarem aglomerações de pessoas, para que se possa conter o avanço da epidemia. Resposta (C) – Estão corretas a regência do verbo expor ( com a preposição a) e a concordância dos verbos que se unem ao sujeito por meio do pronome apassivador (se). 05. (H25) - Observe o exemplo a seguir em que se define o termo samambaia. Uma samambaia é definida como uma planta vascular que se reproduz por esporos que se espalham para iniciar uma alternância de gerações. Novas folhagens surgem por envenenação. Considerando-se que as marcas de linguagem singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro, pode-se inferir que: a) A definição em destaque poderá ser lida e compreendida por qualquer pessoa familiarizada com o manejo desse vegetal. b) O conhecimento prático ou o estudo acadêmico favorecerão a compreensão da mensagem numa mesma proporção. c) Por conter termos técnicos, a mensagem é dirigida particularmente a um grupo específico de leitor. d) Somente conhecedores de área tecnológica terão acesso à informação transmitida pela mensagem. e) Um homem do campo que não saiba ler jamais elaborará em sua mente um conceito para samambaia. Resposta (C) – A presença de termos específicos de uma determinada área (vascular, esporos, vernação) sugerem que o leitor tenha conhecimento específico prévio sobre o assunto. 06. (H-27) -A seguir apresentam-se diferentes ocorrências de um comando imperativo. Assinale a única que está de acordo com o padrão formal da língua portuguesa. a) Creias em ti, mas nem sempre duvides dos outros. b) Crê em ti, mas nem sempre duvidas dos outros. c) Creias em ti, mas nem sempre duvidas dos outros. d) Creia em ti, mas nem sempre duvide dos outros. e) Crê em ti, mas nem sempre duvides dos outros.Resposta (E) – 2ª ps do imp. afirm.=crê, 2ªps do imp. negativo=duvides. 07. (H-27) - Assinale a alternativa correta, considerando o uso dos verbos abundantes em situações formais: a) Foi elegido pelas mulheres, apesar de haver eleito a maioria dos homens. b) Por haver aceitado as condições do acordo, seus documentos foramentregues ao escrivão. c) Antes de chover, ele tinha cobrido o carro com uma capa. d) Tem fazido muito calor ultimamente. e) Por ter morto um animal indefeso, o caçador foi matado pelos índios. Resposta (B) – HAVER e TER devem acompanhar o particípio regular (DO), enquanto SER e ESTAR devem acompanhar o particípio irregular (TO,SO). 08. Transportando para a voz passiva a frase “eu estava revendo, naquele momento, as provas tipográficas do livro”, obtém-se, de acordo com a norma culta da língua portuguesa, a frase: a) “Eu ia revendo, naquele momento, as provas tipográficas do livro” b) “Estava sendo revisto, naquele momento, as provas tipográficas do livro” c) “Seriam revistas, naquele momento, as provas tipográficas do livro” d) “Comecei a rever, naquele momento, as provas tipográficas do livro” e) “Estavam sendo revistas, naquele momento, as provas tipográficas do livro”Resposta (E) – O OD da voz ativa passa a ser o sujeito da voz passiva, sendo este o referencial para a concordância com os termos a ele relacionados. 09.(H-27) Escolha a alternativa em que a situação de comunicação fez uso do presente do subjuntivo dentro dos padrões da norma culta da língua portuguesa. a) Como os preços baixaram, é necessário que nós refazemos o orçamentos. b) É importante que nossa tentativa vale o esforço. c) Convém que ele propunha um novo acordo. d) Para que não nomeemos é necessário que nós sabemos o que elas pensam. e) Espero que vós comais e bebais comedidamente no Carnaval. Resposta (E) – Não existe alomorfia de DMT no presente do subjuntivo, portanto: bebais e comais. 10. (H27) -“Ê cara, tô azarando uma mina que é o maior barato”. Assinale a opção que apresenta, para o texto oral reproduzido acima, uma versão de acordo com as características do registro escrito da língua culta padrão. a) Ei, estou paquerando uma menina muito legal! b) Estou interessado numa moça bonita e inteligente. c) Estou dando em cima de uma garota bem maneira. d) Você não acredita em que mulherão estou interessado! e) Não há mulher mais sinistra do que a que tô de olho! Resposta B -“Ei” é uma interjeição típica da linguagem oral, utilizada com o intuito de chamar a atenção ou cumprimentar. “Dando em cima” e “bem maneira” são gírias.“Você não acredita” é expressão típica da linguagem oral e “mulherão” é utilizado na linguagem coloquial para dizer que uma mulher é bonita.“Sinistra” é uma gíria, “to” é uma contração de “estou”, que reproduz a oralidade e “...do que a que tô de olho!”,de acordo com o registro escrito da língua culta padrão, deveria ser reescrito da seguinte forma: “...do que aquela na qual estou interessado!” QUESTÕES DE CASA A invasão da revolução da Internet e da era digital atraiu o setor da informação com a perspectiva de lucro fácil. Industriais dos setores mais variados (eletricidade, informática, armamento, construção, telefonia e água) edificaram gigantescos impérios, monopolizando os meios de comunicação em poucas mãos, e integraram de maneira vertical e horizontal os setores da informação, a cultura e o entretenimento, anteriormente separados, com o desenvolvimento de conglomerados onde o conhecimento e os conteúdos se transformam em uma nova mercadoria. O texto acima está escrito numa linguagem técnica. Observe-o em uma outra versão: A difusão súbita da revolução da Internet e da era digital atraiu o setor da informação com a crença de lucro fácil. Industriais dos setores mais variados (eletricidade, informática, armamento, construção, telefonia e água) criaram gigantescos impérios, monopolizando os meios de comunicação em poucas mãos, e integraram de maneira vertical e horizontal os setores da informação, a cultura e o entretenimento, anteriormente separados, com o desenvolvimento de conglomerados onde o conhecimento e os conteúdos se transformam em uma nova mercadoria. 01. (H25) - Comparando-se os dois textos, verifica-se que, na segunda versão, houve mudanças relativas a: a) vocabulário. b) construções sintáticas. c) pontuação. d) fonética. e) regência verbal. Resposta(A) – Percebem-se facilmente, no segundo texto, as palavras que foram substituídas por seus sinônimos. “Poetas niversitário, Poetas de Cademia, De rico vocabularo Cheio de mitologia; Se a gente canta o que pensa, Eu quero pedir licença, Pois mesmo sem português Neste livrinho apresento O prazê e o sofrimento De um poeta camponês.” Aos poetas clássico – Patativa do Assaré 02. (H-26) - No texto de Patativa, verifica-se a utilização de linguagem: a) predominantemente formal e figurada, apresentando traços do ambiente em que foi criada e do contexto que a gerou. b) regionalista e coloquial, tendo porfinalidade mostrar a discriminação cultural a que o camponês é submetido. c) simples e informal, originando-se das limitações de conhecimento do autor em relação à norma culta da língua portuguesa. d) sertaneja e conotativa, sendo justificada pela necessidade de problematizar a relação entre o escritor e o leitor popular. e) popular e culta, objetivando criar intimidade entre o receptor da mensagem e o falar peculiar ao homem camponês. Resposta (C) – Logo nos primeiros versos se pode perceber a linguagem informal típica de pessoa com pouco conhecimento da norma culta. 03. (H-27)- Leia a notícia a seguir, do dia 29 de julho, retirada da Agência de Notícias São Joaquim online: “Segundo os fatos o ônibus se dirigia pela Rua Paulo Bathke em frente as construções do Edifício Criciúma quando de repente caiu em uma vala aberta pela própria construtora sobre o asfalto. As rodas traseiras do ônibus patinaram e o ônibus não conseguiu sair. -”O motorista foi pedir auxilio e o cara das obras do Criciúma e em tom grosseiro disse que ninguém mandou eles passarem por ali e que não tinha nada haver com a história.” comentou os estudantes.” No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de coloquialismo no vocabulário e desvios estruturais da língua. Pertence à variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho: a) “em frente as construções do Edifício Criciúma”(l.1-2). b) “o motorista foi pedir auxílio”(l.4). c) “ninguém mandou eles passarem por ali”(l.5). d) “não tinha nada haver com a história”(l.5). e) “comentou os estudantes”(l.5-6) Resposta(B) -As outras opções corrigidas ficariam: a) “em frente às construções do Edifício Criciúma”(l.1-2). c) “ninguém os mandou passar por ali”(l.5).d) “não tinha nada a ver com a história”(l.5).e) “comentaram os estudantes”(l.5-6) 04. (H - 27)-Considerando as relações que as palavras exercem entre si ou os elementos que as retomam, os termos e seus referentes estão devidamente representados, no texto a seguir, em: “Não se devem confundir os conceitos de fonética e de fonologia. Enquanto aquela estuda os aspectos físico-articulatórios do som, estaestuda as diferenças fônicas intencionais, distintivas, isto é, que se unem a diferenças de significações.” a) aquela-aspectos físicos, esta - diferenças fônicas; b) aquela-fonética, esta - fonologia; c) aquela-conceitos de fonética, esta - diferenças fônicas; d) aquela-fonologia, esta - fonética; e) aquela-aspectos físico-articulatórios, esta - diferenças de significação; Resposta (B) – O demonstrativo “esta” se refere ao termo mais próximo (fonologia), enquanto “aquela” faz referência à fonética.A poesia a seguir servirá de base para as questões de 06 a 13. 05. (H27) -A reescritura de "Era a flor, e não já da escola, SENÃO de toda a cidade", respeita o padrão culto da língua portuguesa, sem alteração de sentido, na alternativa: a) "Era a flor, e não já da escola, MAS SIM de toda a cidade." b) "Era a flor, e não já da escola; DE OUTRO MODO de toda a cidade." c) "Era a flor, e não já da escola. EXCETO de toda a cidade." d) "Era a flor, e não já da escola, PORTANTO de toda a cidade." e) "Era a flor, e não já da escola, OU de toda a cidade." Resposta (A): Na frase da alternativa A foi respeitada a norma culta e mantido o sentido da oração proposta no enunciado da questão.H27 - Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação. 06. (H-27) - Das frases que seguem, uma traz o emprego coloquial da forma verbal, situação em que a comunicação se processa sem, muitas vezes, sem fazer a devida observância dos princípios normativos da língua. Assinale-a: a) Cumpre teus deveres, e terás a consciência tranquila. b) Sê o teu melhor amigo. c) Nada do que se possui com gosto se perde sem desconsolação. d) Não voltes atrás, pois é fraqueza desistir-se da coisa começada. e) Dizia Rui Barbosa: “Fazeis o que vos manda a consciência, e não fazeis oque convém ao apetite”. Resposta (E) – A 2ª pp do imperativo afirmativo = FAZEI, a 2ªpp do imperativo negativo = FAÇAIS; portanto a frase (E)cria uma situação de comunicação informal em que os princípios gramaticais não são observados. 07. (H-27) - Dentre as diferentes situações de comunicação apresentadas a seguir,assinale a frase em que se fez uso da norma padrão da língua portuguesa, considerando-se a correlação entre modos e tempos verbais: a) Se você interferisse, ele faria o trabalho sozinho; b) Se você não interferir, ele fazia o trabalho sozinho; c) Se você não interferir, ele faria o trabalho sozinho; d) Se você não interfere, ele fazia o trabalho sozinho; e) Se você não interferisse ele faz o trabalho sozinho. Resposta (A) – Perceba-se a relação entre o imperfeito do subjuntivo e o futuro do pretérito do indicativo. 08. (ENEM-2011-H27) Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita, que, a depender do estrato social e do nível de escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até mesmo em falantes que dominam a variedade padrão, pois, na verdade, revelam tendências existentes na língua em seu processo de mudançaque não podem ser bloqueadas em nome de um tal “ideal linguístico” que estaria representado pelas regras da gramática normativa. Usos como ter por haver em construções existenciais (tem muitos livros na estante), o do pronome objeto na posição de sujeito (para mim fazer o trabalho), a não-concordância das passivas com se (aluga-se casas) são indícios da existência, não de uma norma única, mas de uma pluralidade de normas, entendida, mais uma vez, norma como conjunto de hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor. CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento). Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da multiplicidade do discurso, verifica-se que a) estudantes que não conhecem as diferenças entre língua escrita e língua falada empregam, indistintamente, usos aceitos na conversa com amigos quando vão elaborar um texto escrito. b) falantes que dominam a variedade padrão do português do Brasil demonstram usos que confirmam a diferença entre a norma idealizada e a efetivamente praticada, mesmo por falantes mais escolarizados. c) moradores de diversas regiões do país que enfrentam dificuldades ao se expressarem na escrita revelam a constante modificação das regras de emprego de pronomes e os casos especiais de concordância. d) pessoas que se julgam no direito de contrariar a gramática ensinada na escola gostam de apresentar usos não aceitos socialmente para esconderem seu desconhecimento da norma padrão. e) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da língua portuguesa empregam formas do verbo ter quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo haver, contrariando as regras gramaticais. Resposta(B): O enunciador afirma que certos usos linguísticos, distantes do “‘ideal linguístico’ (...) representado pela gramática normativa’”, são verificados “até mesmo em falantes que dominam a variedade padrão”, sinal de que existe um descompasso entre a norma culta “ideal” e a efetivamente praticada pelas pessoas. 09. (ENEM-2011-H27) O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma padrão da língua, esse uso é inadequado, pois a) contraria o uso previsto para o registro oral da língua. b) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto. c) gera inadequação na concordância com o verbo. d) gera ambiguidade na leitura do texto. e) apresenta dupla marcação de sujeito. Resposta (B): Na frase “Vamos arrasar eles”, o pronome pessoal do caso reto “eles” foi empregado como objeto direto da locução verbal vamos arrasar, contrariando uma norma da língua culta formal segundo a qual esse caso do pronome (eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas) serve para marcar a função sintática de sujeito. Portanto, em norma culta, a fala do segundo quadrinho seria“vamos arrasá-los”. 10. (ENEM 2012 – H26) “eu gostava muito de passeá… saí com as minhas colgas… brincá na porta di casa di vôlei… andá de patins… bicicleta… quando eu levava um tombo ou outro… eu era a::… a palhaça da turma… ((risos))… eu acho que foi uma das fases mais… assim… gostosas da minha vida foi… essa fase de quinze… dos meus treze aos dezessete anos… A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental. Projeto Fala Goiana, UFG. 2010 (inédito). Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada da língua é a) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas. b) vocabulário regional desconhecido em outras variedades do português. c) realização do plural conforme as regras da tradição gramatical. d) ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos narrados. e) presença de frases incompreensíveis a um leitor inciante. Resposta (A): Vários recursos estruturais da língua podem ser empregados num texto para caracterizar sua linguagem como reprodução da modalidade falada. No relato pessoal de A.P.S., a informalidade é marcada em expressões de sentido coloquial, (como “a palhaça” ou “fases mais gostosas”) e nas reticências, que, na transcrição de textos falados, indicam as pausas organizadoras do discurso oral, que entrecortam o fluxo contínuo da fala.