Mudança do clima e acordos internacionais 06 a 09/11/2006, FIESP Referências básicas • • • www.ipcc.ch www.unfccc.int www.stabilisation2005.com Mudança do clima: noções básicas sobre o clima • Clima são as estatísticas (média, desvio padrão, etc.) das variáveis que definem o estado da atmosfera: – Temperatura; – Pressão; – Vento (direção e intensidade); – Precipitação; – Umidade. Mudança do clima: noções básicas sobre o clima • O clima é determinado pelas condições geográficas e pelo aporte de energia solar. • A radiação do sol esquenta a superfície, de forma diferente. • Com a rotação da terra, é gerado o movimento da atmosfera. Mudança do clima: noções básicas sobre o clima • A cor da radiação de um corpo depende de sua temperatura: – A superfície do Sol está a 6.000K, por isso a radiação solar é no espectro visível. – A superfície da Terra está a 300K, por isso a radiação terrestre é no espectro infra-vermelho. Mudança do clima: Efeito estufa e aumento de sua intensidade • Uma estufa permite a entrada da radiação solar e bloqueia a saída da radiação infra-vermelho, aquecendo o interior. • O planeta Terra é uma estufa natural, porque certos gases na atmosfera são opacos à radiação infra-vermelho. Mudança do clima: Efeito estufa e aumento de sua intensidade • A grande maioria dos gases da atmosfera não produzem o efeito estufa: – Nitrogênio, oxigênio, gases nobres; • Alguns gases produzem o efeito estufa: – Vapor d’água, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros gases industriais. Mudança do clima: efeito estufa e o aumento de sua intensidade • A concentração atmosférica do vapor d’água não depende da ação do Homem. • A concentração atmosférica dos outros gases que provocam o efeito estufa aumentou nos últimos 250 anos, e continua aumentando devido à ação do Homem. Mudança do clima: efeito estufa e o aumento de sua intensidade Concentração atmosférica de dióxido de carbono partes por milhão em volume 400 380 360 340 320 300 280 1950 1960 1970 1980 Ano 1990 2000 2010 Mudança do clima: Estado atual e previsões para o futuro • Os gases de efeito estufa são eliminados da atmosfera em tempos diferentes: – O dióxido de carbono é eliminado rapidamente no início: 15% permanece por mais de mil anos; – O metano permanece por 11 anos; – O óxido nitroso permanece por 114 anos. Mudança do clima: Estado atual e previsões para o futuro • O aquecimento aumenta a temperatura da superfície. Este processo é lento porque há que esquentar a água dos oceanos: – As camadas superficiais dos oceanos são misturadas em 20 a 30 anos; – As camadas profundas dos oceanos são misturadas em cerca de 500 anos. Mudança do clima: Estado atual e previsões para o futuro • Como resultado dos dois fatores, o aumento da temperatura média da superfície, e portanto a mudança do clima, resultante da emissão de um gás de efeito estufa, tem um máximo algumas décadas após a emissão. – 20 anos para o metano; – 40 a 50 anos para o dióxido de carbono e o óxido nitroso. Mudança do clima: Estado atual e previsões para o futuro Máximo efeito sobre o clima ocorre décadas após a emissão 15% do gás carbônico permanece na atmosfera por mais de mil anos Temperatura (% do aumento) 100 80 60 dióxido de carbono metano óxido nitroso 40 20 0 0 50 100 Anos após emissão 150 200 Mudança do clima: Estado atual e previsões para o futuro • A temperatura média da superfície no mundo já aumentou cerca de 0,6OC. • Dentro de 100 anos, a temperatura média da superfície no mundo aumentará mais cerca de 3,5OC. Mudança do clima: Estado atual e previsões para o futuro • A mudança do clima não é nem será uniforme em todo o mundo: – O aumento de temperatura é maior nas altas latitudes do hemisfério Norte; – A freqüência e a intensidade de eventos extremos será alterada; – Haverá mudanças no regime de precipitação. Mudança do clima: Inação, prevenção e adaptação • Face à mudança do clima, há somente três atitudes possíveis: – Inação – não fazer nada e aceitar os danos futuros; – Adaptação – quando possível, adaptar-se a um novo clima; – Mitigação das emissões – reduzir as emissões líquidas antrópicas de gases de efeito estufa. Mudança do clima: Inação, prevenção e adaptação • Na realidade, é impossível adotar somente uma das três atitudes – há que fazer um pouco de cada uma. Mudança do clima: Inação, prevenção e adaptação • Para decidir o que fazer, há que pesar o esforço de mitigar as emissões levando em conta os danos a serem evitados no futuro. A dificuldade é devida a dois fatores: – Aversão ao risco; – Valor hoje dos danos evitados no futuro. Mudança do clima: Inação, prevenção e adaptação • Necessidade de tratados internacionais para pactuar a repartição dos esforços para evitar, ainda que parcialmente, a mudança do clima: – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima; – Protocolo de Quioto; – Regime(s) pós 2012. Mudança do clima e acordos internacionais Acordos internacionais 23 a 26/10/2006, FIRJAN Acordos internacionais: As Conferências das Nações Unidas • Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, Estocolmo, 1972. • Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, Rio de Janeiro, 1992. – Declaração do Rio de Janeiro. – Agenda21. – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – Convenção das Nações Unidas sobre a Conservação da Diversidade Biológica. Acordos internacionais: Antecedentes das negociações • 1971 – Estudo sobre o impacto do Homem sobre o clima – SMIC, MIT Press. – “A temperatura média da superfície aumentará em meio grau até o final do século e mais três graus nos cem anos seguintes.” – “Será necessário um esforço sem precedentes de cooperação para evitar que isso ocorra.” • 1988 – Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – IPCC (www.ipcc.ch). • 1990 – Segunda Conferência Internacional sobre o Clima. • 1990 – Resolução da Assembléia Geral da ONU. Acordos internacionais: Negociações sobre mudança do clima • Comitê Intergovernamental de Negociação de uma Convenção sobre Mudança do Clima. • Mandato de Berlim. • Grupo Ad-hoc para o Mandato de Berlim. Acordos internacionais: A posição do Brasil • Direito ao desenvolvimento. • Responsabilidade histórica. • Responsabilidade comum porém diferenciada. • Recursos financeiros adicionais e transferência de tecnologia. Acordos internacionais: perspectivas da agenda ambiental • Criação de uma agência ambiental da ONU. • Interações crescentes com a OMC. • Desafio da redução pela metade das emissões mundiais. • O processo de Gleneagles. Mudança do clima e acordos internacionais Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima (UNFCCC) 23 a 26/10/2006, FIRJAN UNFCCC: Objeto das negociações internacionais • Convenção do Clima é um tratado essencialmente universal. • Meta da Convenção: estabilizar a concentração atmosférica de gases de efeito estufa. Para tal é necessário limitar e estabilizar as emissões líquidas globais de gases de efeito estufa. UNFCCC: Objeto das negociações internacionais • A redução das emissões implica em mudanças econômicas, embora não cause perdas no total. • Cabe aos governos administrar as transições necessárias, com incentivos e compensações quando necessário. • Algumas mudanças afetam a posição relativa dos países – daí a necessidade de tratados internacionais. • O objeto central das negociações é a repartição do ônus associado com os danos causados pela mudança do clima, com as medidas de adaptação, e com as medidas de redução de emissões. UNFCCC: Compromissos assumidos de acordo com a Convenção • • Artigo 4.1: – Programas nacionais de limitação de emissões. Comunicações periódicas das emissões nacionais. UNFCCC: Instrumentos da Convenção • Mecanismo financeiro para apoio às medidas de reduções de emissões dos países não incluídos no Anexo I. UNFCCC: Aspectos distributivos de um futuro regime de controle de emissões • Princípios da Convenção: – Responsabilidade comum, porém diferenciada, de todos os países; – Responsabilidade histórica, pois a mudança de clima ocorre décadas após a emissão. UNFCCC: Aspectos distributivos de um futuro regime de controle de emissões – Brasil tem cerca de 3% da população mundial; – As emissões do Brasil representam cerca de 3,5% das emissões mundiais; – O Brasil é responsável por cerca de 2,6% da mudança do clima hoje. UNFCCC: Metas, Políticas e Medidas • Mandato de Berlim: – Primeira opção – políticas e medidas, coordenadas internacionalmente. – Segunda opção – Metas quantitativas de limitação e redução de emissões, aplicadas às emissões nacionais. UNFCCC: Metas, Políticas e Medidas • • Em determinadas circunstâncias, o impacto econômico de metas para as emissões nacionais é menor, se comparado à adoção de políticas e medidas. Isto não se aplica ao caso de emissões devidas ao desflorestamento, ou às emissões de metano de arroz irrigado na China e Índia. UNFCCC: Metas, Políticas e Medidas • Programas nacionais implicam na adoção de metas no âmbito de cada programa. • O Brasil proporá em Nairobi a adoção de metas para o desflorestamento na Amazônia. UNFCCC: Cooperação tecnológica • Tecnologia não é grátis, e em geral não está nas mãos dos Estados, com a possível exceção daquelas fortemente controladas, como a nuclear. • O Brasil, em muitos casos, é o detentor maior de tecnologias, especialmente no caso do uso de biomassa renovável • A cooperação tecnológica deve ser olhada sob o foco da proteção da propriedade industrial. Mudança do clima e acordos internacionais Protocolo de Quioto 23 a 26/10/2006, FIRJAN Protocolo de Quioto: Políticas, medidas e metas – Países já industrializados: metas de limitação ou redução de emissões relativas a um valor fixo, as emissões em 1990, e expressas em termos da soma das emissões nacionais de todos os gases em todos os setores. Protocolo de Quioto: Políticas, medidas e metas • Protocolo de Quioto: – Países ainda em fase de industrialização: programas nacionais de redução de emissões, com suas metas programáticas; – Participação no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, com metas por atividade de projeto, relativas às emissões que ocorreriam no futuro. Protocolo de Quioto: Políticas, medidas e metas • Protocolo de Quioto: – Mecanismos, como o MDL, que permitem a compensação de reduções de emissões entre países e entre projetos, de forma a promover a redução de emissões onde isso possa ser obtido mais facilmente. Protocolo de Quioto: Os anexos • Anexo B do Protocolo de Quioto (Anexo I da Convenção) estabelece os limites de emissões dos países industrializados para o período 2008-2012. Protocolo de Quioto: Mecanismos de compensação de reduções de emissões • • • • “Bolha” européia. Comércio de emissões. Implementação conjunta. Mecanismo de desenvolvimento limpo. Protocolo de Quioto: Entrada em vigor • • • 55% das Partes. Representando 55% das emissões dos países do Anexo I. 15 de fevereiro de 2005. Protocolo de Quioto: Possíveis regimes futuros • • • • Continuação do regime de Quioto. Novo Protocolo. Regimes fragmentados. Necessidade de coordenação entre os regimes. • Métrica comum a todos os regimes. Mudança do clima e acordos internacionais Mecanismo de Desenvolvimento Limpo 23 a 26/10/2006, FIRJAN Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: O instrumento • Serão aceitas para fins de demonstração de conformidade com a limitação de emissões de países industrializados as reduções de emissões em relação ao que seriam na ausência da atividade de projeto. • A redução de emissões é a diferença entre uma hipótese (a linha de base) e um fato (as emissões verificadas). • O Protocolo exige que as reduções sejam adicionais às que ocorreriam na ausência do projeto, ou seja, se as reduções já estivessem ocorrendo, seria necessário que o projeto produzisse reduções ainda maiores. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: O instrumento • O conceito de adicionalidade vem sendo interpretado erroneamente como significando que é necessário demonstrar a linha de base, o que é logicamente impossível. • Este fato é o responsável pelas dificuldades de desenvolvimento de metodologias, e portanto pela pouca penetração do MDL no setor industrial brasileiro. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: Projetos no Brasil e no mundo • Especialmente uso de biomassa na geração de energia elétrica e tratamento do metano de aterros sanitários. • Notavelmente ausentes projetos sobre o uso de etanol, bio diesel e carvão vegetal na siderurgia. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: Perspectivas do MDL • • • • Falta de interesse de investidores para reduções após 2012, devido à insegurança jurídica. Países industrializados que são Partes do Protocolo de Quioto condicionam os seus compromissos ao desenvolvimento de um regime global. Concorrência com o comércio de emissões de outros regimes. Consenso mundial no sentido de que os mecanismos de compensação devem ser mantidos e aperfeiçoados.