Escola Superior da Amazônia – ESAMAZ
Curso Superior de Farmácia
Parasitologia
Doença de Chagas
Professor MSc. Eduardo Arruda
Introdução



Doença de Chagas;
Agente etiológico: Tripanossoma cruzi;
Carlos Chagas: 1909;






1907 MG: Estudando Malária;
Estrada de Ferro Central do Brasil;
Habitantes: Inseto que chupava sangue das pessoas –
“Chupão”;
Chupões (barbeiros): observou um protozoário;
1909: sangue de um gato e de uma menina (Berenice) – o
mesmo protozoário;
Oswaldo Cruz.
Introdução
São protozoários, isto é, organismos unicelulares dotados de um núcleo
diferenciado
e contendo, no citoplasma, uma estrutura característica – o
cinetoplasto – ligado a sua longa mitocôndria.
O cinetoplasto contém um DNA especial, o kDNA. De suas proximidades parte
um flagelo curto ou longo.
Esquema de um tripanossomo cuja metade superior da região posterior
foi suprimida no desenho.
O flagelo fica parcialmente preso à
membrana celular por meio da membrana ondulante.
Morfologia

No triatomíneo (barbeiro):
 Esferomastigotas
(transição);
 Epimastigotas;
 Tripomastigotas

metacíclicas.
Nos mamíferos:
 Amastigota;
 Tripomastigotas
sanguíneos.
Em Trypanosoma cruzi, que é a espécie mais importante para a patologia
humana, no Brasil apenas as formas (A) amastigota, (B) epimastigota e (C)
tripomastigota são encontradas.
A
B
C
Ciclo Biológico

No homem:
 Picado
pelo triatomíneo > tripomastigotas
metacíclicas nos dejetos (fezes) > pele / mucosa
(conjuntiva – hematofagia nas pálpebras) > penetra
na pele com fissuras > macrófago (fagocitado) >
amastigotas > 36h após a penetração > reprodução
binária (a cada 12h) > tripomastigotas > rompe o
macrófago > tripomastigotas > diversas células
(musculares, nervosas etc.) > ciclo tecidual.
Ciclo Biológico

No triatomíneo:
 Hematofagia
> tripomastigotas > estômago >
esferomastigotas (aderidas) > epimatigotas >
reprodução binária > tripomastigotas
metacíclicas > intestino > dejetos.
 Algumas esferomastigotas e epimastigotas
permanecem a vida toda parasitando o
barbeiro – 1 ano.
Transmissão

Vetorial:
 Maior
importância epidemiológica;
 120 espécies conhecidas;
 48 identificadas no Brasil;
 30 capturadas em ambiente domiciliar (Luz);
 Algumas espécies são mais eficientes na
transmissão:



Triatoma infestans;
Rhodnius prolixus;
T.brasiliensis e P.megistus (menos eficientes)
T. infestans
P. megistus
Transmissão

O Barbeiro é um inseto de hábitos
noturnos que vive em frestas de casas
rudimentares feitas de pau-a-pique,
“ninhos de pássaros, tocas de animais,
casca de tronco de árvores, montes de
lenha e embaixo de pedras”.
Transmissão

Transfusão sanguínea:
 MS





(1980): Doadores positivos:
Norte: 0,6%;
Centro- Oeste: 2,6% (Goiás: 5,0%);
Sul: 1,5%;
Nordeste: 0,9%;
Sudeste: 1,7%;
 Controle
de doadores;
 Rara a partir de 2005.
Transmissão

Congênita:
 Não
é freqüente;
 Ocorre em qualquer fase da gestação;
 Placenta com “ninhos” de amastigotas;
 Abortos, partos prematuros;
 Nascimento sem sintomas: sintomatologia
tardia.
Transmissão

Ocasionais (sem importância
epidemiológica):
 Acidentes
em laboratório;
 Drogas injetáveis;
 Transplante de órgãos;
 Leite materno;
 Ingestão de alimento líquido ou sólido.
Santa Catarina registra 19 casos da
doença de Chagas – 21/03/2005
Ao menos 19 pessoas contraíram a doença de Chagas em Santa Catarina de uma
forma inédita no Estado: por meio da ingestão de caldo de cana.
Normalmente, a doença é transmitida quando o barbeiro, ao sugar o sangue da
vítima, solta fezes contaminadas com o microorganismo no local. A contaminação,
no caso, se dá quando a pessoa coça o ferimento e coloca as fezes em contato com
sua corrente sangüínea.
Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde, a infecção por meio do caldo de cana
aconteceu por meio de um inseto distinto do barbeiro.
Três das vítimas morreram.
Segundo Luís Antonio Silva, diretor da Vigilância Epidemiológica, os primeiros casos
foram registrados no dia 1º de março, mas o diagnóstico foi conhecido apenas na
última sexta-feira, após exames.
Santa Catarina registra 19 casos da
doença de Chagas – 21/03/2005
De acordo com Silva, o objetivo agora é identificar se a contaminação ocorreu no
canavial ou nos locais da venda do produto. Há possibilidade de a bebida ter sido
contaminada com as fezes do inseto ou de alguns terem sido moídos com a cana.
Os casos foram detectados em Navegantes, Penha e Joinville. As vítimas circularam
pela mesma região e alguns consumiram a bebida em quiosques às margens da BR101. A venda do caldo de cana está suspensa.
Na tentativa de identificar casos suspeitos, um alerta foi emitido para a região
nordeste do Estado. Pessoas que ingeriram caldo de cana desde o dia 1º de
fevereiro devem ficar atentas e, em caso do surgimento dos sintomas da doença,
procurar atendimento médico.
Folha On Line
O congelamento da polpa do açaí elimina a possibilidade de
contrair a Doença de Chagas? À que temperatura da água o
Trypanossoma é eliminado?
Sim. O suco do açaí congelado em casa e consumido somente no
dia seguinte elimina o protozoário Trypanosoma cruzi. O
congelamento mínimo é de 20°C negativos, pelo menos por oito
horas até completa rigidez em freezer. O congelador da geladeira
não é recomendado, pois não alcança a temperatura de -20°C. As
empresas que comercializam o produto congelam em câmara, onde
a temperatura passa de -30°C, isso sem contar com a
pasteurização e a higienização feitas antes.
FONTE: Biblioteca do Instituto Evandro Chagas, em colaboração
com Dr. Aldo Valente, coordenador do Laboratório de
Referência Regional para Doença de Chagas da Seção de
Parasitologia do Instituto Evandro Chagas.
Açaí mal lavado, mesmo congelado, pode
transmitir doença de Chagas – 12/05/2010
O protozoário causador da doença de Chagas sobrevive na polpa do
açaí mal higienizado, mesmo que o produto seja congelado a 20°C. Somente a correta pasteurização - tratamento térmico que
envolve aquecimento e rápido resfriamento -, que ainda não é
obrigatória no Brasil, consegue eliminar o microrganismo, concluiu
uma pesquisa inédita liderada pela Universidade Estadual de
Campinas.
Higienizar corretamente os frutos ainda é o método mais importante de
prevenção, destacam os autores do trabalho, realizado via convênio
com o Ministério da Saúde. Surtos de transmissão da doença aguda
transmitida por meio de alimentos, acentuados a partir da metade
da década passada no Norte do País, incentivaram a realização da
pesquisa.
Açaí mal lavado, mesmo congelado, pode
transmitir doença de Chagas – 12/05/2010
O açaí industrializado, consumido nas grandes cidades, passa em
teoria pelos processos, dizem os cientistas, e deve ser registrado no
Ministério da Agricultura. A pasta informou que, apesar de a
legislação nacional ainda não exigir a pasteurização, visitas de
fiscais às fábricas têm demonstrado que a maioria das empresas
possui máquinas para realizá-la, em razão de exigência do mercado
externo.
Em nota, o Ministério da Saúde destacou que o congelamento não é
medida preventiva e que o resultado do estudo é preliminar. Disse
também aguardar resultados sobre testes com temperaturas mais
baixas. Por fim destacou que todos os casos de doença de Chagas
por transmissão oral já registrados tiveram origem no consumo do
alimento preparado artesanalmente e que até o momento não
houve associação com polpas de açaí industrializado. A reportagem
não conseguiu localizar representantes dos produtores de açaí.
Açaí mal lavado, mesmo congelado, pode
transmitir doença de Chagas – 12/05/2010
No caso da transmissão oral, em razão da higiene inadequada, fezes
ou o próprio inseto são processados junto com a polpa e ingeridos
pela população.
Só no ano passado, o Brasil registrou 226 casos da doença, a maioria
deles no Pará e, calcula-se, 80% ligados ao consumo de alimentos,
principalmente o açaí. "O que essa pesquisa traz é um reforço a
uma idéia que a saúde vinha propagando, a de que não se pode
achar que o congelamento resolve o problema", declarou Elenild
Góes, coordenadora do Programa de Doença de Chagas do Pará.
"E de que é preciso cuidado na manipulação do fruto", continuou.
Açaí mal lavado, mesmo congelado, pode
transmitir doença de Chagas – 12/05/2010
Segundo Elenild, em 2007, no Pará, fabricantes assinaram um Termo
de Ajustamento de Conduta (TAC), junto com o Ministério Público,
em que se comprometiam a pasteurizar o produto. "Mas, como o
Ministério da Agricultura não recomenda a pasteurização, não é
realidade que todos estejam fazendo."
De acordo com Passos, da Unicamp, o estudo pretendia verificar se o
protozoário sobreviveria na polpa e se ainda estaria presente em
temperaturas diversas: na ambiente, na do freezer doméstico (de 4°C) e a -20°C, utilizada em processos industriais.
Estadao.com.br
Patogenia
Ocorre desde os EUA até a Argentina;
 Patogenia variada;
 Brasil:

aguda: assintomática (90 – 98%) e
sintomática (02 – 10%);
 Fase crônica: assintomática (50 – 69%);
forma cardíaca (13%); forma digestiva (10%);
forma mista (8%).
 Fase
Patogenia

Fase Aguda:
de incubação: 07 – 10 dias;
 Febre, mal estar, anorexia, fraqueza e
algumas manifestações cutâneas (chagoma
de inoculação) ou ocular (sinal de Romanã);
 Hepatomegalia e esplenomegalia: crianças e
imunodeprimidos;
 Sintomas desaparecem em poucos dias.
 Período
Patogenia

Fase Crônica Assintomática ou
indeterminada:
normalmente por 20 – 30 anos;
 Positivo nos exames sorológicos, mas sem
sintomas;
 Miocardite discreta (alguns casos de morte
súbita);
 Pode evoluir para a fase sintomática.
 Vive
Patogenia

Fase Crônica Sintomática ou Determinada:
 Forma





cardíaca ou cardiopatia chagásica crônica:
Grave / homens e mulheres 30 – 40 anos;
Insuficiência cardíaca congestiva;
Miocardite crônica (substituição do tecido cardíaco por
fibrose);
Cardiomegalia acentuada;
Fenômenos tromboembolíticos: infartos do coração,
pulmões, rins, cérebro etc. (morte súbita).
Patogenia

Fase Crônica Sintomática ou Determinada:
 Forma



digestiva crônica:
Manifestações digestivas (megas): esófago e cólon;
Megaesôfago (mal do engasgo): homens 20 – 40 anos e raro
em mulheres / 07 – 10% dos crônico / sempre associada a
cardiopatia;
Megacólon (mal da obstrução): é mais freqüente em idosos.
O intestino grosso aumentado e o paciente fica semanas
sem evacuar.
Diagnóstico

Clínico:
 Difícil

/ Anamnese;
Laboratorial Parasitológico:
 Fase
aguda: Parasitemia elevada e baixa
resposta imunológica;
 Fase crônica: Parasitemia muito baixa e
resposta imunológica elevada.
Diagnóstico

Laboratorial Parasitológico:
 Esfregaço
delgado corado pelo Giemsa
(Pouco sensível): observa o parasito;
 Gota espessa corado pelo Giemsa (Mais
sensível): observa o parasito;
 Cultura de sangue / concentração em tubo
capilar etc. (fase crônica).
Xenodiagnóstico
Também o xenodiagnóstico pode ser utilizado,
sobretudo na fase crônica, e consiste em fazer
alguns triatomíneos limpos (criados no laboratório
e alimentados sobre aves) sugarem o sangue do
paciente (figura).
No xenodiagnóstico, uma amostra de sangue,
retirada por punção venosa, é posta dentro de um
preservativo (não lubrificado) e exposta aos
insetos (que estiveram em jejum prolongado) para
que suguem.
Se o paciente for positivo, decorridas 2 a 6
semanas,
o exame microscópico das fezes
desses
insetos
mostra
a
presença
de
tripomastigotas infectantes.
Frasco (c) coberto com tela de
filó (a, b), tendo suportes (d, e)
para os triatomíneos e um
preservativo
contendo
o
sangue a testar (f).
Diagnóstico

Laboratorial Imunológico:
 Pesquisa de Ac;
 A OMS recomenda
a utilização de 2 técnica com a
mesma amostra (sangue);
 Reação cruzada com Leishmaniose, Toxoplasmose,
Esquistossomose etc.;
 RIFI;
 ELISA;
 Reação de Hemaglutinação Direta (RHD);
 PCR (Biologia Molecular – Não é imunológico).
Epidemiologia
Doença prevalente em ambientes rurais;
 Migrações e invasão de áreas com o
vetor;
 12 – 14 milhões de infectados na América
Latina;
 Êxodo rural: Chegou as cidades /
transfusão sanguínea;

Distribuição dos vetores
Os insetos triatomíneos distribuem-se do sul da Argentina
(Patagônia) até o sul dos EUA.
Porém, o principal transmissor da doença de Chagas –
Triatoma infestans – ocupa os
países andinos a partir do Peru
até o Uruguai, o Paraguai e o
sul do Brasil.
Panstrongylus megistus – o
segundo vetor em importância
– encontra-se principalmente
no Brasil e no Paraguai.
Triatoma braziliensis – habita o Nordeste do Brasil.
Rhodnius prolixus – vive nos
focos do norte do Continente
Sul-Americano.
Epidemiologia
Sistema de Informação de Agravos de
Notificação;
 Doença de Chagas Aguda (DCA): 985
(2009 – 2011);
 Região Norte: 93,91%;

Epidemiologia
Transmissão oral: 71,73%;
 Vetorial: 6,5%;
 Letalidade: 1,83%;
 Estado do Pará: 82,27%.

Epidemiologia
Tratamento
• Só existe tratamento medicamentoso para a fase aguda;
• Nifurtimox e benzonidazol, porém o nifurtimox teve sua
comercialização interrompida, primeiramente no Brasil e
depois em outros países da América do Sul (Venezuela,
Chile, Argentina);
• Pouco eficiente e altamente tóxica (mais de 40 anos);
Tratamento
• Na fase crônica, o tratamento é sintomático, sendo a
cardiopatia chagásica medicada como as de outras
etiologias;
• Tanto o megaesôfago como o megacólon são tratados
cirurgicamente.
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