gestão de riscos Tendência para sistemas internos Novo perfil para em crédito privado Não é mais possível tomar decisões de alocação só com as agências de rating. s E preciso ter condições de criticar e compreender a metodologia para atuar num mercado que tem abrangência cada vez maior nova dimensão assumida pelos ativos de crédito privado dentro das carteiras de investimentos dos fundos de pensão brasileiros tem aquecido o debate sobre quais seriam as ferramentas mais adequadas para gerir essa modalidade de risco e suas peculiari dades. Na hora de diversificar e rechear a carteira com maior fatia de ativos privados corporativos, o sistema de classificação de riscos oferecido pelas agências de rating pode servir como um ponto de partida de seleção e uma plataforma para cotejar cri térios, mas não pode e não deve ser o úni co referencial adotado pelos gestores das A 57 FUNDOS DE PENSÃO - M ARÇO/ABRIL 2013 Tendência para sistemas internos fundações. Os modelos proprietários de risco, de senvolvidos internamente pelas fundações ou pelos gestores terceirizados, estão avançando e o sistema já revela uma clara tendência no caminho da sofisti cação desses sistemas. De dois anos para cá, à medida que o risco de cré dito privado cresceu nas carteiras, muitas fundações perceberam que não é mais possível tomar decisões de alocação só com as agências de rating, passaram a discutir mais as metodologias internas utilizadas pe los gestores terceirizados, até para poder questioná -las, e estão atentas principalmente às operações es truturadas. “Isso é sinal de uma gestão mais proativa, os fundos de pensão querem ter condições de criticar e compreender a metodologia para atuar num mer cado que tem abrangência cada vez maior, confor me o caso até mesmo para poder exercer seu poder de veto quando eles têm uma equipe interna mais ro busta”, diz o diretor de portfolio da Western Asset, Jean Pierre Cote Gil. Potencial de perdas Cada vez mais é preciso combinar os ratings com uma gestão proativa, feita internamente na própria fundação ou desenvolvida pelo gestor terceirizado, que consiga estabelecer não apenas o risco de cré dito, mas, também, uma série de outras variáveis, como, por exemplo, o potencial de perdas espera das para aquela carteira num determinado período por conta desse risco. Para isso, sugere o diretor Ale xandre de Oliveira, da MVAR, é preciso contar com um sistema interno de rating que dê suporte a todo o processo, permitindo avaliar qual seria o melhor ní vel de provisionamento, determinar limites para um ativo e fazer sua avaliação em conjunto com os de mais que compõem a carteira. “Não basta olhar para a qualidade dos tomadores de crédito, mas saber, por exemplo, de que modo, objetivamente, ao longo do tempo, por questões específicas ou sistêmicas dos mercados, a qualidade desse crédito poderá ser in fluenciada”. Sem um sistema próprio fica mais difí cil responder a questões como essa, que são conside radas vitais para uma gestão ativa dos investimentos. Essa modelagem deve envolver aspectos quali tativos, mas também fatores objetivos e imparciais para que a nota de risco seja muito pouco influen ciada pelas opiniões de quem está analisando. En quanto os critérios do rating externo são mais fun damentados pelo julgamento e análise qualitativos. FUNDOS DE PENSÃO - M ARÇO/ABRIL 2013 os sistemas desenvolvidos internamente pelas funda ções têm condições de fazer avaliações mais claras, concretas e factuais, acredita Oliveira. “Não se tra ta de dizer que um sistema é melhor do que o outro, mas, simplesmente, de ter ferramentas complementares que deem melhores condições para a tomada de decisões justificáveis ao longo do tempo, que asse gurem um poder de previsão com base em análises imparciais”. Nesse sentido é essencial avaliar o nível de retomo que pode ser exigido em função do risco (retomo ajustado ao risco), o que só pode ser obti do se houver um sistema interno capaz de analisar os dois componentes. Entre os aspectos mais relevantes está a possibi lidade de perdas que venham a comprometer o pa trimônio dos planos. Essa eventualidade está dentro do risco esperado? Essa é outra questão que preci sa ser respondida de maneira quantificável tanto no momento de entrar em um investimento quanto na reavaliação do portfolio. A clareza e a qualidade das informações utilizadas pelas agências, assim como os eventuais conflitos de interesses envolvidos entre elas e seus clientes, são pontos que estão no centro de um acalorado debate há anos e que ganharam ainda maior destaque depois da crise financeira de 2008. Independentemente desse questionamento, porém, a utilização exclusiva de ratings externos pelos fun dos de pensão tende a ser cada vez menos freqüente. Mesmo porque fica difícil justificar, diante das no vas exigências de governança, o fato de um gestor de fundação ter tomado uma decisão apenas a partir da avaliação de riscos feita por terceiros e sobre a qual ele não tem um conhecimento profundo. “É de se es perar que o gestor tenha tomado essa decisão porque dispunha de todos os elementos necessários à gestão adequada de riscos”, observa Oliveira. Poder de antecipação Enquanto o sistema intemo coloca todos os ativos sob a mesma régua, o rating intemo exige que uma série de critérios e conceitos sejam bem documenta dos para dar suporte à nota e demonstrar que aquele sistema está suficientemente discriminatório, toman do a classificação dos indivíduos coerente e consis tente ao longo do tempo. Ou seja, não basta o ra ting, é preciso saber que há uma probabilidade de que aquele indivíduo classificado produzirá um evento de crédito ao longo de um determinado período. “É di fícil conseguir isso nas estatísticas das agências por e os mais relevantes têm maior peso na classificação, caracterizando, assim, um viés para um ou outro mercado que pode não refletir a realidade do investidor que elas agregam vários mercados e os mais relevan tes terão maior peso na classificação, caracterizando, assim, um viés para um ou outro mercado que pode não refletir a realidade do investidor”, lembra Oli veira. Os sistemas internos, por outro lado, permitem ter maior controle sobre todos os critérios e métodos utilizados. “Já está demonstrado pela literatura mun dial, e também brasileira, que esses sistemas inter nos têm poder de antecipar a degradação do rating de crédito cerca de dois a três anos antes das agências”. Assim como Basiléia II já incorporou às suas prá ticas os sistemas internos como meios mais eficien tes para capturar a evolução da qualidade do crédito, começa a ser transportada essa mesma filosofia para o universo dos gestores de fundos de pensão. “Vai ser difícil tolerar, daqui para frente, a justificativa de perdas sem que o gestor tenha garantido maior cla reza sobre a elaboração da avaliação de risco”, diz o diretor da MVAR. Rating com o benchm ark Para as pequenas e médias EFPCs, esse processo interno tende a ser feito pelo gestor terceirizado que, por sua vez, precisa ter desenvolvido um sistema de análise de crédito proprietário. O modelo adotado pela Western Asset, por exemplo, usa sua pesquisa interna para avaliar bancos, empresas e emissões de crédito estruturado e atribui um rating a cada opera ção, com a avaliação e monitoramento de cada papel, mas utiliza as notas conferidas pelas agências classificadoras como referencial. O modelo próprio é se melhante à escala utilizada pelas agências, mas o re sultado muitas vezes é bem diferente por conta dos diversos pesos atribuídos, diz o diretor Jean Pierre Cote Gil. “Ficamos mais confortáveis com as deci sões porque isso nos ajuda a identificar melhor as oportunidades quando a nossa nota está acima da quela conferida pelas agências ou, ao contrário, cha ma a nossa atenção quando fica abaixo desse rating’\ O rating das agências, portanto, acaba sendo utiliza do como benchmark eficiente porque essas agências, por conta de seus contratos de confidencialidade com os clientes, têm acesso à informação igual ou melhor do que os gestores, ressalta Jean Pierre. “Tudo isso pesa no modelo analítico já que as agências, teorica mente, podem ter mais dados de projeções financei ras e de negócios do que nós, então, quando atribuo uma nota a uma empresa ou a um FIDC, esses ratings têm que ser comparáveis entre si”. Além disso, o próprio escopo de opinião das agências é maior do que o dos gestores uma vez que elas avaliam opera ções similares em outros países e têm, portanto, in formações estatísticas obtidas sobre uma base maior. “Você tem que saber como elas atribuem seus ratings, compreender sua metodologia para poder utilizá -los como informação relevante”. O lado positivo do rating externo está no fato de ser um modelo facilmente aceito em todo o mun do, inclusive pelos fundos de pensão, mas, por ou tro lado, ele não se mostrou tão robusto quanto se ria esperado ao longo do tempo e tem provocado debates sobre sua efetividade em vários países. “As agências estão vivendo uma etapa de transforma ção e terão que oferecer métodos mais robustos e completos mas, de toda maneira, é preciso lembrar que não existe uma resposta única para atestar a se gurança de um ativo”, lembra Edivar de Queiroz. A modelagem interna de classificação consegue evoluir mais rapidamente porque permite que se aprenda com os próprios erros, porém tem um cus to elevado uma vez que o processo de aprendiza do costuma ser demorado. Para as fundações maio res, que compram crédito diretamente e precisam criar uma estrutura interna, o desafio é o custo des sa equipe e o do período de aprendizado, o que tor na mais prático fazer a seleção em parceria com os próprios bancos ou terceiros. Tendência para sistemas internos As estatísticas das agências agregam vários mercados 59 FUNDOS DE PENSÃO - M ARÇO/ABRIL 2013 Tendência para sistemas internos 60 "As agências estão vivendo uma etapa de transformação e terão que oferecer métodos mais robustos e completos, mas, de toda maneira, é preciso lembrar que não existe uma resposta única para atestar a segurança de um ativo" Equilíbrio na seleção A Fundação CESP, que já tem 8% de seus in vestimentos totais direcionados ao segmento de crédito corporativo, usa uma combinação dos dois sistemas, explica seu diretor de Investimentos, Jor ge Simino. O rating externo, conferido pelas três maiores agências classificadoras, é utilizado como um critério de pré-seleção e, embora não chegue a ser exatamente eliminatório, contribui para separar o joio do trigo. Até porque a crise do subprime nos EUA deixou claras as fragilidades desse sistema e é preciso ser rigoroso no manejo dessa ferramenta. Qualquer ativo que receba rating inferior ao duplo A deixa de atiçar o apetite da Fundação CESP. “Se estiver abaixo disso já perdemos a vontade, mas, embora o duplo A seja condição necessária, não é suficiente para embasar a decisão de investir”. A partir daí começa o processo de análise interna que funciona como uma “contra-checagem” do ra ting e no qual são considerados vários indicadores. “Avaliamos o rating em relação ao desempenho da empresa, sua dívida líquida diante do Ebtida, va riação do capital de giro e outros fatores que nos permitem conferir se a nota está adequada”. Este ano a fundação passou a testar também um sistema fornecido por empresa terceirizada que faz cálculos estatísticos de diversas variáveis. Desse modo é possível comparar os indicadores da empresa com a média setorial, o que fornece um suporte importante. Mas isso é só o começo porque a partir desses números é preciso conhe cer a realidade de cada empresa naquele determi nado momento. Nas operações estruturadas, por exemplo, a Fundação CESP exige dois ratings para poder fazer comparações. A ferramenta esta tística é importante assim como a análise indivi dual de operações. “Não se pode ser ingênuo e acreditar que só porque o ativo recebeu um triplo A, por exemplo. FUNDOS DE PENSÃO - M ARÇO/ABRIL 2013 está tudo bem, mas também não se pode achar que o sistema desenvolvido pela fundação é perfeito” A gestão de crédito corporativo, lembra Simi no, não tem um modelo único a ser adotado, não é uma máquina de fazer salsicha, é preciso contar com um conjunto de ferramentas. Um certo equi líbrio é fundamental: “Não se pode ser ingênuo e acreditar que só porque o ativo recebeu um tri plo A, por exemplo, está tudo bem, mas também não se pode achar que o sistema desenvolvido pela fundação é perfeito, é preciso ter um pouco de hu mildade e cotejar os dois métodos para, finalmen te, buscar uma opinião independente, de quem não está envolvido na operação”. Na tomada de deci são de investimento é necessário também observar que a taxa oferecida pelo ativo nem sempre com bina com o seu rating, ou seja, a primeira etapa vai circunscrever a medida de risco da operação e a se gunda vai comparar essa medida com a taxa para avaliar se vale a pena. Análise paralela Entre as fundações que têm avançado na cons trução de modelos proprietários de risco de crédi to, a Funcef segue o conceito da Supervisão Ba seada em Risco e usa sistemas específicos para ativos de crédito bancário (CDBs e Letras Finan ceiras) e para os demais. No caso do crédito ban cário, são definidas a priori algumas instituições, limites e períodos de tempo, numa estratégia que é revisada periodicamente pela diretoria e pelo Con selho Deliberativo da fundação, explica seu diretor de Planejamento e Controladoria, Antônio Bráulio de Carvalho. “É um modelo muito dinâmico, ela borado para acompanhar cenários macroeconômi cos”. Para os ativos de crédito não bancário, a sis temática envolve várias áreas da fundação. “Cada proposta passa pelos devidos filtros da área gestora e depois das áreas de risco e jurídica”. Há ques M ó d u lo s integrados de risco Para a Previ, a gestão de risco é um tema que ganhou ainda maior importância desde 1997, com a diretoria de Planejamento e uma diretriz específi ca de risco logo após o acordo de Basiléia. Na épo ca, o primeiro passo foi estabelecer um sistema de classificação de risco para as instituições financei ras por meio de uma metodologia própria desen volvida em parceria com a USP de Ribeirão Pre to, explica o diretor de Planejamento Vítor Paulo Gonçalves. Já havia, portanto, medidas qualitati vas e quantitativas, mas a parte qualitativa foi am pliada a partir de 2008 para avaliar os bancos. Des de 2010, a Previ está implementando o conceito de gestão baseada em risco com a melhoria de proces sos decisórios, modelos e métricas. Dentro desse projeto, estão incluídos os riscos de mercado, cré dito, operacional, liquidez e atuarial, entre outros. O módulo voltado ao risco de crédito foi es colhido como prioritário e o primeiro a ser imple mentado, de acordo com um modelo proprietário que conta com a contribuição de consultoria ex terna. A escolha foi claramente influenciada pelos sinais de queda de juros e necessidade de ampliar a carteira de títulos de crédito privado. Já havia uma metodologia, mas não tão completa e mo derna como a atual. Agora ela segue um processo muito estruturado e todos os dados fornecidos pe los provedores são checados com back test, o que exigiu investimentos em tecnologia e capacitação de pessoas. Desenvolvido e testado no ano passa do, ele está totalmente implementado em 2013 e inclui critérios de políticas de risco, atribuições, metodologias e processos. “Nossos manuais es tão em fase de adaptação, mas, formalmente, ele já está completamente implementado, agora esta mos trabalhando num plano “arquitetônico” que olha todos os módulos para identificar eventuais gaps entre a nova estrutura e a implementação”. A identificação e a mitigação de risco estão sendo feitas com a ajuda de especialistas externos e com base em modelos internacionais de modo que o radar consiga capturar todos os itens, explica Vítor Paulo. De acordo com a experiência de segu radoras e fundos de pensão na Europa, foram defi nidos três pilares, o primeiro envolvendo métricas, em seguida o qualitativo (governança) e de comu nicação (transparência). Essa base reflete não só a experiência europeia mas, também ,o conceito adotado pela Previc, com especial ênfase na go vernança e nas melhores práticas. “Estamos traba lhando também com a mudança de cultura, o que é muito complexo porque há sempre um novo risco e é preciso enxergar de que modo ele poderá im- Tendência para sistemas internos tionários extensos a serem respondidos e o acom panhamento é feito passo a passo para verificar a aderência à matriz de atratividade, olhando sempre para relação risco/retomo. Nas operações mais complexas a fundação também recorre ao serviço de consultorias exter nas, especializadas em determinados setores, mas “não coloca toda a responsabilidade pela decisão em áreas externas”. Os investimentos da Funcef no segmento não bancário só podem incluir ativos com baixo risco de crédito e, no caso dos recur sos aplicados por gestores terceirizados, adota cri térios rigorosos de seleção de gestores e de acom panhamento de resultados para créditos de menor volume. “Em qualquer operação de crédito priva do temos parceiros, como as principais agências classificadoras, e temos sempre essa avaliação tan to do papel como do emissor, mas, além disso, em algumas operações mais complexas utilizamos os serviços de auditorias e consultoria jurídica”, in forma Carvalho. Todas as operações de crédito privado da car teira própria da Funcef contam com a avaliação de rating das agências. “Essa é uma análise de risco feita de forma documental, o que não impede qual quer risco de fraude e pode dar um resultado dife rente do esperado, mas o mercado já está madu ro e as agências costumam ser confiáveis para dar pistas, então é por isso que usamos esse rating ex terno acompanhado de uma rigorosa análise para lela, fazendo o nosso dever de casa”. Aproveitar a expertise das agências, portanto, é fundamental, mas, embora seja um parâmetro necessário, não é suficiente para a tomada de decisões, reforça o di retor da Funcef. A diversificação por meio dos ativos de crédi to envolve faixas de risco diferenciadas e uma ex pressiva necessidade de estrutura. “Procuramos não onerar demais a fundação, mas, também, não pode mos perder oportunidades em alguns papéis e a aná lise de risco tem que estar cada vez mais aderente, com maior sofisticação porque oportunidades novas surgem o tempo todo”, sublinha Carvalho. FUNDOS DE PENSÃO - M ARÇO/ABRIL 2013 Tendência para sistemas internos pactar os demais, daí a importância de integrar áreas e olhar o risco da fundação de modo global”. No caso específico do risco de crédito, a Previ utiliza o rating externo como um insumo estudado sob o ponto de vista qualitativo. A visão de um fun do de pensão, lembra Vítor Paulo, deve ir além do rating e a Previ estabelece seus próprios cenários de estresse, combinando dados de provedores externos e internos. Até o final de 2013 a fundação espera co locar em atividade mais três ou quatro módulos, com destaque para os de risco atuarial, operacional e de liquidez, vindo depois os riscos de mercado e con tencioso judicial. E o prazo é de mais dois anos para implementar o plano integral de integração entre os diversos módulos de risco, que já estão sendo desen volvidos com links entre si para facilitar a integra ção. Do ponto de vista da política de investimentos da Previ, esse é um insumo que olha tanto sob a óti ca do risco como do fluxo de caixa. Ferramenta adicional Na Petros, o processo de seleção de ativos de cré dito privado é composto por diversas etapas de iden tificação de riscos do ativo (risco de governança, atuarial, contraparte, mercado, liquidez, operacio nal e legal, entre outros), e o rating externo é apenas uma ferramenta complementar. Além disso, a sele ção é submetida ao Comitê de Avaliação de Crédi to ou ao Comitê de Investimentos, que auxiliam no processo decisório. “Apesar de considerar as classi ficações de rating externas como necessárias em to das as operações de crédito privado, a fundação tra ta esse sistema como uma ferramenta adicional na avaliação de risco e não como o único fator para a seleção de ativos”, explica o diretor de Investimen tos da Petros, Carlos Costa. Para assegurar que haja constante aperfeiçoamento nos processos de análise, acompanhamento e tratamento dos riscos associa dos aos seus investimentos, a Petros segue atualmen te uma série de procedimentos específicos de gestão que levam em conta as características de cada moda lidade de risco. Em relação ao risco de governança, explica Cos ta, as recomendações de investimentos são baseadas em decisões colegiadas, mitigando assim os riscos relacionados à eventual concentração de poderes. No caso dos riscos operacionais, é feita uma prévia ava liação da compatibilidade do ativo com as políticas de investimentos dos planos sob gestão da Petros, FUNDOS DE PENSÃO - M ARÇO/ABRIL 2013 um trabalho realizado por meio de relatórios de en quadramento enviados pelo custodiante. Adicional mente, a fundação estabelece procedimentos formais para a tomada de decisões. O risco de contraparte é mitigado graças a uma análise prévia da capacidade de pagamento pelo emissor das obrigações decorrentes do ativo finan ceiro. É feita ainda, internamente, uma análise do relatório de rating externo que procura avaliar tam bém a capacidade do emissor para honrar a dívi da. Estudos realizados periodicamente procuram mitigar os possíveis movimentos adversos da taxa de juros, no sentido de reduzir o risco de mercado. Já no que diz respeito ao risco de liquidez dos ati vos, é feita uma verificação prévia do casamento dos fluxos de ativos e passivos por meio de estudos de ALM (Asset LiabilitvManagement). Em relação ao risco legal, todos os investimentos passam pelo exame e chancela da Gerência Jurídica da Petros e, para completar, a gestão desse risco é feita pela Ge rência de Compliance da fundação. Além disso, informa Costa, são realizados tes tes de estresse que medem o comportamento das di versas carteiras de investimento, inclusive a carteira de crédito, considerando cenários macroeconômicos desfavoráveis. “Isso fornece insumos para aprimorar as estratégias e proteger a carteira frente a movimen tos exógenos.” Apesar de observar todos esses pro cessos, a Petros continua buscando, constantemente, desenvolver novas ferramentas de análise de risco, além de monitorar os ambientes regulatórios, econô mico, financeiro e social. “O objetivo é identificar possíveis melhorias ou corrigir eventuais desvios de trajetória”. Baixa concentração Com uma exigência mínima de classificação de rating 3 B conferido por todas as grandes agências, a Fachesf também complementa essa análise com um trabalho de avaliação interna, emissor por emissor. Nos créditos bancários, os critérios internos são ain da mais restritivos do que os da Resolução 3792, in forma o diretor financeiro da fundação, Luiz Ricardo da Câmara Lima. “Os limites de concentração são definidos de acordo com o patrimônio líquido, fixan do um teto de 10% enquanto a legislação determina 25%” porque a diretriz da Fachesf é evitar a concen tração”. As aplicações em crédito privado da funda ção representam 3,5% de sua carteira total. ■