Universidade do Sul de Santa Catarina
Teoria Geral do Turismo
Disciplina na modalidade a distância
Palhoça
UnisulVirtual
2007
teoria_greal_turismo.indb 1
13/4/2007 17:17:38
Créditos
Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina
UnisulVirtual - Educação Superior a Distância
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Destri
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Zimmermann
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Rafael Pessi
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com o Mercado
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Presenciais
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Kênia Alexandra Costa Hermann
Priscila Santos Alves
Logística de Materiais
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Costa (Coordenador)
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Monitoria e Suporte
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(Coordenador)
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Caroline Mendonça
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Francielle Arruda
Gabriela Malinverni Barbieri
Josiane Conceição Leal
Maria Eugênia Ferreira Celeghin
Rachel Lopes C. Pinto
Simone Andréa de Castilho
Tatiane Silva
Vinícius Maycot Serafim
Produção Industrial e
Suporte
Arthur Emmanuel F. Silveira
(Coordenador)
Francisco Asp
Projetos Corporativos
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Vanderlei Brasil
Secretaria de Ensino a
Distância
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(Secretária de Ensino)
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Ana Paula Pereira
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Carla Cristina Sbardella
Franciele da Silva Bruchado
Grasiela Martins
James Marcel Silva Ribeiro
Lamuniê Souza
Liana Pamplona
Marcelo Pereira
Marcos Alcides Medeiros Junior
Maria Isabel Aragon
Olavo Lajús
Priscilla Geovana Pagani
Silvana Henrique Silva
Vilmar Isaurino Vidal
Equipe Didáticopedagógica
Capacitação e Apoio
Pedagógico à Tutoria
Angelita Marçal Flores
(Coordenadora)
Caroline Batista
Enzo de Oliveira Moreira
Patrícia Meneghel
Vanessa Francine Corrêa
Design Instrucional
Daniela Erani Monteiro Will
(Coordenadora)
Carmen Maria Cipriani Pandini
Carolina Hoeller da Silva Boeing
Dênia Falcão de Bittencourt
Flávia Lumi Matuzawa
Karla Leonora Dahse Nunes
Leandro Kingeski Pacheco
Ligia Maria Soufen Tumolo
Márcia Loch
Viviane Bastos
Viviani Poyer
Núcleo de Avaliação da
Aprendizagem
Márcia Loch (Coordenadora)
Cristina Klipp de Oliveira
Silvana Denise Guimarães
Pesquisa e Desenvolvimento
Dênia Falcão de Bittencourt
(Coordenadora)
Núcleo de Acessibilidade
Vanessa de Andrade Manoel
Secretária Executiva
Viviane Schalata Martins
Tecnologia
Osmar de Oliveira Braz Júnior
(Coordenador)
Ricardo Alexandre Bianchini
Rodrigo de Barcelos Martins
13/4/2007 17:17:44
Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Teoria Geral do
Turismo.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma,
abordando conteúdos especialmente selecionados e adotando uma
linguagem que facilite seu estudo a distância.
Por falar em distância, isso não significa que você estará sozinho.
Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina também
será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da
UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade.
Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois sua
aprendizagem é nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual.
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Victor Henrique Moreira Ferreira
Teoria Geral do Turismo
Livro didático
2a edição revista
Design instrucional
Carmen Maria Cipriani Pandini
Palhoça
UnisulVirtual
2007
teoria_greal_turismo.indb 5
13/4/2007 17:17:45
Copyright © UnisulVirtual 2007
N enhum a parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer m eio sem a prévia autorização desta instituição.
Edição --Livro Didático
ProfessorConteudista
Victor Henrique Moreira Ferreira
Design Instrucional
Carm en Maria Cipriani Pandini
Ligia Maria Soufen Tum olo
ISBN 978-85-60694-22-8
Projeto Gráfico e Capa
Equipe UnisulVirtual
Diagram ação
Duarte MiguelMachado Neto
Vilson MartinsFilho (2ªEdição)
AlexXavier (Atualização)
Revisão Ortográfica
Heloísa MartinsMano Dornelles
338.4791
F44
Ferreira, Victor Henrique Moreira
Teoria geral do turismo : livro didático / Victor Henrique Moreira Ferreira ; design
instrucional Carmen Maria Cipriani Pandini, Ligia Maria Soufen Tumolo. – 2. ed. rev. –
Palhoça : UnisulVirtual, 2007.
218 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-60694-22-8
1. Turismo. I. Pandini, Carmen Maria Cipriani. II. Tumolo, Ligia Maria
Soufen. III. Título.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
Palavras do professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE
UNIDADE
UNIDADE
UNIDADE
UNIDADE
1
2
3
4
5
–
–
–
–
–
O surgimento e a evolução do fenômeno turístico . . . . . 17
Impactos da atividade turística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
O Sistema de turismo e os meios de transportes . . . . . . . 75
Turismo e organizações turísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Administrando o turismo para o mercado . . . . . . . . . . . . 155
Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 213
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Palavras do professor
A todos os alunos e alunas com quem estarei
compartilhando informações, conhecimentos e
experiências...
Quero dizer que a possibilidade de poder trabalhar o
conteúdo que versa sobre a importante atividade que é
o turismo, certamente se caracteriza uma experiência
ímpar para todos nós.
Se considerarmos que a sociedade industrial moderna
nos impõe determinadas regras e exigências é importante
pensar também que temos a necessidade de priorizar um
tempo para que possamos descansar, viajar, divertir e
entreter, enfim, como se diz no popular, “recarregar as
baterias”.
Estou certo que muitos de vocês já aproveitaram,
aproveitam e ainda hão de aproveitar o tempo livre.
Também tenho certeza de que muitas viagens serão
realizadas, independentemente da destinação, do atrativo
ou da época do ano. Em outras palavras, sempre tiveram
a oportunidade de “atuar” como verdadeiros turistas o
farão.
Esta disciplina possibilitará um contato mais estreito
com o que podemos considerar como sendo “o outro lado
do turismo”, ou seja, o lado em que estaremos atuando
como os verdadeiros prestadores de serviços turísticos. E
para que isto seja possível há a necessidade de que noções
e conceitos teóricos da atividade sejam aprendidos e
compreendidos.
A apresentação dos conteúdos por meio da sistematização
das unidades foi pensada para que você possa realizar
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um elo ou um “link”, na linguagem virtual, com as necessidades
atuais do turismo.
Pretende-se com esta disciplina contribuir para uma
sensibilização acerca da importância e do significado que o
turismo possui em nível local, regional, nacional e mundial.
Assim sendo, só me resta agora, convidá-lo/a a “embarcar”
nesta fantástica “viagem” através do conhecimento e das novas
descobertas que a atividade turística poderá lhe proporcionar.
Vamos juntos!
Desejo a todos uma excelente “viagem” por meio da
aprendizagem!
Professor Victor Henrique Moreira Ferreira.
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Plano de estudo
O plano de estudos visa a orientar você no
desenvolvimento da Disciplina. Ele possui elementos
que o ajudarão a conhecer o contexto da Disciplina e a
organizar o seu tempo de estudos.
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual
leva em conta instrumentos que se articulam e se
complementam, portanto, a construção de competências
se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das
diversas formas de ação/mediação.
São elementos desse processo:
„
O Livro didático.
„
O EVA (Espaço UnisulVirtual de
Aprendizagem).
„
Atividades de avaliação (complementares, a
distância e presenciais).
Ementa
Noções básicas dos fundamentos teóricos do turismo.
Conceitos, definições e tipologia. Contextualização
histórica do lazer e do turismo. Principais impactos do
fenômeno turístico. Motivações e fatores condicionantes.
Ciclo de vida das destinações turísticas. Escala de Doxey.
Segmentação do trabalho dentro da atividade turística,
atendendo às mudanças exigidas pela sociedade pósindustrial.
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Carga horária
60 horas-aula.
Objetivos da disciplina
Geral
Compreender os elementos e processos do Turismo, sua evolução
e suas aplicabilidades.
Específicos
„
Destacar os princípios básicos da administração do
turismo.
„
Conhecer a evolução destes princípios.
„
Identificar as principais características, classificações e
tipologia turística.
„
Evidenciar as principais tendências e correntes do
pensamento administrativo turístico.
Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o Livro Didático desta
Disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.
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Unidades de estudo: 5
Unidade 1 – O surgimento e a evolução do fenômeno turístico
Nesta unidade, apresenta-se uma breve evolução histórica do
turismo com intuito de mostrar a relação existente entre as
várias civilizações e as necessidades de viagens. Além disso,
será possível conhecer as várias definições de turismo e também
reconhecer a divisão do tempo e a importância que isto teve para
os viajantes e a necessidade de se classificar os viajantes (turista,
excursionista e visitante).
Unidade 2 – Impactos da atividade turística
Nesta unidade você vai ter a oportunidade de entender como
ocorrem os impactos dentro da atividade turística. Os temas
abordados tratarão de fazer com que você conheça como ocorre
a medição do turismo. Também será possível entender os
principais impactos econômicos do turismo, além de reconhecer
os principais aspectos culturais e sociais do turismo.
Unidade 3 – O Sistema de turismo e os meios de transportes
Nesta etapa do livro são abordados assuntos relativos à
necessidade de se compreender as bases que perfazem o sistema
de turismo, ferramenta básica, para que se tenha percepção da
atividade turística como um sistema. Será possível por meio
do estudo desta unidade distinguir o que é oferta turística e
demanda turística. Você também deverá conhecer os principais
meios de transportes turísticos e sua importância para a
atividade.
Unidade 4 – Turismo e organizações turísticas
Como são formadas as principais organizações turísticas nos
principais níveis de atuação: mundial, nacional, estadual e
municipal será o assunto tratado nesta unidade. Será ainda
necessário você reconhecer os princípios básicos que norteiam a
planejamento turístico, além de compreender a importância e a
aplicabilidade do marketing para a atividade turística e isto será
discutido na unidade 4.
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Unidade 5 – Administrando o turismo para o mercado
Os temas abordados nesta unidade versam sobre o
reconhecimento e o significado vital exercido pelo meio ambiente
em relação ao turismo. Aqui você poderá conhecer os princípios e
as práticas para que o turismo possa ser considerado sustentável.
Também verá a importância e a necessidade de se identificar
a tipologia turística e o seu amplo espectro, além de entender
algumas das principais características e tendências da atividade
turística na atualidade.
Agenda de atividades
„
Verifique com atenção o “EVA”, organize-se para acessar
periodicamente o espaço da Disciplina. O sucesso nos
seus estudos depende da priorização do tempo para a
leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e
da interação com os seus colegas e tutor.
„
Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço
a seguir as datas com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.
„
Use o quadro para agendar e programar as atividades
relativas ao desenvolvimento da Disciplina.
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Cronograma de estudo
Atividades de Avaliação
Demais atividades (registro pessoal)
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UNIDADE 1
O surgimento e a evolução do
fenômeno turístico
1
Objetivos de aprendizagem
„
Compreender a relação entre as várias civilizações e
as necessidades de viagens.
„
Conhecer as várias definições de turismo.
„
Reconhecer a divisão do tempo e a importância que
este teve para os viajantes .
„
Entender a classificação dos viajantes.
Seções de estudo
Seção 1 História e evolução do turismo.
Seção 2 Conceitos básicos de turismo.
Seção 3
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Divisão do tempo e os viajantes:
classificações.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Você certamente já ouviu ou leu notícias e dados estatísticos
acerca da atividade turística − importante, por sinal. A mesma
gera milhões ou até bilhões de dólares em receitas, é uma
ferramenta excepcional para gerar empregos e desenvolvimento
de cidades, estados e países. Todavia há a necessidade de
se conhecer, sob uma perspectiva histórica, como se deu o
desenvolvimento da atividade e principalmente quais os impactos
que ela gera na sociedade atual.
É interessante que você perceba que a atividade turística é
composta de várias áreas do conhecimento, sendo motivo de
estudos e pesquisas praticamente no mundo inteiro.
Assim, convidamos você a conhecer, nesta unidade, como
surgiu esse fenômeno chamado “Turismo”, qual a importância
da divisão do tempo para o Turismo e também como são
classificados os viajantes. Sinta-se nosso “visitante” e venha
conhecer um pouco mais sobre a área de Turismo.
Vamos ao estudo das unidades?
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Teoria Geral do Turismo
SEÇÃO 1 - História e evolução do turismo
O que você sabe sobre o turismo? Você sabe como
começou? Que características assumiu no decorrer da
história? A que serve?
Registre no espaço abaixo “histórias de turismo”...
Depois vamos criar um espaço no EVA para publicálas. Que tal? Vamos começar? Registre uma, ou sua
história, depois publique no EVA na ferramenta
“Exposição” para socializar com seus colegas. Vamos
criar nosso primeiro “registro coletivo”.
Bem, agora que já escreveu a sua história, socializou com seus
colegas de turma, vamos à narrativa sobre a história desta
atividade. Perguntamos novamente: como surgiu?
Podemos dizer que não há um consenso entre os mais diversos
autores do tema, sejam eles brasileiros ou mesmo estrangeiros,
sobre quando efetivamente se deu o início da atividade turística.
Unidade 1
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Alguns consideram o seu surgimento na Antigüidade, outros
na Grécia Antiga, outros durante o período de existência do
Império Romano e outros, ainda, consideram o seu surgimento
na época dos Fenícios. Existem também aqueles que consideram
o surgimento do Turismo há milhões de anos!
Como não há uma data definida e acordada para o início do
Turismo, elaboramos nesta seção um resumo cronológico sobre o
surgimento da atividade que, segundo a nossa ótica, é de maior
importância para uma melhor contextualização do Turismo.
Acompanhe, a seguir, a evolução do turismo na ordem
cronológica, seguida, inclusive, de contextualizações conceituais.
a) O Turismo ao longo da história
„
O conceito de turismo surge no século XVII na
Inglaterra.
„
A palavra TOUR é de origem francesa.
„
Tour quer dizer VOLTA, tem seu equivalente em inglês
como sendo Turn, e em latim utiliza-se a expressão
Tornare.
„
O pesquisador suíço Arthur Haulot acredita que a
origem da palavra está no hebraico TUR, que aparece na
Bíblia, com significado de viagem de reconhecimento.
„
Viajar implica voltar. Há, portanto, um deslocamento.
São condições essenciais (entre várias outras) para que
ocorra Turismo: sujeito, deslocamento e motivação.
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Teoria Geral do Turismo
Você sabia?
Que existem diversos autores que consideram
diferentes variáveis para que ocorra o Turismo? Que
dentre elas se destacam: dinheiro, tempo livre, prazer,
informação, comércio, descobertas, etc?
Que os Romanos contribuíram de forma decisiva para
o surgimento de viagens, através da construção de
estradas? As famosas Pax Romana.
b) Surgimento das viagens obrigatórias (Séculos II – X d.C.)
„
No século V, os Bárbaros dominavam a Europa, o que
resultou numa significativa diminuição das viagens,
diante do perigo que elas representavam para os povos
europeus dominados.
„
Entre os séculos II e III ocorrem intensas peregrinações
a Jerusalém, assim como no século IX religiosos se
deslocam para a região onde se encontrava o sepulcro de
Santiago de Compostela.
„
Em 1140 o peregrino francês Aymeric Picaud escreveu
05 volumes com histórias do apóstolo Santiago e com um
roteiro de viagem de como se chegar até lá a partir da
França. Considera-se esse o 1º guia turístico impresso.
„
A partir de 1282, inicia-se o intercâmbio de professores e
alunos entre as universidades européias.
Você sabia?
Que as grandes navegações, realizadas principalmente
pelos espanhóis e pelos portugueses, contribuíram
de maneira significativa para o desenvolvimento do
Turismo? A descoberta do “Novo Mundo” gerou uma
curiosidade enorme nas pessoas que sentiam vontade
de se deslocar e conhecer as novas terras.
Unidade 1
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21
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Universidade do Sul de Santa Catarina
c) Ocorrências anteriores ao Turismo moderno – Turismo
Barroco (Séculos XVI – XVIII)
„
No século XVI, ocorrem muitas viagens não oficiais
realizadas por jovens acompanhados de seu professor
particular (que geralmente viajava antes para conhecer
os hábitos e costumes locais, além do idioma), que
possuía algumas características marcantes, tais como:
eram realizadas por uma classe privilegiada, de elite;
eram consideradas um tour de aventura; eram feitas
majoritariamente pelas pessoas do sexo masculino; eram
esporádicas e com duração aproximada de três anos.
„
Nessa mesma época, já se constata o turismo na França,
Alemanha, Itália, Países Baixos, Inglaterra e Espanha.
„
No século XVI, surge o considerado “1º hotel do
mundo”, de nome Wekalet Al Ghury no Cairo – Egito
– para atender mercadores;
„
No século XVII, ocorre uma melhoria nos transportes de
então, que eram feitos em lombo de cavalo ou puxados
por carroças e carruagens. Inventa-se a Belina (um tipo
de carruagem mais rápida, de duas poltronas), e também
a diligência;
„
Surgem as primeiras linhas regulares de diligências
entre Frankfurt e Paris e entre as cidades de Londres a
Oxford;
„
Após a Revolução Industrial (que altera de maneira
significativa as relações de trabalho e de divisão do
tempo), o turismo passa a ser educativo, com interesse
cultural.
Você sabia?
Que existem diversos autores que consideram
diferentes variáveis para que ocorra o Turismo? Que
dentre elas se destacam: dinheiro, tempo livre, prazer,
informação, comércio, descobertas, etc?
Que os Romanos contribuíram de forma decisiva para
o surgimento de viagens, através da construção de
estradas? As famosas Pax Romana.
22
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Teoria Geral do Turismo
d) O Turismo Moderno (século XIX)
„
Em 1830, a ferrovia Liverpool – Manchester foi a 1ª a se
preocupar mais com os passageiros do que com a carga.
„
Essa é a “Era da ferrovia”, que foi determinante para o
desenvolvimento do turismo;
„
Surge o “Pai do Turismo moderno”: Thomas Cook – em
1841 ele andou 15 milhas para um encontro de uma liga
contra o alcoolismo em Leicester.
„
Já para um encontro em Loughborough, alugou um trem
para levar outros colegas. Juntou 570 pessoas, comprou e
revendeu os bilhetes. Esse fato é considerado como sendo
um marco na história do Turismo, pois se caracterizou
como a 1ª viagem agenciada.
„
Além disso, Thomas Cook organizou o 1º package
(pacote) – excursão organizada.
„
Em 1865, editou um guia chamado: Conselhos de Cook
para excursionistas e turistas.
„
Em 1867, instituiu o voucher hoteleiro.
„
O Turismo no século XX se utiliza do trem como
meio de transporte em nível nacional e navios em nível
internacional;
„
Os principais fatores que impulsionaram o turismo no
século XIX foram: segurança, salubridade e alfabetização
crescente.
„
O passaporte surge em 1915, como um mecanismo para
realizar o controle do tráfego de turistas pelo mundo.
„
As décadas compreendidas entre 1920 e 1940 são
consideradas como a “Era do transporte terrestre”.
„
Em 1929, foi construído o 1º Free Shop no aeroporto de
Amsterdã (Holanda).
Unidade 1
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23
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Universidade do Sul de Santa Catarina
e) O Turismo Contemporâneo
„
A atividade turística ficou paralisada durante a II Grande
Guerra, ocorrida entre os anos de 1939 a 1945.
„
Em 1945, deu-se a criação da IATA (International Air
of Transport Association), que visa a regular o direito
aéreo e que caracteriza uma nova importante era para o
Turismo: A “Era do avião”;
„
Em 1949, ocorre a venda do primeiro pacote aéreo.
„
Já na década de 1960, começaram a existir as operadoras
turísticas, que ofereciam pacotes partindo do
norte da Europa, Escandinávia, Alemanha
Ocidental e Reino Unido para as costas do
Mediterrâneo.
Datam desta década também significativas
e importantes transformações nos meios de
hospedagens. Os hotéis, que anteriormente
possuíam uma atmosfera familiar ou de
hospedaria, passaram para uma fase de
profissionalização, com o surgimento das
primeiras escolas profissionais na Suíça. Os
Estados Unidos contribuíram também de
forma decisiva para esse desenvolvimento, com
a construção de importantes cadeias ou redes
hoteleiras padronizadas, internacionais.
„
f) O Turismo no Brasil
„
No Brasil o turismo como fenômeno social começou
depois de 1920.
„
O turismo surgiu vinculado ao lazer e nunca teve cunho
de aventura ou educativo, como se pôde verificar na
Europa.
„
A partir da década de 1950, um grande número de
pessoas passa a viajar, todavia esse movimento não se
caracteriza como sendo um turismo de massa, pois não é
toda a população que pode usufruir de tal atividade.
24
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Teoria Geral do Turismo
„
De uma maneira geral o turismo é mais acessível à
camada de alto poder aquisitivo da população, que realiza
viagens de médias e grandes distâncias, sendo que o
transporte mais utilizado é o aéreo.
„
Já as camadas de menor poder aquisitivo da população,
que não têm acesso irrestrito às atividades turísticas,
muito por causa da situação econômica do país, fazem
uso do transporte rodoviário para as suas excursões de
pequena e média distâncias.
Saiba mais
Para aprofundar o estudo sobre esta unidade:
Leia o texto a seguir extraído dos livros:
LICKORISH, J.L. e JENKINS, C. L. Introdução ao turismo.
Rio de Janeiro: Campus, 2000.
REJOWSKI, M (organizadora). Turismo no percurso do
tempo. São Paulo: Aleph, 2002.
Thomas Cook (1808-1892) foi marceneiro e um jovem
pregador batista da cidade de Loughborough, na região
inglesa de Midlands. Com 32 anos, vivia modestamente
escrevendo e distribuindo publicações, enaltecendo as
virtudes da temperança.
Thomas Cook lançou o primeiro pacote de turismo em
1841, mas naquela época as próprias ferrovias já ofereciam
viagens de excursão para um movimento que elas,
originalmente, não esperavam ter. O primeiro objetivo foi
o carregamento de carga e o segundo, a provisão de um
transporte mais rápido para os, então, viajantes de malaposta a preços nem um pouco baratos. Não se esperava a
popularidade das tarifas baratas de excursões para eventos
especiais.
Kemball Cook (1947) declarou em seu livro que no Dia
de Derby (importante dia em que se realizam corridas de
cavalo na Inglaterra), em 1838, pediu-se que oito trens
saíssem do terminal Nine Elms.
As autoridades estavam perplexas com 5.000 excursionistas
indo para a estação.
Unidade 1
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Em 1851, 774.910 passageiros saíam de Londres e chegavam
a Londres levados por trens de excursão pela ferrovia de
Londres e North Western. Na segunda metade de 1844,
360.000 passageiros viajaram de Londres para Brighton;
houve, portanto, um aumento de mais de dez vezes em
apenas sete anos devido às ferrovias.
Entretanto, a contribuição excepcional de Thomas Cook
foi a organização da viagem completa – transporte,
acomodação e atividade ou “satisfação” em um novo
e desejado destino – o verdadeiro produto do turismo.
Como agente dos principais fornecedores de transporte
e acomodação, ele conseguiu atender uma demanda
específica de mercado. Ele inventou um serviço essencial:
um pacote ou excursão individual. Sua invenção foi copiada
em todo o mundo. Com essa invenção, ele, mais do que
qualquer outro empresário, contribuiu para mudar a
imagem das viagens: de uma atividade necessária e nem
um pouco aprazível, de uma tarefa árdua e voltada para a
educação, para um prazer, um entretenimento e um novo
conceito: “férias”.
Thomas Cook e sua empresa se expandiram rapidamente.
Ele levou 165.000 excursionistas só de Yorkshire para a
Grande Exposição de Londres em 1851, e organizou a
primeira excursão ao Continente Europeu em 1856, e aos
Estados Unidos em 1865.
Na verdade, Cook estabeleceu os principais fundamentos
das viagens organizadas, introduzindo o conceito de pacote
turístico (package tour), desenvolvendo o cooperativismo
entre as empresas e outros componentes do mercado
turístico (agência de viagens, hotéis, transportadoras,
restaurantes, atrações, etc).
Fonte: adaptado das obras - LICKORISH, J.L. e JENKINS, C. L. Introdução ao
turismo. Rio de Janeiro: Campus, 2000; e REJOWSKI, M (organizadora). Turismo
no percurso do tempo. São Paulo: Aleph, 2002.
Quadro 1.1: Thomas Cook: o pai do turismo moderno
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Teoria Geral do Turismo
Para que você possa ter uma compreensão mais contextualizada
da importância e do significado que Thomas Cook exerceu para
o desenvolvimento do turismo moderno, apresentamos, a seguir,
uma tabela contendo algumas das suas principais realizações.
Tabela 1.1: Principais realizações de Thomas Cook a partir de 1845
ANO
REALIZAÇÕES
1845
Lançou o Handbook of the Trip, primeiro itinerário descritivo de viagem preparado
de forma profissional para o uso de turistas, por ocasião da excursão de Leicester a
Liverpool.
1846
Realizou um tour com a participação de guias de turismo, o primeiro com essas
características, chegando a levar 350 pessoas à Escócia.
1850
Formalizou contrato com a Great Easter Railway para a venda mínima de bilhetes de
trem por ano, que vendeu em um mês.
1851
Levou cerca de 165 mil pessoas à Primeira Exposição Mundial realizada em Londres,
oferecendo transporte e alojamento.
1856
Realizou a primeira excursão ao continente (Grã- Bretanha).
1862
Introduziu o “Individual Inclusive Tour”– IIT.
1863
Realizou a primeira excursão à Suíça, popularizando esse país como destino turístico
de inverno.
1865
Realizou a primeira excursão para os Estados Unidos.
1867
Criou o primeiro cupom de hotel (voucher), documento que permitia sua utilização
em hotéis para o pagamento dos serviços contratados em sua agência.
1869
Realizou o primeiro tour ao Oriente Médio.
1872
Realizou a primeira volta ao mundo com nove pessoas, que durou 222 dias.
1872
Inaugurou a primeira agência de viagens no continente americano, em Nova York.
1873-1874
Criou a circular note (antecessora do traveller check), que era aceita por bancos,
hotéis, restaurantes e casas comerciais em várias partes do mundo.
1875
Realizou tours para a Escandinávia, incluindo a “Viagem para o Sol da Meia-Noite”
no Cabo Norte.
1878
Levou 75 mil pessoas para visitar a Exposição Mundial de Paris.
1892
Morreu no momento em que sua agência era a mais importante do mundo, com 84
escritórios e 85 agências em vários países do mundo, empregando mais de 1.700
pessoas.
Fontes: Fuster, 1974; Acerenza, 1986; Witney, 1997; Khatchikian, 2000; Lickorish e Jenkins, 2000;
Montaner Montejano, 2001, in REJOWSKI, Mirian (org.). Turismo no percurso do tempo, 2002.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
A história e evolução do turismo são componentes essenciais
para a compreensão da atividade. O profissional da área necessita
dessas noções para contextualizar a atividade na história, assim,
terá maiores possibilidades de identificar as necessidades e as
demandas da área em cada momento e espaço.
Você teve a oportunidade de verificar, mediante uma cronologia,
alguns dos principais desenvolvimentos dessa atividade através
dos tempos.
Agora que você conheceu um pouco da história e evolução do
Turismo, a próxima seção lhe convida a conhecer os conceitos
básicos do Turismo. Vamos lá?
SEÇÃO 2 - Conceitos básicos de turismo
Nesta seção, serão abordados os conceitos básicos do turismo.
Este estudo faz-se necessário para que haja uma boa percepção
e um bom entendimento sobre como ocorreram as diversas fases
evolutivas no sentido de se conceituar o turismo. Nesse sentido, o
estudo cronológico é um componente também importante.
Veja que as questões estão articuladas: uma abordagem
está inserida na outra; isso implica um estudo progressivo
e cumulativo, somente assim você terá a possibilidade
de compreender e entender a atividade do turismo, seu
funcionamento e suas variáveis em relação à conceituação.
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Teoria Geral do Turismo
Você já refletiu não só sobre os impactos econômicos
da atividade turística, mas sim sobre a importância
social que essa atividade exerce sobre as populações
locais que recebem os turistas? Os grandes fluxos de
turistas interferem nas tradições locais e regionais?
Use o espaço a seguir para registrar suas impressões.
Desde que se estuda o turismo de forma sistêmica, sempre houve
grande controvérsia por parte dos autores em conceituar este
fenômeno. A seguir você será apresentado a algumas definições
de Turismo, que são aceitas e comumente utilizadas pelos
diversos autores da área, seja em nível nacional, seja em nível
internacional. Veja quais são:
A Organização Mundial do Turismo (OMT) define-o como:
“...o deslocamento para fora do local de residência por período
superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivado por razões
não-econômicas.” (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO
TURISMO, 2001)
Todavia esta definição sofreu aperfeiçoamento em 1994. Desta
data em diante, a OMT passou a considerar que:
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Universidade do Sul de Santa Catarina
“...o turismo engloba as atividades das pessoas que viajam e
permanecem em lugares fora de seu ambiente usual durante
não mais do que um ano consecutivo, negócios ou outros fins.”
(OMT, 2001)
É importante destacar que o uso do termo ambiente usual tem
por finalidade excluir as viagens dentro da área habitual de
residência, as viagens freqüentes ou regulares entre o domicílio e
o lugar de trabalho e outras viagens dentro da comunidade com
caráter de hábito. Tal definição serve para padronizar o conceito
de turismo nos vários países-membros dessa organização, mas
não para definir a real magnitude desse fenômeno.
Por essa definição, o turismo é um fenômeno que envolve quatro
componentes com perspectivas diversas:
„
o turista que busca diversas experiências e satisfações
espirituais e físicas;
„
os prestadores de serviços, que encaram o turismo como
uma forma de obter lucros financeiros;
„
o governo, que considera o turismo como um fator de
riqueza para a região sobre sua jurisdição;
„
a comunidade do destino turístico, que vê a atividade
como geradora de empregos e promotora de intercâmbio
cultural.
Toda vez que um turista se desloca, por exemplo, para
as Cataratas do Iguaçu, no Estado do Paraná, ele está
em busca de novas experiências, sejam elas espirituais
ou físicas (desejos). Toda a infra-estrutura existente no
local está preparada para atender a estes desejos e os
prestadores de serviços (hotéis, locadoras, transportes,
lojas para compras, espaços de entretenimento,
etc) devem obter um lucro apropriado para tal. Da
mesma forma, as autoridades governamentais (sejam
elas locais ou regionais) disponibilizam serviços de
apoio, tais como, energia elétrica, saneamento básico,
rodovias de acesso, comunicações, entre outros. E
o ciclo se “fecha” quando todas estas atividades e
prestações de serviços beneficiam a comunidade
local, seja através da geração de empregos diretos e
indiretos, seja na geração de impostos e também na
oportunidade que o cidadão local tem para interagir
com turistas de outras regiões.
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Teoria Geral do Turismo
O turismo é fenômeno recente como objeto de estudos e, embora
antigo como fato socioeconômico e político-cultural, são raros e
deficientes os estudos a respeito da sistemática de sua filosofia e
de sua aplicação às diferentes realidades. Os poucos estudos em
profundidade destinam-se apenas à análise e à sistematização de
aspectos econômicos, cambiais e legais.
De acordo com Barreto (1996, p. 09 - 13), vários foram e são
os autores que conceituaram e que continuam conceituando
a atividade turística. Estaremos a partir de agora verificando
algumas delas. Já em 1910, o economista austríaco Herman von
Schullard definia o turismo como:
“...a soma das operações, especialmente as de natureza econômica,
diretamente relacionadas com a entrada, a permanência e o
deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país,
cidade ou região.”
Na década de 1920 surgiu a Escola de Berlim, que estudou o
turismo nos seus aspectos econômicos. Arthur Bormann definiuo como:
“...o conjunto de viagens que tem por objetivo o prazer ou motivos
comerciais, profissionais ou outros análogos, durante os quais
é temporária sua ausência da residência habitual. As viagens
realizadas para locomover-se ao local de trabalho não constituem
em turismo.”
Já na década de 1940, alguns autores evoluíram a conceituação da
Escola de Berlim. Hunziker e Krapf conceituaram turismo como:
“...o conjunto das inter-relações e dos fenômenos que se produzem
como consequência das viagens e das estadas de forasteiros,
sempre que delas não resultem um assentamento permanente nem
que eles se vinculem a alguma atividade produtiva.”
Robert McIntosh definiu-o assim:
“Turismo pode ser definido como a ciência, a arte e a atividade de
atrair e transportar visitantes, alojá-los e cortesmente satisfazer suas
necessidades e desejos.”
Jafar Jafari apresenta uma definição mais holística do turismo:
“É o estudo do homem longe de seu local de residência , da
indústria que satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos
, ele e a indústria, geram sobre os ambientes físico, econômico e
sociocultural da área receptora.”
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Fuster, mais recentemente, assim o definiu:
“Turismo é, de um lado, o conjunto de turistas; de outro, os
fenômenos e as relações que essa massa produz em conseqüência
de suas viagens.”
Segundo Oscar de la Torre:
“ O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento
voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que,
fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura
ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no
qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada,
gerando múltiplas, interrelações de importância social, econômica e
cultural.”
Para José Vicente de Andrade:
“Turismo é o conjunto de serviços que tem por objetivo o
planejamento, a promoção e a execução de viagens e os serviços de
recepção, hospedagem e atendimento aos indivíduos e aos grupos,
fora de suas residências habituais.”
E, por último, trazemos a definição que recentemente foi
proposta por McIntosh, Goeldner e Ritchie, professores da escola
americana, que definiram turismo como sendo:
“... a soma dos fenômenos e relações que surgem da interação de
turistas, empresas prestadoras de serviços, governos e comunidades
receptivas no processo de atrair e alojar estes visitantes.”
Veja que o turismo é uma combinação de atividades, serviços
e indústrias que se relacionam com a realização de uma
viagem: transportes, alojamento, serviços de alimentação, lojas,
espetáculos, instalações para atividades diversas e outros serviços
receptivos, disponíveis para indivíduos ou grupos que viajam para
fora de casa. O turismo engloba todos os prestadores de serviços
para os visitantes ou para os relacionados com eles. O turismo
é toda uma indústria mundial de viagens, hotéis, transportes e
todos os demais componentes, incluindo o marketing turístico
que atende às necessidades e desejos dos viajantes.
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Teoria Geral do Turismo
Com base na realidade turística existente na
sua cidade de residência ou de nascimento,
tente pensar no que significa a atividade
turística para este município. Pense em como
são desenvolvidas as atividades de turismo.
Há profissionalismo? A população local está
preparada para receber o turista? Qual o nível
de interesse das pessoas sobre a preservação da
infra-estrutura local e dos atrativos naturais?
Tente elaborar respostas para as questões
formuladas anteriormente. Escreva sobre o que
você conhece ou percebe. Se você já trabalha
na área de turismo, pode escrever sobre algum
projeto, alguma lei, alguma iniciativa e/ou
atitude que vem favorecendo o turismo como
um todo! Faça uso do espaço abaixo.
Como você teve a oportunidade de ver pela ampla diversidade
das definições, o turismo é um fenômeno complexo. A maioria
das definições exclui dele as viagens desenvolvidas por motivos
de negócios. Contudo, são elas as responsáveis por grande
parte da ocupação dos meios de transportes, dos hotéis, da
estrutura de entretenimento, das locadoras de veículos e dos
espaços de eventos. Todos esses elementos são considerados
empreendimentos turísticos. Não é por outra razão que se
desenvolveram os termos turismo de negócios ou turismo de
eventos.
Muitas são as definições ou conceitos sobre o turismo, você
concorda, não é? Mas ressaltamos que o importante é que você
possa refletir, para selecionar a mais adequada à sua percepção
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em relação à atividade turística. Isso vai depender também do
contexto, das expectativas das pessoas, das necessidades do
espaço. Você concorda? Então, nesse sentido, os componentes
estudados até aqui são importantes para a seqüência dos seus
estudos.
A próxima seção fará você se familiarizar com conceitos sobre as
seguintes palavras: turistas, excursionistas e visitantes! Preparem
suas malas e até a próxima parada! Boa viagem.
...a soma das operações, especialmente as de natureza
econômica, diretamente relacionadas com a entrada,
a permanência e o deslocamento de estrangeiros
para dentro e para fora de um país, cidade ou região.
(BARRETO, 1996, p. 26).
SEÇÃO 3 - A divisão do tempo e os viajantes
Você consegue identificar o que você vai estudar na
seqüência lendo apenas o título? Não? Então, vamos
fazer uma breve contextualização, como uma espécie
de introdução da correlação (estreita, por sinal)
existente entre a ocorrência da Revolução Industrial,
a conseqüente nova divisão do tempo e a necessidade
de classificarmos o que são turistas, excursionistas e
visitantes.
Vamos lá! um pouco mais de história!
Com o advento da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra
nos primórdios do século XIX, o modo de produção alterouse drasticamente, pois, as pessoas que viviam em áreas rurais,
passaram a buscar, com uma crescente intensidade, um modo
de vida, vinculado aos centros urbanos. Locais esses, que se
desenvolviam e que necessitavam de mão-de-obra para os novos
inventos e para a operação de máquinas cada vez mais modernas
e mais complexas.
Os avanços verificados no que diz respeito ao transporte
ferroviário, a partir principalmente de 1850, foram determinantes
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Teoria Geral do Turismo
para o desenvolvimento do turismo, pois, como já vimos, um
dos pressupostos básico para que ocorra tal fenômeno é o
deslocamento.
Você sabia?
Que as relações de trabalho entre empregadores e
empregados eram bastante críticas nos primórdios
da industrialização? Á época da Revolução Industrial,
não havia legislação que regulamentasse os direitos
e deveres dos empregados. Era muito comum que
mulheres grávidas, crianças, idosos e até deficientes
físicos fossem submetidos a jornadas diárias de
trabalho de até 18 horas! Os direitos relativos a férias,
descanso semanal, horas extras, licença maternidade,
auxílio desemprego, entre outros, eram totalmente
ignorados e de certa forma desconhecidos.
Para efeito de continuidade dos seus estudos sobre este
importante tópico, faz-se necessário uma pequena divisão e
distinção sobre o que consideramos importante sobre a divisão do
tempo e sobre o conceito de turista, excursionista e visitante.
À medida que o homem passa a viver nas cidades
densamente povoadas, mais ele se ressente da
necessidade de um tempo livre para pôr o seu corpo
e a sua mente novamente em ordem. A obtenção
de um tempo livre maior passou a ser uma luta
abraçada pelos trabalhadores do mundo inteiro. As
longas jornadas de trabalho, registradas no início
da era industrial, não davam lugar ao tempo livre.
Posteriormente, os trabalhadores, mediante seus
sindicatos, concentraram as suas lutas por redução da
idade para a aposentadoria e por melhores salários,
condições necessárias para poderem desfrutar
melhor do tempo livre. Atualmente , o tempo livre
é um direito conquistado, embora nem todos os
trabalhadores tenham as mesmas oportunidades para
aplicá-lo à prática do lazer diário, semanal e anual.
Pela evasão semanal e anual (finais de semana e férias)
procura-se viver novas experiências, conhecer novas
formas de vida, novas culturas e povos e descobrir um
mundo diferente daquele que se é forçado a viver!
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Universidade do Sul de Santa Catarina
a) Divisão do tempo
O quadro a seguir define os diferentes tipos de tempo que estão
intimamente relacionados com a atividade turística:
a) TEMPO LIVRE − Diz-se tempo livre para
diferenciá-lo de outras modalidades
do tempo. Livre por oposição ao tempo
preso, ocupado, obrigado. Tempo livre
compreende aquela parcela de tempo
ocupada com atividades específicas, fora
do tempo de trabalho, a partir de uma
decisão tomada livremente.
b) TEMPO MORTO − É um tempo livre que não é
ocupado nem com atividades de lazer nem com
compromissos ou afazeres complementares
de ordem econômica, social ou política. É um
tempo livre adquirido por lei, mas totalmente
estagnado e marcado pelo aborrecimento. As
pessoas que consomem este tempo o fazem não
por uma livre decisão, mas porque não possuem
outra escolha.
c) TEMPO COMPROMETIDO − Nem todo
d) TEMPO DE LAZER − O lazer, na era
tempo livre é consagrado ao lazer. Parte
moderna, “firmou-se não somente como uma
dele é ocupado com atividades igualmente
possibilidade atraente, mas, também, como um
obrigatórias, tais como: afazeres
valor”. Valor, porque o lazer não é a negação
domésticos, compromissos familiares,
do trabalho. O trabalho é vital para o homem,
trabalhos complementares (bicos). O
sendo considerado por Karl Marx como a
tempo ocupado com essas atividades é
“necessidade primeira do homem”.
um tempo livre, mas desperdiçado, na
expressão de R.C. Boullión. É um tempo
livre, mas comprometido com um conjunto
de atividades que, apesar de não fazerem
parte do tempo de trabalho, também se
revestem de caráter obrigatório.
Quadro 1.2: Modalidades da divisão do tempo
Fonte: Adaptado de CATELLI, Geraldo. Turismo: atividade marcante (1996).
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A divisão do tempo é de fundamental importância
para todos nós. Com base no que você pôde verificar
sobre essa divisão, tente pensar como ela ocorre
para você numa base semanal, por exemplo. Pense
em como você divide o seu tempo. Essa divisão é
a mais adequada? Você tem dedicado tempo para
o lazer e o entretenimento? As suas obrigações de
trabalho são levadas para casa para serem feitas nos
finais de semana? Você tem alocado um tempo para
fazer atividades com a sua família e seus amigos?
Tente elaborar respostas para as questões colocadas
anteriormente. Escreva sobre o que você conhece ou
sobre o que você percebe! Faça uso do espaço abaixo.
b) Classificação dos viajantes
Os viajantes são consumidores de serviços turísticos, quaisquer
que sejam as motivações. Porém, de acordo com a Organização
Mundial do Turismo (OMT), esses consumidores podem ser
classificados em turistas, excursionistas e visitantes.
Aqui cabe um exemplo, analise.
Um turista qualquer que viaja para o Vaticano acaba
sempre por consumir serviços turísticos. Ao se
hospedar em um hotel, ao apanhar um ônibus para
se deslocar, ao fazer suas refeições, ao utilizar serviços
de guias, ao comprar mapas; enfim, ao interagir na
destinação turística, ele é considerado um consumidor
de serviços turísticos.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Turista, na conceituação tradicional, é aquele que viaja com
objetivo de recreação. Já em 1954, segundo a Organização das
Nações Unidas (ONU):
Toda pessoa, sem distinção de raça, sexo, língua e
religião, que ingresse no território de uma localidade
diversa daquela em que tem residência habitual e nele
permaneça pelo prazo mínimo de 24 horas e máximo
de seis meses, no transcorrer de um período de 12
meses, com finalidade de turismo, recreio, esporte,
saúde, motivos familiares, estudos, peregrinações
religiosas ou negócios, mas sem propósitos de imigração.
(IGNARRA, 2003, p. 15).
Quando o visitante não pernoita em uma localidade turística, ele
é tido excursionista. Aquele que viaja e permanece menos de 24
horas em local que não seja o de sua residência fi xa ou habitual,
com as mesmas finalidades que caracterizam os turistas, mas sem
nele passar uma noite, é considerado excursionista ou turista de
um dia.
Costumou-se designar os participantes de cruzeiros marítimos
ou fluviais que visitam uma localidade, mas que pernoitam nas
embarcações, com o termo visitante, embora este enquadre tanto
turistas como excursionistas. Por similaridade, alguns autores
o têm utilizado para designar aqueles que se hospedam em
residências secundárias ou em casas de parentes.
Você não é um praticante assíduo de turismo?
Que tipo de turismo você mais gosta ou tem mais
condições de praticar?
Veja, a seguir, quais as classificações de turismo. De acordo com
a amplitude das viagens, o turismo pode ser classificado em:
a) Local; quando ocorre entre municípios vizinhos.
b) Regional; quando ocorre em locais em torno de 200 a 300 km
de distância da residência do turista.
c) Doméstico; quando ocorre dentro do país de residência do
turista.
d) Internacional, quando ocorre fora do país de residência do
turista (intracontinental ou intercontinental).
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Teoria Geral do Turismo
Se considerarmos uma pessoa que reside em
Florianópolis e se desloca para Balneário Camboriú
(distante 75 Km), ela está realizando um turismo
local. No caso dessa mesma pessoa se deslocar para
Curitiba (300 Km), ela está praticando um turismo
regional. Agora, se a viagem se estender para o Rio
de Janeiro, podemos dizer que se trata de um turismo
doméstico. E, finalmente, se esta pessoa viajar até a
Itália, fica caracterizado o turismo internacional.
Conforme a direção do fluxo turístico, ele pode ser classificado
como:
a) Turismo emissivo − fluxo de saída de turistas que residem em
uma localidade;
b) Turismo receptivo − fluxo de entrada de turistas em um
determinado local.
Quando eu viajo da minha localidade de residência
fixa, para fazer turismo, estou caracterizando o
turismo emissivo. Por outro lado, quando os turistas
chegam a uma cidade, este fluxo de entrada é
chamado de turismo receptivo.
Cohen, em 1979, propôs nova classificação para os turistas,
conforme descrito a seguir:
TIPOS DE TURISTAS
CARACTERÍSTICAS
Existenciais
Buscam a paz espiritual pela quebra de sua rotina.
Experimentais
Querem conhecer e experimentar modos de vida
diferentes.
Diversionários
Procuram recreação e lazer organizados,
preferencialmente em grandes grupos.
Recreacionais
Buscam entretenimento e relaxamento para
recuperação de suas forças psíquicas e mentais.
Quadro 1.3: Tipos de turistas de acordo com Cohen (1979)
Fonte: Adaptado de IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. (2003)
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Universidade do Sul de Santa Catarina
McIntosh (1993) os classifica em:
TIPOS DE TURISTAS
Alocêntricos
Quase alocêntricos
Mediocêntricos
Quase psicocêntricos
Psicocêntricos
CARACTERÍSTICAS
Têm motivos educacionais e culturais, políticos ou
de divertimentos caros, como jogos de azar, e viajam
individualmente.
São motivados por eventos esportivos, religiosos,
profissionais e culturais.
São motivados pela busca do descanso, quebra da rotina,
aventuras sexuais e gastronômicas e tratamento de saúde.
Viajam em busca de status social.
São motivados por campanhas publicitárias.
Quadro 1.4: Tipos de turistas de acordo com Mcintosh (1993)
Fonte: Adaptado de IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. (2003)
Em face de um mercado cada vez mais moderno e com ofertas
diferenciadas, além de uma postura muito mais exigente por
parte dos consumidores dos produtos e dos serviços turísticos, é
de suma importância você ter uma boa noção sobre os diferentes
tipos de turistas e o que eles buscam para a sua satisfação.
Perceber e distinguir o perfil do turista, adequando a prestação
de serviços para as suas necessidades, pode significar uma
vantagem competitiva enorme, diante de um mundo globalizado,
onde as informações são oferecidas de forma muito veloz.
Leia a síntese da unidade e retome os pontos centrais Realize,
a seguir, as atividades de auto-avaliação e aprofunde seus
conhecimentos, consultando o saiba mais. É sempre muito
importante que você interaja no EVA, para trocar idéias com os
colegas e desenvolver as atividades propostas.
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Teoria Geral do Turismo
Síntese
Nesta unidade, você estudou a história e evolução do turismo,
através de uma seqüência cronológica histórica em que foram
relatados os principais fatos e ocorrências que contribuíram
para o desenvolvimento da atividade. Foi possível também obter
informações sobre Thomas Cook, considerado pelos estudiosos
e pesquisadores o “Pai do Turismo moderno”. As contribuições
feitas por esse empreendedor foram significativas e muitas de suas
criações são utilizadas até os dias atuais.
Em seguida estudou alguns dos principais conceitos do Turismo,
o que possibilitou observar diferentes autores e suas respectivas
conceituações em diferentes épocas, e também em diferentes
países. Importante destacar o conceito fundamental oferecido
que é o da Organização Mundial do Turismo. Pela enorme
abrangência, pelo caráter multidisciplinar da atividade turística e
pela estreita relação com diversas áreas de conhecimento (como,
por exemplo, a história, a geografia, a sociologia, a economia, a
arqueologia, a administração, o direito, entre outras), concentrarse em um único conceito torna-se uma tarefa praticamente
impossível.
A última parte desta unidade versou sobre a divisão do tempo
e sobre as classificações dos viajantes. É importante lembrar a
estreita correlação existente entre o surgimento da Revolução
Industrial e a conseqüente necessidade de uma divisão do tempo.
Afinal, as relações e o modo de produção e de trabalho foram
enormemente alterados. O surgimento do tempo livre propiciou
a oportunidade de utilizá-lo para o lazer, para o descanso e
também para “fazer” turismo.
A classificação dos viajantes caracteriza-se como sendo um
tópico de destaque, pois possibilita uma percepção clara do
que efetivamente são: turistas, excursionistas e visitantes. A
importância dessa classificação assume proporções significativas,
quando tratamos de cálculo de receitas, de dados estatísticos e de
movimento de turistas em determinada região, estado ou país.
Vários foram os autores e estudiosos que criaram classificações
com o intuito de facilitar a abordagem e a forma de se prestar
serviços aos turistas de uma maneira geral.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de auto-avaliação
Com base na leitura desta unidade, realize as atividades propostas.
1) Contextualize o conceito da palavra turismo. O que ela significa? Como
ela surgiu e onde?
2) Quem é considerado o “pai” do turismo moderno? Cite pelo menos
quatro de suas principais contribuições para a atividade turística.
42
teoria_greal_turismo.indb 42
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Teoria Geral do Turismo
3) Qual a importância do desenvolvimento do transporte ferroviário para
a atividade turística?
Saiba mais
Caso você tenha se interessado em conhecer mais detalhes acerca
dos conteúdos desta unidade, sugerimos algumas obras para
pesquisa:
BARRETTO, M. Manual de iniciação ao estudo do turismo.
8. ed. Campinas: Papirus, 1995.
CASTELLI, G. Turismo: atividade marcante. Caxias do Sul:
EDUCS, 2001.
LICKORISH, J.L. e JENKINS, C. L. Introdução ao turismo.
Rio de Janeiro: Campus, 2000.
IGNARRA, L.R. Fundamentos do turismo. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2003.
Para conhecer uma base de informações gerais, incluindo artigos
e notícias do Turismo na Internet, sugerimos:
www.etur.com.br
Para conhecer dados estatísticos, informações gerais sobre o
turismo brasileiro e sobre a política nacional atual, entre outros,
sugerimos:
www.embratur.gov.br
Unidade 1
teoria_greal_turismo.indb 43
43
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teoria_greal_turismo.indb 44
13/4/2007 17:17:51
UNIDADE 2
Impactos da atividade turística
Objetivos de aprendizagem
„
Conhecer como ocorre a medição do turismo.
„
Entender os principais impactos econômicos do turismo.
„
Reconhecer os principais aspectos culturais e sociais do
turismo.
2
Seções de estudo
Seção 1 A medição do turismo.
Seção 2 Impactos econômicos do turismo.
Seção 3 Aspectos culturais e sociais do turismo.
teoria_greal_turismo.indb 45
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Para que você possa seguir adiante no estudo da atividade
turística, é importante que tenha uma boa compreensão sobre
como ocorre e qual a importância de se mensurar ou medir a
atividade turística. E cabe perguntar: Quais são as ferramentas
mais adequadas para tal? Quais as variáveis que devem ser
levadas em consideração ao serem medidos, de forma efetiva
os fluxos turístico? O que isto significa na geração de divisas e
receitas? Bem, essas são algumas questões a serem estudadas
nesta unidade.
É também importante conhecer um pouco sobre quais os
impactos econômicos gerados pelo turismo e o que isso significa
para uma localidade, para uma região ou mesmo a um país.
Como se dá a união entre essas diferentes áreas de conhecimento,
turismo e economia, e quais são os impactos resultantes?
Devemos lembrar que a atividade turística não pode ser vista
ou analisada somente pela perspectiva econômica, como na
maioria das vezes acontece; há a necessidade de se compreender
que existem aspectos culturais e sociais do turismo que geram
impactos significativos e contribuem para construção do
fenômeno nos diversos espaços. Você concorda? Então, vamos lá!
SEÇÃO 1 − A medição do turismo
Então, como podemos medir o turismo?
Esta é, sem dúvida, uma das maiores dificuldades quando o
assunto é turismo. Como podemos saber o quanto ele representa
na produção de um país ou de uma localidade?
Como aumentar o volume de empregos gerados
e a arrecadação de impostos propiciados por ele?
De uma forma geral, de que maneira medimos a
importância do turismo para a economia? E, mais, de
que forma podemos dimensionar a atividade diante das
perspectivas humanas?
46
teoria_greal_turismo.indb 46
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Teoria Geral do Turismo
Você certamente já pensou em como medir a satisfação de um
turista ao fotografar a Ponte Hercílio Luz em Florianópolis ou
o Empire State em Nova York? Quanto vale um banho na praia
de Copacabana no Rio de Janeiro? E um “friozinho” na cidade
da Gramado no Rio Grande do Sul? Quanto vale a alegria do
carnaval de Salvador ou o prazer de degustar um vinho colonial
na Festa da Uva em Caxias do Sul? Como podemos “contar”
tudo isso? Como saber o quanto isso influencia a economia dessas
regiões, do país e do mundo?
Que relação pode haver entre a economia gerada
pelo turismo e a satisfação humana? Em que
momento elas se complementam? Como elas se
articulam?
Na economia tradicional (neoclássica), o valor está na utilidade
dos bens e serviços produzidos. Mas será que isso mobiliza
o deslocamento das pessoas? Podemos dizer que a satisfação
dos turistas é uma variável qualitativa e microeconômica. Na
seqüência, vamos analisar algumas variáveis macroeconômicas
que dimensionam o setor, que pode ser:
a) pelo número de pessoas que procuram essas satisfações
nessas localidades;
b) pelo quanto elas gastam durante o seu deslocamento e
sua permanência;
c) pela natureza de seus gastos e por quanto isso gera de
impostos;
d) pelo número de empregos gerados;
e) pela quantidade de divisas que entram e saem do país por
meio de gastos turísticos.
O setor turístico possui uma cadeia de atividades econômicas,
que podemos definir como o conjunto de fornecedores e
produtores finais, que arrecadam com os gastos dos turistas.
Algumas atividades são tipicamente voltadas para turistas,
como a venda de passagens aéreas e de estada em hotéis, mas
outras são voltadas para os habitantes, e também são desfrutadas
Unidade 2
teoria_greal_turismo.indb 47
47
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Universidade do Sul de Santa Catarina
pelos turistas. Mesmo em cidades turísticas, como saber qual a
arrecadação dos bancos com serviços prestados a turistas, quantos
cortes de cabelo foram feitos, quantos produtos industriais
e artesanais foram vendidos a turistas, qual a quantidade de
alimentos consumida por turistas no país ou quantos móveis
foram comprados da indústria moveleira pelos hotéis?
Chega-se à conclusão de que existe muita dificuldade em
mensurar os fatores que compõem o consumo turístico, conforme
o seguinte:
a) alguns são absolutamente abstratos (grau de beleza dos
recursos naturais);
b) os recursos da natureza já estão prontos, portanto, não
geram empregos e renda em sua produção (somente na
sua utilização);
c) outros recursos estão nos setores primário e secundário e
não no terciário;
d) muitos operam na economia informal e não aparecem em
nenhum registro;
e) é difícil o controle; por exemplo: quantas famílias viajam
com seu próprio automóvel e se hospedam em casas de
amigos e parentes?
f) diversos gastos dos turistas não são registrados, como:
farmácias, postos de gasolina, máquinas de filmar e
fotografar, etc.
Mas, mesmo com todas essas dificuldades de mensuração,
apontadas anteriormente (da letra a até f), o turismo é computado
no setor de serviços, na produção nacional de todos os países.
Você sabia?
Que, independentemente dos cálculos econômicos
ou para colaborar com estes, vários estudos podem
ser feitos sobre o turismo, tanto quantitativos como
qualitativos? Que as medições de fluxo turístico, saída
e entrada de turistas, vêm sendo realizadas há muitos
anos?
48
teoria_greal_turismo.indb 48
13/4/2007 17:17:52
Teoria Geral do Turismo
Aliás, a produção nacional é medida por meio do valor de todos
os bens finais e serviços produzidos por fatores próprios de
produção, no decorrer de um dado período, estado ou região,
o que é chamado de PNB (Produto Nacional Bruto). Existe
também o PIB (Produto Interno Bruto), que é o valor dos bens
finais e serviços produzidos durante um período em um País.
A diferença entre os dois é que o PNB inclui todas as entradas de
receitas obtidas no exterior por indivíduos e empresas brasileiras,
e são deduzidas as saídas de recursos obtidos por estrangeiros e
empresas estrangeiras no Brasil. Perceba que a produção de um
país é a representação do somatório do trabalho social realizado
em determinado período.
Você sabe o que é Teorometria? Vamos
descobrir?
Nos anos 1970, Fernandez Fuster denominou as estatísticas
do turismo de teorometria. Atualmente, o termo está sendo
empregado, no Brasil, de forma diferente, para designar um
estudo mais ampliado. Rabahy (1990, p.35 apud BARRETO,
1998, p.99) define teorometria como “técnica de aplicação dos
métodos econométricos à investigação do fenômeno turístico.”
E a econometria, você sabe o que significa?
A econometria une a teoria econômica às medições reais.
A econometria é a soma de teoria econômica, matemática e
estatística. É o ramo das ciências econômicas encarregado de
verificar as hipóteses e teorias formuladas pela ciência econômica,
utilizando-se dos instrumentos dados pela matemática e pela
estatística.
Observe que, para realizar uma análise econométrica, devem ser
analisados diferentes aspectos do turismo, tais como, fluxo de
turistas estudados em anos anteriores, infra-estrutura turística
Unidade 2
teoria_greal_turismo.indb 49
49
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Universidade do Sul de Santa Catarina
do local e condicionantes socioeconômicos (fatores determinantes
como preços, câmbio, questões político-sociais, etc).
As estatísticas de turismo: as mesmas dificuldades
que se apresentam para as pesquisas de teorometria
colocam-se para a confecção das estatísticas de
turismo: custo das pesquisas, falta de pesquisadores
bem treinados, falta de confiabilidade das fontes
secundárias, falta de unificação da terminologia.
Atualmente, utilizam-se dois sistemas de controle para elaborar
estatísticas:
a) fichas e controle de fronteiras para controlar a entrada de
turistas estrangeiros;
b) movimento dos hotéis para controlar o turismo interno.
Todos os métodos têm falhas e a única forma de fazer algo sem
incomodar os turistas é por meio de amostragem.
Para elaborar uma estatística sobre o movimento interno de
turistas, seriam necessários, no mínimo, os seguintes dados: total
de visitantes em cada núcleo, classificação por nacionalidade e
local de residência, classificação por poder aquisitivo, duração das
estadas.
Uma das possibilidades para as estatísticas de turismo interno
são as fichas dos hotéis e a amostragem aleatória nos lugares
turísticos das cidades.
50
teoria_greal_turismo.indb 50
13/4/2007 17:17:52
Teoria Geral do Turismo
Figura: 2.1: Modelo de ficha nacional de registro de hóspedes – FNRH
Fonte: CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. EDUCS: Caxias do Sul, 2001.
Para fazer estatísticas de turismo internacional por amostragem,
é necessário fazer uma pesquisa determinando o número de
pessoas a serem consultadas, selecionando o portão de entrada.
É necessário classificar o turismo de acordo com o meio de
transporte utilizado, pela duração das estadas, pelo objetivo da
viagem, pela despesa diária e pelos locais visitados.
A teorometria, tanto no conceito de estatística como
no de econometria aplicada ao turismo, contribui para
o remanejamento das correntes turísticas, pela via do
planejamento, visando incrementar o fluxo nas baixas
temporadas e realizar um marketing adequado para
manter um turismo sustentado nas altas temporadas.
Como você estudou na seção 1, as medições apresentadas são
importantes, mas é importante destacar que uma boa mensuração
da atividade turística em determinada localidade, região ou país,
passa necessariamente pelo estudo das tendências passadas, como
forma de planejar o turismo no futuro imediato ou a médio e
longo prazo.
Na próxima seção, você entrará em contato com os principais
impactos econômicos do turismo, além de poder conhecer
um importante conceito, que é o da multiplicidade do
turismo. Alguns autores consideram este conceito como “fator
multiplicador do turismo”. Vamos a eles, então?
Unidade 2
teoria_greal_turismo.indb 51
51
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 2 - Impactos econômicos do turismo
Ao iniciar o estudo dessa seção precisamos ter claro o conceito de
impacto econômico, uma vez que o turismo é uma atividade que
possui forte impacto econômico nas localidades receptivas. Esses
impactos são de várias origens. Para que possamos descrevê-los,
faz-se necessário inicialmente apresentarmos um conceito básico
de economia:
Segundo Samuelson (1999 apud IGNARA 2005, 2005, p.144):
... economia é o estudo de como os seres humanos e a
sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos
que poderiam ter aplicações alternativas, para produzir
várias mercadorias, ou seja, bens e serviços, e distribuílas para consumo, agora e no futuro, entre as diversas
pessoas e grupos da sociedade.
As sociedades produzem e consomem riquezas. Produzi-las
significa suprir essas sociedades dos elementos importantes para
atendimento de suas necessidades em termos de alimentação,
vestuário, moradia, entretenimento, etc. A produção significa
criar riquezas, e o consumo, satisfação das carências humanas por
meio da utilização dessas riquezas.
Considera-se riqueza
o conjunto de coisas
materiais e imateriais que
são escassas na natureza.
Os bens e os serviços
constituem a riqueza
econômica e têm duas
características básicas:
possuem utilidades para os
indivíduos e são escassos.
O turismo é um desses
serviços que têm utilidades
para os indivíduos e uma
oferta limitada.
O homem possui várias necessidades, que podem ser classificadas
em: primárias ou básicas e secundárias ou supérfluas.
Alimentação, habitação, saúde, auto-estima e segurança são
básicas. Passear, viajar, fumar são secundárias e só satisfeitas
depois que as primárias o forem.
A organização econômica do turismo compreende
a definição do que produzir, já que os fatores de
produção são escassos. Entretanto, devem-se produzir
hotéis de luxo ou pequenas pousadas? Parques
temáticos ou naturais? Pacotes de turismo de sol e
praia ou de turismo rural? Investir em aeroportos ou
em terminais rodoviários?
52
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Teoria Geral do Turismo
Outras questões devem ser consideradas:
a) Como produzir − É questão que tem de ser tratada pela
organização econômica do turismo. É preciso constituir
grandes operadoras que trabalhem com grandes
volumes e, com isso, consigam preços competitivos, ou
trabalhar com um grande número de pequenas agências
de turismo, que prestarão um serviço muito mais
personalizado?
b) Para quem produzir − Os produtos turísticos devem ser
produzidos para os estrangeiros ou para os domésticos?
Para os de alta renda ou para os de baixa renda? Para os
jovens ou para os idosos?
c) Quando produzir − Está relacionada com o controle da
sazonalidade dos produtos turísticos, com a produção de
curto, médio e longo prazo, com a capacidade de carga
dos destinos turísticos.
d) Onde produzir − Próximo dos mercados consumidores
ou dos recursos turísticos? Nas regiões subdesenvolvidas
ou nas mais desenvolvidas?
O Turismo é constituído por um conjunto de
prestadores de serviços que possuem grande impacto
na economia mundial. O seu faturamento anual
supera a casa dos 3,5 trilhões de dólares. Quando se
pensa na sua importância econômica, imaginam-se
países como Espanha, México, Itália, etc. Na verdade,
o turismo possui grande participação no PIB desses
países. No entanto, observa-se que o setor de viagens
e turismo é um dos principais em termos de geração
de renda e emprego nos EUA, no Japão, na Alemanha
e na França, os quatro mais ricos do mundo!
As três tabelas seguintes nos fornecem uma idéia do que
representa a atividade turística, de acordo com estimativas
mundiais elaboradas pela OMT – Organização Mundial de
Turismo –, o número de turistas internacionais mundiais e
também as entradas advindas do turismo mundial.
Unidade 2
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Tabela 2.1: Estimativas mundiais em turismo (1996-2006).
Ações relacionadas 1996
2006
ao turismo
Trabalho
255 milhões
385 milhões
Crescimento Real
50,1 %
Trabalho (% total)
10,7%
11,1%
-
“Output”
US$ 3,6 quatrilhões
US$ 7,1 quatrilhões
48,7%
PIB
10,7%
11,5%
49,6%
Investimentos
US$ 766 trilhões
US$ 1,6 quatrilhões
51,3%
Exportações
US$ 761 trilhões
US$ 1,5 quatrilhões
51,2%
Impostos
US$ 653 trilhões
US$ 1,3 quatrilhões
Fonte: WTTC (World Travel and Tourism Council), 1996.
49,6%
Tabela 2.2: Número de turistas internacionais mundiais (valores arredondados)
Anos
Turistas internacionais
(em milhões)
Porcentagem de
acréscimo anual
1950
25
-
1960
69
10,6
1961
75
8,7
1962
81
8
1963
90
10,7
1964
105
16,1
1965
113
7,9
1966
120
6,3
1967
130
8,2
1968
131
1,1
1969
143
9,4
1970
166
15,5
1971
179
7,9
1972
189
5,8
1973
199
5,2
1974
206
3,4
1975
222
8,1
1976
229
3
1977
249
8,9
1978
267
7,2
1979
283
6
1980
288
1,7
1981
290
0,8
1982
289
-0,2
Continua
54
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13/4/2007 17:17:53
Teoria Geral do Turismo
1983
Turistas internacionais
(em milhões)
293
Porcentagem de
acréscimo anual
1,1
1984
321
9,4
1985
330
3,3
1986
337
3,4
1987
362
7,4
1988
393
8,5
1989
424
8
1990
456
7,4
1991
462
12
1992
501
8,6
1993
519
3,3
1994
545
5,2
1995
564
3,3
Anos
1996
595
Fonte: Organização Mundial de Turismo (OMT) – 2001.
5,4
Tabela 2.3: Entradas advindas do turismo mundial (valores arredondados)
Anos
Entradas por turismo
internacional
(em bilhões)
Porcentagem de
acréscimo anual
1950
2
−
1960
7
12,6
1961
7
6,1
1962
8
10,2
1963
9
10,7
1964
10
13,4
1965
12
15,2
1966
13
15
1967
14
8,4
1968
15
3,7
1969
17
12,1
1970
18
6,6
1971
21
16,5
1972
25
18,1
Continua
Unidade 2
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55
13/4/2007 17:17:53
Universidade do Sul de Santa Catarina
Anos
Entradas por turismo
internacional
(em bilhões)
Porcentagem de
acréscimo anual
1973
31
26,1
1974
34
8,9
1975
41
20,3
1976
44
9,2
1977
56
25,2
1978
69
23,7
1979
83
21,1
1980
104
24,2
1981
106
2
1982
99
-6,7
1983
101
2,1
1984
110
9,8
1985
117
4,4
1986
142
21,1
1987
175
22,7
1988
203
15,9
1989
219
8,3
1990
266
21,2
1991
273
2,4
1992
314
15,3
1993
321
2,1
1994
352
9,4
1995
399
13,6
1996
425
6,4
Fonte: Organização Mundial de Turismo (OMT) – 2001.
Para que você possa conhecer mais dados sobre as
estatísticas mundiais do turismo, sugerimos o seguinte
endereço eletrônico: www.world-tourism.org
Agora que você teve acesso a alguns indicadores importantes,
você vai estudar o conteúdo relativo aos multiplicadores do
turismo, que são fundamentais para que haja uma melhor
percepção de quão grande é o envolvimento da atividade em
termos econômicos.
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teoria_greal_turismo.indb 56
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Teoria Geral do Turismo
A importância da atividade se deve a algumas características
particulares do turismo. O produto turístico é constituído por
um conjunto enorme de diferentes serviços, os quais, por sua vez,
possuem um grande número de fornecedores.
A seguir apresentamos um quadro onde é possível visualizar o
efeito multiplicador do turismo, mediante exemplo fornecido pela
OMT – Organização Mundial de Turismo.
Organograma 2.1: O efeito multiplicador
Fonte: Papiers de Tourisme, nº 16, pág. 19. in OMT (2001).
Se você tomar como exemplo, na seqüência, os equipamentos e
serviços utilizados pelos organizadores de eventos, você pode ter
uma idéia do efeito multiplicador do setor turístico.
Unidade 2
teoria_greal_turismo.indb 57
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Tomemos como exemplo: A cidade de Florianópolis
(localizada no Estado de Santa Catarina, irá sediar um
importante congresso de turismo em novembro de
2006. Se imaginarmos a organização deste evento,
teremos necessariamente que pensar em diversos
itens e tópicos, para que o mesmo seja realizado com
sucesso. O quadro a seguir nos mostra alguns desses
itens.
Empilhadeiras
Fogos de artifício e raio laser
Maquetes e cenografia
Telefone e fax
Serviços de marketing direto
Agência de promoção
Mobiliário e acessórios
Transporte de passageiros e de Coberturas e barracas
carga
Condicionadores de ambiente
Microcomputadores
Serviços de animação de shows
artísticos
de palcos,
Serviços de computação gráfica Montagem
passarelas
e
estruturas
e videotexto
metálicas
Serviços de fotografia
Uniformes
Serviços de copa e cozinha
Assistência médica
Datashow
Adesivos, serigrafia e pastas
Assessoria de imprensa
Placas, troféus e medalhas
de sinalização, painéis
Cabine de tradução simultânea Sistema
e displays
Fotocópias
Serviços de agência de viagem
Decoração e paisagismo
Transcrição de fitas
Projetos e montagens de
estandes
Limpeza
Locação de veículos
Equipamentos audiovisuais
Serviços de segurança
Letreiros, luminosos, placas e
faixas
Convites, diplomas, cartões e
crachás
Restaurantes e bufês
Quadro 2.1: Exemplo do efeito multiplicador em eventos
Fonte: Adaptado de (SPC&VB, Sebrae. Capacitação de cidades paulistas para captação e promoção
de eventos. São Paulo, 1998) in IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2003, p. 149.
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teoria_greal_turismo.indb 58
13/4/2007 17:17:54
Teoria Geral do Turismo
Note que, além dos serviços apresentados no quadro anterior,
os organizadores de eventos contratam vários serviços de
autônomos, tais como:
„
secretárias;
„
office-boys;
„
relações públicas;
„
chefes de cerimonial;
„
recepcionistas;
„
manobristas;
„
tradutores e intérpretes;
„
garçons.
Como você teve a oportunidade de ver, apenas um dos subsetores
do turismo possui um efeito multiplicador enorme na economia
local. O mesmo exercício pode ser feito para outros subsetores. A
hotelaria, por exemplo, é grande consumidora de:
„
alimentos e bebidas;
„
material de limpeza;
„
material de higiene pessoal;
„
material de papelaria;
„
móveis;
„
louças e vidros;
„
roupas de cama, mesa e banho;
„
talheres;
„
equipamentos de informática;
„
equipamentos de recreação;
„
equipamentos de cozinha;
„
equipamentos de lavanderia;
„
equipamentos de ar-condicionado;
Unidade 2
teoria_greal_turismo.indb 59
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Universidade do Sul de Santa Catarina
„
serviços de transportes de hóspedes;
„
serviços de segurança.
Da mesma forma que na organização de eventos, inúmeros
são os profissionais demandados; na hotelaria também existe
uma relação enorme de cargos, o que faz desse setor grande
empregador de mão-de-obra.
Em um hotel, por exemplo, são encontrados os
seguintes profissionais: telefonistas, camareiras,
recepcionistas, lavadeiras, passadeiras, seguranças,
manobristas, office-boys, porteiros, garçons, commins,
garde manger, auxiliar de cozinha, cozinheiro, maître,
assistente de manutenção, faxineiras, governanta,
controller, chefe de recepção, promotor de vendas,
jardineiros, barmens, etc.
Em razão desse relacionamento com inúmeros fornecedores e da
intensiva utilização de mão-de-obra, o turismo possui um fator
de multiplicação de renda muito elevado.
Para compreender melhor o “efeito multiplicador” no setor de
turismo, conheça os multiplicadores econômicos utilizados:
MULTIPLICADORES UTILIZADOS
REPRESENTAÇÃO
Multiplicador de Renda.
Representa as variações de renda interna, em
decorrência da variação dos gastos dos turistas.
Multiplicador do Emprego.
Mostra as variações do número de empregos,
conforme a variação dos gastos dos turistas.
Multiplicador do Produto.
Apresenta as variações do produto, de acordo
com a variação dos gastos dos turistas.
Multiplicador de Importações.
Multiplicador de Impostos.
Apresenta o valor agregado das importações de
bens e serviços, em decorrência da variação dos
gastos dos turistas.
Representa o montante ampliado de receitas do
governo, em razão da variação dos gastos dos
turistas.
Quadro 2.2: Multiplicadores econômicos
Fonte: Adaptado de: IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003, p. 149.
60
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Teoria Geral do Turismo
Qual a definição de “efeito multiplicador”?
A relação entre o dinheiro que entra por conceito de turismo e
sua repercussão final no PIB (Produto Interno Bruto) chama-se
efeito multiplicador, que é definido como o coeficiente que mede
a quantidade de ingresso gerado por cada unidade de despesa
turística.
O efeito multiplicador é produzido pela sucessão de despesas
que têm origem no gasto do turista e que beneficiam os setores
ligados diretamente e os ligados indiretamente ao fenômeno
turístico. A unidade monetária recebida passa por diversas
transações, cujo número depende do círculo consumo-renda de
cada localidade, região ou país.
Os beneficiários diretos do efeito multiplicador são
os locais de alojamento, alimentação, souvenirs,
profissionais de turismo.
Já os beneficiários indiretos, são, por exemplo,
correios, bancos, clínicas, profissionais liberais, entre
outros.
Como forma de uma melhor visualização e mais adequado
entendimento, na tabela a seguir, relacionamos o que se considera
como sendo os principais impactos econômicos do turismo, sejam
eles positivos ou negativos.
IMPACTOS POSITIVOS
IMPACTOS NEGATIVOS
1. Aumento da renda no destino turístico.
1. Efeito inflacionário.
2. Estímulo aos investimentos.
2. Dependência exclusiva em determinadas
regiões da atividade turística.
3. Poder de redistribuição de renda.
3. Desestímulo aos investimentos em infraestrutura básica.
Quadro 2.3: Impactos econômicos do turismo
Fonte: Adaptado de: IGNARRA. Luiz Renato.Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003, p. 152.
Unidade 2
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Esta seção procurou formular de maneira objetiva os impactos
econômicos que a atividade turística pode gerar. Lembramos
a você que o conteúdo ora apresentado foi resumido e pontual.
É importante destacar que esses assuntos por si só (economia
e turismo) possuem uma abrangência muito grande e têm sido
motivo de estudos e de pesquisas por parte de diversos autores e
especialistas.
A percepção e a conseqüente compreensão dos conceitos
apresentados sobre economia, sobre o efeito multiplicador e,
finalmente, sobre quais efetivamente são os impactos econômicos
do turismo, certamente auxiliarão você na formação de uma
opinião mais clara sobre a importância do Turismo como um
todo.
Lembramos a você, caro estudante, que os impactos gerados
pela atividade turística não são somente de ordem econômica.
A seção 3, a seguir, vai ilustrar de forma otimizada, os impactos
culturais e sociais que são gerados pela atividade. Observe que,
quanto mais informações sob diferentes ângulos você pode ter,
melhor será a sua percepção e entendimento sobre esta fantástica
atividade.
- Portanto, preparem-se, e boa viagem até a nossa próxima escala de
conhecimentos!
SEÇÃO 3 − Aspectos culturais e sociais do turismo
A abordagem que será feita a partir de agora sobre os aspectos
culturais e sociais do Turismo não visa a discutir estes impactos,
e sim demonstrar, de uma forma contextualizada, os efeitos
que eles podem causar na sociedade e os problemas que deles
decorrem.
Conforme você pôde observar nas duas seções anteriores, até
meados da década de 1970, grande parte dos estudos sobre o
turismo era concentrada na medição dos benefícios econômicos,
sendo que pouca atenção era dada a uma característica
fundamental do turismo internacional: a interação entre turistas e
a comunidade local.
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Teoria Geral do Turismo
Todavia, a partir de meados dessa mesma década de 1970,
mais estudiosos e profissionais do turismo passaram a dar mais
atenção ao relacionamento entre os turistas e a população local, e
principalmente, aos efeitos não-econômicos induzidos por esse
relacionamento.
Muitos dos efeitos sociais e culturais do turismo são retratados
como sendo essencialmente negativos, pois estudos recentes feitos
por diversos autores − e citamos Kadt (1976) e O’Grady (1981),
(apud Lickorish e Jenkins, 2003) −, detalharam casos em que o
turismo causou mudanças profundas nas estruturas, nos valores e
nas tradições de sociedades.
É interessante notar que existem debates contínuos sobre isso
– se essas mudanças são benéficas ou não, pois os interesses da
sociedade e do indivíduo não são necessariamente os mesmos.
Há pouca dúvida, contudo, quanto aos locais em que o turismo
internacional tem alguma importância para um país. Já se
sabe que, nesses espaços, o turismo se torna um “elemento
modificador” importante.
Podem-se definir efeitos
não-econômicos todos
aqueles em que não ocorre
uma relação de troca
entre bens e serviços e
uma unidade monetária
qualquer (reais, dólares,
euros, por exemplo). Os
efeitos não-econômicos
são abrangentes e tratam
especificamente das
relações que ocorrem entre
os turistas e a população
autóctone de um núcleo
receptor de turismo, na
esfera sócio-cultural.
Não há envolvimento de
valores monetários.
Estas mudanças ocorrem porque os turistas, em geral,
permanecem no país visitado por um curto período. Eles trazem
consigo suas tradições, valores e expectativas. Você concorda, não
é mesmo?
Você sabia ?
Que em muitos países os turistas não são sensíveis
aos costumes, às tradições e aos padrões locais?
Que às vezes podem se ofender diante de algo
não intencional? Que, de certa forma, os visitantes
estrangeiros não se integram na sociedade, mas
se confrontam com ela? E que, quando um grande
número de turistas, em geral de uma mesma
nacionalidade, chega a um país, há uma reação
inevitável?
Veja, a seguir, os efeitos sobre os valores e comportamentos
sociais, uma variável destacada e que ocorre freqüentemente,
quando um núcleo receptor de turismo recebe fluxos
significativos de turistas de outras origens.
Unidade 2
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Universidade do Sul de Santa Catarina
De acordo com Lickorish e Jenkins (2000), quando os turistas
chegam a um país de destino, eles não se limitam a trazer consigo
seu poder de compra e a fazer com que se instalem comodidades
para serem por eles desfrutadas. Acima de tudo, eles trazem
um tipo diferente de comportamento, o qual pode transformar
profundamente os hábitos sociais locais, mediante a remoção e a
perturbação das normas já estabelecidas da população residente.
Quem já não presenciou, ou leu em algum jornal local, os
efeitos do turismo em determinada localidade? Ou, ainda, quem
não soube através de outros que, durante a temporada de turismo,
a população local tem que aceitar os efeitos da superlotação, os
quais talvez possam não existir em outras épocas do ano como
algo inerente ao desenvolvimento econômico, ou como inerente
às mudanças sociais e econômicas de um determinado país ou
grupo social?
A infra-estrutura e as condições básicas de oferta de produtos
e serviços se alteram drasticamente, quando da alta temporada
(independentemente se ela ocorre no verão ou no inverno). É fato
é que começam a se formar filas e mais filas, seja para utilização
de um serviço bancário, seja para compras na padaria, no
jornaleiro, no supermercado, entre outras atividades.
Para muitas destinações turísticas consolidadas e na rota de
preferências de uma dada população, a falta de infra-estrutura
adequada, acarreta em, por exemplo, longos períodos de
espera para se chegar a uma praia ou um atrativo qualquer. E
a população que reside ou habita nesse lugar é envolvida nesse
conjunto de expectativas e interesses, sejam eles individuais,
coletivos ou econômicos.
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Teoria Geral do Turismo
O que você acha disso?
Participe do fórum e discuta a questão:
A “coexistência” entre população local e turistas
“invasores” nem sempre é fácil. Em geral, leva à
xenofobia, à tensão social particularmente notada
em áreas turísticas muito populares em locais onde
a população, por motivos psicológicos, culturais ou
sociais, não está pronta para ser submetida a essa
“invasão”.
Compartilhe com seus colegas de turma.
Ainda de acordo com Lickorish e Jenkins (2000), naturalmente
a mudança nos valores sociais leva a uma alteração nos valores
políticos, às vezes com conseqüências desordenadas. Um
declínio nos valores morais e religiosos também é comum e pode
ser observado pelo aumento do nível de criminalidade. Não
são apenas as atitudes locais que se modificam, mas também
os objetivos e oportunidades para a atividade criminal. É
interessante pensar nisso, não é?
As relações humanas são importantes, já que o excesso de
turismo pode ter repercussões problemáticas, como, por exemplo,
transformar a hospitalidade típica de muitos países em práticas
comerciais, o que pode levar os fatores econômicos a suplantarem
o relacionamento pessoal. Os efeitos posteriores podem ser o
aparecimento do comportamento consumista, o declínio da
moral, a mendicância, a prostituição, o consumo de drogas, a
perda da dignidade e a frustração de não poder satisfazer suas
necessidades.
No entanto, seria errado culpar o turismo por todos esses
problemas, que também estão ligados às mudanças sociais que
afetam as comunidades no processo de modernização. O turismo
acelera o processo, mas não o cria.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
As relações que se verificam entre os mais diversos
tipos de turistas e as comunidades locais, quando
da ocorrência principalmente da chamada “alta
temporada”, muitas vezes é caracterizada por
alguns “conflitos”. Tendo em mente a realidade
turística existente na sua cidade de residência ou de
nascimento, tente lembrar se você já presenciou ou
mesmo conheceu um “choque cultural”, ocorrido
entre turistas e residentes locais. Com a chegada
de grupos de turistas, os valores e as crenças da
comunidade local são afetadas? A população local
está preparada para receber o turista de forma
cordial? Elabore respostas para as questões acima.
Você também pode escrever sobre o que você
conhece ou percebe, acerca dessa realidade!
Faça uso do espaço abaixo.
O turismo pode gerar custos sociais, em geral difíceis de estimar,
mas que nem por isso são menos importantes. Um exemplo é
a ameaça aos hábitos tradicionais de cada país e, muitas vezes,
de regiões específicas. Entretanto, o turismo pode se tornar
o elemento que irá garantir a manutenção de certas tradições
originais que atraem os turistas.
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Teoria Geral do Turismo
É de suma importância proteger e manter a herança
cultural, além de lidar com os problemas sociais
relacionados, como, por exemplo: o comércio ilegal de
objetos históricos e animais; pesquisas arqueológicas
não oficiais; a erosão de valores estéticos (de
paisagem) e de um certo know-how (conhecimento)
técnico; o desaparecimento de pessoas com
habilidades manuais altamente qualificadas, entre
outros.
A comercialização de eventos da cultura tradicional pode levar
à criação de uma pseudocultura, um folclore artificial para o
turista, sem valor cultural algum para a população local nem
para os visitantes. O mesmo se aplica, por exemplo, aos artesãos.
A questão é o conflito potencial entre os interesses econômicos
e culturais, sendo que a cultura acaba sendo sacrificada em favor
da promoção do turismo, ou seja, a criação de valores econômicos
adicionais ao preço da perda do valor cultural.
Em um nível social, o turismo bem organizado pode favorecer
contatos entre turistas e a população local, estimular o
intercâmbio cultural, levar a um entrosamento amigável e
responsável e, por fim, aumentar as ligações entre os países.
Como forma de sumarizarmos os impactos sociais e culturais
do turismo, na seqüência você visualiza dois quadros com
os aspectos socioculturais positivos e aspectos socioculturais
negativos. Assim, você poderá fazer uma comparação entre eles,
tirando sua próprias conclusões.
Unidade 2
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Veja os aspectos positivos:
1. Desenvolvimento e promoção
O turismo constitui um método de desenvolvimento e
promoção de regiões pobres ou não-industrializadas onde as
atividades tradicionais estão em declínio, como, por exemplo,
o turismo que substituiu o cultivo de cana-de-açúcar em
muitos países do Caribe.
2. Acentuação de valores sociais
O turismo acentua os valores de uma sociedade, dando
maior importância ao lazer e ao relaxamento, atividades que
exigem um ambiente de alta qualidade, como nos países da
Escandinávia.
3. Conservação de áreas naturais
Com o gerenciamento adequado, o turismo pode garantir a
conservação, em longo prazo, de áreas de beleza natural que
possuem valores estéticos e/ou culturais, como os Parques
Nacionais dos estados Unidos.
4. Renovação da arquitetura
O turismo pode renovar as tradições de arquiteturas locais,
na condição de que as peculiaridades regionais, a herança
ancestral e o ambiente cultural são respeitados. Pode
também servir como um trampolim para a renovação de
áreas urbanas, antes decadentes, como no Pelourinho em
Salvador e no centro histórico de Recife.
5. Renascimento das artes e da
cultura
O turismo contribui para o renascimento das artes locais e das
atividades culturais tradicionais, em um ambiente natural
protegido, como em Highland Games, na Escócia.
6. Reativação da vida social e
cultural
No mais favorável dos casos, o turismo pode até mesmo
oferecer uma forma de reativar a vida social e cultural da
população residente, revitalizando, assim, a comunidade
local, estimulando contatos no país, atraindo jovens e
favorecendo as atividades da região.
Quadro 2.4: Impactos sócioculturais positivos do turismo
Fonte: Adaptado de: LICKORISH L. J.; JENKINS, C.L. introdução ao Turismo. Rio de Janeiro: Campus,
2000, p. 109.
A seguir, você vê um quadro que sumariza os impactos
sócioculturais negativos do turismo.
Analise os aspectos negativos apresentados:
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Teoria Geral do Turismo
1. Imitação
2. Artesanato
3. Influência da
demanda
Existe um comportamento psicossocial em que as comunidades mais
tradicionais, ao terem contato com povos de países mais desenvolvidos,
procuram imitá-los. O jovem da cidade pequena tende a imitar o jovem
dos grandes centros urbanos no que se refere a suas roupas, músicas,
seus hábitos, etc.
A demanda existente por determinados tipos de artesanatos faz com
que seja preciso aumentar a oferta. Essa exigência pode fazer com que
processos produtivos sejam alterados, para satisfazer a necessidade de
atender o crescimento da demanda.
Há uma tendência de padronização do artesanato e produtos locais
típicos, de acordo com a procura. Assim, o mesmo artesanato é
encontrado nas regiões mais diferentes do Brasil, com formações
culturais as mais diversas.
4. Manifestações
culturais tradicionais
O desfile de carnaval é um dos exemplos de como a demanda pode
alterar essas tradições. Em nome de uma visibilidade melhor, o
desfile veio se alterando ao longo do tempo para ser mostrado para
as arquibancadas ou para ficar mais plasticamente apresentável na
televisão.
5. Arquitetura
tradicional
A arquitetura tradicional local também pode se transformar a partir de
uma demanda turística. O turista quer se hospedar em uma edificação
típica do lugar visitado, mas também quer o conforto de sua casa. Desta
forma, a arquitetura passa a incorporar estes quesitos de conforto.
6. Especulação
imobiliária
A especulação imobiliária expulsa o pescador para longe do mar. O
veranista quer construir sua residência secundária o mais próximo
possível do mar, exatamente nos locais ocupados pelos pescadores.
Quadro 2.5: Impactos sócioculturais negativos do turismo
Fonte: Adaptado de: IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003, p. 181/2.
Como se pôde verificar por meio dos exemplos ilustrados nos
quadros e, ainda, de acordo com o que você estudou nesta
unidade, os impactos culturais vão se intensificando à medida que
o volume de turistas se amplia. Segundo Smith (1978), eles se
ampliam à medida que ocorrem sete ondas distintas de tipos de
turistas, de acordo com o que será apresentado a seguir.
Unidade 2
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Tipo de Turista
Número de Turistas
1. Explorador
2. Elite
3. Excêntrico
4. Fora do comum
5. Massa incipiente
6. Massa
7. Vôo fretado
Muito limitado
Raramente visto
Incomum, mas visto
Ocasional
Fluxo regular
Influxo contínuo
Chegada maciça
Impacto sobre a Comunidade
Aumentando
rapidamente
Quadro 2.6: Os impactos do turismo de acordo com os tipos de fluxos turísticos
Fonte: Adaptado de: IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003, p. 180.
As preocupações sobre o relacionamento anfitrião/hóspede se
tornaram mais comuns na literatura atual sobre o turismo. Os
planejadores da atividade estão se tornando mais conscientes
da necessidade de considerar o desenvolvimento do turismo em
uma perspectiva em longo prazo. Não é mais suficiente abordar
o desenvolvimento do turismo em simples termos de custo/
benefício. Tem-se dado cada vez mais atenção à aceitabilidade
do tipo e da escala do desenvolvimento do turismo por parte da
comunidade anfitriã.
Não se pode mais pensar em planejamento turístico, em
desenvolvimento da atividade sem levar em consideração a
necessidade de conhecimento sobre os possíveis impactos
sócioculturais que o turismo gera .Você concorda, não é mesmo?
Leia, a seguir, a síntese da unidade, realize as atividades e confira suas
respostas no final do livro. Aprofunde seus conhecimentos fazendo as
leituras complementares indicadas no saiba mais.
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Teoria Geral do Turismo
Síntese
Nesta unidade, você teve a oportunidade de estudar sobre a
mensuração do turismo, por meio de alguns conceitos em que
foi descrita a dificuldade que os pesquisadores e autores do
assunto têm para, especificamente, “medir” o turismo. Vimos
também que é fundamental ter conhecimentos sobre economia e
a sua dinâmica, para uma compreensão mais contextualizada da
atividade turística. Do contrário, não seria possível elaborar uma
pesquisa de demanda.
Você percebeu que a década de 1970 é considerada como
sendo aquela em que houve o “pontapé” inicial para estudos
nesse âmbito, conheceu o significado de teorometria e qual sua
aplicabilidade quando se quer mensurar o turismo.
Na seção 2, você teve contato com os impactos econômicos do
turismo, uma área de conhecimento que também teve iniciados
seus estudos mais aprofundados na década de 1970. Importante
destacar que a maioria esmagadora das pessoas comuns e também
muitos empresários da atividade só a “enxergam” sob este prisma:
o turismo é uma atividade meramente econômica! Foi possível
visualizar o movimento de turistas internacionais e o impacto
que a atividade gera em termos econômicos. Seguindo a seção,
conceituamos o que significa “efeito multiplicador do turismo”.
Este é um conceito significativo, pois possibilita compreender
a abrangência que o turismo possui em termos econômicos. A
seção 2 apresentou também os principais impactos econômicos
positivos e negativos.
A última parte desta unidade versou sobre os impactos
sócioculturais resultantes da atividade turística. Pudemos
demonstrar que turismo não só gera impactos na economia,
mas que os impactos gerados no âmbito social e cultural de
determinado núcleo receptor são também significativos. Você
percebeu que não podemos mais pensar em planejamento do
turismo, em organização do setor, sem levarmos em conta as
características e as necessidades das comunidades que recebem os
turistas.
Unidade 2
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Universidade do Sul de Santa Catarina
As relações interpessoais e o respeito para com as tradições
e os costumes locais foram igualmente destacados, por meio
de tabelas e quadros. Verifique isso, atentamente, sempre que
necessitar.
E, finalmente, você estudou que o turismo gera impactos
positivos e negativos no espectro social e cultural. Essa seção
foi muito importante, pois exigiu de você, aluno, a habilidade
de construir conhecimentos básicos em outras áreas e também
habilidade para reflexão.
Atividades de auto-avaliação
Com base na leitura desta unidade, realize na seqüência as atividades
propostas.
1) Explique o que significam as siglas PNB e PIB e diga qual a diferença
entre elas.
2) Para elaborar uma estatística sobre o movimento interno de turistas,
seriam necessários, no mínimo quais dados?
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Teoria Geral do Turismo
3) Defina o que é o “efeito multiplicador” do turismo.
Saiba mais
Para conhecer mais detalhes acerca dos conteúdos desta unidade,
sugerimos algumas obras:
IGNARRA, L.R. Fundamentos do turismo. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2003.
LICKORISH, J.L. e JENKINS, C. L. Introdução ao turismo.
Rio de Janeiro: Campus, 2000.
OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001.
Para conhecer uma base de informações gerais, incluindo artigos
e notícias do Turismo na Internet, sugerimos:
„
http://revistaturismo.cidadeinternet.com.br/artigos/
artigos.htm
Para conhecer dados estatísticos, informações gerais do
turismo mundial, os impactos econômicos e a movimentação
internacional de turistas atual, entre outros, sugerimos:
„
http://www.world-tourism.org/
Observação: este site é disponível em francês, espanhol e russo!
Unidade 2
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teoria_greal_turismo.indb 74
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UNIDADE 3
O Sistema de Turismo e os
meios de transportes
3
Objetivos de aprendizagem
„
Compreender as bases que perfazem o Sistema de
Turismo.
„
Distinguir o que é oferta e demanda turística.
„
Conhecer os principais meios de transportes turísticos e
sua importância para referida atividade.
Seções de estudo
Seção 1 Estrutura do Sistema de Turismo.
Seção 2 Oferta turística e demanda turística.
Seção 3 Empresas de transportes turísticos.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Para que a atividade turística possa ocorrer de forma sustentada,
ordenada em princípios de gestão profissional, tendo cuidados
com a preservação ambiental e, principalmente, para que ela
possa ser atrativa para as comunidades receptoras do Turismo,
existem determinadas condições que devem ser observadas e ser
de conhecimento dos estudantes da área.
Faz-se necessário, portanto, que nesta unidade sejam abordados
aspectos que levem você ao conhecimento sobre Sistema de
Turismo, ao entendimento sobre oferta e demanda no Turismo e
a um bom conhecimento sobre os principais meios de transportes
turísticos. Um dos objetivos também é poder familiarizá-lo com
esses importantes e indispensáveis tópicos, que, geralmente, não
são levados em consideração, quando se aborda a estruturação de
projetos na área turística.
Dessa forma, conhecer como está estruturada a atividade turística
é uma importante etapa para o seu conhecimento no escopo da
disciplina de Teoria Geral do Turismo. Sinta-se à vontade para
“viajar” pelas próximas páginas, aproveitando o que é de bastante
relevância para um bom entendimento técnico e científico do
Turismo. ,
SEÇÃO 1 – Estrutura do Sistema de Turismo
Na década de 1950, um grupo de cientistas propôs o conceito
de sistema que causou um impacto considerável, afetando
diversos campos do conhecimento humano. Surgiram múltiplas
referências, nas mais variadas áreas do conhecimento, com
abordagem sistêmica.
Mas o que é um sistema? O que lhe vem à mente
quando pensa nessa palavra? Que relação ela pode ter
com as atividades do turismo?
(ANSARAH, M.G.R. (org).
Turismo como aprender,
como ensinar. São Paulo:
Ed. SENAC, 2001)
A natureza da atividade turística é um resultado complexo
de inter-relações entre diferentes fatores que precisam ser
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Teoria Geral do Turismo
considerados conjuntamente, numa ótica sistemática, isto é, como
um conjunto de elementos inter-relacionados entre si que se
desenvolvem dinamicamente.
(ANSARAH, M.G.R. (org).
Turismo como aprender,
como ensinar. São Paulo:
Ed. SENAC, 2001)
Para a OMT – Organização Mundial do Turismo – distinguemse quatro elementos básicos no conceito da atividade turística:
a) A demanda, que é formada pelo conjunto de
consumidores ou possíveis
consumidores – de bens e
serviços turísticos.
b) A oferta, que é composta pelo
conjunto de produtos, serviços
e organizações envolvidos
ativamente na experiência
turística.
c) O espaço geográfico, que é a
base física onde tem lugar a
conjunção ou encontro entre a
oferta e a demanda e onde se situa a população residente;
pode ser ao mesmo tempo um destino turístico.
d) Os operadores de mercado, que são empresas e
organismos cuja função principal é facilitar a interrelação entre a oferta e a demanda. Entram nessa
consideração as agências de viagens, os meios de
transporte e organismos públicos e privados, que,
mediante seu trabalho profissional, são artífices da
ordenação e promoção do turismo.
A ciência do turismo ainda está em construção, mas alguns
estudiosos já arriscam mencionar, principalmente na Europa,
a “ciência social das viagens”. Parte desses estudos consiste
na elaboração de teorias sobre o funcionamento do fato e do
fenômeno e de modelos explicativos sobre o funcionamento do
mercado turístico.
(OMT, Introdução ao
Turismo. São Paulo: Roca,
2001)
(ANSARAH, M.G.R. (org).
Turismo como aprender,
como ensinar. São Paulo:
SENAC, 2001)
Uma das teorias mais difundidas atualmente é a dos sistemas,
adotada e divulgada no Brasil, pelo professor Mário Carlos Beni
em 1997 e, em outros países, por Neil Leiper, em 1979, Sergio
Molina, em 1991, entre outros.
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
De acordo com Beni (1997), “o Turismo, na linguagem
da Teoria Geral de Sistemas, deve ser considerado um
sistema aberto que [...] permite a identificação de suas
características básicas, que se tornam os elementos
do sistema. Essa abordagem facilita estudos
multidisciplinares a partir de várias perspectivas com
ponto de referência comum [...]”
Para que seja facilitado o aprendizado e a compreensão do
Sistema de Turismo, observe algumas funções inerentes à
natureza da atividade de Turismo, segundo os estudos realizados
pelo professor Beni:
„
o conjunto de fatores que geram as motivações de viagens
e a escolha das áreas de destinação turística;
„
o deslocamento de indivíduos no contínuo espaço/tempo;
„
os equipamentos de transporte oferecidos ao tráfego de
pessoas;
„
o tempo de permanência na área receptora;
„
a disponibilidade e a solicitação não só de equipamentos
de alojamento hoteleiro e extra-hoteleiro, mas também
de equipamentos complementares de alimentação.
„
a disponibilidade e a solicitação de equipamentos e
instalações de recreação e entretenimento;
„
a fruição dos bens turísticos;
„
o processo de produção e distribuição desses bens e
serviços;
„
o comportamento de gastos do turista.
Desse repertório de funções primárias e inerentes à atividade,
derivam funções que ampliam e consolidam o contexto em que
ela se processa, contidas nas seguintes áreas:
a) ambiente natural;
b) ambiente cultural;
c) ambiente social e econômico;
78
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Teoria Geral do Turismo
d) nas funções de organização e operacionalização.
Dessa maneira, Beni (1997) divide sua teoria de sistemas em três
grandes conjuntos:
„
Relações ambientais, que agrupam os subsistemas
ecológico, social, econômico e cultural.
„
Organização estrutural, que apresenta a superestrutura
(ordenamento jurídico-administrativo) e a infra-estrutura
(serviços urbanos, saneamento básico, sistema viário e de
transportes).
„
Ações operacionais, que englobam os subsistemas de
produção, distribuição e consumo do mercado turístico.
(Os dois primeiros conjuntos englobam a oferta, e o terceiro, a
demanda).
Mas afinal, qual a definição de Sistema Turístico?
Veja que de uma forma bem simples, podemos afirmar que
Sistema Turístico é um conjunto complexo de inter-relações de
diferentes fatores que devem ser considerados conjuntamente
sob uma ótica sistemática, ou seja, um conjunto de elementos
inter-relacionados que evoluem de forma dinâmica e cujos quatro
elementos básicos são: a demanda, a oferta, o espaço geográfico e os
operadores de mercado.
No caminho da sua “viagem”, você vai encontrar maiores detalhes
sobre demanda turística e o que significa e caracteriza a oferta
turística. Aproveite, então, mais uma etapa da viagem para
aprimorar seus conhecimentos.
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 2 – Oferta turística e demanda turística
Nesta seção você terá a oportunidade de conhecer o que é oferta
e demanda turística, dois componentes essenciais da atividade
turística. Vamos a eles?
Oferta Turística
Conhecer a oferta turística é de grande importância para que
haja uma melhor compreensão do fenômeno turístico; apresenta
características próprias, que são relevantes, quando se têm em
mente os crescentes fluxos turísticos internacionais.
A oferta turística de uma localidade é constituída da
soma de todos os produtos e serviços adquiridos ou
consumidos pelo turista durante a sua estada em
uma destinação. É importante ressaltar que esses
produtos e serviços são oferecidos por uma gama
de produtores e fornecedores diferentes que, apesar
de atuarem de forma individual, são entendidos
pelo turista como um todo que integra a experiência
vivencial da viagem. (RUSCHMANN, 1997, p.138).
Em economia a Lei da
Oferta e da procura é
a lei que estabelece a
relação entre a demanda
de um produto, ou a
procura de um produto,
e a quantidade que pode
ser oferecida, ou que o
produtor deseja oferecer.
Em períodos que temos
grande oferta de um
determinado produto, o
seu preço cai. No entanto
se o que tem é uma
Por isso, o planejamento da oferta turística de núcleos receptores
deve considerar o desempenho isolado de cada um, integrado
a um objetivo geral e cooperado – voltado para a qualidade
total dos produtos e serviços oferecidos. A característica mais
marcante da oferta turística é sua heterogeneidade, que se
constitui da justaposição de bens e serviços oferecidos aos turistas
e consumidos por eles.
De modo geral, pode-se dizer que a oferta é a quantidade de bens
e serviços que uma empresa, ou conjunto de empresas, está apta e
disposta a produzir e colocar no mercado por determinado preço,
determinada qualidade, determinado local e determinado período
de tempo. No curto prazo, as relações de mercado são regidas por
uma lógica denominada Lei da Oferta e da Procura. Diz esta lei
que, quando os consumidores querem comprar um determinado
produto em maior quantidade do que a disponível no mercado, o
preço tende a subir. Do contrário, quando existe pouca demanda,
os ofertantes tendem a reduzir o preço desse produto.
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Teoria Geral do Turismo
Por conseguinte, a quantidade que as empresas se dispõem a
colocar no mercado varia na mesma direção do preço. Quanto
maior o preço, maior tende a ser a oferta, e vice-versa.
A oferta turística, sob o prisma de um dos mais importantes
autores a respeito de sistema de turismo no Brasil, professor
Mário Carlos Beni, é definida conforme se pode observar a
seguir:
Em linhas gerais, sem levar em consideração os atrativos
naturais das regiões que motivam, numa primeira etapa,
a criação de fluxos turísticos, pode-se definir a oferta
básica como o conjunto de equipamentos, bens e serviços
de alojamento, de alimentação, de recreação e lazer,
de caráter artístico, cultural, social ou de outros tipos,
capaz de atrair a assentar numa determinada região,
durante um período determinado de tempo, um público
visitante. Como é evidente, os valores que a natureza
oferece sem necessidade da interferência do homem (sol,
praias, montanhas, paisagens) são as fontes de atração que
sustentam os deslocamentos de pessoas com finalidades
especificamente turísticas. Não há dúvida de que esses
elementos imprescindíveis, por natureza não-reguláveis,
escapam totalmente de um tratamento econômico e
ficam à margem do que se pode entender por “oferta” no
sentido estrito da palavra. (BENI, 1998, p.153)
A oferta em turismo pode ser concebida como o conjunto dos
recursos naturais e culturais que, em sua essência, constituem
a matéria-prima da atividade turística porque, na realidade,
são esses recursos que provocam a afluência de turistas. A esse
conjunto agregam-se os serviços produzidos para dar consistência
ao seu consumo, os quais compõem os elementos que integram a
oferta no seu sentido amplo, numa estrutura de mercado.
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
O quadro que se apresenta a seguir serve como exemplo de oferta
turística de um país.
Hotéis
Acampamentos
Restaurantes
Agências de Viagens (centrais e sucursais)
Instalações náuticas
Estações de esqui
Campos de golfe
Parques aquáticos
Parques de diversões
Estações termais
Cassinos
9.436
928
50.055
4.450
335
30
127
31
6
96
20
Quadro 3.1: Oferta turística na Espanha
Fonte: Secretaria Geral de Turismo, 1993 in OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001.
Sumarizar ou sintetizar a oferta turística requer cuidados, para
não se incorrer na possibilidade de uma compreensão equivocada.
Contudo, podem-se elencar algumas características que são
fundamentais a essa atividade:
a) Complementaridade – Certamente, em um núcleo
receptor, ninguém oferta turismo isoladamente. Diversas
empresas e o Estado complementam, cada qual com suas
parcelas, a quantidade de oferta. O turismo, portanto,
requer organização entre esses agentes para que a oferta
possa existir.
b) Estática – Necessariamente, apesar do “turismo virtual”,
o turismo se dá em um espaço definido. A oferta está
em um local, em um destino turístico. Nesse sentido, os
investimentos perdem em mobilidade. O local escolhido
para o negócio deve ser muito bem analisado. Por outro
lado, por ser estática, a oferta não pode ser exportada
nem importada, permitindo um menor grau de variações
concorrenciais em curto prazo. Ou seja, uma empresa só
entra em um mercado se estiver localizada nele.
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Teoria Geral do Turismo
c) Diversificação – Pelo fato de o produto turístico ser
heterogêneo, a oferta turística apresenta um grande leque
de alternativas diferentes, o que dificulta mensurá-lo em
uma totalização; por outro lado, propulsiona a economia
desse setor.
d) Sazonalidade - Um dos grandes problemas do turismo
é o seu vínculo com as estações climáticas do ano. Logo,
a possibilidade de oferta está restrita a temporadas, o
que faz gerar ciclos em que se alternam altas e baixas
produções.
e) Absorção – Uma das grandes vantagens do turismo é que
a oferta agregada é maior do que a produção. Em quase
todas as atividades produtivas humanas, o resultado
– a oferta colocada no mercado – requer transformação
laborativa. No caso do turismo, ofertam-se o clima e as
belezas naturais, que não foram produzidas pelo homem.
Assim também são os atrativos culturais, históricos,
arquitetônicos e sociais, que são criados com outras
intenções e depois são convertidos em produto turístico.
Dessa forma, o turismo absorve recursos disponíveis e
converte-os em oferta. Portanto, tem-se que a quantidade
ofertada é maior que a quantidade produzida. Assim, o
turismo requer menores investimentos que os resultados
econômicos obtidos.
Tendo visto o conteúdo até o momento sobre oferta
turística, é chegado o momento de perguntar: qual é
a sua definição, então?
Segundo a Organização Mundial de Turismo, oferta turística é
“o conjunto de produtos turísticos e serviços postos à disposição
do usuário turístico num determinado destino, para seu desfrute
e consumo”. (OMT, 2001).
Ao avançarmos um pouco mais sobre o tema da oferta turística,
optamos por apresentar uma série de quadros e tabelas que,
certamente, ilustrarão de forma mais clara a composição da
oferta.
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Sabemos que a oferta turística é composta por um conjunto de
elementos que podem ser divididos conforme a seguir:
a) atrativos turísticos;
b) serviços turísticos;
c) serviços públicos;
d) infra-estrutura básica;
e) gestão;
f) imagem da marca;
g) preço.
Comecemos com os atrativos turísticos:
Como definir o termo e o que ele compreende?
O seu conceito é complexo, dado que a atratividade de certos
elementos varia de forma acentuada de um turista para outro.
Um museu sobre o fundador de uma cidade pode ter grande
importância para os seus habitantes e nenhuma para os visitantes.
Um outro exemplo é que um determinado santuário religioso
pode ter grande atratividade para adeptos de uma religião e
nenhuma para outras.
Devemos destacar que existem categorias diferentes já elaboradas
sobre atrativos turísticos. Para efeito de nossos estudos,
adotaremos a divisão simples (que, inclusive, é a mesma adotada
pela EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo): atrativos
turísticos naturais e atrativos turísticos culturais.
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Teoria Geral do Turismo
Os atrativos naturais podem ser divididos conforme segue:
TIPOS
SUBTIPOS
Montanhas
Picos
Serras
Montes/morros/colinas
Outros
Planalto e Planícies
Chapadas/tabuleiros
Patamares
Pedras/tabulares
Vales/rochedos
Costas ou Litoral
Praias
Restingas
Mangues
Baías/enseadas
Sacos
Cabos/pontas
Falésias/barreira
Dunas
Outros
Terras Insulares
Ilhas
Arquipélagos
Recifes/atóis
Hidrografia
Rios
Lagos/lagoas
Praias fluviais/lacustres
Quedas d’água
Pântanos
Fontes hidrominerais e/ou termais
Parques e reservas de flora e fauna
Grutas/cavernas/furnas
Áreas de caça e pesca
Quadro 3.2: Tipos de atrativos naturais
Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003, p. 55.
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Os atrativos turísticos culturais também podem ser classificados
em tipos e subtipos.
TIPOS
SUBTIPOS
Monumentos
Arquitetura civil
Arquitetura religiosa/funerária
Arquitetura industrial/religiosa
Arquitetura militar
Ruínas
Esculturas
Pinturas
Outros legados
Sítios
Sítios históricos
Sítios científicos
Instituições e Estabelecimentos de
Pesquisa e Lazer
Museus
Bibliotecas
Arquivos
Institutos históricos e geográficos
Manifestações, Usos e Tradições
Populares
Festas/comemorações/
atividades religiosas
Festas/comemorações populares e
folclóricas
Festas/comemorações cívicas
Gastronomia típica
Feiras e mercados
Realizações Técnicas e Científicas
Contemporâneas
Exploração de minérios
Exploração agrícola/pastoril
Exploração industrial
Assentamento urbano e paisagístico
Usinas/barras/eclusas
Zoológicos/aquários/viveiros
Jardins botânicos/hortos
Planetários
Outros
Acontecimentos Programados
Congressos e convenções
Feiras e exposições
Realizações desportivas
Realizações artísticas/culturais
Realizações sociais/assistenciais
Realizações gastronômicas
Outros
Quadro 3.3: Tipos de atrativos turísticos culturais
Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003, p. 60.
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Teoria Geral do Turismo
Como já é do seu conhecimento, o produto turístico é composto,
além dos atrativos (conforme as duas tabelas anteriores), pelos
serviços turísticos. Para poder usufruir deste atrativo, o turista
necessita consumir uma série de serviços. Alguns desses,
por atenderem exclusiva ou preferencialmente turistas, são
classificados como turísticos.
TIPOS
SUBTIPOS
Meios de Hospedagem
Hotéis
Motéis
Flats
Pousadas
Pensões
Pensionatos
Lodges
Hospedarias
Albergues da juventude
Bed & Breakfast
Cruzeiros marítimos
Campings
Acantonamentos
Colônias de férias
Imóveis de aluguel
Alimentação
Restaurantes
Lanchonetes
Sorveterias/docerias
Cafés/casas de sucos/casas de chá
Cervejarias
Quiosques de praias
Agenciamento
Agências emissivas
Agências receptivas
Transportes Turísticos
Aéreo
Rodoviário
Ferroviário
Aquático
Locação de Veículos e Equipamentos
Carros
Motos
Bicicletas
Embarcações
Equipamentos esportivos
Você encontrará diversos
endereços úteis na seção
“Saiba Mais”, no final
desta unidade.
Continua
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
TIPOS
SUBTIPOS
Eventos
Organizadores de eventos
Fornecedores de produtos e serviços
Espaços de Eventos
Centros de convenções
Bufês
Centros de feiras
Áreas de exposição e de rodeios
Áreas de eventos culturais
Entretenimentos
Bares
Boates
Danceterias
Clubes/estádios/ginásios
Casas de espetáculos
Cinemas/teatros
Parques de diversões
Parques aquáticos
Parques temáticos
Boliches
Pistas de patinação
Bilhares
Campos de golfe
Terminais de turismo social
Hipódromos
Velódromos
Autódromos/kartódromos
Marinas
Mirantes/belvederes
Informação Turística
Guias/mapas
Postos de informações/centros
de informações turísticas
Centrais de informações turísticas
Jornais e revistas especializadas
Passeios
Cavalo
Helicóptero
Barco
Comércio Turístico
Souvenirs
Joalherias
Artesanato
Produtos típicos
Quadro 3.4: Tipos de serviços turísticos
Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003, p. 64.
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Teoria Geral do Turismo
Outro elemento que merece destaque sobre a oferta turística é
o conjunto de serviços públicos necessários ao ato do consumo
turístico. Não adianta uma localidade possuir bons atrativos e
bons serviços se não coloca à disposição do turista alguns serviços
básicos, como transportes públicos, por exemplo.
TIPOS
TIPOS
Transportes
Táxi
Ônibus
Metrô
Teleférico
Bonde
Trem
Transporte Aquático
Aeroporto
Estação ferroviária
Estação rodoviária
Estação portuária
Serviços Bancários
Agências bancárias
Caixas eletrônicos
Serviços de câmbio
Sérvios de Saúde
Farmácias
Prontos-socorros
Hospitais
Clínicas
Maternidades
Serviços de Segurança
Polícia turística
Serviços de salva-vidas
Corpo de bombeiros
Serviços de Informação
Posto de informações
turísticas
Sinalização turística
Mapas e guias turísticos
locais
Serviços de Comunicações
Postos telefônicos
Orelhões
Rádio e televisão
Disponibilidade de fax e
Internet
Continua
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
TIPOS
TIPOS
Serviços de Apoio a Automobilistas
Postos de abastecimento
Oficinas mecânicas
Borracheiros
Lojas de autopeças
Comércio Turístico
Lojas de conveniências
Lojas de artesanato
Lojas de produtos típicos
Serviços Bancários
Agências bancárias
Caixas eletrônicos
Serviços de câmbio
Quadro 3.5: Serviços públicos de apoio ao turismo
Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003, p. 68.
A infra-estrutura básica de uma destinação turística também
é elemento fundamental para viabilização da atividade. A
sua implantação em determinada localidade depende da
disponibilidade de alguns insumos básicos. Um resort, por
exemplo, a ser implantado em uma praia deserta precisará
levar até lá a energia elétrica, a rede de esgoto, etc. Sem esses
elementos básicos, o empreendimento torna-se inviável.
A seguir, o último quadro desta série, que apresenta alguns tipos
de infra-estrutura básica.
TIPOS
TIPOS
Acessos
Rodovias
Ferrovias
Fluviovias
Terminais de passageiros, aéreos, rodoviários;
ferroviários, marítimos, fluviais
Saneamento
Captação, tratamento e distribuição de água
Coleta, tratamento e despejo de esgotos
Coleta e tratamento de lixo
Energia
Produção e distribuição de energia
Continua
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TIPOS
TIPOS
Comunicações
Rede de telefonia comum e celular, antenas
de captação de rádio e televisão, serviços
de correios, agências telegráficas, postos
telefônicos
Vias urbanas de circulação
Implantação, conservação, sinalização
Abastecimento de gás
Distribuição
Controle de poluição
Ar, água, som
Capacitação de recursos humanos
Formação e aperfeiçoamento de mão-de-obra
Quadro 3.6: Infra-estrutura básica
Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003, p. 72.
Essa listagem, apresentada pelas tabelas, de forma alguma
esgota todos os quesitos necessários e classificados como “oferta
turística”. O turismo depende de uma infinidade de serviços
especializados, os quais, por sua vez, dependem de uma
infinidade de profissionais com as mais variadas especializações.
Na seqüência, você vai estudar outro importante componente do
produto turístico que é a demanda! Vamos lá?
Demanda Turística
Por demanda turística pode-se entender: a quantidade de bens e
serviços que um consumidor e/ou turista está apto e disposto a adquirir
por determinado preço, com determinada qualidade, por determinado
período de tempo e em determinado local.
A demanda por turismo vem apresentando tendências bastante
interessantes nos últimos anos. Primeiro, as pessoas estão
viajando mais em todo o mundo; segundo, o transporte aéreo
de passageiros também apresenta a mesma tendência; terceiro,
a duração das viagens e o tempo de permanência nos locais
visitados vêm diminuindo para uma semana ou dez dias; quarto,
as pessoas fazem mais viagens durante o período de um ano;
e quinto, há uma mudança de turismo de massa para turismo
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
de nichos, ou seja, os turistas estão buscando uma forma de
diferenciação e diversificação de suas viagens, o que obriga as
empresas a saciarem demandas específicas.
Você sabia?
Que as diversas formas de classificação da demanda
não são excludentes? Podemos compor o tipo de
demanda que analisamos. Assim, por exemplo,
podemos ter uma demanda turística nacional,
com vôo fretado, para a participação em uma feira,
com cinco dias de permanência, numa viagem
intermediada por uma agência e destinada a um
grupo de adultos. De outra forma, temos um perfil
muito diferente em uma demanda internacional, com
ônibus turístico, para a participação num show de
rock, em um final de semana, organizada por uma
operadora, para um grupo de jovens. (LEMOS, 2001,
p.74).
Observem que as especificações das demandas supracitadas
compõem um perfil de comportamento econômico bastante
variado. No primeiro exemplo, tem-se um perfil profissional e,
caso se agreguem serviços de entretenimento para esse grupo, eles
podem ser desnecessários. No segundo grupo, o entretenimento
é o objetivo e, caso se agreguem serviços mais elaborados, eles
somente elevariam os custos da viagem.
Certamente, as empresas e as localidades se aprimoram em criar
serviços para nichos cada vez mais específicos.
Existem hotéis que se especializam em prestar
serviços para executivos; outros vão mais longe e
prestam serviços especificamente para mulheres
executivas.
O mercado de turismo é um setor de concorrência monopolística,
o que significa a busca de um monopólio específico em um nicho
de mercado. Todas as operadoras e agências concorrem entre
si, mas uma delas pode ser especializada, por exemplo, em um
destino, em uma faixa etária etc.
De acordo com Lemos (1983 apud apud FELLINI, 2001, p.75),
a classificação da demanda turística pode ser assim apresentada:
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Teoria Geral do Turismo
a) Quanto ao espaço:
I) Nacional ou Doméstico.
II) Internacional.
b) Quanto ao meio de transporte utilizado:
I) Automóvel particular.
II) Automóvel alugado.
III) Carona.
IV) Trem.
V) Ônibus rodoviário.
VI) Ônibus turístico.
VII) Vôo comercial.
VIII) Vôo fretado.
IX) Marítimo.
X) Misto.
c) Quanto ao motivo da viagem:
I) Descanso e lazer.
II) Tratamento médico ou terapêutico.
III) Participação em congressos, cursos e
seminários.
IV) Participação em feiras e exposições.
V) Cultural.
VI) Religioso.
VII) Esportivo.
VIII) Comercial ou de negócios (Businesstourism).
IX) Profissional.
X) Ecológico.
XI) Visitas a parentes e/ou amigos.
d) Quanto ao tempo de permanência
Sem caracterização
e) Quanto à forma de organização:
I) Por agências e operadoras.
II) Sem agências e operadoras.
f) Quanto à quantidade de pessoas:
I) Excursões (grupos).
II) Família.
III) Casal.
IV) Individual.
g) Quanto à idade:
I) Turismo infantil.
II) Turismo para jovens.
III) Turismo para adultos.
IV) Turismo para terceira idade.
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
(ANDRADE, José Vicente.
Turismo: fundamentos e dimensões. São Paulo:Ática, 2002)
As demandas dos diferentes mercados turísticos são variadas,
de acordo com os tipos de ofertas turísticas. Todas, no entanto,
em menor ou maior grau de intensidade, possuem as seguintes
características: a elasticidade, a sensibilidade e a sazonalidade.
a) A elasticidade – O turismo é um fenômeno dinâmico
marcado por contínuos movimentos de crescimento e
diminuição em sua demanda, em fluxos irregulares,
motivados pelos diferentes graus de sensibilidade às
mudanças provocadas pela oscilação das condições
financeiras e econômicas do mercado. Instabilidade que
influi na própria formação das estruturas de preços ao
empresário e ao consumidor.
b) A sensibilidade – as alterações ou mutações nos campos
diversos da atividade humana criam situações individuais
e grupais tão diversificadas e profundas que tornam
instáveis as realidades e os relacionamentos turísticos.
Repugna ao turismo conviver com riscos ou incertezas,
situações instáveis e problemas sociais de porte
significativo ou de expressiva gravidade, pois é sensível a
qualquer tipo de flutuação capaz de afetar tanto a oferta
como a demanda, visto que uma não existe sem a outra.
c) A sazonalidade – As épocas das temporadas ou as
estações altas ou mais apreciadas do ano, cada qual com
suas características próprias, também se constituem
em fatores importantes de influência no volume e na
qualidade da demanda turística. As condições climáticas
favoráveis e as épocas reservadas às férias escolares
(quando as famílias, em geral, podem viajar completas),
tanto quanto os feriados prolongados e os fins de
semana, concentram os grandes fluxos de demanda que,
nas demais épocas e circunstâncias do ano, costumam
diminuir de forma muito sensível.
Desta forma, ao chegar até aqui, você completou todas as
etapas necessárias a um conhecimento indispensável sobre duas
destacadas características do produto turístico: a oferta e a
demanda. Parabéns pela conquista!
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Teoria Geral do Turismo
Seguimos adiante com o início da seção 3, que vai nos
familiarizar com os transportes turísticos.
SEÇÃO 3 – Empresas de transportes turísticos
Como você viu na unidade 1, na evolução histórica do turismo
salientamos que não havia um consenso sobre quando,
efetivamente, se deu o início da atividade turística; o mesmo
ocorre com os transportes.
Não há registros sobre quem e quando se inventou o meio mais
antigo de se transportar coisas de um lugar para outro.
Por esse fato, elaboramos nesta seção um resumo cronológico
sobre a evolução dos transportes, que, segundo a nossa opinião,
são os de maior importância para que você possa se familiarizar
com o contexto da relevância e do significado que eles têm para o
Turismo.
Se considerarmos que “o turismo implica
o deslocamento de pessoas, os meios de
transporte são um componente essencial”, o
que isso representa na cronologia histórica
apresentada?
Veja como o transporte se transformou no tempo e no espaço, e
sob que variáveis:
a) Historicamente
„
O homem primitivo dispunha somente de suas
próprias forças para deslocar-se e carregar o que
desejava transferir de local.
„
A domesticação de animais de grande porte, para
monta e tração a trenós rústicos, foi o passo inicial
de uma áspera luta do peso contra o espaço.
Unidade 3
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95
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Universidade do Sul de Santa Catarina
„
A utilização do meio líquido com dispositivos
flutuantes, talvez o mais remoto sistema utilizado
pelo homem, assumiu um valor extraordinário
desde seu início.
„
A invenção da roda (Mesopotâmia com os Assírios,
na 2ª metade do 1º milênio a.C.) é o marco milenar
da penosa caminhada do ser humano em busca
do domínio da técnica do transporte terrestre;
assinalou o limiar de uma era de expansão e
desenvolvimento em toda a superfície da Terra.
b) Império Romano
„
Registra-se a existência da Carruca Dormitoria,
uma espécie de ônibus leito que servia para
transportar os viajantes, mais abastados, inclusive
durante a noite, por volta de 250 a.C., no Império
romano.
„
Para as pessoas mais simples do Império Romano,
era utilizado o lombo do cavalo, além das “bigas”,
um meio de transporte bastante difundido na
época.
„
Os Romanos foram decisivos para a evolução
dos meios de transportes terrestres, uma vez que
construíram um conjunto de estradas, espalhadas
pelo império, que ficaram conhecidas com a PAX
ROMANA. Muitos trechos deste conjunto de
estradas ainda são possíveis de serem visitados,
principalmente na Itália, como a Via Apia (que
tinha 560 km e ligava Roma a Nápoles) entre
outras.
c) Revolução Industrial
„
O transporte moderno, como o conhecemos
atualmente, deu-se a partir de 1840 com o
advento da Revolução Industrial, na Inglaterra e o
96
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Teoria Geral do Turismo
conseqüente desenvolvimento das linhas férreas. Os
transportes vivenciaram um impulso jamais antes
verificado.
„
A aplicação comercial do motor se deve ao
engenheiro alemão Daimler, que construiu várias
motocicletas entre 1884 e 1886 e fundou, depois, a
Daimler Motoren Gesellschft. Sem nenhuma dúvida,
foi o pesquisador de maior relevância, seguido por
Benz, que fabricou seu primeiro carro em 1884; a
partir de 1914 as fábricas se uniram.
„
O passo decisivo para a conquista do ar deu-se
em 21/07/1976, quando a Air France inaugurou
a 1ª rota internacional para transporte regular de
passageiros com o SSC – Super Sonic Concorde, cuja
velocidade é duas vezes maior que a velocidade do
som.
„
Em todos os tempos, para cumprir suas essenciais
finalidades, o transporte necessitou organização
aprimorada, objetivando oferecer um mínimo de
segurança, rapidez, regularidade, pontualidade,
prestação de serviços, economia e conforto.
Querermos destacar que o objetivo desta seção não é o de
apresentar de forma detalhada e aprofundada toda a evolução
histórica e o conseqüente desenvolvimento dos transportes. Isso
não seria possível numa única seção.
Sendo assim, na continuação do conteúdo, faremos referência,
de forma significativamente resumida e simplificada, ao que
consideramos ser relevante para o seu entendimento sobre os
transportes. Relacionamos quatro meios de transportes que
efetivamente são os mais utilizados e de maior significado,
quando o assunto é turismo. Vamos a eles?
Unidade 3
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97
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Universidade do Sul de Santa Catarina
I) TRANSPORTE FERROVIÁRIO
„
O trem foi o grande impulsor inicial do turismo regional
e do internacional até 1957.
„
O transporte ferroviário em alguns países europeus
continua prestando substancial apoio ao tráfego de
turistas.
„
Destacam-se também:
„
1980 – França – Trem TGV – 300 Km/h
„
1986 – Alemanha – Trem ICE – 340 Km/h
„
1994 – Japão – Trem Bala – 550 Km/h
„
O Eurotúnel, sob o Canal da Mancha, ligando o
continente europeu à ilha da Grã-
„
Bretanha, já faz parte de nosso presente.
E o Brasil, o que apresenta?
„
Não apresenta tradição quanto ao uso do trem como
transporte turístico, e toda política de transporte
de massa foi colocada na rodovia e na indústria
automobilística.
„
A rede ferroviária nacional não foi sensível ao utilizar o
trem como meio de transporte para o turismo de massa.
II) TRANSPORTE MARÍTIMO, FLUVIAL E LACUSTRE
„
O tráfego turístico marítimo apresenta-se hoje bem
diferenciado e segmentado em sua demanda.
„
Marcou época no passado com transatlânticos muito
luxuosos, que se caracterizavam como verdadeiros hotéis
flutuantes.
98
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Teoria Geral do Turismo
„
Atualmente, a navegação marítima para o turismo, com
o desaparecimento da grande maioria das rotas regulares,
limita-se a cruzeiros com navios amplos e modernos.
„
Em 1994, 4,6 milhões de passageiros passaram suas
férias nos navios. Em 2006, de acordo com as previsões,
serão 12 milhões de passageiros.
„
A navegação fluvial e lacustre (hidroviária) é muito
difundida na Europa e nos Estados Unidos, com
equipamentos modernos que trafegam em rotas
tradicionais, como a do Reno, na Europa, e a do
Mississippi, nos Estados Unidos.
„
O Brasil, que tem a maior rede fluvial do mundo,
subutiliza a hidrovia para transporte de carga e a
despreza como meio de deslocamento para o turismo.
Isso por não ter tradição e equipamentos e muito
menos infra-estrutura adequada, construção de eclusas,
drenagem e apoio.
„
Os transportes turísticos na Amazônia, apesar da grande
demanda, ainda são realizados com equipamentos
obsoletos, readaptados, sem as mínimas condições
de higiene e conforto para uma exploração em escala
econômica e em nível internacional.
III) TRANSPORTE RODOVIÁRIO
„
A indústria automobilística brasileira tem grande
impulso sob o governo de JK (1955 -1960), quando
é instalada no país a primeira fábrica nacional de
automóveis (a Volkswagen).
„
O automóvel foi a causa básica da expansão de estradas,
vias de acesso, auto estradas, anéis, trevos, e foi o
Turismo que incrementou substancialmente o uso desse
veículo.
„
O transporte terrestre de turistas também é feito por
ônibus. Essa modalidade reduz consideravelmente o
custo da viagem e, no Brasil, ela é muito difundida.
Pode-se dizer que o ônibus representa para os brasileiros
Unidade 3
teoria_greal_turismo.indb 99
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Universidade do Sul de Santa Catarina
o mesmo que o trem para os europeus. Assim é que
são criadas, além das linhas regulares, linhas de ônibus
especiais para o transporte exclusivamente turístico.
IV) TRANSPORTE AÉREO
„
O transporte aéreo é importante conquista do século
passado. Hoje o avião é um meio de transporte de massa.
Uma viagem que há trinta anos ainda era uma aventura
agora é segura, rápida e confortável.
„
O transporte aéreo, pelas vantagens que oferece, exerce
importante papel no desenvolvimento do Turismo,
sobretudo naquele praticado a longas distâncias.
„
Contudo, ainda existem sérios problemas no que tange
à localização dos grandes aeroportos brasileiros. Alguns
distam até trinta quilômetros dos centros urbanos. O
tempo que se ganha no deslocamento aéreo é geralmente
perdido nas operações de embarque e desembarque e de
deslocamento até as cidades.
„
Além dos vôos regulares que transportam milhares
de pessoas, há uma modalidade específica que atende
primordialmente ao tráfego turístico: os vôos charter,
que ganharam uma importância tão grande que chegam,
em alguns países, a suplantar os vôos regulares em
volume de turistas.
Como você teve a oportunidade de ver, esses são os principais
meios de transportes utilizados pela atividade turística. Não
podemos esquecer que ainda existem outros meios de transporte,
como, por exemplo, o transporte turístico espacial, atualmente
uma realidade tecnicamente possível, porém financeiramente
inaccessível a grande maioria das pessoas.
Todos os meios de transportes têm suas vantagens e suas
desvantagens. A seguir, apresentamos um quadro em que será
possível a você, estudante de turismo, realizar uma comparação
dos diferentes meios.
100
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Teoria Geral do Turismo
Controle do itinerário e das paradas no caminho.
„ Controle das horas de saída.
„ Possibilidade de levar muitas malas.
„ Possibilidade de usar o veículo como alojamento.
„ Privacidade.
„ Mobilidade no destino.
„ Aproveitamento por parte do usuário de preços baixos.
„ Segurança.
„ Possibilidade de desfrutar da paisagem.
„ Possibilidade de andar pelos vagões.
„ Chegada ao destino descansado.
„ Conforto.
„ Não sofre engarrafamentos.
„ Velocidade.
„ Flexibilidade.
„ Serviços em terra (facilidades em terminais) sofisticados.
„ Incentivos aos usuários fiéis (bônus de quilometragem)
„ Vôos fretados (charter): preço.
„
Por rodovias
(automóveis)
Trens
Aéreos
Relativamente seguro.
„ Barato.
„ Cruzeiros: diversão e entretenimento.
„
Marítimos
Quadro 3.7: Análise comparativa dos diferentes meios de tansportes
Fonte: Adaptado de Cooper et al., 1993, p.183-186 in OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca,
2001.
O que está achando arte aqui? Está gostando do conteúdo? Em
seguida passemos a um exercício. Reflita a questão a não passe
adiante sem colocar seu ponto de visa.
Unidade 3
teoria_greal_turismo.indb 101
101
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Os meios de transportes desempenham um papel
crucial para o desenvolvimento contínuo da atividade
turística. Contudo, a realidade da nossa infra-estrutura
turística nacional é extremamente inadequada.
Sabedor que és da realidade turística existente na
sua cidade de residência ou de nascimento, descreva
o que você lembra em termos de infra-estrutura de
transportes existente. Você a considera adequada
para receber turistas? Pense em termos de: higiene
e limpeza, segurança, acesso, disponibilidade de
sanitários, de locais para alimentação, entre outros,
nessas estruturas. Será que as autoridades municipais
e a população local levam em consideração estas
necessidades para os turistas? O que deveria ou pode
ser feito? Elabore respostas para as questões acima.
Faça uso do espaço abaixo.
A seção 3 nos possibilitou um “encontro” com as principais
modalidades de transporte que estão disponíveis para os turistas.
A grande reflexão, que é necessária se fazer, diz respeito à nossa
parca infra-estrutura disponível em todo o território nacional.
Não podemos nos esquecer de que se considerarmos o
deslocamento como um ingrediente fundamental para que ocorra
a atividade turística, então temos que ter uma outra abordagem
e uma outra visão, para que possamos melhorar a infra-estrutura
disponível.
Lembramos que você, enquanto acadêmico de turismo, tem
a responsabilidade e, de certa forma, até o dever de não ficar
esperando que as autoridades (em seus diferentes níveis) se
responsabilizem pelas iniciativas. Os nossos governantes têm a
responsabilidade por tal, mas muitas vezes a sua simples iniciativa
102
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Teoria Geral do Turismo
pode desencadear uma mudança e, até mesmo, uma melhoria
significativa em termos gerais e na criação de infra-estrutura
turística.
Síntese
Ao estudar esta unidade, foi possível você ter um contato mais
próximo com mais alguns conceitos fundamentais da atividade
turística. Na seção 1, você estudou o que é um sistema e qual
a sua aplicabilidade para as diversas ciências, entre as quais o
turismo. Foi importante também verificar que o turismo não é
definitivamente uma atividade isolada e, para que este fenômeno
ocorra, há a necessidade de interação de uma série enorme de
outras áreas de conhecimento, que, somadas, perfazem um
sistema.
Na seção 2, você estudou dois tópicos de extrema relevância,
que são: a oferta e a demanda, dois pressupostos básicos que
não podem coexistir um sem o outro. Você também teve
contato com o conjunto de elementos que compõem a oferta
turística e viu que ela pode ser dividida em algumas categorias.
A inserção de quadros ilustrativos, para essas categorias, teve o
objetivo explícito de fazer com que você pudesse ter uma melhor
visualização, para uma melhor compreensão do tema. Não se
esqueça dos diferentes tipos de demanda que nós estudamos, e,
ainda, tenha sempre em mente as variáveis que a afetam de forma
significativa. Sabemos que a época do ano, a estabilidade social, o
bom andamento da economia, entre outros fatores, exercem uma
influência enorme sobre a demanda.
Já a seção 3 desta unidade, trabalhou com os meios de transportes
turísticos. A exemplo da história e evolução do turismo, que
você estudou na Unidade 1, seção 1, não existe um consenso
sobre como se deu o início dos transportes e tampouco quem
o inventou. Ficou patente que, se uma das premissas básicas
para que ocorra o turismo é o deslocamento, então já podemos
imaginar o significado e a importância dos transportes para a
atividade.
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Vimos, por meio de uma cronologia histórica, os quatro
principais meios de transporte utilizados pelo turismo. Também
está implícita, nessa seção, a enorme carência que algumas
cidades possuem em termos de infra-estrutura de transportes.
Não é mais possível conceber que um país de dimensões
continentais, como é o Brasil, continue sofrendo com um baixo
número de visitantes anualmente, por causa principalmente da
modestíssima infra-estrutura que possuímos. Como estudante
de turismo, você é mais um importante aliado na reversão deste
quadro.
Atividades de auto-avaliação
Com base na leitura desta unidade, realize na seqüência as atividades
propostas.
1) Para a OMT – Organização Mundial do Turismo, existem quatro
elementos básicos no conceito da atividade turística. Cite quais são
estes elementos.
2) Explique o que significa Sistema Turístico.
104
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Teoria Geral do Turismo
3) Conceitue: oferta turística. Qual a importância dela?
Saiba mais
Para que você conheça mais detalhes acerca dos conteúdos desta
unidade, sugerimos algumas obras para pesquisa:
BENI, Mario Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo:
SENAC, 1997.
OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001.
Para conhecer uma base de dados importantes e bastante
interessantes sobre diversos itens relacionados na seção 2 desta
Unidade, basta acessar:
a) Motéis – www.hilton.com
b) Lodges – www.terrayalodge.com
c) Albergues da juventude – www.hostel.org.br
d) Bed & Breakfast – www.innandtravel.com
e) Lanchonetes – www.franchise.org
f) Agências emissivas – www.itn.com
g) Transporte ferroviário – www.railpass.com
h) Centros de feiras – www.anhembi.com.br
i) Parques temáticos – www.themeparks.mininco.gov
Unidade 3
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UNIDADE 4
Turismo e organizações
turísticas
4
Objetivos de aprendizagem
„
Entender como são formadas as principais organizações
turísticas nos principais níveis de atuação: mundial,
nacional, estadual e municipal.
„
Reconhecer os princípios básicos que norteiam a
planejamento turístico.
„
Compreender a importância e a aplicabilidade do
marketing para a atividade turística.
Seções de estudo
Seção 1 Organizações turísticas.
Seção 2 O planejamento turístico.
Seção 3 Marketing turístico.
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13/4/2007 17:18:02
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Nesta unidade você terá a oportunidade de estudar e de se
familiarizar com tópicos importantes que apresentam estreita
ligação com o turismo ou a relação com a sua estruturação
organizacional. Qual o nível e o grau de atuação do governo em
relação ao turismo? Quais são as organizações responsáveis pelo
fomento e pelo desenvolvimento pleno da atividade?
Vai estudar também nesta unidade o tópico que versa sobre o
planejamento turístico. A palavra planejamento por si só, nos
induz a uma série de correlações e é de fundamental importância
para um bom gerenciamento das atividades relacionadas ao
turismo. Serão abordados alguns aspectos de destaque desta
“necessidade” vital, em termos de desenvolvimento turístico.
Por último, será feita uma abordagem sobre o marketing,
envolvendo seu conceito, sua evolução e, principalmente, suas
tendências. Afinal, vivemos em um mundo globalizado, onde as
informações trafegam em alta velocidade, exigindo cada vez mais
dos estudiosos e profissionais da área um acompanhamento, uma
percepção e respostas imediatas para as constantes mudanças. No
âmbito da atividade turística, esta é uma exigência vital para os
profissionais que almejam o sucesso.
Assim sendo, você está convidado para entrar em contato com
estes tópicos e esperamos sinceramente que os mesmos possam
ser significativos e relevantes para a sua formação acadêmica.
Começaremos pelas organizações turísticas.
SEÇÃO 1 - Organizações turísticas
Certamente você já ouviu falar muito no termo “organização”,
e sabe que existem muitos tipos de organizações, não é mesmo?
Mas como definir uma “organização de turismo”? Quais os
elementos que a compõem? O que entra na definição deste
termo? E mais... O que entra na composição da estrutura da
organização de turismo?
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Teoria Geral do Turismo
Você tem as respostas? Não? Ou, não tem certeza se estão
corretas suas definições? Não se preocupe... Aos poucos você
mesmo vai estruturando um conceito adequado de “Organização
de Turismo” e conseguindo compreender como elas funcionam
na prática? Acompanhe, então!
Uma introdução ao estudo
Nesta unidade serão abordados
elementos para compreender quais as
funções das organizações de turismo
e o que lhes cabe como organismos
de prestação de serviços no conjunto
de políticas públicas e privadas.
Sendo assim, será uma espécie de
introdução para oferecer uma base ao
entendimento de um todo, que é “sistêmico” e interligado a outros
setores e áreas, como vimos na unidade anterior. Comecemos
com as contribuições de Mário Carlos Beni (1997).
Segundo o ele, as Organizações de Turismo têm a
responsabilidade de implementar a chamada “Política de
Turismo” de um país, de um estado, de uma região ou mesmo
de um município. Sustenta o autor que as políticas de turismo
devem combater os vários tipos de poluição e atuarem em defesa
da paisagem, do ar, das águas, dos espaços livres, da vegetação,
que são tão indispensáveis, quanto à conservação da memória
histórica e cultural do país.
„
Sua formulação deverá, por conseguinte, estar fortemente
ancorada nos valores nacionais: nos traços culturais, que
cumprem manter; no aspecto físico, que é imperativo
conservar. Ambos constituem partes iguais do
patrimônio nacional, que as gerações futuras têm direito
de reclamar.
„
Deve-se entender por “política de turismo” o conjunto
de fatores condicionantes e de diretrizes básicas que
expressam os caminhos para atingir os objetivos globais
para o Turismo do país; determinam as prioridades da
Unidade 4
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Universidade do Sul de Santa Catarina
ação executiva do Estado; facilitam o planejamento das
empresas do setor quanto aos empreendimentos e às
atividades mais suscetíveis de receber apoio estatal.
„
A função específica dos órgãos institucionais públicos
de Turismo deverá ser a determinação de prioridades,
a criação de normas e a administração de recursos e
estímulos. O governo dará as diretrizes e proverá as
facilidades.
„
Aos órgãos públicos federais de turismo cabem a
formulação das diretrizes e a coordenação dos planos de
âmbito nacional e dos que se projetem para o exterior.
„
Aos órgãos estaduais e municipais cabem, com apoio
federal, a concepção dos programas e a execução dos
projetos regionais e locais. Da mesma forma, e com igual
apoio, compete a eles a iniciativa dos melhoramentos e
equipamentos necessários ao uso público das áreas de
interesse turístico.
O papel que o poder público possui no
desenvolvimento do turismo é assunto de extenso
debate entre os profissionais da área. Embora muitos
estudiosos incluam o turismo entre os setores
econômicos na organização administrativa do
Estado, na prática isso não ocorre na totalidade dos
países. Essa dificuldade em definir o setor econômico
representativo do turismo pode ser observada
quando se analisa a estrutura governamental do
turismo nos vários países. A hierarquia de organismo
é a mais variada possível: ministério, secretaria,
departamento, diretoria, escritório público, comissão
e serviço.
A seguir, vamos a uma breve evolução histórica das organizações
de turismo.
Os estudos de Mário Carlos Beni (1997) nos remetem a
uma compreensão do ponto de vista histórico, importante ao
entendimento contextualizado da organização turística. Observe
a cronologia e os fenômenos que lhe são pertinentes:
110
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Teoria Geral do Turismo
„
O planejamento formal do turismo por parte do Estado
é recente, iniciando-se em fins da década de 1940,
com a elaboração do Primeiro Plano Qüinqüenal do
Equipamento Turístico Francês, para o período de 1948
a 1952.
„
Outro país pioneiro em apresentar o planejamento em
nível nacional é a Espanha que, em 1952, apenas um ano
após a criação de Ministério de Informação e Turismo,
realizou as primeiras experiências nesse sentido e
elaborou o Anteprojeto do Plano Nacional de Turismo.
„
Não obstante essas primeiras manifestações sobre o
planejamento por parte do Estado, foi somente na
década de 1960 que a atividade começou a se generalizar,
quando a maioria dos países europeus com vocação
e interesses turísticos elaborou seus primeiros planos
nacionais de desenvolvimento do Turismo e começou a
formular os primeiros planos em nível regional.
„
Com relação ao continente americano, a intenção
de planejar o turismo em nível nacional começou no
México, em 1961, quando o poder executivo daquele
país encarregou o departamento de turismo de elaborar
o plano nacional, promulgado somente em 1968. Nesse
mesmo ano a Argentina começou os preparativos para a
elaboração do seu plano, com a celebração de convênio
entre a Secretaria de Difusão e Turismo, a ONU e o
Centro de Investigação da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo.
Unidade 4
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Universidade do Sul de Santa Catarina
O papel do poder público pode abranger inúmeras
atividades, conforme o grau de intervenção que o
Estado possui na atividade econômica. A seguir alguns
exemplos dessas áreas:
a) planejamento do fomento da atividade;
b) controle de qualidade do produto;
c) promoção institucional da destinação;
d) financiamento dos investimentos da iniciativa
privada;
e) capacitação de recursos humanos;
f) controle do uso e da conservação do patrimônio
turístico;
g) captação, tratamento e distribuição da informação
turística;
h) implantação e manutenção da infra-estrutura
urbana básica;
i) prestação de serviços de segurança pública;
j) captação de investidores privados para o setor;
k) desenvolvimento de campanhas de
conscientização turística;
l) apoio ao desenvolvimento de atividades culturais
locais, tais como, artesanato, folclore, gastronomia
típica, etc.;
m) implantação e manutenção de infra-estrutura
turística voltada para a população de baixa renda;
n) implantação e operação de sistemas estatísticos de
acompanhamento mercadológico;
o) captação de divisas estrangeiras.
112
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Teoria Geral do Turismo
Organizações de turismo
Agora é momento de analisar competências
e concepções ligadas às organizações de
turismo, bem como conhecer como
são classificadas e caracterizadas no
contexto mundial. Vamos lá?
De acordo com Beni (1997) e Castelli
(1998):
„
a Conferência das Nações Unidas, realizada em Roma,
em 1963, diz que cabe aos Organismos Nacionais de
Turismo a tarefa de estimular e coordenar as atividades
nacionais referentes ao turismo;
„
para tanto, recomenda que sejam dados aos organismos
de turismo a competência e os meios necessários, para
que possam agir eficazmente em prol do desenvolvimento
e promoção do turismo nacional e internacional.
Entende-se por Órgão Nacional de Turismo – ONT – a
instituição motora suprema em matéria de turismo, tendo
como missão: formular, orientar e executar a política turística
geral do país. Atualmente a maioria dos países possui seus
Órgãos Oficiais de Turismo, os quais se fundamentam em três
concepções:
a) órgãos estatais: Argentina, França, Espanha, Itália,
Brasil, etc.;
b) órgãos mistos: Dinamarca, Suíça, Suécia, etc.;
c) órgãos privados: Áustria, Alemanha, etc.;
Quando um Órgão Nacional de Turismo adota a forma de
entidade oficial (estatal), ele pode ser de dois tipos:
a) Centralizado − Criado pelo Estado dentro de sua própria
estrutura administrativa, pode ocupar diferentes posições
e hierarquias na estrutura organizacional. Logicamente
tem a vantagem de permitir uma melhor adaptação
das políticas de condução do setor às políticas gerais de
desenvolvimento econômico e social do país.
Unidade 4
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Em contrapartida, deve-se dizer que a própria
centralização traz implícito o risco da influência
burocrática a que estão expostos todos os órgãos públicos,
e pode tender a diminuir sua eficiência, em conseqüência
da lentidão que caracteriza o processo de tomada de
decisões pelo setor público.
b) Descentralizado − Constituído pelo próprio Estado
através de lei, tem personalidade jurídica e goza de
autonomia técnica e administrativa, embora mantenha
vínculo de subordinação a um ministério ou secretaria
de Estado. Pode ser uma comissão, um instituto, uma
empresa ou uma corporação de turismo.
Órgãos Oficiais de Turismo:
a) Argentina: Dirección General de Turismo.
b) Bélgica: Commissariat Géneral au Tourisme.
c) Canadá: Canadian Government Travel Bureau.
d) Estados Unidos: US Travel Service.
No caso do Brasil, em nível federal, o orgão oficial de turismo é
formado pelo Ministério do Turismo, e subordinado a ele estão
a Secretaria Nacional do Turismo e o Instituto Brasileiro de
Turismo – EMBRATUR.
Em nível estadual, a estrutura organizacional que foi sendo
assuminda não seguiu uma padronização: surgiram Secretarias
de Turismo; Secretarias de Educação, Cultura e Turismo;
Secretarias de Educação, Esportes e Turismo; Companhias
mistas; Companhias mistas vinculadas à Secretaria de Indústria e
Comércio, entre várias outras formas e modalidades.
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Teoria Geral do Turismo
Órgãos Oficiais de Turismo em nível estadual:
PARATUR: Companhia Paraense de Turismo.
EMCETUR: Empresa Cearense de Turismo.
BAHIATURSA: Empresa de Turismo da Bahia S/A.
SANTUR: Santa Catarina Turismo S/A
No que se refere ao nível municipal também não houve uma
padronização com relação aos nomes dos órgãos responsáveis pela
política oficial de Turismo. Alguns exemplos da imensa variedade
de nomenclaturas atualmente encontradas no vasto território
nacional:
Secretaria Municipal de Turismo, Esportes e Recreação.
Secretaria Municipal de Turismo e Divulgação.
Secretaria Municipal dos Negócios, da Educação, da
Cultura, Esportes e Turismo.
Secretaria Municipal de Expansão Econômica e
Turismo.
Existe, atualmente, um número significativo de organizações
nacionais não-governamentais que tem por objetivo agregar
grupos de pessoas e de atividades específicas que lutam em prol
do desenvolvimento turístico deste país.
Unidade 4
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Organizações Nacionais Não-Governamentais:
ABIH: Associação Brasileira da Indústria de Hotéis.
ABAV: Associação Brasileira de Agências de Viagens.
AGTURB: Associação Brasileira de Guias de Turismo do
Brasil.
ABBTUR: Associação Brasileira de Bacharéis em
Turismo.
ABRAJET: Associação Brasileira de Jornalistas e
Escritores de Turismo.
ABTH: Associação Brasileira dos Tecnólogos em
Hotelaria.
ABEOC: Associação Brasileira das Empresas
organizadoras de Congressos e Convenções.
O quadro a seguir oferece uma relação dos principais organismos
internacionais ligados ao turismo, seguido de uma breve
descrição, quando aplicável.
NOME DO ORGANISMO
BREVE DESCRIÇÃO (QUANDO APLICÁVEL)
Organização Mundial do Turismo
(OMT)
É a única organização que representa os interesses turísticos
de organizações governamentais e oficiais. Essa instituição
é reconhecida como consultora do Conselho Econômico
e Social da Organização das Nações Unidas. Entre os seus
membros estão 138 países e territórios e mais de 350 filiados,
representando governos locais, associações turísticas,
instituições educacionais e empresas do setor privado,
incluindo companhias aéreas, grupos hoteleiros e operadoras
turísticas. Sua sede fica em Madri.
É constituído por uma coalizão global dos cem mais
executivos de todos os componentes do setor
World Travel and Tourism Council importantes
turístico
(grupos
hoteleiros, empresas de catering, de cruzeiros
(WTTC)
marítimos, de entretenimento e recreação, de transportes e
demais serviços relacionados a viagens).
Associação Internacional de
Transporte Aéreo (IATA)
É a entidade internacional que congrega a quase totalidade
das companhias aéreas do mundo. Sua principal função é
simplificar e acelerar o movimento de pessoas e bens de
qualquer ponto do sistema aéreo mundial para outro. As suas
resoluções abrangem a validade dos bilhetes, os itinerários e
as regras de transporte de bagagens.
Continua
116
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Teoria Geral do Turismo
NOME DO ORGANISMO
Organização Internacional da
Aviação Civil (ICAO)
BREVE DESCRIÇÃO (QUANDO APLICÁVEL)
É uma organização de governos voltada para promover a
aviação civil em escala mundial.
Alliance International du
Tourisme (AIT)
Associación Internacional de
Hoteles (AIH)
Federación Universal de
Asociaciones de Agentes de Viajes
(FUAAV)
International Association of
amusement Parks and Attractions Visite o site: www.iaapa.org
(IAAPA)
International Hotel and
Restaurant Association (IHRA)
Visite o site: www.ih-ra.com
Quadro 4.1: Principais organismos internacionais ligados ao turismo
Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003, p. 191 - 192.
As informações compiladas e apresentadas sobre as organizações
turísticas nesta seção são significativas e importantes, contudo
não contemplam o enorme espectro de diversos outros
organismos que interagem ou que estão associados ao turismo.
Como vimos, existem organizações turísticas em diversos
e diferentes níveis de atuação, de acordo com a política de
cada país, cada região e até mesmo, cada localidade. O que
é importante você fi xar, diz respeito à necessidade de uma
participação efetiva e construtiva por parte dos governos,
independentemente de seu nível hierárquico.
A seção seguinte vai poder lhe oferecer muitas informações sobre
o planejamento turístico, uma área interessante, dinâmica e
essencial para o seu conhecimento.
Pronto para o novo embarque? Venha, vamos descobrir porque o
planejamento turístico é tão importante...
Unidade 4
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 2 - O planejamento turístico
O que é planejar? Em que práticas você costuma
realizar um planejamento? Existem diferentes formas
de planejar? Pense nisso! Registre suas considerações.
Acompanhe atentamente o texto e procure formular
um conceito para expressá-lo no final da seção. Vamos
lá?
Observe, em primeiro lugar, que tão importante quanto definir
“planejar” é situar o planejamento turístico no contexto de
sua utilização de elementos, como: a necessidade de considerar
esta prática no desenvolvimento de atividades, a compreensão
do conceito de forma significativa no universo teórico e
metodológico da ação.
Vamos a eles?
A importância do planejamento
O ato de planejar vem ganhando cada vez mais destaque
dentro das organizações, sejam elas públicas, privadas,
pequenas ou gigantes de mercado. Isto se deve ao
retorno positivo que o planejamento pode proporcionar.
“O planejamento é importante dentro de qualquer ação
humana da qual se esperam resultados.” (RUSCHMANN
e WIDMER, 2001, p. 71)
118
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Teoria Geral do Turismo
Em países desenvolvidos, como, por exemplo, os Estados Unidos
e o Japão, o assunto planejamento é levado a sério e ensinado para
a maior parte dos habitantes desde cedo, tanto em casa quanto
nas escolas. Essa prática, além de elevar o nível de conhecimento
do povo, contribui para o sucesso empresarial e econômico de
toda uma nação.
Entretanto, o Brasil é um país conhecido pela falta de
planejamento em diversas áreas. O empirismo é inerente à
cultura brasileira e vem prejudicando o país ao longo dos anos.
Entrando especificamente no ramo empresarial, em que o
planejamento é considerado como um dos principais fatores
para o sucesso ou para a manutenção no mercado, a maioria dos
empreendedores deixa de lado a etapa do planejamento.
Objetivando uma melhor compreensão do assunto, tomaremos
como base o exemplo das micro e pequenas empresas no Brasil.
O surgimento desse tipo de empresa tem sido cada vez maior,
transformando-as em verdadeiras alavancas do setor empresarial
e da economia nacional.
Você sabia?
Que o primeiro plano econômico registrado foi
elaborado no Japão, no final do século XIX?. Na
década de 1930 começa a surgir o planejamento
empresarial, nos Estados Unidos, mediante Henri
Fayol.
Para saber mais leia: BARRETTO, Margarita.
Planejamento e organização em turismo. Campinas:
Papirus, 1996, p. 89.
Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE), o crescimento do setor em
menos de uma década foi superior a 500% (aumentando de 665
mil, para 3,5 milhões). Igualmente de acordo com o Sebrae, “as
micro e pequenas empresas são responsáveis por 52% do Produto
Interno Bruto do País.”
Unidade 4
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Home page do Serviço
Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE).
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Apesar do sucesso e do crescimento expressivo que os números
refletem, é importante ressaltar que, em média, 80% das micro e
pequenas empresas fracassam antes de completar cinco anos. Tal
fato se deve principalmente à falta de planejamento e definição
concreta de metas e objetivos.
Podemos observar que a maioria dos brasileiros, ao iniciar um
negócio ou atividade, não define concretamente as metas e
objetivos, e o planejamento será, na maioria das vezes, incipiente,
visto que “ele, de forma geral, consiste em um conjunto de
atividades que envolvem a intenção de estabelecer condições
favoráveis para alcançar objetivos propostos.” (RUSCHMANN e
WIDMER, 2001, p. 66)
Ao processo de decisão dos objetivos da empresa, das mudanças
nesses objetivos, dos recursos utilizados para alcançá-los e das
políticas que deverão governar a aquisição, utilização e disposição
desses recursos dá-se o nome de planejamento.
Você sabia?
Que o planejamento é um instrumento que direciona
e controla a empresa, subsidiando o estabelecimento
dos meios mais adequados para que se obtenha
retorno financeiro?
Que com a ferramenta do planejamento a empresa
determina suas metas e traça seus objetivos?
Que, além disso, essa ferramenta deve proporcionar
um aprimoramento nos métodos de trabalho, com
alternativas criativas para cada ramo de atividade?
“A falta de planejamento desperdiça mão de obra, recursos
materiais e tempo, elevando os custos de produção, gerando
perdas de mercado e desemprego. Através do planejamento a
empresa ganha flexibilidade e consegue se prevalecer de seus
pontos fortes tanto para atender às necessidades e desejos de
seus clientes quanto para conquistar os clientes da concorrência.”
(FERREIRA, REIS e PEREIRA, 1997, p. 151)
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Teoria Geral do Turismo
Uma das principais barreiras que atuam contra a atividade do
planejamento é a falta de recursos financeiros e a alegação de que
planejar requer muito dinheiro. Justamente quando se dispõe de
menos recursos financeiros, materiais e humanos, mais necessário
se torna saber como aplicá-los e direcioná-los.
Todos os aspectos aqui citados demonstram claramente a
importância e a necessidade da ferramenta que é o planejamento
para o sucesso de qualquer atividade.
Quais os conceitos, tipos e objetivos do planejamento?
Estabelecendo-se uma conexão com a
importância do planejamento, se faz
necessária uma breve abordagem de alguns
conceitos gerais de planejamento.
Devido à sua diversidade e dinamismo,
podemos encontrar muitas definições para o
conceito de planejamento. Essas características
também fazem com que seja difícil definir a
atividade com exatidão ou de forma única e
fechada.
Segundo Ruschmann (1997, p. 83), “o planejamento é uma
atividade que envolve a intenção de estabelecer condições
favoráveis para alcançar objetivos propostos”. Os objetivos e as
condições necessárias para que estes sejam atingidos variam de
acordo com diversos fatores, sendo consenso que os objetivos são
mais facilmente atingidos quando há um planejamento correto.
De acordo com Baptista (1981, p. 13 apud BARRETTO, 1996,
p.11), “planejamento se refere ao processo permanente e metódico
de abordagem racional e científica de problema.”
Já Ackoff (1967, p. 3 apud BARRETTO, 1996, p.11) afirma
que “o planejamento serve para que se consiga atingir um estado
desejado.”
Unidade 4
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Como forma de complemento, citamos Newmann (1985, p. 36
apud BARRETTO, 1996, p.12), que diz que “planejar é decidir
antecipadamente o que deve ser feito. O planejamento é uma
linha de ação preestabelecida.”
Conforme Ruschmann e Widmer (2001, p. 66), existem
outros conceitos equivalentes e/ou complementares que serão
apresentados a seguir:
a) sistema de idéias organizado racionalmente para
determinar mentalmente o que fazer depois de
examinadas as circunstâncias concorrentes;
b) processo de determinação de objetivos e dos meios para
consecução destes;
c) mecanismo orientado para o futuro;
d) projeto de um futuro desejado e dos meios efetivos de
torná-lo realidade;
e) processo contínuo de pensamento sobre o futuro, de
determinação de estados futuros desejados e dos cursos
de ação para que tais estados sejam alcançados.
Analisando todos os conceitos mencionados anteriormente,
podemos perceber que o ato de planejar está intimamente ligado
com a ordenação e coordenação de diversos fatores e ações.
O processo de planejar envolve, além de recursos materiais
e humanos, métodos e técnicas que possibilitem o correto
direcionamento para os objetivos propostos.
Planejamento turístico
Conforme comentado anteriormente, o planejamento é uma
ferramenta indispensável para o sucesso das atividades humanas.
Com a atividade turística não ocorre de maneira diferente. Se
desejarmos “colher bons frutos” do turismo devemos planejá-lo
corretamente. “O turismo não pode organizar-se e desenvolverse sem que haja planejamento e definição de objetivos a serem
alcançados.” (OLIVEIRA, 2001, p. 161). De acordo com a
Organização Mundial do Turismo (OMT, 2001, p. 174), o
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Teoria Geral do Turismo
reconhecimento da importância de planejar o desenvolvimento
turístico cresceu consideravelmente durante os últimos vinte
anos.
O planejamento turístico pode ser entendido como
“um processo que ordena as ações do homem sobre
uma determinada localidade turística, direcionando a
construção de equipamentos e infra-estrutura de uma
maneira adequada. Esse direcionamento impede ou
minimiza os efeitos negativos que a atividade turística
pode trazer, destruindo ou afetando a atratividade de
um local ou região.”
Ruschmann e Widmer (2001, p.67) conceituam planejamento
turístico como “o instrumento fundamental na determinação e
seleção das prioridades para a evolução harmoniosa da atividade
turística, determinando suas dimensões ideais para que, a partir
daí, se possa estimular, regular ou restringir sua evolução.”
De acordo com Beni (1998, p.108), “planejar o turismo é
raciocinar sobre como a atividade alcançará uma posição desejada
e pré-estabelecida. Os pontos básicos para chegar a esse estado
são: estabelecer objetivos, definir cursos de ação e determinar as
necessidades dos recursos.”
Quais as competências e atribuições no planejamento
turístico?
No turismo, cabe ao Estado zelar pelo planejamento através de
políticas e da legislação necessárias ao desenvolvimento da infraestrutura básica, que proporcionará o bem-estar da população
residente e dos turistas. Além disso, deve cuidar da proteção
e conservação do patrimônio ambiental, aí compreendidos
os ambientes natural, psicossocial e cultural, bem como criar
condições que facilitem e regulamentem o funcionamento
dos serviços e equipamentos nas destinações, necessários ao
atendimento das necessidades e anseios dos turistas, geralmente a
cargo de empresas privadas.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Assim, com relação ao planejamento turístico, pode-se nomear
as competências e atribuições de órgãos públicos e da iniciativa
privada de acordo com o quadro a seguir:
CABE AO ESTADO
CABE A INICIATIVA PRIVADA
1. Estabelecer diretrizes e políticas para o
desenvolvimento do setor.
1. Observar leis e regulamentos, bem como
mecanismos de fiscalização e controle.
2. Estabelecer normas e regulamentos de
preservação ambiental, bem como para
abertura e funcionamento de equipamentos e
serviços turísticos.
2. Atuar no desenvolvimento da infra-estrutura
turística.
3. Criar mecanismos de fiscalização e controle.
3. Planejar cuidadosamente o funcionamento
de suas atividades e equipamentos para atender
com qualidade às necessidades e desejos do
turista.
4. Promover o desenvolvimento da infraestrutura básica (vias de acesso, saúde,
saneamento, etc).
4. Utilizar-se de mão-de-obra capacitada.
5. Promover o desenvolvimento turístico nos
níveis nacional, estadual e municipal.
5. Desenvolver associações, com vistas à troca
de experiências e informações bem como para
melhor articulação na criação e defesa de
interesses perante empresariado e/ou governo.
6. Criar condições para a captação de recursos,
promover facilidades na obtenção de créditos e
financiamentos e estimular o desenvolvimento
da atividade na esfera privada.
6. Manter-se atualizado quanto às tendências
do turismo.
7. Realizar pesquisas e estatísticas sobre o
turismo, bem como promover e incentivar a
capacitação profissional, etc.
7. Elaborar pesquisas com clientes,
acompanhando a funcionalidade e a qualidade
de seu estabelecimento, etc.
Quadro 4.2: Competências e atribuições no planejamento turístico
Fonte: Adaptado de RUSCHMANN, Doris, in ANSARAH, M.G.R (org). Turismo: como aprender – como
ensinar. São Paulo: SENAC, 2001, p. 68.
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Teoria Geral do Turismo
Quais os objetivos do planejamento turístico?
Os objetivos do planejamento turístico podem indicar aonde se
pretende chegar – geralmente visando ao crescimento econômico
aliado à sustentabilidade. Os objetivos do planejamento da
atividade turística podem envolver desde a pequena localidade
receptora até um país ou continente inteiro, aglutinando tanto
empresas privadas (grandes ou pequenas) como órgãos públicos
– além da comunidade local. A seguir serão apresentados alguns
dos objetivos gerais do planejamento turístico.
RUSCHMANN, D. Turismo e
planejamento sustentável:
A proteção do meio
ambiente. Campinas, SP:
Papirus, 1997, p. 85.
a) definir políticas e processos de implementação de
equipamentos e atividades e seus respectivos prazos;
b) coordenar e controlar o desenvolvimento espontâneo;
c) prover os incentivos necessários para estimular a
implantação de equipamentos e serviços turísticos, tanto
para empresas públicas como privadas;
d) maximizar os benefícios socioeconômicos e minimizar os
custos (tanto os de investimentos como os de operação),
visando o bem-estar da comunidade receptora e a
rentabilidade dos empreendimentos do setor;
e) garantir que os espaços necessários ao desenvolvimento
turístico não sejam utilizados para outras atividades
econômicas;
f) evitar deficiências ou congestionamentos onerosos por
meio de uma determinação cuidadosa das fases do
desenvolvimento;
g) minimizar a degradação dos locais e recursos sobre os
quais o turismo se estrutura e proteger aqueles que são
únicos;
h) cientificar a autoridade política responsável pela sua
implantação de todas as implicações do planejamento;
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Universidade do Sul de Santa Catarina
i) capacitar os vários serviços públicos para a atividade
turística, a fim de que se organizem e correspondam
favoravelmente quando solicitados;
j) garantir que a imagem da destinação se relacione com
a proteção ambiental e com a qualidade dos serviços
prestados;
k) atrair financiamentos nacionais ou internacionais e
assistência técnica, para o desenvolvimento do turismo e
a preservação ambiental;
l) coordenar o turismo com outras atividades econômicas,
integrando seu desenvolvimento aos planos econômicos e
físicos do país.
RUSCHMANN, D. Turismo e
planejamento sustentável: A
proteção do meio ambiente.
Campinas: Papirus, 1997, p. 85.
Conforme já foi abordado, cabe dizer que se elaborarmos um
planejamento detalhado, levando em conta os diversos fatores
impostos pela natureza e a complexidade do turismo como
atividade econômica e observarmos atentamente os objetivos (e
meios a serem utilizados para atendê-los), conseguiremos evitar
muitos problemas. Você não concorda?
Atualmente, devido à grande competitividade e concorrência
entre os destinos turísticos, o planejamento surge como
ferramenta indispensável tanto para a conquista de turistas como
para a manutenção ou fidelização de viajantes a um destino.
A elaboração de um planejamento bem sucedido passa pela
satisfação das necessidades de todos os envolvidos no processo de
oferta e consumo dos produtos turísticos.
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Teoria Geral do Turismo
Faça uma pequena pausa neste momento e tente
ordenar as informações, às quais você teve acesso
até agora, sobre planejamento e planejamento
turístico. Antes de continuar a leitura, reflita sobre
“planejamento” e a sua dimensão quando você leva
em consideração o meio em que vive (não importa
aqui, se você vai considerar, um bairro, um município,
um atrativo, uma região, etc!). Você consegue
“enxergar” o planejamento traduzido em algum
atrativo dessa localidade? O quanto você planeja as
suas ações cotidianas? Será que, no meio em que você
está inserido, as pessoas pensam e comentam sobre a
imperiosa necessidade de realizarmos planejamento?
O espaço abaixo foi destinado para que você possa
“dar um breque” na leitura e escrever algo sobre o
acima proposto. Vamos lá?
A seguir, você visualiza uma figura que destaca as necessidades
envolvidas em um planejamento turístico.
Observe com atenção o sistema apresentado e perceba a relação
entre setores e processos.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 4.1: Hierarquia das necessidades para elaboração de um planejamento de turismo.
Fonte: Organização Mundial do Turismo (OMT, 2001, p. 175)
A figura apresentada anteriormente reflete a complexidade
do planejamento da atividade turística, dada a variedade de
fatores envolvidos e que devem, obrigatoriamente, ser analisados
profundamente. Também é possível observar, na mesma figura, a
importância conferida às necessidades e anseios da comunidade
local. Conforme BENI (2000, p. 165), o planejamento “deve
refletir a vontade da população em seu efetivo envolvimento e
participação nas atividades de planejamento e desenvolvimento
em sua desejada sustentabilidade.”
O enfoque do planejamento turístico
O enfoque do planejamento turístico pode variar dependendo
do nível em que se realiza. Por convenção, os níveis são: local,
regional, nacional e internacional.
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Teoria Geral do Turismo
Observe que de acordo com a Organização Mundial do Turismo
(OMT, 2001, p. 177), a planificação da atividade turística nos
níveis supracitados permite um melhor aproveitamento dos
recursos. Isto faz com que as vantagens econômicas, ambientais e
sociais sejam exacerbadas e auxilia na diminuição de problemas e
custos.
Em nível local, o planejamento busca a regulamentação para
o uso do solo, oferecer infra-estrutura básica (saneamento,
iluminação, segurança, etc.), fazendo com que a região ganhe
destaque em nível local.
Já em nível regional, a ênfase é dada à obtenção da coordenação
das entidades locais para que se atinja patamares razoáveis de
infra-estrutura de transportes e comunicações.
Quando se trata de planejamento em nível nacional, a busca
da promoção interna e externa é o aspecto mais importante.
Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT, 2001,
p. 177), o planejamento nesse nível objetiva também, “o
estabelecimento de normas turísticas necessárias de categoria
superior e a cooperação com os organismos mundiais”.
As informações estatísticas sobre o turismo,
as tendências de mercado, a coordenação
das legislações internacionais e a promoção
do tráfego turístico mundial são aspectos
ligados diretamente ao planejamento em nível
internacional.
O planejamento do turismo local deve contemplar
o contexto regional, nacional e internacional.
O conhecimento de uma vasta gama de fatores em todos esses
níveis pode fazer com que o planejador local obtenha melhores
resultados em seu trabalho.
As influências externas são constantes no turismo, e os exemplos
devem ser adaptados a cada realidade como forma de se obter
sucesso. Oliveira (2001, p. 165) cita o exemplo de Cancún, no
México, que aliou infra-estrutura, alta qualidade de hospedagem,
consumo, divertimento, riqueza gastronômica, conservação de
patrimônio histórico e cultural e ocupação total do tempo livre
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Universidade do Sul de Santa Catarina
dos turistas. Essa combinação de fatores rendeu quase 3 milhões
de visitantes no ano 2000.
Prazos do planejamento turístico
Toda a complexidade da atividade de planejar o turismo faz
com que seja necessário tomar uma série de decisões e implantar
ações, que somente surtirão efeito se forem empreendidas dentro
de um esquema metodológico minucioso. Visto que as propostas
e decisões têm importâncias distintas e impactos peculiares,
convencionou-se aplicar o planejamento em três prazos
diferentes: longo, médio e curto prazo.
Do que se trata e o que prevê o planejamento de
longo prazo?
O planejamento de longo prazo vai desde a atualidade até o final
da capacidade potencial de um equipamento ou empreendimento
turístico. Os planos de longo prazo estão voltados para metas e
objetivos específicos predeterminados. Seu período de duração
depende muito dos acontecimentos e da dinâmica turística em
todos os níveis. Beni (2000, p. 165) estima que o tempo de
duração para o planejamento em longo prazo deve ser de 10
a 15 anos, podendo diminuir ou se estender. O mesmo autor
comenta que esse tempo é necessário para “implementar a política
e estruturar os planos” para que se atinja o desenvolvimento
almejado.
Do que se trata e o que prevê o planejamento de
medio prazo?
O objetivo principal do planejamento turístico em médio prazo
é implantar as ações propostas em longo prazo, visando atender
aos desejos e necessidades da demanda turística. A subordinação
ao plano de longo prazo deve ser observada sob pena de se
arruinar todo o planejamento de uma localidade. De acordo com
Ruschmann (1997, p. 93 − Sic), “o horizonte do planejamento
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Teoria Geral do Turismo
a médio prazo costuma ser fi xado em cinco anos para as
destinações turísticas que se deseja recolocar adequadamente, e
também para núcleos novos.”
Do que se trata e o que prevê o planejamento de
curto prazo?
A fase inicial da hierarquia na implantação de equipamentos e
no desenvolvimento de atividades em locais turísticos é chamada
de planejamento em curto prazo. Segundo Beni (2000, p. 165),
esse tipo de projeto “está mais direcionado à identificação e
solução de questões imediatas para mudar rapidamente situações
futuras e enfrentar legal e institucionalmente as transformações
necessárias.”
A Política Nacional de Turismo iniciou em 1966, com
a criação do Conselho Nacional de Turismo (CNTur) e
da Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) – hoje
o Instituto Brasileiro de Turismo, sob a mesma sigla.
Esse atraso no início das políticas para a organização
e planejamento do turismo vem afetando a atividade
até os dias de hoje. “O que foi planejado e realizado
abordou o turismo apenas como um fenômeno
econômico gerador de divisas.” (BARRETTO, 1996, p.
99)
Você, acadêmico de turismo, precisa entender que o turismo é
muito mais que um fator de incremento do PIB (Produto Interno
Bruto). A política e as diretrizes para o planejamento do turismo
no Brasil e no mundo devem, obrigatoriamente, observar o
caráter social e humano da atividade e suas implicações nas
comunidades residentes nos núcleos receptores.
Voltemos ao início: O que é planejar? Agora, você já tem uma
definição, depois de tudo o que estudou, aliado ao que você já
tinha de conhecimentos prévios, não é mesmo?
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Então, como forma de você contar com uma “ferramenta”
facilmente disponível, quando o assunto for planejamento,
lembre-se também do seguinte:
O QUE É PLANEJAR?
planejar é pensar no futuro;
„ planejar é controlar o futuro;
„ planejar é tomar decisões;
„ planejar é tomar decisões de maneira integrada;
„ planejar é formalizar (decompor, articular e
racionalizar) um processo visando a produzir um
resultado articulado em forma de um sistema
integrado de tomada de decisões.
„ Planejar também é... (acrescente seu ponto de vista)
„
Você viu, portanto, nesta seção 2, alguns significados do
planejamento e a extrema importância deste no setor; ele exige,
não só das autoridades governamentais, mas também do setor
privado e de todas as comunidades receptoras de turismo.
Passaremos para a seção 3 desta unidade, onde estaremos
entrando no “mundo fantástico e dinâmico” do marketing.
Prepare-se, organize-se e junte-se a nós para mais uma jornada
de conhecimentos.
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Teoria Geral do Turismo
SEÇÃO 3 – Marketing turístico
Marketing! Que palavra é essa? Certamente não é
nenhum termo estranho, não é mesmo?
Vamos avançar um pouco? Como você ficou sabendo
do Curso de Turismo? Que espécie de atrativo motivou
você a cursá-lo? Quem o influenciou? De que forma?
Será que isso tem a ver com “marketing”?
Vamos ver? Acompanhe com atenção, pois no final
deste tópico você vai utilizar esses conhecimentos
para realizar uma atividade. Já imagina qual é, não é?
Então concentre-se, e mãos à obra!
Bem, o turismo é um produto intangível que depende muito do
marketing para aproximar produtores a consumidores, ainda mais
considerando-se que estes estão distantes do produtor.
a intangibilidade aqui se
refere à impossibilidade
de tocar, sentir, cheirar e
mesmo escutar o turismo
Veja algumas definições de marketing e a sua trajetória histórica,
além de todos os itens que compõem o denominado “ambiente
de marketing”, antes de abordarmos especificamente o marketing
turístico. Estas foram compiladas por Bonduki (2003, p. 9 - 11)
“Marketing é um processo social e gerencial pelo qual
indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam
através da criação, oferta e troca de produtos/serviços de
valor com outros.” (KOTLER, 2003)
“Marketing é um sistema global de atividades comerciais interatuantes
destinados a planificar, calcular preços de venda , promover e distribuir
produtos/serviços que satisfaçam a uma necessidade de compradores
atuais e futuros.” (STANTON, apud BONDUKI, 2003)
“Marketing é o conjunto de atividades que visa levar ao consumidor
um produto ou serviço que venha ao encontro de suas necessidades,
no momento e no local certos, por um preço justo, através de canais
de distribuição e meios de comunicação adequados, a fim de obter,
para a empresa, um lucro apropriado”. (CASTELLI, apud BONDUKI,
2003).
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Universidade do Sul de Santa Catarina
“Marketing são as atividades sistemáticas de uma empresa, voltadas
à busca e realização de trocar com seu meio ambiente, visando
benefícios específicos.” (RICHERS, apud BONDUKI, 2003)
A melhor maneira de defini-lo está na sua tradução. Market
em inglês quer dizer mercado (substantivo) ou comercializar
(verbo). O ing, normalmente, representa um verbo quando
aplicado no gerúndio. Portanto, o mercado em ação, ou
simplesmente comercializando, seriam as definições literais
mais próximas. Como o mercado define-se como o espaço
onde ocorre o fenômeno da troca (intercâmbio entre oferta
e procura), o marketing passa a ser nada mais do que a busca
constante da compreensão deste ambiente, para que a oferta
(organizações) possa satisfazer as necessidades e desejos
constantes da demanda (clientes efetivos e potenciais).
(ANDRADE, 1998, p.12)
Um pouco de história... Evolução ou transformação?
Para efeito dessa abordagem, nesta seção 3, optou-se por explorar
melhor a idéia de marketing através da análise da evolução das
forças e da evolução dos diversos estágios de desenvolvimento
econômico.
a) Evolução das forças − O homem, para produzir, inicialmente
utilizava a sua força física. Para obter-se produção, os métodos
aplicados eram aqueles relacionados com o castigo, com o
sofrimento e o medo. Isto é facilmente perceptível ao longo da
história pelo advento da escravidão, que evidencia o processo
evolutivo da produção. A força muscular foi utilizada por
centenas de anos e sabe-se hoje, através da psicologia, que o
processo de coação limita ou mesmo elimina a criatividade. Têmse exemplos clássicos do uso dessa força muscular: as obras das
pirâmides do Egito, da muralha da China, entre outros que ainda
se fazem presentes.
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Teoria Geral do Turismo
Saiba mais?
Que a Revolução Industrial veio substituir a força
muscular pela força das máquinas?
Que, com o aumento gradativo das invenções, as
máquinas passaram a exercer 90% da força para a
produção de bens de consumo em detrimento da
força muscular?
Que o consumo dessa época, ou seja, os anseios,
gostos e necessidades dos clientes não eram
considerados, uma vez que a preocupação dos
comerciantes era simplesmente a de vender e
distribuir aquilo que era produzido?
Que a demanda superava a oferta, comprava-se
o que era colocado no mercado e o nível de vida
predominante na época era muito baixo?
Que, no entanto, com o passar do tempo, a produção
igualou-se e eventualmente superou a demanda,
fazendo surgir então a necessidade de técnicas
apropriadas para a conquista de novos mercados?
Podemos afirmar que, a partir desse ponto, chega-se ao início da
concepção básica de marketing moderno: “produzir aquilo que o
consumidor deseja”.
Os empresários começaram a voltar suas atenções para as
necessidades e anseios desses consumidores, objetivando garantir
sua produção. A produção tomou um ímpeto vertiginoso
de proporções complexas, que fez surgir a força cibernética,
caracterizada pelo advento da informática, em que a máquina
controla a produção com vistas a incrementar a produtividade.
b) Evolução dos estágios de desenvolvimento econômico − A
análise deste enunciado também facilita a idéia do marketing.
Apesar de não apresentarem uma característica cronológica,
esses estágios demonstram a dependência do marketing com as
características da economia.
Unidade 4
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Universidade do Sul de Santa Catarina
As sociedades primitivas, em geral, executavam em comum as
tarefas econômicas, não havia trocas, que é a base do conceito
de marketing. A simples troca de produtos entre consumidores
introduziu a base para a formulação do conceito de marketing.
Após as trocas efetuadas entre consumidores, registrou-se o
estágio dos mercados, no qual os produtos eram expostos para
serem comercializados. De acordo com Kotler (1994, p.27), “o
aparecimento da especialização na venda ampliou o conceito de
marketing: marketing era o processo de troca de bens econômicos
e o conjunto de instituições especializadas que facilitavam a
troca.”
O estágio da economia monetária (com a respectiva
introdução da moeda) é alcançado quando se firma o
processo de trocas e instituições especializadas.
Na seqüência, passou-se para o estágio do
capitalismo inicial, em que a produção não era
somente vista como fator de sobrevivência, mas
também como possibilidade de ganho. Iniciou-se a
troca de bens e serviços em excesso pelo trabalho
de outros homens, fazendo surgir daí as classes dos
proprietários, dos trabalhadores e dos comerciantes.
Após o capitalismo primitivo, surgiu o estágio
da produção em massa, conseqüência lógica do
crescimento populacional, do desenvolvimento dos
grandes centros urbanos, da melhoria da qualidade
de vida, etc. A produção em grande escala tomou
forma, fazendo com que os empresários passassem
a se preocupar com seus mercados. Várias atitudes
modernas de marketing surgiram nesse período,
como, por exemplo, atribuição de marca, uso de
embalagem, publicidade, promoção de vendas, entre
outros.
De acordo com Kotler (1994, p.32), “em uma economia de
produção em massa, marketing tornou-se o nome para toda
a variedade de atividades empresariais, levada a efeito pelos
vendedores, a fim de que fosse melhorado e estimulado o fluxo de
bens e serviços desde os produtores até os consumidores.”
Dentro do processo evolutivo dos estágios de desenvolvimento
econômico, chega-se finalmente à sociedade afluente. Esta é a
situação em que nos encontramos; em outras palavras, situação
na qual a oferta de bens e serviços é maior que a demanda.
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Teoria Geral do Turismo
A sociedade afluente é “aquela constituída por
pessoas que têm um excedente em dinheiro em
relação as suas necessidades biológicas básicas e
elas constituem um mercado considerável para bens
e serviços que procuram satisfazer necessidades
e desejos psicológicos, sociais e culturais. Em tal
sociedade, os produtores e vendedores de serviços
têm que pesquisar com profundidade a questão
do que as pessoas desejam, ao invés do que elas
necessitam, e ajustar as suas capacidades produtivas
e suas linhas de produtos com vistas a atender estes
desejos interpretados.” (KOTLER, 1994, p. 32-3 −Sic).
Segundo, ainda, Kotler (1994, p.36), “marketing é o conjunto
de atividades humanas que tem por objetivo facilitar e consumar
relações de troca.”
Nessa definição, Kotler chama a atenção para alguns aspectos:
1. o marketing está localizado especificamente no campo
das atividades humanas;
2. o marketing visa a facilitar e a realizar trocas;
3. a definição não especifica o que está sendo trocado: são
coisas de valor;
4. a definição evita assumir o ponto de vista quer do
comprador, quer do vendedor;
5. a definição de marketing deve inserir três elementos
essenciais:
„
duas ou mais partes que estão potencialmente
interessadas em trocas;
„
cada uma das partes contém coisas de valor para a
outra;
„
cada uma das partes é capaz de comunicação e de
entrega.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Em seguida você terá oportunidade de analisar um quadro
em que se resume a transformação do marketing na história,
bem como uma definição. A partir daí prosseguimos com os
principais componentes do estudo do marketing. Vamos lá?
(...) como uma disciplina, é um fenômeno do século XX e da cultura norte
americana. Por volta de 1915, marketing começou a ser reconhecido e justificado
como uma disciplina. De 1915 a 1930, os conceitos, fatos e idéias de marketing
começaram a ser integrados e os primeiros livros de marketing básico foram
escritos; cursos foram, também, estruturados nas áreas de comércio atacadista,
pesquisa em marketing, gerência de vendas, crédito e cobrança, varejo,
propaganda e venda pessoal; de 1930 a 1940, continuou a solidificação e
institucionalização do marketing. Após a Segunda Guerra Mundial, a grande
novidade foi a implantação do enfoque da Gerência de Marketing. Nessa fase,
a atenção foi dirigida à orientação para o cliente e para os aspectos da tomada
de decisão em marketing. Nos anos de 1950, surgiu o conceito de empresa
orientada para o cliente (“Costumer Oriented Enterprise”), segundo o qual
uma empresa diz-se orientada para o cliente, ou para marketing, quando a sua
existência e todas as suas atividades são regidas pelas necessidades e pelos
desejos do cliente e do cliente potencial. Nos anos de 1960, nasceu o campo de
estudo do comportamento do consumidor, o qual pertence a marketing. Nos
anos de 1970, verificou-se um grande impulso nas pesquisas em marketing
devido ao desenvolvimento da computação eletrônica. Nos anos de 1980, veio
à tona uma maior preocupação com a ética e os aspectos sociais do marketing.
Nos anos de 1990, o Marketing Global, atendendo à globalização, transações
interculturais. (MAYA, 1995, p. 2).
Quadro 4.3: O estudo do marketing
Fonte: Adaptado de MAYA, 1995, p. 2
O processo de marketing
Segundo KOTLER E ARMSTRONG (1999, p.29), “o processo
de marketing consiste em analisar as oportunidades de marketing,
selecionar os consumidores-alvo, desenvolver o mix de marketing
e administrar o esforço de marketing.” De acordo com a citação,
pode-se perceber que é durante esse processo que se definide a
missão da empresa, os objetivos gerais a serem alcançados e as
estratégias que serão utilizadas.
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Teoria Geral do Turismo
Nessa perspectiva, os consumidores-alvo são considerados a
parte central dentro deste processo, e é na total satisfação desses
clientes, que devem estar voltadas todas as forças da empresa, no
sentido de conhecer as suas necessidades e desejos. As estratégias
de marketing a serem utilizadas devem estar totalmente adaptadas
a estas necessidades e devem se sobressair às estratégias utilizadas
pelos concorrentes, no intuito de oferecer uma força maior do seu
produto em relação aos demais que estão no mercado.
Para desenvolver o mix de marketing, a empresa deve planejar
ações que possam influenciar a demanda do seu produto
propriamente dito, levando em conta o perfil do próprio
produto, seu preço, e os locais em que ele será disponibilizado
e, finalmente, a maneira pela qual ele será divulgado para este
mercado especificamente.
Administrar os esforços de marketing consiste em
analisar o mercado como um todo, planejando
detalhadamente as ferramentas que serão utilizadas
para atingir os objetivos e metas da empresa, colocar
essas estratégias em prática, não esquecendo no
entanto de controlar constantemente, ao longo
do processo, se essas estratégias continuam com
a mesma eficácia que tinham no momento de sua
implantação.
O processo de marketing nada mais é do que uma análise
aprofundada de cada um dos componentes do ambiente de
marketing, levando-se em consideração todas as variáveis,
controláveis e incontroláveis presentes no mercado, que serão
mais bem detalhadas a seguir. Pense nisso!
O Ambiente de Marketing
O ambiente de marketing é composto de forças e fatores que
alteram a maneira da empresa interagir com seu mercado alvo
de forma eficaz. Estão contidas dentro desse ambiente ameaças
e oportunidades, e as empresas devem levar em consideração
a importância destas forças e estar adaptada a elas a fim de
conquistar o sucesso de seu empreendimento.
Unidade 4
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Universidade do Sul de Santa Catarina
“Ambiente de marketing é constituído de atores e
forças externas ao marketing que afetam a capacidade
da administração de desenvolver e manter bons
relacionamentos com seus consumidores.” KOTLER E
ARMSTRONG (1999, p. 46)
O ambiente de marketing pode ser dividido em microambiente e
macroambiente. Vamos conhecer cada um deles:
a) Microambiente de marketing
O microambiente de marketing é composto por forças próximas
à empresa e sobre as quais a empresa tem algum controle,
motivo pelo qual podem ser chamadas de variáveis controláveis.
Compõem o microambiente de marketing:
„
o ambiente interno da empresa, onde se percebe a
necessidade de uma total integração do departamento de
marketing com todos os demais, sejam eles de finanças,
compras ou administração, entre outros, em busca de um
maior sucesso da organização;
„
os fornecedores, pois deles dependem os suprimentos
necessários para a produção dos bens ou serviços a que a
empresa se destina;
„
os intermediários de marketing, que são outras
instituições que ajudam a empresa a colocar o seu
produto no mercado, tais como, pontos de distribuição,
instituições financeiras e qualquer outra empresa que, de
maneira direta ou indireta, colabore para o sucesso da
empresa;
„
os consumidores, que são os clientes que irão consumir o
produto ou serviço. A eles a empresa deve destinar uma
atenção especial, levando em consideração, que para cada
segmento diferente, deve ser aplicada uma estratégia
também diferente;
„
os concorrentes, pois significam um enorme ponto
estratégico para a empresa. Os produtos e estratégias
adotadas pela concorrência devem ser exaustivamente
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Teoria Geral do Turismo
examinados, para que a empresa consiga alcançar
estratégias mais eficientes do que as adotadas pela
concorrência;
„
os públicos, que são formados por quaisquer grupos que
tenham interesse ou possam influenciar nas estratégias
adotadas pela empresa para alcançar seus objetivos,
tais como, canais de mídia, segurança e legalidade do
produto, a imagem da empresa perante o público, entre
outros.
b) Macroambiente de marketing
O macroambiente é formado por fatores que influenciam todos os
componentes do microambiente, e a empresa não tem condições
de alterá-los nem de agir sobre eles. Por esse motivo esses fatores
são chamados de variáveis incontroláveis; são elas:
„
o ambiente demográfico, pois o crescimento
populacional influencia diretamente o desempenho do
mercado, devendo então as organizações estar atentas a
todas as mudanças e às tendências do mercado como um
todo;
„
o ambiente econômico, pois as transformações neste
ambiente afetam diretamente o poder de compra dos
consumidores;
„
O ambiente natural, que atualmente é considerado
um fator preponderante para o sucesso de muitas
organizações por sua influência direta na administração
da empresa, como escassez de matéria prima, custo de
energia, aumento de poluição entre outros;
„
o ambiente tecnológico, que atualmente talvez signifique
a maior força que pode agir sobre uma empresa; os
avanços na área de tecnologia geram inúmeras novas
oportunidades de mercado;
„
o ambiente político, composto por leis, atos
governamentais ou grupos de pressão que podem limitar
ou coibir o sucesso da empresa;
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Universidade do Sul de Santa Catarina
„
o ambiente cultural, em que todos os aspectos culturais
da sociedade como um todo têm demonstrado uma
menor lealdade a uma determinada organização, maior
patriotismo e conservadorismo e valorização da natureza
em busca de valores significativos e duradouros.
Como se percebe o ambiente de marketing é amplo e complexo,
mas as influências
que emanam de seus aspectos são decisivos para o êxito de
qualquer atividade de marketing que a empresa pretenda
adotar. As características do ambiente de marketing são parte
preponderante dentro do planejamento de marketing, conforme
poderemos observar na continuação.
Planejamento de marketing
Planejamento de marketing é um documento no qual se
especificam as decisões a serem adotadas em relação ao
mercado; ao tipo de produto; aos canais de distribuição que serão
utilizados para que o produto chegue ao consumidor; aos preços
que serão aplicados e às atividades de promoção e vendas que
serão desenvolvidas no processo de comercialização.
“O planejamento de marketing implica decidir quais
estratégias de marketing devem ser usadas para a
empresa atingir seus objetivos estratégicos gerais.”
(KOTLER e ARMSTRONG, 1999, p.33)
Deve-se iniciar o processo de planejamento com um resumo
executivo, contendo as metas e recomendações a serem seguidas,
a fim de facilitar que sejam detectados os principais pontos do
plano.
Logo a seguir, deve ser definido o mercado-alvo e a posição da
empresa dentro dele, contendo análise do mercado, um profundo
exame do produto, a identificação dos concorrentes e, finalmente,
devem ser analisadas as tendências de vendas e dos canais de
distribuição.
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Teoria Geral do Turismo
Um estudo das ameaças e oportunidades do produto também
deve fazer parte do planejamento de marketing, a fim de que
sejam evitados, ou pelo menos reduzidos, possíveis impactos que
elas possam causar dentro da empresa. Logo em seguida devem
ser traçados os objetivos ou as metas a serem alcançados com o
planejamento.
Só então devem ser definidas as estratégias de marketing a serem
utilizadas, especificando-se segmentos de mercados a serem
focados, priorizando-se os mais vantajosos no ponto de vista da
concorrência.
Essas estratégias de marketing deverão se transformar em um
plano de ação que demonstre: o que será feito; quem será o
responsável; e qual será o custo desta ação. Com base no plano de
ação deverá ser criado um orçamento de marketing, em que serão
relacionados os lucros e as perdas que este planejamento poderá
ocasionar.
Por fim, um planejamento de marketing deverá conter ferramentas
de controle, a fim de que sejam monitorados os progressos do
produto dentro do mercado.
Você sabia ?
Que muitos administradores acham que “fazer coisas
da forma certa” (implementação) é tão importante
ou até mesmo mais importante do que “fazer as
coisas certas” (estratégia)? A verdade é que ambas
são vitais para o sucesso, mas as empresas podem
ter vantagens sobre seus concorrentes através de
uma implementação eficaz. Uma firma pode ter
basicamente a mesma estratégia que a outra, mas
ganhar mais mercado em razão de uma execução
mais rápida ou melhor. Porém a implementação é
difícil; é sempre mais fácil pensar em boas estratégias
de marketing do que executá-las. (KOTLER e
ARMSTRONG, 1999, p.35)
No entanto, planejar é apenas o começo do processo, é necessário
que todas estas estratégias sejam colocadas em prática. A
implementação mercadológica irá transformar as estratégias e
planos de marketing em ações de marketing, para que os objetivos
propostos sejam atingidos.
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Marketing e Estratégias
“Estratégia de marketing é a lógica pela qual a unidade de
negócios espera atingir seus objetivos de marketing.”
(KOTLER E ARMSTRONG, 1999, p.35)
Mas você pode perguntar: O que isso significa? Veja:
As estratégias de marketing devem ser traçadas de modo
que estejam adaptadas aos seus consumidores, detalhando os
segmentos de mercado a serem atingidos, suas necessidades e
desejos, de modo que façam frente às estratégias adotadas pelos
concorrentes.
Outro fator preponderante a ser observado, quando traçadas
as estratégias mercadológicas, são as variáveis controláveis de
marketing, que a empresa pode utilizar para obter a resposta que
deseja junto ao público-alvo.
Para atingir tal objetivo a disciplina de marketing
desenvolveu a tipologia dos quatro Pês (produto,
preço, promoções e ponto de distribuição)
servindo de alicerce teórico aos profissionais do
ramo responsáveis pela elaboração das estratégias
que venham ao encontro dos anseios de seus
consumidores efetivos e potenciais. A identificação
do melhor produto, a estipulação do melhor preço,
a escolha dos melhores canais de distribuição e
a elaboração das melhores táticas promocionais
(promoção de vendas, venda pessoal, propaganda,
relações públicas, marketing direto e merchandising),
formam juntas o grande desafio do marketing.
(ANDRADE, 1998, p.12)
Essas variáveis são conhecidas como os “quatro Ps”: produto,
preço, praça e promoção:
a) Produto − Reunião de bens ou serviços que são
oferecidos no mercado;
b) Preço − Valor monetário a ser pago pelo produto;
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Teoria Geral do Turismo
c) Praça − Localidade em que o produto estará à disposição
dos consumidores;
d) Promoção − Forma como serão divulgadas as
peculiaridades do produto e como os consumidores-alvo
serão persuadidos a adquirir o produto.
Devem ser levadas em consideração também as variáveis
incontroláveis, que são aquelas sobre as quais a empresa não pode
agir nem modificar, mas que interferem diretamente no sucesso
das estratégias adotadas. A importância de conhecer o mercado
como um todo, pode ser verificada conforme a seqüência.
Entretanto, para que tais estratégias sejam confeccionadas,
é preciso que a empresa obtenha continuamente um volume
significativo de informações sobre o mercado. A coleta constante
de dados sobre os consumidores, concorrência e sobre o ambiente
que o cerca, servirão para a formação do Sistema de Informações
de Marketing (SIM), que auxiliará na tomada de decisões
estratégicas da empresa. Surge então algumas outras ferramentas
fundamentais para o marketing, como a pesquisa mercadológica
e o sistema de atendimento ao cliente. Elas têm por objetivo
captar dados junto ao mercado consumidor e transformá-lo em
informações úteis para o processo de tomada de decisões da
empresa. Uma vez identificadas as necessidades e desejos dos
consumidores, as características dos concorrentes e as tendências
gerais do mercado, a empresa está apta a elaborar estratégias de
marketing eficazes, tornando-se assim competitiva no mercado.
(ANDRADE, 1998, p.12)
Marketing Turístico
De acordo com Kotler (1994, p. 403) “um serviço é qualquer ato
ou desempenho que uma parte pode oferecer a outra e que seja
essencialmente tangível e não resulta na propriedade de nada. Sua
produção pode ou não estar vinculada a um produto físico.”
As características especiais normalmente atribuídas aos
serviços, e aqui se encontra o turismo, − inseparabilidade,
intangibilidade, perecibilidade e heterogeneidade − fazem com
que um “marketing de sucesso” dos serviços seja mais difícil
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do que aquele de bens físicos e, portanto, um tipo diferente de
marketing é necessário. (KOTLER, 1999, p.54)
a) Inseparabilidade significa que o produtor do serviço se
torna parte de um serviço total, assim como um caixa
de banco se torna parte de uma experiência bancária.
Além disso, inseparabilidade significa que produção e
consumo de um serviço ocorrem simultaneamente, e não
seqüencialmente.
b) Intangibilidade significa que os serviços não podem ser
erguidos, transportados, sentidos ou vistos. Portanto a
qualidade dos serviços é muito mais difícil de se avaliar
do que a qualidade para os bens. Equilíbrio entre oferta e
demanda torna-se mais difícil, haja vista que os serviços
não podem ser estocados. E preços são mais difíceis
de definir, uma vez que os consumidores acham difícil
determinar uma relação entre preço e valor.
c) Perecibilidade relaciona-se com a natureza efêmera dos
serviços. Ou eles estão disponíveis e são consumidos
de certa forma simultaneamente, ou eles são perdidos.
Como resultado, eles não podem ser inventariados para
uso após produção.
d) Heterogeneidade significa que os serviços nunca são os
mesmos de uma experiência de consumo com outra. Um
corte de cabelo, mesmo que feito pelo mesmo cabeleireiro
na mesma hora e no mesmo dia da semana, será diferente
do corte anterior. Portanto, padronização do produto
serviço e, conseqüentemente, controle de qualidade, é
difícil de alcançar. Profissionais de marketing turístico
são consideravelmente desafiados para administrar as
características dos serviços a fim de permitir que os
mesmos sejam comercializados através de fronteiras
nacionais.
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Teoria Geral do Turismo
Devido a um bem ser algo físico, ele pode ser visto
e tocado. Você pode experimentar uma camisa
Benetton, folhear o último número da revista
People, sentir o cheiro do café colombiano no
momento em que for preparado. Um bem é um item
tangível. Quando você o compra, passa a possuílo. Geralmente, é muito fácil você ver exatamente
o que acabou de comprar. Por outro lado, serviço
é uma ação desempenhada por uma parte a outra.
Quando você fornece um serviço a um consumidor,
ele não pode conservá-lo. Pelo contrário, um serviço é
experimentado, usado ou consumido. Os serviços não
são físicos, são intangíveis. Você não pode carregar
um serviço e pode ser difícil saber, exatamente, o que
obterá quando comprá-lo. (DAHRINGER, 1990, p. 15)
Definição de marketing turístico
Bem, para Jost Krippendorf (1991), “Marketing é a adaptação
sistemática e coordenada da política das empresas de turismo,
assim como da política turística privada e do Estado,
sobre o plano local, regional, nacional e internacional,
visando a plena satisfação das necessidades de grupos
determinados de consumidores, obtendo-se com isto um
lucro apropriado.”
No entanto, após abordar os elementos que diferenciam o
marketing turístico (ou de serviços), do marketing de produtos,
deve-se ressaltar a necessidade de um planejamento estratégico
e de marketing que faça uso das ferramentas mercadológicas
adequadas ao sucesso, seja do produto ou do serviço a que estas
estratégias se destinem.
Para efeito de estudo desta seção, iremos ressaltar a importância
da utilização da ferramenta de marketing promocional no
segmento turístico.
Promoção, segundo Acerenza (1991, p.34), “é uma atividade
destinada à informação, persuasão e influência sobre o cliente”, da
qual fazem parte as seguintes atividades:
Unidade 4
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Universidade do Sul de Santa Catarina
a) Propaganda − Técnica de divulgação das qualidades,
preços, benefícios proporcionados e necessidades
atendidas pelo produto ou serviço. Dentro do segmento
turístico tem a finalidade de popularizar e divulgar
a localidade turística, fazendo uso de mensagens
adequadas e utilizando a mídia mais apropriada (TV,
rádio, jornal, etc.).
b) Promoção de Vendas − Atividade que envolve algum
tipo de vantagem ao consumidor, com o propósito de
chamar sua atenção, para que posteriormente ele venha a
consumir o serviço. Pode-se fazer uso de sorteio, brindes,
descontos, etc., ou qualquer tipo de incentivo para que o
público-alvo conheça a localidade turística e os serviços
nela prestados.
c) Vendas − É a comercialização propriamente dita,
desempenhada pelas empresas relacionadas com a
atividade turística da localidade, operadoras, agentes de
viagens, etc..
d) Relações Públicas − Atividade que oferece informações e
elementos capazes de divulgar a localidade e reforçar sua
imagem. Atuam junto com os diversos tipos de mídia,
como reforço da atividade de venda, participando de
feiras e congressos ou atuando como patrocinadores e
colaboradores de forma institucional.
Como se percebe, todas as ferramentas de marketing promocional
estão interligadas, e em todas elas são utilizados os chamados
materiais de apoio como:
a) folder;
b) cd-rom;
c) folhetos explicativos;
d) vídeos;
e) mala direta;
f) stands;
g) workshops.
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Teoria Geral do Turismo
Para que haja uma boa harmonia dentro do marketing turístico,
deverá ocorrer um entrosamento entre os atrativos turísticos, as
facilidades turísticas e os serviços prestados.
BENS E PRODUTOS
PRODUTO TURÍSTICO
São materiais, tangíveis e podem ser avaliados
previamente por uma amostra.
É material e intangível, podendo ser visto antes
da compra por meio de sua imagem.
A produção ocorre, em geral, anteriormente ao A produção e o consumo ocorrem no mesmo
consumo e em local distinto.
lugar.
Em geral, podem ser transportados.
É necessário que o turista se desloque até o
produto, que não pode ser transportado.
Podem ser estocados e vendidos a posteriori.
Não pode ser estocado. Se não for vendido, é
perdido.
Passíveis de controle de qualidade.
Dificilmente sua qualidade pode ser controlada.
Não há, necessariamente, complementaridade
entre os produtos.
Existe complementaridade entre os elementos
que compõem o produto turístico.
Demonstram ocorrência menor de
sazonalidade.
É mais suscetível à sazonalidade.
São mais fáceis de serem adaptados às
alterações do público consumidor.
É estático, ou seja, é impossível mudar sua
localização e é difícil alterar suas características.
São passíveis de transferência por venda ou
doação a outro consumidor.
Uma vez adquirido, não pode ser vendido
novamente pelo turista.
Passam a ser uma propriedade do consumidor.
Não passa a ser propriedade do consumidor
pela compra. O turista, por exemplo, não leva
consigo o hotel, mas sim fotos e recordações.
Quadro 4.4: Comparação entre bens e produtos gerais e produtos turísticos
Fonte: Bacal e Rejowski, apud Moraes (1999, p. 25) In: Ansarah (1999).
Conforme o expresso no quadro, o produto turístico tem
características especiais que devem ser levadas em conta quando
se estabelecem as estratégias de segmentação.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Com o uso dessas estratégias, torna-se possível conhecer os
principais destinos geográficos, os tipos de transporte, o perfil
do turista (faixa etária, capacidade de compra, condições sociais,
escolaridade, ocupação, estado civil, motivações, etc.), o ciclo de
vida do produto, a elasticidade no preço da oferta e da demanda,
facilitando o atendimento dos desejos dos turistas.
Portanto, com a apresentação das características que diferenciam
os produtos dos serviços, vamos encerrando a seção 3 desta
Unidade 4. Devemos destacar que o estudo do marketing é
bastante complexo e envolve uma série de conhecimentos, que
são disponíveis, a partir do estudo mais aprofundado de outras
áreas. De toda forma, ao que mais devemos nos ater, em relação
ao marketing turístico, é que necessitamos de conhecimentos
básicos do “fenômeno” marketing, para então poder aplicá-lo
adequadamente ao “fenômeno” turístico.
Lembra-se do que foi mencionado no início do livro? sobre a
elaboração uma atividade? Pois é, chegou o momento de exercitar
seus conhecimentos de marketing.
Você tem acompanhado as campanhas relacionadas
ao turismo? Qual seu ponto de vista? As que você
conhece o que expressam? Fazem sentido? São
coerentes? Atraiam o turista para seu objetivo?
Expressam a realidade? E sua criatividade como está?
Vamos verificar?
Nesta unidade você conheceu as possibilidades de
marketing turístico e verificou que as ferramentas de
marketing promocional estão interligadas, e em todas
elas são utilizados os chamados materiais de apoio
como: folder; cd-rom; folhetos explicativos; vídeos;
mala direta; stands; workshops.
Pense numa campanha publicitária utilizando as
ferramentas que atendem seus objetivos. Destaque
o título da sua campanha, descreve a finalidade e a
justificativa para sua veiculação.
Visualize sua campanha, planeje sua “arte publicitária”
e invista na sua criatividade! Projete no seu
pensamento o possível resultado, pense no produto
final e para que obtenha o sucesso desejado dediquese ao máximo na atividade!
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Teoria Geral do Turismo
Síntese
Nesta Unidade você verificou que as organizações de Turismo
têm por obrigação implantar as políticas de turismo para as
regiões. Elas podem ser entidades públicas, centralizadas ou
descentralizadas, podem ser privadas ou mistas, mas todas têm
por finalidade o planejamento e o fomento ao desenvolvimento
do turismo.
Também foi possível verificar que estas organizações são bastante
jovens, em todo o mundo. Isto significa que muito ainda deverá
ser feito. No Brasil, existem também órgãos em nível federal,
estadual e municipal, sendo que nos dois últimos níveis não existe
uma nomenclatura padronizada.
Foi ainda possível verificar que existem diversas organizações
não-governamentais que se preocupam com o planejamento e
com o desenvolvimento do turismo. Estas organizações buscam
sempre fazer com que as políticas de desenvolvimento turístico
sejam sempre alimentadas pela presença constante de pessoas
e entidades que manifestam a preocupação com o turismo
sustentável.
Já na seção 2, abordamos de forma bastante objetiva o
planejamento turístico, sendo que na primeira parte explicamos
primeiro o que é efetivamente planejamento e quais as variáveis
que o compõem, tais como: objetivos, enfoques, prazos, entre
outros. O domínio dessas variáveis é muito importante para
você, estudante de turismo, pois, como bem sabemos, existe uma
enorme carência de profissionais graduados na área que atuam
especificamente com o planejamento turístico. Destacamos
ainda um quadro com as principais atribuições tanto por parte
do Estado quanto da iniciativa privada, em se tratando de
planejamento turístico.
A última seção desta Unidade tratou especificamente do
marketing. Como forma de facilitar o seu entendimento optamos
por uma apresentação do conteúdo de forma a possibilitar uma
melhor percepção: vimos os conceitos, tratamos brevemente
da evolução histórica, destacamos a relação da economia com
o mercado (através dos modos de produção), trabalhamos o
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Universidade do Sul de Santa Catarina
ambiente de marketing e, ao final, conceituamos marketing
turístico. Não podemos nos esquecer da importância do
planejamento de marketing, e também das ferramentas utilizadas
para uma promoção.
Quando ocorre uma “simbiose” ajustada entre o turismo e o
marketing, vários são os benefícios gerados, principalmente
para as comunidades receptoras de turismo. E, para finalizar,
você não pode esquecer que, na atual velocidade em que se dão
as mudanças, a atualização constante nesta área específica de
marketing é pressuposto básico, para que você seja um profissional
de qualidade.
Atividades de auto-avaliação
Com base na leitura desta unidade, realize na seqüência, as atividades
propostas.
1) Explique quais as principais atribuições das organizações de turismo.
2) Em qual nível, você acredita, que as organizações turísticas são mais
importantes: nível federal, estadual ou municipal? Justifique sua
resposta.
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Teoria Geral do Turismo
3) Descreva o que é planejamento turístico.
Saiba mais
Para conhecer mais detalhes acerca dos conteúdos desta unidade,
sugerimos algumas obras para pesquisa:
ACERENZA, M.Á. Promoção turística: um enfoque
metodológico. São Paulo: Pioneira, 1991.
BLACKWELL, R.; ENGEL J.; Miniard, P. Comportamento
do consumidor. 8. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A.
CASTELLI, G. Administração hoteleira. Caxias do Sul:
EDUCS, 2001.
KOTLER, P. Administração de marketing: análise,
planejamento, implementação e controle. 5.ed. São Paulo: Atlas,
1998.
KOTLER,P; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. Rio
de Janeiro: LTC, 1999.
KOTLER, P. Marketing para o século XXI: como criar,
conquistar e dominar mercados. São Paulo: Futura, 1999.
McKEENA, R. Marketing de relacionamento. Rio de Janeiro:
Campus, 1992.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
RUSCHMANN, D. Marketing turístico: um enfoque
promocional. Campinas: Papirus, 1991.
Para conhecer uma base de informações gerais, incluindo artigos
e notícias do turismo na Internet, sugerimos:
http://revistaturismo.cidadeinternet.com.br/artigos/artigos.htm
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UNIDADE 5
Administrando o turismo para
o mercado
5
Objetivos de aprendizagem
„
Reconhecer o significado vital exercido pelo meio
ambiente em relação ao Turismo.
„
Conhecer os princípios e as práticas para que o Turismo
possa ser considerado sustentável.
„
Identificar a tipologia turística e o seu amplo espectro.
„
Entender algumas das principais características e
tendências da atividade turística na atualidade.
Seções de estudo
Seção 1 O turismo e o meio ambiente.
Seção 2 Turismo e desenvolvimento sustentável.
Seção 3 Tipologia turística.
Seção 4 O turismo na atualidade.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Nesta unidade você terá a oportunidade de entrar em contato
com áreas muito interessantes da atividade turística. Sabemos do
papel vital que o meio ambiente exerce sobre as nossas vidas como
um todo e que a atividade turística não tem se caracterizado
como uma atividade em que a noção de conservação e
preservação ambiental é levada em consideração.
Essa é uma tarefa muito difícil e
pouquíssimos são os exemplos de
núcleos receptores de turismo no
mundo todo, que alcançaram tal
condição!
Como forma de complementar a abordagem inicial que será feita
sobre turismo e meio ambiente, trataremos de desenvolvimento
sustentável. Uma das premissas básicas para ter um turismo
realizado de forma sustentável é justamente a ordenação correta
das ações do homem sobre o meio ambiente.
Não menos importantes são as tipologias do turismo. Nesta
unidade você terá a possibilidade de conhecer os mais variados
tipos de turismo, que são reconhecidos e realizados diariamente
pelo mundo todo. Além de ser é um universo enorme e bastante
interessante é imprescindível o estudo a respeito.
Você também terá a possibilidade de conhecer e se posicionar em
relação à atividade turística na atualidade. Várias são as nuances
e as dinâmicas que caracterizam esta atividade nos dias atuais.
Será a possibilidade de você exercer o seu potencial reflexivo e
crítico, pois lhes serão oferecidos textos para que possa interagir
e debater.
Preparados? Então vamos embarcar nesta nova viagem de
descobertas e de curiosidades que permeiam o fantástico mundo
do turismo!
SEÇÃO 1 − O turismo e o meio ambiente
Você deve concordar que, com as transformações que vêm
ocorrendo no nosso planeta, não são poucas as referências feitas
à expressão “meio ambiente”, não é mesmo? Mas alguma vez
refletiu criticamente sobre o que realmente este termo significa?
Que sentidos ele assume nos diferentes contextos? O que você
pode associar a ele?
Vamos pensar sobre isso? Ou melhor... Podemos perguntar
também: O que é meio? O que é ambiente? E, ainda,... Que
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Teoria Geral do Turismo
relação tem o turismo com o meio ambiente? Tem relação?
Ah! É claro que agora você vai responder bem rapidinho: Ora,
não dá para separar o meio do turismo, dá? Um está no outro,
imbricado... Lembre o conjunto de elementos que se interligam
e se entrelaçam quando se trata do turismo... São fatores sociais,
culturais, econômicos e agora de ordem ambiental.
Veja como vamos agregando elementos e compondo um
“sistema”.
Não há como conceber o turismo longe do meio e do ambiente.
Concordamos nesse ponto, certo? Mas antes de discutir
essa questão, vamos a algumas noções básicas sobre o que
efetivamente constitui o meio ambiente.
Adaptado de:
RUSCHMANN, Doris.
Turismo e planejamento
sustentável. Campinas:
Papirus, 1997.
Buscamos em Doris Ruschmann uma contribuição significativa.
Acompanhe e veja o que ele aborda:
„
Como meio ambiente entende-se a biosfera, isto é, as
rochas, a água e a arquitetura que envolve a
Terra, juntamente com os ecossistemas que
eles mantêm.
„
Esses ecossistemas são constituídos de
comunidades de indivíduos de diferentes
populações (bióticos) que vivem numa
área juntamente com seu meio não vivente
(abiótico) e se caracterizam por suas interrelações, sejam elas simples ou mais complexas.
„
A inter-relação do turismo e do meio ambiente é
incontestável, uma vez que este último constitui-se a
“matéria prima” da atividade.
„
A deterioração das condições de vida nos grandes
conglomerados urbanos faz com que um número cada
vez maior de pessoas procure, nas férias e nos fins de
semana, as regiões com belezas naturais.
„
O contato com a natureza constitui, atualmente, uma das
maiores motivações das viagens de lazer, tanto no Brasil
como no exterior.
Unidade 5
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Universidade do Sul de Santa Catarina
„
O meio ambiente é extremamente sensível (como,
por exemplo, praias e montanhas), portanto deve
necessariamente ser avaliada a intensidade do fluxo
turístico de massa nestes locais.
„
O homem urbano, agredido em seu próprio meio, passa
a agredir os ambientes alheios. Trata-se de um círculo
vicioso que é preciso romper por meio de planejamento
dos centros urbanos e de medidas enérgicas que visem à
conscientização para a preservação dos meios naturais,
promovendo a sua conservação e perenização.
Agora que você já teve a possibilidade de conhecer um pouco
mais sobre conceitos e aspectos ligados ao meio ambiente e
um pouco mais da relação existente com a atividade turística,
passemos aos tópicos principais, os quais você deverá
compreender como maneira de poder formar uma opinião sobre
esta “interação” – turismo/meio ambiente.
Breve histórico de ecoturismo
Você já deve ter percebido que a história está
sempre presente nas nossas discussões, não é?
Mas o que seria do presente sem o passado? o
que fariam os homens se não considerassem as
práticas dos que vieram antes? Então vamos
lá. Comecemos com os ecoturistas. Quem
eram eles? Mas você sabe o que significa ecoturismo? Falaremos
sobre isso, não se preocupe. Acompanhe.
„
Os primeiros ecoturistas foram os visitantes que
chegaram em massa aos parques nacionais de Yellowstone
e Yosemite, os viajantes que adentraram por Serengeti, na
África, há 50 anos, e os caminhantes que acamparam em
Anapurna, no Himalaia 25 anos mais tarde.
„
No século XX ocorreu uma modificação nas viagens
a áreas naturais. No início desse século, os safáris na
África eram utilizados para caça e captura de grandes
animais. Por volta da metade do século XX, os safáris
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Teoria Geral do Turismo
fotográficos eram mais populares do que os de caça. Em
meados de 1970 o turismo de massa e individual passou a
desrespeitar o habitat dos animais selvagens.
„
Há alguns anos a palavra ecoturismo e seus princípios não
existiam. Havia viajantes naturalistas, como Humboldt,
Darwin, Bates e Wallace. Mas suas experiências não
trouxeram nada de concreto, como, por exemplo, a intenção
na preservação de áreas naturais e nem vantagens no âmbito
sócio-econômico.
„
De acordo com Lindberg e Hawkins (1995, p.25), “foi
somente com o advento da viagem aérea a jato, com a
enorme popularidade dos documentários televisivos sobre
a natureza e sobre viagens, e com o interesse crescente
em questões ligadas à conservação e ao meio ambiente,
que o ecoturismo passou a ser verdadeiramente um
fenômeno característico do final do século XX e, tudo
leva a crer, do século XXI,”
„
Desde 1990, muitas conferências e simpósios sobre
o ecoturismo estão sendo realizados. As instituições
públicas e privadas estão interessadas no tema. É o
momento de colocar em prática projetos concretos
que comprovem os benefícios sócio-econômicos que o
ecoturismo pode produzir.
Conceito de Meio Ambiente
Se antes você viu o que está ligado ao meio ambiente, do que ele
é composto, os fenômenos que o agridem, entre outros aspectos,
agora vamos conceituá-lo ou tentar dar-lhe uma definição, com
base em conhecimentos científicos e com a contribuição de
estudiosos da área. Vejamos:
Meio ambiente é a expressão usada para designar a interação
entre o conjunto das condições naturais, os organismos vivos
e os seres humanos com suas múltiplas e mútuas influências.
Concorda?
O meio ambiente, o sistema ecológico ou ainda o ecossistema
constituem-se num conjunto de elementos e fatores indispensáveis
Unidade 5
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à vida; isso é inegável, não é? Qualquer unidade que inclua
todos os organismos (a comunidade) de uma determinada área,
interagindo com o meio físico, constitui um sistema ecológico
ou ecossistema, onde há um intercâmbio de matérias vivas e não
vivas.
Segundo Souza e Corrêa (2000, p.99) o meio ambiente
é “o conjunto de todas as condições e influências
externas circundantes que interagem com um
organismo, uma população ou uma comunidade,
e sua relação com os modelos de desenvolvimento
adotados pelo homem”.
De acordo com Ely (1986, p. 03), o meio ambiente contém três
elementos chaves:
a) Meio Exterior: significa que o meio ambiente é
tudo aquilo que cerca um organismo (o homem é um
organismo vivo), seja o físico (água, ar, terra, bens
tangíveis feitos pelo homem), seja o social (valores
culturais, hábitos, costumes, crenças), seja o psíquico
(sentimentos do homem e suas expectativas, segurança,
angústia, estabilidade);
b) Organismo: o conceito não especifica o organismo,
mas trata dos organismos bióticos (vivos), tais como, as
plantas e animais, entre os quais se destaca o homem;
c) Integral Desenvolvimento: os meios físico, social e
psíquico são os que dão as condições interdependentes
necessárias e suficientes para que o organismo vivo
(planta ou animal) se desenvolva na sua plenitude, sob o
ponto de vista biológico, social e psíquico.
Conforme o conceito anterior, o meio ambiente efetivo é todo
o meio exterior ao ser vivo. Esse meio exterior inclui os fatores
abióticos (não vivos) da terra: água, atmosfera, clima, sons,
odores e gostos; os fatores bióticos dos animais, plantas, bactérias
e vírus; os fatores sociais de estética e os fatores culturais e
psicológicos.
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Teoria Geral do Turismo
Conceito de ecoturismo
Agora vamos ao conceito de ecoturismo? Vamos tomar dois
institutos importantes para oferecer a você uma definição
coerente. O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Renováveis) e a EMBRATUR (Instituto
Brasileiro de Turismo) definem o ecoturismo como sendo
o turismo desenvolvido em localidades com potencial
ecológico, de forma conservacionista, procurando
conciliar a exploração turística com o meio ambiente,
harmonizando as ações com a natureza, bem como
oferecendo aos turistas um contato íntimo com os
recursos naturais e culturais da região, buscando a
formação de uma consciência ecológica. O ecoturismo
visa igualmente o desenvolvimento das regiões em que
se insere, devendo ser um instrumento para a melhoria
da qualidade de vida as populações que acolhem essa
atividade.
Ainda de acordo com o Ibama, o Brasil está entre os três países
de maior diversidade biológica do mundo. Aproximadamente
4% do território nacional é formado por áreas de proteção
ambiental ou Unidades de Conservação de uso indireto, as quais
são destinadas à pesquisa científica, à educação ambiental e à
recreação, o que inclui o turismo.
Você sabia ?
Que o ecoturismo pode e deve se transformar em uma
das grandes ferramentas de luta para a preservação
e educação ambiental no planeta? Se conseguirmos
levar o indivíduo a “preservar para sobreviver”, ou
seja, criar um mercado, gerar empregos e transformar
o turismo em principal atividade econômica das
comunidades dos locais com potencial ecológico,
a preservação passa a ser uma questão de
sobrevivência; preservar e fazer preservar passam a
ser sinônimos de mais renda e não há como negar
que esta é a melhor maneira de “conscientizar”
o ser humano, fazê-lo sentir a necessidade de
conservar, para benefício próprio e imediato, para sua
subsistência.
Unidade 5
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Universidade do Sul de Santa Catarina
A atividade do ecoturismo deve abranger, em sua conceituação,
a dimensão do conhecimento da natureza, a experiência
educacional interpretativa, a valorização das culturas tradicionais
locais, promovendo o bem-estar das populações envolvidas e a
promoção do desenvolvimento sustentável.
De acordo com Lindberg e Hawkins (1995 p.34), “os custos
potenciais são a degradação do meio ambiente, as injustiças
e instabilidades econômicas, as mudanças sócio-culturais
negativas. Os benefícios potenciais são a geração de receita para
áreas protegidas, a criação de empregos para pessoas que vivem
próximo a essas áreas e a promoção de educação ambiental sobre
a conservação.”
Deve-se procurar uma forma de minimizar os
custos e maximizar os benefícios buscando um elo
de ligação entre o ecoturismo, a conservação e o
desenvolvimento.
As linhas mestras do turismo ecológico apontam, atualmente,
para uma visão administrativa moderna, de longo prazo e com
uma postura responsável diante da integridade do meio ambiente,
mediante uso sustentável dos recursos naturais.
Tipologia do ecoturismo
Para Serrano (2001, p. 224), “o ecoturista pode ser escrito como
explorador, mochileiro, especialista, de interesse genérico, de
massa”. A caracterização de cada um desses tipos é a que segue:
a) Explorador: individualista, não requer facilidades
especiais. Pode pagar por alguns serviços, mas
prefere não gastar. Inclui caminhantes, escaladores e
observadores de aves. Idade: 25 a 45 anos.
b) Mochileiro: faz viagens longas, com orçamento
limitado. Utiliza transporte coletivo local, acomodações
baratas, etc.; privilegia mais a experiência da viagem
que a cultura local, embora aprecie o exotismo. Aprecia
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Teoria Geral do Turismo
caminhadas e paisagens, embora normalmente não visite
áreas mais remotas devido ao custo da viagem. Necessita
de serviços de baixo custo. Idade: 18 a 25 anos.
c) Turista especialista: dedica-se a hobbies particulares,
é pouco aventureiro, dispõe-se a pagar por serviços e
auxílio logístico. Pode ter pouco interesse pela cultura.
Exige facilidades especiais e serviços, por exemplo,
barcos guias, etc. Aceita desconfortos e longas viagens,
se necessários para atingir seus objetivos. Pode ter
participação ativa, por exemplo, em projetos de
recuperação ambiental. Inclui pesquisadores e prefere
grupos pequenos. Idade: 20 a 70 anos.
d) Turista de interesse genérico: em geral, prefere a
segurança dos grupos ou programas personalizados. Tem
bom nível de renda, interessa-se por cultura e pela vida
silvestre, desde que não seja necessário muito esforço
para apreciá-la. Muitos são ativos e apreciam a atividade
de aventura sem risco, como caminhadas e rafting. Não
se sujeita a viajar longas distancias sem que haja grandes
atrativos. Requer muitas facilidades, embora possa aceitar
condições rústicas por curtos períodos. Idade: 35 a 65
anos.
e) Turista de massa: prefere viajar em grandes grupos; pode
ter bom nível de renda; interessa-se superficialmente
por alguns aspectos da cultura local; aprecia paisagens
naturais e vida silvestre se o acesso for fácil; requer
muitas facilidades e viaja apenas com condições muito
confortáveis. Inclui passageiros de cruzeiros. Idade: 40 a
90 anos.
Inter-relação entre turismo e meio ambiente
A inter-relação do turismo e do meio ambiente
é indiscutível, visto que o meio ambiente é
matéria-prima da atividade turística. O modo de
vida conturbado das grandes metrópoles induz
Unidade 5
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Universidade do Sul de Santa Catarina
cada vez mais pessoas a procurarem, em seu período de férias e
fins de semana, regiões com belezas naturais.
O desenvolvimento sustentável é
aquele que atende às necessidades
do presente sem comprometer
a possibilidade de as gerações
futuras atenderem a suas próprias
necessidades. Ele contém dois
conceitos-chave: 1− o conceito
de “necessidades”, sobretudo as
necessidades essenciais dos pobres
no mundo, que devem receber a
máxima prioridade; 2− a noção
das limitações que o estágio
da tecnologia e da organização
social impõe ao meio ambiente,
impedindo-o de atender às
necessidades presentes e futuras
(...). (http://www.economiabr.net/
economia/3_desenvolvimento_
sustentavel_conceito.html)
Porém, esse fluxo de turistas traz conseqüências negativas ao meio
ambiente. A urbanização e ocupação das áreas naturais faz com que
se torne poluído pela presença em massa dos turistas. No litoral, a
alta concentração de turistas e a sazonalidade estimulam a poluição
das águas e o acúmulo de detritos deixados na areia; a poluição
visual provocada pela especulação imobiliária, construção de hotéis,
restaurantes, descaracterizam a paisagem. Essas conseqüências devem
ser avaliadas e minimizadas antes que a degradação desse patrimônio
natural se torne irreversível.
O que fazer então? Há o que fazer?
Sim, claro que há o que fazer! E você deve ter presente que o
planejamento é necessário. Lembra-se da importância dessa
prática, não é? E isto está diretamente ligado ao que chamamos de
“desenvolvimento sustentável”! Esse tópico será estudado mais
adiante.
Portanto, para que as conseqüências sejam minimizadas, é
necessário definir diretrizes para uma política de turismo voltada
para o meio ambiente, determinando os limites suportáveis e
compatíveis para cada espaço.
A razão pela qual o homem agride a natureza é o fato de ele
estar sendo agredido em seu próprio meio em manifestações, tais
como, a violência e a poluição sonora e atmosférica.
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Teoria Geral do Turismo
Contudo, a atividade turística não causa somente
danos ao meio ambiente. Proporciona algumas
vantagens, tais como:
a criação de programas de conservação de áreas
naturais e de sítios arqueológicos;
„ empreendedores turísticos visam a manter a
atratividade dos recursos naturais;
„ valorização e conhecimento de determinadas
regiões através do turismo ecológico;
„ a arrecadação de impostos taxas e ingressos, faz
com que a infra-estrutura turística seja ampliada;
„ ocorre o intercâmbio cultural entre turistas e a
comunidade local;
„ na economia ocorre o aumento e melhoria da
distribuição de renda;
„ percebe-se a racionalização dos espaços e do
convívio com a natureza.
„
Ainda de acordo com Ruschmann (1999, p.82), “o relacionamento
do turismo com o meio ambiente está longe de ser simples.
Numerosas situações de conflito são registradas e, diante de sua
fragilidade, cada medida ou precaução pode gerar um efeito
perverso, difícil de controlar. O desafio reside em encontrar o
equilíbrio entre o desenvolvimento da atividade e a proteção
ambiental.”
Unidade 5
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para saber mais sobre desenvolvimento
sustentável, leia:
BURSZTYN, Marcel. Para Pensar o Desenvolvimento
Sustentável. In: Cavalcanti, Clóvis (org.).
Desenvolvimento e Natureza: Estudos para uma
Sociedade Sustentável. 2a ed. São Paulo, 1993.
HOGAN, Daniel J. e Vieira, Paulo Freire (org.). Dilemas
Socioambientais e Desenvolvimento Sustentável. ed.
Unicamp, 1992.
MAY, Peter Herman e Serôa da Motta, Ronaldo (org.).
Valorando a Natureza: Análise Econômica para o
Desenvolvimento Sustentável. Campus: Rio de Janeiro,
1994.
ou acesse:
Links:
•
International Institute for Sustainable
Development (IISD): http://iisd1.iisd.ca/
•
The WWW Virtual Library: http://www.ulb.ac.be/
ceese/sustvl.html - permite o acesso a inúmeros
outros sites sobre Desenvolvimento Sustentável,
inclusive da ONU, com os documentos da Rio 92.
Fases do relacionamento entre turismo e meio ambiente
Como se vê, a relação entre o turismo e o meio ambiente não tem
sido muito harmoniosa. Mas, atualmente, aparecem vestígios de
que sua interação seja crescente e vantajosa para ambos.
Vários estudos desenvolvidos na França (Ministère de
L’Environnement/Tourisme, 1992, p.16) apresentam quatro fases
do relacionamento do turismo e do meio ambiente.
a) A primeira fase ocorreu no século XVIII e se
caracterizou pela descoberta de natureza e das
comunidades receptoras. Suas motivações eram o
convívio em lugares onde a industrialização ainda não
havia chegado ou de ambientes turísticos expandidos
à beira-mar para bronzear-se e banhar-se. É a fase do
relacionamento e dos primeiros equipamentos turísticos.
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Teoria Geral do Turismo
b) Na segunda fase ocorreu um turismo de elite no final
do século XIX e início do século XX. Nessa época
a especulação imobiliária se intensificou devido ao
aumento da demanda turística, originando os centros
turísticos mais antigos da Europa, muito conhecido
atualmente. Não havia a preocupação com a conservação
do meio ambiente, haja vista o crescimento da construção
civil.
c) A terceira fase corresponde ao turismo de massa e
ocorreu a partir de 1950, tendo seu apogeu nos anos
de 1970 e 1980. Foi um período catastrófico para a
conservação ambiental; é caracterizado pelo domínio
do turismo sobre a natureza, pois nessa fase a demanda
turística cresceu assustadoramente. Mas as cidades não
cresceram na mesma proporção: foram urbanizadas,
porém sem o devido planejamento e não à medida que
a demanda necessitava. O crescimento foi desordenado,
faltava saneamento básico e tratamento de esgoto e a
infra-estrutura turística, como a criação de marinas,
portos e de estações de inverno, ficou a desejar.
A quarta fase ocorreu na metade da década de 1980, quando o
turismo ecológico se propaga nas localidades turísticas, evitando
a ocupação de todos os espaços. Aparecem esportes como, o
rafting, o mountain bike e uma série de novos esportes que
necessitam de uma natureza preservada.
Trata-se da renovação do turismo, que busca a
tranqüilidade, a aventura, a preservação, a educação e
o conhecimento aprofundado das regiões visitadas.
Rafting: Descida em botes
infláveis nas corredeiras
dos rios.
Montain bike: Passeios de
bicicletas em trilhas
O conteúdo a ser apresentado a seguir contém uma abordagem
específica sobre o turismo ecológico e uma gama bastante
significativa de informações estreitamente relacionadas com
a prática do turismo em áreas naturais protegidas. Vamos em
frente?
Unidade 5
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Turismo ecológico em áreas naturais protegidas
No processo de planejamento das áreas naturais protegidas,
está prevista a elaboração de um Plano de Manejo para cada
Unidade de Conservação, de tal forma que o mesmo passe a se
constituir num instrumento de gestão que apoiará a definição
e administração das atividades, que poderão ou não ser
desenvolvidas dentro de cada uma delas.
a) Zoneamento
Conforme Pires (1996, p. 28), “o zoneamento é uma das
primeiras providências tomadas durante a elaboração de Plano
de Manejo de uma Unidade de Conservação. Consiste na divisão
do território da Unidade de Conservação em partes homogêneas
atendendo a critérios ecológicos e de destinação de uso”. A
categoria de manejo Parque Nacional é, atualmente, a única a
ter um Plano de Manejo contendo uma proposta de zoneamento
e um programa de manejo já elaborado para várias Unidades
de Conservação no país. O zoneamento adotado tem sido o
seguinte:
TIPOS DE ZONAS
CARACTERÍSTICAS
a) Zona Intangível.
Deverá estar pouco ou não alterada e permanecerá intacta e
com uso proibido.
b) Zona Primitiva.
Deverá estar pouco alterada e de uso restrito e eventual.
c) Zona de Uso Extensivo.
Apresenta algumas alterações e é uso restrito à circulação e a
atividades esparsas.
d) Zona de Uso Intensivo.
Pode ser significativamente alterada e concentrar a maior
parte dos serviços e atividades da Unidade de Conservação.
e) Zona de Uso Especial.
É destinada à moradia, serviços de administração, manutenção
e proteção da Unidade de Conservação.
f) Zona Histórico-Cultural.
Quando ocorrerem sítios especiais que abriguem características
pertinentes.
g) Zona de Recuperação.
Quando existem áreas que precisam ser recuperadas. São
zonas temporárias.
Quadro 5.1: Tipos de zoneamento em unidades de conservação
Fonte: Adaptado de PIRES (1997).
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Teoria Geral do Turismo
Todas as atividades previsíveis numa Unidade de
Conservação devem fazer parte dos programas de
manejo. Se uma determinada área contempla nos
seus objetivos de manejo as atividades de turismo,
então deverá ser desenvolvido um capítulo específico
no programa de manejo destinado a detalhar e
normatizar tal atividade.
Categorias de Manejo que permitem o ecoturismo
Dentre as nove categorias de manejo propostas para o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, destacamos as sete
categorias cujos objetivos de manejo permitem a prática do
ecoturismo. De acordo com Pires (1997), temos:
Parque Nacional
„
São áreas terrestres e/ou marinhas extensas, contendo
um ou mais ecossistemas naturais preservados ou
pouco alterados pela ação humana, dotados de
atributos naturais ou paisagísticos notáveis e contendo
ecossistemas ou sítios geológicos de grande interesse
científico e educacional.
„
É permitida a visitação sob controle, porém condicionada
a atividades específicas relativas às atividades culturais,
educativas e turísticas.
„
Os parques devem contar com um Plano de Manejo
cujo zoneamento defina, entre outras, uma área
de preservação integral vedada ao público e áreas
destinadas à recreação e educação ambiental, com trilhas
interpretativas e centro de visitantes.
Monumento Natural
„
São áreas terrestres e/ou marinhas, contendo um ou
mais sítios com características abióticas naturais de
importância relevante que, por sua singularidade,
raridade, beleza ou vulnerabilidade, corram o risco de se
tornarem ameaçados e necessitarem de proteção.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
„
A área deve conter, em condições naturais, formações
geológicas pouco comuns, sítios arqueológicos e,
eventualmente, sítios históricos.
„
As atividades turísticas podem ser desenvolvidas sob
controle. As alterações do ambiente, as instalações e vias
de acesso devem ser limitadas ao mínimo, sem prejuízo
das características a preservar e sempre em proveito
exclusivo dos objetivos de manejo. As atividades de
pesquisa devem ser sempre devidamente autorizadas.
Refúgio da Vida Silvestre
„
São áreas terrestres e/ou marinhas em que a proteção
e o manejo são necessários para assegurar a existência
e a reprodução de determinadas espécies de animais e
vegetais, ou comunidades de fauna e flora, residentes ou
migratórias, de importância significativa.
„
A visitação pública pode ser permitida, ou não,
dependendo das condições particulares de cada
caso, devendo sempre prevalecer as necessidades de
conservação da natureza.
Reserva de Fauna
„
São áreas contendo populações de espécies animais
nativas e habitats adequados para a produção de proteínas
de origem animal, ou para a observação da fauna.
A utilização dos recursos da fauna será sempre feita
mediante manejo cientificamente conduzido e sustentado
e sob permanente controle governamental.
„
É permitido o acesso controlado ao público, segundo
critérios a serem estabelecidos pela autoridade
responsável pela área.
„
O turismo de manejo desta categoria inclui a oferta de
turismo ecológico.
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Teoria Geral do Turismo
b) Área de Proteção Ambiental
„
São áreas terrestres e/ou marinhas de configuração e
tamanhos variáveis, submetidas a modalidades diversas
de manejo, podendo compreender ampla gama de
paisagens naturais, seminaturais ou alteradas, com
características notáveis e dotadas de atributos bióticos,
estéticos ou culturais, que exijam proteção para que
possam assegurar o bem-estar das populações humanas,
conservar ou melhorar as condições ecológicas locais
ou preservar paisagens e atributos naturais e culturais
importantes.
„
O conceito amplo de Área de Proteção Ambiental admite
que esta categoria se aplique á proteção paisagística e
ecológica de faixa de terras ao longo de estradas e rios,
com atributos naturais importantes e valor panorâmico,
cultural, educativo e recreativo.
„
As atividades turísticas são admitidas desde que se
harmonizem com os objetivos específicos de cada área de
proteção ambiental.
c) Floresta Nacional
„
São áreas extensas com cobertura florestal de espécies,
predominantemente, nativas que ofereçam condições
para a produção sustentável de madeira e de outros
produtos florestais, proteção de recursos hídricos, manejo
de fauna silvestre e recreação ao ar livre. A característica
fundamental é o uso múltiplo dos recursos.
„
O acesso ao público é permitido, subordinados aos
objetivos de manejo e de acordo com cada situação,
conforme estabelecido no Plano de Manejo.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
d) Reserva Extrativista
„
São áreas naturais ou pouco alteradas, ocupadas por
grupos sociais que tenham como fonte de sobrevivência
a coleta de produtos da flora nativa e que a realizem
segundo formas tradicionais de atividade econômica
puramente extrativista e de acordo com plano de manejos
previamente estabelecidos. A característica fundamental
desta categoria é facultar, através do uso sustentado, a
manutenção de populações que vivam do extrativismo,
compatibilizando-a com a conservação de extensas áreas
naturais.
„
Além da extração de produtos nativos, notadamente,
látex, resinas e frutos, somente serão toleradas atividades
de subsistência, para o que são permitidas alterações
antrópicas em até 5% da área, sendo proibida a extração
comercial de madeira.
„
É permitido o turismo educativo, para mostrar como a
atividade extrativista se harmoniza com o ambiente e
com a riqueza de produtos, que podem ser obtidos da
natureza.
Atrativos ecoturísticos da natureza
Atrativos ecológicos e paisagísticos existem em
toda parte e não somente em área protegida por lei,
até porque estas procuram preservar e representar
apenas uma amostra dos diferentes ambientes
naturais e de seus ecossistemas. Por outro lado,
isto não quer dizer que as áreas com tais atributos
e que não se encontram legalmente protegidas, ou
que não pertençam a um Sistema de Unidades de
Conservação, devam ser exploradas inadequadamente e de forma
destrutiva.
Para Pires (1996, p.35), “uma das alternativas economicamente
mais promissoras, ecologicamente mais saudáveis e socialmente
mais desejáveis para a utilização de boa parte dessas áreas, é a sua
destinação para o turismo ecológico.”
172
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Teoria Geral do Turismo
Existem inúmeros lugares que abrigam atrativos com um
potencial latente para o ecoturismo e que pertencem, geralmente,
a proprietários particulares, a posseiros ou ainda se encontram
em terras devolutas do Estado.
Podem ser citadas como atrativos paisagísticos e ecológicos que se
enquadram perfeitamente nesta condição, os seguintes:
TIPOS DE ATRATIVOS
CARACTERÍSTICAS
a) Morros, montanhas.
A altura de determinados morros e montanhas se constitui
num forte apelo para a prática do montanhismo, para a
observação panorâmica da paisagem, para a observação da
vegetação natural exclusiva destas áreas e para a prática de
saltos de vôo livre entre outros.
b) Cavernas.
Foram formadas ao longo de milhares de anos pela ação
das águas sobre as fraturas de rochas que com o desgaste
contínuo, provocaram a abertura de espaços e canais de
diversas dimensões no seu interior. As cavernas contêm
galerias e salões em cujo interior cursos d’água formam uma
complexa drenagem subterrânea. Dependendo do estágio de
desenvolvimento das cavernas, formam-se as estalagmites e
as estalactites de grande efeito ornamental. A ausência de luz
faz com que os animais ali existentes apresentem formas de
vida totalmente exclusivas, como a falta de pigmentação, a
ausência de visão ou visão atrofiada, longas antenas e patas.
c) Cachoeiras e saltos.
Constituem-se sempre em uma grande atração pela
movimentação que acrescentam à paisagem, pelo seu
potencial de aproveitamento recreativo em banhos e
mergulhos.
d) Lagos e lagoas.
A água presente nesses locais, juntamente com as formas
vegetais naturais que se desenvolvem junto às margens,
acrescentam qualidade visual à paisagem. Esses ambientes
proporcionam condições para a prática de pesca esportiva e de
passeios e esportes náuticos de baixo impacto.
e) Praias.
Desfruta-se do contato saudável com o sol e o mar e
também se descobrem aspectos da natureza, exclusivos
desses ambientes e cada vez mais raros, como a vegetação
pioneira da areia e das dunas, com sua característica única
de adaptação ecológica, ou a vegetação de restinga, com
espécies de bromélias.
Continua
Unidade 5
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173
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Universidade do Sul de Santa Catarina
TIPOS DE ATRATIVOS
CARACTERÍSTICAS
f) Dunas.
Constituídas pela areia que, com a ação dos ventos vão
formando montes sucessivos e podem atingir dimensões
surpreendentes. Ao se formarem junto às praias, e à medida
que vão se estabilizando com o auxílio da vegetação pioneira,
que consegue se adaptar às condições ecológicas adversas, se
instalam sobre as dunas, passando a oferecer uma verdadeira
proteção natural contra os ventos e a erosão, fato este de
grande importância para a proteção das áreas mais para
o interior do continente. A vegetação pioneira das dunas,
embora resistente ao sol, à salinidade e à extrema aridez
da areia, é frágil e não resiste quando pisoteada, devendo,
portanto, ser protegida. Além desta importante função
ecológica, as dunas também proporcionam o isolamento de
muitos recantos praianos, aspecto de grande apelo estético e
emocional para os viajantes.
g) Ilhas.
Em função do seu isolamento geográfico, impõe
características muitas vezes singulares à fauna e à vegetação,
adaptadas às condições especiais de vida existente nestes
locais. As ilhas oceânicas se encontram mais distantes do
continente e, geralmente, são topos emersos na superfície do
mar de grandes montanhas submarinas. É o caso das ilhas de
Fernando de Noronha e Trindade. As ilhas mais próximas ao
litoral são partes do continente que se separam deste devido
à elevação do nível do mar. As ilhas abrigam espécies de aves
migratórias e da fauna aquática, que ali encontra a proteção
adequada para a sua alimentação e reprodução. Além da
oportunidade de presenciar todos esses aspectos, as pessoas
podem desfrutar de banhos e mergulhos de contemplação
sub-aquáticos.
h) Baías.
São áreas formadas por planícies baixas onde o mar adentra
para o continente e, ao mesmo tempo, estuários receptores
dos rios que nelas deságuam sua água doce. Em razão disso,
formam um ecossistema exclusivo para o desenvolvimento da
vegetação mangue e de uma fauna que faz desse ambiente o
seu único habitat para a procriação e alimentação, gerando a
cadeia alimentar de grande parte da vida marinha. As baías
são ecossistemas frágeis e em muitas partes do mundo,
inclusive no Brasil, já sofreram o processo de urbanização com
a conseqüente descaracterização de sua naturalidade. Em
regiões litorâneas onde ainda existem baías com alto nível
de preservação e naturalidade, pode ser planejado o turismo
ecológico voltado para a contemplação e conhecimento da
fauna e da flora típicas, para a pesca esportiva e para o contato
cultural com as populações ribeirinhas.
Continua
174
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Teoria Geral do Turismo
TIPOS DE ATRATIVOS
CARACTERÍSTICAS
i) Rios e ribeirões.
Oferecem oportunidades para a navegação ou caminhadas de
observação da natureza, onde os cursos d’água representam
um elo de ligação entre os diferentes ambientes e ecossistemas que ocorrem desde a sua nascente até a desembocadura
em outro rio, lagoa ou mar. Nos grandes rios do centro-oeste e
norte do Brasil se formam bancos de areia nas suas margens.
j) Sítios arqueológicos
São colônias remanescentes de antigas culturas humanas
que ainda preservam em grande parte suas características
originais, manifestadas no folclore, nas atividades agrícolas de
subsistência.
k) Florestas naturais.
Nas suas diferentes formações podem ser percorridas por
trilhas ou por cursos d’água, em grupos monitorados por guias
capacitados. Nas florestas naturais há um contato direto com a
diversidade e riqueza de sua flora e fauna e a oportunidade de
observar aspectos do equilíbrio ecológico do ambiente, através
das associações de mútua dependência entre plantas, animais,
solo e clima.
Quadro 5.2: tipos de atrativos paisagísticos e ecológicos que permitem o ecoturismo
Fonte: Adaptado de PIRES (1997).
Esses e outros atrativos quase sempre não ocorrem isolados da
forma como foram relacionados, e sim compondo ambientes e
ecossistemas com variados graus de complexidade e diversidade
paisagística e ecológica. Muitos deles estão presentes nas próprias
unidades de conservação e constituem a razão principal de sua
criação.
Os proprietários ou ocupantes das terras onde ocorrem
tais atrativos, juntamente com os agentes promotores do
turismo na região, podem e devem explorá-los turisticamente
com perspectivas de amplas vantagens para ambos e,
conseqüentemente, para a economia da região.
Tal iniciativa, entretanto, deve ser aprovada pelos órgãos
governamentais responsáveis pela gestão ambiental e
turística, a fim de que se garanta a aplicação dos princípios do
desenvolvimento conservacionista pelo uso turístico sustentado
dos recursos naturais.
Unidade 5
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175
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Áreas naturais protegidas (unidades de conservação)
São áreas que, por possuírem importantes recursos naturais
ou culturais, devem ser mantidas na forma silvestre e
adequadamente manejadas. De uma maneira geral são terrenos
não utilizados para fins urbanos, agropecuários ou industriais,
podendo ser florestas, mangues, montanhas, campos, desertos ou
pântanos, que trazem mais benefícios se forem conservados no
estado em que se encontram.
Segundo o IBAMA apud PIRES (1996, p.19), “unidades de
conservação são porções do território nacional, incluindo as águas
territoriais, com características naturais de relevante valor, de
domínio público ou propriedade privada, legalmente instituídas
pelo poder público, com objetivos e limites definidos, sob regime
especiais de administração e às quais se aplicam as garantias de
proteção.”
Impactos positivos e negativos do ecoturismo em unidades de conservação
De acordo com Serrano (apud ANSARAH 2001, p. 217-218), os
impactos positivos são:
a) sustentação econômica da unidade de conservação;
b) integração da unidade de conservação com as populações
locais;
c) circulação de informações sobre o meio ambiente;
d) aumento da oferta de atividade de lazer e recreação;
e) ampliação da capacidade de fiscalização;
f) controle sobre grupos organizados;
g) divulgação da unidade de conservação.
Veja, agora, segundo o mesmos autor os impactos negativos:
„
pisoteamento, compactação, erosão e abertura de atalhos
em trilhas;
„
depredação da infra-estrutura e de atrativos e elementos
naturais;
176
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13/4/2007 17:18:14
Teoria Geral do Turismo
„
Estresse e desaparecimento da fauna em razão da
presença humana (provocados por barulho, cheiro e cores
estranhos ao ambiente);
„
aumento e/ou deposição inadequada do lixo;
„
necessidade de “sacrifício” de áreas para a instalação de
infra-estrutura;
„
aumento do risco de incêndios.
Esta seção abordou a inter-relação existente entre a atividade
turística e o meio ambiente. Você conseguiu ter uma visão
abrangente sobre o conteúdo?
Na próxima seção, você terá a oportunidade de estudar as
dimensão do turismo sustentável a partir dos seus conceitos.
Com o estudo do próximo tópico, você verá o quão complexo
é atingir um grau considerado razoável de sustentabilidade,
para as comunidades ou núcleos receptores de turismo, face aos
diversos “atores” envolvidos no processo. Em outras palavras, a
sustentabilidade depende da ação adequada e de uma postura
correta e ética dos diversos setores e agentes que compõem o
“cenário” turístico. Vamos a eles, então?
SEÇÃO 2 − Turismo e desenvolvimento sustentável
A indústria do turismo, como
pudemos verificar em unidades e
seções anteriores, está fragmentada em
subsetores, como hotelaria, transporte,
serviços de alimentação, entre outros,
e é extremamente competitiva em
escala nacional e internacional.
O setor turístico, marcado por um
grande dinamismo e como eixo
importante da economia de muitos
países, gera lucros importantes na economia. Apesar disso, é um
setor que não administra a maioria dos produtos e atividades
que vende. Em lugar disso, os gestores turísticos transportam
Unidade 5
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177
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Universidade do Sul de Santa Catarina
os indivíduos para que conheçam os traços naturais, as atrações
culturais, as atividades econômicas e os estilos de vida dos povos
de todo o mundo.
Ou seja, ao contrário de outras empresas, o turismo leva os
consumidores ao produto e não o produto aos consumidores.
Esta unidade tem por base a obra:
OMT. Introdução ao Turismo. São
Paulo: Roca, 2001.
Isso faz do turismo uma indústria particularmente
frágil, vulnerável às mudanças do entorno natural,
cultural e econômico, assim como a qualquer variação
e incidente que aconteça nos limites de uma região.
Por exemplo: a poluição de uma praia ou um ato
criminal de grande cobertura jornalística podem ter
conseqüências devastadoras sobre o próprio local.
Apenas recentemente, foi reconhecido que o turismo se
desenvolve em lugares que têm limites próprios. Com freqüência
foram sendo descobertos os limites de um desenvolvimento
turístico quando a indústria turística sofreu prejuízos muito
graves ou irreversíveis, pela ação dos gestores turísticos e/ou dos
próprios turistas.
Mais recentemente, os turistas têm devastado a
vegetação dos campos mais acessíveis das Montanhas
Rochosas, no Canadá, como conseqüência dos efeitos
cumulativos de suas caminhadas sobre as espécies
vegetais, de grande fragilidade, sendo a paisagem
vítima de sua própria beleza.
Outro exemplo refere-se aos centros turísticos de
praia: é o território compreendido entre os Grandes
Lagos e o Mar Negro, onde a poluição produzida pela
população, com os detritos não tratados procedentes
das cidades vizinhas, tem feito com que suas águas
sejam incertas para a natação e a pesca, além de
serem impróprias para o consumo.
Mas a indústria do turismo não só é vulnerável às mudanças do
meio ambiente natural, como também às do entorno cultural.
178
teoria_greal_turismo.indb 178
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Teoria Geral do Turismo
A atividade turística está sujeita às inter-relações entre os
habitantes locais e os próprios turistas, com interação nos dois
sentidos, conforme pudemos ver na unidade 2, seção 3. Muitas
vezes, essas inter-relações, são confl itantes e conturbadas.
Se levarmos em consideração esse pequeno cenário descrito, surge
naturalmente uma questão crucial: é possível chegar ao crescimento
da atividade turística, em que sejam potenciados os efeitos positivos
do próprio negócio turístico, sem que os efeitos negativos produzam
deterioração irreversível?
Em resposta a essa pergunta, se desenvolveu uma teoria
amplamente aceita, sobre o crescimento turístico sustentável
entendido como uma necessidade para qualquer destino turístico.
Turismo sustentável
O ponto de partida do conceito de turismo sustentável está
dentro das teorias referidas ao desenvolvimento sem degradação
nem esgotamento dos recursos. Podemos afirmar que é a
conservação dos recursos para que a geração presente e as futuras
possam desfrutar deles.
Nesse sentido, define-se o conceito de sustentabilidade de acordo
com Brudtland (1987), que consiste em “satisfazer as necessidades
presentes sem comprometer a possibilidade de satisfações das
gerações futuras.”
Outro conceito de desenvolvimento sustentável é
da World Conservation Union (WCU), que afirma ser
“o processo que permite o desenvolvimento sem
degradar ou esgotar os recursos que tornam possíveis
o mesmo desenvolvimento.”
O conceito de crescimento sustentável tem sido ligado,
tradicionalmente, ao conceito de meio ambiente, mas atualmente
é um conceito mais global, que inclui numerosos campos de
interação dentro do conceito de sustentabilidade, como aspectos
econômicos e sócio-culturais.
Unidade 5
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179
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Universidade do Sul de Santa Catarina
O conceito de sustentabilidade está ligado a três fatos
importantes: qualidade, continuidade e equilíbrio. De uma
maneira ou de outra o turismo sustentável é definido como
modelo de desenvolvimento econômico projetado para:
a) melhorar a qualidade de vida da população local, das
pessoas que vivem e trabalham no local turístico;
b) prover experiência de melhor qualidade para o visitante;
c) manter a qualidade do meio ambiente, da qual depende a
população local e os visitantes;
d) a efetivação de aumento dos níveis de rentabilidade
econômica da atividade turística para os residentes locais;
e) assegurar a obtenção de lucros pelos empresários
turísticos. Em suma, o negócio turístico tem de ser
rentável; caso contrário, os empresários esquecerão o
compromisso de sustentabilidade e o equilíbrio será
alterado.
Princípios do Desenvolvimento Sustentável
O desenvolvimento do turismo sustentável implica a tomada
de decisões políticas, que podem ser severas e que requerem
uma visão em longo prazo, principalmente na hora de efetivar
o processo de planejamento. O planejador local pode usar os
princípios estabelecidos no quadro a seguir, como linhas básicas
quando tentar incorporar essa visão do turismo às políticas
adotadas.
180
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Teoria Geral do Turismo
„
O planejamento do turismo e seu desenvolvimento devem
ser parte das estratégias do desenvolvimento sustentável
de uma região, estado ou nação. Esse planejamento
deve envolver a população local, o governo, as agências
de turismo, etc., para que consiga os maiores lucros
possíveis.
„
Agências, associações, grupos e indivíduos devem
seguir princípios éticos que respeitem a cultura e o meio
ambiente da área, da economia e do modo tradicional de
vida, do comportamento da comunidade e dos princípios
políticos.
„
O turismo deve ser planejado de maneira sustentável,
levando em consideração a proteção do meio ambiente.
„
O turismo deve distinguir os lucros de forma eqüitativa
entre os promotores de turismo e a população local.
„
É essencial facilitar boa informação sobre a natureza
do turismo, especialmente para os moradores do local,
dando prioridade para um desenvolvimento duradouro,
que envolve a realização de uma análise contínua e um
controle de qualidade sobre os efeitos do turismo.
„
A população deve se envolver no planejamento e no
desenvolvimento dos planos locais junto com o governo,
os empresários e outros interessados.
„
Ao se iniciar um projeto, há necessidade de se realizar
análise integrada do meio ambiente, da sociedade e da
economia, dando-s enfoques distintos aos diferentes tipos
de turismo.
„
Os planos de desenvolvimento do turismo devem
permitir que a população local se beneficie deles ou que
possa explicar as mudanças que se produzam naquela
situação.
Quadro 5.3: Princípios do desenvolvimento sustentável
Fonte: Conferência de Globo’90 Brasil, disponível em OMT. Introdução ao turismo. São Paulo: ROCA,
2001, p 246.
Unidade 5
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181
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Campos de atuação que influem no turismo sustentável
O processo de desenvolvimento turístico sustentável é a
conjunção de três fatores que se inter-relacionam de forma
dinâmica, com o objetivo de conseguir um equilíbrio final: a
sustentabilidade do sistema turístico. Esses fatores são:
a) Sustentabilidade econômica: Assegura um crescimento
turístico eficiente; o emprego e os níveis satisfatórios de
renda, junto com um controle sobre os custos e benefícios
dos recursos, que garante a continuidade para as gerações
futuras (McIntyre, 1993).
b) Sustentabilidade ecológica: Assegura que o
desenvolvimento turístico é compatível com a
manutenção dos processos biológicos.
c) Sustentabilidade sócio-cultural: Garante o
desenvolvimento turístico compatível com a cultura e os
valores das populações locais, preservando a identidade
da comunidade.
Você sabia que, diretamente ligado ao conceito
de desenvolvimento sustentável, encontra-se
o de capacidade de carga, enfatizando que os
destinos têm limites no volume e na intensidade do
desenvolvimento turístico que podem ser suportados
por uma determinada região, antes que os danos
sejam irreparáveis?
Vamos verificar, então, um conceito sobre capacidade de carga?
Capacidade de carga: O máximo uso que se pode fazer dele
sem que causem efeitos negativos sobre seus próprios recursos
biológicos, sem reduzir a satisfação dos visitantes ou sem que se
produza efeito adverso sobre a sociedade receptora, a economia
ou a cultura da área.
Nessa definição global, ficam marcados os seguintes conceitos
paralelos aos fatores de sustentabilidade já mencionados:
182
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Teoria Geral do Turismo
a) capacidade de carga ecológica, que se define como o número
máximo de visitantes que um lugar pode receber, que,
se superado, não poderá assegurar um desenvolvimento
compatível com os recursos naturais;
b) capacidade de carga social, que faz referência ao nível
máximo de atividade turística, que, se superado,
produzirá uma mudança negativa na população local;
c) capacidade de carga do turista, entendida como o nível
máximo que garante a satisfação do turista;
d) capacidade de carga econômica, que faz referência ao nível
de atividade econômica compatível com o equilíbrio
entre os benefícios econômicos que proporciona o
turismo e os impactos negativos que a atividade turística
gera sobre as economias locais (inflação, manutenção das
estruturas, etc.).
Conheça, segundo McIntyre (2001, p. 251-252), as ações dos
governos, o papel das comunidades e as funções das indústrias no
desenvolvimento de um turismo sustentável.
a) Ações que os governos devem realizar em favor do
desenvolvimento turístico sustentável
„
Trabalhar conjuntamente os empresários no
estabelecimento de políticas sustentáveis.
„
Proporcionar uma política de incentivos que favoreça o
crescimento equilibrado.
„
Elaborar um programa de avaliação de impactos sobre os
destinos turísticos.
„
Controlar sua capacidade de carga.
„
Criar auditorias de qualidade ambiental.
„
Incluir o turismo nos planos do governo.
Unidade 5
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183
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Universidade do Sul de Santa Catarina
b) Papel das comunidades locais no desenvolvimento
sustentável
„
Proporcionar interações culturais entre a comunidade
local e os visitantes.
„
Proporcionar serviços ao visitante.
„
Capacitar os produtos locais.
„
Tomar decisões sobre a elaboração de projetos.
„
Ter iniciativas com respeito às ações.
„
Participar com os custos dos projetos.
„
Proteger as normas culturais
c) O que deve fazer a indústria turística?
„
Eliminar o uso de agrotóxicos.
„
Desenvolver o uso equilibrado do solo, da água e da
mata.
„
Tratar dos resíduos sólidos e líquidos.
„
Adotar técnicas eficientes de energia.
„
Realizar práticas de marketing verde.
„
Minimizar riscos de intoxicações.
„
Proporcionar um guia ou informações aos turistas, com
a finalidade de orientá-los para um comportamento
responsável.
„
Incorporar valores meio ambientais nos processos de
decisão empresarial.
„
Gerar auditorias meio ambientais próprias.
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Teoria Geral do Turismo
d) O que podem fazer os turistas?
„
Escolher destinos com responsabilidade ambiental.
„
Integrar-se nas comunidades receptoras.
„
Não perturbar as populações nativas.
„
Realizar suas atividades com pouco impacto.
„
Apoiar as atividades de conservação do meio ambiente.
e) O que podem fazer as Ongs?
„
Participar dos comitês de controle meio ambiental.
„
Criar ações de apoio ao desenvolvimento sustentável.
„
Contribuir para os planos de educação sobre a
importância do turismo sustentável.
„
Controlar os impactos nas comunidades locais.
Portanto, uma maneira de assegurar que os desenvolvimentos
turísticos sejam controlados é mediante a participação de todos
os agentes envolvidos no processo de desenvolvimento sustentável
dos destinos, formando parcerias, orientadas para a execução dos
objetivos planejados.
Benefícios do desenvolvimento do turismo sustentável
A maioria dos locais turísticos, na atualidade, dependem de
ambiente limpo, meio ambiente protegido
e cultura específica. Os locais que não
oferecem esses atributos verificam uma
baixa na qualidade e no uso do turismo.
Em qualquer tipo de desenvolvimento,
torna-se essencial manter o sentido
histórico, cultural e de identidade da
população do local em que esse se produz.
Unidade 5
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185
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Efetivamente, em desenvolvimento turístico isso pode ser
conseguido; então vejamos:
„
o turismo sustentável incentiva o entendimento entre os
impactos do desenvolvimento turístico na natureza, na
cultura e no comportamento humano;
„
o turismo sustentável assegura a distribuição mais justa
dos custos e dos benefícios;
„
o turismo gera emprego local tanto no setor de turismo
como em outros setores;
„
o turismo estimula indústrias domésticas (hotéis,
restaurantes, transportes, serviços de guias, etc.);
„
o turismo gera intercâmbios com o exterior e injeta
capital e dinheiro novo na economia local;
„
o turismo diversifica a economia local, particularmente
nas áreas rurais onde o emprego na agricultura é
esporádico ou insuficiente;
„
o turismo sustentável realiza a tomada de decisões
incluindo todos os segmentos da sociedade e contando
com a população local, para que tanto a indústria
turística como os demais usuários dos recursos
possam coexistir. Assim, incorpora o planejamento
e a regionalização que asseguram a boa relação entre
o desenvolvimento do turismo e a capacidade do
ecossistema;
„
o turismo estimula melhorias nos transportes locais, as
comunicações e outras infra-estruturas básicas;
„
o turismo cria regiões de lazer que podem ser utilizadas
pela população local e pelos turistas. Também incentiva
e ajuda economicamente a preservação de sítios
arqueológicos, assim como edifícios e bairros históricos;
„
o turismo rural incentiva o uso produtivo de terras
improdutivas para a agricultura.
„
o turismo cultural proporciona à população local maior
entendimento de outras culturas;
„
o turismo sustentável demonstra a importância dos
recursos naturais e culturais.
186
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13/4/2007 17:18:16
Teoria Geral do Turismo
Dessa forma fica registrado de forma patente e inequívoca a
importância que o desenvolvimento sustentável da atividade
turística pode vir a proporcionar para os núcleos receptivos de
turismo.
A próxima seção, vai tratar especificamente da tipologia do
turismo. Isso quer dizer que você terá a oportunidade de se
familiarizar com os principais “tipos” de turismo que a nossa
literatura atual registra.
Uma boa leitura e boa continuação dos seus estudos!
SEÇÃO 3 − Tipologia turística
Os principais tipos de turismo, que podemos encontrar
facilmente nos livros e na literatura sobre turismo, atualmente
disponíveis, são os que nós relacionamos abaixo e que certamente
serão de interesse específico, pois apresentam uma diversidade
enorme e alguns são bastante curiosos.
„
Turismo hidrotermal ou de termas
Refere-se ao deslocamento de turistas a núcleos
receptores cujo principal produto turístico é constituído
pela qualidade terapêutica do clima, das águas e/ou das
termas.
„
Turismo cultural
Refere-se à afluência de turistas a núcleos receptores que
oferecem como produto essencial o legado histórico do
homem em distintas épocas, representado a partir do
patrimônio e do acervo cultural, encontrado nas ruínas,
nos monumentos, nos museus e nas obras de arte.
„
Turismo religioso
Refere-se ao grande deslocamento de
peregrinos, portanto turistas potenciais,
que se destinam a centros religiosos,
motivados pela fé em distintas crenças.
Esses peregrinos assumem um
Unidade 5
teoria_greal_turismo.indb 187
Elaborado pelo Prof Victor
Ferreira a partir das obras
Análise Estrutural do
Turismo – Mário Carlos
Beni; Turismo e Desenvolvimento – Antônio Pereira
de Oliveira e Dicionário
Enciclopédico de Ecologia
& Turismo – Américo
Pellegrini Filho.
187
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Universidade do Sul de Santa Catarina
comportamento de consumo turístico, pois utilizam
equipamentos e serviços com uma estrutura de gastos
semelhantes à dos turistas convencionais.
„
Turismo desportivo
Neste caso, o principal produto turístico é o esporte.
Refere-se à demanda específica de turistas que,
aficionados pelas distintas modalidades de esportes,
afluem a núcleos esportivos tradicionais, com calendário
fi xo de eventos, ou a núcleos que, eventualmente, sejam
sede de olimpíadas, competições e torneios.
„
Turismo folclórico e artesanal
Refere-se à demanda específica por áreas receptoras
em que se realizam periódicas festividades de cultura
popular, com eventos tipicamente folclóricos, combinados
com exposições e feiras de produtos artesanais.
(Tipologia citada apenas por Beni, ano 2001).
„
Turismo científico
Refere-se ao deslocamento de turistas potenciais que se
dirigem a grandes centros universitários com manifesta
atuação no setor de pesquisa e desenvolvimento.
„
Turismo empresarial ou de negócios
Refere-se ao deslocamento de executivos e homens de
negócios, portanto turistas potenciais, que afluem aos
centros empresariais a fim de efetuarem transações
e atividades profissionais, comerciais e industriais,
empregando seu tempo livre no consumo de recreação e
gastronomia típica, além da utilização da infra-estrutura
de hospedagem local.
„
Turismo de eventos
Refere-se às realizações constantes de calendários de
eventos fi xos, como feiras, exposições, festas regionais
e nacionais, já consolidadas, como Fenasoft, UD, Festa
do Peão de Boiadeiro, Oktoberfest, Bienal do Livro, entre
outros.
Podem ocorrer eventos em nível regional, gerando
competitividade entre municípios e organizações que se
situem dentro da mesma área de atuação, como Festa das
Flores (Holambra – SP), Feiras de Móveis, entre outros.
Ainda ocorrem eventos, em diversos níveis, que
188
teoria_greal_turismo.indb 188
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Teoria Geral do Turismo
acontecem de acordo com as oportunidades
do mercado, como moda, decoração, hotelaria,
entre outros.
Existem também os eventos monotemáticos,
que são dirigidos a subsegmentos do mercado,
como o Festival de Cinema de Gramado,
dirigido ao meio artístico.
„
Turismo de incentivos
Refere-se a viagens programadas oferecidas
como prêmios e recompensas a colaboradores de grandes
empresas, por merecimentos obtidos em seu desempenho
profissional, tais como, superação de metas de trabalho,
índices de produtividade, entre outros.
„
Turismo da terceira idade ou melhor idade
Refere-se ao fluxo turístico que tem como principais
características a não sazonalidade (dispõe de mais
tempo livre e são avessos a grandes aglomerações)
e a necessidade de optar por destinos que ofereçam
equipamentos/serviços adaptados às condições de saúde
desses turistas.
„
Turismo de mega eventos
Refere-se aos grandes eventos culturais, desportivos e
religiosos que, por suas características internacionais,
catalisam a atenção nacional e maciço fluxo turístico
como as Olimpíadas, Copa do Mundo, Jogos PanAmericanos, Fórmula 1, Prêmio Oscar, entre outros.
(Tipolologia citada por Beni, ano 2001)
„
Turismo urbano
Refere-se aos passeios que os turistas fazem na oferta
diferencial urbana das grandes cidades. Enquanto
essa oferta diferencial é lazer urbano para os
moradores locais, uma vez que os mesmos
não efetuam viagens para utilizá-los, para
os turistas são atrativos turísticos de caráter
sócio-cultural, como o bairro da Liberdade em
São Paulo ou o Chinatown em São Francisco.
Podem ser incluídos também os shoppings, as
ruas onde se pode encontrar grande variedade
de comércio, casas noturnas etc. (Tipolologia
citada por Beni, ano 2001).
Unidade 5
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Universidade do Sul de Santa Catarina
„
Turismo educacional
Refere-se à organização de viagens culturais com
acompanhamento de professores da própria instituição
de ensino, com programa de aulas e visitas a pontos
históricos ou de interesse para o desenvolvimento
educacional dos estudantes.
Encontra-se também nessa modalidade o chamado
turismo de intercâmbio, pelo qual os jovens buscam
cursos no exterior a fim de aprender um novo idioma e
vivenciar uma cultura diferente.
„
Turismo de saúde
Já foi classificado como turismo termal, mas atualmente
foi diferenciado para caracterizar o deslocamento de
pessoas com fins terápicos específicos e/ou alternativos
voltados à estética, fisioterapia ou à terapia do sistema
nervoso, desenvolvidos em spas e fitness centers.
„
Turismo esotérico ou esoturismo
Refere-se a grupos de pessoas que se deslocam para
visitar cidades ou lugares egrégoras (concentração de
energia), como Machu Pichu no Peru e São Tomé das
Letras, em Minas Gerais. (Tipolologia citada por Beni,
ano 2001)
„
Turismo de recreação e entretenimento
Refere-se ao deslocamento de grande contingente de
pessoas em roteiros não programados, num raio nunca
superior a 100 km de suas residências, portanto no
entorno de centros urbanos, em busca de atividades
de lazer, como pesca (pesque-pague), rodeios, parques
temáticos (Beto Carrero World).
„
Turismo rural
Refere-se ao deslocamento de pessoas a espaços rurais,
em roteiros programados ou espontâneos, com ou
sem pernoite para a fruição dos cenários e instalações
rurículas, ou seja, o turista se desloca para vivenciar
o lazer e a recreação no campo, em propriedades não
produtivas que possuem amplas instalações receptivas,
adaptadas para a atividade turística, que, por sua vez,
passa a constituir o principal meio de sobrevivência da
propriedade. Aqui são inseridas colônias/acampamentos
de férias, hotéis-fazenda, entre outros.
190
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Teoria Geral do Turismo
„
Agroturismo
Refere-se ao deslocamento de pessoas a espaços rurais,
em roteiros programados ou espontâneos, com ou sem
pernoite para a fruição dos cenários e observação,
vivência e participação nas atividades agropastoris.
Destacam-se dois aspectos que distinguem esse segmento
do turismo rural: a produção agropastoril, que é o
principal rendimento da propriedade, e o
turismo, que é a receita complementar; e por
isso mesmo a atividade turística obedece a
parâmetros de ocupação conforme a capacidade
de suporte das atividades produtivas da
propriedade.
„
Turismo hedonista
Fruição da viagem pelo prazer de viajar. Os
turistas que praticam este tipo de turismo
vivenciam todas as expressões dos ambientes
e das culturas visitadas, com um grau de
liberdade bastante flexível, principalmente
no que se refere ao tempo disponível e à utilização dos
equipamentos.
„
Turismo cívico institucional
Praticado pelos visitantes em instalações de monumentos
pátrios e órgãos governamentais, como verificado em
Brasília/DF e Washington/USA. (Tipolologia citada por
Beni, ano 2001)
„
Turismo de compras
Refere-se às viagens destinadas a refazerem estoques
de comerciantes estabelecidos e/ou a manterem um
microcomércio informal. Exemplos são as viagens ao
Paraguai e a cidade de São Paulo.
„
Turismo de cruzeiros marítimos
Antigamente era praticado apenas na Grécia com seu
tradicional “Cruzeiro pelas Ilhas Gregas” e restrito às
classes mais ricas da sociedade mundial. Atualmente
há um “boom” nesse segmento da atividade turística
devido aos altos investimentos em navios, efetuados
pelas empresas do setor, e os investimentos em infraestrutura portuária, efetuados por alguns governos.
Unidade 5
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191
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Além da locomoção por locais de natureza exuberantes,
as viagens de navios proporcionam aos turistas diversos
equipamentos de entretenimento e lazer, como lojas,
piscinas, pistas de cooper, spas, salões para shows,
biblioteca, boates, restaurantes e cafés, centros de
eventos, entre outros.
„
Turismo étnico e nostálgico
Praticado por pessoas que visitam seus próprios lugares
de origem ou de seus antepassados.
„
Turismo gltbs (gays, lésbicas, trans-sexuais, bissexuais
e simpatizantes)
Segmento em rápido crescimento mundial, em que
os prestadores de serviços da atividade turística têm
se estruturado para atender esse público, formado por
gays, lésbicas e simpatizantes; é de máxima excelência
na qualidade da prestação de serviços, uma vez que as
principais características desse público são: exigência
máxima nos serviços prestados e gastos médios muito
superiores aos dos turistas tradicionais.
„
Turismo para singles
Segmento relativamente novo no mercado, caracterizado
inicialmente pelas pessoas solteiras que não possuem
companhia para viajar. Atualmente, também estão
buscando esta alternativa aquelas pessoas que não
possuem companhia para o período de férias,
independentemente do estado civil. Além de buscar
novas amizades (ou romances), o turista que busca este
tipo de viagem procura também baratear seu custo.
Assim, no que se refere à tipologia turística, ou “tipos” de
turismo, essa é a relação dos principais, que são classificados e
utilizados por diversos autores. Faz-se necessário lembrar que,
praticamente numa base diária, as pessoas comuns e que não
estão familiarizadas com a atividade turística, poderão “criar”
novas tipologias que se ajustem às suas realidade. Devemos
ter muitos cuidados com essa “desenfreada” mania de rotular
qualquer atividade como sendo turística!
A próxima seção ilustra o turismo na atualidade, sendo que se
dará ênfase especial ao turismo em termos de Brasil.
192
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Teoria Geral do Turismo
SEÇÃO 4 - O turismo na atualidade
Os especialistas afirmam que o turismo é o setor que apresenta
maior expansão no mundo dos negócios, porém divergem
entre si sobre a taxa de crescimento e quando ele
ocorrerá. O futuro apresenta inúmeras oportunidades,
mas também muitos desafios. Algumas áreas,
certamente, crescerão no mercado turístico e outras,
provavelmente, entrarão em declínio.
De uma forma geral o turismo começou a se desenvolver
de maneira menos empírica e mais profissional no Brasil
depois dos anos 1970. Antes disso, o único pólo brasileiro
de turismo conhecido no exterior era a cidade do Rio de Janeiro,
que possuía uma infra-estrutura razoável e recebia significativo
número de turistas.
Portanto, até recentemente, em nosso país, a participação no
turismo internacional e mesmo nacional estava restrita a uma
elite que dispunha de tempo e dinheiro para fazer viagens.
Atualmente a realidade é outra, pois se constata que um número
significativo de pessoas de outras classes têm conseguido realizar
suas viagens com maior freqüência. Pesquisas demonstram que
a ampliação do costume de viajar é resultado da socialização do
turismo, ocorrido não só no Brasil, mas também em quase todo
o mundo, onde os centros turísticos, as companhias aéreas e os
prestadores de serviços oferecem tarifas acessíveis a uma grande
parcela da população.
Este fato é estimulado pela concorrência acirrada, que domina os
mencionados setores e também os destinos turísticos.
Unidade 5
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Você sabia?
Que na atualidade, o turismo é uma das principais
atividades econômicas geradoras de renda e
emprego? Segundo Naisbitt (1994, p. 115), “para
muitos países ele é, de longe, a maior fonte de renda
e o setor mais forte no financiamento da economia
nacional.”
Que dados recentes afirmam que o turismo pode ser
considerado uma das mais importantes atividades
econômicas do mundo, sendo responsável por 195
milhões de empregos, número que deverá aumentar
para 251,9 milhões até o ano 2010? (OMT, 2000)
Portanto, podemos afirmar que essas cifras não são só o resultado
exclusivo do aumento da oferta de destinos e oportunidades, mas
também o resultado da valorização do turismo, enquanto prática
social efetiva e aspiração do indivíduo contemporâneo, agora não
mais exclusivo de camadas privilegiadas da população.
Infelizmente nosso país ainda não tem uma participação efetiva
nas cifras indicadas, uma vez que as pesquisas, realizadas a partir
de 1996, demonstram que o Brasil detém somente 0,05% deste
mercado, além de uma posição inferior na recepção de turistas
estrangeiros.
Na verdade, há duas décadas, o turismo começou a se expandir
e a se desenvolver no país como atividade econômica de fato.
Anteriormente, ele era limitado a algumas localidades que
dispunham de infra-estrutura bem dimensionada e potencial
de atratividade, o que lhes conferia renome em outras partes do
mundo, atraindo um número considerável de turistas que aqui
vinham para passar suas férias. É o caso das cidades do Rio de
Janeiro, São Paulo e poucas cidades no sul do país, como Foz do
Iguaçu e Florianópolis; as últimas em razão da proximidade das
fronteiras com a Argentina e Paraguai.
Por volta de 1995, de acordo com a nova mentalidade, o próprio
presidente da EMBRATUR declarou num de seus discursos que
o tempo de centralização em duas ou três destinações turísticas
já tinha passado e que quanto mais desconcentrado for o turismo,
menor é o risco de a exploração provocar danos ao meio ambiente
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Teoria Geral do Turismo
e maior será sua contribuição na geração de renda e emprego.
Após seu pronunciamento, diversos esforços foram empreendidos
no sentido de promover a valorização do turismo em nosso país,
tanto pelos órgãos federais como pelos estaduais.
Nesses últimos anos, a importância dada ao turismo
pelos governantes é justificável, não só pela
necessidade de regulamentar e reorganizar o que
já vem sendo explorado de forma predatória, mas
também pela capacidade que essa atividade tem de
gerar recursos financeiros.
Considerado o detentor de uma das maiores biodiversidades do
planeta, o Brasil tem como vocação o turismo voltado à natureza
e, no entanto, as estatísticas indicam que o país responde apenas
por 0,03% do mercado do ecoturismo mundial, que representa
10% das viagens em todo o mundo.
Disponível em: <http://
www.jornaldocommercio.
com.br/especial/
aniversario175/site_175/
turismo.htm>.
Faz-se necessário lembrar que os fluxos migratórios em função
do turismo nacional só serão efetivados perante uma situação
política favorável.
O turismo no Brasil vem crescendo consistentemente. Segundo
dados da EMBRATUR, o cenário otimista que se desenhava
para o ano 2002, com expectativa do aumento do fluxo de
turistas estrangeiros, foi frustrado diante dos acontecimentos de
11 de setembro de 2001, que desencadearam uma crise mundial
sem precedentes nas companhias aéreas e operadoras de viagem.
Esse quadro foi agravado pela crise econômica da Argentina,
importante pólo emissivo para o Brasil.
Disponível em: <http://
www.embratur.gov.br>.
No tocante ao turismo interno, as dificuldades da economia
brasileira impediram um crescimento mais expressivo das viagens
domésticas, embora estas tenham evoluído em relação aos anos
anteriores, pois a alta do dólar fez com que muitos brasileiros
trocassem destinos no exterior por destinos no Brasil.
Unidade 5
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Uma coisa é certa: para obter um turismo de
qualidade o Brasil precisa mudar sua imagem no
exterior, pois uma das principais razões responsáveis
pela diminuição do número de turistas estrangeiros
no Brasil é sua má fama com as crises na segurança
pública, as histórias de corrupção, a violência nas
principais capitais, o conhecido “Turismo Sexual”,
entre outros motivos.
Todos nós sabemos que o Brasil tem um imenso potencial
turístico e que, se o mesmo for adequadamente planejado e
voltado para uma gestão de qualidade, é possível incrementar
essa atividade de tal maneira que não se precise constatar, pelos
meios de comunicação, por exemplo, que muitos brasileiros estão
passando fome! Precisamos, sim, é encarar a nova realidade do
turismo, com profissionalização contínua e investimentos em
infra-estrutura.
Realize, agora as atividade de auto-avaliação, faça a leitura
cuidadosa da síntese, registre o mais importante e consulte,
sempre que possível, as sugestões do “Saiba-mais”. Nesse item
você encontra um texto complementar que irá subsidiá-lo no
aprofundamento dos conhecimentos trados nesta unidade. Você o
encontra logo abaixo das indicações bibliográficas, nesta unidade.
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Teoria Geral do Turismo
Síntese
O estudo desta Unidade nos possibilitou conhecer os quatro
importantes componentes da atividade turística.
Na seção 1 foi possível estar em contato com o tópico sobre
turismo e meio ambiente. Vimos a conceituação de meio
ambiente e sua inter-relação com o turismo, a evolução histórica
do ecoturismo, as possibilidades do ecoturismo as áreas de
conservação e ainda nos foi possível conhecer um pouco sobre o
plano de manejo em áreas de conservação.
Já, na seção 2, você teve contato com o tópico que abordou
o turismo e o desenvolvimento sustentável. Ressaltamos que
existe uma estreita correlação entre as duas seções. O mesmo foi
conceituado, contextualizando os mais importantes princípios,
o seu campo de atuação e os benefícios que o turismo sustentável
pode gerar para um núcleo receptor de turismo, para uma
comunidade, localidade, região, estado ou mesmo país. Você
conheceu também as ações dos diversos “atores” do “cenário”
turístico.
A seção 3, que tratou especificamente da tipologia do turismo,
pudemos ter a oportunidade de conhecer 25 diferentes tipologias,
que são as mais importantes e consideradas pelos diversos autores
e especialistas da área. Algumas são mais freqüentes, ou seja, são
de melhor percepção e de maior ocorrência, para alguns. Outras
são mais complexas e de menor ocorrência. Contudo, destacamos
que todas são importantes.
Por último, a seção 4 nos apresentou uma síntese, cujo foco foi o
turismo brasileiro, acerca da sua ocorrência na atualidade. Nessa
seção, pudemos notar que muito ainda tem que ser feito em
termos de adequação de infra-estrutura, melhorias na divulgação
e comercialização dos produtos, no treinamento da mão-deobra, na sensibilização e conscientização sobre a importância
da preservação ambiental, entre outros tantos aspectos, para
que possamos, quiçá, em curto espaço de tempo, podermos
Unidade 5
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Universidade do Sul de Santa Catarina
afirmar que a atividade turística caminha para um modelo de
sustentabilidade. Não esqueçamos que o turismo só é bom para o
turista quando ele é bom para a população de um núcleo receptor.
Atividades de auto-avaliação
Com base na leitura desta unidade, realize na seqüência as atividades
propostas.
1) A inter relação entre o turismo e o meio ambiente é incontestável,
uma vez que este último constitui-se a “matéria prima” da atividade. O
conteúdo desta frase é verdadeiro? Porque?
2) Cite e explique de forma resumida, quantas e quais foram, as fases de
relacionamento do turismo com o meio ambiente.
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Teoria Geral do Turismo
3) Explique o que é meio ambiente.
Saiba mais
Para conhecer mais detalhes acerca dos conteúdos desta unidade,
sugerimos algumas obras para pesquisa:
a) Na área de Turismo e Meio Ambiente:
BARRETO, Margarita. Turismo e legado: as possibilidades do
planejamento. Campinas: Papirus, 2001.
BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo:
Senac, 2000.
PELLEGRINI FILHO, Américo. Dicionário Enciclopédico
de Ecologia & Turismo. São Paulo: Manole, 2000.
RUSCHMANN, Dóris. Turismo no Brasil: Análise e
Tendências. São Paulo: Manole, 2002.
TRIGO, Luis Gonzaga Godói. Turismo e qualidade:
tendências contemporâneas. Campinas: Papirus, 2000.
YÁZIGI, Eduardo. A alma do lugar: turismo, planejamento, e
cotidiano em litorais e montanhas. São Paulo: Contexto, 2001.
Unidade 5
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13/4/2007 17:18:18
Universidade do Sul de Santa Catarina
Conduta Consciente em Ambientes Naturais: www.mma.gov.br
b) Na área de Turismo e Desenvolvimento Sustentável:
ANDRADE, José Vicente de. Turismo: fundamentos e dimensões.
São Paulo: Ática, 1995.
BAPTISTA, Mario. Turismo: competitividade sustentável. Lisboa:
Verbo, 1997.
PELLEGRINI FILHO, Américo. Ecologia, cultura e turismo.
Campinas: Papirus, 2000.
PETROCCHI, Mario. Gestão de pólos turísticos. São Paulo:
Futura, 2001.
SWARBROOKE, John. Turismo sustentável. São Paulo: Aleph,
2000.
c) Na área de Tipologia do Turismo:
ANDRADE, José Vicente de. Turismo: fundamentos e dimensões.
São Paulo: Ática, 1995.
BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo:
Senac, 2000.
PELLEGRINI FILHO, Américo. Ecologia, cultura e turismo.
Campinas: Papirus, 2000.
d) Na área Turismo na Atualidade:
FUSTER, Luis Fernández. Introducción a la teoría y técnica del
turismo. Madrid: Alianza, 1991.
FURTADO, Laura Isabel. Introdução ao turismo no Brasil. Rio de
Janeiro: IBPI, 2000.
200
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Teoria Geral do Turismo
MOESCH, Marutschka. A produção do saber turístico. São Paulo:
Contexto, 2000.
TRIGO, Luis Gonzaga Godói. A sociedade pós-industrial e o
profissional em turismo. Campinas: Papirus, 2000.
TRIGO, Luis Gonzaga Godói. América e outras viagens.
Campinas: Papirus, 2002.
Não deixe de consultar também:
EMBRATUR: disponível em: www.embratur.gov.br
OMT: disponível em: www.world-tourism.org
Uma leitura complementar!
Como forma de corroborar com o exposto sobre o turismo na
atualidade, elegemos o artigo a seguir como ferramenta, para
que você, após cuidadosa leitura, possa parar e refletir sobre a
atividade turística como um todo e sobre as nossas, por vezes,
simples e às vezes complexas, intervenções.
Turismo no Brasil
O turismo é a maior indústria mundial na geração de
divisas, empregos e recursos. Representa 13% dos gastos dos
consumidores de todo o mundo.
Movimenta pessoas pelos mais variados motivos, para os mais
variados lugares. Alguns países perceberam o potencial do
turismo como gerador de emprego e renda. Há tendências
claras que projetam o turismo como uma das principais
atividades humanas deste século. O aumento do tempo livre,
o barateamento do transporte aéreo, a melhoria do mercado
turístico focalizada na preferência das pessoas, a melhoria nas
tecnologias de comunicação, a conversão de elementos das
localidades para produtos turísticos, a diminuição do número de
Unidade 5
teoria_greal_turismo.indb 201
Autor: Flávio de Faria
Alvim Administrador de
Empresas e Professor de
Turismo Urbanova - São
José dos Campos – SP
Maio de 2005.
201
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Universidade do Sul de Santa Catarina
pessoas nas famílias, a juvenilização dos mercados e outros tantos
fatores propulsionaram essa atividade.
O motivo das pessoas viajarem apenas foi estudado
cientificamente após a Segunda Guerra Mundial, quando o
movimento turístico começou a ganhar força econômica e a
estruturar suas dimensões atuais. Na década de 50, as pesquisas
apontavam o prestígio social (status) como a motivação principal
para as viagens turísticas, demonstrado pela distância viajada,
os cartões postais enviados e o bronzeado apresentado na volta.
Atualmente, esse fator ainda aparece na motivação pelas viagens
turísticas, porém tem sido superado pela vital fuga do cotidiano,
entendida como compensação para o dia-a-dia vazio e cansativo.
O Brasil, eternamente chamado de país do futuro, precisa fazer
acontecer. O turismo, em duas palavras, nada mais é do que
diferenças culturais. Será que existe algum lugar com maior
pluralismo de etnia, religião e cultura do que no Brasil? Será que
existe um povo mais hospitaleiro do que o brasileiro?
Que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não
mede esforços para atendê-los bem.
Temos que cultivar o autêntico, o que é local precisa ser
valorizado. Há lugares hoje que são tão turistificados, ou seja,
fabricados, que ficam sem nenhuma identidade local. Eles não
têm referência para o turismo; hoje todos os grandes hotéis se
parecem com um aeroporto, e os shoppings parecem que são os
mesmos em todos os lugares.
Reparem como o adolescente brasileiro de posses se veste
identicamente ao adolescente americano. Antes, queria-se fazer
turismo no Brasil, acreditando-se que Deus era brasileiro, que
o país era abençoado e bonito por natureza. E descobrimos
que precisávamos cuidar do saneamento básico, de estradas, do
patrimônio histórico e capacitar pessoas. Só agora o governo
começa, ainda com atraso, a encarar o turismo como produto de
exportação.
Em terras isentas de guerras, terrorismo, catástrofes e de inverno
rigoroso, litoral com mais de 8.000 km com belas praias e clima
tropical fazem do Brasil um grande destino turístico que não é
só o melhor no samba e no futebol. Somos apenas o 30º destino
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Teoria Geral do Turismo
turístico do mundo. Claro que sabemos do imenso problema de
insegurança (aliás, os privilegiados se protegem com segurança
privada, que já é muito maior que a segurança pública no Brasil),
de a educação necessitar de tempo para sentir reflexos; sabemos
que temos uma das piores distribuições de renda do mundo,
que 80% (segundo a OMT) das viagens são de curta distância e
que não temos vizinhos tão prósperos como os países da Europa
mas, não justifica termos apenas 1% do PIB representado pelo
turismo, enquanto na Argentina isso representa 11% e 10%
do PIB mundial. Temos ou não potencial para melhorar isso?
Lembram-se do repugnante preconceito que havia do Nordeste?
Diziam pejorativamente aquela cor era baiana ou aquela roupa
de paraíba. Baiano e Paraíba com orgulho, sim, senhor. O
nordeste brasileiro se apresenta com os melhores potenciais de
desenvolvimento além do seu povo maravilhoso. São 7 novos
aeroportos, novos complexos hoteleiros, 25mil metros quadrados
de patrimônio histórico restaurado, são quase U$ 6 bilhões de
dólares apenas nos últimos anos.
Quantas pessoas você já ouviu dizer que sonha morar em alguma
cidade do Nordeste? Sim, podemos transformar o Brasil!
Será que teremos um planejamento vitorioso, como foi o projeto
para Cancún ou dos parques temáticos americanos, ou até mesmo
pautado nos exemplos dos shoppings no Brasil, que não param
de multiplicar? Os pólos turísticos brasileiros mais conhecidos,
como o Rio de Janeiro e Bahia, são menos visitados que Cancún,
que vinte anos atrás nem constava no mapa.
Normalmente os planejadores não querem ouvir, e as respostas
são simples, pois é a própria comunidade local que sabe a
solução. Exemplificando, será o pescador a saber do clima, das
marés, da reprodução dos peixes por épocas do ano, etc. Nossos
serviços têm melhorado muito, mas ainda estamos aquém das
necessidades de uma boa qualificação nos sistemas receptivos e,
no Brasil, ainda pagamos as mais caras tarifas de transporte aéreo
do mundo.
Somos 170 milhões de brasileiros, mas apenas trinta milhões
fazem turismo, e ainda 80% destes só fazem em apenas
duas épocas do ano, que são nas férias escolares. Precisamos
desconcentrar o fluxo turístico.
Unidade 5
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Há muito tempo está no Congresso Nacional uma proposta
de alteração na Lei de Diretrizes Básicas de Ensino (LDB),
que propõe as férias repartidas na quais, resumidamente, os
estudantes teriam uma semana de férias por mês, o que reduziria
a sazonalidade dos destinos turísticos, além das maiores chances
de a família estar junta nas férias, de o empresário dividir o
pagamento das férias, do décimo terceiro, de o funcionário ter
também o imposto de renda descontado em parcelas.
Outro dado importante é que, apesar do crescimento, os vôos
charter equivalem a apenas 7% do total do Brasil. Na Europa,
56% do movimento aéreo é feito com vôos fretados e nos EUA
40%.
Antigamente o governo acreditava que um país forte só precisaria
de uma grande economia e de crescimento. Chegou-se a oitava
economia, mas também com a pior distribuição de renda do
mundo. Hoje existe o discernimento de que um país forte é
aquele que é desenvolvido economicamente, não é só ter um
grande PIB (Produto Interno Bruto), ele precisa ter um PIB per
capita (a riqueza distribuída na população). Aí está a justificativa
dos grandes investimentos do governo nos últimos anos na
promoção do turismo, além das condições naturais e climáticas
extremamente propícias, e a sua imensa capacidade empregadora
e distribuidora de renda fazem do turismo e das pequenas e
médias empresas o importante papel da distribuição de renda no
país.
Parece que o nosso problema é mais de gestão do que de
qualquer outra coisa. Cada vez mais o governo tem o seu poder
de influência na sociedade diminuído; o poder econômico
é quem dita as regras. Se não contribuirmos para a solução,
seremos parte do problema. Qual a nossa escolha? De que lado
ficaremos? Tender para o lado seguro e fazer negócios como de
costume ou enfrentar os desafios e buscar soluções alternativas?
Compreendendo assim, pode, sim, o turismo, com o seu enorme
potencial, ser um meio extraordinário de transformação. Muitos
só sobrevivem por causa da fuga que o turismo proporciona; é
a chave espetacular da cura e transformação do ser humano. É
notório que, enquanto está tudo tão materializado, racional e
técnico, o ser humano tem buscado a espiritualidade.
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Teoria Geral do Turismo
Como podemos contribuir? Assumindo responsabilidades
econômicas, sociais, ecológicas e ainda, lutar para implementar
o turismo sustentável em todos os níveis, promover a inclusão
social. Tudo isso parece tão distante de nossa realidade? Não!
Se cada um refletir em todas suas atitudes, teremos uma vida
melhor. Desde a abdicação da mesquinhez e rispidez na disputa
de espaço no trânsito, o papel que não jogamos mais no chão,
humanizando o “bom dia” amarelo e mecanizado com que
“saudamos” os outros, até a respeitabilidade igualitária para
com todos os seres humanos durante as 24 horas do dia, num
mundo que se interessa mais pela velocidade e pelo número
de informações do que pela qualidade ou profundidade
delas. Tenhamos fé na infindável saúde mental dos seres
humanos racionais que somos, que se permite amar e viver
harmonicamente em sociedade. Assim teremos como transformar
o mundo.
Note que existe um verdadeiro “mosaico” de opiniões, mas
que, de forma geral, pelo que pudemos estudar nesta seção, a
maioria das opiniões convergem para duas necessidades vitais,
como forma de atingirmos a plenitude da realização da atividade
turística: a conservação e a preservação do meio ambiente e a
utilização do planejamento para as ações.
Unidade 5
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teoria_greal_turismo.indb 206
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Para concluir o estudo
Caro aluno,
Ao concluirmos nossa “viagem” realizada por meio
da Teoria Geral do Turismo, espero que você tenha
aproveitado cada detalhe dessa “aventura” e se apropriado
dos conceitos mais importantes tratados na disciplina.
Espero, igualmente, que ao “andar” pelas searas do
turismo, você tenha percebido o quanto é interessante
e encantadora esta “paisagem. Porém você sabe que
esta caminhada não pára por aqui; certamente, abre as
“fronteiras” para as demais fases do curso.
Mas antes de falar sobre conteúdos e temas tratados
gostaria de perguntar, porque sei que agora você terá
condições de responder: “O que é um turismólogo?”
Como ser um bom profissional considerando o espaço, as
atividades alheias, o ambiente, as necessidades políticas e
econômicas da sociedade e as expectativas do turista?
Você viu que existem variáveis importantes a ser
consideradas, mas como disciplina introdutória foi
possível “trilhar” por diversos caminhos, principalmente
aqueles que se referem à importância da conservação
e preservação ambiental, pois sem um ambiente
equilibrado é incoerente pensar em ações que satisfazem
os objetivos do turismo e do turista, entre os quais está
o bem-estar, equilíbrio natural e social, o crescimento
econômico regional, a valorização da cultura local nas
várias partes do planeta Estes por si sós, demonstram
a necessidade do planejamento turístico, consciente e
responsável.
Você teve oportunidade de verificar como se deu o
surgimento e como ocorreu o desenvolvimento da
atividade turística e os conceitos básicos desta atividade.
A Revolução Industrial foi um fator determinante para
que ocorresse uma nova divisão do tempo, o que acabou
redundando numa “nova ordem” em relação ao tempo
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comprometido, ao tempo de trabalho e ao tempo de lazer, entre
outros. Daí surgem, então, os principais movimentos turísticos,
com a classificação de viajantes e turistas e principalmente pelo
grande impulso que as ferrovias tiveram no continente europeu,
facilitando assim o incremento da atividade turística.
Ficou patente que há uma necessidade básica no sentido
de se mensurar ou medir os movimentos turísticos. Esta
definitivamente não é uma tarefa fácil, diante da faceta
multidisciplinar do turismo, e a unidade 2 apresentou este tema,
bem como discorreu sobre os impactos econômicos, culturais
e sociais da atividade turística. A partir do momento em que
ficaram evidentes estes impactos, você teve a oportunidade de se
familiarizar com a uma abordagem sobre o Sistema de Turismo,
ou também denominada SISTUR. Esta correlação de sistemas,
assim bem como os conceitos de oferta e demanda turística,
possibilitaram uma visão panorâmica do “fenômeno” turístico,
retratados na unidade 3.
Sendo assim você pôde perceber o quão complexo e diferenciado
é o turismo. A importância do planejamento turístico, bem como
o entendimento da sua estruturação em forma de organizações,
sejam elas, municipais, estaduais, regionais, nacionais e
internacionais, e as estratégias mercadológicas analisadas por
meio do estudo de aspectos do marketing turístico, foram os
temas tratados na Unidade 4.
Ao final, você aprendeu que o desenvolvimento pleno da
atividade turística passa, necessariamente, pela preservação
de todos os recursos naturais disponíveis. Portnato, ser um
turismólogo é ter plena consciência da necessidade de se
obedecer as leis, de promover o desenvolvimento sustentável, de
preservar os recursos sócio-culturais e principalmente de ser um
“propagador” da importância de aprimorar os estudos com afinco
e determinação, pois esta atividade é, ainda, incipiente em nosso
país.
Estou certo que esta disciplina reuniu um série de elementos que
serviram como “base” de entendimento para que você possa
lograr êxito nas disciplinas seguintes!
Desejo a você muito boa sorte nas próximas etapas do Curso.
Bons estudos!
Prof. Victor Ferreira
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Referências
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_________________Marketing para o século XXI: como criar,
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Sobre o professor conteudista
Victor Henrique Moreira Ferreira é graduado em
Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí
(UNIVALI). Especialista em Planejamento, Gestão e
Marketing do Turismo também pela Universidade do
Vale do Itajaí (UNIVALI).
Mestre em Administração pela Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC). Trabalha como professor
das disciplinas de Empresas de Turismo, Turismo
Alternativo e Teoria Geral do Turismo no Curso de
graduação de Turismo da Universidade do Sul de Santa
Catarina (UNISUL). Também é professor no Curso de
Graduação de Turismo e Hotelaria da Universidade do
Vale do Itajaí (UNIVALI) nas disciplinas de Marketing
e Promoção de Vendas em Hotelaria e Administração
Hoteleira. Ministra aulas de Gestão Estratégica de
Marketing para o Curso de Pós Graduação (lato sensu)
em Gestão de Eventos da Universidade do Vale do Itajaí
(UNIVALI). Esteve sempre envolvido também com
orientações de trabalhos de conclusão de curso (TCC)
nas áreas de turismo, hotelaria, marketing, planejamento
turístico, eventos, ecoturismo e hospitalidade. Já
ministrou diversas disciplinas em cursos de graduação
na área de Turismo e Hotelaria no Centro Superior de
Estudos em Turismo e Hotelaria (CESETH), Unidade
Catarinense de Ensino Superior (ÚNICA), tendo
trabalhado com autorização de cursos de graduação
em Turismo no Estado de Santa Catarina, Paraná e
Maranhão. É consultor em planejamento turístico e
hoteleiro com experiência em países onde trabalhou e
atuou seja profissionalmente ou na realização de estágios,
tais como, África do Sul, Estados Unidos, Itália e
Escócia. Desempenhou diversas atividades na hotelaria
nas áreas de hospedagem e eventos no Caesar Park (RJ) e
no Fischer Hotel e Convenções em Balneário Camboriú
(SC).
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Respostas e comentários das
atividades de auto-avaliação
Unidade 1
1) Contextualize o conceito da palavra turismo. O que ela
significa? Como ela surgiu e onde?
R. A palavra turismo em sua forma geral é originária do termo
francês TOUR, que quer dizer volta. Tem seu equivalente em
inglês (turn) e em latim (tornare). A mesma surgiu em meados
do século XVIII na França e indicava um deslocamento com
retorno.;”
2) Quem é considerado o “pai” do turismo moderno?
Cite pelo menos quatro de suas principais contribuições para a
atividade turística.
R. Thomas Cook. Dentre as suas principais contribuições
destacamos:
a) Criou a primeira viagem agenciada do mundo;
b) Inventou o “voucher” que é um coupom de hotel;
c) Realizou uma “volta ao mundo” levando 9 passageiros em 111
dias;
d) Criou a “Circular Note”, antecessora do Traveller’s Check.
3) Qual a importância do desenvolvimento do transporte
ferroviário para a atividade turística?
R. O transporte ferroviário foi decisivo para o incremento
da atividade turística, uma vez que a partir de 1840 na
Inglaterra, as empresas de transporte ferroviário começaram
a se preocupar mais com os passageiros do que com a
carga. Tendo em mente que para que o turismo ocorra,
há a necessidade de três fatores (sujeito, deslocamento e
motivação), a possibilidade de deslocamento por vias férreas,
ajudou o desenvolvimento da atividade turística.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Unidade 2
1) Explique o que significam as siglas PNB e PIB e diga qual a diferença
entre elas.
R. PNB significa Produto Nacional Bruto e PIB significa Produto Interno
Bruto. A diferença entre os dois é que o PNB inclui todas as entradas
de receitas obtidas no exterior por indivíduos e empresas brasileiras
e são deduzidas as saídas de recursos obtidos por estrangeiros e
empresas estrangeiras no Brasil. Perceba que a produção de um
país é a representação do somatório do trabalho social realizado em
determinado período.
2) Para elaborar uma estatística sobre o movimento interno de turistas,
seriam necessários, no mínimo quais dados?
R. Para elaborar uma estatística sobre o movimento interno de turistas,
seriam necessários, no mínimo, os seguintes dados: total de visitantes
em cada núcleo, classificação por nacionalidade e local de residência,
classificação por poder aquisitivo, duração das estadas.
3) Defina o que é o “efeito multiplicador” do turismo.
R. A relação entre o dinheiro que entra por conceito de turismo e sua
repercussão final no PIB (Produto Interno Bruto) chama-se efeito
multiplicador, que é definido como o coeficiente que mede a
quantidade de ingresso gerado por cada unidade de despesa turística.
Unidade 3
1) Para a OMT – Organização Mundial do Turismo, existem quatro
elementos básicos no conceito da atividade turística. Cite quais são
estes elementos.
R.
a) A demanda: formada pelo conjunto de consumidores ou possíveis
consumidores – de bens e serviços turísticos.
b) A oferta: composto pelo conjunto de produtos, serviços e organizações
envolvidos ativamente na experiência turística.
c) O espaço geográfico: base física onde tem lugar a conjunção ou
encontro entre a oferta e a demanda e onde se situa a população
residente; pode ser ao mesmo tempo um destino turístico.
d) Os operadores de mercado: são empresas e organismos cuja função
principal é facilitar a inter-relação entre a oferta e a demanda. Entram
nessa consideração as agências de viagens, os meios de transporte
e organismos públicos e privados, que, mediante seu trabalho
profissional, são artífices da ordenação e promoção do turismo
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2) Explique o que significa Sistema Turístico.
R. Um conjunto complexo de inter-relações de diferentes fatores que
devem ser considerados conjuntamente sob uma ótica sistemática, ou
seja, um conjunto de elementos inter-relacionados que evoluem de
forma dinâmica e cujos quatro elementos básicos são a demanda, a
oferta, o espaço geográfico e os operadores de mercado.
3) Conceitue: oferta turística. Qual a importância dela?
R. A oferta turística de uma localidade é constituída da soma de todos
os produtos e serviços adquiridos ou consumidos pelo turista durante
a sua estada em uma destinação. É importante ressaltar que esses
produtos e serviços são oferecidos por uma gama de produtores e
fornecedores diferentes que, apesar de atuarem de forma individual,
são entendidos pelo turista como um todo que integra a experiência
vivencial da viagem. A importância da oferta turística se dá pelo fato
dela se constituir como a base de oferta diferenciada que irá atrair os
turistas a uma determinada destinação.
Unidade 4
1) Explique quais as principais atribuições das organizações de turismo.
R. As Organizações de Turismo têm a responsabilidade de implementar
a chamada “Política de Turismo” de um país, de um Estado, de uma
região ou mesmo de um município. As políticas de Turismo devem
combater os vários tipos de poluição, a defesa da paisagem, do ar, das
águas, dos espaços livres, da vegetação, que são tão indispensáveis,
quanto à conservação da memória histórica e cultural do país.
2) Em qual nível, você acredita, que as organizações turísticas são mais
importantes: nível federal, estadual ou municipal? Justifique sua
resposta.
R. Apesar de os três níveis serem bastante significativos e importantes,
não há dúvida de que o nível municipal é de suma importância pois
trata da atividade turística em sua base essencial. Isto quer dizer
que, a poluição encontrada nas areias de determinada praia, não é
responsabilidade das esferas estaduais ou federais e sim do município,
onde a mesma se localiza.
3) Descreva o que é planejamento turístico.
R. Um processo que ordena as ações do homem sobre uma determinada
localidade turística, direcionando a construção de equipamentos
e infra-estrutura de uma maneira adequada. Esse direcionamento
impede ou minimiza os efeitos negativos que a atividade turística pode
trazer, destruindo ou afetando a atratividade de um local ou região.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Unidade 5
1) A inter relação entre o turismo e o meio ambiente é incontestável,
uma vez que este último constitui-se a “matéria prima” da atividade. O
conteúdo desta frase é verdadeiro? Porque?
R. Sim. Porque o meio ambiente é a essência de todas as formas de vida
Que podemos encontrar em nosso planeta. É principalmente no meio
ambiente que iremos encontrar a esmagadora maioria dos atrativos
turísticos.
2) Cite e explique de forma resumida, quantas e quais foram, as fases de
relacionamento do turismo com o meio ambiente.
R.
a) A primeira fase, ocorreu no século XVIII, se caracterizou pela descoberta
de natureza e das comunidades receptoras. Suas motivações eram o
convívio em lugares onde a industrialização ainda não havia chegado
ou de ambientes turísticos expandidos à beira-mar para bronzear-se e
banhar-se. É a fase do relacionamento e dos primeiros equipamentos
turísticos.
b) Na segunda fase ocorreu um turismo de elite, no final do século
XIX, e início do século XX. Nessa época a especulação imobiliária se
intensificou devido ao aumento da demanda turística, originando os
centros turísticos mais antigos da Europa, muito conhecido atualmente.
Não havia a preocupação com a conservação do meio ambiente, haja
vista o crescimento da construção civil.
c) A terceira fase, corresponde ao turismo de massa e ocorreu a partir
de 1950 e teve seu apogeu nos anos de 1970 e 1980. Foi um período
catastrófico para a conservação ambiental, é caracterizado pelo
domínio do turismo sobre a natureza, pois nessa fase a demanda
turística cresceu assustadoramente. Mas as cidades não cresceram
na mesma proporção, foram urbanizadas, porém, sem o devido
planejamento e não na medida que a demanda necessitava. O
crescimento foi desordenado, faltava saneamento básico e tratamento
de esgoto, a infra-estrutura turística, como a criação de marinas, portos
e de estações de inverno ficou a desejar.
d) A quarta fase ocorre na metade da década de 1980, onde o turismo
ecológico se propaga nas localidades turísticas, evitando a ocupação
de todos os espaços. Aparecem esportes como, o rafting, que é a
descida em botes infláveis nas corredeiras dos rios, o mountain bike
que são passeios de bicicletas em trilhas e uma série de novos esportes
que necessitam de uma natureza preservada.
3) Explique o que é meio ambiente.
R. Como meio ambiente entende-se a biosfera, isto é, as rochas, a água e
a arquitetura que envolve a Terra, juntamente com os ecossistemas que
eles mantém.
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