NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DA PUPUNHEIRA (Bactris gasipaes Kunth) NA BAHIA EDSON LOPES REIS Pesquisador CEPLAC/CEPEC/SENUP Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira INTRODUÇÃO O Brasil é o maior produtor e consumidor de palmito no mundo ocupa atualmente o terceiro lugar como exportador. O Sul da Bahia vem despontando como pólo produtor de pupunha para industrialização do palmito. As vantagens para produção de palmito é a precocidade de corte, perfilhamento e ausência de oxidação do palmito. O fruto é um dos alimento mais balanceados dos trópicos, extração de óleo, farinha e ração animal. Informações sobre as necessidades nutricionais, sistemas para recomendações e utilização de corretivos e fertilizantes na pupunheira no Sul da Bahia. NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA PUPUNHEIRA Nitrogênio - É o mais importante nutriente para o crescimento da planta, sendo um dos constituintes de todas as proteínas e da clorofila. Fósforo – É o elemento essencial à divisão celular, indispensável à fotossíntese e ao desenvolvimento do tecido meristemático, sendo um dos constituintes dos ácidos nucléicos que ocorrem nos núcleos de todas as células vivas. Potássio - O potássio difere de todos os outros macronutrientes por não participar de qualquer reação específica ou fazer parte de componentes orgânicos estáveis na planta, como exemplo, proteínas, carboidratos, clorofila e gordura. Cálcio - É o elemento com importância especial no desenvolvimento da raiz, sendo um dos constituintes da parede celular a lamela média, que é composta principalmente de pectato de cálcio. Magnésio – É o elemento constituinte da molécula da clorofila desempenha papel indispensável no processo da fotossíntese. Funciona ainda como ativador de enzimas relacionadas com o metabolismo dos carboidratos e outras, envolvidas na síntese dos ácidos nucléicos. Enxofre - É o elemento cuja função mais evidente na planta é ser um dos constituintes das proteínas, sendo um dos componentes de certos aminoácidos e, também, das substâncias reguladoras do crescimento biotina e tiamina. Q u a d ro 3 – C o n te ú d o m é d io d o s m a c ro -n u trie n te s e m p la n ta d e p u p u n h a p a ra p a lm ito M a te ria P a rte P la n ta F o lh a N e rv u ra C a sc a 1 P B ru to C a sc a 2 S u b p ro d u to P C re m e F re sc a E le m e n to s S eca N P K Ca Mg S g g % .............................g ....................................... 3259 886 2241 1310 822 310 177 1338 235 464 183 130 32 21 41 27 21 14 16 11 12 4 6 ,3 0 2 ,9 4 3 ,1 6 2 ,9 1 1 ,1 5 0 ,8 6 0 ,9 0 1 C a sc a s e lim in a d a s n o c a m p o 2 C a sc a s e lim in a d a s n a in d u stria 2 ,5 4 0 ,4 5 0 ,4 6 0 ,5 0 0 ,2 1 0 ,1 5 0 ,1 4 1 4 ,9 9 3 ,3 8 4 ,2 7 3 ,2 3 1 ,7 2 0 ,9 1 0 ,6 0 4 ,8 2 0 0 ,2 0 0 1 ,1 6 0 0 ,4 9 0 0 ,3 0 0 0 ,0 9 6 0 ,0 9 2 3 ,2 1 0 ,2 1 0 ,6 5 0 ,4 1 0 ,1 8 0 ,1 5 0 ,0 8 3 ,4 8 0 ,3 5 0 ,7 4 0 ,3 5 0 ,1 9 0 ,0 9 0 ,0 7 Q u a d ro 4 – C o n te ú d o m é d io d o s m ic ro -n u trie n te s e m p la n ta d e p u p u n h a p a ra p a lm ito M a te ria P a rte P la n ta F o lh a N e rv u ra C a sc a 1 P B ru to C a sc a 2 S u b p ro d u to P C re m e F re sc a E le m e n to s S eca Fe g g % 3259 886 2241 1310 822 310 177 1338 235 464 183 130 32 21 41 27 21 14 16 11 12 1 C a sc a s e lim in a d a s n o c a m p o 2 C a sc a s e lim in a d a s n a in d u stria Cu Zn Mn B .................................g ...................................... 0 ,1 7 0 0 0 ,0 0 5 0 0 ,0 1 5 0 0 ,0 0 3 4 0 ,0 0 2 0 0 ,0 0 0 4 0 ,0 0 0 6 0 ,0 1 2 0 0 ,0 0 2 0 0 ,0 0 3 0 0 ,0 0 2 2 0 ,0 0 1 2 0 ,0 0 0 6 0 ,0 0 0 4 0 ,0 1 7 0 0 ,0 0 2 0 0 ,0 0 2 3 0 ,0 0 5 2 0 ,0 0 0 9 0 ,0 0 3 1 0 ,0 0 1 2 0 ,1 9 0 0 0 ,0 1 1 0 0 ,0 2 7 0 0 ,0 0 8 9 0 ,0 0 6 0 0 ,0 0 1 4 0 ,0 0 1 5 0 ,0 4 3 0 0 ,0 0 6 0 0 ,0 0 6 0 0 ,0 0 3 0 0 ,0 0 2 0 0 ,0 0 0 6 0 ,0 0 0 4 Q u a d ro 1 N u trie n te s e x p o rta d o s e m c u ltiv o d e p u p u n h a p a ra p a lm ito b a se a d a e m 3 2 0 0 c e p a s/h a c o m p ro d u ç ã o d e 9 6 0 0 p a lm ito s/h a /a n o . N u trie n te s E x p o rta d o s E le m e n to N P K Ca Mg Fe Cu Zn Mn S B F o lh a g e m 1 P . B ru to 2 T o ta l P . C re m e ................................ K g /h a /a n o ............................... 5 0 3 ,0 0 0 2 8 ,0 0 0 5 3 1 ,0 0 0 8 ,6 5 0 3 3 ,1 0 0 4 ,8 0 0 3 7 ,9 0 0 1 ,3 4 0 2 1 7 ,3 0 0 3 1 ,0 0 0 2 4 8 ,3 0 0 5 ,7 6 0 6 0 ,1 0 0 4 ,7 0 0 6 4 ,8 0 0 0 ,8 8 0 3 9 ,1 0 0 3 ,9 0 0 4 3 ,0 0 0 0 ,7 7 0 1 ,8 0 0 0 ,0 3 0 1 ,8 3 0 0 ,0 0 6 0 ,1 6 3 0 ,0 2 1 0 ,1 8 4 0 ,0 0 4 0 ,2 0 4 0 ,0 5 0 0 ,2 5 4 0 ,0 1 1 2 ,1 8 9 0 ,0 8 5 2 ,2 7 4 0 ,0 1 4 4 3 ,8 7 0 3 ,3 6 0 4 7 ,2 3 0 0 ,6 7 2 0 ,5 2 8 0 ,0 2 9 0 ,5 5 7 0 ,0 0 4 1 - C o m p re e n d e fo lh a e c a sc a 2 - C o m p re e n d e P . C re m e , S u b p ro d u to e c a sc a T a m a n h o d o c o rte = 8 a 9 C m P . B ru to P . C re m e ................. % ................ 5 ,2 7 0 1 ,6 3 0 1 2 ,6 6 0 3 ,5 3 0 1 2 ,4 8 0 2 ,3 2 0 7 ,2 5 0 1 ,3 6 0 9 ,0 7 0 1 ,7 9 0 1 ,6 4 0 0 ,3 3 0 1 1 ,4 1 0 2 ,1 7 0 1 9 ,6 8 0 4 ,3 3 0 3 ,7 4 0 0 ,6 2 0 7 ,1 1 0 1 ,4 2 0 5 ,2 1 0 0 ,7 2 0 SISTEMAS PARA RECOMENDAR ADUBAÇÃO NA CULTURA DA PUPUNHEIRA Sintomas Visuais de Deficiências Análise Química do Solo Análise Foliar Figura 1 – Planta com sintomas de deficiência de nitrogênio (SILVA & FALCÃO 2002) Figura 2 – Planta com sintomas de deficiência de fósforo (SILVA & FALCÃO 2002) Figura 3 – Planta com sintomas de deficiência de potássio (SILVA & FALCÃO 2002) Figura 4 – Planta com sintomas de deficiência de cálcio (SILVA & FALCÃO 2002) Figura 5 – Planta com sintomas de deficiência de magnésio (SILVA & FALCÃO 2002) Figura 6 – Planta com sintomas de deficiência de enxofre (SILVA & FALCÃO 2002) ANÁLISE QUÍMICA DO SOLO 1 - A área a ser amostrada deverá sofrer divisão em função: a) Homogeneidade b) Topografia c) Tipo de solo 2 - A área escolhida deve ser percorrida em zigue-zague: a) Retirar 10 a 12 amostras simples b) Formar uma amostra composta c) A extensão da área não deve ultrapassar os 05 ha. 3 - As amostras deverão ser retirada na profundidade de 0 a 20 cm. 4 - A finalidade da análise é obter resultados para diagnosticar a necessidade de fertilizantes e corretivos do solo. 5 - A interpretação depende da existência de dados experimentais, os quais permitem conhecer os solos que estão abaixo ou acima do nível crítico. ANÁLISE FOLIAR A análise foliar como técnica de diagnose permite também identificar deficiências nutricionais, tomando em consideração os teores de nutrientes na folha. A amostra de folha para avaliar o estado nutricional da pupunheira, será constituída dos cinco folíolos centrais da folha adulta localizada na porção mediana da copa. É necessário o estabelecimento de faixas de teores de nutrientes, que indiquem se o estado nutricional da planta é deficiente ou satisfatório em um determinado elemento. Tabela 1 – Teores de nutrientes adequados e deficientes em folhas da pupunheira Concentração foliar Nutrientes Adequados1 Adequados2 Adequados3 Deficiente3 Adequados4 Deficiente4 .............................................................g kg-1......................................................... N 25 – 40 22 – 35 27,6 14,4 30,7 10,1 P 1,5 – 3,0 2,0 – 3,0 2,3 0,6 3,4 1,0 K 8,0 – 15,0 9 – 15 14,3 10,3 27,8 4,7 Ca 2,0 – 5,0 2,5 – 4,0 4,6 3,3 12,7 2,6 Mg 2,0 – 3,0 2,0 – 4,5 2,3 3,5 0,9 ............................................................mg g-1........................................................ Fe 100 – 200 40 – 200 175 191 Zn 15 – 25 15 – 40 33 41,0 (1) MOLINA (1997); (2) EMBRAPA (1999); (3) LA TORRACA (1984); (4) SILVA E FALCÃO (2002) UTILIZAÇÃO DE CORRETIVOS E ADUBOS NA CULTURA DA PUPUNHEIRA Utilização de corretivos Adubação na fase de viveiro Adubação na fase de formação Adubação na fase de produção Quantidade de corretivo Qualidade do corretivo Aplicação do corretivo UTILIZAÇÃO DE CORRETIVO TABELA 3 – Classificação dos calcários de acordo com os teores de MgO e CaO Calcário Teores MgO CaO ...............................%............................. Calcíticos <5 40 a 45 Dolomíticos >12 25 a 30 Fonte: RIBEIRO, A. C; GUIMARÃES, P.T.G; ALVARES, V.H. 1999. Recomendações para o uso corretivos e fertilizantes em Minas Gerais 5a Aproximação, Viçosa, M.G. 359p. QUALIDADE DO CORRETIVO PODER RELATIVO DE NEUTRALIZAÇÃO TOTAL (PRNT) f = 100/PRNT O FATOR DE CORREÇÃO f CORRIGE AS QUANTIDADE DE CORRETIVO A SEREM APLICADAS NO SOLO CRITÉRIOS PARA CORREÇÃO DO SOLO NA CULTURA DA PUPUNHEIRA ELEVAÇÃO DOS TEORES DE Ca2++Mg2+ (3 cmolc/dm3) ELEVAÇÃO DA SATURAÇÃO DE BASES (V = 50 %) QUANTIDADE DE CORRETIVO Cova = (40X40X40cm) Kg ha-1 corretivo x 0,064 = g/cova Plantio para Palmito (fileira 2x10m) kg ha-1 corretivo x 2 = g/20 m2 Plantio para Fruto (5 x 4m) kg ha-1 corretivo x 2 = g/20 m2 DOSE MÁXIMA PERMITIDA Solos de textura argilosa 4 t ha-1 Solos de textura franco 2 t ha-1 ELEVAÇÃO DOS TEORES DE Ca2++Mg2+ (3 cmolc/dm3) NC = 3 – (Ca+Mg no solo) x f NC = (3 – 1,4) x 1,2 NC = 1,6 x 1,2 f = 100/PRNT f = 100/85 f = 1,2 NC = 1,9 t/ha ELEVAR SATURAÇÃO DE BASES (V = 50%) NC = T (V2 – V1) x f 100 NC = Necessidade de calcário T = Capacidade de troca catiônica ( K+ + Ca+2 + Mg+2 + H+ + Al+3) V2 = Saturação de bases adequada V1 = Saturação de bases atual (S x 100/T) S = Soma de bases (K+ + Ca+2 + Mg+2) f = 100/PRNT ADUBAÇÃO NA FASE DE VIVEIRO Viveiro em sacos de polietileno Adubação Antes repicagem Após repicagem Preparo do substrato Adubos (dias) 30 60 90 120 Solo (prof.(0-50 cm) 800 kg .........g/10 l água......... 1 Esterco curtido 200 kg Uréia 30 40 50 50 S. Simples 4 kg C Potássio - 30 30 1 Fibra de pupunha compostada, esterco de gado e ou casca de café. VIVEIRO EM TUBETES Enchimento dos tubetes será à base de um substrato com 80% de fibra de coco mais 20% de plantmax. Incorporar por 1 m3 de substrato 3 kg de superfosfato triplo mais 3 kg osmocote. Após a repicagem, adubação por via foliar, aos 45 solução a 0,5% de uréia de 15 em 15 dias, aos 90 até os 120 dias solução a 0,5% de uréia e 0,3% de cloreto de potássio quinzenalmente. ADUBAÇÃO NA FASE DE FORMAÇÃO E PRODUÇÃO DE PALMITO Tabela 4 - Critérios para o emprego de fertilizantes na cultura da pupunheira para produção de palmito no Sul da Bahia. Desenvolvimento e Produção de Palmito Nutrientes Idade (ano) 0a1 1a2 2a3 3a4 4a5 >5 ......................................................N (kg/ha)................................................ Nitrogênio 300 300 300 300 300 300 Fósforo ....................................................P205 (kg/ha)............................................. Mehlich (mg/dm3) 200 200 200 200 200 200 5 6 – 16 100 100 100 100 100 100 Potássio ....................................................K2O (kg/ha)............................................. Mehlich (cmolc/dm3) 100 100 100 100 100 100 0,09 0,10 - 0,25 50 50 50 50 50 50 Fracionamento 4 3 2 2 2 2 ADUBAÇÃO NA FASE DE FORMAÇÃO E PRODUÇÃO DE FRUTO Tabela 5 - Critérios para o emprego de fertilizantes na cultura da pupunheira para produção de fruto no Sul da Bahia. Desenvolvimento e Produção de fruto Nutrientes Idade (ano) 0a1 1a2 2a3 3a4 4a5 >5 ......................................................N (kg/ha)................................................ Nitrogênio 30 60 90 120 150 180 Fósforo ....................................................P205 (kg/ha)............................................. Mehlich (mg/dm3) 20 40 60 90 120 120 5 6 – 16 10 20 30 45 60 60 Potássio ....................................................K2O (kg/ha)............................................. Mehlich (cmolc/dm3) 10 20 30 40 50 60 0,09 0,10 - 0,25 5 10 15 20 25 30 Fracionamento 4 3 2 2 2 2