ABORTO COM MEDICAMENTOS NOS SERVIÇOS PÚBLICOS DO BRASIL ACESSO E BARREIRAS CRISTIÃO ROSAS Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO Federación Latinoamericana de las Sociedades de Obstetrícia y Ginecología - FLASOG Onde está disponível o Misoprostol Misoprostol aprovado Misoprostol não aprovado Misoprostol aprovado para uma indicação ginecoobstétrica © 2008 Gynuity Health Projects Updated 03.12.08 Importância do registro para indicações gineco-obstétricas Uso evidências científicas USO SEGURO Incorporado às Normas Advocacy para ampliar conhecimento e acesso DISPONIBILIDADE Lista de meds essenciais ACESSIBILIDADE Acesso não seja informal Acesso ao Misoprostol no Brasil 1. Aprovado e Registrado para uso em Ginecologia y Obstetrícia pela ANVISA/MS 2. Aborto Farmacológico com MISOPROSTOL: 3. Norma Técnica Atenção Humanizada ao Abortamento/ MS – 2005 4. Norma Técnica de Atenção aos agravos da violência sexual contra mulheres e adolescentes /MS - 2005 Manual de Violência Sexual Comissão Nacional Especializada Violência Sexual e Interrupção da GestaçãoPrevista em Lei www.febrasgo.com.br www.saude.org.br Normas Técnicas do Ministério da Saúde do Brasil As normas determinam: As condições em que é legal e se permite o Aborto Quais os documentos necessários Quais as técnicas recomendadas Código Penal do Brasil – 1940 Artigo 124 ao 127 Aborto voluntário ou provocado é considerado um ato criminoso. Artigo 128 Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário ou terapêutico (restringido): I Se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto sentimental: em caso de gestação resultante de estupro: II. Se a gestação é produto de estupro e o aborto é precedido do consentimento da gestante, ou quando incapaz, de seu representante legal. Jurisprudência Dominante Brasileira: Malformação fetal incompatível com a vida TÉCNICA DE INDUÇÃO DO ABORTO Até 12 semanas Aspiração Intrauterina (manual ou elétrica) Misoprostol 800mcg vaginal por dia x 2 dias (pode ser ambulatorial) Fonte: Brasil. Ministério da Saúde.. Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes: Norma técnica. 2ª ed. atual. e ampl. – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. TÉCNICA DE INDUÇÃO DO ABORTO De 13 a 20 semanas Misoprostol 400 ou 200 mcg vaginal x por dia x 2 dias (Necessita internação) Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes: norma técnica. 2ª ed. atual. e ampl. – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Acesso ao Misoprostol no Brasil 3. RESOLUÇÃO ANVISA/DC Nº 36/ 3 de junho de 2008,(Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 4 jun.2008. Seção I, p. 50-3) (Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 9 jul. 2008. Seção I, p. 45-8 – REPUBLICADA) “Dispõe sobre Regulamento Técnico para Funcionamento dos Serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal”, que determinou: “Estabelecer padrões para o funcionamento dos Serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal fundamentados na qualificação, na humanização da atenção e gestão, e na redução e controle de riscos aos usuários e ao meio ambiente”. Os Medicamentos obrigatoriamente disponíveis nas Maternidades : “7.4.16 medicamentos básicos para uso obstétrico: a) Ocitocina, misoprostol e uterotônicos; b) Inibidores da contratilidade uterina; c) Sulfato de magnésio 20% e 50%; d) Anti-hemorrágico; e) Hidralazina 20 mg; f) Nifedipina 10 mg; g) Aceleradores da maturidade pulmonar fetal; h) Antibióticos; i) Anestésicos; j) Analgésicos.” BARREIRAS AO ACESSO AO ABORTO LEGAL E MISOPROSTOL •Barreiras de Informação •Barreiras Administrativas •Barreiras do Sistema de Saúde Barreiras de Informação As mulheres e os profissionais de saúde tem pouca informação sobre as condições em que se permite o Aborto Legal e o uso correto do Misoprostol Barreiras ao acesso - Misoprostol no Brasil Resolução ANVISA/RE Nº 1.050/ 2006 (Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 7 abr. 2006. Seção I, p. 43-4 ) : “Art. 1º Determinar a suspensão em todo território nacional das publicidades veiculadas por meio de fóruns de discussões, murais de recados e sítios na Internet (anexo 1), dos medicamentos a base de MISOPROSTOL divulgados com denominações tais como CYTOTEC, CITOTEC E PROSTOKOS, bem como materiais e equipamentos indicados para práticas abortivas, uma vez que esses medicamentos que estão sendo anunciados não são registrados no ANVISA, bem como não podem ser divulgados ao público leigo por serem de venda sob prescrição médica e restrito ao uso de hospitais. Art. 2º A suspensão dessas publicidades se faz como medida cautelar em razão da prática ilegal de aborto representar iminente risco sanitário à população, podendo trazer graves conseqüências para a saúde da gestante ou mesmo provocar a morte, além da possibilidade de crianças sobreviverem a esses episódios carregando seqüelas graves e permanentes. Ventas de Cytotec, número de abortos complicados tratados em hopitaisANOS e mortes por aborto 1988 1989 (1987-91) 1990 Goiânia, Brasil 1991 0 0 10 5 20 10 30 15 40 50 20 60 25 MORTE POR ABORTO VENDAS CYTOTEC NÚM. ABORTOS Fonte: Viggiano e cols., 1996. sodazilatipsoh sotrobA .oN )001x( 0001 rop( cetotyC sadneV )sesabme 1987 Barreiras Administrativas Legislação sanitária e burocracia Exigência de : •Autorização judicial • Laudo do Inst. Médico-Legal • Boletim de ocorrência policial • Aprovação por Comissão de saúde / CRM Barreiras ao acesso - Misoprostol no Brasil 1. A Portaria CVS-SP Nº 2 / 14 de março de 2005(Diário Oficial do Estado; Poder Executivo, São Paulo,SP, nº 51, 17 mar. 2005.Seção 1, p.31-2): “A venda de medicamentos que contêm misoprostol somente poderá ser feita aos estabelecimentos de saúde de natureza hospitalar devidamente cadastrados junto ao órgão de vigilância sanitária competente”. 2. “A Relação Mensal de Uso de Medicamentos a Base da Substância Misoprostol RMM, parte integrante desta portaria conforme ANEXO II, destina-se a propiciar a obtenção de informações sobre a movimentação do uso dos medicamentos que contêm misoprostol, efetuadas no mês anterior, pelos estabelecimentos de saúde de natureza hospitalar cadastrados”. 3. “Os estabelecimentos de ensino e pesquisa, para utilizarem a substância misoprostol e/ou os medicamentos que a contêm, dependerão de autorização específica a ser concedida pelo órgão competente do Ministério da Saúde, após avaliação prévia dos órgãos de vigilância sanitária competentes do Estado de São Paulo”. Pouca disponibilidade Muitas Maternidades tem dificuldade para cadastrar-se pela burocracia da Vigilância Sanitária Há dificuldades criadas por Diretores e Gestores Locais por objeção consciência Das 4000 Maternidades brasileiras somente 400 Maternidades são cadastradas e dispõe de Misoprostol Barreiras no sistema de saúde • As unidades do setor público não provêm serviços de aborto legal como estabelece a Lei • Os medicamentos para aborto farmacológico não estão sempre disponíveis • Médicos se negam a realizar abortos por objeção de consciência DOCUMENTOS EXIGIDOS PARA ABORTO LEGAL EM CASO DE VIOLÊNCIA SEXUAL OU ESTUPRO 60 50,4 50 40 26,7 30 25,6 21,8 20 10 4,5 0 Alvará judicial Boletim de Parecer Solicitação Ocorrência junta médica da gestante Laudo do IML Fuente: Cemicamp/Febrasgo- Faundes A. & cols – Relatorio da pesquisa Perfil do atendimento `a violencia sexual no Brasil – Modulo quantitativo/2006 MOTIVOS PARA NÃO TER SERVIÇOS DE ABORTO LEGAL SEGUNDO INFORMAÇÃO DOS MUNICIPIOS (N = 179 Municípios de 100.000 habitantes ou mais) 30 21,8 20 10 7,3 8,4 4,5 3,9 Espacio físico Decisâo Municipio 0 Res. Médicos Res. Outros Treinamento Motivo para não ter serviços de aborto legal Fuente: Faundes A. & cols. – Projeto superando barreiras na implementacao da atencao integral a violencia sexual – Cemicamp/Febrasgo/2008 RAZÕES DOS SERVIÇOS PARA NÃO REALIZAR ABORTO LEGAL EM CASO DE ESTUPRO/VIOL. 30 28,2 29,8 20 9,9 10 7,4 7,6 Resistência dos médicos Falta decisão SMS 4,8 0 Encaminham Falta centro Falta cirúrgico, treinamento de equipamentos pessoal Falta medicação Fuente: Cemicamp/Febrasgo- Faundes A. & cols – Relatorio da pesquisa Perfil do atendimento `a violencia sexual no Brasil – Modulo quantitativo/2006 RESISTÊNCIA DOS MÉDICOS(AS) A resistência dos médicos (as) ao Aborto Legal no Brasil teve importante disminuição graças a algumas iniciativas de Advocacy de muitas instituições (Rede Feminista de Direitos Reprodutivos, CCR, ANIS, Antígona, Católicas, Pathfinder, Ipas/Brasil, Cemicamp, Febrasgo, Ministério da Saúde, etc) RESISTENCIA DOS MÉDICOS A PRÁTICA DO ABORTO LEGAL Há menor resistência nos casos de risco para a vida da mulher e também nos casos de malformação fetal incompatível com a vida extra-uterina RESISTÊNCIA DOS MEDICOS A PRÁTICA DO ABORTO LEGAL Há dificuldades em realizar o Interrupção Legal da Gravidez – em casos de estupro e violência sexual Porcentagem de Ginecologistas/ Obstetras que concordam que o aborto deveria ser legal e acessível em circunstâncias específicas ( N=3034). Brasil, 2005 100 90,5 89,9 84,8 90 80 70 61,4 60 50 38,8 40 30 17,6 20 12,1 10 10,8 9,7 3,1 0 Risco de vida Anencefalia fetal Estupro Risco severo para saúde física da mulher Prejuizos graves à saude psíquica HIV (+) Sem condições financeiras Parceiro não Qualquer Nenhuma assume circunstância circunstância Fonte: Aborto induzido: Conhecimento, atitude e pratica de ginecologistas e obstetras no Brasil Cemicamp/Febrasgo - 2005 CONDUTA DE GINECO-OBSTETRAS FRENTE A SOLICITAÇÃO DE ABORTO LEGAL POR ESTUPRO/VIOLÊNCIA SEXUAL, EM HOSPITAIS PÚBLICOS NO BRASIL. (n = 2.788) BRASIL, 2005 Faz o aborto Somente prescreve misoprostol 36,9 49,9 Solicita que outro médico o faça 15,1 Fonte: Aborto induzido: Conhecimento, atitude e pratica de ginecologistas e obstetras no Brasil Cemicamp/Febrasgo - 2005 EVOLUÇÃO DA INTERRUPÇÃO LEGAL DA GRAVIDEZ NO BRASIL Aumento progressivo e constante na última década ABORTO LEGAL NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS BRASIL – 2000 a 2008 Aborto por razões médicas e legais no SUS 2000 a 2008 3.500 3.241 3.000 2.500 2.072 1.920 2.000 2.130 1.772 1.600 1.500 946 1.000 946 878 500 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) Número de Municípios que relataram ao SUS realizar Aborto Legal por Região, segundo ano calendário REGIÃO 1998 2008 Norte 16 51 318,8 Nordeste 45 122 271,1 Centro-oeste 23 44 191,3 104 222 213,5 18 115 638,9 206 554 268,9 Sudeste Sul Total % mudança Número de municípios com hospitais que realizaram pelo menos um aborto legal - DataSus 1998 e 2008. 1998 1 3 4 2008 0 6 6 0 0 1 4 0 17 2 4 10 5 2 21 9 43 8 7 3 18 5 18 30 15 1 3 9 6 1 5 9 21 5 53 79 9 102 38 7 5 8 7 3 269% 1 11 30 39 24 52 Fuente: DATASUS/MS/ Brasil – 1998 e 2008 Número de Abortos Legais realizados no SUS por Região, segundo ano calendário REGIÃO 1998 2008 Norte 65 282 433,8% Nordeste 240 832 346,7 61 195 319,7 1184 1556 131,4 30 468 1560,0 1580 3333 210,9 Centro-oeste Sudeste Sul Total Fonte: DATASUS/MS/Brasil – 1998 e 2008 % mudança Número total de Abortos Legais por Estado relatados ao SUS em 1998 e 2008/Brasil. 1998 1 8 11 2008 0 14 19 0 5 39 11 0 0 39 18 12 136 6 24 23 32 320 16 10 4 150 42 16 210% 11 89 194 38 27 272 140 23 5 32 45 1 23 32 197 101 45 250 17 812 672 79 415 192 86 190 Fuente: DATASUS/MS/ Brasil – 1998 e 2008 Número de Hospitais que compraram Prostokos 200 mcg em janeiro e fevereiro/ 2009 REGIÃO Norte Nordeste Centro-oeste Número de Hospitais 3 74 3 Sudeste 74 Sul 37 Total 208 CONCLUSÕES Há considerável variação nos regimes de Misoprostol usados, dose máxima, dose individual, número de doses e via de administração Os regimenes usados na prática clínica frequentemente diferem dos recomendados pela literatura médica Conclusões O estudo demostrou a necessidade de treinamento nas técnicas de aborto cirúrgico e aborto medicamentoso aos ObGin do Brasil AMIU não é tão bem conhecida como a Curetagem uterina instrumental, mesmo sendo mais efetiva, e menor risco e custo Necessidade de educação médica sobre os benefícios do uso do Misoprostol em asociação com Mifepristone e Metotrexate Recomendações da FEBRASGO a ANVISA • Revisar as barreiras administrativas e de informação que dificultam o acesso ao Misoprostol, aumentando a disponibilidade do medicamento nos hospitais; • Aumentar o acesso das mulheres ao misoprostol, permitindo-se a venta ou distribuição do medicamento nas farmácias e ambulatórios sob prescrição médica. Fórum: O papel do Misoprostol na prevenção da mortalidade materna e neonatal/2008 Recomendações da FEBRASGO a ANVISA Aprovação e Registro do Medicamento Mifepristone – RU486