VARIABILIDADE DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA E LIMIARES METABÓLICOS
EM DIFERENTES PROTOCOLOS DE EXERCÍCIO
Renato Leandro Santiago1;
Fernando Leopoldino da Silva1 ;
João Ricardo Araújo1
César Cavinato Cal Abad2
Área do Conhecimento: Ciências da Saúde.
Palavras-chave: teste, controle autonômico, variabilidade da freqüência cardíaca, exercício máximo
INTRODUÇÃO
Durante exercício físico, as contrações musculares
provocam mudanças momentâneas na homeostase e, para
restabelecer o equilíbrio celular, o organismo realiza
diversos ajustes. Entre as principais mudanças decorrentes
destes ajustes estão o aumento da ventilação e da freqüência
cardíaca cujo controle é realizado pelo sistema nervoso
autônomo.
Os neurônios simpáticos localizados em
diferentes níveis do sistema nervoso central, tais como a
formação reticular bulbar, o hipotálamo posterior, no locus
coeruleus, o córtex cerebral motor e a medula espinhal têm
uma ação muito maior em relação ao parassimpático e sua
principal característica é de atuar como cardioacelerador.
Isso ocorre graças à estimulação dos nervos simpáticos que
liberam as catecolaminas epinefrina e noraepinefrina que
agem na despolarização do nódulo sino-atrial e induzem o
coração a bater mais rapidamente (McARDLE; KATCH;
KATCH, 2003).
Já no sistema parassimpático, seus corpos
celulares estão localizados no tronco cerebral e na
porção sacra da medula espinhal. Quando estimulados,
estes neurônios liberam acetilcolina que retarda o ritmo
da descarga sinusal e torna o coração mais lento. Sua
principal característica é atuar como um cardiodepressor
ou cardiomoderador e isso ocorre graças à excitação dos
nervos vagos direito e esquerdo pelas aferências do núcleo
dorsal localizado na formação reticular bulbar, sendo que o
predomínio de atuação é do nervo vago direito. Tais nervos
não influem na contratilidade ventricular e, portanto, só
provocam redução do débito cardíaco pela diminuição da
freqüência cardíaca, pois o volume sistólico não é afetado
(DOUGLAS, 2000).
Segundo Stein, Bosner, Kleiger e Conger (1994),
uma maneira de verificar o comportamento deste balanço
simpato-vagal é o estudo da variabilidade da freqüência
cardíaca (CHIU et al, 2003).
Mais recentemente, Buchheit, Solano e Millet
(2007) e Cottin et al (2007), verificaram a associação do
comportamento da variabilidade da freqüência cardíaca
com os limiares metabólicos, cuja obtenção permite
uma melhor avaliação e prescrição de treinamento,
principalmente o treinamento de capacidade aeróbica.
Entretanto, como os limiares metabólicos
são protocolo-depentes, isto é, dependem do protocolo
utilizado para serem obtidos, se faz necessário investigar
o comportamento da variabilidade da freqüência cardíaca
em diferentes protocolos de exercício para testar sua
sensibilidade e sua respectiva associação com os limiares
metabólicos, fenômeno ainda não investigado na
literatura.
OBJETIVOS
O presente projeto teve como principal objetivo
comparar o comportamento da variabilidade da freqüência
cardíaca em diferentes protocolos de exercício máximo.
METODOLOGIA
Após divulgação do estudo (cartazes, e-mail e
contatos pessoais), os sujeitos passaram por uma entrevista
prévia. Os indivíduos saudáveis, do gênero masculino,
entre dezoito e trinta e cinco anos, fisicamente ativos, não
fumantes e que não faziam uso de medicamento ou agente
farmacológico foram autorizados a participar do estudo
que constou da execução de dois testes físicos máximos:
a) 0,25 kpm/min a cada 3min e 0,25 kpm/min a cada
minuto.
1 Estudante do Curso de Licenciatura em Educação Física
2 Professor da Universidade Bandeirante de São Paulo. e-mail: c.cavinato@uol.
com.br
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos estão representados na
Figura 01.
FIGURA 01: Intervalo de pulso durante protocolo progressivo
máximo de 0,25 kpm/min a cada 3min (painel superior) e de
0,25kpm a cada minuto (painel inferior).
Percebe-se que, independentemente do protocolo,
o controle autonômico obtido pelo comportamento da
variabilidade da freqüência cardíaca apresentou resposta
semelhante. Durante o repouso, há uma variabilidade
grande que diminui com o incremento da carga de
exercício até que se percebe uma perda desta variabilidade
sendo possível a identificação do limiar de variabilidade
da freqüência cardíaca.
Outros estudos obtiveram respostas semelhantes
deste controle autonômico sendo a justificativa para este
comportamento a retirada vagal no início da atividade
e o incremento da atividade simpática à medida que a
intensidade do exercício aumenta.
nas cargas iniciais e estabilização nas cargas seguintes.
Abad, De-Oliveira, Kiss e Lima (2000)
verificaram o comportamento da variabilidade da
freqüência cardíaca, no domínio do tempo, em teste
progressivo na esteira e perceberam que, nas cargas mais
elevadas, os valores da variabilidade parecem atingir um
segundo platô, tendo um ponto de inflexão que pode ser
identificado visualmente. Os autores compararam este
ponto de deflexão da variabilidade da freqüência cardíaca
com o PDFC, obtendo evidências de que ambos ocorrem
na mesma velocidade.
Karapetyan et al (2008) avaliaram 24 sujeitos
em exercício progressivo por estágio e, após constatarem
alterações nos valores da variabilidade da freqüência
cardíaca pelo domínio do tempo, verificaram em cargas
próximas ao limiar ventilatório e de lactato, um ponto de
deflexão da variabilidade da freqüência cardíaca ao qual
eles denominaram de “limiar de variabilidade da freqüência
cardíaca”.
CONCLUSÕES
Com todos os achados na literatura descritos
acima, percebe-se que há grandes evidências de associação
entre limiares metabólicos e o comportamento da
variabilidade da freqüência cardíaca independentemente da
população, do modelo de análise e do protocolo utilizado.
A identificação do limiar de variabilidade da
freqüência cardíaca em diferentes protocolos de exercício
é uma estratégia possível e se mostra um método de fácil
aplicação e de grande acessibilidade para os que avaliam e
prescrevem exercício físico.
Na tentativa de buscar associações entre os
limiares metabólicos pelo comportamento da variabilidade
da freqüência cardíaca, Cottin et at, (2004), verificaram
o comportamento da variabilidade pelo domínio da
freqüência em 11 púberes treinados (nove homens e duas
mulheres), em intensidades abaixo e acima do segundo
limiar, concluindo haver diferenças nos valores de
variabilidade em cada intensidade.
Lima (1997), em exercício progressivo
(25 W.min-1) realizado por 22 indivíduos do gênero
masculino (bombeiros), verificou um declínio nos valores
da variabilidade da freqüência cardíaca pelo domínio do
tempo em torno de três ms e sugeriu a determinação do
primeiro limiar por este método.
Oliveira e Kokobun (2001), também em exercício
físico progressivo, estudaram a variabilidade da freqüência
cardíaca em jovens e idosos ativos e também encontraram
redução nos valores da variabilidade da freqüência cardíaca
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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