APOTEC VESTIBULINHOS 2011 Ciências Humanas CORREÇÃO DA LISTA PRÉ-SIMULADO – AULAS 1 A 4 OBSERVAÇÕES: O erro da alternativa está sublinhado em vermelho. Procure sempre ler os comentários, e não apenas conferir qual é a alternativa correta – muitas vezes, você pode ter marcado certo “no chute” ou pelo motivo errado. Em caso de dúvidas, venha ao plantão e fale com a professora! 01. (Cefet-PR) Alguns historiadores afirmam que as consequências do modelo de colonização adotado pelos portugueses para a exploração do Brasil são ainda muito perceptíveis (devastação do meio ambiente, exploração do trabalhador rural, conflitos rurais, etc). Este modelo é conhecido como plantation ou plantagem e suas principais características são: (A) minifúndio, monocultura, mão-de-obra escrava; (B) latifúndio, mão-de-obra assalariada, policultura; (C) latifúndio, policultura, mão-de-obra escrava; (D) latifúndio, mão-de-obra escrava, monocultura; (E) latifúndio, trabalho assalariado, monocultura. Comentário: A alternativa que corretamente descreve as características do sistema de plantation (ou plantagem) é a letra D – latifúndio (grandes extensões de terra), mão-de-obra escrava e monocultura (cultivo de um gênero agrícola apenas). Poder-se-ia ainda incluir uma quarta característica: a produção voltada para a exportação, e não para o mercado interno da colônia. Veja o quadro “LEMBRE-SE” na página 6 da apostila. ATENÇÃO – nesta questão 02, a pergunta do enunciado está errada e prejudica a resolução. Conserte na sua folha o que está em vermelho: 02. (UEM-PR – Adaptada) “ – Os selvagens, em troca de algumas roupas, camisas de linho, chapéus, facas, machados,cunhas de ferro e demais ferramentas trazidas por franceses e outros europeus, cortam, serram, e racham, atoram e desbastam o pau-brasil, transportando-o nos ombros nus às vezes de duas ou três léguas de distância, por montes e sítios escabrosos até a costa junto aos navios ancorados. Em verdade só cortam o pau-brasil depois que os franceses e portugueses começaram a frequentar o país; anteriormente, como me foi dito por um ancião, derrubavam as árvores deitando-lhes fogo.” (LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. São Paulo: Martins Fontes, 1972, p. 24). O texto acima mostra os primórdios das relações estabelecidas entre brancos e índios no Brasil. Sobre tais relações, assinale a alternativa INCORRETA. (A) O texto mostra que a relação entre europeus e nativos percorreu um longo caminho até atingir, no século XIX, o respeito pela diversidade cultural que ainda hoje marca a relação entre brancos e índios. (B) A chegada do colonizador desenvolveu nos índios novas necessidades que, para serem satisfeitas, obrigavam os nativos a cortar e transportar o pau-brasil até os navios europeus. escambo (C) A relação descrita no texto não eliminou o surgimento de outras formas de relação entre nativos e europeus. Dentre essas outras formas de relação, destaca-se a escravidão. (D) As relações estabelecidas entre os colonizadores e os índios no Brasil Colônia tiveram como base, em um primeiro momento, o escambo. (E) A extração de pau-brasil, com a utilização da mão-de-obra nativa, principal atividade econômica realizada no Brasil nas primeiras décadas após o descobrimento, não levou ao surgimento de núcleos habitacionais permanentes. Comentário: Tome cuidado pois a questão pede que seja assinalada a alternativa INCORRETA. A errada (e, portanto, a que devemos marcar) é a letra A, pois ela diz que no século XIX e até hoje existe um respeito pela cultura indígena por parte dos brancos. O genocídio e o etnocídio (além da escravização) marcaram as relações entre brancos e índios; e mesmo hoje, a cultura indígena é desprezada. Ciências Humanas APOTEC VESTIBULINHOS 2011 Todas as outras alternativas estão corretas – leiam-nas (e se quiserem, destaquem-nas grifando), pois é uma ótima maneira de estudar! 03. (UFRN – Adaptada) A implantação do sistema colonial transformou as relações amistosas existentes entre indígenas e portugueses no início da ocupação do Brasil. Essa transformação se deveu à: (A) grande inabilidade dos indígenas para a agricultura, recusando-se a trabalhar nas novas plantações açucareiras, atitude que desagradou aos portugueses; Os índios não eram “inábeis” na agricultura; eles não a praticavam com frequência da mesma maneira que os europeus. (B) crescente ocupação das terras pelos portugueses e à necessidade de mão-de-obra, levando à escravização de índios, que reagiram aos colonos; (C) importação de negros africanos, cuja mão-de-obra acabou competindo com a dos indígenas, excluindo estes do mercado de trabalho agrário; Cuidado com palavras generalizantes – como “excluindo”, neste caso. Elas tendem a tornar a afirmativa errada. Neste caso, houve casos de índios que continuaram como escravos durante todo os séculos XVI, XVII e até meados do XVIII – portanto, não podemos dizer que os indígenas ficaram exluídos do trabalho agrícola. (D) introdução de técnicas e instrumentos agrícolas europeus nas aldeias indígenas, desestruturando a economia comunal dos grupos nativos. Técnicas europeias foram implantadas nas missões jesuíticas, e não nas aldeias indígenas. (E) preguiça dos indígenas de realizar o trabalho agrícola, o que levou os portugueses a procurarem mão-deobra na África. Esta foi apenas uma desculpa dos europeus para justificar o tráfico negreiro, o verdadeiro motivo para a escolha da escravidão africana foi o grande lucro gerado pelo tráfico negreiro. Comentário: O enunciado pede a razão por que as relações amigáveis entre indígenas e europeus se tornou hostil. A mudança nos comportamentos deveu-se àquilo que descreve a letra B: a partir do momento em que os portugueses começaram a ocupar (invadir) as terras que antes eram dos indígenas e passaram tentar escravizar grande parte deles, os índios reagiram, gerando conflitos. 04. (U.Federal de São Carlos-SP) Sobre a economia e a sociedade do Brasil no período colonial, é correto relacionar (A) economia diversificada de subsistência, grande propriedade agrícola e mão-de-obra livre. A economia era baseada no cultivo de um produto para a exportação (cana-de-açúcar), e não “diversificada de subsistência”; além disso, a mão-de-obra principal no período colonial era a escrava negra africana. (B) produção para o mercado interno, policultura e exploração da mão-de-obra indígena no litoral. A base da economia era monocultura e produção para a exportação (mercado externo, e não interno) (C) capitalismo industrial, exportação de matérias-primas e exploração do trabalho escravo temporário. A economia no Brasil colonial não se fundamentava na indústria, e sim na agricultura. O trabalho escravo era permanente, e não temporário. (D) produção de manufaturados, pequenas unidades agrícolas e exploração do trabalho servil. “Manufaturados” são produtos industrializados, o que já torna a afirmativa falsa; a propriedade agrícola era grande (latifúndio, e não minifúndio) e a força de trabalho era escrava principalmente. (E) capitalismo comercial, latifúndio monocultor exportador e exploração da mão-de-obra escrava. Comentário: Esta questão é muito parecida com a número 01, pois descreve as principais características do sistema de exploração econômica no Brasil colônia (plantation): latifúndio, monocultura, exportação e escravismo (alternativa E). 1 Ciências Humanas APOTEC VESTIBULINHOS 2011 05. (UFSC) A lavoura da cana-de-açúcar tornou-se, no século XVII, a base da economia brasileira. Sobre a lavoura canavieira e suas consequências, classifique as afirmativas abaixo como “verdadeira” ou “falsa” e depois assinale a alternativa que contém a sequência correta: I. O engenho era a unidade de produção. Compreendia, além das instalações usadas para produzir açúcar, a casa-grande, a capela e a senzala. VERDADEIRA II. A mão-de-obra predominante era a do trabalhador escravo. Este, reduzido à condição de coisa, era tratado e marcado com fogo como animal. Podia ser vendido ou castigado. VERDADEIRA III. A sociedade que se organizou, na época de apogeu do cultivo da cana-de-açúcar, possuía um caráter aristocrático. Embora fosse grande a mobilidade social, era muito difícil para um escravo tornar-se trabalhador livre e este transformar-se em senhor de engenho. VERDADEIRA IV. A família, que se formou nesta época, era patriarcal. A mulher, os filhos e todos os que rodeavam o senhor de engenho a ele temiam e obedeciam. VERDADEIRA V. O crescimento da lavoura de cana-de-açúcar teve, entre outras consequências, o desenvolvimento da lavoura de subsistência e da pecuária. VERDADEIRA (A) V-V-F-F-V (B) V-V-V-V-V (C) V-F-V-V-V (D) F-V-F-V-V (E) V-V-V-V-F 06. (UFPB) Leia as estrofes do poema “A canção do africano”. “ Lá na úmida senzala, Sentado na estreita sala, Junto ao braseiro, no chão, Entoa o escravo o seu canto, E ao cantar correm-lhe em pranto Saudades do seu torrão... De uma lado, uma negra escrava Os olhos no filho crava, Que tem no colo a embalar... E à meia voz lá responde Ao canto, e o filhinho esconde, Talvez p’ra não a escutar! ´Minha terra é lá bem longe, Das barras de onde o sol vem; Esta terra é mais bonita, Mas à outra eu quero bem! ´Lá todos vivem felizes, Todos dançam no terreiro; A gente lá não se vende Como aqui, só por dinheiro´. O escravo então foi deitar-se, Pois tinha de levantar-se Bem antes do sol nascer, E se tardasse coitado, Teria de ser surrado, Pois bastava escravo ser. E a cativa desgraçada Deita seu filho, calada, E põe-se triste a beijá-lo, Talvez temendo que o dono 2 Ciências Humanas APOTEC VESTIBULINHOS 2011 Não viesse, em meio ao sono, De seus braços arrancá-lo!” (ALVES Castro, Recife, 1863. In: GOMES, Eugênio (org.) Castro Alves: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976). As estrofes espelham a situação do africano, escravizado e exposto a uma nova realidade e condições de vida, diferentes daquelas a que estava habituado, restando-lhe poucas opções. Tendo como base de referência esse poema, analise as seguintes afirmações: I. A opção pela escravidão do africano deveu-se, principalmente, à possibilidade de ampliação do lucrativo comércio que se estabeleceu entre a Colônia brasileira e a burguesia metropolitana portuguesa. II. Os africanos vinham para o Brasil em navios negreiros. Por se tratar de uma carga lucrativa, os traficantes tinham o maior cuidado em transportá-los, tomando medidas cautelares, no que dizia respeito à alimentação e a higiene a fim de evitar a proliferação de doenças dentro das embarcações. O transporte de escravos no tráfico negreiro era feito em condições terríveis (de higiene, de saúde, de alimentação, etc.), o que facilitava a proliferação de doenças nos navios. III. A ordem geral imposta pelo proprietário era a obediência do escravo e, caso não fosse cumprida, ele era submetido a castigos corporais cruéis. A principal reação dos escravos era fugir em busca de liberdade e para se defenderem da perseguição formavam comunidades chamadas quilombos. Está(ão) correta(s) apenas: (A) I e III (B) II e III (C) III (D)II (E) I 07. (UDESC 2008) Assinale a alternativa incorreta, sobre o processo de imigração no Brasil, nos séculos XIX e XX. (A) Pressionados pelos vários relatos de maus tratos sofridos pelos imigrantes no território brasileiro, governos europeus, como o italiano e o espanhol – no início do século XX -, restringiriam a emigração para o Brasil. (B) Depois de 1822 o novo governo imperial procurou trazer imigrantes europeus para colonizar o vasto território brasileiro. A imigração de alemães, suíços e de outros germânicos dominaria a primeira metade do século XIX. (C) A partir mais ou menos de 1880, o problema da mão-de-obra para manter as lavouras de café, base da economia nacional, provocaria uma explosão da imigração no Brasil. (D) Dentro da questão da imigração, também havia outras motivações claramente racistas: “branquear o Brasil”, para “civilizá-lo”. (E) O processo de imigração no Brasil foi bastante uniforme, principalmente se compararmos os imigrantes instalados em Santa Catarina com aqueles instalados em São Paulo, no final do século XIX. Comentário: O processo de imigração no Brasil foi bastante heterogêneo; aconteceu por uma série de razões (a principal foi trazer mão-de-obra para a cafeicultura no Sudeste, mas também serviu para ocupar a terra brasileira, substituir os escravos – livres a partir de 1888 –, fornecer trabalhadores mais qualificados para as indústrias nascentes no país, etc.), imigrantes vieram de diversas partes do mundo (Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Polônia, Japão, etc.) e se instalaram em muitas partes do Brasil; não foi um processo que se deu por igual em todo o território nacional. No caso citado pela alternativa E (a incorreta e, portanto, a que devemos assinalar), a maioria dos imigrantes que se instalou na região Sul do Brasil recebeu minifúndios (pequenos pedaços de terra) e não seguiu a lógica do plantation – monocultura para exportação –; enquanto que os que vieram para a região Sudeste em geral se submeteram a más condições de trabalho em fazendas de grandes proprietários (estes, sim, adeptos do sistema de plantation) ou em fábricas nas cidades. Desta maneira, o processo de imigração no Brasil não foi uniforme (“uniforme” significa “homogêneo”, “igual”)! 3 Ciências Humanas APOTEC VESTIBULINHOS 2011 08. (PUC) Entre os fatores que impulsionaram a migração europeia para o Brasil entre 1870 - 1930, podemos excluir: (A) a Primeira Guerra Mundial (B) a unificação política e industrialização tardia da Itália (C) as iniciativas dos fazendeiros de auxiliar colonos (D) o desenvolvimento da cafeicultura (E) a abolição da escravatura e a consequente liberação da mão-de-obra Comentário: A Primeira Guerra Mundial (1914-1919) foi um fator de diminuição da imigração europeia para o Brasil, enquanto que todas as outras alternativas mostram razões que fizeram essa vinda de europeus para o país aumentar. Uma das razões para essa diminuição é que, em guerra, a Europa precisava de pessoas para lutarem (serem soldados), e por isso, não se permitia que muita gente migrasse para o Brasil. Observe, no gráfico, a queda brusca que se dá na entrada de imigrantes no Brasil a partir da Primeira Guerra: (Gráfico retirado de http://4.bp.blogspot.com/_obFzCVDRIzo/TGaVYGL_ooI/AAAAAAAAASM/0OmqmBBdlv4/s320/1imigrantes+entrados+no+Brasil.jpg) 09. (PUC-Rio) Sobre a vinda de imigrantes ao Brasil, ocorrida durante a segunda metade do século XIX, estão corretas as afirmações abaixo, À EXCEÇÃO DE: (A) No Brasil, com a expansão da economia cafeeira, grande parte dos fazendeiros da região do Oeste Paulista optou em empregar imigrantes europeus como trabalhadores assalariados. (B) Quando chegavam ao Brasil, os imigrantes europeus encontravam boas condições de trabalho, tanto nas fazendas de café como nas fábricas em expansão, recebendo tratamento diferenciado daquele dispensado aos escravos. (C) A vinda de imigrantes para o Brasil relacionou-se com o processo de mudanças ocorrido na produção agrícola europeia, que deixou pequenos proprietários sem terras e camponeses sem trabalho. (D) Foi na década de 1870, sobretudo após a aprovação da Lei do Ventre Livre, que o governo imperial passou a subvencionar a vinda de imigrantes ao Brasil, pagando viagem, hospedagem e o deslocamento até as fazendas. (E) Entre os elaboradores das políticas imigrantistas no período imperial predominou a preferência pela vinda do branco europeu, considerado como elemento capaz de “civilizar” a nação brasileira em construção. Comentário: A alternativa que está errada é a letra B, pois as condições de vida e de trabalho que os imigrantes encontravam no Brasil – em especial na região Sudeste – eram terríveis, de muita exploração e pouco 4 Ciências Humanas APOTEC VESTIBULINHOS 2011 retorno financeiro (tanto nas fazendas quanto nas fábricas), o que os aproxima de condições de escravidão (no caso do sistema de parceria, a escravidão – por dívidas – era real). 10. (UFSJ – Adaptada) A Grande Imigração de trabalhadores europeus para o Brasil, a partir da década de 1880, caracterizou-se por sua (A) distribuição homogênea pelo território nacional, sob a forma de trabalho sazonal e sem direitos sócias ou usufruto da terra, típica dos "boias-frias". (B) destinação prioritária para a lavoura cafeeira, sob a forma de trabalho semi-assalariado do colonato, e parcial para o nascente trabalho fabril nas cidades. (C) distribuição homogênea pelo território nacional, sob a forma da pequena propriedade, e parcial em atividades artesanais nos pequenos municípios. (D) destinação prioritária para a região amazônica, sob relações de dependência por dívidas no "barracão", e parcial na construção de estradas de ferro. (E) ampla distribuição de pequenas propriedades de terra (minifúndios) para imigrantes que queriam se tornar cafeicultores no Brasil. Comentário: Não houve distribuição homogênea dos imigrantes pelo território brasileiro como está escrito nas alternativas A e C. “Homogêneo” aí tem o sentido de igual – e já vimos na correção da questão 07 que o processo de imigração para o Brasil foi heterogêneo. A esmagadora maioria dos imigrantes europeus vindos de 1870 a 1914 fixou-se no Sudeste – e não na região amazônica, como diz a alternativa D. Excluímos a alternativa E pois não houve ampla distribuição de pequenos pedaços de terras para novos proprietários (a Lei de Terras de 1850 determinava que as terras no Brasil deveriam ser adquiridas por meio de compra). A correta é, portanto, a letra B: o principal motivo por que os imigrantes vieram para o Brasil foi para trabalhar na cafeicultura (em peso na região Sudeste), sob o regime de trabalho do colonato, mas alguns também acabaram indo trabalhar nas fábricas das cidades. 11. “Veja você, meu amigo, te resta apenas um meio para não ser explorado, nem oprimido: demonstrar coragem. Se os trabalhadores que são tão numerosos se opuserem com todas as suas forças aos patrões e a quaisquer formas de governo, estaremos bem próximos dos homens verdadeiramente livres.” (Fala da peça Uma comédia social, representada por operários nos anos de 1910. Adaptado de Nosso século (1910-1930). São Paulo: Abril Cultural, 1981). Durante a Primeira República (1889-1930), em cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo, o movimento operário tornou-se um dos principais críticos às exclusões da sociedade brasileira. Considerando as propostas defendidas na fala citada do personagem, uma das ideologias que se fez presente no movimento operário brasileiro, naquele momento, foi: (A) socialismo (B) anarquismo (C) liberalismo (D) cooperativismo (E) neoliberalismo Comentário: Vimos que duas ideologias principais influenciaram o pensamento operário no Brasil entre o fim do século XIX e o início do XX: o socialismo e o anarquismo. Na fala do operário, ele pede para que os trabalhadores se unam e se oponham aos patrões e a quaisquer formas de governo. Esta última parte revela uma faceta anarquista, de negação de qualquer autoridade coercitiva (que obrigue pela força). O socialismo acredita que deve haver uma forma de governo (pelo menos): o Estado, para regular as relações entre seres humanos e planejar a economia. 5 Ciências Humanas APOTEC VESTIBULINHOS 2011 12. (PUC-SP – Adaptada) "No dia 4 de maio (de 1919) o Conselho-Geral dos Operários, é constituído de representantes de todas as fábricas da cidade, formulou uma lista de reivindicações na sede da União Operária do Brás. Estava em primeiro lugar o dia de oito horas. Os trabalhadores novamente pediram a proibição do trabalho de menores de 14 anos e do trabalho noturno das mulheres. " Dulles, John W. F. Anarquistas e comunistas no Brasil (1900-l935) Analise as afirmações a seguir: I) A presença de imigrantes entre os trabalhadores das fábricas nos principais centros industriais do Brasil contribuiu para a ideologização do movimento operário. através do Socialismo e do Anarquismo (nos sindicatos, também pode ser chamado de Anarcossindicalismo) II) O movimento operário brasileiro no início do século não pode valer-se da imprensa como instrumento de divulgação de suas motivações, dada a predominância de analfabetos entre os trabalhadores. Os operários se utilizaram intensamente da imprensa (a chamada “imprensa operária”) para fazer propaganda de suas causas. Veja as figuras 06 e 07 da página 14 da apostila. Elas foram retiradas de publicações operárias da época). III) O anarquismo foi ideologia rejeitada pelos trabalhadores brasileiros desde suas primeiras iniciativas de organização, ao contrário do que ocorreu na Europa. O anarquismo foi bem aceito nos sindicatos brasileiros, trazido pelos imigrantes europeus. As afirmações corretas são (A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas III. (D) Apenas I e II. (E) Apenas II e III. OBS.: Esta questão está na apostila (módulo I, aula 6, p. 35 questão 10) 13. (PUC) No Brasil, a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho – foi criada pelo decreto 5452, de 1943, em meio ao governo de Getúlio Vargas, para reunir e sistematizar as leis trabalhistas existentes no país. (Aqui, o enunciado define o que foi a CLT, por isso destaquei) Tais leis representaram a (A) conquista evidente do movimento operário sindical e partidariamente organizado desde 1917, defensor de projetos socialistas e responsável pela ascensão de Vargas ao poder. Em 1917, os trabalhadores não estavam organizados em partidos, mas sim em sindicatos. Outro erro: não foram os trabalhadores, neste primeiro momento, que apoiaram a entrada de Vargas no poder. (B) participação do Estado como árbitro na mediação das relações entre patrões e trabalhadores de 1930 em diante, permitindo a Vargas propor a racionalização e despolitização das reivindicações trabalhistas. (C) inspiração notadamente fascista, que orientou o Estado Novo desde sua implantação em 1937, desviando Vargas das intenções nacionalistas presentes no início de seu governo. Veremos nas próximas aulas que Vargas se mantém fiel às ideias nacionalistas durante o período de seu governo, em especial no Estado Novo. (D) atuação controladora do Estado brasileiro sobre os sindicatos e associações de trabalhadores, permitindo a Vargas criar, a partir de 1934, o primeiro partido político de massas da história brasileira. O PTB, partido fundado por Vargas, surgirá somente em 1945. (E) pressão norte-americana, que se tornou mais clara após 1945, para que Vargas controlasse os grupos anárquicos e socialistas presentes nos movimento operário e camponês. A CLT, conjunto de leis que determina direitos e deveres dos trabalhadores e dos patrões no Brasil a partir de 1943, foi colocada no papel por Getúlio Vargas e representou grandes benefícios para trabalhadores urbanos (por isso, Getúlio é conhecido como “pai dos pobres”), mas também fez com que o Estado controlasse as organizações trabalhistas (em especial os sindicatos). Dessa maneira, a CLT esvazia a luta política travada até então pelos trabalhadores (“despolitiza”), que agora têm menos autonomia e liberdade para discutir suas condições de trabalho e também beneficia patrões (pois diminui o número de greves e de reivindicações por parte dos trabalhadores). 6 Ciências Humanas APOTEC VESTIBULINHOS 2011 14. “Na história republicana do Brasil, o exercício da cidadania enfrentou muitas limitações e, em alguns casos, foi completamente eliminado.” O enunciado refere-se ao: a) voto do cabresto b) voto secreto c) voto universal d) voto censitário e) voto facultativo Comentário: O mecanismo que permite a eliminação do exercício da cidadania ou, em outras palavras, o mecanismo que tira a liberdade de voto do eleitor, é claramente o “voto de cabresto” – em que o eleitor é obrigado a votar em certos candidatos (mesmo contra a sua vontade), pois é convencido, influenciado ou coagido (através de ameaças e violência) pelo coronel (“coronelismo” ou “clientelismo”) e seus jagunços. 15. (MACKENZIE) Cabo de enxada engrossa as mãos... Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas (...). Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso, a eleição vem aí e o alistamento rende a estima do patrão e a gente vira pessoa. (Mário Palmério – Vila dos Confins) O texto lembra o contexto político característico da República Velha, cujas origens, em parte, podem ser atribuídas: a) ao sistema eleitoral, baseado no voto censitário, usualmente praticado desde os tempos do Império. Durante o Império (1822-1889), o voto era censitário (tinha um critério econômico; o eleitor, para votar, precisava comprovar que tinha algum dinheiro), mas durante a República Velha (a partir da Constituição de 1891 feita no governo do marechal Deodoro da Fonseca), o voto passou a ser “universal” (o eleitor não precisava mais ter uma renda anual para poder votar, “bastava” que ele fosse brasileiro, homem, alfabetizado, não fosse mendigo, etc.) b) ao domínio político das oligarquias e ao controle que elas exerciam sobre as massas rurais e urbanas que delas dependiam economicamente. c) ao Tenentismo, que apoiava o fisiologismo e a política de troca de favores instalada pelo regime oligárquico. O Tenentismo é um movimento de parte do Exército brasileiro que questiona as oligarquias e o sistema oligárquico de poder, e não as apoia. Esse movimento pretendia o fim do voto não-secreto (que era o que permitia que os jagunços obrigassem os eleitores a votarem em certos candidatos), a moralização da política (fim das falsificações eleitorais e das alianças para a preservação do poder oligárquico) e educação universal para todos. O momento mais conhecido do movimento tenentista foi a Coluna Prestes, uma marcha que percorreu grande parte do Brasil para tentar conscientizar a população brasileira de que ela estava sendo explorada e manipulada pelos oligarcas, mas essa marcha acabou fracassando em seu propósito. Um de seus líderes chamava-se Luis Carlos Prestes, por isso o nome “Coluna Prestes”. d) a uma política sempre pacífica praticada pelos coronéis, que angariavam sólido apoio nas massas rurais. Os coronéis não praticavam política pacífica sempre – cuidado com as palavras generalizantes! Podemos dizer que às vezes, sua política era pacífica (como no caso da “troca de favores”), mas muitas vezes, era violenta (ameaças, espancamentos, etc.) e) ao caráter não elitista do processo político, que atendia às reivindicações populares, ampliando a organização e a mobilização que elas tinham. O processo político durante a República Velha é ALTAMENTE elitista, pois apenas alguns poucos – os ricos – ficam no poder durante um longo período de tempo. Eles conseguem manter-se tanto tempo no poder por causa da “rede” política que eles teceram: o coronelismo obriga a população a votar apenas em alguns candidatos; a política de governadores, um acordo entre presidente e governadores para troca de apoio político; e a política do café com leite, uma aliança que mantém o mesmo grupinho sempre no poder. 7 Ciências Humanas APOTEC VESTIBULINHOS 2011 Comentário: OLIGARQUIA significa “governo de poucos”. Esses “poucos” eram ricos fazendeiros, principalmente da região Sudeste. São eles que dominarão a política brasileira ao longo de toda a República Velha, através justamente do controle que exerciam sobre a população rural – principalmente por meio do coronelismo, do voto de cabresto, dos currais eleitorais, das trocas de favores, da vigilância e da violência. A alternativa correta é a letra B. 16. (FGV) “... As eleições de 1900 para a Câmara Federal e o terço do Senado confirmam o benefício desta política em favor das oligarquias que estão no poder. (...) Este sistema de apoio às oligarquias vai significar a permanência daquelas que estão no poder. (...) As oposições oligárquicas agora não podem mais ter esperança de uma vitória legal, e às vezes, nem mesmo de um bom êxito revolucionário”. (CARONE, Edgard, A república velha. 166 edição, São Paulo: Difel, pp. 193-194). O autor se refere: a) À política da conciliação. b) Ao Encilhamento. c) À República da Espada. d) À promulgação da nova constituição republicana. e) À política dos governadores. Comentário: O texto fala da política de governadores (letra E), ao dizer que é um sistema de apoio às oligarquias (fazendeiros dos estados de São Paulo e Minas Gerais). Isso porque, de acordo com a política de governadores, o presidente prometia apoio político ao governador, que por sua vez, votava em candidatos apoiadores do presidente para os cargos legislativos, dessa forma não permitindo que houvesse oposição ao presidente. 17. (PUC-RJ – Adaptada) Durante a Primeira República no Brasil (1889-1930), a "Política do Café com Leite" representou: a) uma política econômica de incentivo à produção e à exportação de café e leite. b) a predominância, no comando político do Governo Federal, das oligarquias paulista e mineira. c) a reação das oligarquias do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul contra o monopólio de poder dos paulistas. d) uma campanha publicitária promovida pelo governo federal destinada a atrair investidores estrangeiros, por meio da divulgação das riquezas do Brasil. e) uma política de investimento em gêneros de primeira necessidade de modo a suprir o abastecimento alimentar da população urbana em expansão. Comentário: A política do café com leite foi uma aliança entre políticos de São Paulo e Minas Gerais para se revezarem no poder presidencial (governo federal). A alternativa correta é a letra B. 18. (UFV) Analise o seguinte texto: "É um fenômeno descrito como sendo o predomínio político exercido pelos fazendeiros nas áreas sob a sua influência econômica e social. Suas raízes se encontram na estrutura fundiária brasileira, a partir da República Velha, baseada no latifúndio e na concentração da propriedade rural em mãos de poucas famílias. Pode-se notar sua permanência, em grande parte, no interior brasileiro, onde as populações ainda seguem a orientação dos políticos locais, geralmente identificados com a propriedade da terra." Esse texto faz referência a qual fenômeno político? a) Messianismo. b) Coronelismo. c) Convênio de Taubaté. d) Política do café-com-leite. 8 Ciências Humanas APOTEC VESTIBULINHOS 2011 e) Política dos governadores. Comentário: O nome desse conceito descrito no texto é coronelismo (alternativa B): a maneira pela qual o coronel (líder político de uma região rural) conseguia submeter e obrigar a população à sua volta a votar em certo candidato de seu interesse (“curral eleitoral”). 19. A charge a seguir refere-se a um aspecto da política republicana brasileira, no período de 1898 a 1930. Qual aspecto é esse? a) Política de governadores b) Clientelismo c) Tenentismo d) Coronelismo e) Política do café-com-leite Comentário: A charge mostra uma mulher escrevendo “São Paulo” e “Minas” seguidamente em uma parede. E o homem ao lado, observando, comenta: “Pela estatística e pelas atuais intenções, parece que os outros estados do Brasil não são interessantes ou interessados”. Esse comentário revela a hegemonia política dos estados de SP e MG durante a República Velha que, com sua aliança (chamada de Política do café com leite – letra E) juntamente com o coronelismo e a política de governadores, impediam os outros estados de chegarem ao poder e se mantinham. 20. (UERJ) 9 Ciências Humanas APOTEC VESTIBULINHOS 2011 A dominação dos grandes proprietários rurais durante a República Velha deu origem à expressão popular “voto de cabresto”, mecanismo eleitoral que resulta de: a) influência política das oligarquias regionais b) adaptação do campesinato à realidade do mundo urbano c) inconformismo do eleitor nas pequenas cidades do interior d) submissão dos trabalhadores rurais aos valores soberanos das cidades e) políticos e fazendeiros sendo influenciados por suas populações Comentário: O voto de cabresto é possível pois os coronéis e seus jagunços vigiam o voto da população e a obriga (ou a influencia) a votar no candidato do interesse do coronel. A alternativa correta é a letra A. 21. (MACKENZIE) Do ponto de vista eleitoral, o coronel controlava os votantes em sua área de influência. Trocava votos, em candidatos por ele indicados, por favores tão variados como um par de sapatos, uma vaga no hospital, um emprego de professora. A permanência do coronelismo na República Velha deveu-se: a) ao apoio do Tenentismo às práticas da política oligárquica. O tenentismo foi um movimento de oposição à política oligárquica, e não de apoio. b) ao isolamento do sertanejo nordestino, visto que o coronelismo só ocorria na região Nordeste. O coronelismo ocorria no Brasil inteiro, em regiões rurais, e não só (palavra generalizante) no Nordeste. c) ao fato de os chefes locais não dependerem de recursos dos governos para a prática de favores e benefícios locais. Os chefes locais (coronéis) dependiam sim de recursos dos governos – inclusive, a “troca de favores” era essa: o coronel conseguia votos para o político, e o político, em troca, lhe dava dinheiro e apoio. d) ao clientelismo, resultado da desigualdade social, da precariedade de serviços públicos e da impossibilidade do cidadão de efetivar seus direitos. e) à autonomia dos coronéis, que não dependiam de outras instâncias do poder, inclusive no plano militar. Como dito na alternativa C, os coronéis dependiam sim de outras instâncias do poder para apoiá-lo, incluindo aí a polícia e a justiça local (para fazer “vista grossa” às fraudes eleitorais e às ameaças). Comentário: O clientelismo permitiu que o coronelismo se consolidasse na República Velha, pois é baseado na “troca de favores” – na ideia de que você, eleitor, por ter recebido algo do coronel, está obrigado a votar em certo candidato em troca daquilo que recebeu. Isso só pode ocorrer por conta da desigualdade social (uns são pobres e outros ricos) e da precariedade de serviços públicos (por exemplo, de fiscalização eleitoral ou educação). A alternativa correta nesse caso é a letra D. 22. “Durante a República Velha (1889-1930), percebemos o coronelismo como limitador da cidadania, pois o poder de mando do coronel influenciava as eleições.” A partir do texto, assinale a INCORRETA: a) O coronelismo fez surgir o "voto de cabresto" e o "curral eleitoral", expressões que refletem a postura dócil dos comandados, que votam nos candidatos indicados pelo coronel em troca de favores ou simplesmente por imposição, uma vez que este é quem controla, direta ou indiretamente, a vida das pessoas em sua propriedade ou na região. b) O coronel é sempre um grande proprietário rural, que, naturalmente, possui o poder econômico e, na prática, o poder político local, o poder de polícia e o poder de justiça. Em outras palavras, prefeitos, delegados e juízes são homens da família do coronel ou seus "protegidos". c) Soma-se a toda essa estrutura de poder a situação de ignorância à qual está submetida a grande massa de trabalhadores rurais do país, distante dos centros urbanos, da escola e dos meios de comunicação, distante dos direitos - assegurados pela lei, mas negados pelo exercício do poder por parte das elites rurais. d) Em vigor na República Oligárquica o voto secreto impedia o controle que os poderosos exerciam sob os eleitores que de alguma forma dependiam deles. 10 Ciências Humanas APOTEC VESTIBULINHOS 2011 e) Muitas vezes, o coronel exerce sobre a população rural da região a política do clientelismo, convencendo-a a votar em seus candidatos por meio da troca de favores. Comentário: A questão pede a alternativa errada. A única que está incorreta é a letra D, que diz que durante a República Oligárquica havia voto secreto. Ora, sabemos que nesse período, o voto era “aberto”, nãosecreto, que era um mecanismo que permitia o voto de cabresto e os currais eleitorais. Leia as outras alternativas, que estão corretas. É uma ótima forma de estudar. 23. “Montada no governo do presidente paulista Campos Salles, esta política visava manter no poder as oligarquias. Em suma, era uma troca de favores políticos entre governadores e presidente. O presidente apoiava os candidatos dos partidos governistas nos estados, enquanto estes políticos davam suporte a candidatura presidencial e também durante a época do governo.” O texto se refere: a) ao Curral Eleitoral e o voto feminino b) ao Voto do Cabresto e a industrialização do Brasil c) a Política dos Governadores e a troca de favores entre os políticos d) a Política do Café-com-leite e a dívida externa e) ao Coronelismo e as empresas estrangeiras no Brasil Comentário: As cinco alternativas contêm coisas que permitiam a manutenção do poder desses grupos de fazendeiros (curral eleitoral, voto do cabresto, política dos governadores, troca de favores, política do café com leite e coronelismo), mas a única alternativa que está totalmente correta é a letra C. Isso porque o voto feminino (que nem existia na época), a industrialização (começando no Brasil), a dívida externa e as empresas estrangeiras no Brasil não foram fatores que colaboraram para manter as oligarquias no poder por tanto tempo. 24. Oligarquia significa: a) democracia e a garantia da igualdade b) governo de poucos em benefício próprio. c) monarquia e os poderes totais do rei d) república e o governo que representava todas as pessoas e) a população e as reivindicações por melhorias de vida. Comentário: Oligarquia significa, ao pé da letra, “governo de poucos”. Fica óbvio que esse governo é feito em benefício próprio, e não visando o bem-estar da maioria da população. O grupo que está no poder se preocupa em se manter no poder e favorecer a si mesmo. 11