LISTA DE QUESTÕES – LITERATURA
BARROCO
Profª Veronica Trindade
- LEIA O SONETO A SEGUIR, DE AUTORIA DE GREGÓRIO DE MATTOS:
PEQUEI, SENHOR....
Pequei, Senhor mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido,
Porque quanto tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido,
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma orelha perdida, e já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
Mattos, Gregório. Livro dos Sonetos. LP&M Editores, 1996.
QUESTÃO 1 Assinale a alternativa INCORRETA:
a) No jogo de antíteses, o poeta vê-se como culpado, mas também ovelha indispensável
ao Pastor Divino.
b) O argumento do poeta, arrependido, constrói – se pelo jogo de ideias , ou seja, o
cultismo.
c) O poeta recorre ao texto bíblico para justificar, perante Deus, a necessidade de ser
perdoado.
d) Segundo o poeta, o perdão de sua culpa favorecia a ambos: tanto ao culpado, quanto
ao Pastor Divino.
- TEXTO PARA QUESTÕES 02 E 03
AS COUSAS DO MUNDO
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
(Gregório de Matos Guerra, Seleção de Obras Poéticas).
QUESTÃO 2 Fica claro, no poema acima, que a principal crítica do autor à sociedade
de sua época é feita por meio da:
a) Denúncia da proteção que o mundo de então dava àqueles que agiam de modo
condenável. Embora sob a capa das leis da igreja.
b) Enumeração de certos tipos que, por seus comportamentos, revelam um roteiro que
identifica e recomenda a ascensão social.
c) Elaboração de uma lista de atitudes que deviam ser evitadas, por não condizerem
com as práticas morais encontradas na alta sociedade.
d) Comparação de valores e comportamentos da faixa mais humilde daquela sociedade
com os da faixa mais nobre aristocrática.
e) Caracterizações de comportamentos que, embora sejam moralmente condenáveis,
são dissimulados em seus opostos.
QUESTÃO 3 A alternativa em que melhor exprime as características da poesia de
Gregório de Matos, encontradas no poema transcrito, é a que destaca presença de:
Inversões na sintaxe, como em “Com sua língua, ao nobre vil decepa” e “Quem
menos falar pode”.
b) Conflito entre os universos do profano e do sagrado, como se vê na oposição “
Quem dinheiro tiver” e “ pode ser Papa”.
c) Metáforas raras e desnudas, como no verso experimental “ a Musa topa / W mapa,
epa, ipa, opa, upa”.
d) Contraste entre os pólos de antíteses violentas, como “língua” x “decepa” e “menos
falar” x “mais falar” x “mais increpa”.
e) Imagens que exploram os elementos mais efêmeros e diáfanos da natureza, como
“flor” e “tulipa”.
a)
- Leia atentamente o poema de Gregório de Matos:
Nasce o sol e não dura mais que um dia.
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o sol, porque nascia?
Se é tão formosa a luz, porque não dura?
Como a beleza assim se trasfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no sol e na luz falta a firmeza,
Na formosura, não se dê constância,
E, na alegria, sinta-se tristeza.
Começa o mundo, enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza,
A firmeza somente na inconstância.
(Gregório de Matos. Obra Completa.)
QUESTÃO 4 Todas as afirmativas que se seguem inserem o autor e seu texto em uma
visão do mundo do século XII, EXCETO:
a) A retomada de elementos da natureza e da melancolia identifica o soneto com a
produção poética de inspiração byroniana.
b) A aproximação de sentimentos contrastantes, como a tristeza e a alegria, confirma a
tendência paradoxal da poesia do século XVII.
c) O poema explora a inconstância dos bens mundanos através de um jogo de idéias e
palavras que tanto motivou o escritor barroco.
d) O poeta baiano vale-se da linguagem figurada para persuadir o leitor e convencê-lo
da instabilidade da beleza e da felicidade.
e) O traço temático caracteristicamente barroco presente no texto é o caráter fugidio das
coisas do mundo.
- Leia o trecho abaixo:
Não há coisa que tanto repugnem os homens “de brios” como o pedir. É tal esta
repugnância, que nem o sangue a modera, nem o amor a facilita, nem ainda a mesma
ambição, que é mais, a vence. “Por isso o pedir é mais que o deixar. E não deve causar
admiração.” Deixar é grandeza, pedir é sujeição. Deixar é desprezar, pedir é fazer-se
desprezado; deixar é abrir as mãos próprias, pedir é beijar as alheias; deixar é comprarse, porque quem deixa livra-se; pedir é vender-se, porque quem pede cativa-se; deixar
finalmente é ação de quem tem, pedir é ação de quem não tem [...].
VIEIRA, Antônio. In: GOMES, Eugênio (Org.) Vieira: trechos escolhidos. Rio de
Janeiro: Agir, 1971, p. 44.
QUESTÃO 5 O fragmento acima apresenta:
a) Um retrato, através de metáforas, das pessoas ambiciosas como desprovidas de ética.
b) Uma crítica irônica aos que bajulam os poderosos a fim de defender interesses
mesquinhos.
c) A defesa de um comportamento paradoxal do homem em face das suas necessidades
prementes .
d) Uma avaliação negativa, de caráter hiprerbólico, a respeito daqueles que, por sua
riqueza, oprimem os despossuídos.
e) A caracterização, por meio do jogo de contrastes, da interrelação humana que, de um
lado, enobrece e, de outro, subjuga.
- Leia o fragmento do Sermão do Bom Ladrão:
“Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma
armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar
com pouco pode faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres...
O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas
levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera. (...) os ladrões
que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os
exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já
com manha, já com força, roubam e despojam os povos. (...) Os outros ladrões roubam um
homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor,
nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam”.
(Sermão do Bom ladrão [fragmento] – Pe. Antônio Vieira.
QUESTÃO 6 Em relação ao estilo empregado por Vieira neste trecho podemos afirmar
que:
a) O autor recorre ao cultismo da linguagem com o intuito de convencer o ouvinte e por
isso cria um jogo de imagens.
b) Vieira recorre ao preciosismo da linguagem, isto é, através de fatos corriqueiros,
cotidianos, procura converter o ouvinte.
c) Padre Vieira emprega principalmente, o conceptismo, ou seja, o predomínio das
ideias, da lógica, do racio cínio.
d) O pregador procura ensinar preceitos religiosos ao ouvinte, o que era prática comum
entre os escritores gongóricos.
e) PO autor faz uso de uma linguagem denotativa para tratar de um fato que não nos é
contemporâneo.
QUESTÃO 7 A poesia lírica de Gregório de Matos subdivide-se em amorosa e
religiosa.
a) Quais são os dois modos contrastantes de ver a mulher, em sua lírica amorosa?
______________________________________________________________________
b) Como aparece em sua lírica religiosa a ideia de Deus e do pecado?
______________________________________________________________________
QUESTÃO 8 O século XVI deve ser reconhecido, na história da literatura brasileira,
como um período de:
a) Manifestações literárias voltadas basicamente para a informação sobre a colônia e
para a catequese dos nativos.
b) Amadurecimento dos sentimentos nacionalistas que logo viriam a se expressar no
Romantismo.
c) Exaltação da cultura indígena, tema central dos poemas épicos de Basílio da Gama e
Santa Rita Durão.
d) Esgotamento do estilo e dos temas barrocos, superados pelos ideais estéticos do
Arcadismo.
e) Valorização dos textos cômicos e satíricos, em que foi mestre Gregório de Matos.
QUESTÃO 9 Identifique a afirmação que se refere a GREGÓRIO DE MATOS.
a) No seu esforço de criação da comédia brasileira, realiza um trabalho de crítica que
encontra seguidores no Romantismo e mesmo no restante do século XIX.
b) Sua obra é uma síntese singular entre o passado e o presente: ainda tem os torneios
verbais do quinhentismo português, mas combina-os com a paixão das imagens préromânticas.
c) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida o mais liberal, o que mais claramente
manifestou as idéias da ilustração francesa.
d) Teve grande capacidade em fixar num lampejo os vícios, os ridículos, os desmandos
do poder local, valendo-se para isso do engenho artificioso que caracterizava o estilo da
época.
e) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa na Minas do chamado ciclo do ouro é
prova de que seu talento não se restringia ao lirismo amoroso.
- Leia o fregmento abaixo e em seguida responda o que se pede:
"Descoberto em 1500, no século que, em Portugal, dominava o Classicismo, o
Brasil , por muitas causas, não teve condições de dar início à colonização e ao processo
cultural.
Entre as raras manifestações literárias do século, destaca-se o teatro jesuítico.
A obra de colonização do Brasil, iniciada propriamente por Martim Afonso em
1530, já pelos inconvenientes do sistema, já por outros motivos fáceis de entender, mais
dificultosa se tornaria, não fosse a colaboração oportuna e decisiva dos jesuítas."
(Faraco e Moura, em LÍNGUA E LITERATURA)
QUESTÃO 10 A partir de então, surgem dois movimentos que ainda não podem ser
considerados literatura propriamente brasileira:
( ) O Barroco é o primeiro grande período artístico no Brasil. Nas artes plásticas há
destaque para a figura do Aleijadinho; na Literatura, para o poeta Gregório de Matos
Guerra.
( ) O Neoclassicismo, movimento estético propenso a um retorno aos ideais
espirituais e artísticos do Renascimento, corresponde a uma tendência contrária ao
barroquismo.
( ) No texto barroco, a linguagem é retorcida, com bastantes jogos verbais,
enfatizando a prolixidade e o estilo confuso.
( ) No texto neoclássico, a linguagem é racional, as imagens são conhecidas e
repetidas (chavões, lugares-comuns).
( ) No Barroco, tanto quanto no Neoclassicismo, os poetas abordaram aspectos como
dúvida, angústia e tédio, sob a forma de um sentimentalismo lacrimoso.
QUESTÃO 11 Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Na obra de José de Anchieta, encontram-se poesias seguindo a tradição medieval e
textos para teatro com clara intenção catequista.
b) A literatura informativa do Quinhentismo brasileiro empenha-se em fazer um
levantamento da terra, daí ser predominantemente descritiva.
c) A literatura seiscentista reflete um dualismo: o ser humano dividido entre a matéria e
o espírito, o pecado e o perdão.
d) O Barroco apresenta estados de alma expressos através de antíteses, paradoxos,
interrogações.
e) O Conceptismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta, extravagante,
enquanto o Cultismo é marcado pelo jogo de idéias, seguindo um raciocínio lógico,
racionalista.
QUESTÃO 12 Dê argumentos que permitam considerar o Padre Antônio Vieira como
um expoente tanto da Literatura Portuguesa quanto da Literatura Brasileira.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
QUESTÃO 13 Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente as lacunas
do texto inicial.
Como bom barroco e oportunista que era, este poeta de um lado lisonjeia a vaidade dos
fidalgos e poderosos, de outro investe contra os governadores, os "falsos fidalgos". O
fato é que seus poemas satíricos constituem um vasto painel, que compôs com rancor e
engenho ainda hoje admirados pela expressividade.
a) do Brasil do século XIX - Gregório de Matos
b) da sociedade mineira do século XVIII - Cláudio Manuel da Costa
c) da Bahia do século XVII - Gregório de Matos
d) do ciclo da cana-de-açúcar - Antônio Vieira
e) da exploração do ouro em Minas - Cláudio Manuel da Costa.
QUESTÃO 14 Considere atentamente as seguintes afirmações sobre o poema de
Gregório de Matos:
I - O par fogo e água, que figura amor e contentação, passa por variações contrastantes
até evoluir para o oxímoro.
II - O poema evidencia a "fórmula da ordem barroca" ditada por Gérard Genette:
diferença transforma-se em oposição, oposição em simetria e simetria em identidade.
III - O poema inscreve, no âmbito da linguagem, o conflito vivido pelo homem do
século XVII.
- De acordo com o poema, pode-se concluir que:
a) são corretas todas as afirmações.
b) são corretas apenas as afirmações I e II.
c) são corretas apenas as afirmações I e III.
d) é correta apenas a afirmação II.
e) é correta apenas a afirmação III.
QUESTÃO 15 - Leia o trecho e depois responda o que se pede: "...milhões de palavras
ditas com esforço de pensamento."
Essa passagem do texto faz referência a um traço da linguagem barroca presente na obra
de Vieira; trata-se do:
a) gongorismo, caracterizado pelo jogo de idéias.
b) cultismo, caracterizado pela exploração da sonoridade das palavras.
c) cultismo, caracterizado pelo conflito entre fé e razão.
d) conceptismo, caracterizado pelo vocabulário preciosista e pela exploração de
aliterações.
e) conceptismo, caracterizado pela exploração das relações lógicas, da argumentação.
QUESTÃO 16 No colégio dos padres, Gregório de Matos escreveu:
"Quando desembarcaste da fragata, meu dom Braço de Prata, cuidei, que a esta cidade
tonta, e fátua*, mandava a Inquisição alguma estátua, vendo tão espremida salvajola*
visão de palha sobre um mariola*".
Sorriu, e entregou o escrito a Gonçalo Ravasco.
Gonçalo leu-o, gracejou, entregou-o ao vereador.
O papel passou de mão em mão.
"A difamação é o teu deus", disseram, sorrindo.
(Ana Miranda, "Boca do Inferno")
(*fátua: tola;*salvajola: variante de "selvagem"; *mariola: velhaco)
- O trecho ilustra:
a) a poesia erótica de Gregório de Matos, inspirada na vida nos prostíbulos da cidade da
Bahia e que deu origem à alcunha do poeta, "Boca do Inferno".
b) a poesia lírica de Gregório de Matos, voltada para a temática filosófica, em
linguagem marcada pelos recursos da estética barroca.
c) a poesia satírica de Gregório de Matos, dedicada à descrição fiel da sociedade da
época, utilizando recursos expressivos característicos do barroco português.
d) a poesia erótica de Gregório de Matos, caracterizada pela crítica aos comportamentos
e às autoridades baianas da época colonial.
e) a poesia satírica de Gregório de Matos, que representa, no conjunto de sua obra, uma
fuga aos moldes barrocos e ataca, no linguajar baiano da época, costumes e
personalidades.
QUESTÃO 17 Podemos reconhecer neste trecho do Padre Antônio Vieira:
a) O caráter argumentativo típico do estilo barroco (século XVII).
b) A pureza de linguagem e o estilo rebuscado do escritor árcade (século XVIII).
c) Uma visão de mundo centrada no homem, própria da época romântica (princípio do
século XIX).
d) O racionalismo comum dos escritores da escola realista (final do século XIX).
e) A consciência da destruição da natureza pelo homem, típica de um escritor moderno
(século XX).
QUESTÃO 18 Sobre a poesia de Gregório de Matos Guerra é correto afirmar que:
a) privilegia os cenários bucólicos percorridos por pastores e ninfas examinados de uma
perspectiva satírica e irônica.
b) expõe em sintaxe simples o caráter sereno e amoroso de um pastor que corteja sua
amada com promessas de vida amena e burocrática.
c) expõe em sintaxe complexa e com metáforas antitéticas os dilemas do amor e do
espírito no quadro da Contrarreforma.
d) privilegia o cenário urbano para denunciar as arbitrariedades da Inquisição e o
racismo dos portugueses instalados na colônia.
e) privilegia os cenários palacianos em que ocorrem intrigas e conspirações envolvendo
nobres burocratas, monges e prostitutas.
QUESTÃO 19 Incêndio em mares d'água disfarçado, Rio de neve em fogo convertido.
Nesses versos de Gregório de Matos ocorre um procedimento comum ao estilo da
poesia barroca, qual seja:
a) a imitação direta dos elementos naturais.
b) a submissão da sintaxe às regras da clareza.
c) a interpenetração de elementos contrastantes.
d) a ordem casual e descontrolada das palavras.
e) a exaltação da paisagem nativa.
QUESTÃO 20 Sobre a obra de Gregório de Matos é correto afirmar que:
a) os vícios da colônia são criticados e as autoridades públicas são ridicularizadas.
b) sua infância e sua família são temas recorrentes em seus poemas.
c) a escravidão é denunciada como instituição perversa e desnecessária.
d) o elogio da mulher amada está inserido em um quadro bucólico e pastoril.
e) o ideal de racionalidade resulta na sintaxe simples e na ordem direta das frases.
QUESTÃO 21 Assinale a alternativa INCORRETA:
a) Em seus sermões, de estilo conceptista, o Padre Antônio Vieira segue os moldes da
parenética medieval.
b) Caracteriza o Barroco a tentativa de unir os valores medievais aos renascentistas.
c) O poema épico Prosopopéia foi escrito em versos decassílabos e oitava-rima e é
considerado o marco inicial do Barroco no Brasil.
d) Apesar de conhecido como poeta satírico, Gregório de Matos também escreveu
poesia lírica e religiosa.
e) O cultismo caracteriza-se como uma seqüência de raciocínios lógicos, usando uma
retórica aprimorada, que despreza a linguagem rebuscada.
QUESTÃO 22 Sobre as características barrocas desse soneto, considere as afirmações a
seguir:
I. Há nele um jogo simétrico de contrastes, expresso por pares antagônicos como
Sol/Lua, dia/noite, luz/sombra, tristeza/alegria, etc., que compõe a figura da antítese.
II. Este é um soneto oitocentista, que cumpre os padrões da forma fixa, quais sejam,
rimas ricas, interpoladas nas quadras ("A-B-A-B") e alternadas nos tercetos ("A-B-BA").
III. O tema do eterno combate entre elementos mundanos e forças sagradas é indicado
ali, por "ignorância do mundo" e "qualquer dos bens", por um lado, e por "constância",
"alegria" e "firmeza", de outro.
A respeito de tais afirmações, deve-se dizer que:
a) somente I está correta.
b) somente II está correta.
c) somente III está correta.
d) somente I e III estão corretas.
e) todas estão corretas.
QUESTÃO 23 Leia a estrofe de Gregório de Matos:
"Ardor em firme coração nascido;
pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido."
Agora, assinale a alternativa em que os dois versos indicados apresentam metáforas de
lágrimas:
a) versos 1 e 2
b) versos 2 e 4
c) versos 2 e 3
d) versos 3 e 4
e) versos 1 e 3
QUESTÃO 24 Leia o trecho de um sermão, do Padre Antônio Vieira:
"Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos um estilo tão empeçado, um estilo
tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado a toda parte e a toda a
natureza? O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Compara Cristo o pregar e o
semear, porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte."
O objetivo do autor é:
a) destacar que a naturalidade - propriedade da natureza - pode tornar mais claro o estilo
das pregações religiosas.
b) salientar que o estilo usado na igreja, naquela época, não era afetado nem dificultoso.
c) argumentar que a lição de Cristo é desnecessária para os objetivos da pregação
religiosa.
d) lamentar o fato de os sermões serem dirigidos dos púlpitos, excluindo da audiência as
pessoas que ficavam fora da igreja.
e) mostrar que, segundo o exemplo de Cristo, pregar e semear afetam o estilo, porque
são práticas inconciliáveis.
QUESTÃO 25 Leia o texto abaixo e as afirmações que se seguem
Que falta nesta cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Matos, G. de. "Os melhores poemas de Gregório de Matos Guerra". Rio de Janeiro:
Record, 1990.
I - mantém uma estrutura formal e rítmica regular.
II - enfatiza as idéias opostas.
III - emprega a ordem direta.
IV - refere-se à cidade de São Paulo.
V - emprega a gradação.
Então, pode-se dizer que são verdadeiras
a) apenas I, II, IV.
b) apenas I, II, V.
c) apenas I, III, V
d) apenas I, IV, V.
e) todas.
QUESTÃO 26 Veja:
Ora, suposto que já somos pó, e não pode deixar de ser, pois Deus o disse, perguntarme-eis, e com muita razão, em que nos distinguimos logo os vivos dos mortos? Os
mortos são pó, nós também somos pó: em que nos distinguimos uns dos outros?
Distinguimo-nos os vivos dos mortos, assim como se distingue o pó do pó. Os vivos são
pó levantado, os mortos são pó caído, os vivos são pó que anda, os mortos são pó que
jaz: Hic jacet¢. Estão essas praças no verão cobertas de pó: dá um pé-de-vento, levantase o pó no ar e que faz? O que fazem os vivos, e muito vivos. NÃO AQUIETA O PÓ,
NEM PODE ESTAR QUEDO: ANDA, CORRE, VOA; ENTRA POR ESTA RUA,
SAI POR AQUELA; JÁ VAI ADIANTE, JÁ TORNA ATRÁS; TUDO ENCHE,
TUDO COBRE, TUDO ENVOLVE, TUDO PERTURBA, TUDO TOMA, TUDO
CEGA, TUDO PENETRA, EM TUDO E POR TUDO SE METE, SEM AQUIETAR
NEM SOSSEGAR UM MOMENTO, ENQUANTO O VENTO DURA. Acalmou o
vento: cai o pó, e onde o vento parou, ali fica; ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima
de um telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na campanha. Não é assim?
Assim é.
(VIEIRA, Antônio. "Trecho do Cap. V do Sermão da Quarta-Feira de Cinza". Apud:
Sermões de Padre Antônio Vieira. São Paulo: Núcleo, 1994, p.123-4.)
1 - Hic jacet: aqui jaz.
- Em Padre Vieira fundem-se a formação jesuítica e a estética barroca, que se
materializam em sermões considerados a expressão máxima do Barroco em prosa
religiosa em língua portuguesa, e uma das mais importantes expressões ideológicas e
literárias da Contrarreforma.
a) Comente os recursos de linguagem que conferem ao texto características do Barroco.
______________________________________________________________________
____________________________________________________________________
b) Antes de iniciar sua pregação, Vieira fundamenta-se num argumento que, do ponto
de vista religioso, mostra-se incontestável. Transcreva esse argumento.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
QUESTÃO 27 Leia atentamente o fragmento do sermão do Padre Antônio Vieira:
A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que comeis uns aos
outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos
comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário
era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos
pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem
mil, para um só grande [...]. Os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser
como os peixes que se comem uns aos outros. Tão alheia cousa é não só da razão, mas
da mesma natureza, que, sendo criados no mesmo elemento, todos cidadãos da mesma
pátria, e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer.
VIEIRA, Antônio. "Obras completas do padre Antônio Vieira: sermões". Prefaciados e
revistos pelo Pe. Gonçalo Alves. Porto: Lello e Irmão - Editores, 1993. v. III, p. 264265.
O texto de Vieira contém algumas características do Barroco. Dentre as alternativas a
seguir, assinale aquela em que NÃO se confirmam essas tendências estéticas:
a) A utilização da alegoria, da comparação, como recursos oratórios, visando à
persuasão do ouvinte.
b) A tentativa de convencer o homem do século XVII, imbuído de práticas e
sentimentos comuns ao semipaganismo renascentista, a retomar o caminho do
espiritualismo medieval, privilegiando os valores cristãos.
c) A presença do discurso dramático, recorrendo ao princípio horaciano de "ensinar
deleitando" - tendência didática e moralizante, comum à Contra-Reforma.
d) O tratamento do tema principal - a denúncia à cobiça humana - através do
conceptismo, ou jogo de idéias.
e) O culto do contraste, sugerindo a oposição bem x mal, em linguagem simples,
concisa, direta e expressiva da intenção barroca de resgatar os valores greco-latinos.
Download

LISTA LITERATURA - BARROCO PDF - SEC / Anguera-Ba