Faoro, Raymundo- “Os Donos Do Poder”. Biografia do Autor: Nasceu no dia 27/04/1925,no RN. Jurista, sociólogo, historiador e cientista político, lançou em 1938 a primeira edição de os donos do poder. Sua obra trabalha com a formação do patrimonialismo brasileiro, tendo o feudalismo também aparecendo no seu trabalho. Ele não segue a linha de pensamento de Weber más se afasta do marxismo ortodoxo, ao sustentar uma camada de poder não diluída em uma infra-estrutura esquemática, que daria conteúdo econômico a fatores de outra índole. Fazem parte de sua obra Maquiavel, Hobbes, Montesquiev e Rousseau. Cap. V I- Traços gerais da organização administrativa sócio/econômica e financeira da Colônia. Aqui ele se divide em 4 partes: 1- administração de cargos públicos. 2- Aspecto político e administrativo da metrópole e da colônia. 3- As classes transformações e conflitos. 4- A apropriação de rendas, pacto colonial, monopólios, privilégios e tributos. No séc VI, as funções do rei são a fazenda, guerra e justiça, a uma expansão dessas funções que passam a inserir cada vez mais na esfera econômica.. As tarefas publicas são diferentes da administração pública da casa real, são desempenhadas por uma constelação de cargos. O rei é o rei de tudo,senhor da riqueza territorial, capaz de gerir as maiores propriedades do país, dono do comércio, é um titular da riqueza eminente O funcionário da casa real nobilita se e o patrimônio passa a ser identificado como o do soberano. Outro traço do rei na administração é os funcionários que é o “outro eu” do rei. . o funcionário é sua sombra real. O cargo publica torna o titular portador de autoridade. O essencial para alguns cargos era que o candidato fosse homem livre, fidalgo e de sangue limpo. Com a distancia do rei, o poder do funcionário se atribui maior valor e poder.No Estado se estala uma ordem burocrática com o rei soberano e sobreposto ao cidadão na qualidade de chefe de funcionário. O sistema patrimonial, ao contrario dos direitos e deveres do feudalismo, prende o funcionário numa rede patriarcal, no qual eles representam o rei. O Estado Pré-liberal não permite o fortalecimento dos direitos individuais.Com a enorme dificuldade da comunicação com o rei por causa da distancia, as reclamações dos abusos cometidos por funcionários o povo começa a enviar riqueza para a metrópole, por meios legais ou ilegais. Faoro mostra a denuncia da infidelidade do funcionário com o patrimonialismo do rei. O que atrai classes e a mergulha em estamento é o cargo publico, instrumento de amálgama e controle das conquistas por parte do soberano. Esquema vertical na administração pública colonial: Rei Vice-rei Governador geral Capitães (governadores das capitanias) Autoridades municipais O esquema parece muito simples, más a realidade colonial é muito complexa e tumultuada.O quadro metropolitano num território caótico em uma América de extensão misteriosa. Os juristas e burocratas portugueses transplantam mais do adaptam, exporta mais do que constroem. Na colônia o “arbítrio, a desobediência, a rebeldia das autoridades coloniais, ao lado da violência terão um papel criador”. No comando esta o rei, o Conselho Del Rei ou conselho de Estado. A sociedade aristocrática, fixa-se no estamento e é encapaz contra a mercancia, que se torna independente e adere aos valores da nobreza, seus costumes e a sua ética. A governança real apóia se nos colégios (tribunais mesas e conselhos) que atuam dentro da competência traçada pelo rei, sob sua supervisão. Governador- geral , depois do vice-rei, possuirá grandes poderes, más não conseguia subordinar as capitanias e as câmaras municipais (que era atribuição do vice-rei). O regimento de 23/01/1677 tenta submeter o governos das capitanias ao governador geral, Minas terá uma regulamentação especial. A administração se forma em cima do município, o topo da pirâmide estará o senado da câmara, que se submete ao papel de braço administrativo da centralização monárquica. A câmara se divide em três poderes. Para Faoro após breve momento de autonomia, as Câmaras passam a ter todas as suas atuações regulamentadas e com o tempo se tornam independentes dos poderosos. O quadro administrativo da colônia se completa com a presença do juiz, cobrador de tributos e de rendas militares. Todos reforçam seus poderes o ouvidor geral cuida da justiça, sua competência não alcança o clero. A fazenda é administrada pelo conselho da fazenda que em harmonia ou em conflito com o Conselho Ultramarino controla a administração fazendária. O poder militar controla e garante a ordem com o papel de defesa social. Formam- se as milícias, estas são forças regulares e braço longo dos governadores. .Houve integração do colono a ordem militar, essas patentes correspondem a titulo de nobreza. As milícias impediam tumultos nos Sertões e nas vilas, fortaleceram o mandonismo local e ganhou corpo. As milícias passam a ser um meio para a nobilitação, com essa nobilitação todos os pequenos comerciantes querem fazer parte da guarda. A elite colonial percebe o efeito nocivo de incorporar a população aos regimentos de linha, o engajamento arrebata os valores sociais para outra esfera, a falsa mas operante aristocracia colonial. As ordenanças, responsáveis pela defesa contra os gentis e o bandeirantismo. Em 1831 as ordenanças e as milícias desaparecem e surgem a Guarda Nacional As tropas tornam se exércitos permanentes e com a necessidade de homens o recrutamento aterroriza os sertões e vilas, pessoas são levadas a força para interar as campanhas. A Igreja desempenhava outra dimensão essencial na colônia através dos missionários ela conseguiu a conquista espiritual dos indígenas e também o domínio do colonizador, contendo o deslumbramento do colono diante da sexualidade e escravidão dos índios. A Igreja exercia atribuições administrativas:registros de nascimentos, casamento, morte, assistente social, vida social. A renda da igreja provinha do rei . Os jesuítas desempenavam papel fundamental , junto aos indígenas e colonos. A Ordem era irredutível quanto aos interesses econômicos dos colonos. OS jesuítas se distanciavam cada vez mis do padroado. Na América portuguesa havia uma supremacia do poder civil (bandeirantes e colonos do norte) que se chocou com os jesuítas. O objetivo da obra missionária era exterminar o canibalismo, as guerras permanentes, introduzir o uso de vestimentas e a adoção da monogamia. Os colonos tinham interesse nos índios mais docilizados pela catequese, daí se Dara o confronto entre colonos e jesuítas nas câmaras municipais. A coroa pendia ora em favor dos colonos, ora em favor dos jesuítas. Em Portugal as formas de controle obstruem o desenvolvimento da burguesia, que se reduz a funções subsidiaria e dependente do Estado. Assim na unidade da colônia será mantida o circulo de privilégio da fidalguia. Os homens bons, são os nobres de linhagem, senhores de terra e de engenho, burocracia civil e militar e com o tempo agregações de burgueses comerciantes. A ascensão da burguesia que já participava até de cargos públicos causa das grandes indignações por parte da nobreza de raiz. O Estado português, desde suas origens limitou o clero,más jamais o absorveu como fez com a nobreza. Padroado controle das nomeações das autoridades eclesiásticas pelo Estado, os padres tornaram se funcionários públicos e o dizimo passou a ser dividido com o Estado. Na corte estava a poderosa Mesa de Consciência e Ordens que diminuirá os conflitos e provia as matérias ligadas ao governo espiritual. Portugal detinha o poder absoluto e não permitia nem um outro. A cultura portuguesa se sobrepunha sobre as outras e grande agente motor foram os jesuítas que ostentou a desagregação cultural. Na colônia a emancipação das classes nunca ocorreu porque o que dominava era a estrutura estamental. A base econômica era o escravo e a produção voltada para a exportação. Na Metrópole a burguesia misturava se cada vez mais com a coroa e se lança na exploração ultramarina. O comerciante do novo mundo vai se afidalgar com o propósito de conquistar posição social. No séc. XVIII, põe se cargos públicos a venda o que permite alguns setores se nobilitarem. A economia colonial insere- se na metropolitana por meio das Cias. De Comércio, sob o direito e comando da coroa. O comerciante sediado no Brasil será representante do sistema metropolitano alimentando e dizimando o setor.