«Cinquentenário da Perda do Estado da Índia Portuguesa»
Goa
Militares portugueses homenageiam último governador da Índia
16.12.2011 - 10:52 Por Lusa
A Associação Nacional dos Prisioneiros de
Guerra decidiu este ano fazer uma
“cerimónia especial” para assinalar os 50
anos dos acontecimentos que resultaram
na independência de Goa, que inclui uma
homenagem ao último governador-geral do
território.
A data é assinalada anualmente, mas este
ano, para marcar o cinquentenário da
independência de Goa, a associação vai
fazer uma “homenagem ao último governador-geral da Índia”, o general Manuel António Vassalo e
Silva, já falecido.
Segundo disse à Lusa Armando Carneiro, do gabinete de relações públicas da associação, que
nasceu por iniciativa dos militares portugueses detidos em Goa após os acontecimentos de 1961, a
homenagem realiza-se no domingo e inclui uma missa solene, às 11h00, na igreja paroquial do
Lumiar, em Lisboa, junto ao cemitério onde estão depositados os restos mortais do governador-geral,
no qual será deposta, às 12h30, uma coroa de flores.
Anualmente, no dia 19 de Dezembro, a associação presta homenagem aos mortos em combate –
“entre 25 a 30, o número não é certo” – entre os 3.500 militares portugueses que estavam em Goa
quando as tropas indianas invadiram o território.
Este ano não será diferente: a cerimónia repete-se na segunda-feira, às 11:30, junto ao Monumento
Nacional dos Combatentes, em frente ao Forte do Bom Sucesso, em Belém.
Armando Carneiro, que integrava o contingente militar português que estava em Goa em 1961,
justifica a homenagem ao general Vassalo e Silva: “Teve um ação preponderante na nossa
sobrevivência, contrariou as ordens de Salazar, teve coragem de ser realista face à desigualdade
numérica entre as tropas da Índia e de Portugal e poupou todos os seus homens”.
18 de Dezembro de 1961 > 18 de Dezembro de 2011
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Este general que soube retirar “hipotecou com essa atitude toda a sua carreira militar”, tendo sido
castigado pelo regime da altura e reintegrado apenas em 1974, após o 25 de Abril, recorda. “Não
havia a mínima hipótese de combater o exército da Índia com 3.500 militares mal armados”, frisa.
Naquele “ataque entre dois Estados”, os militares portugueses foram “considerados prisioneiros de
guerra”. Ficaram detidos “aproximadamente cinco meses”, repartidos por dois campos de prisioneiros
– “os mais importantes ficaram em Alparqueiros (próximo da cidade de Vasco da Gama) e os outros
em Ponda (mais afastado) ”, explica.
A Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra – que conta com “mil e tal sócios efectivos” – foi
criada para “limpar o nome dos militares face às críticas que surgiram na altura, nos meios militares e
não só, dada a propaganda do regime”, explica Armando Carneiro.
“Reabilitar o nome dos prisioneiros e lutar por alguns direitos” é o objectivo desta associação (de
âmbito nacional e que integra associados que estiveram na guerra em todas as ex-colónias).
“Quando voltámos para Portugal, fomos abandonados e enxovalhados, apelidados de cobardolas.
Não quer dizer que tenha acontecido com todos, não vou generalizar, mas posso dizer que eu fui
prejudicado”, sublinha Armando Carneiro.
No regresso, “alguns ficaram” nas Forças Armadas, “outros foram castigados e afastados”, como o
general Vassalo e Silva, outros foram condecorados e outros voltaram à vida civil, “sem qualquer
reparação”, enumera.
Só em 2003, no Governo de Durão Barroso, estes militares receberam uma “medalha de mérito e
reconhecimento” e uma “reforma mensal”, recorda.
Sanada a “injustiça”, ficou apenas a lembrança de “um episódio muito triste”, porque “as memórias
não se esquecem”.
Fonte: http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/militares-portugueses-homenageiam-ultimo-governador-da-india-1525344
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